da escola pÚblica paranaense 2009§ões da linguagem …..... conotação e denotação........

54
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

Upload: lamtu

Post on 10-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

Page 2: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

LÍNGUA PORTUGUESA : conteúdos elementares para a boa

comunicação

Por: Professora Ma. Laís Cordeiro

Page 3: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Sumário

Introdução.........................................................................................................................03

Capítulo 01Objetivos e processos da comunicação........................................................................

A Língua Portuguesa.......................................................................................................

A língua e suas variações...............................................................................................

Elementos da Comunicação ...........................................................................................

Funções da Linguagem …...............................................................................................

Conotação e Denotação...................................................................................................

Capítulo 02Barreiras à comunicação I..............................................................................................

O acordo ortográfico......................................................................................................

Os porquês do acordo ortográfico...............................................................................

As mudanças ortográficas: o alfabeto...................................................................................

acentuação..............................................................................

uso do hífen...........................................................................

Capítulo 03Barreiras à comunicação II...........................................................................................

Regência verbal – verbos intransitivos..........................................................................

- verbos transitivos..............................................................................

- verbos de ligação ….........................................................................

Regência nominal …........................................................................................................

Crase.................................................................................................................................

Capítulo 04Barreiras à comunicação III............................................................................................

Concordância Verbal......................................................................................................

Concordância Nominal..................................................................................................

Page 4: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Capítulo 05Barreiras à comunicação...............................................................................................

Problemas gerais da língua padrão...............................................................................

Qualidades de um texto..................................................................................................

Defeitos de um texto.......................................................................................................

Capítulo 06Tipologia textual – Narração...........................................................................................

- Elementos da narração...................................................................

- Descrição..........................................................................................

- Elementos da descrição..................................................................

Capítulo 07Tipologia textual - Dissertação......................................................................................

Elementos da dissertação..............................................................

Elaboração da dissertação...............................................................

Page 5: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Introdução

Esta obra visa facilitar o entendimento da variante padrão da língua portuguesa.

Sendo assim, os conteúdos abordados são aqueles que mais causam dúvidas no

momento em são utilizados.

Ainda almejando a facilitação da aprendizagem, você encontra-os divididos em oito

capítulos e contemplados sob quatro enfoques: 1- objetivos e processos da

comunicação; 2- barreiras à comunicação; 3- construção textual; 4- textos

organizacionais.

O primeiro enfoque traz os fundamentos da língua portuguesa para que se

conheçam as raízes de nossa língua. Traz também as variações linguísticas os,

elementos da comunicação, as funções da linguagem e conotação e denotação, visando

a compreensão dos objetivos e processos da comunicação. O enfoque número dois

aborda o acordo ortográfico de 1990 com vistas ao entendimento das mudanças. Além

do acordo, encontram-se ali a regência verbal e nominal e a utilização do acento

indicativo da crase, destacando as diferenças de entendimento caso sejam utilizados

incorretamente. Ainda no enfoque dois, estão as concordâncias verbal e nominal,

almejando a correta equalização entre substantivo e verbo e substantivo e adjetivo. Com

esses estão os problemas gerais de comunicação causados pela inabilidade de uso de

algumas expressões. Já no terceiro, estão as estruturas e elementos das tipologias

textuais básicas que visão a confecção de textos claros e coesos. No quarto, encontram-

se os textos organizacionais que objetivam o conhecimento da função e da estrutura de

cada um deles.

Desta forma, o material propõe-se à abordagem linear de alguns conteúdos da

língua portuguesa. Começando pelos fundamentos, pelas especificidades da variante

formal e, finalmente, pela produção textual.

Page 6: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Capítulo I

OBJETIVOS E PROCESSOS DA COMUNICAÇÃO

Você já reparou que falamos de um jeito e escrevemos de outro? Que dependendo

da situação usamos um determinado vocabulário em detrimento a outro? Que as pessoas

possuem maneiras diferentes de falar? Que os significados das palavras mudam

dependendo do lugar em que são usadas?

Pois bem, essa diversidade recebe o nome de variações linguísticas. Em outras

palavras, dependendo da nossa necessidade, usamos um determinado falar. Também

veremos os elementos da comunicação e as funções da linguagem.

Assim, você terá entendimento sobre o uso da língua em diferentes situações.

Mas, para começarmos a falar sobre Língua Portuguesa, precisamos conhecer um

pouco de sua história.

A LÍNGUA PORTUGUESA

Ouvimos falar muito que a língua portuguesa é difícil. Muitos reclamam de seus

verbos, de seu vários sentidos para uma mesma palavra. O estudantes de Ensino

Fundamental e Médio são os que mais encontram defeitos. Sempre acham um motivo

para não gostar do português. Pois bem, eles tem razão sobre a complexidade da língua,

mas isso não é motivo para desgostá-la, muito pelo contrário, é motivo de orgulho. Pois é

complexa porque é rara, rica e bela. Portanto não devemos nos menosprezarmos

imaginando que não conseguimos aprendê-la, precisamos apreciá-la em toda sua

plenitude.

Para se entender o motivo da complexidade da língua portuguesa, precisamos

voltar um pouco no tempo. Vamos até o Lácio, meados do século IV a.C, região da

Península Itálica, cujo povo romano falava um latim simples, sem riqueza de vocabulário e

sem pretensões formais. Acontece que naquele período o Império Romano chega ao seu

auge de sua expansão, abraçando, além da península já citada, a Lusitânia (região onde

se encontra Portugal), a Mesopotâmia, o norte da África e a Grã-Bretanha.

Page 7: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Os romanos não ampliaram apenas seu domínio físico, levaram também sue modo

de vida, sua cultura (extremamente influenciada pelos gregos) e, como não poderia deixar

de ser, sua língua: o latim.

Contudo, ao mesmo tempo que os romanos impunham sua língua, também

recebiam influências daquelas usadas pelos povos dominados. Assim, o latim enriquecia-

se cada vez mais. Tanto que tornou-se instrumento literários. A consequência disso é que

houve uma acentuada diferenciação entre o latim falado e o escrito. Enquanto este,

chamado de latim clássico, era praticado por uma pequena elite que primava pela

correção gramatical e pela elegância estilística, aquele, o latim vulgar, era utilizado pelos

mais diversos tipos sociais: pastores, soldados, marinheiros entre outros, cuja única

preocupação era fazer da língua um meio de comunicação imediata.

O latim foi sofrendo modificações conforme o uso e a influência dos povos

conquistados. As mudanças sofridas resultaram no aparecimento das línguas românicas

ou neolatinas. Podemos citar como exemplos dessa o francês, o espanhol, o italiano e o

português.

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

No século III a. C., os romanos chegaram à Península Ibérica (onde localizam-se

Portugal e Espanha), contudo a dominação só acontece de fato no ano de 197 a. C. Lá

encontraram vários povos como celtas, iberos, fenícios e gregos. Todos aceitaram o

latim como língua, exceto o povo basco.

Page 8: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

No século V, a Península Ibérica sofreu a invasão dos bárbaros, povos de origem

germânica. Dentre os bárbaros, os visigodos foram os que permaneceram durante dois

séculos e absorveram completamente a língua latina, já irreversivelmente alterada.

As invasões não cessaram, no século VIII, foi a vez dos árabes se apropriarem da

Península. O árabe passou a ser a língua oficial, mas o povo vencido continuou a usar o

latim. Mesmo assim, os árabes introduziram vários vocábulos no falar dos dominados.

Houve a reconquista das terras perdidas para os árabes. O resultado das lutas foi o

surgimento dos reinos Navarra, Aragão, Leão e Castela se estruturaram. Neste contexto,

Dom Henrique recebe a concessão do Condado de Portucalense, cuja unidade linguística

era o galego-português. No século XII, o condado passou a ser independente e recebe o

nome de Portugal. Com o tempo as diferenças entre o galego e o português realçaram-se

e separaram-se por completo, tendo como resultado o nascimento da língua portuguesa.

No século seguinte, surgem as primeiras manifestações literárias, o Trovadorismo,

duzentos anos depois, acontecem as traduções de obras latinas, francesas e espanholas.

Todas em português arcaico. Com Luís Vaz de Camões em sua obra Os Lusíadas, no

século XVI, marcou-se o início do português moderno.

Ainda no século XVI, acontecem os grandes descobrimentos que espalharam a

língua portuguesa pelas ilhas do Atlântico, pela Ásia, pela África e pelo Brasil.

Esses acontecimentos propiciaram uma gama de alterações na língua portuguesa.

Page 9: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Os falares se diversificaram.

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

O contexto influencia no uso da língua. Como vimos na história, a língua

portuguesa recebeu influência das várias culturas que foram colonizadas por Portugal,

também sofreu alterações em função da distância das colônias em relação a Portugal.

Tais relações têm como consequência as variações linguísticas.

Temos um rol bastante extenso de variações, porém abordaremos os tipos que

mais aparecem na oralidade e na escrita.

Variação regional: aparece nos significados das palavras e na pronúncia (sotaque) das

mesmas.

Exemplo: No Brasil, você fica numa fila esperando para ser atendido.

Em Angola, você aguarda numa bicha.

Variação social: aparece nos estratos sociais nas classes profissionais.

Exemplo: a linguagem dos juristas: - Excelentíssimo! Protesto!

as gírias: - Fixe!? (em Angola) Legal? (no Brasil)

Variação de modalidade: é a que explicita as diferenças entre o texto falado e o

escrito.

Exemplo: a fala: - Ele foi robado.

a escrita: - Ele foi roubado.

Variação de formalismo: aparece nos contextos práticos.

Exemplo: coloquial: - Você está estressado?

Formal: - O Senhor está estressado?

Vamos analisar as falas a seguir:

1. No quero falar. (Região Sul de Angola)

2. Num quero falar. (Região Norte de Angola)

Percebam: há variação fonética em todas as falas.

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO.

Em nosso dia-a-dia recebemos inúmeras comunicações. Aliás, neste exato

momento em que você lê este texto, você está participando do ato da comunicação, pois

Page 10: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

recebe, decodifica e interage com as informações.

Você, na comunicação, utiliza sinais organizados emitidos a uma outra (s) pessoa

(s). Desta forma, além da palavra falada e da palavra escrita, os desenhos, os sinais de

trânsito também são exemplos de comunicação.

Perceba que mencionamos um emissor, um receptor e um código, mas esses

elementos apenas não efetivam a comunicação. Além deles, você precisa de uma

mensagem, que, por sua vez, precisa de um canal. Todos os elementos mencionados não

se articulam se não houver o referente (referencial) ou contexto.

Para que você possa visualizar melhor os elementos da comunicação, explicitamos

os conceitos de cada um dos seis a seguir.

Emissor: o que emite a mensagem;

Receptor/ interlocutor: o que recebe a mensagem;

Mensagem: o conjunto de informações transmitidas;

Código: a combinação de signos utilizados na transmissão de uma mensagem;

Canal de Comunicação: por onde a mensagem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista,

cordas vocais, ar...;

Referente: contexto relacionado a emissor e receptor

Observe o quadro a seguir:

referente código

emissor mensagem interlocutor

canal

Veja como funciona na prática:

O emissor, no caso deste material, somos nós; o receptor é você leitor; a

mensagem são os textos que você lê; o código é a língua portuguesa; o canal de

comunicação é o texto escrito e o referente ou contexto é a interação com a leitura que

você está fazendo. Isso significa que se faltasse qualquer um dos elementos da

comunicação não seria possível o seu entendimento sobre o tema em questão.

Page 11: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Após a escolher o tema de sua produção textual e de identificar qual será seu

interlocutor, você precisa definir o objetivo de sua comunicação que pode ser: informar,

demonstrar sentimentos, ou convencer alguém. Consequentemente, a linguagem passa

a exercer funções específicas para cada objetivo, que são as seguintes:

Função Referencial;

Função Conativa;

Função Emotiva;

Função Metalinguística;

Função Fática;

Função Poética;

Obs.: Em um mesmo contexto, duas ou mais funções podem ocorrer simultaneamente:

uma poesia, por exemplo, cujo autor discorra sobre o que ele sente ao escrever poesias

tem as linguagens poética, emotiva e metalinguística ao mesmo tempo.

FUNÇÃO REFERENCIA

Acontece quando o objetivo do emissor é informar. Nesse caso o elemento da

comunicação priorizado é o referente.

Ex.: No jantar, termos salada, carne assada, purê de batatas, arroz e, como sobremesa,

gelatina de morango.

FUNÇÃO CONATIVA

Também chamada de apelativa, ocorre quando o emissor busca o convencimento do

receptor, portanto o elemento da comunicação em evidência é o interlocutor. É comum o

uso do verbo no Imperativo.

Exemplo: "Leve três e pague dois”.

FUNÇÃO EMOTIVA

Page 12: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

O emissor, ao demonstrar, seus sentimentos, suas opiniões ou sensações sobre algum

assunto ou pessoa, usa a função emotiva, também chamada de expressiva.

Ex.: A sua ausência é insuportável!!

FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

Ocorre quando usamos o código para falar dele mesmo.

Ex.: Escrevo porque, ao passar as idéias para o papel, sinto-me realizada...

FUNÇÃO FÁTICA

Acontece quando observar, através da quebra da linearidade, se está sendo entendido

pelo receptor. Aqui temos o canal como elemento da comunicação prioritário. São

perguntas como "não é mesmo?", "você está entendendo?", "cê tá ligado?", "ouviram?",

ou frases como "alô!", "oi".

Ex.: Alô comando! A missão foi cumprida, ok? Devo voltar a terra? Alguém me ouve? Alô!!

FUNÇÃO POÉTICA

Encontramo-la na linguagem das obras literárias, principalmente das poesias, cuja busca

da melhor palavra propicia a singularidade textual, sendo assim, essa função privilegia a

mensagem.

Ex.: Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

Page 13: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

é dor que desatina sem doer.

Luís Vaz de Camões

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do

Observação: como podem perceber, cada elemento da comunicação está relacionado a uma das funções da linguagem.

CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO

Quando a palavra é utilizada com dicionarizado ( com o significado que aparece no

dicionário), dizemos que foi empregada com sentido denotativo. Já quando a utilizamos

fora desse contexto, a usamos conotativamente.

A utilização de um ou outro sentido depende da função da linguagem escolhida.

Veja, se você deseja passar uma informação, não deve usar o sentido conotativo, pois

não alcançará o objetivo de informar porque a conotação dá margem há mais de um

entendimento. Agora, seu o caso é a utilização da função poética, por exemplo, você pode

e deve usar e abusar da conotação, pois só vai enriquecer o seu texto. Só tome cuidado

com o fato de o sentido conotativo diferir de uma cultura para outra, de uma classe social

para outra, de uma época a outra. Por exemplo, as palavras senhora, esposa, mulher

denotam praticamente a mesma coisa, mas têm conteúdos conotativos diversos,

principalmente se pensarmos no prestígio que cada uma delas evoca.

No quadro abaixo, você percebe com clareza as diferenças entre denotação e

conotação.

DENOTAÇÃO CONOTAÇÃOpalavra com significação restrita palavra com significação ampla palavra com sentido comum do dicionário

palavra cujos sentidos extrapolam o sentido

comum palavra usada de modo automatizado palavra usada de modo criativolinguagem comum linguagem rica e expressiva

Vamos deixar a teoria um pouco de lado e vamos ver na prática como funcionam a

conotação e a denotação no exemplo a seguir:

a) O veterinário examinou o cão.

b) Ele teve uma vida de cão.

Page 14: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Veja, a palavra cão aparece nas duas orações com sentidos diferentes. Em a, ela

tem o sentido denotativo, ou seja, animal mamífero quadrúpede canino. Em b, aparece

indicando sofrimento, tristeza, mazela.

Capítulo 02BARREIRAS À COMUNICAÇÃO I

Vimos no capítulo anterior que a existência da comunicação depende de seis

elementos e que cada um desses elementos está ligado a uma função da linguagem. A

ruptura de um dos elementos da comunicação ou o mal uso das funções da linguagem

criam barreiras à comunicação.

Na Língua Portuguesa, encontrávamos uma grande barreira: a ortografia

diferenciada. Neste capítulo, vamos dedicar nosso tempo para analisar, refletir e entender

as mudanças trazidas pelo último acordo ortográfico.

O ACORDO ORTOGRÁFICO

Você sabia que o mundo lusófono ( que fala português), hoje, estrutura-se entre

190 e 230 milhões de pessoas?

Bastante, não é!? Isso faz do nosso português a oitava língua mais falada do

planeta, terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o castelhano.

As aventuras marinhas dos Portugueses espalhou a língua portuguesa pelo

mundo. Hoje, temos oito países lusófonos.

Angola (10,9 milhões de habitantes)

Brasil (185 milhões)

Cabo Verde (415 mil)

Guiné Bissau (1,4 milhão)

Moçambique (18,8 milhões)

Portugal (10,5 milhões)

São Tomé e Príncipe (182 mil)

Timor Leste (800 mil).

Com tantos culturas falando a mesma língua, você deve imaginar as variações

Page 15: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

impelidas ao léxico.

OS PORQUÊS DO ACORDO ORTOGRÁFICOMesmo sendo a língua portuguesa língua oficial em oito Estados soberanos,

apresentava duas ortografias, ambas corretas. A manutenção desta situação trazia

desvantagens, pois a língua tem seu grau de importância internacional diretamente

proporcional a sua unificação.

A existência de dupla grafia limita a dinâmica do idioma e as diferenças criavam

obstáculos, maiores ou menores, em todos os incontáveis possibilidades em que a forma

escrita é utilizada: seja a difusão cultural (literatura, cinema, teatro); a divulgação da

informação (jornais, revistas, mesmo a TV ou a Internet); as relações comerciais

(propostas negociais, textos de contratos) etc., onde o Português escrito é utilizado. Isto,

se considerarmos apenas as relações entre os oito países da CPLP- Comunidade dos

Países de Língua Portuguesa.

No campo das relações internacionais, encontramos quatro grandes línguas

(Inglês, Francês, Português e Espanhol). O Português era a única delas com duas grafias

oficiais. Assim, no plano intracomunitário, a dupla grafia dificulta a partilha de conteúdos,

já no plano internacional, limita a capacidade de afirmação do idioma, provocando, por

exemplo, traduções quer literárias quer técnicas diferentes para Portugal e Brasil.

Sendo assim, o maior porquê da necessidade de um acordo ortográfico está no

fortalecimento da língua, pois, com uma grafia única, as relações entre os países

lusófonos e entre estes e os demais é facilitada. Além disso, ameniza a ideia de que a

Língua Portuguesa é complicada.

AS MUDANÇAS ORTOGRÁFICAS: O ALFABETOO alfabeto da língua portuguesa, antes possuidor de 23 letras, passa a ter 26, com

a inclusão oficial do k, w e y. Tal alteração não traz problemas, visto que nomes como

Karina, Wilson e Yago já eram bastante comuns e, agora, apenas passam a ser oficiais.

Isso não significa que palavras como quilômetro passem a ser escritas com K.

AS MUDANÇAS ORTOGRÁFICAS: ACENTUAÇÃO

A acentuação gráfica tem como finalidade informar a leitura correta das palavras.

Os acentos indicam a sílaba tônica e informam se a pronúncia é aberta ou fechada. Por

Page 16: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

ser de tamanha importância, abordaremos todas as regras de acentuação: as que

permaneceram e as que foram alteradas.

Sendo a língua portuguesa predominantemente paroxítona: caneta, escrevo,

amamos, dizem, jovens, claro, clareza, varia, horas, saia, banana, carinho... temos

milhares de palavras com pronúncia forte (tonicidade) na penúltima sílaba. Existem

também aquelas - em menor número - cujo acento tônico recai naturalmente na última

sílaba: são as palavras terminadas em i, u, r, l, ão, ã, como ali, caju, valor, papel, falarão,

maçã.

Esses dois grupos formam a maioria das palavras da língua portuguesa. Percebam

que neles não há palavras acentuadas graficamente. O acento gráfico, portanto, marca a

exceção.

Se há um aspecto da língua que diz respeito a todas as categorias de escribas é

sem dúvida a acentuação. Ortografia é fundamental, é o complemento de um bom texto.

Acentuar corretamente é importante em qualquer situação. Mesmo nas mensagens

eletrônicas a que se quer atribuir algum valor. Como nem todas as pessoas escrevem em

computador ou dispõem de um bom corretor ortográfico, vamos relembrar, numa série de

artigos esparsos, as regras e a razão dos acentos gráficos em português.

Oxítonas

O sabiá não sabia assobiar.

A pele de Pelé foi ferida.

Maio não é um mês ideal para se usar maiô.

As palavras sabiá, Pelé e maiô foram acentuadas para que pudessem ser lidas com a

tonicidade maior na última sílaba. Sem o acento, nós as leríamos como paroxítonas:

saBIa, PEle, MAio (a penúltima sílaba forte). Em português a maior parte das palavras é

paroxítona, sendo assim, é natural intensificar a penúltima sílaba. Por exemplo, tolo,

mofo, soco não precisam de acento, pois, naturalmente, os lemos como paroxítono,

Page 17: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

jamais leríamos toLO, moFO, soCO.

Oxítonas são as palavras cujo acento tônico recai na última sílaba. 1-Assinalamos aquelas que terminam em a/as, e/es, o/os abertos ou fechados:

sabiá, café, curió, cachê.

2. Marca-se com o acento agudo o e da terminação em ou ens: também

parabéns

Acentuação – formas verbais terminadas em r

Na regra das oxítonas terminadas em a, e, o, incluem- se as formas verbais

seguidas de pronomes: contá-lo, amá-la, dizê-lo, magoá-las, marcá-la-ei, fá-lo-á, fê-los,

movê-las-ia, pô-los, qué-los, dá-nos etc.

Obs.: 1- as formas verbais acima são conseguidas com a eliminação do “R” do final

do verbo e com o acréscimo do “L” ao pronome:

contar + o = contá-lo.

marcar + a + ei = marcá-la-ei

2- isso acontece porque teríamos um problema de cacófato (som ruim) ao

ligarmos o verbo ao pronome, pois teríamos contaro e marcareia.

Acentuação – paroxítona

São paroxítonas as palavras cuja tonicidade recai na penúltima sílaba. Formam a

maioria do léxico português. Só recebem acento gráfico as palavras paroxítonas que não

terminam em a, e, o. As que tiverem terminação diferente disso são acentuadas.

Obs.: 1- a palavra água recebe acento gráfico não porque terminou em “a”, mas

sim porque termina em ditongo.

2- ímã recebe acento gráfico porque termina em som nasal “ã”.

3- teríamos problemas para distinguir as palavras paroxítonas da oxítonas se

não houvesse acentuação gráfica, pois revolver poderia ser tanto uma arma (revólver -

paroxítona) quanto remexer (revolver - oxítona). Um exemplo típico desse problema é a

palavra Nobel (oxítona), a qual frequentemente é pronunciada com a penúltima sílaba

tônica, fato que não pode acontecer, pois, nesse caso, ela levaria acento gráfico.

Page 18: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Acentuação – novas regras.

. Com o novo acordo ortográfico as paroxítonas com ditongos (união de uma vogal

mais uma semivogal) abertos tônicos éi e ói, como idéia e paranóico perdem o acento

agudo e passam a ser grafadas da seguinte forma: IDEIA, PARANOICO.

Além dessas, palavras como crêem, dêem, lêem e vêem também perderam o

acento, assim como as paroxítonas com acento circunflexo no penúltimo o do hiato oo(s)

(vôo, enjôo).

O acento diferencial das palavras homógrafas (com a mesma grafia, mas com

pronúncia diferente) como PARA, PELO, PELO e POLO não existe mais. Agora o

contexto é que dirá qual o significado e a pronúncia da palavra.

Também no bojo das paroxítonas, temos as palavras cujas vogais tônicas “i” e “u”

são precedidas de ditongo decrescente, que não são mais acentuadas. Agora, FEIURA e

BAIUCA são escritas sem acento.

Acentuação – proparoxítonas

As proparoxítonas constituem sensível minoria em português, como pêssego,

lâmpada, fenômeno, límpido, ácido, tíquete, revólveres, déficit, êxito, estereótipo, rubéola,

fac-símile, debênture. Por serem minoria, devemos acentuar todas as palavras cujo

acento tônico (intensidade de pronúncia) recaia sobre a antepenúltima sílaba.

A relevância da acentuação é facilmente percebida na palavra rubrica, cuja

pronúncia frequentemente é equivocada, pois intensificam a antepenúltima sílaba. Caso

fosse isso o correto, teríamos a palavra acentuada.

AS MUDANÇAS ORTOGRÁFICAS: O TREMA

O trema, já suprimido há muito na escrita dos portugueses, desapareceu de vez

também no Brasil. Palavras como "lingüiça" e "tranqüilo" passaram a ser grafadas sem o

sinal gráfico sobre a letra "u" (LINGUIÇA, TRANQUILO). A exceção são nomes

estrangeiros e seus derivados, como "Müller" e "Hübner".

AS MUDANÇAS ORTOGRÁFICAS: USO DO HÍFEM O hífen é um vilão da ortografia da Língua Portuguesa. As dúvidas sempre estão

Page 19: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

presentes quando se trata de uma palavra composta e são mais intensas quando o

assunto está relacionado aos prefixos.

Uso do hífen com prefixos:Prefixo é um morfema1 que pode ser adicionado no início de uma palavra para

gerar outra como: des+ fazer= desfazer.

Observe, no quadro a seguir, as regras para o uso do hífen em palavras formadas

a partir do uso de prefixos.

PREFIXOS USA-SE NÃO SE USAAgro, ante, anti,

arqui, auto, contra,

extra, infra, intra,

macro, mega, micro,

maxi, mini, semi,

sobre, supra, tele,

ultra...

Quando a palavra seguinte inicia com H ou com vogal igual a que finaliza o prefixo: auto-hipnose, auto-

observação, anti-herói, anti-

imperalista, micro-ondas,

Em todos os demais casos: autorretrato, autossustentável,

autoanálise, autocontrole,

antirracista, antissocial, antivírus,

minidicionário, minissaia,

minirreforma, ultrassom

Hiper, inter, super Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: super-homem, inter-regional

Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico

Sub Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: sub-

base, sub-reino, sub-humano

Em todos os demais casos: subsecretário, subeditor

Vice ex, sem,

além,aquém, recém,

pós, pré, pró

Sempre:

vice-rei, vice-presidentePan, circum Quando a palavra seguinte

começa com h, m, n ou vogais: pan-americano,

circum-hospitalar

Em todos os demais casos: pansexual, circuncisão

Uso do hífen em palavras compostas:

1 unidade linguística com significado podendo corresponder, ou não, a uma palavrahttp://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=define%3Amorfema&btnG=Pesquisar&meta=

Page 20: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

REGRA EXEMPLO OBSERVAÇÕESUsamos hífen nas palavras

compostas comuns, sem

preposições, quando o

primeiro elemento for

substantivo, adjetivo, verbo

ou numeral.

Amor-perfeito,

boa-fé,

guarda-noturno,

guarda-chuva,

criado-mudo,

decreto-lei.

Formas adjetivas como afro,

luso, anglo, latino não se

ligam por hífen:

afrodescendente,

eurocêntrico,

lusofobia,

eurocomunistahífen em nomes geográficos

compostos com grã e grão

ou verbos de qualquer tipo.

Grã-Bretanha,

Grão-Pará,

Passa-Quatro.Usamos o hífen nos

compostos que designam

espécies vegetais e animais.

bem-te-vi,

bem-me-quer,

erva-de-cheiro,

couve-flor,

não-me-toques

Com sentido figurado, perde

o hífen: Ela está cheia de

não me toques

Não usamos hífen nas

locuções dos vários tipos

(substantivas, adjetivas etc).

café com leite,

cor de vinho,

fim de semana,

fim de século,

Certas grafias consagradas

agora são exceções à regra.

Escreva:

água-de-colônia,

arco-da-velha,

pé-de-meia,

mais-que-perfeito,

cor-de-rosa,

à queima-roupa,

ao deus-dará.Os encadeamentos

vocabulares levam hífen (e

não mais traço).

A relação

professor-aluno.

O trajeto

Tóquio-São Paulo.Quando cai no fim da linha,

o hífen deve ser repetido,

por clareza, na linha abaixo.

Atravesso a ponte Rio-

-Niterói.

Couve-

-flor

Page 21: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Conclusões – hífen

1- O hífen não é empregado em prefixos terminados em vogal seguidos de r ou s. Neste

caso, dobra-se o r ou o s. Exemplos: antirreligioso, antissocial e minissaia.

2- O hífen é utilizado com os prefixos hiper, inter, super seguidos de palavras iniciadas por

r, como hiper-resistente. O sinal também é utilizado em prefixos terminados em vogal

como ante, contra e semi seguidos de vogal igual ou h no segundo termo. Exemplos:

micro-ondas, anti-higiênico e pré-histórico.

3- Nas palavras compostas, o hífen é utilizado, de maneira geral, seguindo o seguinte

raciocínio: se nos vem a mente dois significados como é o caso de couve-flor, pois

visualizamos a palavra couve e a palavra flor; já em girassol, não visualizamos gira,

precisamos da palavra sol para conseguirmos uma imagem.

Capítulo 03BARREIRAS À COMUNICAÇÃO II REGÊNCIA VERBAL

É a parte da Gramática Normativa que estuda a relação entre dois termos,

verificando se um termo serve de complemento a outro.

Ex.: a) Aspiro o perfume da flor. (cheirar)

b) Aspiro a uma vida melhor. (desejar)

Em ambos os casos aparece o verbo aspirar, contudo a relação entre o

complemento de a e o verbo é desprovida de preposição (termo que liga dois termos em

uma mesma oração). Isso dá o sentido de cheirar ao verbo aspirar. Em b, a relação é

regida pela preposição a. O uso da preposição indica que o verbo significa desejar.

Portanto, você percebe que a regência correta é imprescindível para que você faça

a comunicação com o sentido que você deseja.

VERBOS INTRANSITIVOSA utilização ou não de preposição determina a transitividade verbal. Neste

momento, vamos estudar os verbos intransitivos.

Verbos intransitivos são verbos de significado completo, ou seja, não precisam de

Page 22: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

complementos verbais para serem entendidos.

Veja alguns exemplos:

a) A filha da atris americana nasceu.

b) O equilibrista caiu.

Observe que tanto em “a” como em “b” não temos nenhum complemento, pois o verbo nascer e cair têm sentido completo. Por isso verbos como esses são chamados de intransitivos. Eles não permitem trânsito de complementos.

VERBOS TRANSITIVOSOs verbos transitivos são aqueles não têm significado sozinhos, portanto precisam

de um complemento, pois a ação "transita" ou passa do verbo para outro elemento.

Observe:Eu comprei.

Na comunicação acima, não temos compreensão, pois o verbo comprar precisa de

um complemento para ser entendido.

Eu comprei um carro.

Agora, você consegue entender a comunicação, pois foi acrescida a expressão “um

carro”. Dessa forma, sabemos qual elemento foi comprado.

É por isso que chamamos verbos como esse de transitivos, pois eles aceitam o

trânsito de complementos.

Observações:1- Veja o exemplo a seguir:

Eu necessito de um lápis.

Se retirarmos o complemento, ficamos apenas com: Eu necessito.

Surge-nos então a seguinte pergunta: Necessita de quê?

Se respondermos: Necessita de um lápis, obtemos o transitivo, logo a resposta completa

fornece-nos o transitivo.

Em casos como esse em que o complemento vem acompanhado de uma preposição,

chamamos tal complemento de objeto indireto:

2- Agora, veja este exemplo:

Eu ganhei presentes.

Se retirarmos o complemento, ficamos apenas com: Eu ganhei.

Page 23: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Surge-nos então a seguinte pergunta: Ganhou o quê?

Se respondermos: Ganhou presentes, obtemos o transitivo, logo a resposta completa

fornece-nos o transitivo.

Em casos como esse em que o complemento não vem acompanhado de uma preposição,

chamamos tal complemento de objeto direto:

VERBOS DE LIGAÇÃO:Os verbos de ligação não indicam ação. Eles fazem a ligação entre 2 termos: o

sujeito e suas características, que são chamadas de predicativo do sujeito.

Ex. João é inteligente.

O verbo ser não indica ação, ele está ligando o sujeito (João) ao predicativo

(inteligente).

Predicativo é o termo que modifica o sujeito. O predicativo nos informa alguma

característica do sujeito.

Neste caso, inteligente é uma qualidade, característica de João, portanto é o

predicativo do sujeito.

Os principais verbos de ligação são:SER= O sapato é novo.

ESTAR= Maria está feliz.

PARECER= Manoel parece triste.

PERMANECER= A aluna permanece aflita.

FICAR= Cássia ficou enlouquecida.

CONTINUAR= André continua feliz.

ANDAR= A professora anda nervosa.

REGÊNCIA NOMINAL

Regência Nominal é o nome dado à relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo:

Page 24: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição "a". Veja:Obedecer a algo/ a alguém.Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

CRASECrase é a fusão da preposição a com artigo a. No caso da frase: João voltou à cidade

natal, temos a preposição exigida pelo verbo voltar (quem volta, volta a algum lugar), mais

o artigo exigido pela palavra cidade, pois não é qualquer cidade, mas sim a cidade natal.

Veja outros exemplos:Os documentos foram apresentados às (a prep. + as art.) autoridades.Os alunos chegaram à (a prep. + a art.) faculdade cedo. O professor referiu-se a (a prep. + a art.) aluna.

Usamos crase somente na frente de palavras femininas. Pois, sendo a crase a contração de a preposição mais a artigo, não existe crase antes de palavra masculina, pois, na frente destas, usamos o artigo º

Veja como ficam os exemplos acima com palavras masculinas. Os documentos foram apresentados aos (a prep. + os art.) juízes.Os alunos chegaram ao (a prep. + o art.) colégio cedo. O professor referiu-se ao (a prep. + o art.) aluno. Viram? No lugar do a (s) craseado, apareceu o ao (s).

Regras práticas

Como você observou, nos exemplos acima, quando substituímos as palavras femininas por masculinas, no lugar o à ou às apareceu ao ou aos. Essa é a primeira regra prática: para saber se deve ou não usar o acento indicativo de crase - substitua a palavra antes da qual aparece o a ou as por um termo masculino. Se o a ou as se transformar em ao ou aos, existe crase; do contrário, não.

Page 25: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

No caso de nome geográfico ou de lugar, você não conseguirá usar essa regra, mas poderá usar as seguintes expressões: venho de ou venho da.

Veja como funciona:Vou à (a prep. + a art.) Bahia.Venho da (de prep. + a art.) Bahia.Vou a (a prep.) Angola. Venho de ( de prep.) Angola.Observe que no caso de “vou à Bahia” acontece a crase porque a palavra Bahia

aceita o artigo a. No caso de “vou a Angola” não ocorre a crase porque a palavra Curitiba não aceita o artigo a. Comprovamos isso ao usarmos as expressões “ venho da e venho de”, pois no caso da primeira temos a contração de proposição mais artigo e na segunda temos apenas preposição.

Portanto, lembrem-se de que “Venho da, crase há. Venho de, crase para quê?”.

Cuidado: se a palavra Angola viesse acompanhada de uma qualificação, ocorreria a crase. Observe: Vou à Angola dos diamantes.

Venho da Angola dos diamantes. Usamos a crase ainda:

1 – Nos pronomes demonstrativos àquela, àquele, àquelas, àqueles, àquilo, (e derivados): Cheguei àquele (a + aquele) lugar. – Cheguei ao lugar.Vou àquelas cidades. – Vou aos estados do Sul.Referiu-se àqueles livros. – Referiu-se aos livros.Não deu importância àquilo. – Não deu importância ao fato.

2 - Nas indicações de horas, desde que determinadas: Chegou às 6 horas da manhã. – Chegou ao amanhecer.

3 - Antes dos relativos que, qual e quais, quando o a ou as puderem ser substituídos por ao ou aos:

Eis a moça à qual você se referiu. - Eis o rapaz ao qual você se referiu). Fez alusão às pesquisas às quais nos dedicamos. - Fez alusão aos trabalhos aos

quais... . É uma situação semelhante à que enfrentamos ontem. - É um problema

semelhante ao que... .

Percebam que nos casos 1,2 e 3, basta encaixar a expressão ao (s) para verificar se há ou não a crase.

4 - Nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas como às pressas, às vezes, à

Page 26: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

risca, à noite, à direita, à esquerda, à frente, à maneira de, à moda de, à procura de, à mercê de, à custa de, à medida que, à proporção que, à força de, à espera de: Saiu às pressas. / Vive à custa do pai. / Estava à espera do irmão. / Sua tristeza aumentava à medida que os amigos partiam. / Serviu o filé à moda da casa.

5 - Nas locuções que indicam meio ou instrumento e em outras nas quais a tradição linguística o exija, como à bala, à faca, à máquina, à chave, à vista, à venda, à toa, à tinta, à mão, à navalha, à espada, à baioneta calada, à queima-roupa, à fome (matar à fome): Morto à bala, à faca, à navalha. / Escrito à tinta, à mão. / Pagamento à vista. / Produto à venda. / Andava à toa. Observação: Neste caso não se pode usar a regra prática de substituir a por ao.

Não usamos a crase antes de:

1 - Palavra masculina: andar a pé, pagamento a prazo, caminhadas a esmo, cheirar a suor, viajar a cavalo, vestir-se a caráter.

Exceção: ocorre a crase quando se pode subentender uma palavra feminina, especialmente moda e maneira, ou qualquer outra que determine um nome de empresa ou coisa: Salto à Luís XV (à moda de Luís XV).

Estilo à Machado de Assis (à maneira de). Referiu-se à Apollo (à nave Apollo). Vou à (editora) Melhoramentos.

Fez alusão à (revista) Projeto.

2 - Verbo: Passou a ver. / Começou a fazer. / Pôs-se a falar.

3 - Substantivos repetidos: Cara a cara, frente a frente, gota a gota, de ponta a ponta.

4 - Ela, esta e essa: Pediram a ela que saísse. / Cheguei a esta conclusão. / Dedicou o livro a essa moça.

5 - Outros pronomes que não admitem artigo, como ninguém, alguém, toda, cada, tudo, você, alguma, qual, etc.

6- Formas de tratamento: Escreverei a Vossa Excelência. / Recomendamos a Vossa Senhoria... / Pediram a Vossa Majestade...

7 - Uma: Foi a uma festa. Exceções. Na locução à uma (ao mesmo tempo) e no caso em que uma designa hora (Sairá à uma hora).

8 - Palavra feminina tomada em sentido genérico: Não damos ouvidos a reclamações. /

Page 27: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Em respeito a morte em família, faltou ao serviço. Repare: Em respeito a falecimento, e não ao falecimento. / Não me refiro a mulheres, mas a meninas.

Perceba que em nenhum dos casos acima há a possibilidade de substituição do a por ao. Portanto não é possível o uso da crase.

10 - Substantivos no plural que fazem parte de locuções de modo: Pegaram-se a dentadas. / Agrediram-se a bofetadas. / Progrediram a duras penas.

11 - Nomes femininos de celebridades: Ele a comparou a Ana Néri. Preferia Ingrid Bergman a Greta Garbo.

Obs: em ambos os casos, o substantivo não é acompanhado de artigo.

12 - Dona e madame: Deu o dinheiro a dona Maria . Já se acostumou a madame Marta.

Exceção. Há crase se o dona ou o madame estiverem particularizados: Referia-se à Dona Flor dos dois maridos.

13 - Numerais considerados de forma indeterminada: O número de mortos chegou a dez. Nasceu a 8 de janeiro. Fez uma visita a cinco empresas.Osb: caso o numeral venha determinado, ocorre a crase. Ex: Estamos relacionando os alunos da 5ª à 8ª série.

14 - Distância, desde que não determinada: A polícia ficou a distância. O navio estava a distância.

Quando se define a distância, existe crase: A polícia ficou à distância de seis metros dos manifestantes.O navio estava à distância de 500 metros do cais.

15 - Terra, quando significa terra firme: O navio estava chegando a terra. O marinheiro foi a terra.

Nos demais significados da palavra, usamos a crase: Voltou à terra natal. (origem) Os astronautas regressaram à Terra. (planeta)

Page 28: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

16 - Casa, considerada como o lugar onde se mora: Voltou a casa. Chegou cedo a casa.

Percebam que ao usarmos a forma verbal veio no primeiro exemplo, temos veio de casa. No segundo, se usarmos a forma voltou, teremos voltou para casa. Nos dois casos não ocorre o artigo, portanto não há crase.

Se a palavra casa estiver determinada, existe crase: Voltou à casa dos pais. Iremos à Casa da Moeda. Fez uma visita à Casa Branca.

Uso facultativo

1 - Antes do possessivo: Referiu-se a sua (ou à sua) tia. Fez menção a nossa empresa (ou à nossa empresa).

Na maior parte dos casos, a crase dá clareza a este tipo de oração, pois o uso da crase determina o objeto aludido.

2 - Antes de nomes de mulheres: Declarou-se a Joana (ou à Joana). Se a pessoa for íntima de quem fala, usa-se a crase; caso contrário, não.

3 - Com até: Foi até a porta (ou até à). Até a volta (ou até à).

Capítulo 04BARREIRAS À COMUNICAÇÃO III

Outra barreira muito comum no uso formal da língua portuguesa são os problemas

de concordância verbal e nominal. Neste capítulo, vamos analisar alguns desses

problemas visando atender às formalidades da língua.

CONCORDÂNCIA VERBAL

Concordância verbal é a relação entre o verbo e o sujeito, portanto ela ocorre

quando o verbo se flexiona para concordar com o seu sujeito.

Ex.: Ela gostava daquele seu jeito carinhoso de ser.

sujeito verbo

Page 29: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

singular singular

Elas gostavam daquele seu jeito carinhoso de ser.

Sujeito verbo

Plural plural

CASOS DE CONCORDÂNCIA VERBAL

1) Sujeito simples ( um só núcleo)

Regra geral: o verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa.Ex.: Nós íamos ao cinema.O verbo (íamos) está na primeira pessoa do plural para concordar com o sujeito (nós).

Casos especiais:a) O sujeito coletivo (indica mais de um elemento) - o verbo no singular.Ex.:A multidão gritou por socorro. Coletivo singular

Coletivo especificado - verbo no singular ou no plural.Ex.: A turma de alunos gritou./ A turma de alunos gritaram.

Coletivo especificador coletivo especificador

A maioria dos alunos saiu. A maioria dos alunos saiu saíram. Coletivo especificador coletivo especificador

b) Sujeito pronome de tratamento - verbo sempre na 3ª pessoa (do singular ou do plural).Ex.: Vossa Alteza pediu atenção./ Vossas Altezas pediram atenção.

c) Sujeito pronome relativo que – verbo concorda com o antecedente do pronome.Ex.: Fui eu que tomei o café. Fomos nós que tomamos o café. Antecedente verbo antecedente verbo

Page 30: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

d) Sujeito pronome relativo quem - verbo fica na 3ª pessoa do singular ou concorda com o antecedente do pronome.Ex.: Fui eu quem tomou o café. Fui eu quem tomei o café. antecedente Verbo na 3ª pessoa antecedente verbo na 1ª pessoa

e) Sujeito formado pelas expressões: alguns de nós, poucos de vós, quais de ..., quantos de ..., etc.- verbo concorda com o pronome interrogativo ou indefinido ou com o pronome pessoal (nós ou vós).Ex.: Quais de vós me punirão? Quais de vós me punireis? Pron. interrogativo verbo pron. pessoal verbo

Obs.: com os pronomes interrogativos ou indefinidos no singular o verbo concorda com eles em pessoa e número.Ex.: Qual de vós me punirá.

Pron. no singular verbo no singular

f) Sujeito é formado de nomes que só aparecem no plural: se o sujeito não vier precedido de artigo - o verbo no singular.Ex.: Estados Unidos é uma nação poderosa Sem artigo verbo singular

Com artigo - verbo no plural. Ex: Os Estados Unidos são uma nação poderosa. Com artigo verbo plural

g) Sujeito formado pelas expressões mais de um, menos de dois, cerca de..., etc. – o verbo concorda com o numeral.Ex.: Mais de um aluno não compareceu à aula. Singular singular

Mais de cinco alunos não compareceram à aula.

Page 31: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Plural plural

2) Sujeito composto

Regra geral: o verbo vai para o plural. Ex.: João e Maria foram passear no bosque.

Casos especiais:a) Núcleos do sujeito constituídos de pessoas gramaticais diferentes - verbo no plural seguindo a ordem de prioridade: 1ª, 2ª e 3ª pessoa.Ex.: Eu e ele viajaremos juntos.

1ª + 2ª = verbo 1ª plural

O verbo ficou na 1ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª.

Ex: Tu e ele viajareis juntos. 2ª + 3ª = verbo na 2ª plural

O verbo ficou na 2ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª.Obs.: 1- neste caso, é comum a concordância na terceira pessoa. Ex.: Tu e ele viajarão juntos.(3ª pessoa do plural)

b) Sujeito composto depois do verbo – verbo concorda com os dois núcleos ou com o mais próximo:Ex.: Seguiram a pé a jovem e a sua amiga. núcleo núcleo

Concordância com os dois núcleos.

Ex.: Seguiu a pé a jovem e a sua amiga.

núcleo núcleo

Concordância com o mais próximo.

c) Núcleos do sujeito sinônimos (ou quase) no singular - verbo fica no plural ou no

Page 32: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

singular.Ex.: A angústia e ansiedade não o ajudavam a se concentrar. plural

A angústia e ansiedade não o ajudava a se concentrar.

singular

d) Quando há gradação entre os núcleos – verbo concorda com todos os núcleos (lógica) ou apenas com o núcleo mais próximo.Ex.: Uma palavra, um gesto, um olhar bastavam.

Plural concordando com palavra, gesto e olhar

Uma palavra, um gesto, um olhar bastava.

singular concordando com olhar

e) Sujeito constituído pelas expressões um e outro, nem um nem outro...- o verbo fica no singular ou no plural.Ex.: Um e outro já veio. Um e outro já vieram. indica que veio vieram juntos um de cada vez

g) Núcleos do sujeito ligados por ou - o verbo fica no singular quando a ideia for de exclusão e no plural quando for de inclusão.Ex.: Pedro ou Antônio ganhará o prêmio.

exclusão

A poluição sonora ou a poluição do ar são nocivas ao homem.

inclusão

h) Sujeitos ligados pelas séries correlativas (tanto...como/ assim...como/ não só...mas também, etc.) - verbo no plural, embora o singular seja aceitável se os núcleos estiverem no singular.Ex.: Tanto José quanto Maria perderam as eleições em São Paulo. Tanto José quanto Maria perdeu as eleições em São Paulo.

Page 33: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

e) Sujeitos resumidos por nada, tudo, ninguém... - verbo concorda com o aposto resumidor.Ex.: Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o comoveu. aposto verbo singular

Outros casos:

1) Partícula SE:a- Sujeito passivo – verbo concorda com o sujeito.Ex.: Vende-se carro. Vendem-se carros.

Verbo sing. Suj. sing. Verbo plural sujeito plural.

b- Sujeito indeterminado - o verbo obrigatoriamente no singular.Ex.: Precisa-se de secretárias.

Verbo singular

2) Verbos impessoais (aqueles que não possuem sujeito) ficam sempre na 3ª pessoa do singular.Ex.: Havia sérios problemas na cidade. Fazia quinze anos que ele havia parado de estudar. Deve haver sérios problemas na cidade. Vai fazer quinze anos que ele parou de estudar.

Obs.: Os verbos auxiliares (deve, vai) acompanham os verbos principais. Verbo haver é impessoal quando for igual a existir. O verbo existir não é impessoal. Veja: Existem alunos aqui. Devem existir alunos aqui.

3) Verbos dar, bater e soarQuando usados na indicação de horas, têm sujeito (relógio, hora, horas, badaladas...) e com ele devem concordar. Ex.: O relógio deu duas horas.

Page 34: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Deram duas horas no relógio da estação. Deu uma hora no relógio da estação. O sino da igreja bateu cinco badaladas. Bateram cinco badaladas no sino da igreja. Soaram dez badaladas no relógio da escola.

4) Concordância com o verbo ser:O verbo SER ora concorda com o sujeito ora concorda com o predicativo (qualidade ou estado do sujeito).

a) Quando o sujeito for um dos pronomes QUE ou QUEM o verbo SER concordará obrigatoriamente com o predicativo. Ex: Que são células?

Verbo predicativo

Quem foram os campeões?

Verbo predicativo

b) Na indicação de tempo, dias, distância concorda com o numeral.Ex: É uma hora da manhã. (singular)

verbo numeral

São dez horas em ponto. (plural) verbo numeral

c) Sujeito tudo, o, isso, aquilo, isto - o verbo concorda com o predicativo, mas poderá concordar com o sujeito. Ex: Tudo são flores no início da relação.

Sujeito verbo predicativo

d) Nas expressões é muito, é pouco, é bastante - verbo no singular, quando indicar quantidade, distância, medida. Ex: Cinco reais é pouco para irmos ao teatro. quantidade

Page 35: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

e) Sujeito pessoa – verbo concorda com o sujeito.Ex: Pedro era as alegrias da casa. sujeito pessoa

CONCORDÂNCIA NOMINAL

Concordância nominal é a relação entre o adjetivo e o substantivo em uma frase.

1-Substantivo + Substantivo... + Adjetivo Quando o adjetivo posposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o último ou com todos. Ex: Fragilidade e amor humano. Subst. Subst. Adj. Concordando com o mais próximo

Amor e fragilidade humana.

Subst. Subst. Adj. Concordando com o mais próximo

Fragilidade e amor humanos.

Subst. Subst. Adj. Concordando com ambos.

2. Adjetivo + Substantivo + Substantivo + ...

Quando o adjetivo anteposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o mais próximo.

Exemplos:Mau lugar e hora.

Adj. Subst. Subst.

Má hora e lugar.

Page 36: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Adj. Subst. Subst.

3. Substantivo + Adjetivo + Adjetivo + ...

Quando dois ou mais adjetivos se referem a um substantivo, este vai para o singular ou plural.

Exemplos:Estudo as línguas inglesa e portuguesa. Subst. Adj. Adj.

Estudo a língua inglesa e a portuguesa. Subst. Adj. Adj.

Observem que o diferencial neste caso é a repetição do artigo a e a eliminação do plural.

5. Substantivo + Numeral Ordinal + Numeral Ordinal + ...

Quando dois ou mais numerais ordinais ( que indicam ordem) vêm depois de um substantivo, determinando-o, este vai para o plural.

Exemplo:Os capítulos terceiro, quarto e quinto. substantivo ordinais

6. Um e outro / Nem um nem outro + Substantivo Quando as expressões "um e outro", "nem um nem outro" são seguidas de um substantivo, este permanece no singular.

Ex: Uma e outra aluna.

substantivo

Nem um nem outro estudo.

Page 37: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

substantivo

7. Um e outro + Substantivo + Adjetivo Quando um substantivo e um adjetivo vêm depois da expressão "um e outro", o substantivo vai para o singular e o adjetivo para o plural.

Ex: Um e outro aspecto esclarecedores.

Um aspecto mais outro aspecto = adjetivo plural

Uma e outra causa pertinentes.

Uma causa mais outra causa = adjetivo plural

8. Anexo / bastante / incluso / leso / mesmo / próprio + Substantivo

Essas palavras concordam com o substantivo a que se referem. Para termos certeza do uso, basta lembrarmos que bastantes pode ser substituído por muitos (as) e bastante por muito.

Ex: Vão anexas as cópias. Recebi bastantes flores. Vão inclusos os documentos. Cometeu um crime de lesa-pátria. Cometeu um crime de leso-patriotismo. Ele mesmo falou aquilo. Ela mesma falou aquilo. Elas próprias falaram aquilo.

9. Meio (= metade) + Substantivo

O adjetivo "meio" concorda com o substantivo a que se refere.

Ex: Meias medidas. Meio litro. Meia garrafa.

Page 38: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

10. Meio (= um tanto) + Adjetivo

O advérbio "meio", que se refere a um adjetivo, permanece invariável.

Ex: Ela parecia meio encabulada.

adjetivo

Janela meio aberta. adjetivo

Obs.: em "meio-dia e meia", "meia" concorda com a palavra "hora", oculta na expressão "meio-dia e meia (hora)".

11. Casa, página (+ número) + numeral O numeral concorda com a palavra oculta "número".

Exemplos:Casa dois.Página dois.

12. Substantivo + é bom / é preciso / é proibido Quando o substantivo não está determinado, as expressões "é bom", "é preciso", "é proibido" permanecem no singular.

Ex:Leitura é bom para a mente.É proibido entrada.

Obs.: havendo determinação do sujeito, a concordância efetua-se normalmente: A leitura é boa para a mente.

determinante

É proibida a entrada.

Page 39: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

determinante

12. Pronome de tratamento referindo-se a uma pessoa de sexo masculino – adjetivo no masculino.

Ex: Sua Santidade está esperançoso. Vossa Senhoria está atrasado.

Capítulo 05

BARREIRAS À COMUNICAÇÃO IVAlém dos problemas causados pela ortografia, pela regência e pela concordância,

encontramos palavras e expressões que trazem dificuldades para o usuário da língua

portuguesa. Portanto, neste capítulo vamos trabalhar algumas destas palavras e

expressões.

Emprego de algumas palavras e expressões semelhantes:1. Que e Quê:

O quê é um substantivo quando possui o sentido de "alguma coisa"EX: Há um quê inexplicável em você.

substantivo

É interjeição (palavra que exprime sentimentos) ao indicar surpresa, espanto.Ex.: Quê! Consegui chegar a tempo?! interjeição

É pronome em final de frase (imediatamente antes de ponto final, de interrogação ou de exclamação).Ex.: Afinal, você precisa de quê?Obs.: nos três casos usamos o acento.

Também é pronome quando inicia uma frase interrogativa. Ex. Que você pretende, tratando-me dessa maneira?

Page 40: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

pronome

Conjunção quando liga duas frases.Ex: É necessário que você entenda. Oração 1 oração 2

conjunção

É partícula de realce quando pode ser descartado da frase.Ex: Que beleza! Que belo comportamento!

realce

Obs.: nesses casos, não é acentuado.

2. Mas e Mais: Mas é uma conjunção adversativa, de mesmo valor que "porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto".Ex: Sabia tudo, mas não soube explicar.Mais é um advérbio de intensidade.Ex. Ela é a mais (menos) bonita da escola.

3. Onde, Aonde: Onde significa em que lugar. Usado com verbos que não indicam movimento. Ex: Onde você está? (Em que lugar você está?)

Aonde significa a que lugar. Usado com verbos que indicam movimento. Ex: Aonde (a que lugar) você vai, menina?

4. Mal e Mau Mal é advérbio, antônimo de bem. Ex: Ele passou mal o dia todo.

Mau é adjetivo, antônimo de bom. Ex: Ele é o lobo mau.

Mal também é substantivo, podendo significar doença, moléstia, aquilo que é prejudicial ou nocivo.

Page 41: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Ex. O maior mal do homem moderno é a falta de consciência ecológica.

5. Senão e Se não: Senão significa caso contrário, a não ser. Ex: Nada fazia senão reclamar.

Se não ocorre em situações condicionais; equivale a caso não. Ex. Estude bastante, senão não entenderá as nuances da Língua Portuguesa.

6. Desencargo e Descargo: Desencargo significa desobrigação de um encargo, de um trabalho, de uma responsabilidade. Ex. Filho que se forma é mais um desencargo de família para o pai.

Descargo significa alívio. Ex: Devolvi o dinheiro por descargo de consciência.

7. Sentar-se na mesa e Sentar-se à mesa: Sentar-se na mesa significa sentar-se sobre a mesa. Ex: Sentei-me na mesa, pois não encontrei cadeira alguma.

Sentar-se à mesa significa sentar-se defronte à mesa. Ex: Sentei-me à mesa para trabalhar.

Obs.: O mesmo ocorre com estar ao computador, ao telefone, ao portão.

8. Ao invés de e Em vez de: Ao invés de indica oposição, situação contrária. Ex. Em vez de ir ao cinema, fui ao teatro.

Em vez de indica substituição, simples troca. Ex: Descemos, ao invés de subir.

9. Estadia e Estada: Estadia é usado para veículos em geral.

Page 42: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Ex. Foi curta minha estada na cidade.

Estada é usado para pessoas. Ex: Paguei a estadia de meu automóvel.

10. Perca e Perda: Perca é verbo. Perda é substantivo.Ex. _ Não perca a paciência, pois essa perda dela pode deixá-lo em situação vexatória.

11. Despercebido e Desapercebido: Despercebido significa sem atenção. Ex. O fato passou-me totalmente despercebido.

Ex: Desapercebido significa desprovido, desprevenido. Ex: Ele estava desapercebido de dinheiro.

12 Haja vista Haja vista equivale à expressão veja (haja do verbo haver no imperativo e vista de visão). Portanto não pode ser substituído por haja visto. Ex: O povo brasileiro cansou-se de ser explorado, haja vista o grande número de CPIs nos últimos anos.

Obs: Em alguns autores, encontra-se a flexão do verbo: “hajam vista”, como em Hajam vista os acontecimentos em Santa Catarina.

QUALIDADES DE UM TEXT0Para que você redija um bom texto, é necessária a atenção para não pecar com as

palavras utilizadas. É muito importante ter ciência do que pretende escrever, porém, ao

fazer isso, deve-se posicionar como um leitor crítico para analisar sua obra

minuciosamente.

Para que o seu texto seja bem redigido e consiga transmitir sua ideia de maneira

clara, seguem algumas dicas.

Page 43: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Concisão: texto conciso é aquele que transmite sua ideia com o mínimo de

palavras possíveis, ou seja, não tem rodeios e nem enrolação. É escrito de maneira direta

sem a utilização de palavras desnecessárias.

Observe: “A largada da maratona será no Leme. A chegada acontecerá no

mesmo local da partida.”

“A largada e a chegada da maratona serão no Leme.”

Correção: seu texto deve estar de acordo com a norma culta da língua, ou seja,

você deve-se atentar para que não ocorram desvios de linguagem em relação à grafia,

utilizando apenas palavras conhecidas; flexão das palavras, observando principalmente

para o plural de palavras compostas; concordância, recordando que o verbo se ajusta ao

sujeito; regência: a utilização ou não da crase e à regência dos verbos e nomes e deve-se

evitar alguns tipos de construção, como iniciar frases com pronomes oblíquos átonos, por

exemplo.

Clareza: seu texto deve ser redigido de maneira que o leitor compreenda

facilmente o que está sendo abordado, para tanto, seja impessoal e faça uso da

linguagem culta padrão.

Elegância: quando seu texto é escrito seguindo as qualidades acima descritas, o

mesmo tende a se tornar agradável aos olhos do leitor, o que também se consegue por

meio do desenvolvimento criativo do texto. A elegância inicialmente é obtida pela estética

do texto, ou seja, o mesmo deve estar limpo (sem rasuras) e legível.

DEFEITOS DE UM TEXTO

Você, provavelmente, tem ou já teve dificuldade em produzir textos claros e

concisos, pois a grafia de algumas palavras pode confundi-lo e a forma de colocar no

papel a ideia a ser transmitida não acontece da maneira planejada. Para auxiliá-lo na

O texto apresenta expressões desnecessárias. Veja como deveria ser escrito:

Se tanto a largada quanto a chegada são no mesmo local porque apresentá-las separadamente??

Page 44: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

tarefa de produção textual, elencamos, a seguir, alguns defeitos mais comuns na

produção de um texto.

Ambiguidade ou anfibologia: você já deve ter ficado em dúvida quqnto á

informação de um texto. Provavelmente, ele era ambíguo, ou seja, possibilitava dois

entendimentos para uma mês comunicação. A existência de frases com duplicidade de

sentido no texto pode transmitir uma ideia diferente daquela que o autor busca mostrar.

Normalmente essa duplicidade pode acontecer por má pontuação ou pela má utilização

de palavras ou expressões.

Ex. Pedro espera há quatro meses o filho do casal, que mora em Angola. Ambiguidade:

quem mora em Angola? Pedro ou o casal?

Ex. Maria saiu com seu marido. Ambiguidade: marido de quem? Da Maria ou do

interlocutor?

Cacofonia ou cacófato: Consiste no emprego de palavras que possuem

semelhança em alguma sílaba formando um mau som.

Ex. A boca dela cheira a hortelã.

pronunciamos bocadela

Ex. Essa fada faz parte dos seus sonhos?

pronunciamos é safada

Eco: acontece quando usamos palavras com terminações semelhantes em relação

ao som que emite.

Ex. O irmão do Carlão foi à decisão da eleição.

Ex. O Vicente que é repetente mente discretamente.

Obscuridade: é falta de clareza no texto que pode ocorrer devido a períodos

excessivamente longos, linguagem rebuscada e má pontuação.

Page 45: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Ex. Foi realizada uma transfusão de sangue inútil. (Forma correta: Foi realizada uma inútil

transfusão de sangue).

Pleonasmo ou redundância: repetição desnecessário de conceitos.

Ex. O sol matinal da manhã é bom para os bebês.

Ele teve uma hemorragia de sangue.

Estou cursando o curso de Engenharia.

Prolixidade: quando você usa palavra como: antes de mais nada, muitas vezes,

pelo contrário, por outro lado, por sua vez; você pode tornar uma frase prolixa, pois, na

grande maioria das vezes, elas são desnecessárias.

Ex. As pessoas da terceira idade, muitas vezes, acreditam que podem ensinar muitas

coisas aos jovens, mas esses, por sua vez, não acreditam muito.

Vejam como ficaria sem as expressões: As pessoas da terceira idade acreditam que podem ensinar muitas coisas aos jovens,

mas esses não acreditam muito.

Ex. Gostaria de dizer, antes de mais nada, que, por outro lado, estarei firme no meu

propósito.

Vejam como ficaria sem as expressões: Gostaria de dizer que estarei firme no meu propósito.

Capítulo 06TIPOLOGIA TEXTUAL

Como vimos em capítulos anteriores, o sentido da palavra depende do contexto no

qual está inserida. Esse é o primeiro problema enfrentado na produção textual, pois,

comumente, não encontramos a palavra ou a expressão certa para concretizar nossos

pensamentos através da escrita.

Além disso, também temos as diferenças entre falar e escrever que aparecem na

Page 46: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

aquisição da escrita. Segundo Marote e Ferro:

“Através da alfabetização, a criança aprende um código novo: o código da escrita.

Na verdade, não se trata apenas de um código novo, mas de uma língua, por muitas

vezes diferente daquela que a criança já domina e utiliza quando fala.” (p.41)

Comparemos o ato de escrever à ação de correr. Quando começamos a andar, se

não existir nenhuma necessidade especial, o fazemos com naturalidade, superando os

tropeços que possam aparecer. Agora, se quisermos correr, também o fazemos, mas

precisamos nos aprimorar. Escrever passa pelo mesmo processo: falamos com

naturalidade. Mas, para escrevermos, precisamos de treino, de preparo, pois escrever

demanda conhecer vários assuntos e saber registrá-los de forma legitimada e valorizada

socialmente.

Visualize melhor a partir do exemplo a seguir:

I) “Eles vai na fera com nóis” II) Eles vão à feira conosco.

como falamos como escrevemos

Em I, encontramos a fala, sem nenhuma preocupação com as formalidades da

língua. É bastante comum encontrarmos construções parecidas em textos que deveriam

ser formais. Também sabemos que um texto, com tal estrutura, sofre preconceito por não

estar de acordo com as normas gramaticais.

Já em II, encontramos concordância verbal, regência verbal e colocação

pronominal irrepreensíveis. Mesmo apresentando a mesma informação, O autor deste é

mais valorizado do que o autor do texto I.

É por este motivo que devemos estruturar nossos textos dentro da varante formal

da língua, pois é ela que, na maioria das vezes, abre as portas para o ingresso no

mercado de trabalho.

Nossos textos podem ser produzidos de duas formas: prosa ou verso. Seja em um

ou outro, temos três tipos fundamentais: narração, descrição e dissertação. Neste

capítulo, veremos o texto narrativo e o texto dissertativo.

NARRAÇÃO

Page 47: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

“Narração é a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que

ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens.” (Granatic, 13)

O conceito acima nos traz alguns elementos constitutivos da narração: fato, tempo,

espaço e personagens. Além desses, temos a causa que desencadeou o fato, o modo

como ele aconteceu e as suas consequências.

É claro que, para uma história ser contada, é necessário um narrador. Esse pode

ser em primeira pessoa, se for um narrador personagem (participa da história). Em

terceira pessoa se for observador ou onisciente. Ambos não fazem parte da história, mas

o segundo consegue narrar o que se passa na mente das personagens.

A narração, como qualquer texto, tem uma introdução, um desenvolvimento e uma

conclusão. Você pode organizar sua narração da forma que achar mais conveniente, mas,

para facilitar a estruturação de seu texto narrativo, apresentamos o seguinte esquema de

narração:

Introdução: apresentar o fato, determinado o tempo e o espaço em que

aconteceu.

Desenvolvimento: explicar a causa, apresentar as personagens e detalhar o modo

pelo qual se deu o fato.

Conclusão: indicar as consequências do fato.

Exemplo:

Uma tromba d’água deixou os moradores de Luanda bastante assustados neste

final de semana. O fenômeno aconteceu devido ao clima úmido e quente que vem se

apresentando nos últimos dias na Região Sul. Um pescador que chegou a terra minutos

antes do evento comentou que o mar começou a agitar-se e o céu escureceu

rapidamente, assustado, ele dirigiu-se à praia. Não houve consequências graves porque o

fenômeno acontece no mar e, no momento, os poucos pescadores, que desenvolviam

suas atividades, voltaram rapidamente.

Laís Cordeiro

Analisando o exemplo: Introdução: apresentar o fato, determinado o tempo e o espaço em que aconteceu.

Uma tromba d’água deixou os moradores de Luanda bastante assustados neste final de

semana.

Desenvolvimento: explicar a causa, apresentar as personagens e detalhar o modo

Page 48: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

pelo qual se deu o fato.

O fenômeno aconteceu devido ao clima úmido e quente que vem se apresentando nos

últimos dias na Região Sul. Um pescador que chegou a terra minutos antes do evento

comentou que o mar começou a agitar-se e o céu escureceu rapidamente, assustado, ele

dirigiu-se à praia.

Conclusão: indicar as consequências do fato.

Não houve consequências graves porque o fenômeno acontece no mar e, no momento,

os poucos pescadores, que desenvolviam suas atividades, voltaram rapidamente.

ELEMENTOS DA NARRAÇÃOPara fazer uma narração, você precisa dos seguintes elementos: narrador, foco

narrativo, enredo, personagens, espaço e tempo.

O narrador é aquele que conta a história, a posição tomada pelo narrador

determina o foco narrativo.

O foco narrativo é a posição tomada pelo narrador ao contar a história. Ele pode

ser narrador-observador que relata fatos na medida em que esses aparecem, esse tem

conhecimento sobre todo o desenrolar da história; narrador personagem que conhece a

história por estar envolvido nela e narrador neutro que conta a história enquanto pode e

ao mesmo tempo comenta sobre os fatos que ocorrem e o narrador onisciente: aquele

que não participa da história, apenas a observa, mas consegue ssaber o que está na

mente das personagens.

O enredo é o desenrolar dos acontecimentos. Relata sobre os fatos acontecidos

ou que irão ser executados pelos personagens. Tais fatos podem ser organizado de várias

maneiras, porém a mais comum é: situação inicial, quebra da situação inicial,

estabelecimento de um conflito, clímax e epílogo.

Os personagens podem abranger características reais ou imaginárias. O

personagem principal recebe o nome de protagonista, o que se opõe a ele é o

antagonista, os demais são chamados de coadjuvantes.

O espaço da narrativa é o local onde o enredo acontece. Ele determina a posição

Page 49: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

a ser assumida pela personagem na história contada ou, ainda, identificar um

personagem específico da história.

O tempo pode ser cronológico ou psicológico. Cronológico quando segue o tempo

do relógio, psicológico quando não é mensurável racionalmente. Assim como o espaço,

também é de grande importância, pois determina o período da história.

CARACTERÍSCAS GRAMATICAISComo a narração conta uma história, os verbos utilizados, em sua grande maioria,

indicam ação e, em geral, há um trabalho com os tempos verbais. Afinal, o desenrolar de

um fato pressupõe mudanças. Isso significa que são estabelecidas relações anteriores,

concomitantes e posteriores.

DESCRIÇÃOA descrição caracteriza-se por objetivar o retrato de pessoas, objetos ou cenas.

Pense em uma foto sua. Agora, conte para o seu colega como ela é. Pois bem, você está

confeccionando um texto descritivo. Isso significa que a descrição é um tipo de texto que,

por meio de enumeração de detalhes e de relações de dados e característica, constrói

uma imagem verbal do objeto descrito.

ELEMENTOS DA DESCRIÇÃOElementos básicos: identificação do objeto a ser descrito;

localização temporal e espacial do objeto descrito;

qualificação do objeto descrito.

Formas: objetiva – o objeto descrito é apresentado imparcialmente, sem

influência dos sentimentos do autor da descrição;

subjetiva – o objeto descrito sofre a influência da emoção do

autor da descrição.

Características gramaticais: - verbos de ligação;

- frases e predicados, geralmente,

nominais;

- verbos no presente e pretérito

imperfeito do indicativo

(predominantemente);

Page 50: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

- adjetivos.

Obs.: o texto descritivo, geralmente, é incorporado ao narrativo ou ao dissertativo.

Veja o exemplo a seguir:

Era alto e esbelto. Pele alva levemente marcada pelo sol. Os profundos olhos de

mar espalhavam uma luz intensa vinda da sua alegria de viver. A fisionomia calma era

traçada por linhas delicadas e marcantes, compondo um paradoxo indecifrável.

Laís Cordeiro

Analisando o exemplo: Elementos básicos: identificação do objeto a ser descrito;

(Ele) Era alto e esbelto.

Formas: subjetiva – a influência da emoção do autor da descrição.

Os profundos olhos de mar espalhavam uma luz intensa vinda da sua alegria de viver.

Características gramaticais: - verbos de ligação;

Era alto e esbelto.

- frases e predicados, geralmente, nominais;

A fisionomia calma era traçada por linhas delicadas e marcantes

- verbo pretérito imperfeito do indicativo

Era alto e esbelto.

- adjetivos.

Os profundos olhos de mar ...

Page 51: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

Capítulo 07TIPOLOGIA TEXTUAL - DISSERTAÇÃO

Dissertação “é o tipo de composição na qual expomos ideias gerais, seguidas da apresentação de argumentos que as comprovem.” (Granatic, p. 13)

Esse tipo de texto é muito usado em nosso dia a dia, pois a dissertação estrutura-se toda vez que defendemos nossa opinião. Mas, mesmo sendo largamente usado, o texto dissertativo é o algoz de muitas pessoas. Para desmistificar a confecção de tal produção textual, apresentaremos um esquema que, comumente, organiza as ideias do autor.

ELEMENTOS DA DISSERTAÇÃO

Conforme o conceito exposto, você percebe que o texto dissertativo é constituído por tese (ideia geral, ponto de vista, opinião) e argumentos (os porquês que justificam a tese).

O começo, o meio e o fim, componentes de qualquer texto, aparecem estruturados da seguinte forma:

Introdução: tema + argumentos.Desenvolvimento: explicação dos argumentos.Conclusão: retomado do tema + considerações finais.

Exemplo:A qualidade de vida nas zonas rurais, em alguns aspectos, é melhor do que a das

zonas urbanas, pois no campo a calma é mais intensa, a violência aparece em menor escala e o tempo parece ser mais lento.

O ritmo de trabalho das grandes metrópoles é acelerado, a necessidade de ser o melhor, para não sucumbir diante da concorrência, faz com que o indivíduo viva as atividades profissionais durante as 24 horas do dia. Esse procedimento está longe da calma vivida no campo.

A agitação das grandes cidades vem acompanhada da violência, pois possibilita a ação de marginais que se aproveitam do congestionamento de carros, por exemplo, para atacar suas vítimas. No campo, devido ao menor número de habitantes, a violência aparece em menor escala.

A velocidade com que as coisas acontecem nas zonas urbanas é quase inacreditável. Num mesmo momento as pessoas comem, trabalham, buscam descontração, estudam. Já, no campo, as atividades são sucessivas e graduais.

Por tudo isso, a qualidade de vida das zonas rurais é melhor do que a das zonas urbanas em função da tranquilidade proporcionada aos seus habitantes, Espera-se que a situação das grandes cidades não seja agravada.

Analisando o exemplo:

Introdução: tema

Page 52: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

A qualidade de vida nas zonas rurais, em alguns aspectos, é melhor do que a das

zonas urbanas,

argumento 01 argumento 02

pois no campo a calma é mais intensa, a violência aparece em menor escala

argumento 03

e o tempo parece ser mais lento.

Desenvolvimento: explicação do argumento 01.

O ritmo de trabalho das grandes metrópoles é acelerado, a necessidade de ser o melhor, para não sucumbir diante da concorrência, faz com que o indivíduo viva as atividades profissionais durante as 24 horas do dia. Esse procedimento está longe da calma vivida no campo.

explicação do argumento 02.

A agitação das grandes cidades vem acompanhada da violência, pois possibilita a ação de marginais que se aproveitam do congestionamento de carros, por exemplo, para atacar suas vítimas. No campo, devido ao menor número de habitantes, a violência aparece em menor escala.

explicação do argumento 03.

A velocidade com que as coisas acontecem nas zonas urbanas é quase inacreditável. Num mesmo momento as pessoas comem, trabalham, buscam descontração, estudam. Já, no campo, as atividades são sucessivas e graduais.

Conclusão: retomado do tema

Por tudo isso, a qualidade de vida das zonas rurais é melhor do que a das zonas urbanas

em função da tranquilidade proporcionada aos seus habitantes.

Page 53: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

considerações finais

Espera-se que a situação das grandes cidades não seja agravada.

ELABORAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Para que você confeccione uma boa dissertação, siga os passos a seguir. Assim você não corre o risco de pecar em função de um detalhe qualquer.

01. Análise do tema proposto.Devemos analisar cuidadosamente o tema proposto, pois a fuga total a este implica

na perda de foco.

02. Levantamento de ideiasA melhor maneira de levantar ideias sobre o tema é a estruturação de perguntas

sobre o tema. Por exemplo: você precisa escrever sobre a necessidade de saneamento básico nas cidades. Então pergunte: o que é saneamento básico? Quais as consequências da sua falta. Por que, como, quando essas consequências surgem? Como resolver?

03. Construção do rascunhoConstrua o rascunho sem se preocupar com a forma. A prioridade, neste momento,

é o conteúdo.

04. Fuja do lugar-comumFrases feitas e expressões cristalizadas: “a pureza das crianças”, “a sabedoria dos

mais velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios da linguagem oral devem ser evitados, bem como o uso de “etc.” e as abreviações.

05. Expressões que indicam juízo de valorEvite expressões como “belo”, “bom”, “mau”, “incrível”, “péssimo”, “triste”,“pobre”,

“rico” etc.; são juízos de valor sem carga informativa, são imprecisas e subjetivas.

06. Interrupção da feitura do textoInterrompa a atividade redacional por alguns instantes. Ocupe-se com outras

tarefas, assim, você desvia um pouco a atenção do texto e evita que erros passem despercebidos.

07. Revisão e acabamentoFaça uma minuciosa revisão do rascunho e as devidas correções;

08. Versão definitivaAgora, passe a limpo para a versão definitiva, com calma e muito cuidado!

Page 54: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009§ões da Linguagem …..... Conotação e Denotação..... Capítulo 02 Barreiras à comunicação I..... Esta obra visa facilitar o entendimento

REFERÊNCIAShttp://educacao.uol.com.br/portugues/hifen-palavras-compostas.jhtm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Predica%C3%A7%C3%A3o_verbal

CARVALHO, Marlene. Guia prático do alfabetizador. 5 ed. Rio de Janeiro: Ática, 2007.

DACANAL, José Hildebrando. Linguagem, Pode e Ensino da Língua. 2ª ed. Porto

Alegre: Mercado Aberto, 1987.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 12.ed. São Paulo: Cortês, 1986.

GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. 3 ed. São Paulo: Scipione, 1995.

MAROTE, João Teodoro D´Olim & FERRO, Gláucia D’Olim Marote. Didática da Língua Portuguesa. 11 ed. São Paulo: Ática, 2002.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. 5ª ed. Campinas SP:

Mercado das Letras, 2000.