deontologia jurídica

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Deontologia Jurídica Índice 1- Conceito.................................................. 2 1.1 Deontologia Geral........................................2 2. Premissas da deontologia: moral e ética...................2 2.1 Moral.................................................... 2 2.2. Ética................................................... 3 3 - Deontologia Jurídica.....................................4 3.1. Conceito................................................ 4 4. Deontologia das Magistraturas.............................5 5. Advogado.................................................. 6 5.1 – Conceito............................................... 6 5.2. Origem.................................................. 7 5. Do exercício da advocacia.................................7

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Page 1: Deontologia Jurídica

Deontologia Jurídica

Índice

1- Conceito..................................................................................................................................2

1.1 Deontologia Geral.................................................................................................................2

2. Premissas da deontologia: moral e ética.................................................................................2

2.1 Moral.....................................................................................................................................2

2.2. Ética.....................................................................................................................................3

3 - Deontologia Jurídica..............................................................................................................4

3.1. Conceito...............................................................................................................................4

4. Deontologia das Magistraturas...............................................................................................5

5. Advogado................................................................................................................................6

5.1 – Conceito.............................................................................................................................6

5.2. Origem.................................................................................................................................7

5. Do exercício da advocacia......................................................................................................7

Page 2: Deontologia Jurídica

1- Conceito 

1.1 Deontologia Geral

A filosofia moral (também denominada ética) é à base da deontologia geral e consequentemente da deontologia jurídica. Deontologia é um termo introduzido em 1834 pelo filósofo inglês Jeremy Bentham para referir-se ao ramo da ética cujo objecto de estudo são fundamentos do dever e as normas morais. É conhecida também sob o nome de "Teoria do Dever".

É um dos dois ramos principais da ética normativa. A deontologia é própria do código deontológico a qual procura desvendar os pressupostos inseridos nas normas de conduta social dos indivíduos.

Deontologia deriva de deontos (dever, o que é obrigatório, justo, adequado) e logos (estudo, discurso, tratado). A deontologia trata da origem, incidência e efeitos dos deveres, a partir da reflexão sobre o comportamento de valor ideal, fruto do juízo ético equilibrado e consciente, conciliador da liberdade individual e da responsabilidade social. 

A deontologia, como um todo, estuda o dever em geral, sendo nas palavras de Luiz Lima Langaro "a filosofia do dever", cuja aplicação não se restringe apenas aos profissionais do direito, mas sim a todas as profissões, sejam elas do ramo científico, humano ou exacto. Em suma, o termo designa o conjunto de regras e princípios que ordenam a conduta de um profissional.

Cabe salientar, que independentemente da existência de um código que regulamente determinada função/profissão, a deontologia encontra-se intrinsecamente na vida de todo aquele que exerce sua profissão universalmente. 

2. Premissas da deontologia: moral e ética

2.1. Moral

A moral é uma das características da deontologia geral. Ela está incutida no espírito humano, e tende a nos coordenar para o seio da verdade, para o verdadeiro, que constitui o seu próprio objecto.

A verdade está directamente ligada com o princípio da moralidade universal, que se constitui em síntese em fazer o bem e evitar o mal. Logo, nossa consciência tende a seguir pela linha mestra do bem em detrimento do mal, ou, de, pelo menos, evitar o mal e praticar o bem.

Nesta toada, Luiz Lima Langaro cita as palavras de Cícero, em sua obra intitulada de “A república” acerca do dever moral: "Há uma lei conforme a natureza comum a todos os homens, racional, eterna, que nos prescreve a virtude e nos proíbe a injustiça. Essa lei não é das que se podem transgredir ou iludir ou que podem ser modificadas; nem o povo, nem os magistrados têm o poder de se isentar das obrigações que ela impõe...".

Sendo assim, o dever moral, está incutido no gene humano, sendo que a tendência primeira de nossa alma é naturalmente para o bem, mas nada impede de que tendamos para o mal. Afinal, nascemos com o dom do bem, mas no decorrer de nossa existência são muitos os factores que podem nos corromper para o exercício e a prática do mal.

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A moral não é um tema uníssono da deontologia, mas também é alvo de estudos e debates dentro da Filosofia e da Sociologia. No entanto todas elas convergem no sentido de que a moral está directamente ligada à consciência moral, e por pressuposto como sendo uma espécie de legisladora de nossas acções.

Ou seja, a moral serve de termómetro para nossas vidas, de modo a orientar nossas acções para a pratica do bem em geral, na aplicação do certo e do errado. A moral configura-se como a nossa lei interior, de modo que a premissa maior é ter respeito ao bem e desprezo ao mal.

No exercício de qualquer que seja o nosso labor, nossa profissão, a moral se consolida como uma ferramenta de trabalho, pois, sua premissa é fazer o bem de acordo com a nossa lei interior. Portanto a consciência moral, nos faz pensar que o nosso agir deve ser sempre voltado para o bem, logo estamos falando da moral, ou seja, estamos praticando aquilo que é certo, aquilo que é o bem.

2.2. Ética

Dentro da deontologia, a ética configura-se como uma premissa muito importante. Pois de nada adianta sermos conhecedores, mestres, ou até mesmo doutores em nossa profissão, se não formos éticos com nossos clientes e com a sociedade em geral.

A ética constitui-se em um conjunto de valores morais e princípios próprios que norteiam a vida do ser humano enquanto convivente em sociedade. Ela está directamente ligada com o sentimento de justiça social.

A ética, segundo Volnei Ivo Carlin, no livro intitulado Deontologia Jurídica Ética e Justiça aborda que dois são os significados do vocábulo ética, quais sejam: "(...)a) em sentido amplo, tem sua relação relacionada com a ciência do direito e por conseguinte a doutrina moral; b) em sentido estrito quando refere-se aos actos e as normas que constituem determinado sistema de conduta moral." 

A ética não se constitui em uma obra codificada, onde existam leis, artigos, parâmetros a serem seguidos. É sim um conjunto de regras de conduta social não sancionadas por nenhum poder competente.

Uma definição bastante singela, seria dizer que a ética consiste na conduta profissional, elaborada a partir da afirmação de valores e da prática destes valores.

A ética mostra-se como exigência necessária a qualquer actividade humana, e na área de actuação jurídica não seria diferente. Assim todas as vezes que a tomada de alguma decisão vá de encontro com os valores decorrentes da vivência em sociedade, é necessário repensar o viés da questão.

Enfim, a ética e a moral são pilares que sustentam a vida do homem em sociedade, pois quando as duas são desrespeitadas dentro dos limites sociais, cria-se um verdadeiro mal estar social, praticamente uma crise social.

Em síntese, moral e a ética são fundamentais para o exercício de qualquer profissão, pois enquanto a ética é pautada no conjunto de princípios, a moral é a conduta específica, ou seja, as duas complementam-se.

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3 - Deontologia Jurídica3.1. Conceito

Como visto acima, a deontologia engloba os deveres de qualquer profissional, e para aqueles que atuam no ramo do Direito não seria diferente.

Vale trazer ao bojo desta escrita, as palavras de Luiz Lima Langaro, consoante ao conceito de deontologia jurídica, a saber: "Podemos, então, dizer que, etimologicamente, o conceito de deontologia é a "ciência dos deveres" ou simplesmente "tratado de deveres".

Consequentemente, Deontologia Jurídica é a disciplina que trata dos deveres e dos direitos dos agentes que lidam com o Direito, isto é, dos advogados, dos juízes e dos procuradores da república, e de seus fundamentos éticos e legais.

Denomina-se Deontologia Jurídica a ciência que cuida dos deveres e dos direitos dos operadores do direito, bem como de seus fundamentos éticos e legais. Etimologicamente, Deontologia significa ciência dos deveres. Assim, Deontologia Jurídica é essa ciência aplicada àqueles que exercem alguma profissão jurídica, em especial os advogados, magistrados e promotores de justiça1.

A deontologia não se estreita apenas em pertencer à filosofia moral, onde é claro detém seus fundamentos, mas consolida-se como um ramo, uma especialização da ciência do direito.Sendo ciência, cuida das normas jurídicas e princípios doutrinários, com o fim específico de regular a conduta dos operadores do Direito, no que é concernente aos seus deveres de ordem profissional.

O âmago da deontologia jurídica é o de procurar usar o direito com ética, com comportamento moral, bem como estimular o profissional tratar sua profissão com zelo, com consciência.

Como dito alhures, a deontologia, não aplica-se somente aos advogados, mas a todas aquelas profissões interligadas ao ramo do direito, como os magistrados, oficiais de justiça.

No que tange a ética do juiz, esta vem sendo assunto constante. Pois inúmeros são os casos de magistrados que recebem "pequenas gratificações" das partes para um andamento mais célere de determinado litígio. As funções exercidas pelo magistrado implicam em deveres de ordem salutar, pois a causa que está em suas mãos pode ser decisiva para a vida do litigante.

"A ética do juiz funda-se, de outra parte, em postulados elementares de certos valores úteis, fundamentais e absolutos, como o respeito à vida, ao direito, à dignidade, à honra da pessoa. Também cortesia às partes e a probidade, sendo vão querer todos os aspectos englobar. São todos os valores transmitidos pela tradição e que se encontram na primeira página de qualquer código deontológico." 

Sendo assim, cabe ao juiz definir sua estratégia profissional, e adequar-se, de certa forma, a multiplicidade de missões que lhe são confiadas pela sociedade, bem como pelas partes em conflito, para que seja feita a devida justiça por parte do Estado.

Para os integrantes do Ministério Público, o dever deontológico se faz estritamente necessário no exercício pleno de suas funções, seja no âmbito cível ou criminal.

1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Deontologia_Jurídica.

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O Ministério Público é figura permanente e essencial à função jurisdicional, como a própria Constituição trás em seu texto, defendendo os anseios sociais e fiscalizando a aplicação da lei.A actuação e intervenção do Ministério Público deve ocorrer de forma coerente e necessária. 

"Em nenhum momento deve ser levado pela paixão, relegando o carácter técnico-jurídico a segundo plano e ferindo de morte a dignidade da sua nobre função. Já se foi a época do Procurador da República ser um cego e sistemático acusador público, perseguidor implacável do réu, profissional que representava a sociedade e tentava a todo custo uma condenação, pouco importando que tivessem sido dadas ao réu as condições plenas de provar a sua inocência" 

Não pode o Ministério Público intervir de forma arbitrária, com o simples pensamento de uma condenação, bem como não pode agir fora de seus limites. Assim como os advogados, os procuradores também devem possuir seu código ético para nortear o exercício sadio da profissão.

A deontologia jurídica pode ser orquestrada como um ramo do direito, pois se funda em regular a conduta dos operadores do direito através de princípios doutrinários e normas, como por exemplo o Códigos da Ética e disciplina dos advogados e das carreiras das Magistraturas. Sendo assim, compete-lhes fazer justiça com dever ético e moral.

4. Deontologia das Magistraturas  Na França, podemos tomar o juramento feito pelos magistrados como um parâmetro ético: “Juro, no serviço da legislação, cumprir minhas funções com imparcialidade e diligência, com toda lealdade, integridade e dignidade, no respeito ao segredo profissional e no dever de reserva”. São, assim, 7 os deveres: imparcialidade, diligência, lealdade, integridade, dignidade, segredo profissional e reserva.

Analisemos cada um:A imparcialidade não deve significar frieza e recusa em entrar em contato com as partes, seus procuradores e os jurisdicionados em geral. A imparcialidade deve se manifestar depois de ouvir e reouvir quem queira se manifestar sobre o caso.

 A diligência representa o empenho em encontrar soluções rapidamente, cujo melhor caminho é representado pelo diálogo franco com os interessados e outras pessoas, inclusive colhendo sugestões que aperfeiçoem o serviço. Mais importante do que trabalhar em todos os horários possíveis é encontrar métodos de trabalho que otimizem o tempo.

A lealdade se faz através da disposição interior de encontrar soluções boas para todas as partes envolvidas. Para tanto um dos dois raciocínios pode ser adotado: “não fazer aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem ou fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem”. Mesmo nos casos em que se faz justa uma punição, deve ser aplicada com moderação e sem crueldade.A integridade não deve ser confundida com puritanismo, com desprezo pelos outros por causa das suas falhas morais. A humildade sincera é o melhor antídoto contra a falsa moral.

A dignidade nada tem a ver com a presunção e a arrogância. Olhar as pessoas “de cima para baixo” não tem nada a ver com dignidade. Trata-se de um conceito que não exclui a

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humildade e o dever de reconhecer a Igualdade e a Liberdade que devem favorecer a todos os cidadãos.

Manter segredo profissional não é uma virtude praticada tão assiduamente no nosso país como na Europa, devido à nossa índole mais extrovertida. Todavia, trata-se de um dever importante e que não deve ser colocado em segundo plano, uma vez que pode prejudicar pessoas ou instituições.

A reserva não precisa chegar ao ponto da omissão. Contribuir para o desenvolvimento das instituições é uma das mais importantes virtudes cívicas. Nos Estados Unidos há um princípio ético muito valorizado que se resume na expressão “clean hands” (mãos limpas). Pode ser aplicado ao Judiciário e a todos os operadores do Direito. Significa que todos devem ser transparentes, bem intenciados e agirem com lealdade.

O dever fundamental do magistrado é o de exercer a jurisdição, que lhe foi confiada no momento da investidura no cargo. Todos os outros deveres que a lei impõe ao juiz constituem, em última análise, meios para que seja cumprido esse dever.

Outro dever fundamental do juiz, só não mais importante do que o primeiro, é o de conhecer o direito.

Se fosse resumir a Ética do Judiciário numa única palavra, escolheria a expressão humanidade, que representa tudo que os jurisdicionados querem encontrar nos Tribunais.

Pouco adianta informatizarmos a Justiça, darmos celeridade extrema aos processos e atendermos em ambientes confortáveis se os jurisdicionados forem tratados como meros números nas nossas estatísticas.

Como primeiros deveres do procurador da república está o pleno desenvolvimento de suas funções e a fiel observância da Constituição e das leis.

Há um receio acentuado de vários segmentos da sociedade quanto à actuação do Ministério Público, o qual tem procurado contribuir para o desenvolvimento do nosso país, principalmente através de modernos instrumentos processuais, como as acções civis públicas.

5. Advogado 

5.1 – Conceito

O advogado é aquele formado em direito, com inscrição no quadro da Ordem dos Advogados, que exerce o jus postulandi, ou seja, a representação de seus clientes em juízo. Aquele que expõe perante o juiz determinada demanda pretendida. 

O melhor conceito para o termo, na opinião de Luiz Lima Langaro vem do professor Lois Crémieu, da Faculdade de Direito da Universidade de Marseille, a saber:  "é toda pessoa, licenciada em direito e munida do diploma profissional, regularmente inscrita na Ordem, cuja profissão consiste em consultar, conciliar e pleitear em juízo." 

Sendo assim, não basta apenas o bacharelado, mas sim a inscrição na Ordem para que possa exercer sua profissão com plenitude.

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5.2. Origem

De acordo com as origens históricas o termo advogado deriva do latim "advocatus", que sistematicamente divide-se em "ad" (para junto) "vocatus" (chamado). Ou seja, é a pessoa chamada pelas partes para prestar auxílio diante de suas pretensões.

Não se pode precisar ao certo onde apareceram às primeiras figuras do advogado. No entanto na Grécia surge as figura dos "oradores/amicis", pessoas que dispunham da eloquência oral para auxiliar seus amigos perante o juiz da causa.

Conta à história, que a profissão do advogado tornou-se autónoma em Roma, onde as discussões verbais foram tomando forma escrita, dando origem ao processo. Os "patronus" desta época em Roma ocupavam a primeira classe junto aos Senadores. 

Em Portugal, a figura do advogado surgiu no Reinado de Afonso V. Neste país já se exigia que o advogado cursasse oito anos de estudo relacionado ao Direito Canónico ou ao Direito Civil na Universidade de Coimbra.

5. Do exercício da advocacia

Antes de entrarmos no mérito acerca do nobre exercício da advocacia, que consolida-se hoje, como indispensável a qualquer sociedade organizada vale trazer a baila o dizer do Ilustríssimo Ruy Barbosa: "Fora da lei, a nossa Ordem não pode existir senão embrionariamente, como um começo de reivindicação da legalidade perdida. Legalidade e liberdade são o oxigénio e o hidrogénio de nossa atmosfera profissional." 

Para o exercício da advocacia, há entendimentos que existam dois requisitos fundamentais, são os legais e os pessoais. Sendo que o primeiro é de cunho impositivo, decorrentes da lei, como por exemplo o Estatuto da Ordem dos Advogados, exigindo-se assim a capacidade técnica e legal.

De outra banda, o segundo requisito os pessoais, são aqueles que não estão pormenorizados em leis, códigos. Seria o amor à profissão, o gosto pelo trabalho, pelo labor diário em favor da justiça, ou seja, requisitos intrínsecos.

Trazendo a figura do advogado para os dias actuais, podemos perceber que há uma grande desvalorização moral acerca da profissão. São muitos os motivos que levam a sociedade a ter está ideia, pois não são raros os escândalos envolvendo advogados e membros do Poder Judiciário.

Os advogados possuem seus deveres profissionais, pode-se elencar alguns deles, por exemplo: ser fiel conselheiro do cliente de acordo com lei e a verdade; agir com discrição nas causas que lhe forem confiadas; ser probo e diligente; não requer algo que vá de encontro com a lei; não desamparar a causa sem justo motivo; indemnizar ao cliente eventuais prejuízos causados; ter cuidado no manuseio dos autos sob sua guarda, não subtraindo ou utilizando partes do mesmo.

De outro lado, também são conferidos aos advogados, seus direitos, dentre os quais se pode listar: exercer com liberdade a sua profissão em todo o território nacional; ter respeitado o sigilo profissional a inviolabilidade de seu escritório; comunicar-se com seus clientes pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração quando se acharem detidos; ter a presença de um

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representante da Ordem quando preso em flagrante, por motivo ligado à profissão; não ser recolhido preso antes de sentença transitada em julgado.

Texto principal disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/deontologia-juridica-e-etica-profissional/69457/#ixzz28sT3ypH7

Nota: O texto original foi adaptado à realidade moçambicana.