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DEPENDÊNCIA OU MORTE! VIVENDO COMO FILHOS NA DEPENDÊNCIA DO PAI BOANERGES JUNIOR

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DEPENDÊNCIA OU MORTE!

VIVENDO COMO FILHOS NA DEPENDÊNCIA DO PAI

BOANERGES JUNIOR

Junior, Boanerges,

Dependência ou morte!, Boanerges Junior .- -. Londrina: 2015.

128p.

ISBN - 978-85-5563-001-9

1. Vida critã 2. Testemunho I. Título

1ª edição: Novembro/2015

Coordenação de produção: Descoberta EditoraCapa: J.PIRES art & designDiagramação: Decomm - Comunicação VisualRevisão: Vera Ventura e �atiane PellissierImpressão: Viena Grá�ca

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por

DESCOBERTA EDITORARua Lucilla Balallai, 149 - Jd. Monções

86015-520 - Londrina - PR- Fone: (43) 3343.0077Endereço eletrônico: [email protected]

Página na internet: www.descoberta.com.brContatos com o autor:

Boanerges Junior Tel/fax: (43) 3354-1412

Whatsapp: (43) 9970-5441 Endereço eletrônico: [email protected] Página na internet: www.boanergesjunior.com.br

Editora filiada à

ASEC - Associação de Editores Cristãos

CDD(21) 253

SUMÁRIO

Introdução | 13

Capítulo 1 Aprendendo a ser filho dependente do Pai | 19Minha experiência de aprendizado | 21Nosso destino como filhos de Deus | 31A vida de um verdadeiro filho de Deus | 34

Capítulo 2Os padrões de Deus (viver dentro da dependência de Deus, ser dependente) | 37Jardim do Éden (sustento, segurança e abrigo)a providência do Pai | 39O que está no coração de Deus em relação a cada um dos seus filhos? | 43

Capítulo 3 Os padrões do mundo (viver fora da dependência de Deus, ser independente) | 49A queda de Satanás - Lúcifer | 51A queda do homem | 53O pecado e suas consequências | 56A perspectiva bíblica na natureza do pecado | 58Consequências que afetam o relacionamentocom Deus | 60

Efeitos sobre o pecador | 60Efeitos sobre o relacionamento com outras pessoas | 60

Capítulo 4Dependendo do Pai em meio ao deserto | 63Restauração do padrão de Deus na vida do ser humano | 66Deus leva Israel para o deserto | 67Deus leva Israel para terra prometida | 76

Capítulo 5 Dízimos e ofertas: providência do Pai | 83Israel na terra prometida | 85A dependência de Deus é igual para todos | 92

Capítulo 6 Filhos dependentes e mordomos do Pai | 95O Papel do filho mordomo | 97

Capítulo 7 Combatendo a influência de Mamon na sociedade e na igreja | 105

Conclusão | 117

Bibliografia | 123

DEDICATÓRIA

Ao meu único Senhor e Salva-dor Jesus Cristo, nosso irmão primo-gênito, que nos ensinou a ser �lho e a fazer a vontade do Pai aqui na terra.

Não tenho como pagar o que Ele fez por mim, dando seu sangue naquela cruz, libertando-me da es-cravidão do pecado e me tornando livre. A ele seja a honra, a glória, a majestade e o poder.

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Pr. Boanerges José da Sil-va e Pra. Rute Feliciano da Silva, por toda a dedicação e esforço para ensinar a mim e aos meus irmãos, e por amar a Deus acima de todas as coisas. Como sou gra-to a Deus por todo investimento que vocês �zeram em nossas vidas! Obrigado porque, mesmo quando nossas vidas estavam ainda sendo formadas, vocês nos consa-graram a Deus e nos ofertaram ao serviço de sua obra.

Aos meus avós paternos, Pr. Armando José da Silva (in memorian) e Lídia Maria da Silva; avós ma-ternos, Amaro Feliciano da Silva (in memorian) e Ma-ria Ribeiro da Silva (in memorian), por ensinarem aos meus pais os caminhos do Senhor e passarem o legado de geração a geração.

À minha amada esposa, Alana Michelle Silva, por me apoiar e aceitar viver nessa caminhada com Cristo, de fé em fé. Obrigado por cuidar de mim e dos nossos dois �lhos, Amós Filipe e Ageu Miguel.

À Vera Ventura, pela colaboração na primeira re-visão do texto. Reconheço a dedicação e a paciência. Aprecio muito a arte de quem faz com que cada palavra escrita seja transmitida de forma clara e compreensiva.

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A toda igreja do Senhor Jesus Cristo e aos leitores que ainda não conheço, mas que são �lhos preciosos. Não apenas por lerem e aprenderem sobre sua �liação em Deus Pai, como também por me ajudarem na pro-pagação desta mensagem a outras pessoas.

A todos vocês, meu abraço. Muito obrigado!

PREFÁCIO

Depender de Deus é realmente um dos grandes desa�os do cristão; embora o estilo de vida de depen-dência seja um mandato, nos deparamos, por outro lado, com meios tão apelativos para resolvermos os nossos problemas à nossa maneira, que muitos termi-nam sendo seduzidos pelo caminho mais largo e pelo “jeitinho brasileiro”.

Quando avaliamos os parâmetros da Igreja Pri-mitiva, percebemos que a ênfase não era a estratégia usada para administrar o crescimento ou até mesmo o contexto onde os recursos precisavam ser distribu-ídos, para suprirem a todos e fazer a obra avançar. A ênfase era depender do Espirito Santo, para fazer tudo conforme Ele orientava. Era crucial saber o que Deus estava falando, para que pudessem corresponder nos mínimos detalhes.

Nosso grande dilema, como Igreja do século 21, é a nossa falta de postura em realmente se submeter ao senhorio de Cristo. Temos agido como se nós fôs-semos o cabeça e Ele o corpo, ou até mesmo um dos membros. Temos invertido as prioridades, burlando processos e muitos estão totalmente emaranhados com as coisas desse mundo. Quando falo de “mundo”, me re�ro a in�uência carnal e egoísta desse século.

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Queremos fugir do sistema do “Egito” com a cer-teza que encontraremos “Canaã” sem precisar passar pelo processo de conhecer a Deus no deserto. Quere-mos os benefícios, mas fugimos das responsabilidades, buscamos descanso sem reconhecer o preço que Cris-to pagou para sermos livres. Realmente precisamos repensar o tipo de cristianismo que estamos vivendo. Precisamos de uma verdadeira reforma, não em num sistema, mas em nossa maneira de pensar.

Boanerges Junior aborda com clareza este tema com muita segurança, clareza teológica e graça. Atra-vés de muitas experiências práticas, vividas ao logo de muitos anos, o ensino por ele trazido nos coloca dian-te de uma indagação pessoal: estou realmente vivendo como �lho de Deus? Tenho dependido Dele em tudo?

Respaldado por sua esposa e �lhos, Boanerges Ju-nior tem desenvolvido um ministério focado em liberar ensinos práticos, para ajudar a essa geração se alinhar com os padrões de dependência do reino de Deus.

Nesse processo, onde li o livro com ele, percebi que, da mesma maneira que fui abençoado, muitas pessoas também serão. Certamente esta obra fará com que muitos tenham os seus olhos abertos quanto a este tema e assim atraiam as bênçãos provenientes desse es-tilo de vida, que é o próprio estilo de vida de Jesus.

Leia, releia e aproveite.

Paulo Jonatas da SilvaPastor da Comunidade Bíblica Logos

Fundador do Ministério Guiados Pelo Espírito

INTRODUÇÃO

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Indiscutivelmente, vivemos em tempos difíceis. Rumores de crises, guerras e caos, em vários âmbitos da sociedade. A sensação é de insegurança, medo e incerteza. O nível assombroso de corrupção no meio político tem feito com que a esperança da nação seja cada vez mais deteriorada, diante de tantas injustiças e descaso. O meio ambiente tem sofrido os impactos das decisões egoístas de homens que não amam e nem temem a Deus. As catástrofes naturais têm, não apenas dizimado milhares de vidas a cada ano, como também interferido no curso natural do planeta, fazendo com que o clima se volte cada vez mais contra a humanida-de. De fato, estamos vivendo em dias maus. O apóstolo Paulo, ao discipular o jovem Timóteo, o alertou sobre os sinais dos �ns dos tempos. Em sua carta ele diz:

Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blas-femos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profa-nos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus. 2 Timóteo 3:1-4.

Se avaliarmos bem, o conselho de Paulo trata a res-peito de gerar em Timóteo o discernimento do tipo de pessoa que ele não deveria se tornar. O problema não eram as circunstâncias adversas em si, mas a maneira como ele poderia ser mal in�uenciado por tais homens, que poderiam ter uma aparência de justiça e serem óti-mos religiosos, porém eram homens maus e inimigos do

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verdadeiro evangelho. Seus ensinamentos se baseavam na ganância e no interesse pessoal. Suas obras visavam números e lucros e seus objetivos eram egoisticamente calculados.

Pela própria vivência podemos testi�car que o co-ração de um homem é realmente revelado quando ele se encontra em uma verdadeira crise. É nesse momen-to que os nossos valores e princípios são colocados à prova. É nessa ocasião em que podemos ser aprovados ou reprovados por Deus. O próprio Senhor, ao longo da história, sempre permitiu com que a igreja passas-se por pressões e crises. Essa era a maneira de avaliar onde realmente estava o coração da igreja. “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” Mateus 6:21.

Mas como podemos corresponder com o padrão que Deus nos pede, vivendo no meio de homens maus e de uma geração corrupta? Como saber se não estamos apenas sendo conduzidos pelas circunstâncias, para agirmos de forma independente e na força do nosso próprio braço? Se não estivermos debaixo do governo do Espírito Santo, seremos levados e guiados apenas pela necessidade e não pelo propósito eterno de Deus. De fato, seu propósito é que possamos desfrutar do seu cuidado e provisão em todas as áreas das nossas vidas. Ele deseja nos conduzir como �lhos amados. Seus pla-nos não se baseiam em eventos circunstanciais, mas sim em propósitos eternos.

Neste livro, divido com você experiências e en-

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sinos que se tornaram base em minha vida, para uma caminhada de fé e esperança. Minha expectativa é que você possa ter um encontro real com Deus e o conheça como Pai. Que você possa experimentar o seu cuidado e provisão e que a sua vida seja uma inspiração, para que outros vivam dentro desse mesmo ambiente de amor e paternidade. As lições aqui contidas, certamente te au-xiliarão a desenvolver uma vida realmente próspera, porém não uma prosperidade que se baseia apenas em recursos materiais, mas na provisão para todas as áreas da sua vida, gerando perseverança, esperança e fé, para uma caminhada plena e a certeza de que estás envolvido pelo amor do Pai.

CAPÍTULO 1

APRENDENDO A SER FILHO DEPENDENTE DO PAI

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Deus, no seu in�nito amor, me abençoou com o rico privilégio de mergulhar numa experiência de total dependência Dele. Tive a oportunidade de aprender a viver realmente como um verdadeiro �lho que não tem o que temer com as circunstâncias diversas do dia a dia. Aprendi que devo con�ar e esperar pela sua pro-vidência divina e paterna, pois Ele há de suprir todas as nossas necessidades.

Não digo isto como por necessidade, porque já a pren-di a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como pa-decer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece. O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus. Filipenses 4:11,12,13,19.

O apostolo Paulo, ao declarar isto, deixa claro que toda sua su�ciência está em Cristo, e essa fé que ele tem nos estimula a encarar todas as circunstâncias da vida.

Paulo passou por experiências de dependência com Deus que amadureceram sua fé. E é dessa expe-riência de fé que compartilho o que tenho aprendido com Deus Pai.

Minha experiência de aprendizado

Quando nasci, meus pais consagraram a mim e aos meus quatro irmãos para servirem no reino de Deus. Eles sabiam que, um dia, Deus iria pedir a entre-

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ga de cada um, para cumprir os seus planos. Nasci numa família humilde, simples. Meu pai

era o único que trabalhava e sua pro�ssão era motoris-ta. Com um salário muito baixo para sustentar cinco �lhos, não tinha condições de pagar os estudos para mim e meus irmãos. Passamos privações, não tivemos videogames, carrinhos de controle remoto, bicicleta e brinquedos caros, mas nunca faltou a presença do meu pai, com seu amor e carinho. Ele nunca deixou de brin-car conosco. Chegava do trabalho cansado, mas joga-va bola, soltava pipa e nos levava para a praia. Com o pouco que ganhava, conseguiu suprir todas as nossas necessidades, com amor, afeto, dedicação. Não faltava nada à minha mãe, a mim e aos meus irmãos e o que ele não conseguia suprir �nanceiramente, Deus supria.

Com 21 anos, deixei meu trabalho em uma livraria e a casa dos meus pais, na cidade do Cabo de Santo Agos-tinho, em Pernambuco, para ir a Londrina, no Paraná.

Meu irmão mais velho, Elandson Silva, já havia se formado na Faculdade de Teologia (FTSA) e fui com ele para Londrina, de ônibus. Foram três dias de via-gem. Minha intenção era estudar música na Faculda-de em Londrina; cheguei a fazer cursos preparatórios para prestar vestibular. Um dos professores do meu ir-mão, quando me conheceu, olhou para mim e disse: você veio para estudar teologia? Eu falei que não, que-ria estudar música, gostaria de ser músico. E me lem-bro bem que ele insistia: quando é que você vai estudar na Faculdade de Teologia? Ele chegou a pedir todos os meus documentos para fazer a matrícula e eu recusava.

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Até que, já não aguentando mais a insistência, resolvi colocá-lo à prova: tá bom,  vou fazer o curso, só não tenho como pagar. Ele olhou para mim e disse: não se preocupe. Argumentei, alegando que o vestibular já havia passado e as aulas haviam começado há mais de um mês. A resposta continuou a mesma: não se preocupe. Como o homem faz planos, mas a resposta �nal vem do Senhor, estudei quatro anos na Faculdade Teológica e me formei em Bacharel em Teologia. Deus providenciou a faculdade que, meus pais e eu, não terí-amos condições de pagar.

Ainda teria que me sustentar em Londrina, mo-rando em uma república e repartindo as contas de alu-guel, condomínio, luz, telefone e alimentação. Durante quatro anos, fui sustentado por Deus. A provisão era realmente sobrenatural; na época eu não tinha recur-sos su�cientes para as despesas básicas, mas era incrí-vel como o pouco que eu tinha sempre se multiplicava e eu conseguia ser suprido em tudo.

Depois de formado, �quei um ano trabalhando como pastor de jovens numa igreja. No período de seminário, Deus me ensinou muita coisa; a cada ano, eu aprendia algo novo, novas experiências. Era como se fosse subindo um degrau de cada vez. Tive muitas experiências de cuidado e provisão, passei di�culda-des, provações, solidão, saudades, privações, como se estivesse num deserto. Porém, eu sabia que tudo fazia parte do tratamento de Deus na minha vida. Sempre soube que, o tempo todo, Deus estava presente e não tirava os olhos de mim. Às vezes, ia dormir sem saber o

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que comer no dia seguinte, mas a provisão sempre che-gava. Ele não deixou faltar nada e nunca me abando-nou. Como aconteceu com tantos homens de Deus nas escrituras, também aconteceu comigo. A experiência de estar em uma situação de necessidade e prontamen-te ser ouvido por Deus com uma resposta milagrosa, é simplesmente maravilhosa.

Quando me formei, eu dizia aos meus colegas que tudo o que aprendi com Deus, no período do seminá-rio, não foi apenas para ser um bom pregador, um bom pastor, um bom teólogo e sim para aprender a viver na dependência do Pai. E, quando passei a pastorear os jovens da igreja, eu os ensinava isto.

Infelizmente, a nossa geração tem vivido uma grande di�culdade em se aproximar de Deus para ex-perimentar o seu amor e cuidado, porque somos ime-diatistas, somos uma geração fast-food, tudo tem que ser no nosso tempo e da nossa maneira. Perdemos a habilidade de esperar, de sermos pacientes e de sair-mos do controle da nossa própria vida. Isso tem gerado pessoas frustradas e egoístas. Deus não é fantoche para ser controlado pelo homem. Ele tem o seu tempo e a sua própria maneira de agir.

Quando estudamos as Escrituras, vemos o quan-to o processo do deserto e da provisão sobrenatural foi importante para o povo conhecer a Deus como realmente Ele é. Deus não quer ser um "papai Noel", que nos enche de presentes, mas não nos ensina a valorizar o que adquirimos. Para Deus a provisão é algo concreto, faz parte do seu caráter. Todos os que

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con�am Nele sempre serão supridos, porém mais do que a provisão material, Ele deseja forjar em nós um caráter inabalável e um coração puro. Por isso é impor-tante entendermos que esse processo em nossas vidas nos trará desconforto para que possamos nos apoiar Nele. Precisamos ser pacientes na espera, pois esse é o propósito de Deus Pai. Se somos �lhos precisamos con�ar que Ele é um pai perfeito e jamais nos deixará desamparados.

Após a conclusão do curso teológico, já com 26 anos, minha vida ministerial e �nanceira estava mui-to boa; solteiro, morando num apartamento de três quartos com suíte, piscina, sem ter que pagar nada e ganhando bem... Foi um presente de Deus. Um ano se passou e Deus me pediu para deixar tudo. Precisei dei-xar o apartamento em que eu morava, tive que abrir mão de muitos relacionamentos próximos devido a essa nova fase da minha vida, inclusive da expectativa que a igreja tinha quanto a minha ordenação ao mi-nisterial pastoral. Tudo o que eu havia me proposto a construir como uma carreira, agora Deus me pede, como fez com Abrão quando pediu Isaque.

O desa�o seria muito grande. As decisões e os passos que eu iria tomar mudariam completamente a direção que eu havia andado até o momento. Submeti meu coração à orientação do pastor local, para que me ajudassem nessa nova fase. Compartilhando o que eu estava entendendo da parte de Deus com a liderança, eles compreenderam o meu momento e me abençoa-ram para esse novo período.

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Em 2006, iniciei o processo de envolvimento em um ministério onde não havia expectativas de renu-meração. Foi difícil, no início, sair da congregação que eu fazia parte; havia um vínculo muito grande com os irmãos, o ministério estava crescendo, tínhamos cons-truído uma família maravilhosa e tive que renunciar o conforto do meu lar, a privacidade que eu tinha e o salário que chegava todo �nal de mês. Deixar tudo isso para fazer parte de um ministério onde eu sabia que não haveria salário e também teria que construir novos relacionamentos foi uma decisão desa�adora. Fui morar numa casa com 12 homens solteiros, todos eles também participavam desse ministério. Quando soube quanto seria o custo da minha moradia nessa casa, me assus-tei e questionei: de onde tirarei o dinheiro para pagar isso? E o Espírito Santo, através de uma pessoa, disse: você não me falou que aprendeu a viver na dependência do Pai? Quando ouvi isto, abaixei a cabeça, envergonha-do. Pedi perdão a Deus e aceitei o chamado e mergulhei totalmente nesse novo estilo de vida. Esse ministério chama-se Casa de Davi, situado em Londrina.

Com o passar do tempo, percebi que não havia aprendido tudo sobre dependência e que Deus sempre me levava ao nível mais alto nesta área. Como eu era solteiro, já com 27 anos de idade, estava orando por uma esposa. Foi aí que, em uma das férias na cidade dos meus pais, conheci uma mulher linda e maravilho-sa, temente a Deus, virtuosa e decidi casar. Não tinha dinheiro, mas Deus insistia para marcar a data. Eu di-zia: Pai, como vou marcar a data do casamento se não

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tenho nada, mal consigo pagar minhas contas? E Ele respondia: marque a data! E eu obedeci.

Foi difícil para Alana Michelle, minha esposa, aceitar isso, principalmente sua família. Eu compreen-dia, pois se era difícil para mim, que já havia passado por muitas experiências de provisão, quanto mais ela. Alana foi ensinada que deveria estudar, se formar, ter uma boa pro�ssão, estabilidade �nanceira e garantir um bom futuro; portanto, ela �cou bastante angustia-da. Chorou muito quando pedi para marcar a data do casamento. Quase acabou com o noivado, pois para ela e sua família era impossível conseguir tudo, em tão pouco tempo. Foi então que Deus falou com ela: minha �lha, você vivia orando, me pedindo um homem segun-do o meu coração. Não é isso que você quer? Ela disse sim e marcamos a data do casamento, em menos de um mês. Deus havia providenciado tudo, apartamento, passagens, lua de mel, vestido de noiva, bolo, a festa e foi tudo muito bom. Não tínhamos geladeira, máquina de lavar, mesa, cama, mas Deus deu tudo. Experimentamos juntos a �delidade do nosso Deus e, já casados, continu-amos aprendendo a viver na dependência do Pai, mas ainda tínhamos muito o que aprender sobre isto.

Nos primeiros meses de casamento, Deus nos co-locou à prova. Faltava dinheiro e passamos, cerca de cinco meses, atrasando o aluguel. Houve um momen-to em que tínhamos dois aluguéis, dois condomínios, luz e telefone atrasados. Com o nome comprometido, clamamos a Deus. Imaginamos que deveria ter algo er-rado. Começamos a buscar se havia pecados não con-

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fessados, pedimos perdão, oramos pedindo para que Deus nos mostrasse o que estava errado. Acreditáva-mos que se Ele havia nos chamado, Ele nos respaldaria.

Nesta ocasião, minha sogra ligou, perguntando como estavam as coisas e minha esposa compartilhou a nossa situação. Ela, tomando conhecimento de tudo, manifestou o desejo de nos ajudar, mas revelou que Deus não a orientava a fazer isso. Parece engraçado, mas aca-bamos entendendo que Deus estava provando a nossa fé e nos levando a um nível mais alto de fé e dependência.

Numa outra oportunidade, minha esposa teve uma experiência interessante. Alana gosta muito de leite. E ela recebeu uma palavra que está em Hebreus 5:12-13: “Por que, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais se-jam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, por-que é menino”. Não tínhamos condições de comprar leite, ou seja, Deus tirou literalmente o leite. Compre-endemos o que Deus estava fazendo e obedecemos, para chegarmos ao nível de maturidade, dependência e fé que Ele estava nos proporcionando.

Certo dia, Alana foi ao supermercado comprar verduras para o jantar. Não dava para comprar mais nada, pois o dinheiro era pouco. Quando ela passou pela prateleira do leite, bateu aquela vontade de comprar! Ela, então, orou: Pai, estou com muita vontade de tomar leite e, se for a sua vontade, dá-me condições de comprar.

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Quando ela terminou a oração, apareceu uma pessoa com uma oferta que dava para comprar, exatamente, doze caixas de leite. Sei que o texto de Hebreus, citado acima, está falando de uma maturidade espiritual que os �lhos de Deus devem buscar, e foi exatamente isso que Deus quis ensinar à minha esposa: amadurecer na fé em Cristo. Pode ser pouco, mas Deus se preocupa com pe-quenas coisas também.

Depois de passar pela prova, mudamos para um apartamento com o dobro do valor de aluguel que mo-rávamos antes, e desde então nunca faltou nada.

Fomos de férias para o nordeste, matamos as saudades da família e nos divertimos muito. Já no �nalzinho das férias, minha sogra �cou internada para uma cirurgia na vesícula. Com as passagens compradas e viagem marcada, voltamos para Londrina e, assim que chegamos, recebemos a notícia que ela estava com um tumor na vesícula. Imediatamente, voltamos para o nordeste. A situação foi se agravando, ela foi operada para a retirada do tumor, mas o câncer já havia toma-do o corpo todo, os médicos só deram 20% de chance de vida. Para minha esposa, Alana Michelle, não havia alternativa, Deus tinha que curá-la. Orávamos muito, demos passos de fé, a família dizia que minha esposa estava louca, pois os médicos já tinham dito que ela não ia sobreviver; tive que voltar para Londrina e Ala-na �cou tomando conta da sua mãe. Lembro-me que, antes de voltar, numa visita ao hospital na UTI, falei com minha sogra e ela me disse que, quando estava dormindo, viu um lugar muito lindo, com uma paz

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muito grande e tinha um rio com águas cristalinas e ela bebia dessa água e pedia para Deus curá-la.

Um mês depois, chegou o dia da minha esposa voltar pra casa. No dia 6 de abril de 2010 soubemos que ela estava grávida, e minha sogra fez aniversário no dia 9 de abril. Conversei com ela por telefone e ela me parabenizou pelo �lho; digo “�lho” porque tínha-mos certeza que seria um menino (um ano antes Deus havia nos falado que teríamos um �lho e ia se chamar Amós). Não estávamos planejando e de repente veio a noticia que estávamos grávidos.

Alana retornou para Londrina no dia 12 de abril. No dia 15, à noite, recebemos a noticia que a mãe dela estava piorando e em fase terminal. Continuamos orando e, de noite, falamos com Deus assim: Pai, nossa vontade é que o Senhor cure Marinalda (minha sogra), e sabemos que o Senhor pode curá-la, mas se a nos-sa vontade tem sido egoísta, faça-se a sua vontade. Na manhã seguinte recebemos a noticia, ela partiu para os braços do Pai.

Minha preocupação foi que, por conta disso, mi-nha esposa poderia talvez perder a fé em Deus. Ela pas-sou a gravidez inteira chorando a perda da mãe, mas Deus sabia de todas as coisas. No exame de ultrassom para descobrir o sexo do bebê, soubemos que seria um menino e colocamos o nome Amós Filipe – Amós que signi�ca forte, que suporta o jugo, e foi bem isso mes-mo, Amós foi instrumento de Deus para nos dar força, consolo, era como se Deus tivesse colhendo uma vida e plantando outra na terra. Não abandonamos Deus e

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nem a nossa fé devido às circunstancias da vida. Tivemos outro �lho que nasceu numa data bem

comemorativa aqui no Brasil, dia das mães, e coloca-mos o nome de Ageu Miguel – Ageu que signi�ca fes-tivo, aquele que nasce em tempo de festa, e ele faz jus ao seu nome.

Amós e Ageu, dois presente de Deus, para nós uma provisão que não tem preço. Deus até tira de nós algo de muito valor, mas Ele dá em dobro também.

Hoje o Amós tem quatro anos e o Ageu dois, so-mos uma família muito feliz e totalmente dependente do Pai, sempre buscando crescer juntos, alinhar a nossa fé no chamado e cumprir nosso destino aqui na terra. 

Nosso destino como filhos de DeusCompartilho desta experiência pessoal para en-

tendermos que temos um destino em Deus Pai. O papel de Satanás é tentar nos impedir de viver

como �lhos, porque ele tem ciúme dos �lhos de Deus. Ele foi um anjo, nunca um �lho. Você já parou para pensar na posição que Deus nos concedeu? Filhos! E os anjos estão a serviço dos �lhos de Deus. Jesus sabia muito bem quem Ele era, e o seu destino se manifestou como Filho de Deus para desfazer as obras de Satanás. Jesus veio desfazer os efeitos da idolatria, manifestou--se como luz na escuridão das trevas, curou os enfer-mos, expulsou os demônios, ressuscitou os mortos e o mais importante: Ele nos tirou do reino de trevas para o reino do seu amor.

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“O mesmo Espírito testi�ca com nosso espírito que somos �lhos de Deus” (Rm 8:16).

Quando o Espírito Santo conduziu Jesus ao de-serto para ser tentado por Satanás, este usou a ex-pressão “Se tu és o �lho de Deus [...]” Jesus estava há quarenta dias no deserto sem comer, portanto deveria estar com muita fome. Uma das questões usadas para tentar a Jesus foi questionar a sua �liação. Satanás que-ria que Jesus provasse se Ele era, realmente, Filho de Deus; provocou a Jesus, como lemos em Mt 4:3: “E disse Satanás: se tu és o Filho de Deus, dize a essa pe-dra que se transforme em Pão”. Jesus, cheio do Espírito Santo, e seguro de sua condição de �lho de Deus, não caiu na provocação de Satanás e nem precisou provar nada, simplesmente respondeu: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus [...]” (v. 4). Depois de ser tentado, Deus enviou anjos para servi-rem seu Filho amado.

Todos nós temos um destino, porque Deus nos criou com um propósito. Jesus cumpriu seu destino morrendo naquela cruz, não só para nos salvar, mas também para estabelecer o reino de Deus na terra. O nosso destino está nas mãos de Deus, conforme Sal-mos 139:13-16:

Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profun-

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dezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, casa um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.

Deus tem um plano para cada pessoa e cabe a nós apenas depender Dele. Ele sabe o que é melhor para cada Filho seu e pode cumprir seu propósito a nosso favor. Nossa vida, nossos sonhos, projetos, nosso futu-ro, nossos planos têm que estar inseridos nos propósi-tos de Deus, conforme sua vontade (Pv 16:1-3).

Deus cumpre o destino que nos está preparado quando nos posicionamos como Filhos de Deus e apren-demos a viver como �lhos na dependência do Pai, que nos criou e nos formou com um proposito. Toda nossa história está escrita no livro da vida ao nosso respeito. O alvo do nosso Pai é que possamos desfrutar da sua von-tade. O apóstolo Paulo nos a�rma, em Romanos 12:2, que essa vontade é boa, perfeita e agradável, logo tudo o que Deus escreveu sobre a minha e a sua vida, não vem carregada de condenação ou desgraça, mas com amor e graça. Quando aprendemos a conhecer a Deus descobrimos que Ele não quer nos obrigar a fazer a sua vontade, mas Ele nos convida a aproveitar o melhor dos seus sonhos. A única maneira de descobrirmos o que está escrito nesse livro, ao nosso respeito, é dependendo plenamente do governo do Espirito Santo e obedecendo em cada passo à sua doce voz.

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A vida de um verdadeiro filho de Deus

Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são �lhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de �lhos, pelo qual clamamos Aba, Pai. O mesmo Espírito tes-ti�ca com o nosso espírito que somos �lhos de Deus. E, se nós somos �lhos, somos, logo, herdeiros tam-bém, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glori�cados. Romanos 8:14-17.

Viver como �lho de Deus é mais do que viver uma vida cheia de religiosidade. Não é, simplesmente, fazer parte de uma igreja local, ter um ministério, ser membro frequente, ser um bom “dizimista”. A Bíblia deixa bem claro que “todos que são guiados pelo Es-pírito de Deus, esses são �lhos de Deus”; o apóstolo Paulo nos ensina e nos incentiva a não viver segundo a carne, mas fazer morrer as obras da carne.

“Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito morti�cardes as obras do corpo, vi-vereis” (v. 13).

Ser guiado pelo Espírito Santo é um estilo de vida daqueles que são �lhos de Deus. É fazer morrer, progres-sivamente, os desejos do pecado, ou seja, os desejos da carne. Se não formos guiados pelo Espírito Santo de Deus, seremos guiados por qual espírito? Portanto, é impossível dizermos que somos �lhos de Deus e não sermos guiados pelo seu Espírito. Como �lhos de Deus, não podemos vi-

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ver de acordo com os nossos desejos. Se vivermos segun-do os nossos desejos, estes nos escravizam e nos matam. Mas, se guiados pelo Espírito de Deus, fazemos morrer esses desejos para vivermos eternamente.

Quando damos lugar para a obra do Espírito Santo e o deixamos habitar em nós, permitimos que as obras do nosso corpo sejam mortas. Precisamos a cada dia, como �lhos de Deus, morti�car o nosso ego, ou seja, morrer para nós mesmos. Renunciando ao or-gulho, à soberba, à maledicência, à contenda, à ira, à fofoca, ao ciúme, à inveja, ao egoísmo, aos nossos so-nhos pessoais, aos projetos de homens que não vêm de Deus. Isto é, morrer para dar lugar a uma nova vida no Espírito, uma vida em santidade, uma vida de �lhos que agradam o coração do Pai.

Muitos de nós dizemos que somos �lhos de Deus, mas não vivemos como �lhos e sim como escravos; es-cravos de nós mesmos, do pecado, da religião, do di-nheiro, dos bens materiais, do sustento, do trabalho. Vivemos com medo! Medo de abrir mão dos próprios desejos a �m de andar e viver como �lhos. Recebemos o espírito de adoção, o mesmo Espírito que está em Jesus, que clama: Aba Pai, paizinho e intercede por nós à direita de Deus para nos libertar da escravidão do pecado. Não podemos viver outra vez com medo, pois fomos adotados para sermos �lhos de Deus.

Há um equívoco quando, pelo fato de estarmos envolvidos com as atividades ministeriais e eclesiás-ticas, pensarmos que estamos vivendo como �lhos; quando, na verdade, não estamos. Muitas vezes, esta-

36 Dependência ou morte!

mos vivendo como empregados e empresários de Deus, tocando o ministério como se estivéssemos tomando conta apenas de negócios empresariais.

Em certo momento da minha vida comecei a per-ceber que, apesar de ter nascido em um lar cristão, ser neto de pastor, �lho de pastores, fazer parte de uma fa-mília de ministros, ter uma educação religiosa e dedi-car minha vida ao serviço da igreja, não foi o su�cien-te para me ensinar a viver de fato, como um �lho de Deus. Entendi, então, porque Deus havia me tirado da cidade em que nasci para me colocar em outra cidade a 3.500 quilômetros de distância. Esse processo foi es-sencial para o meu amadurecimento nessa caminhada de aprender a ser �lho.

No livro de Hebreus, o autor nos ensina que Je-sus aprendeu obediência pelas coisas que sofreu. Desta maneira podemos entender a importância de sermos guiados pelo Espirito Santo e não pelo nosso coração. Provavelmente os lugares que Ele vai nos levar não se-rão confortáveis, na maioria das vezes, mas será o me-lhor para nos lapidar na forma de Cristo. É quando da-mos graças a Deus por tudo que desfrutamos de uma vida verdadeiramente plena, pois Ele é o pai perfeito e nos ama incondicionalmente.