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+ A Dimensão Europeia da Educação: primeiro andamento Percursos alternativos de acolhimento Nuno Silva Fraga Universidade da Madeira Departamento de Ciências da Educação

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A Dimensão Europeia da Educação: primeiro andamento Percursos alternativos de acolhimento

Nuno Silva Fraga Universidade da Madeira Departamento de Ciências da Educação

Introdução

Factores como a globalização e a

europeização aliadas a constantes critérios de

convergência, cuja fuga se torna sinónimo de

fracasso e distanciamento face a uma Europa

que se pretende competitiva, apelam a um

redesenhar das acções quer sociais como

educativas.

A “educação estará cada vez mais sujeita a

evoluir num quadro de internacionalização e

de globalização em que a tendência dominante

é a da criação de um mercado aberto de

educação”.

(Marçal Grilo, 1995)

A investigação ganha um cariz muito próprio precisamente por querer analisar o impacto de

políticas que sendo globalizantes tendem ao esquecimento do território enquanto sinónimo

de diferença, colocando num segundo plano perfis identitários regionais, locais e

organizacionais.

Revisão da Literatura

A participação de Portugal na cooperação política em educação no âmbito da União Europeia tem lugar desde a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, em 1986. Todavia, desde 22 de Setembro de 1976

que fazemos parte do Conselho da Europa.

Nesta correlação entre um microssistema que se quer aberto e um macrossistema extremamente competitivo, logo selectivo, apela-se, no nanossegundo de relações, a uma perspicácia latente derivada de uma

preeminência para a gestão estratégica que alinhe as políticas educativas locais com os benchmarks europeus.

A expressão dimensão europeia da educação circunscreve-se ao conjunto de aprendizagens e actividades, intranacionais ou transnacionais, cujo intento consiste na aproximação e compreensão dos povos europeus, contribuindo

para a “emergência da consciência da sua identidade cultural comum”. (Monteiro, 2001, p. 302).

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is: • A Europa

compartilha um património cultural comum que se manifesta na sua diversidade cultural. (…)

• A Europa está cada vez mais inscrita nos factos, dada a interdependência dos seus povos.” (Reis Monteiro, 2001, p. 327).

• Recomendação n.º R

(83) 4, relativa a uma

melhor sensibilização à

Europa nas escolas

secundárias.

•  (Conselho da Europa)

Con

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• Recomendação n.º 2/92:

•  I - Ser europeu no início do século XXI;

• VI - A ciência como cultura, o encontro dos saberes;

• VIII - Identidades e diversidade numa Europa das culturas;

•  IX - Mobilidade, livre circulação e comunicação;

• X - Cidadania europeia e educação.

Recomendação n.º R (83) 4, relativa a uma melhor sensibilização à Europa nas escolas secundárias.

Objectivo

•  Os programas educativos deveriam encorajar os jovens a “considerar-se não apenas como cidadãos da sua região e do seu país, mas também como cidadãos da Europa e do mundo”. (Monteiro, 2001, p. 304).

Abordagem

•  Pode-se ensinar a Europa, tanto no quadro das disciplinas existentes como através de ensinos interdisciplinares.

Conteúdo

•  O conteúdo do ensino sobre a Europa deve incluir a compreensão de noções-chave como a democracia, direitos do homem e liberdades fundamentais, tolerância e pluralismo.

Metodologia

•  É particularmente recomendada a participação no concurso do Dia da Europa, nos Clubes UNESCO, na criação de Clubes europeus nas escolas, na correspondência e intercâmbios escolares e na concepção de desenvolvimento de visitas às instituições europeias.

Problema da Investigação

Como se processa a dimensão europeia da educação nas cinco escolas de ensino secundário público do concelho

do Funchal da Região Autónoma da Madeira?

Campo em análise...

Regiões Ultraperiféricas

Região Autónoma da

Madeira

Concelho do Funchal

Escolas de Ensino

Secundário Público

• Gestão Estratégica – Visão, Missão e Valores

•  Identidade Escolar, Autonomia e Identidade Europeia

Projecto Educativo de Escola (PEE)

•  Alemão. (Nível de Continuação). 10.º / 11.º e 12.º Anos •  Alemão. (Nível de Iniciação). 10.º / 11.º e 12.º Anos •  Economia C. (Oferta dependente do projecto educativo da

escola). •  Espanhol. (Nível de Iniciação). 10.º Ano •  Espanhol. (Nível de Continuação). 10.º Ano •  Espanhol. (Nível de Iniciação). 11.º Ano •  Espanhol. (Nível de Continuação). 11.º Ano •  Espanhol. (Nível de Iniciação). 12.º Ano •  Filosofia. (10.º e 11.º Anos) •  Filosofia A. (12.º Ano) •  Francês. (Níveis de Iniciação e Continuação). 10.º, 11.º e 12.º

Anos. •  Geografia A. (10.º e 11.º ou 11.º e 12.º Anos). •  Geografia C. (12.º Ano). •  História A. (10.º, 11.º e 12.º Anos). •  Inglês. (Nível de Iniciação). 10.º, 11.º e 12.º Anos. •  Inglês. (Nível de Continuação). 10.º, 11.º e 12.º Anos. •  Português. 10.º, 11.º e 12.º Anos.

Currículo Nacional (Decreto-Lei 272/2007 de 26

de Julho) Curso científico -humanístico

de Línguas e Humanidades

• Natureza interdisciplinar e transdisciplinar Vector de Integração Curricular

Área de Projecto (12.º ano) (Cursos Científico-Humanísticos)

Projecto Tecnológico (Cursos Tecnológicos)

Escolas de Ensino Secundário

Público

Enquadramento da problemática do Abandono Escolar Precoce nos objectivos da dimensão europeia da educação

Os objectivos futuros concretos dos sistemas educativos.

Fonte: Relatório do Conselho "Educação", de 14 de Fevereiro de 2001, ao Conselho Europeu, sobre "Os objectivos futuros concretos dos sistemas educativos" [5680/01 EDU - Não publicado no Jornal Oficial]

•  Aumentar a qualidade dos sistemas de educação e formação

Objectivo 1

•  Facilitar o acesso de todos à educação e à

formação.

Objectivo 2 •  Abrir os sistemas de

educação e formação ao mundo.

Objectivo 3

Parâmetros de referência europeus para a educação e a formação

Parâmetros de referência

Investimento na educação

e na formação

Abandono escolar precoce

Diplomados em

Matemática, Ciências e

Tecnologias

Habilitações de nível

secundário superior

Competências chave

Aprendizagem ao longo da

vida

Fonte: Comunicação da Comissão, de 20 de Novembro de 2002, sobre parâmetros de referência europeus para a educação e a formação: seguimento do Conselho Europeu de Lisboa [COM(2002) 629 final - Não publicado no Jornal Oficial].

  A evolução das taxas de abandono escolar precoce (O abandono escolar precoce foi definido tomando como referência a população entre os 18 e os 24 anos que, no máximo, completou o primeiro ciclo do ensino secundário e que já não participa em acções de educação ou formação.) revela alguns sinais positivos na maior parte dos Estados-Membros.

Fontes: 1) Comunicação da Comissão, de 20 de Novembro de 2002, sobre parâmetros de referência europeus para a educação e a formação: seguimento do Conselho Europeu de Lisboa [COM(2002) 629 final - Não publicado no Jornal Oficial]. 2) Eurostat Yearbook 2008

OBJECTIVO 2010

10% Taxa média de AEP

Malta 41,7%

Portugal 39,2%

Espanha 29,9%

Itália 20,8%

Suécia 12,0% Áustria

9,6%

Finlândia 8,3%

Eslovénia 5,2%

UE-27 15,3%

NOTA: Valores de referência relativos a 2006

Quadro coerente de indicadores e valores de referência para avaliar a realização dos objectivos de Lisboa

  Oito domínios de intervenção principais, definidos na estratégia do programa «Educação e Formação para 2010»:

  Melhorar a equidade na educação e formação.   Promover a eficiência na educação e na formação.   Fazer da aprendizagem ao longo da vida uma realidade concreta.   Desenvolver competências-chave entre os jovens.   Modernizar a educação escolar.   Modernizar o ensino e a formação profissionais (processo de Copenhaga).   Modernizar o ensino superior (processo de Bolonha).   "Empregabilidade".

Fonte: Comunicação da Comissão, de 21 de Fevereiro de 2007, intitulada «Um quadro coerente de indicadores e valores de referência para avaliar os progressos alcançados na realização dos objectivos de Lisboa no domínio da educação e formação» [COM(2007) 61 final - Não publicada no Jornal Oficial].

Melhorar a equidade na educação e formação.

  Recordando: o Conselho adoptou um valor de referência que pretende limitar a 10% a proporção de jovens que abandonam precocemente a escola.

  Os progressos conseguidos neste domínio serão avaliados com base nos seguintes indicadores principais:

Indicadores Principais

Participação na educação pré-escolar

ABANDONO ESCOLAR PRECOCE

Ensino especial

Fonte: Comunicação da Comissão, de 21 de Fevereiro de 2007, intitulada «Um quadro coerente de indicadores e valores de referência para avaliar os progressos alcançados na realização dos objectivos de Lisboa no domínio da educação e formação» [COM(2007) 61 final - Não publicada no Jornal Oficial].

Modernizar a educação escolar

Indicadores principais

Abandono escolar precoce

As escolas como centros

de aprendizagem

locais polivalentes

Desenvolvimento profissional dos

professores e formadores

Gestão escolar

Fonte: Comunicação da Comissão, de 21 de Fevereiro de 2007, intitulada «Um quadro coerente de indicadores e valores de referência para avaliar os progressos alcançados na realização dos objectivos de Lisboa no domínio da educação e formação» [COM(2007) 61 final - Não publicada no Jornal Oficial].

(Des)construindo... Os objectivos futuros concretos dos sistemas

educativos. Objectivo estratégico Questões-chave

Indicadores para a medição dos progressos

realizados

Facilitar o acesso de todos à educação e à formação

(Objectivo 2)

Tornar a aprendizagem mais atractiva

-  Encontrar formas de tornar a aprendizagem mais atractiva, tanto no contexto dos sistemas

formais de educação e de formação como fora destes

sistemas.

- Promover uma cultura da aprendizagem.

- Abandono Escolar Precoce - Proporção da

população entre os 18 e os 24 anos que apenas

frequentou a educação básica e que não participa em acções de educação e

formação complementares (indicador estrutural). Apoiar a cidadania activa,

a igualdade de oportunidades e a coesão

social

- Assegurar a promoção efectiva da aprendizagem

dos valores democráticos e da participação

democrática de todos os parceiros na escola a fim

de preparar as pessoas para a cidadania activa.

Adaptado de: Programa de trabalho pormenorizado sobre o seguimento dos objectivos dos sistemas de educação e de formação na Europa [Jornal Oficial C 142 de 14.06.2002]

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Sim... Parece óbvio o envolvimento da UE na problemática do Abandono Escolar Precoce...

Mas e a Escola??? Como enquadrá-la nestas utopias???

Fonte: Idalina Jorge In Abandono Escolar Precoce e Desqualificado. Disponível em: www.asa.pt/CE/Abandono_escolar_precoce.pdf

No âmbito emocional, os estudantes de risco têm falta de interesse pela escola, não valorizam o sucesso académico, nem os valores da Escola e manifestam ainda outras características, tais como: isolamento social, ansiedade e problemas depressivos.

Muitos destes estudantes não correspondem às expectativas da Escola e manifestam uma elevada frequência de problemas de comportamento, um dos mais fortes preditores do abandono escolar, designadamente comportamentos agressivos, delinquentes, com consumo de álcool ou drogas. Estes comportamentos desajustados são uma consequência da falta de competências sociais, de que resultam punições escolares diversas.

  Muito do que se encontra na escola é-lhes estranho: estranhas as actividades e as regras, estranhas as exigências e formas de estimular.

Fonte: Carlinda Leite et al. In Trabalhar por projectos em Educação. Porto Editora

Pierre Bourdieu & Jean-Claude Passeron (1970)

•  Exercício da “violência simbólica”

Basil Bernstein (1986)

•  Problema da “recontextualização”

(Des)construindo... Parte II (ou se preferirem, espicaçando*!)

Instrumentos da Escola (da Gestão e do Currículo) Visão

Questões-chave (a partir dos objectivos futuros

concretos dos sistemas educativos) Opções Estratégicas

Facilitar o acesso de todos à educação e à formação

(Objectivo 2)

Projecto Educativo de Escola

- Documento que consagra a orientação educativa da escola.

- Símbolo máximo da Autonomia da Escola.

- Promotor da Identidade.

- Encontrar formas de tornar a aprendizagem mais atractiva, tanto no contexto dos sistemas formais de educação e de formação como fora destes sistemas.

- Promover uma cultura da aprendizagem. -  Clube europeu

-  Programa Comenius -  eTwinning Área de Projecto - Vector de integração

curricular - Assegurar a promoção efectiva da aprendizagem dos valores democráticos e da participação democrática de todos os parceiros na escola a fim de preparar as pessoas para a cidadania activa.

* No seu sentido figurativo significa: estimular; excitar. (Fonte: Dicionário Universal da Texto Editores)

Opções Estratégicas

(Percursos alternativos de acolhimento)

Questões-chave (a partir dos objectivos futuros

concretos dos sistemas educativos) Missão

Clube Europeu - Encontrar formas de tornar a aprendizagem mais atractiva, tanto no contexto dos sistemas formais de educação e de formação como fora destes sistemas.

- Promover uma cultura da aprendizagem.

- Assegurar a promoção efectiva da aprendizagem dos valores democráticos e da participação democrática de todos os parceiros na escola a fim de preparar as pessoas para a cidadania activa.

- Desenvolver as personalidades dos alunos com base nos valores partilhados por todos os europeus.

- Encorajar a divulgação da identidade cultural europeia em toda a sua diversidade, promovendo atitudes positivas face aos povos europeus, suas formas de vida, crenças, opiniões e ideias.

- Promover a consciência e os sentido de responsabilidade no futuro da Europa, o seu ambiente, democracia, paz e direitos humanos.

- Estimular a comunicação e a colaboração com os outros povos europeus, desenvolvendo a capacidade de usar outras línguas europeias tão bem como a própria língua.

Programa Comenius

- Desenvolver o conhecimento e sensibilizar os jovens e o pessoal educativo para a diversidade e o valor das culturas e das línguas europeias.

-  Ajudar os jovens a adquirir as aptidões e competências básicas de vida necessárias ao seu desenvolvimento pessoal, à futura vida profissional e a uma cidadania europeia activa.

eTwinning - Criar redes de trabalho colaborativo entre escolas europeias, através do desenvolvimento de projectos comuns, com recurso à Internet e às Tecnologias de Informação e Comunicação.

  Recordando o título da presente comunicação: A Dimensão Europeia da Educação: primeiro andamento – Percursos alternativos de acolhimento, cabe à Liderança de cada Escola a (des)construção do seu Projecto de Autonomia, que antes de ser um espaço de emancipação é forçosamente um lugar de inclusão! Potenciar a Área de Projecto e o PEE em torno de novas formas de acolhimento é dar espaço ao contributo de uma Europa que não parece estar tão distante quanto muitas vezes se apregoa. Por acaso já lhe abrimos a porta? Ou limitamo-nos a olhá-la por uma pequena e envelhecida janela?

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Sim... Parece óbvio o envolvimento da UE na problemática do Abandono Escolar Precoce...

Mas e a Escola??? Como enquadrá-la nestas utopias???