da escola pÚblica paranaense 2009 · praticar a leitura literária em diferentes contextos requer...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
SUASSUNA NA ESCOLA: O épico e o dramático como proposta de ensino
Autor: Sandra Melo1
Orientador: Marcio Roberto do Prado2
RESUMO
O presente artigo trata da problemática frente aos gêneros literários (com destaque para o épico e o dramático), embora não excluam da discussão os gêneros não literários. Para tanto se propõe um recorte da obra de Ariano Suassuna através dos gêneros épico e o dramático, por meio de um conto e uma peça de teatro. Aproveitando a conceituação bakhtiniana dos gêneros discursivos em sua esfera social e em sua dimensão sócio-histórica, bem como sua perspectiva dialógica e polifônica com relação ao texto literário, o artigo desdobra-se em uma proposta de ensino-aprendizagem focada em questões enunciativo-discursivas, que se traduz em um exercício do conteúdo estruturante, e análise da crítica do gênero épico e do gênero dramático por parte do aluno. Leva em consideração o senso-comum e oportuniza a reenunciação criativa entre os gêneros propostos. Deste modo, o professor poderá desempenhar seu papel, na perspectiva da pedagogia Histórico-Crítica, que é o saber científico elaborado. Bem como, promover à ampliação do horizonte de expectativa dos alunos (através do encaminhamento metodológico do Método da Estética de Recepção) e consequentemente a formação de um leitor ativo responsivo.
PALAVRAS- CHAVE: Gêneros Literários; Épico; Dramático; Ariano Suassuna;Estética da
Recepção.
1 Pós Graduação em Curso de Especialização em Administração, Supervisão e Orientação Educacional UNOPAR (1999). Graduada em Letras Língua Portuguesa, Inglesa e Literatura (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Umuarama, 1986). Professora PDE 2009. Atua no Colégio Estadual do Parque Itaipu em Maringá PR. 2 Marcio Roberto do Prado- Doutor em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho-UNESP, campus de Araraquara, e graduação em Letras, com licenciatura e Bacharelado em Português e Francês (2002) e Bacharelado em Italiano (2004) pela mesma instituição. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Filosofia da Literatura, atuando principalmente nos seguintes temas: gênio, diabo, teoria e crítica. Recentemente, vem desenvolvendo pesquisas no âmbito do ciberespaço e da cibercultura,enfocando a possibilidade de uma poética do ciberespaço. É Professor Adjunto do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá, PR-UEM.
ABSTRACT
This article covers the issue forward to the literary genres (especially the epic and dramatic), while not excluding the discussion of non- literary genres. To this end it proposes a cut of Ariano Suassuna’s work through the epic and dramatic genres,through a story and a play.Taking advantage of the Bakhtinian concept of genres in their social sphere and in its social-historical, as well as their perspective and polyphonic dialogic relationship with the literary text, the article unfolds in a teaching-learning process focused on is sues of enunciation-discursive, which translates into a year of content structuring, analysis and criticism of the epic genre and dramatic genre from the student. It talkes into accountcommon sense and the restatement nurture creative gender proposed. Thus, the teacher can play its role in view of the histocal and critical pedagogy,wich is the scientific knowledge produced. As weel promete an expanded horizon de expectation of students (through forwarding method of Aesthetic Reception) and consequently the formation of an active reader responsive.
KEYWORDS: Literary Genres; Epic; Dramatic; Ariano Suassuna;Aesthetics of Reception.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo discorre a respeito do estudo sobre os gêneros épico e
dramático em Ariano Suassuna, incluindo o gênero não literário.
Justifico a relevância do desenvolvimento a fim de despertar o trabalho literário através
da “Arte da idéia do Belo” e da estética. Trabalhar o artista quer se trate das regras do
teatro ou do conto fazendo surgir à ciência da arte ou pelo menos de instruir métodos e
organizar, de certa forma um terreno que seduz o aluno para a aprendizagem. Conforme
afirma (LIMA, 2002, p.30-4):
O artigo alinha-se a uma visão baktiniana, que permite proporcionar ao aluno um
processo de ensino aprendizagem dinâmico e processual por meio do gênero literário
épico e o dramático. Em sua esfera social e na sua dimensão sócio-histórica, partindo-se
de uma proposta de ensino aprendizagem focada em questões enunciativo-discursiva, a
fim de formar um leitor ativo responsivo.
Desta forma, a linguagem é vista como um fenômeno social, pois nasce da
necessidade de interação (política, social, econômica) entre os homens. Tendo como
base teórica as reflexões do círculo de Bakhtin a respeito da linguagem que defende que:
A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua (BAKHTIN, 1999, p. 123).
Sendo assim, podemos dizer que, ensinar a língua materna nesta concepção
requer reconsiderar os aspectos sociais e históricos em que o sujeito está inserido, bem
como o contexto de produção e enunciação. Portanto, um texto literário transposto para
um novo enunciado discursivo requer uma nova leitura, escrita e oralidade, a fim de
promover novas relações dialógicas.
Praticar a leitura literária em diferentes contextos requer que se compreendam as esferas
discursivas em que o texto foi produzido e circula, bem como se reconheçam as
intenções, os interlocutores do discurso e o reconhecimento das vozes presentes no
texto. Essa noção visão de totalidade ajuda sem dúvida, na construção do sentido,
compreensão e análise crítica do texto.
A literatura é vista como produção humana e está ligada à vida social. Ela está
sempre sujeita a modificações históricas, portanto não pode ser compreendida somente
em sua pura constituição, mas sim em sua relação dialógica.
Desta forma, realizamos um recorte no gênero épico e o dramático em Ariano
Suassuna a partir de um conto intitulado O casamento e a partir de uma peça intitulada O
rico avarento. Por que, objetivamos abrir novos caminhos especialmente ao problema
metodológico do ensino da literatura que é objeto de discussão na escola pública, e que
representa nos últimos anos um papel importante às manifestações da literatura.
Por essa razão o presente artigo nos leva a reflexão de que forma e conteúdos
ambos se fundiram num objeto estético. Toda a alteração de forma corresponde a uma
alteração de conteúdo. (LIMA, 2002, p. 463).
Em suma, quando se compreende sobre o termo “formal” o estético, então se transforma
em matéria de arte, todos os fatos do “conteúdo” também em manifestações da forma.
Portanto, faz-se necessário um estudo da teorização sobre os gêneros literários
(Épico e Dramático), dos operadores de leitura de cada gênero aqui citado, para que o
professor possa, com segurança, mediar esse conteúdo e o mesmo entenda a relação
(teoria / prática) aplique em situações de uso na sala de aula, e em situações
comunicativas, no dia a dia, bem como fazer uso dos instrumentos tecnológicos que se
fizerem necessários como recursos didáticos.
Não que o aluno tenha que dar conta de todos os gêneros e sua dimensão sócio-
histórica. Mesmo porque, essa não é a abordagem desse material científico.
O tempo e o espaço concedidos para o aprofundamento teórico necessário a cada um
dos referidos gêneros recorre a um estudo minucioso. Justifica-se assim, o recorte feito e
não se deixa de ressaltar a importância da lírica também, porém ela não entra nesse
estudo de imediato. O que se pretende aqui é um repensar de como podemos fazer uso
dos gêneros literários em sala de aula de maneira mais autônoma e transpondo esse
conhecimento científico literário para nossos alunos do Colégio Estadual do Parque
Itaipu-Ensino Médio, Maringá PR.
Na busca de trabalhar com a teoria e a prática por meio de um método de ensino
que vise resultados no processo ensino aprendizagem, cabe neste momento ressaltar
que, a metodologia aqui abordada será a teoria conhecida como Estética da Recepção
elaborada por Jauss (1994). Por que o texto literário permite múltiplas interpretações,
uma vez que é na recepção que ele se significa. Mas, não está aberto a qualquer
interpretação. O texto é carregado de pistas, marcas, estruturas de apelos, as quais
direcionam o leitor do texto literário.
Segundo Iser (1996, p.73) “[...] a concepção de leitor implícito designa então uma
estrutura que antecipa a presença do receptor”. Sendo assim, no ato da escrita ocorre
uma previsão, por parte do autor, de quem será seu leitor o seu interlocutor, aquele que
dará vida/sentido ao seu texto. Trata-se de um leitor ideal, que nem sempre será real.
Feitas essas considerações, é importante pensar que a Estética da Recepção a
Teoria do Efeito podem servir como suporte teórico no que concerne o estudo cientifico
literário aqui proposto, levando em consideração o leitor e sua formação ativa responsiva
frente ao gênero literário Épico e o Dramático em Ariano Suassuna.
Quanto aos resultados Alcançados, pode-se mencionar, que quando a língua é
promovida como forma de interação dialógica, polifônica, em dimensão linguístico
discursiva, cria-se a oportunidade de por meio da leitura literária propiciar ao leitor sua
formação ativo responsiva.
2 REFLEXÃO SOBRE A CONCEPÇÃO DE LÍNGUA E LINGUAGE M
As Diretrizes ora propostas assumem uma concepção de linguagem que não se
fecha “na sua condição de sistema de formas, mas abre-se para a sua condição de
atividade e acontecimento social, portanto estratificada pelos valores ideológicos”
(RODRIGUES, 2005, p. 156). Nesse sentido, a linguagem é vista como fenômeno social,
pois nasce da necessidade de interação (política, social, econômica) entre os homens.
Isso implica em dizer que os homens não recebem a língua pronta para ser usada, eles
“penetram na corrente da comunicação verbal: ou melhor,somente quando mergulham
nessa corrente é que sua consciência desperta e começa a operar”,postula Bakhtin
(1999,p.108).
Deve-se aos teóricos do Círculo de Bakhtin o avanço dos estudos em torno da
natureza sociológica da linguagem. O círculo criticava a reflexão lingüística de caráter
formal-sistemático por considerar tal concepção incompatível com uma abordagem
histórica e viva da língua, uma vez que “a língua constitui um processo de evolução
ininterrupto, que se realiza através da interação verbal social dos locutores” (BAKHTIN,
1999, p.127).
Essas considerações resultaram, nas DCE, numa proposta que dá ênfase à língua
viva, dialógica, em constante movimentação, permanentemente reflexiva e produtiva. Tal
ênfase traduz-se na adoção das práticas de linguagem como ponto central do trabalho
pedagógico. É tarefa de a escola propiciar diferentes práticas sociais que utilizem a
leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de promover diversas esferas de
interação.
Ensinar a língua materna, a partir dessa concepção, requer que se considerem os
aspectos sociais e históricos em que o sujeito está inserido,bem como o contexto de
produção do enunciado, uma vez que seus significados são sociais e historicamente
construídos. Assim nos remetemos a importância de um trabalho com a leitura literária.
Praticar a leitura em diferentes contextos requer que se compreendam as diferentes
esferas discursivas, as vozes sociais e as ideologias presentes no discurso, visto que as
mesmas ajudam na construção de sentido.
3 REFLEXÃO SOBRE A CONCEPÇÃO DE LITERATURA E DE LE ITURA
Nas Diretrizes, compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que
envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas
de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus
conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes
que o constituem. A leitura se efetiva no ato da recepção, configurando o caráter
individual que ela possui, “[...] depende de fatores linguísticos e não-linguísticos: o texto é
uma potencialidade significativa, mas necessita da mobilização do universo de
conhecimento do outro - o leitor - para ser atualizado” (PERFEITO, 2005, p. 54-55).
Esse processo implica uma resposta do leitor ao que lê, é dialógico, acontece num
tempo e num espaço. No ato de leitura, um texto leva o outro e orienta para uma política
de singularização do leitor que, convocado pelo texto, participa da elaboração dos
significados, confrontando-o com o próprio saber, e com a sua experiência de vida.
Para Silva (2005, p. 24),
[...] a prática de leitura é um princípio de cidadania, ou seja, o leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade justa, democrática e feliz.
Praticar a leitura em diferentes contextos requer que se compreendam as
esferas discursivas em que os textos são produzidos e circulam, bem como se
reconheçam as intenções e os interlocutores do discurso.
É nessa dimensão dialógica discursiva, que a leitura deve ser experienciada,
desde a alfabetização. O reconhecimento das vozes sociais e das ideologias presentes no
discurso, tomadas nas teorizações de Bakhtin, ajudam na construção de sentido de um
texto e na compreensão das relações de poder a ele inerentes.
A literatura, como produção humana, está intrinsecamente ligada à vida social. O
entendimento do que seja o produto literário está sujeito a modificações históricas,
portanto, não pode ser apreensível somente em sua constituição, mas em suas relações
dialógicas com outros textos e sua articulação com outros campos: o contexto de
produção, a crítica literária, a linguagem, a cultura, a história, a economia, entre outros.
Para Candido (1972), a literatura é vista como arte que transforma/humaniza o homem e
a sociedade. O autor atribui à literatura três funções: a psicológica, a formadora e a
social.
A primeira, função psicológica permite ao homem a fuga da realidade,
mergulhando num mundo de fantasias, o que lhe possibilita momentos de reflexão,
identificação e catarse.
Na segunda, Candido (1972) afirma que a literatura por si só faz parte da formação
do sujeito, atuando como instrumento de educação, ao retratar realidades não reveladas
pela ideologia dominante. A função social, por sua vez, é a forma como a literatura
retrata os diversos segmentos da sociedade, é a representação social e humana.
(CANDIDO, 1972, p.803-09).
Eagleton comenta sobre a dificuldade em definir literatura, uma vez que depende
da maneira como cada um atribui o significado a uma obra literária, tendo em vista que
esta se concretiza na recepção. Segundo esse teórico (EAGLETON, 1983, p. 105), “Sem
essa constante participação ativa do leitor, não haveria obra literária”.
A partir desse conceito, propõe-se, nas Diretrizes, que o ensino da literatura seja
pensado a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção e da Teoria do
Efeito, visto que essas teorias buscam formar um leitor capaz de sentir e de expressar o
que sentiu, com condições de reconhecer, nas aulas de literatura, um envolvimento de
subjetividades que se expressam pela tríade obra/autor/leitor, por meio de uma interação
que está presente na prática de leitura. A escola, portanto, deve trabalhar a literatura em
sua dimensão estética.
Trata-se, de fato, da relação entre o leitor e a obra, e nela a representação de mundo do
autor que se confronta com a representação de mundo do leitor, no ato ao mesmo tempo
solitário e dialógico da leitura.
O texto literário permite múltiplas interpretações, uma vez que é na recepção que
ele significa. No entanto, não está aberto a qualquer interpretação. O texto é carregado
de pistas/estruturas de apelo, as quais direcionam o leitor, orientando-o para uma leitura
coerente. Além disso, o texto apresenta lacunas, vazios, que serão preenchidos conforme
o conhecimento de mundo, as experiências de vida, as ideologias, as crenças, os valores.
Feitas essas considerações, é importante refletir sobre o gênero literário épico e o
dramático, o processo de ensino aprendizagem e propor uma reflexão válida no que
concerne à leitura literatura desses gêneros.
4 GÊNEROS LITERÁRIOS: O ÉPICO E O DRAMÁTICO
Na leitura de um conto o leitor interage com uma história breve, ”O Short Story”. É
na apresentação do enredo da história que se encontra a peculiaridade e técnica de cada
contista. A forma é um elemento decisivo para alcançar a unidade de sentido e a
compreensão total do texto. São vários elementos que compõem esta rede que prende a
mente dos leitores. Na leitura de um conto muito da história é omitida, deixada ao leitor,
para que o leitor complete as lacunas a partir de sua própria experiência.
O conto é um gênero que se contextualiza no ato da leitura, no desenrolar do
enredo. Portanto, esse gênero, pode dar referências ao leitor no ato da leitura referências
essas, de lugar, de tempo, dos personagens em especial, dos quais aparece pouca
característica física e mais psicológica.
Os estudiosos da teoria do conto se dividem em duas correntes: Os dos que
aceitam definições e a dos que não aceitam. Mas mesmo os que as aceitam concordam
que definir conto não é tarefa fácil. O escritor e contista Júlio Cortázar afirma que o conto
é "um gênero de difícil definição, esquivo nos seus múltiplos e antagônicos aspectos".
No estudo Teoria do conto, Nádia Battella Gotlib (1998, P.81.), "cola" as
impressões de diversos estudiosos do conto e chega à seguinte equação: o segredo do
conto, que promove o sequestro do leitor, prendendo-o num efeito que lhe permite a visão
em conjunto da obra, desde que todos os elementos do conto são incorporados, tendo em
vista a construção deste efeito (Poe); Neste sequestro temporário, existe uma força de
tensão, num sistema de relações entre elementos do conto e em que cada detalhe é
significativo (Cortázar).
O conto centra-se num conflito dramático, em que cada gesto e cada olhar são até
mesmo teatralmente utilizados pelo narrador (E Bowen) Não lhe falta à construção
simétrica, de um episódio, num espaço determinado. Trata-se de um acidente de vida
(José Oiticica), cercado, neste de um ligeiro antes e depois (José Oiticica). De tal forma
que esta ação parece ter sido mesmo criada para um conto, adaptando-se a este gênero
e não a outro, por seu caráter de contração (N.Frideman). Este é um lado da questão
teórica referente às características específicas do gênero conto. (GOTLIB, 1998, p.81).
Desta forma, cada conto traz um compromisso selado com sua origem: a á estória.
E com o modo de contar a estória: é uma forma breve. E com o modo pelo qual se
constrói este jeito de ser, economizando meios narrativos, mediante contração de
impulsos, condensação de recursos, tensão das fibras do narrar: ”No conto a lei é sempre
de contração e clareza, a arte é sempre dizer o necessário, caracterizar fortemente de
uma maneira sensível, fazer crer, obter a adesão do leitor, conservá-la a qualquer preço,
por mais longe que se avance” (MORENO, 1987, p.71).
A palavra teatro tem origem no grego theatron que significa miradouro, lugar de
onde se vê ou se observa algo, por isso o termo está associado à arte de representação
cênica, e também indica o lugar, ou seja, local onde a representação cênica acontece;
observação e visão implicam a ideia de público, platéia, assistência.
Desta forma, o significado do termo está associado à dimensão espetacular do
fenômeno teatral. Hoje, vemos a teatralidade ocupar muitas dimensões de nossa vida:
shows musicais são certamente verdadeiras produções, visto que incluem dança
iluminação, encenação, pirotecnia. Nas igrejas também podemos observar os feitos
teatrais. O teatro de rua é sem dúvida um instrumento de informação e conscientização
social e política. Sem deixar de mencionar a utilização do teatro na publicidade em
propagandas.
Por outro lado, a recepção do texto dramático no espaço escolar, nem sempre tem
tido a merecida atenção, muitas vezes, faltam materiais para facilitar o encontro entre o
discurso teatral e o professor para tornar mais atrativa e estimulante a experiência de
leitura.
Martin Esslin (1978, p.14-5) afirmar que: ”O drama tranformou-se em um dos meios
mais poderosos de comunicação entre os seres humanos”.
Também Martin Esslin (1978, p.16), ao procurar estabelecer a natureza do drama
afirma: ’’o que faz com que o drama seja drama é precisamente o elemento que reside
além das palavras, e que tem de ser visto como ação–ou representado–para que os
conceitos do autor alcancem a plenitude”.
Outros discordam da idéia de incompletude do texto dramático, afirma sua
autonomia, ou melhor, a autonomia de ambas as manifestações:
[...] A literatura possui uma vitalidade própria, que no palco pode ser realçada ou não dependendo da competência do encenador, do cenógrafo, dos artistas etc.[...]. Quer dizer, se o espetáculo teatral é autônomo em relação à dramaturgia, a recíproca também é verdadeira. Uma peça pode ser lida, apreciada e estudada em sua forma original (FARIA 1998,P.10).
Portanto,quando se questiona a autonomia do texto dramático em relação à
representação e vice-versa,optamos por afirmar que ambos sejam autônomos. Mas
devemos lembrar que o texto dramático demanda de uma leitura diferenciada tendo em
vista sua produção para uma possível encenação.
Para Aristóteles (1993, p.27),
Concebe-se a teatralidade algo intrínseco ao ser humano na medida em que o
teatro tem sua origem em rituais como danças tribais, ritos religiosos ou cerimônias públicas ou ainda na tendência humana, particularmente infantil, de experimentar o mundo por meio do logo lúdico. Aristóteles (1993, p.27; 1448b 5-9) adverte na Poética que a imitação — que não deixa de ser uma forma de teatralidade, de percepção da vida social como representação e aprendizado— é natural ao ser humano e fonte de prazer.
Sábato Magaldi (1989) propõe uma visão geral interessante do fenômeno teatral.
A palavra teatro abrange ao menos duas acepções fundamentais o imóvel em que se
realizam espetáculos e uma arte específica, transmitida ao público por intermédio do ator.
No teatro, público e ator estão um em face do outro durante o desenrolar do espetáculo.
Conforme afirma Sábato Magaldi:
No teatro dramático ou declamado, objeto deste ensaio (há os gêneros da comédia musical e da revista, por exemplo), são essenciais três elementos: o ator, o texto e o público. O fenômeno teatral não se processa, sem a conjunção dessa tríade. É preciso que um ator interprete um texto para o público, ou, se quiser alterar a ordem, em função da raiz etimológica, o teatro existe quando o público vê e ouve o ator interpretar o texto. (MAGALDI, 1989, p.8).
Observemos que o autor promove os três elementos como essenciais o ator, o texto
e o público sem sobreposição. Segundo ele, além da presença física do ator, é
necessário também o cenário, este se vale de dois elementos procedentes de duas
outras artes: a arquitetura e a pintura. A música, se bem aproveitada, não se reduz ao
papel de acompanhamento, mas pode integrar-se na expressão dramática. A
coordenação de elementos dispersos, tomados de diferentes artes, legitimou no teatro, a
figura do encenador. A ele incumbe por em cena uma peça, isto é, realizar o espetáculo e
construir a harmonia artística do espetáculo. Assim como o dramaturgo é o autor do texto,
o encenador é o autor do espetáculo. Desta forma afirma-se que, o teatro é uma síntese
de elementos artísticos e não de artes. Essa síntese de elementos artísticos faz o
espetáculo. Espetáculo teatral e o teatro podem ser considerados sinônimos, e se
confundem com expressão artística específica.
Conforme Magaldi (1989, p.15). O texto é a parte essencial do drama. “Ele é para
o drama o que o caroço é para o fruto, o centro sólido em torno do qual vem ordenarem-
se os outros elementos”. Considera-se o ator um instrumentista que usa como
instrumento o próprio corpo, voz, expressão, autoridade cênica-tudo ele conjuga, para
alimentar o público. Uma vocação inata para o palco lhe é indispensável, sob pena de
não convencer a respeito do que transmite. Logo, é pela natureza e pelo comportamento
do público que se conseguiria traçar o perfil de um teatro. Com o apoio do público,
florescem certos espetáculos e mesmo todo um teatro.
O teatro uma criação coletiva. No processo normal do espetáculo, o ator encarna ou mostra uma personagem, escrita por um dramaturgo, sob as ordens do encenador. Ele não passaria, assim, de um mediador entre o texto e o público. Em contra partida no teatro de criação coletiva o ator não é porta-voz do dramaturgo, por meio da personagem que interpreta, mas o indivíduo que representa a si mesmo, que se oferece em espetáculo. O ator engloba tarefas do de dramaturgo e encenador. (MAGALDI, 1989, p.109-10).
Sendo assim, no processo de criação coletiva, tem outro fundamento: a identidade
de propósito num certo núcleo de artistas. Quando se organiza um elenco, é melhor que
seus integrantes tenham formação em comum, sintam afinidades em relação a problemas
de qualquer natureza e desejem exprimir sua visão própria da arte e da vida. Agrupados
nos ponto de vista estético e ideológico. A presença do ator engloba as tarefas do
dramaturgo e do encenador. Não se supre o texto sem a encenação, mas o ator,
escrevendo e dirigindo,totaliza em sua pessoa os elementos distintos do espetáculo.
5 ARIANO SUASSUNA:O ÉPICO E O DRAMÁTICO
Santiago (2007) salienta que o dramaturgo é um referencial Universal e a Literatura
Nordestina vista como uma literatura coletiva de raízes erudita popular que surge
naturalmente por amor e identificação dotada de grande poder de comunicação por
responder aos anseios do povo Brasileiro, e com um estilo próprio. Nesse sentido os
espetáculos populares do Nordeste formam um teatro vivo e vigoroso.
Segundo (SANTIAGO, 2007) “seria melhor que se publicassem os ‘‘entremezes populares” do autor. Esses entremezes, peças curtas e escritas com fundamento no romanceiro e nos espetáculos populares do Nordeste, são, quase sempre, pontos de partida para a criação daquelas peças maiores, de modo que se constituem bom material para o estudo de seu trabalho de escritor. (SANTIAGO, 2007, p.31).
Nesta perspectiva, procedeu-se o recorte feito para a parte teatral O rico avarento um dos
pontos de partida, para Farsa da boa preguiça.
Santiago afirma que: Desde 1958, Ariano Suassuna vem escrevendo uma trilogia, cujo primeiro volume é o Romance d’A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta,publicado pela Editora José Olympio,em 1971,e reeditado em 2004.Os contos que seguem são dos capítulos da segunda parte da citada trilogia,sob o título geral de O Rei degolado.(SANTIAGO,2007,p.189).
Levando-se em conta as considerações tecidas até aqui, ressalta-se relevância do
recorte em um dos contos de Ariano Suassuna intitulado, O casamento e da peça O rico
avarento. Para que o professor possa conciliar a relação teoria e a prática em seu
cotidiano. E, cabe ao professor ser o mediador do processo ensino-aprendigagem,
promover os horizontes de expectativa do novo leitor bem como é necessário que o
professor conceba a linguagem de forma dialógica, polifônica e a dimensão dos gêneros
do discurso.
Para Bakhtin (1992), os tipos relativamente estáveis de enunciados são
denominados gêneros do discurso. A definição de Gênero em Bakhtin compreende a
mobilidade, a dinâmica, a fluidez, a imprecisão da linguagem não aprisiona os textos em
determinadas propriedades formais:
O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma das esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, para a seleção operada nos recursos da língua - recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais, mas também, e sobretudo, por sua construção composicional. Estes três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem indissoluvelmente no todo do enunciado e todos eles são marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer enunciado considerado isoladamente, é, claro, individual, mas cada esfera da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso (BAKHTIN, 1992, p.279).
Bakhtin (1992) nos remete ao fato “todos os campos da atividade humana estão ligados
ao uso da linguagem” (BAKHTIN, 1992, p.261). Um exemplo dessa necessidade é o
surgimento dos gêneros do discurso eletrônicos (e-mail: chat, lista de discussão;
videoconferência interativa, fórum de discussão; blog), que são criados e transformados
pela cultura tecnológica na qual estamos inseridos.
O trânsito do aluno a diferentes esferas de comunicação aprimora sua competência
e lhe possibilita uma inserção social mais produtiva no sentido de fazer leituras do mundo
e inferir na sociedade a qual está inserido. Tendo em vista a concepção de linguagem
como discurso que se efetiva as diferentes práticas sociais. Formar esse leitor agente
ativo de sua comunicação, e que atende a essas exigências do mundo contemporâneo é
uma das maiores preocupações do professor de literatura na escola. Desta forma faz-se
necessário a abordagem teórica- metodológica quanto ao método a ser utilizado.
6 O MÉTODO DA ESTÉTICA DA RECPÇÃO E O PROCESSO DE E NSINO
Partindo dos pressupostos teóricos apresentados na Estética da Recepção, que
coloca o leitor e a leitura como elemento privilegiado no estudo literário. Bem como, a
Teoria do Efeito, que atribui ao leitor esse papel, uma vez que, este é visto como um
sujeito ativo no processo de leitura, tendo voz em seu contexto. As professoras Maria da
Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar elaboraram o Método Recepcional,o qual é
sugerido como encaminhamento metodológico para o trabalho com a literatura nas
Diretrizes. Além disso, esse método proporciona momentos de debates, reflexões sobre a
obra lida, possibilitando ao aluno a ampliação dos seus horizontes de expectativas.
De acordo com essa proposta de trabalho, Bordini e Aguiar (1993), tem como
objetivos: efetuar leituras compreensivas e críticas; ser receptivo a novos textos e a leitura
de outrem; questionar as leituras efetuadas em relação ao seu próprio horizonte cultural;
transformar os próprios horizontes de expectativas, bem como os do professor, da escola,
da comunidade familiar e social. Alcançar esses objetivos é essencial para o sucesso das
atividades. Esse trabalho divide-se em cinco etapas e cabe ao professor delimitar o tempo
de aplicação de cada uma delas, de acordo com o seu plano de trabalho docente e com a
sua turma.
A primeira etapa é o momento de determinação do horizonte de expectativa do
aluno/leitor. O professor precisa tomar conhecimento da realidade sócio-cultural do
educando, observando o dia-a-dia da sala de aula. Informalmente, podem-se analisar os
interesses e o nível de leitura, a partir de discussões de textos, visitas à biblioteca,
exposições de livros, etc.
Na segunda, ocorre o atendimento ao horizonte de expectativas, o professor
apresenta textos que sejam próximos ao conhecimento de mundo e ás experiências de
leitura dos alunos. Para isso, é fundamental que sejam selecionado as obras que tenham
um senso estético aguçado, levando o aluno a perceber que a diversidade de leituras
pode suscitar a busca de autores consagrados da literatura, de obras clássicas. O
professor não ficará preso à linha do tempo e da historiografia, mas fará a análise
contextualizada da obra, no momento de sua produção e no momento de sua recepção
(historicidade). Utilizará, no caso do Ensino Médio, correntes da crítica literárias mais
apropriadas para o trato com a literatura, tais como apresenta textos que sejam próximos
ao conhecimento de mundo e às experiências de leitura dos alunos. Para isso, são
fundamentais que sejam selecionadas obras que tenham um senso estético aguçado,
percebendo que a diversidade de leituras pode suscitar a busca de autores consagrados
da literatura, dentre eles destaco as obras clássicas de Ariano Suassuna.
Em seguida, acontece a ruptura do horizonte de expectativas. É o momento de
mostrar ao leitor que nem sempre determinada leitura é o que ele espera, suas certezas
podem ser abaladas. Para que haja o rompimento, é importante o professor trabalhar
com obras que, partindo das experiências de leitura dos alunos, aprofundem seus
conhecimentos, fazendo com que eles se distanciem do senso comum em que se
encontravam e tenha seu horizonte de expectativa ampliado, consequentemente, o
entendimento do evento estético. Neste momento, o leitor tenta encaixar o texto literário
dentro de seu horizonte de valores, porém, a obra pode “confirmar ou perturbar esse
horizonte, em termos das expectativas do leitor, que o percebe, o julga por tudo que já
conhece e aceita” (BORDINI e AGUIAR, 1993, p. 87).
Após essa ruptura, o sujeito é direcionado a um questionamento do horizonte. A
quinta e última etapa do método recepcional é a ampliação do horizonte de expectativas.
As leituras oferecidas ao aluno e o trabalho efetuado a partir delas possibilitam uma
reflexão e uma tomada de consciência das mudanças e das aquisições, levando-o a uma
ampliação de seus conhecimentos.
Assim, o docente deve partir da recepção dos alunos para, depois de ouvi-los,
aprofundar a leitura e ampliar os horizontes de expectativas dos alunos. O primeiro olhar
para o texto literário, tanto para alunos de Ensino Fundamental como do Ensino Médio,
deve ser de sensibilidade, de identificação. O professor pode estimular o aluno a projetar-
se na narrativa e identificar-se com algum personagem. Numa apresentação em sala de
aula o educando revela-se e, “provocado” pelo docente, justifica sua associação
defendendo seu personagem.
O professor, então, solicita aos alunos que digam o que entenderam da história
lida. Esta fase é importante para que o aluno se perceba como co-autor de estudos
filosóficos e sociológicos, a análise do discurso, os estudos culturais, entre tantos outros
que pode enriquecer o entendimento da obra literária. Pensadas desta maneira, embora
tenham um curso planejado pelo professor, às aulas de Literatura estarão sujeitas a
ajustes atendendo às necessidades e contribuições dos alunos, de modo a incorporar
suas idéias e as relações discursivas por eles estabelecidas num contínuo texto-puxa-
texto.
Desta forma, o trabalho com a literatura de Ariano Suassuna, potencializa uma
prática diferenciada com o Conteúdo Estruturante de Língua Portuguesa (o discurso
como prática social) e constitui forte influxo capaz de aprimorar a leitura literária e
promover a formação do leitor ativo responsivo.
7 ESTUDO DE CASO CONSIDERAÇÕES GERAIS
Despertar leitura literária por meio da “Arte da idéia do Belo” e da poética.
Trabalhar o artista quer se trate das regras do teatro ou do conto, fazendo surgir uma
“ciência da arte” apresentar métodos e de organizar, de certa forma um terreno que seduz
o aluno para a aprendizagem. Conforme afirma Luiz Costa Lima:
A necessidade de contemplar e de responder pelo simétrio ou pelo semelhante, a mobilizar um compasso vago ou um espaço nu, de compreender uma lacuna, uma expectativa ou de esconder o presente fastidioso por meio de imagens favoráveis, são as múltiplas manifestações de poder que, desdobrado pelas transformações que o intelecto sabe efetuar, armado de uma variedade de procedimentos e meios tomados de empréstimos à experiência da ação prática, pôde elevar-se a grandes obras de alguns indivíduos que conseguem atingir, vez por outra, o mais alto grau de necessidade que a natureza humana pode obter da posse de seu arbitrário, como que respondendo á própria variedade e indeterminação de todo o possível que está em nós. (LIMA, 2002, p. 34).
Nessa perspectiva nosso trabalho alinha-se a uma visão baktiniana, que permite
propiciar ao aluno um processo de ensino-aprendizagem dinâmico e processual,
conceituando o gênero épico e o dramático em sua dimensão sócio-histórica, partindo-se
de questões enunciativas-discursivas e sua transposição para um novo enunciado
discursivo e reenunciação.
Por essa razão, o estudo científico, leva-nos a uma reflexão. O texto literário como
objeto de ensino de Língua Portuguesa só atinge uma experiência estética, quando o
leitor, com sua presença ativa, completa o vazio interno constituído pela própria obra
literária que é temporariamente motivada à suplementação de sentido.
Isto, não significa dizer, que o leitor leia e de sentido a sua leitura da maneira que deseja.
E sim que, o autor oportuniza ao leitor as inferências e o reconduza ao efeito sentido da
obra literária.
Mas, nem sempre em uma primeira leitura o processo do ato de ler se concretiza,
necessitamos de uma segunda leitura. “Isto é confirmado pela experiência, que fazemos
ao lermos duas vezes o mesmo texto”. (ISER, 1999, p. 78).
Formar este leitor que lê além de uma visão fragmentada e da perspectiva
histórica, sociológica, documental, da obra literária sempre foi o grande desafio da escola
pública. Sabe-se que a maioria dos discentes, atualmente, não faz esta leitura da obra
literária como experiência estética ou ciência poética.
Perante este foco ou novo olhar da obra literária em sua totalidade surge a
questão: Como trabalhar a transposição didática com o Gênero Literário Épico e o
Dramático em Ariano Suassuna com o aluno do 3º ano do Ensino Médio Noturno do
Colégio Estadual do Parque Itaipu, em Maringá-PR?
Para responder a essa indagação foi criado um material didático intitulado’’O
Gênero Literário Épico e o Dramático: Uma Perspectiva no Método Recepcional’’.
Na unidade didática, apresentamos algumas atividades para o trabalho com os
dois gêneros paralelos. O conto intitulado “O casamento” e a peça “O rico avarento” de
Ariano Suassuna. Este material foi disponibilizado durante o período do GTR para
socialização com os professores da rede.
Nosso objetivo no momento de produção foi explorar o uso de estratégias de
leitura, escrita e oralidade para melhor auxiliar o professor no momento de sua
implementação na escola. O desenvolvimento das atividades pautou-se no método da
estética da recepção, visto primar pela tríade autor/obra/leitor. Sendo o leitor considerado
o centro, o sujeito principal, nessa interação dialógica, porque ao leitor compete
preencher os vazios, as lacunas, no ato da leitura, constituída pela própria obra literária.
Propusemo-nos a produzir um material que auxiliasse no momento de
implementação na escola e que primasse por novos caminhos, especialmente para a
questão metodológica do ensino do gênero literário épico e o dramático, que é hoje um
dos objetos de discussão da escola pública e também representa nos últimos anos, um
papel importante nas manifestações da literatura contemporânea. E, tivemos um cuidado
especial, para que, o material pudesse ser utilizado em outro contexto escolar.
Produzindo assim, uma fonte de pesquisa que poderá ser reenunciada em outro
contexto com a mesma obra e autor ou com a possibilidade de substituição da obra e do
autor de acordo com a necessidade do educador ou em função do contexto escolar
específico. Um material que permitisse uma diversidade maior quanto a seu propósito de
utilização educacional.
Promover uma educação de qualidade tem sido uma das grandes preocupações
da escola pública brasileira. Oferecer uma formação para o enfrentamento à sua
transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo, é uma busca
constante do sistema educacional brasileiro. Além de, visar uma formação humanista e
tecnológica, pertinente, ao mundo contemporâneo.
Deste modo, entende-se a escola como um espaço de diálogo entre
conhecimentos sistematizados e os conhecimentos populares. Essa é a complexidade do
conhecimento. Só que não basta apenas essa simplista colocação. Constatamos, por
meio de, nossos estudos literários que, o conhecimento vai além dessa perspectiva.
No decorrer do processo de implementação ficaram comprovadas questões como:
humanização, trabalho colaborativo, ética, dimensões socias e políticas. E foi constatado
que, leitura da obra literária, por meio da estética da poética, certamente amplia o
horizonte de expectativa do leitor formando um leitor literário ativo responsivo. Tais
aspectos serão abordados mais especificamente posteriormente.
Ao dar inicio ao processo de impelementação do projeto na escola os alunos foram
indagados sobre o gênero teatro e o gênero conto e constatou-se que apesar de estarem
no 3º ano do Ensino Médio não estava claro a concepção dos gêneros em discussão.
Foi promovida uma discussão dos termos técnicos do teatro como drama
dramaturgia, dramaturgo e uma discussão sobre a função dos elementos composicionais
do conto e sua função na produção escrita. Em especial destacamos a função do
narrador no conto e o não uso desse elemento composicional no teatro. E assim foi
explanado aos alunos que o ato de leitura do texto dramático ou épico requer um
conhecimento prévio. Mostrando-lhes que o ato da leitura do texto dramático é
semelhante a outros gêneros literários, com algumas nuanças. A ausência do narrador
implica em um envolvimento mais direto do receptor com o texto, cabendo a ele (leitor)
criar mentalmente as personagens imaginar cenário, perceber intenções e sentimentos
escusos.
A primeira leitura da peça e do conto fornece alguns elementos que são
responsáveis por criar no leitor expectativas no leitor ou até mesmo frustrá-lo. E também
fornecer informações básicas sobre personagens, localização temporal e a espacial.
Geralmente a primeira leitura de uma obra corresponde à apreensão do enredo;
para compreender a intriga, faz-se necessário empreender uma nova leitura, a fim de,
além de delimitar claramente a ação, perceber o (os) conflito(s) e detectar a ideologia que
perpassa o diálogo entre as personagens, e é de grande importância destacar signos que
colaboram para a construção de sentido do texto.
Todo o trabalho precede uma leitura do todo e não do fragmento, neste sentido
justifica-se a escolha dos textos que fizemos, portanto após esses passos o aluno poderá
ser condicionado a escrita e a reenunciação em um novo enunciado discursivo. Logo
após, o texto deverá passar pelo processo de rescrita, refacção ou restruturação.
Levam-se em consideração com os alunos vários pontos específicos sobre um
espetáculo teatral como: a relação texto/espetáculo é a perenidade de um versus a
efemeridade do outro. Um espetáculo teatral é sempre único; a cada apresentação, os
atores repetem gestos e palavras, mas experimentando-os sempre de um modo novo.
O ponto relevante é a relação com o público nunca se repete, deve ser dinâmica,
inclui a presença de espírito dos atores diante de alguns incidentes que podem acontecer
no momento da encenação tais como: (falha nos equipamentos, intervenção inesperado
dos espectadores...).
O espetáculo cênico se realiza sempre em um presente irreprodutível. Diferente,
do texto dramático, que ao fim do espetáculo teatral permanece como um fenômeno para
ser estudado, analisado, reinterpretado, reencenado. Um texto dramático permite infinitas
montagens cênicas. Ele é pensado para representação e possibilidades técnicas de
futuras encenações da peça.Opta-se por uma concentração espacial e temporal que
facilita o desenvolver da ação e a representação cênica do texto.
Portanto, a montagem de um texto dramático configura-se uma nova enunciação
do texto, um novo modo de dar-lhe outra existência.
Tecidas todas essas considerações, com os alunos, utilizamos o método da
estética da recepção para executar a proposta na escola. Retomo a importância do
método recepcional para o trabalho com a Literatura. Atualmente, uma das alternativas
metodológicas que visa a formação do leitor.
A obra literária pode ser entendida como uma tomada de consciência do mundo concreto que se caracteriza pelo sentido humano dado a esse mundo pelo autor. Assim, não é um mero reflexo da mente, que se traduz em palavras, mas o resultado de uma interação ao mesmo tempo receptiva e criador. Essa interação se processa através da mediação verbal, escrita ou falada. O texto produzido, graças a essa natureza, permite o estabelecimento de trocas comunicativas dos grupos sociais, pondo em circulação esse sentido humano. (BORDINI & AGUIAR, p.14)
Segundo, Bordini e Aguiar o trabalho com a literatura é o resultado de uma
interação que se processa por meio da mediação verbal, escrita ou falada.
Na constituição do sujeito-leitor há uma dinâmica específica entre:
Os aspectos textuais implicam portanto não só um horizonte de sentido, mas ao mesmo tempo o ponto de vista do leitor a ser ocupado pelo leitor real para que o horizonte de sentido desenvolvido possa agir sobre o sujeito. A constituição de sentido e a do sujeito-leitor são duas operações entrelaçadas nos aspectos textuais. (ISER, 1999, p.83).
De acordo com Bordini e Aguiar (1993), podemos dividir o trabalho em cinco
etapas: e cabe ao professor delimitar o tempo de aplicação de cada uma delas, de acordo
com o seu plano de trabalho docente e com a sua turma.
1ª Etapa: Determinação do horizonte de expectativa do leitor;
2ª Etapa: Atendimento do horizonte de expectativa;
3ª Etapa: Ruptura do horizonte de expectativa;
4ª Etapa: Questionamento do horizonte;
5ª Etapa: Ampliação do horizonte de expectativa.
Nesta perspectiva vale mencionar que a constituição do sujeito-leitor
responsivo requer mais do que ler e dar sentido ao texto lido. Implica na atitude do leitor
ampliando seu horizonte de expectativa agindo sobre o que leu e modificando sua ação a
partir do texto. Tendo bem claro os seguintes objetivos:
- Aprofundar, por meio da leitura de textos literários ou não literários, a capacidade de
pensamento crítico e a sensibilidade estética, permitindo a expansão lúdica da oralidade,
da leitura e da escrita;
-Promover o texto teatral como arte produzida coletivamente e de forma
colaborativa, adequar a linguagem ao contexto de uso (e ao novo enunciado discursivo),
ser um sujeito responsivo do processo de modo a perceber a importância do Gênero
Literário Dramático na Escola.
7.1 APLICAÇÕES EM ETAPAS:
A primeira etapa correspondeu ao momento de determinação do horizonte de
expectativa do aluno/leitor. O professor necessita conhecer realidade sócio-cultural dos
educando. Informalmente, analisa-se o interesse e o nível de leitura, a partir de
discussões de textos, visitas à biblioteca, exposições de livros, etc. O procedimento é no
momento um diagnóstico prévio do conhecimento do aluno e do grupo, ou seja, o ponto
de partida para o conteúdo. Realiza uma conversa informal e questionamento oral para
investigar se os alunos leram algum texto do gênero épico ou dramático. O que eles
entendem por esses gêneros, semelhanças e diferenças. Uma proposta de aproximação
do vocabulário do gênero teatral se dará, por meio, de pesquisa no dicionário de algumas
palavras como: drama, dramaturgo, rubrica etc... Todo o resultado do processo deve ser
encaminhado ao professor por um relator do grupo.
Objetivo: utilizar os conhecimentos prévios dos alunos para em seguida dar
seguimento ao trabalho introduzindo os gêneros a serem estudados.
De posse dos resultados da diagnose de continuidade as atividades a serem
desenvolvidas.
Na segunda, ocorre o atendimento ao horizonte de expectativas, neste momento é
importante que o professor trabalhe com seus alunos as estruturas de apelo
demonstrando a eles que não é qualquer interpretação que cabe à literatura, mas
aquelas que o texto permite. As marcas linguísticas devem ser consideradas na leitura
literária; elas também asseguram que as estruturas de apelo sejam respeitadas. Agindo
assim, o professor estará oportunizando ao aluno a ampliação do horizonte de
expectativa de mundo e às experiências de leitura dos alunos. Levando em consideração
a teoria da segunda etapa a nossa proposta aqui é: proporcionar à classe textos literários
que os satisfaçam e sejam de seu agrado como espetáculo teatral de humor. Sugerimos
aqui que o professor utilize como atividade complementar vídeos disponíveis na internet
que apresentem encenações das obras que iram ser trabalhadas em sala exatamente
com o objetivo de aproximação entre leitor e obra.
Outra atividade diferenciada proposta nesta etapa é o uso do laboratório de
informática, a fim de pesquisar as características de alguns elementos composicionais
dos referidos gêneros como: narrador, personagem, enredo, conflito etc...
Em seguida, acontece a terceira etapa do método a ruptura do horizonte de
expectativas. É o momento de mostrar ao leitor que nem sempre determinada leitura é o
que ele espera, suas certezas podem ser abaladas. Para que haja o rompimento, é
importante o professor trabalhar com obras que partam das experiências de leitura dos
alunos, a fim de aprofundar seus conhecimentos, propiciar-lhes o distanciamento do
senso comum e a ampliação do seu horizonte de expectativa. Neste momento, o leitor
tenta encaixar o texto literário dentro de seu horizonte de valores, porém, a obra pode
“confirmar ou perturbar esse horizonte, em termos das expectativas do leitor, que o
percebe, o julga por tudo que já conhece e aceita” (BORDINI e AGUIAR, 1993, p. 87).
Feitas essas considerações em relação a terceira etapa do método, definimos que,
neste momento, o aluno realizará uma série de atividades com os conteúdos básicos de
Língua Portuguesa leitura, escrita e oralidade,sendo a oralidade o ponto culminante de
nossa proposta a apresentação teatral dos textos lidos de Ariano Suassuna ( O
casamento ) e o ( O rico avarento). Ressaltamos que todas as atividades desenvolvidas
nesta etapa serão em grupo e de forma coletiva colaborativa durante todo o processo da
terceira etapa do método. Após essa ruptura, o aluno é direcionado a um questionamento
do horizonte.
Nesta etapa do Método o questionamento do horizonte o professor orienta o
aluno/leitor a um questionamento e a uma autoavaliação a partir de textos oferecidos.
O aluno deverá refletir se os textos oferecidos na etapa anterior (ruptura)
trouxeram-lhe mais dificuldades de leitura, porém, garantiram-lhe mais conhecimento, o
que o ajudou a ampliar seus horizontes. Nesta atividade de reflexão e relato do processo
anterior é necessário comparar, analisar as dificuldades, os avanços obtidos no decorrer
do processo ensino-aprendizagem. Em seguida o relator do grupo encaminha ao
professor a conclusão.
A quinta e última etapa do método recepcional é a ampliação do horizonte de
expectativas. As leituras oferecidas ao aluno e o trabalho efetuado a partir delas
possibilitaram uma reflexão e uma tomada de consciência das mudanças e das
aquisições, levando-o a uma ampliação de seus conhecimentos. Neste momento é
importante uma reflexão sobre o que acontece com o leitor após a fruição da obra
literária.
Neste sentido propomos atividades fundamentadas em respostas a questões
argumentativas de forma individual para analisar o individuo após o processo de fruição
da obra literária e sua consciência crítica frente a ideologias crenças e valores sociais e
culturais e seu novo parâmetro social, frente ao mundo real.
Juntamente a essa abordagem reinteramos a importância do aluno aprofundar
suas leituras das obras de Ariano Suassuna. Acreditamos que tal sugestão estabeleça
um contínuo texto-puxa-texto. É relevante sugerir leituras na prosa como: A Farsa da boa
preguiça, Torturas de um coração, O Santo e a porca, Auto da compadecida. E na poesia
leituras como: Soneto a meus antepassados, Infância, A onça e outros...
Pensadas desta maneira, embora tenham um curso planejado pelo professor, as
aulas de Literatura estarão sujeitas a ajustes atendendo às necessidades e contribuições
dos alunos da turma, de modo a incorporar suas idéias e as relações discursivas por eles
estabelecidas a busca da interação dialógica e polifônica para o efetivo procedimento da
transposição didática em um novo enunciado discursivo e a formação de um leitor ativo
responsivo.
Para Garcia (2006), a Literatura resulta o que precisa ser redefinido na escola: a
Literatura no ensino pode ser somente um corpo expansivo, não-orgânico, aberto aos
acontecimentos a que os processos de leitura não cessam de forçá-la. Se não for assim,
o que há é o fechamento do campo da leitura pela via do enquadramento do texto lido a
meros esquemas classificatórios, de natureza estrutural (gramática dos gêneros) ou
temporal (estilos de época).
8 CONCLUSÃO
Observou-se durante a implementação do projeto na escola que, ao se dividir a
turma para o trabalho em grupo, havia alguns problemas de relacionamento entre vários
alunos. Assim surgiu um problema de ordem humana. Antes não previsto, para ser
enfrentado durante o processo de implementação. E, por meio do trabalho colaborativo
entre os grupos para a realização do espetáculo teatral este problema foi diluído, porque o
objeto de estudo tornou-se foco principal, unindo a todos com o mesmo fim: a encenação.
A integração para que tudo no espetáculo teatral se realizasse com eficácia transformou a
ação dos sujeitos envolvidos (os alunos).
Foi impressionante a superação do relacionamento humano, a fim de reenunciar o
texto dramático, que, por sua vez, pressupõe vários elementos tais como: música,
cenografia, coreografia, figurino, iluminação, sonoplastia, dentre outros. A encenação
alicerça-se sobre o trabalho do ator, que conta com a colaboração de todos envolvidos no
espetáculo. Fica, assim, comprovado que a própria estrutura do texto dramático obedece
a uma dinâmica específica, exigindo do leitor atenção para com a fluidez dos diálogos,
para com a ação e para com o conflito dramático, o que é imprescindível para a
compreensão da sua substância.
Outro aspecto a ser mencionado é o trabalho colaborativo, uma vez que, quando
da organização dos quatro grupos para dar continuidade ao trabalho após o momento
inicial, percebeu-se a dificuldade humana de relacionamento e se trabalhou com a ética e
o respeito para com a fala e o pensamento do Outro.
Após esse enfrentamento, passamos para outro desafio: formar apenas dois
grupos, em função da necessidade de mais integrantes para dar conta de todo o processo
da encenação teatral (o qual já foi explicitado anteriormente pelo texto). Por meio do
diálogo, saímos de nossa zona de conforto inicial para reconstruir novas formas de
relacionamento entre todos, chegando a um novo olhar sobre o mesmo foco de
aprendizagem. O estudo do texto dramático resultou no diálogo e contribuiu para a
dinâmica da ação do drama.
Cumpre lembrar que a questão ética é um aspecto relevante e levou-nos a um
diálogo autêntico, uma vez que, partindo da reflexão ética e moral quanto à forma de agir
dos personagens, chegamos a uma reflexão outra capaz de abarcar a situação discursiva
do relacionamento humano no cotidiano escolar. Constatou-se, por fim, que essa
dinâmica na integração verbal amplificou a dramaticidade e fortificou o caráter e a força
do grupo. Em suma, por meio dos gêneros literários, abordamos questões sociais e
políticas que nasceram de reflexões feitas através da leitura dos respectivos gêneros para
uma melhor compreensão e interpretação crítica do tema, tendo em vista que tanto a
peça quanto o conto organizam-se já no esboço inicial, mas só são plenamente revelados
e compreendidos em sua totalidade orgânica no final.
Todas as questões levantadas até aqui leva-nos a repensar o que é formar leitor
ativo responsivo. Levando-se em conta o teatro como fenômeno social e cultural
complexo, podemos inferir que o leitor contemporâneo esteja mais habituado a textos
narrativos (romances, novelas ou contos, por exemplo) que a textos dramáticos, que
terminam por ser marcado por certo estranhamento. Em contrapartida, a leitura do texto
dramático, pensando na dimensão do espetáculo, tende a ser mais dinâmica. Resgatar o
contexto de produção de espetáculo teatral requer que o leitor detecte a ideologia que
perpassa o drama, por exemplo. Consideramos, afinal, que para a leitura do texto
dramático alguns signos tornaram-se determinantes para a sua organização e do sentido
da peça. A conclusão disso decorrente é a de que a leitura da literatura dramática exige
que o leitor leve em consideração a estrutura do texto, as indicações cênicas como
complementares ao diálogo; o conflito e desdobramentos da ação; as implicações
ideológicas; o signo teatral como elemento fundamental para a construção do discurso.
Portanto, trata-se de um processo que deixa clara e evidente a teatralidade do
texto, elemento que é fundamental à natureza da literatura dramática. Bem como o efeito
que a leitura literária tem na vida prática de seus receptores. Uma literatura não pensada
somente a partir de seus efeitos poéticos e estéticos, mas também a partir dos efeitos
éticos, sociais e psicológicos que ela possa suscitar.
Assim, ressaltamos que a importância da literatura popular para o Brasil está no
fato de que ela constitui uma espécie de ‘’tradição viva’’, peculiar, fecunda, instauradora
de caminhos e fonte para uma literatura erudita realmente nossa. O artigo deixa bem claro
os princípios que norteiam Ariano Suassuna em sua criação artística e sua concepção de
arte, e que dão peso ao seu projeto estético. Condição excelente ainda traduzida pela
sinceridade do dramaturgo que, em lugar de esconder suas fontes (“material bruto” como
nos diz), deixa a descoberto os andaimes que serviram para construir as peças
(SANTIAGO, 2007, p. 283-4). Talvez com o desejo de incitar os jovens a seguirem este
mesmo caminho que lhe parece o mais válido para a atual conjuntura brasileira.
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