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UNIVERSIDADE CATLICA DE SANTOS CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS

DFICIT PBLICO

Santos - SP 2011

UNIVERSIDADE CATLICA DE SANTOS CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS

DFICIT PBLICO

Este trabalho de pesquisa foi desenvolvido para avaliao e apresentao no seminrio da disciplina de Introduo Economia do curso de Cincias Contbeis. Orientadora: Prof. Clia Rodrigues Ribeiro Alunos: Amanda Guimares, Jssica Oliveira, Lis Marcondes, Marcos Ojeda, Tain Gomez e Vanessa Estevez.

Santos SP, 29 de novembro de 2011 2

SUMRIO 1. INTRODUO 2. O QUE DFICIT PBLICO? 3. OS TIPOS DE DFICIT 3.1 Dficit Primrio ou Fiscal 3.2 Dficit Nominal ou Total 3.3 Dficit Operacional 4. EVOLUO DO DFICIT NO BRASIL 4.1 Perodo ps-guerra (1947-1955) 4.2 De JK a JG (1956-1963) 4.3 Incio do governo militar o ajuste (1964-1969) 4.4 Anos 1970 o milagre (1970-1979) 4.5 Anos 1980 bases para a hiperinflao (1980-1989) 4.6 Da hiperinflao ao Plano Real (1990-1994) 4.7 Plano Real e perodo de estabilizao (1995-1998) 4.8 Estabilidade e novo governo (1999-2006) 4.9 Perodo recente (2007-ATUAL) 5. CONCLUSO 6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 20 21 09 04 05 07

1. INTRODUO

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Este trabalho visa resgatar as principais abordagens sobre o problema do dficit pblico no Brasil, procurando, sobretudo, explorar seus tipos e a evoluo do mesmo no pas. A primeira parte do trabalho trata de conceituar o que se entende por dficit pblico e como se origina tal situao que um dos grandes culpados, seno o maior deles, pelas dificuldades econmicas das naes. Na avaliao da situao financeira de um pas so considerados alguns conceitos de dficit, e estes sero desenvolvidos na segunda parte deste texto. Logo, podemos assim, na terceira parte, desenvolvermos a anlise da evoluo do dficit, que por este trabalho foi distribuda em nove perodos, para permitir uma anlise mais elaborada das vrias fases da economia brasileira. Na concluso, procura-se ressaltar os resultados da anlise desenvolvida nas diversas partes deste trabalho, objetivando, tambm, a identificao de alguns pontos crticos da evoluo e da conduo do dficit pblico no Brasil.

2. O QUE DFICIT PBLICO?

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Dficit Pblico o nome que se d relao na qual o valor total das despesas pblicas maior que valor total das receitas pblicas, considerando-se, nesta determinada relao os valores nominais, ou seja, a inflao e a correo monetria do mesmo perodo considerado. Embora parea o dficit governamental termo de diferenas entre as receitas e despesas de setor pblico de definio excessivamente simplificada e de fcil compreenso, ela pode ser mais bem elaborada com a especificao de diversos componentes do processo oramentrio que so indispensveis para uma mais objetiva determinao das causas do dficit, permitindo uma avaliao mais detalhada da poltica fiscal. Sendo assim, dentro da definio de dficit, temos certos fatores que se apresentam dentro da definio de dficit: os mtodos de financiamentos utilizados; a contribuio de dficits passados para o atual dficit; o impacto das dvidas interna e externa sobre o dficit; a necessidade de emisso de moeda; o efeito da inflao sobre a receita e os gastos do governo; o efeito de variaes nas taxas de juros; a cobrana de imposto inflacionrio; a existncia de erros e omisses nas contas governamentais; O dficit pblico encobre diversas caractersticas do processo oramentrio que so fundamentais para a determinao das causas do mesmo. Merecem destaque: a contribuio do dficit passado para o atual; o efeito da inflao sobre a receita e despesa do governo; o efeito da variao das taxas de juros; 5

3. OS TIPOS DE DFICIT

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A partir dos fatores mencionados anteriormente, possvel chegar aos outros conceitos de dficit.

3.1 Dficit Primrio ou Fiscal

O conceito de dficit primrio ou fiscal, que representa a origem e a fonte de realimentao do dficit pblico, e da dvida pblica, exceto seus respectivos juros. o resultado das contas pblicas que inclui o Tesouro Nacional, Previdncia e Banco Central, alm de constituir o melhor mtodo de avaliao do impacto da poltica fiscal que contracionista quando menor que zero ou expansionista se maior que zero. A grosso modo, a gerao de caixa do governo; a economia para reduzir o endividamento. Mostra se as contas esto em ordem ou no.

3.2 Dficit Nominal ou Total

Ainda temos os chamados dficit nominal ou total, onde se inclui mais uma despesa nas contas que o gasto do governo com as dvidas passadas. tambm chamado de Necessidades de Financiamento do Setor Pblico (NFSP), j que corresponde quantidade de emprstimos a que o setor pblico precisa recorrer.

3.3 Dficit Operacional

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H ainda outro tipo, que o dficit operacional, do qual se ouve falar mais em tempos de inflao alta, que tambm inclui nos gastos o pagamento dos juros, mas dos juros reais, ou seja, descontada a inflao do perodo. Isso porque, com o aumento de preos, a moeda nacional perde poder de compra. Em perodos de inflao elevada, pode ser que os juros pagos ao final do perodo sequer cubram essa perda. Nesse caso limite, o governo sair ganhando da transao, j que ir devolver menos poder de compra do que pegou emprestado. Sendo assim, os juros no podem entrar com sinal negativo nas suas contas. Por isso, o dficit operacional , muitas vezes, considerado a medida mais adequada dos resultados do governo.

4. EVOLUO DO DFICIT NO BRASIL

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A origem das informaes para tal anlise corresponde elaborao dos dados das contas nacionais, que apresentam uma srie consistente, embora seja restrita a abrangncia aos nveis de governo equivalentes administrao direta da Unio, dos estados e dos municpios.

4.1 Perodo ps-guerra (1947-1955)

Do incio de 1947 at 1949 o comportamento fiscal reflete a poltica econmica do governo na qual se identificava a inflao como o principal problema a ser enfrentado. A estratgia consistia em uma poltica monetria contracionista combinada com uma poltica fiscal que buscava eliminar os dficits oramentrios. Em 1950 o desequilbrio oramentrio aumentou, com o crescimento do dficit tanto do pas quanto dos estados. Parte do desequilbrio pode ser atribuda proximidade das eleies presidenciais, que geralmente provocam um aumento nos gastos. Com a posse do novo governo houve tentativa de estabilizao que fosse permitida a adoo de uma poltica monetria restritiva e que se pudesse controlar a inflao. Essa poltica contracionista foi substituda por uma poltica expansionista em 1953, causada principalmente pelos gastos do governo com obras pblicas, com despesas para combater a forte seca do Nordeste e um abono elevado concedido ao funcionalismo civil, alm dos gastos adicionais por conta das eleies municipais. Com a morte do presidente, a nova equipe econmica instalou novo programa de estabilizao baseado na austeridade fiscal e na contrao monetria e creditcia, razo por que houve uma melhora nas contas pblicas em 1954, no suficiente para evitar

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uma piora nas contas em 1955, devido reduo da receita tributria e ao aumento das despesas com juros.

3.2 De JK a JG (1956-1963)

O perodo foi basicamente expansionista em sua poltica fiscal e caracterizado pelo incio da utilizao das empresas estatais na conduo do processo de crescimento do pas. O governo Juscelino, de 1956 a 1960, foi marcado pela nfase no desenvolvimento sem responsabilidade e pelas despesas com a criao de Braslia, sendo deixadas de lado as polticas fiscal e monetria, exceto num breve perodo quando se buscou um acordo com o FMI, rompido pelo presidente JK quando percebeu que no conseguiria cumprir o acordo. O Banco do Brasil, executor da poltica monetria realizava operaes de crdito ao Tesouro Nacional enquanto este recebia a arrecadao tributria e realizava pagamentos em nome da Unio, que, por sua vez, emitia papel-moeda para financiar o Banco do Brasil, que desempenhava atribuies no compatveis com a poltica monetria, pois era agente financeiro do Tesouro, depositrio das reservas voluntrias dos bancos comerciais e maior banco comercial do pas e o nico banco rural. Essa concentrao de atribuies resultou em prticas fiscais no responsveis e em aumento da inflao. O curto governo Jnio Quadros foi marcado pela tentativa de conteno de despesas e de quitao das contas externas, que foi estancada pela renncia do presidente em agosto de 1961. Esse breve perodo de busca de equilbrio fiscal no foi 10

suficiente para reverter o quadro deficitrio do ano, que fechou com um dficit operacional de 2,84% do PIB e um dficit primrio de 2,54%. Seguiu-se um perodo de instabilidade poltica, cuja consequncia, em termos fiscais, foi o aumento do dficit, conduzido, basicamente, em maiores gastos com subsdios e com aumento das despesas com o funcionalismo pblico.

3.3 Incio do governo militar o ajuste (1964-1969)

O primeiro governo militar deu incio a uma poltica de austeridade fiscal, delineada no Programa de Ao Econmica do Governo (PAEG), que pretendia acelerar o ritmo de desenvolvimento econmico, conter o processo inflacionrio, atenuar os desnveis econmicos setoriais e regionais, assim como os desequilbrios sociais, assegurar, pela poltica de investimentos, oportunidades de emprego, e corrigir os dficits no balano de pagamentos. O programa anti-inflacionrio, por seu lado, pretendia a conteno dos dficits governamentais, crescimento dos salrios reais em conformidade com o aumento da produtividade, e o controle da poltica de crdito, no sentido de impedir os excessos da inflao de demanda, mas realista para adaptar-se inflao de custos. Houve uma sensvel melhora nos indicadores fiscais, que passaram de um dficit operacional de 3,96% do PIB em 1964 para um supervit de 0,55% em 1966, mas o perodo subsequente revelou uma trajetria errtica do dficit pblico, com dficit em 1967, supervit em 1968 e novamente dficit em 1969.

3.4 Anos 1970 o milagre (1970-1979) 11

Dcada de aparente equilbrio fiscal, apresentando supervit operacional e primrio durante todo o perodo. Lamentavelmente, no entanto, os dados das contas nacionais no espelhavam a efetiva deteriorao fiscal ocorrida na poca. A poltica fiscal expansionista ocorreu por intermdio do oramento monetrio, com o uso abusivo da conta movimento e com os gastos com fomento pelo Banco Central, alm do aumento do investimento das empresas estatais nos anos 1970. A resposta do governo aos choques do petrleo se deu pelo aumento do endividamento estatal, posteriormente assumido e financiado internamente pelo governo federal. Para exemplificar o tamanho e o peso do setor empresarial do governo federal, uma das primeiras medidas da Secretaria Especial de Controle das Estatais, quando criada em 1979, foi efetuar um censo das instituies pblicas federais, constatando um total de 505 entidades, dentre as quais 268 classificadas como empresas estatais.

3.5 Anos 1980 bases para a hiperinflao (1980-1989)

A dcada de 1980 foi considerada a dcada perdida, com a perda da dinmica da economia conjugada com a crise mexicana de 1982, o aparecimento das consequncias da poltica equivocada de reao aos choques do petrleo na dcada anterior e o aumento do processo inflacionrio, combatido por tentativas de ajustamento. Porm, essa mesma dcada viveu as primeiras tentativas de reordenamento institucional, com o fim da conta movimento do Banco do Brasil no Banco Central, a

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criao da Secretaria do Tesouro Nacional e a proibio do financiamento do Tesouro pelo Banco Central, expressa na Constituio de 1988. Em 1980, o governo reconheceu as dificuldades de controle do endividamento subnacional, ento a alternativa encontrada foi exercer o controle sobre o crdito domstico ao setor pblico, restringindo as possibilidades de incorrerem em dficit, e controlando o crdito das instituies financeiras. Com a crise do final de 1982 e o consequente acordo com o FMI no incio de 1983, foi criado o conceito de Necessidades de Financiamento do Setor Pblico (NFSP), utilizado a partir de ento para mensurar o dficit pblico. Em 1984, o governo encontrou srias resistncias na burocracia do Banco do Brasil, para ordenar os encarregados de conduzir as polticas monetria e fiscal, pois este estava preocupado com a possibilidade de perda de poder poltico, em contraste com o relativo apoio dos burocratas do Banco Central, que viam a possibilidade de finalmente se verem livres da subordinao ao Banco do Brasil na conduo da poltica monetria. A resistncia apoiada por alguns deputados atrasou o processo em dois anos. At ento, o oramento fiscal aprovado pelo Congresso Nacional apresentava-se tradicionalmente equilibrado e no refletia adequadamente o total dos gastos pblicos. Ento durante o ano de 1986, processou-se a separao entre o Banco do Brasil e o Banco Central do Brasil, e o congelamento da conta movimento entre essas duas instituies, posteriormente eliminada. Em 1989 a inflao atingiu patamares hiperinflacionrios chegando a 1.782,9%. A deteriorao fiscal foi resultado da reduo da carga tributria bruta, pelo aumento dos gastos com juros, e com o aumento dos gastos com salrios e encargos do

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funcionalismo e com o consumo de bens e servios, apesar da reduo do investimento pblico. Os anos 1980 foram marcados tambm pelo incio da mensurao da dvida lquida do setor pblico, que subiu, fruto do acmulo de dficits fiscais no perodo. O custo do desajuste fiscal foi todo absorvido pelo governo central, com a dvida dos estados e dos municpios tendo permanecido relativamente constante, enquanto o endividamento das estatais foi reduzido.

3.6 Da hiperinflao ao Plano Real (1990-1994)

O perodo de 1990-1994 foi marcado por dois planos de estabilizao: o primeiro, de 1990, no alcanou os resultados pretendidos, enquanto o segundo, o Plano Real, pode ser considerado bem-sucedido. O Plano Collor, implantado em maro de 1990, repousava ainda na concepo de que o dficit pblico tinha carter eminentemente financeiro e centrou foras na reteno compulsria e na tributao dos ativos financeiros. Em termos fiscais, resultou em um excepcional resultado fiscal positivo. O Plano Real, por seu turno, trazia no bojo de sua concepo a necessidade de um ajuste fiscal. Entre os planos, tivemos uma situao fiscal relativamente equilibrada, conjugada com um aumento significativo de preos, dando margem a diversas interpretaes sobre a qualidade e a origem desse ajuste.

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Os resultados positivos das contas pblicas refletiam mais que simples manobras de caixa por parte da poltica econmica para apresentar resultados positivos. As transformaes estruturais que ocorriam no pas reforavam o controle fiscal e afetavam positivamente o resultado das contas pblicas, como a privatizao, ainda em incio, a limitao do endividamento estadual e municipal, a reduo dos benefcios pagos pela Previdncia, a reformulao do setor eltrico, a lei de modernizao dos portos e a concesso de servios pblicos. Nesse ambiente foi concebido e implementado o Plano Real, que, ao contrrio dos planos anteriores, tinha como pressuposto inicial o ajuste fiscal, embora temporrio, e implementado por meio do Plano de Ao Imediata (PAI) ao final do ano de 1993. O supervit operacional de 1990 foi obtido, basicamente, pelo aumento temporrio das receitas oriundas da tributao imposta sobre os ativos financeiros e pelo pagamento de juros reais negativos sobre a dvida interna. O perodo 1991/1993 mostra o relativo equilbrio das contas pblicas, apesar de uma menor carga tributria em relao arrecadao excepcional de 1990. Em 1993 evidencia-se o aumento das despesas com previdncia e o corte de subsdios. Finalmente, o ano de 1994 apresentou um resultado operacional superavitrio, possivelmente devido ao aumento da receita tributria, com a estabilizao e pela reduo do pagamento de juros externos, devido a dois fatores: a valorizao da taxa de cmbio e a finalizao da renegociao da dvida externa.

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3.7 Plano Real e perodo de estabilizao (1995-1998)

Aps o Plano Real, o pas teve uma piora do resultado fiscal, de certa forma fortalecendo aqueles que entendiam que o ajuste fiscal anterior no era permanente. No voltamos megainflao, porm o desajuste fiscal contribuiu para o ataque especulativo que ocorreu durante o ano de 1998, que culminou com o pas recorrendo ao FMI no final daquele ano e com a mudana cambial no incio de 1999. Apesar dos nmeros apresentarem uma piora fiscal, o governo conseguiu realizar o refinanciamento da dvida dos estados e dos municpios, criou o bem-sucedido Programa de Incentivo Reduo do Setor Pblico na Atividade Bancria (PROES), eliminando, em grande parte, o risco representado por aquelas instituies financeiras, efetuou o saneamento dos bancos federais por meio do Programa de Fortalecimento das Instituies Financeiras Federais (PROEF), alm de ter efetuado o reconhecimento de vrias dvidas latentes e, com isso, resolvido algumas pendncias contingentes. Houve piora fiscal no perodo 1995/1997, com dficit operacional de 4,23% do PIB em mdia, um resultado primrio quase nulo, e uma despesa de juros reais no mesmo patamar dos anos anteriores, indicando que a ncora cambial, no perodo, no elevou as despesas com juros. O ano de 1998 reflete, em termos de juros reais, o custo da tentativa de manuteno da poltica cambial no pelo resultado primrio, nulo no perodo. O dficit pblico mdio do perodo foi financiado, em grande parte, pelo dficit em transaes, aparentemente, o pas no apresentava um quadro significativamente preocupante, contudo, a questo da sustentabilidade da dvida brasileira se prende menos ao nvel e mais sua maturidade. 16

3.8 Estabilidade e novo governo (1999-2006)

Este perodo foi marcado pelo acordo com o FMI, firmado ao final de 1998 e renovado sucessivamente at 2005, que viabilizou um ajuste macroeconmico expressivo fundado em ajuste fiscal, cmbio flutuante e metas de inflao. Em termos de ajuste fiscal, se destacam as medidas tomadas no sentido de encerrar a questo do endividamento dos estados e de algumas capitais, seja pela continuao do processo de privatizao dos bancos estaduais, seja pela finalizao dos acordos de renegociao e assuno de dvidas dos estados e dos municpios pelo governo federal, vinculados a metas e programas especficos de ajustamento daqueles entes da Federao. Em setembro de 1999 as instituies financeiras somente poderiam emprestar ao setor pblico, exceto dvida mobiliria federal, at 45% de seu patrimnio lquido, dificultando ainda mais a tomada de crdito por estados e municpios que no apresentassem boa sade financeira. No incio de 2000, foi editada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), considerada um marco no controle e na gesto dos gastos pblicos, mas que, na prtica, trouxe pouca novidade, destacando-se, apenas, a proibio do refinanciamento da dvida subnacional pelo governo federal. At o ano de 2003 a carga tributria bruta subiu, assim como as despesas com assistncia e previdncia, que incluem as transferncias do governo por conta de programas assistencialistas implementados a partir de 1995.

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Houve profundo ajustamento da economia brasileira, que passou de um dficit em transaes correntes de 1995-1998 para um supervit em 2006, com um dficit mdio no perodo de 1999-2006. O setor privado, alm de financiar o dficit pblico ainda existente, tambm responsvel pelo supervit em transaes correntes, ou seja, a poupana interna remetida ao exterior decorre de um supervit do setor privado da economia, o que pode significar alguma restrio ao crescimento econmico. A dvida lquida do setor pblico evidenciou um comportamento crescente at o ano de 2003 e reduo nos anos seguintes, at atingir, em 2006, o mesmo patamar do ano de 1999.

3.9 Perodo recente (2007-ATUAL)

No plano da poltica econmica, o governo Lula conseguiu manter um padro de comportamento cauteloso, que seguiu, basicamente, o estilo e o contedo herdados do governo anterior, feitos de busca de estabilidade no plano monetrio, manuteno da responsabilidade fiscal, preservao das polticas de metas de inflao e de supervit primrio, adeso plena ao regime de flutuao cambial e um bom dilogo com entidades financeiras internacionais, multilaterais ou privadas. No plano mais geral das contas pblicas, as despesas do governo cresceram de modo contnuo, at 2005, desconsiderando-se o pagamento de juros, as despesas do governo cresceram acima da inflao. As tentativas de aumento real do salrio mnimo provocou novas despesas, gerando, portanto, aumento do dficit pblico.

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Em meados de 2009 o governo apresentou um aumento do dficit pblico em 112%, com relao ao perodo anterior. A projeo de deficit pblico do Brasil para 2011 ser de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

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5. CONCLUSO

Aps entendermos o conceito de dficit pblico e conhecer seus tipos, podemos reconhecer que, na evoluo do dficit nacional, o primeiro perodo foi marcado pela existncia de dficits operacionais, tendo apenas o exerccio de 1947 apresentado supervit. No segundo perodo os setores privado e externo dividiram, igualmente, a responsabilidade pelo financiamento do dficit pblico. J no terceiro perodo o desequilbrio fiscal foi inteiramente financiado pela poupana interna privada, ou seja, o ajuste foi totalmente obtido via ajustamento do setor privado da economia. No quarto perodo o dficit em transaes correntes foi resultado de um desequilbrio do setor privado da economia. Apesar da relativa melhora no quinto perodo, a dcada de 1980 caracterizou-se pela predominncia da corrente de economistas que ressaltava o carter financeiro do dficit e rejeitava a necessidade de ajuste fiscal como elementochave para uma poltica de estabilizao. Os resultados obtidos no sexto perodo foram positivos, tanto de 1990 quanto de 1994, quando se obteve um supervit primrio em que a reduo do dficit pblico levou a uma reduo do dficit em transaes correntes. No stimo perodo, sob a tica das receitas e das despesas, a piora fiscal de 1995/1998 se deu apesar do significativo aumento da carga tributria. Foi s a partir de 1999, com as medidas de ajuste implementadas, que o supervit primrio voltou a ser robusto e se apresentou no oitavo perodo. Conclui-se que o Brasil que foi, por muitos anos, caracterizado por ter uma dvida pblica crescente, com taxas de juros muito elevadas e concentrada no curto prazo, est caminhando gradualmente no sentido de ter uma estrutura de dvida mais madura, 20

exibe taxas de juros reais menores que no passado, podendo desenvolver melhor no decorrer dos anos suas atividades poltica, administrativa e financeira de forma mais segura.

6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS JALORETTO, Cludio. Poltica Fiscal e Dvida Pblica. XIV Prmio Tesouro Nacional 2009 CITADINI, Antonio Roque. Dficit Pblico: Causas e Solues. O Estado de So Paulo 1998 http://www.citadini.com.br/artigos/oesp9803.htm SANTIAGO, Emerson. Dficit Pblico. http://www.infoescola.com/economia/deficitpublico/ MARIOTTI, Francisco C. E. As contas pblicas, o gasto e suas derivaes. http://www.unifra.br/pos/gestaopublica/downloads/04 SOBRINHO, Mauro Monteiro. OLMPIO, Joaquim de O. MONOLESC, Friedhilde Maria Kustner. O Dficit Pblico. http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2006/inic/inic/06/INIC000012ok.pdf SEABRA, LUCIANA. Conhea os diferentes tipos de dficit pblico. EUZBIO, Gilson Luiz. Os vrios tipos de dficit. Braslia.

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