da escola pÚblica paranaense 2009 · imagem corporal, das funções cognitivas e de...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA COMO COMPONENTE DA
VALORIZAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO DA PRÁTICA DE ATIVIDADES
FÍSICAS ,NA ADOLESCÊNCIA
Angela Maria Oltramari1
Arestides Pereira da Silva Júnior2
Resumo
Ciente da necessidade e importância da prática de atividades físicas durante a adolescência, este estudo objetivou apresentar os resultados de um projeto de intervenção realizado nas aulas de Educação Física sobre a importância da prática regular de atividades físicas na adolescência. O referido projeto faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e foi desenvolvido com alunos da 7ª série do Ensino Fundamental da Escola Estadual Cristo Redentor, de Nova Prata do Iguaçu, Paraná. Para tanto, inicialmente os alunos foram entrevistados com a aplicação de um questionário de diagnóstico sobre os conhecimentos da prática de atividades físicas, saúde, qualidade de vida e hábitos alimentares, sendo que este foi composto por 21 perguntas fechadas. Após o diagnóstico, foram desenvolvidas as atividades planejadas e estruturadas para a implementação através da Unidade Didática. Ao final do desenvolvimento do projeto, foi aplicado um segundo questionário que teve como objetivo principal realizar uma avaliação sobre as ações realizadas, o mesmo foi composto por 7 perguntas fechadas e abertas. Os resultados do estudo evidenciam que o projeto de intervenção realizado contribuiu de forma efetiva para a conscientização dos alunos sobre a prática de atividade física regular, alimentação adequada e hábitos de vida saudáveis que contribuirão para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida dos escolares.
Palavras-chave: Adolescência; Atividade física; Saúde; Alimentação saudável; Doenças.
Abstract
Aware of the need and importance of physical activity during adolescence, this study aims to present the results of an intervention project conducted in physical education
1 Professora de Educação Física da rede pública do Estado do Paraná, integrante do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional.2 Professor Orientador PDE. Mestre em Educação Física (USJT). Docente do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).
classes about the importance of regular physical activity during adolescence. This project is part of the Educational Development Program (EDP) was developed with students in the 7th grade on Escola Estadual Cristo Redentor, de Nova Prata do Iguaçu, Paraná. To this end, initially the students were interviewed with the application of a diagnostic questionnaire on knowledge of physical activity, health, quality of life and eating habits, and this was composed of 21 closed questions. After diagnosis, the planned activities were developed and structured approach to implementation through the Unit Curriculum. At the end of the project development, was administered a questionnaire that aimed at providing an assessment of the actions undertaken, it was composed of seven closed and open questions. The study results show that the intervention project carried out effectively contributed to the awareness of students about the practice of regular physical activity, proper nutrition and healthy lifestyle habits that contribute to health promotion and improved quality of life of the school.
Key-words: Adolescence; Physical activity; Health; Healthy eating; Disease.
Introdução
A adolescência é o período que se prolonga, aproximadamente dos 12 anos
até o final da segunda década de vida e que se caracteriza pela transição entre a
infância e a vida adulta (PAPALIA; OLDS, 2000). É um processo de construção de
temas fundamentais que irão permear a vida adulta, caracterizado por diversas
alterações no nível, físico, mental e social e pela aquisição de características e
competências que capacitem o sujeito a assumir os deveres e papéis sociais do
adulto (FIERRO, 1995).
Segundo Farinatti (1995) a adolescência, também é um dos momentos mais
críticos para o interesse da prática de atividade física. Nesta fase a atividade física
ganha importância para o bem-estar e a e a qualidade de vida destes indivíduos.
A prática regular de atividades físicas poderá proporcionar inúmeros
benefícios aos adolescentes, como: diminuição da gordura corporal; o incremento da
força e da massa muscular; da densidade óssea e da flexibilidade; o aumento do
volume sistólico; a melhora da sensibilidade à insulina; a diminuição da frequência
cardíaca; a melhoria na qualidade de vida e saúde. Matsudo e Matsudo (2000, p. 26)
afirmam que a “atividade física atua na melhoria da auto estima, do auto conceito, da
imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do
estresse e da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos”.
Saraiva (1999) afirma que o ensino e a prática da Educação Física
proporciona aos adolescentes uma oportunidade de terem em suas vidas e no seu
cotidiano a prática de atividades físicas. Essa oportunidade gera um favorecimento
na aquisição de uma união entre os alunos, um incentivo a uma competição sadia e
desta forma proporciona uma aparente melhoria de vida.
Assim, o papel que a Educação Física possui é atualmente reconhecido e
respeitado, de forma que pode e deve desempenhar importância vital na formação
global de qualquer criança, adolescente ou adulto e ainda na criação de hábitos que
conduzam a uma prática saudável no domínio das atividades físicas (RANGEL-
BETTI, 1997).
Deste modo, de acordo com Ferreira (2002, p. 41) “[...] cumpre a Educação
Física escolar criar nos alunos o prazer e o gosto pelo exercício, e pelo desporto, de
forma a levá-los a adotar um estilo de vida saudável.”
Para tanto, o professor de Educação Física deve criar um ambiente
favorável à prática da atividade física na escola. Conforme Martins Junior (2000,
p.115-116) o professor.
[...] é um elemento importante para que a Educação Física Escolar seja mais interessante ao seu aluno, além de ser um conscientizador para que este, ao ultrapassar as fronteiras da escola, continue a praticar uma atividade física no seu lar, na vizinhança e em outros setores da comunidade.
Diante do exposto, o presente estudo objetivou apresentar os resultados de
um projeto de intervenção realizado nas aulas de Educação Física sobre a
importância da prática regular de atividades físicas na adolescência. O referido
projeto faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e foi
desenvolvido com alunos da 7ª série do Ensino Fundamental da Escola Estadual
Cristo Redentor, de Nova Prata do Iguaçu, Paraná.
Fundamentação Teórica
Atividade física é toda e qualquer movimentação diária de um indivíduo, seja
na atuação profissional, nos afazeres domésticos, no lazer, nos trabalhos manuais e
outros, já exercício físico, é atividade física de forma orientada e sistematizada, que
vai propiciar ao indivíduo à melhora na condição para que ele consiga desenvolver
suas atividades diárias (POGERE, 1998).
Segundo Costa (1997) a atividade física regula a redução do peso e altera a
composição do organismo, estimula o consumo calórico, aumenta a ventilação
pulmonar, diminui a pressão arterial, melhora da sensibilidade à insulina dentre
outros benefícios.
Um programa de atividade física orientado e elaborado segundo as
necessidades de cada indivíduo pode trazer melhora significativa na saúde global do
indivíduo, contribuindo para sua estética corporal e proporcionando um aumento na
qualidade e na expectativa de vida do indivíduo.
Neste mesmo contexto tem-se a opinião de Guedes e Guedes (1995),
afirmando que a prática de atividade física, além de promover a saúde, influencia na
reabilitação de determinadas doenças relacionadas ao aumento dos índices de
morbidade e da mortalidade. Os autores entendem que existe uma inter-relação
entre a atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam mutuamente,
à medida que a prática da atividade física influencia e é influenciada pelos índices de
aptidão física, as quais determinam e são determinados pelo estado de saúde.
Referente ao lado psicológico dos benefícios trazidos pelas atividades
físicas pode ser apresentado os estudos de Matsudo e Matsudo (2000, p. 26)
quando afirmam que a “atividade física atua na melhoria da auto-estima, do auto-
conceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na
diminuição do estresse, da ansiedade e na diminuição do consumo de
medicamentos”. De acordo com Nieman (1999), a atividade física regular melhora o
equilíbrio psicológico e o humor, especialmente quando o exercício é regular e a
longo prazo e o humor é desfavorável no início.
Para os adolescentes, há evidências de que a atividade física traz
“benefícios associados à saúde esquelética (conteúdo mineral e densidade óssea) e
ao controle da pressão sanguínea e da obesidade” (TASSITANO et al, 2007, p. 55).
Também, ressalta-se que a atividade física quando iniciada na adolescência, torna-
se mais estável ao longo da vida adulta e é uma alternativa relevante para melhorar
a qualidade de vida e evitar as doenças associadas ao sedentarismo.
Inclusive, Oehlschlaeger et al (2010, p. 3) observam que a prevalência de
sedentarismo na adolescência é fator de risco para inúmeras doenças nessa fase e
o risco, com a idade, aumenta. Neste sentido, ressalta-se que a “prática regular de
atividade física apresenta uma relação inversa com risco de doenças crônico
degenerativas e tem um efeito positivo na qualidade de vida e em outras variáveis
psicológicas” e contribui para a melhoria na qualidade de vida. O sedentarismo é
uma dos principais causas do aumento da incidência de várias doenças, tais como
hipertensão arterial, diabetes, depressão, obesidade (BARROS NETO, 2010).
Sobre a obesidade, vale destacar que um dos métodos que indica se um
adulto está acima do peso, se está obeso ou abaixo do peso considerado saudável é
o Índice de Massa Corporal (IMC). De acordo com Simão (2004, p. 89) o IMC é um
dos métodos mais aceitos e utilizados na prática para a determinação da gordura
corporal, lembrando que perde a confiabilidade quando empregado em atletas com
grande massa muscular. O IMC é calculado dividindo-se a massa corporal (peso)
pelo quadrado da estatura (kg/m²). Leite (1996, p. 18) classifica a gordura corporal
como apresentado a seguir:
- Baixo peso IMC IMC <20- Normal IMC entre 20-24,9- Obesidade leve ou grau I IMC entre 25-29,9- Obesidade moderada ou grau II IMC entre 30-39,9- Obesidade grave ou grau III IMC >40
Assim, de acordo com a Organização Mundial Da Saúde (1988), são
consideradas obesas pessoas adultas que possuem IMC - Índice de Massa Corporal
- maior do que 30 Kg/m².
No caso de adolescentes o uso do IMC tem limitações, pois estes indivíduos
estão em fase de crescimento e isso poderá levar a uma conclusão incorreta sobre o
seu verdadeiro estado, se utilizada a fórmula básica do IMC. Por isso, segundo
Fontes (2010) depois que o IMC é calculado para crianças e adolescentes ele deve
ser plotado no diagrama de IMC para idade de meninos ou meninas para obter uma
classificação percentil. O percentil indica a posição relativa do IMC da criança ou
adolescente em relação a outras crianças e adolescentes do mesmo sexo e idade. O
diagrama mostra as categorias de classificação de peso para crianças e
adolescentes3. Considera-se que os adolescentes estão com risco de sobrepeso
quando o IMC for > P85 e < P95, e com sobrepeso quando o IMC > P95, devendo
sempre ser levado em consideração o sexo e a idade.
De acordo com Sigulem et al. (2000, p. 07) a obesidade pode ser
conceituada como uma condição de acúmulo excessivo de gordura no organismo.
De uma forma mais completa Guedes e Guedes (1995) explicam e diferenciam
obesidade de sobrepeso. Apesar de serem dois termos distintos, eles estão
relacionados. O sobrepeso é o aumento excessivo do peso corporal total, o que
pode ocorrer devido as modificações em apenas um de seus constituintes (gordura,
músculo, osso e água) ou em seu conjunto. Porém, a obesidade refere-se ao
aumento na quantidade generalizada ou localizada da gordura (do tecido adiposo)
em relação ao peso corporal, associando elevados riscos à saúde.
No mesmo sentido, segundo Mcardle e Katch (1996), o excesso de peso é
entendido como aquela condição onde o peso do indivíduo ultrapassa ao da média
da população, determinada segundo o sexo, a altura e o tipo de compleição física. A
obesidade é determinada como um acúmulo excessivo de gordura corporal. Esses
fatores desenvolvem-se frequentemente na infância e uma vez instalada a
obesidade a criança geralmente não consegue livrar-se deste problema, a gordura
excessiva também se desenvolve na fase adulta entre os 25 e os 44 anos sendo
este o período de maior acúmulo de gordura.
A obesidade refere-se, assim, ao aumento na quantidade generalizada ou
localizada de gordura corporal em relação ao peso corporal, associado a elevados
riscos à saúde. Frequentemente esse acúmulo de gordura promove um aumento no
peso corporal, o que justifica o fato de muitos indivíduos com sobrepeso também
serem obesos.
Com relação aos fatores associados a um aumento da gordura corporal
Ledoux (1985) cita as causas possíveis da obesidade como sendo de origem
genética, de origem hipotalâmica, de origem nervosa central (outra que não a
hipotalâmica), de origem endócrina, por pressões sociais e culturais, por
desequilíbrios psicológico e pela inatividade física.
3 Para análise dos resultados pode-se utilizar como parâmetro as dados expressos nas Tabelas 1 e 2 em anexo.
Para Burton (1979), a obesidade pode ser causada por uma ingestão
calórica elevada diante de uma saída constante de energia ou, ainda, por um
decréscimo no gasto energético diante de uma ingestão calórica constante, ou
ainda, por qualquer variação de ambos provocado por um excesso calórico. Uma
pessoa não precisa ingerir uma grande quantidade de alimentos para ter um balanço
calórico positivo; os requisitos calóricos individuais variam de pessoa para pessoa,
sendo possível, para uma pessoa de baixo índice metabólico, pequena estrutura, de
vida sedentária apresentar um balanço calórico positivo com uma ingestão alimentar
aparentemente moderada. O fato importante é que pequeno acréscimo calórico por
um período prolongado pode resultar em acentuada obesidade.
O tratamento da obesidade deve ser considerado como um projeto de longo
alcance. O objetivo imediato do tratamento é reverter o estado de excesso calórico e
conseguir um balanço calórico negativo. Uma deficiência calórica força o organismo
a metabolizar matérias endógenas, a fim de conseguir a energia necessária para
suas atividades vitais. (BURTON, 1979).
O sucesso da alimentação depende do cumprimento de normas básicas em
relação ao indivíduo e ao alimento. Em relação ao indivíduo deve atender as
exigências nutricionais; adequação da alimentação ao indivíduo; aceitabilidade dos
alimentos, educação alimentar; exclusão dos erros alimentares e capacidade de
aquisição dos alimentos. Em relação ao alimento diz respeito a disponibilidade de
alimentos no mercado; o aproveitamento deles na preparação e consumo; satisfazer
os hábitos alimentares de cada indivíduo e; adequar-se às leis da alimentação
(EVANGELISTA, 2001).
A alimentação saudável é uma grande aliada para se viver com qualidade de
vida. As dietas saudáveis são aquelas que contêm quantidades de nutrientes
essenciais e calorias imprescindíveis para prevenir deficiências e abusos
nutricionais, fornecer equilíbrio correto entre carboidratos, lipídeos, proteínas,
vitaminas e minerais (MARTINS; ABREU, 1997). As proteínas, os carboidratos e os
lipídeos são macronutrientes responsáveis pela construção e manutenção do
organismo. Já os minerais e as vitaminas atuam no funcionamento normal do corpo.
A maioria das pessoas tem dificuldades em definir o que venha a ser uma
alimentação saudável e equilibrada, quais as quantidades e tipos de alimentos a
serem consumidos. Por isso, diversos estudos foram desenvolvidos voltados a
melhor maneira de informar a população sobre dieta alimentar a ser seguida para se
ter uma alimentação saudável. Neste contexto, surgiu a Pirâmide Alimentar, a qual
serve para indicar a necessidade de se consumir alimentos variados, com um
número reduzido de gorduras saturadas e colesterol, ingestão de mais frutas,
verduras, legumes e grãos, bem como, o consumo moderado de açúcar, sal e
bebidas alcoólicas. Enfim, é necessário alcançar as necessidades calóricas e
nutricionais utilizando alimentos do cotidiano. (PIRÂMIDE ALIMENTAR, 2009).
Lembrando, que, os alimentos considerados saudáveis se caracterizam por
oferecer vários benefícios à saúde, além do seu valor nutritivo inerente à
composição química, proporcionando benefícios para a prevenção e tratamento de
doenças. Atualmente, sabe-se que os alimentos naturalmente já contem substâncias
químicas que demonstram ter outras funções específicas, promotoras de saúde
(NEUMANN; ABREU; TORRES, 2000). Assim, uma alimentação saudável aliada a
atividade física, contribui, sobremaneira, para saúde e a qualidade de vida dos
indivíduos.
Aliado a uma alimentação saudável, a busca da qualidade de vida e controle
da obesidade se dá através da atividade física. Biazussi (2010) afirma que a prática
regular de atividades físicas é um relevante fator de controle e prevenção da
obesidade. Acrescenta a autora que um programa de atividade física é
eficientemente mais favorecido quando engloba conjuntamente exercícios aeróbios
e anaeróbios, neste sentido, “um minimiza as pequenas deficiências do outro (em
relação ao metabolismo de gordura), e os resultados são substancialmente
melhores”. (p. 1)
Portanto, a atividade física é uma ferramenta importante na prevenção,
manutenção e perda de peso, pois além de acelerar o metabolismo e queimar mais
calorias do que em repouso, ainda mantém e/ou aumenta os tecidos magros do
corpo, exigindo assim, mais alimentos para si, evitando que o mesmo se acumule
em gordura. (SANTARÉM, 1997).
Metodologia
Caracterização da pesquisa
Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva. Este tipo de pesquisa
segundo Rauber (2003) tem por objetivo expor as características de uma
determinada população ou fenômeno, de forma a estabelecer uma correlação entre
as variáveis para então definir sua natureza. Este tipo de pesquisa fornece ao
pesquisador dados sobre as características do grupo pesquisado.
População e amostra
A população do presente estudo constituiu-se por adolescentes, de ambos
os sexos e de idades que variavam entre 12 (doze) a 14 (quatorze) anos
matriculados na 7ª séries do Ensino Fundamental da Escola Estadual Cristo
Redentor, de Nova Prata do Iguaçu, Paraná.
A amostra foi composta por 29 (vinte e nove) alunos, sendo 17 do sexo
masculino e 12 do sexo feminino, da 7ª do Ensino Fundamental da Escola Estadual
Cristo Redentor, de Nova Prata do Iguaçu, Paraná.
O projeto de intervenção
Este projeto realizou-se no período de junho a dezembro de 2010 na escola
anteriormente referida. Inicialmente o projeto foi apresentado à direção da Escola e
aos professores em uma reunião previamente agendada realizada na primeira
semana do mês de junho.
Na segunda semana de junho, em sala de aula, aplicou-se o Questionário 1
aos alunos da 7ª série visando diagnosticar o conhecimento prévio e a percepção
destes em relação ao tema em estudo. Nesta etapa toda a amostra de pesquisa (29
alunos) responderam o questionário.
Após a aplicação do questionário de intervenção foram apresentados aos
alunos, o estudo (leitura e debates) e as atividades teóricas e práticas da Unidade
Didática a serem desenvolvidas nas aulas de Educação Física, as quais foram
aplicadas no período de julho a novembro de 2010. As atividades aplicadas estão
resumidas a seguir:
Desenvolvimento de questionamentos que possibilitem a compreensão da
atividade física, tais como: Para você o que é ter saúde? Você têm hábito
de praticar atividades físicas? Quais? O que você pensa sobre o
sedentarismo?, dentre outras.
Solicitou-se aos alunos para fazer uma análise das atividades que
realizam no período de uma semana e refletir sobre sua qualidade de vida,
em relação ao ambiente, ao relacionamento com as pessoas às atividades
físicas e as suas condições psicológicas.
Requereu-se aos alunos para realizar uma pesquisa na internet sobre as
doenças existentes que são causadas por influencia do sedentarismo. E
pesquisar na família pessoas que tenham uma doença associada ao
sedentarismo e apresentar em sala de aula.
Foram promovidas gincanas relacionadas a hábitos saudáveis e atividades
físicas. (Atividade Prática)
Estas atividades foram realizadas com os alunos nas aulas de Educação
Física, em sala, no saguão e demais dependências da Escola, conforme a
necessidade de espaço de cada atividade.
Finalizada a aplicação das atividades da unidade didática, na última semana
mês de novembro de 2010 aplicou o Questionário 2 – de avaliação - para verificar
se os objetivos do projeto foram atingidos ou não.
Instrumento de coleta de dados
No desenvolvimento do projeto de intervenção foram utilizados dois
questionários. O questionário segundo Martins (2007), é uma técnica de
investigação composta por um número mais ou menos considerável de questões
apresentadas por escrito às pessoas, e que tem por objetivo propiciar determinado
conhecimento ao pesquisador. O autor ainda coloca que é uma técnica quantitativa
de pesquisa, pois possibilita a organização dos resultados por categoria e também
os resultados em percentagens.
O primeiro questionário foi aplicado com os alunos antes da aplicação das
atividades da Unidade Didática e com o objetivo de verificar os conhecimentos sobre
prática de atividades físicas, saúde, qualidade de vida e hábitos alimentares, sendo
que este foi composto por 21 perguntas fechadas. O segundo questionário foi
aplicado após execução das atividades do projeto e teve como objetivo principal
realizar uma avaliação sobre as ações do projeto, o mesmo foi composto por 7
perguntas fechadas e abertas.
Procedimentos de coleta
O Questionário 1 foi aplicado em sala de aula, na última semana do mês de
junho de 2010, sem aviso prévio aos alunos e antes de serem abordados quaisquer
assuntos ligados à atividade física na adolescência. Para isso foi utilizada uma aula.
Em seguida, nos mês de julho a novembro, foi trabalhada a unidade
didática, na teoria e na prática. Foram discutidos em sala os temas propostos na
unidade e aplicadas atividades práticas, conforme descritas no projeto de
intervenção.
E após o estudo da unidade didática, na última semana do mês de
novembro de 2010 foi aplicado o Questionário 2 para avaliar a efetividade do projeto
junto aos alunos.
Análise dos resultados
Os dados coletados foram categorizados e organizados quantitativamente
através de porcentagem e apresentados de forma descritiva confrontando os
resultados com o referencial teórico específico. Além disso, os trechos das respostas
qualitativas que merecerem destaque serão apresentados e discutidos.
Resultados e discussão
A qualidade de vida, segundo Nahas (2001) é uma percepção individual,
relativa às condições de saúde e aspectos gerais da vida pessoal. É a inter-relação,
mais ou menos harmoniosa dos fatores que moldam o cotidiano como parâmetros
individuais, socioculturais e ambientais.
A atividade física é um fator de grande importância para o bem-estar e a
qualidade de vida das pessoas. Matsudo et al (2000) cita como principais benefícios
da prática da atividade física a melhoria na qualidade de vida e saúde,
especialmente, diminuição da gordura corporal, o incremento da força e da massa
muscular, da densidade óssea e da flexibilidade, o aumento do volume sistólico, a
melhora da sensibilidade à insulina e a diminuição da freqüência cardíaca dentre
outros.
Ressalta-se ainda, que a atividade física, para os adolescentes contribui
para o desenvolvimento global e harmonioso, “nas facetas física, intelectual,
emocional e social, assim como para a sua formação cívica (PRATICA, 2009).
Por isso, os adolescentes devem ser instigados à prática de atividade física.
Neste contexto é que se desenvolveu o presente estudo, cujos resultados são
apresentados a seguir:
a) Questionário de Intervenção
A pergunta 1 foi verificar se os alunos se sentiam saudáveis. Os resultados
da coleta apontaram que 62% dos alunos pesquisados indicou que sim, 34% as
vezes e 4% não se sentiam saudáveis. É evidente que uma das grandes
importâncias das atividades físicas e como consequência natural do seu uso
adequado, surge uma vida saudável (NAHAS, 2001).
A pergunta 2 procurou levantar se os alunos tinham disposição e vigor. Os
resultados evidenciam que 49% dos alunos afirmaram que sempre têm disposição e
vigor, 44% disseram que às vezes têm e 7% afirmaram que não têm disposição.
Neste sentido, cabe ressaltar que, segundo Guedes e Guedes (1995) a
atividade física desperta a aptidão física elevando a disposição e o vigor do
praticante. De acordo com Nieman (1999) essa aptidão física é um estado de
constante energia e vitalidade, que fornece ao ser humano uma capacidade para
executar as demais atividades diárias, sem grande esforços e sentindo prazer nas
mesmas.
Através da pergunta 3 questionou-se os alunos se tiveram alguma alteração
de peso recentemente e 72% dos pesquisados informaram que não tiveram
nenhuma variação, 28% afirmaram que sim.
A variação pode implicar tanto o aumento como a diminuição do peso. Cabe
destacar que segundo Guedes e Guedes (1995), a composição do corpo humano
pode ser dividida de maneira bem simplificada, em gordura e massa magra. Fazem
parte da massa magra: massa de células corporais (músculos, vísceras e o sistema
imunológico) e o tecido conjuntivo intercelular (ossos, ligamentos, tendões, água
extracelular e vários tecidos conjuntivos) e a massa gorda é composta de células
adiposas subcutâneas e viscerais e seu conteúdo de gordura.
A pergunta 4 indagou os alunos sobre o peso, 70% dos alunos afirmaram
que se sentem satisfeitos com seu peso e 30% destacaram que não. Assim, é
oportuno mencionar que segundo Biazussi (2010) a prática regular de atividades
físicas é um relevante fator de controle do peso. A redução de gordura corporal é
estimulada tanto nas atividades aeróbicas quanto nas anaeróbicas.
Além do mais, a atividade física pode modificar a composição corporal,
influenciando o processo metabólico de transporte, utilização e armazenamento de
substâncias energéticas. As modificações estruturais mais comuns decorrentes da
prática regular de exercícios incluem aumento na densidade óssea e da massa
muscular, e redução dos depósitos de gordura (NAHAS, 2001).
Neste sentido, Lazzoli et al (2011) afirma que:
Em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para melhorar o perfil lipídico e metabólico e reduzir a prevalência de obesidade. Ainda, é mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo. Em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para melhorar o perfil lipídico e metabólico e
reduzir a prevalência de obesidade. Ainda, é mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo.
Também, na pergunta 5 questionou-se aos alunos, como se sentiam em
relação à si mesmo e 55% dos pesquisados disseram que estão satisfeitos com o
próprio corpo, 31% demonstraram-se seguros, 7% inseguros, 7% não souberam
responder.
Vale destacar que “o conceito de imagem corporal é a relação entre o corpo
de uma pessoa e os seus processos cognitivos, relação que altera crenças, valores
e atitudes. Esta percepção é desenvolvida através de sua interação com o meio
ambiente” (MALDONADO, 2006, p. 67).
Segundo Leite (1983, p. 25) o “resultado obtido com um mínimo de
exercícios é grande e os benefícios incalculáveis [...]. Talvez o maior benefício de
manter uma boa forma física seja o grau de independência que ela proporciona.
Pessoas fisicamente capazes, em geral têm um sentimento positivo sobre si
mesmas”. Dentro desta perspectiva, a atividade física funciona como meio de
obtenção da melhoria da qualidade de vida.
A pergunta 6 questionou sobre os cuidados com a alimentação e 40% dos
alunos pesquisados afirmaram que cuidam da alimentação e mantêm uma dieta
saudável, 50% somente às vezes, e 10% responderam que não tem cuidado algum.
Sá (1989) afirma que para garantir uma vida saudável, longevidade, disposição e
melhor aparência todo o indivíduo necessita de uma alimentação nutritiva, saudável
e bem preparada.
A alimentação saudável deve atender suas necessidades orgânicas em seus
valores quantitativos e qualitativos, promover o crescimento, aumento e manutenção
do peso e estatura do homem, assim como aptidões para atividades de trabalho e
disposição espiritual. (EVANGELISTA, 2001).
A pergunta 7 procurou verificar como os alunos se sentem quando comem.
Os resultados evidenciam que 69% dos alunos responderam que se sentem
satisfeitos, 10% que nunca pensaram nisso, 7% que se arrependem depois da
refeição, 7% que pensam que poderiam ter comido algo a mais e 7% que deveriam
substitui refeições por lanches.
De acordo com Maldonado (2006, p. 67) o adolescente tem uma dificuldade,
normalmente, em assimilar a sua imagem corporal, pois neste período da vida
ocorrem grandes modificações psicológicas e físicas.
A pergunta 8 procurou levantar se os alunos se sentem satisfeitos com sua
imagem corporal. Os resultados da pesquisa mostram que 97% dos alunos estão
satisfeitos com sua imagem corporal e 3% não estão.
Neste sentido, afirma Biazussi (2010) que a prática regular de atividades
físicas auxilia no autoconhecimento corporal, provoca alterações positivas na
imagem corporal, controlando o peso e reduzindo a obesidade.
A pergunta 9 indagou se os alunos receberam informação sobre a
importância e os benefícios da prática de atividades físicas, 97% dos alunos
pesquisados afirmaram que já receberam alguma informação sobre o assunto, e 3%
que nunca receberam informações sobre esta questão.
A questão 10 tratava quanto a origem da informação recebida. Dos alunos
que responderam ter recebido informação sobre a importância e os benefícios da
prática de atividades físicas regulares para a saúde, 41% afirmaram que a Escola
repassou as informações, 38% a mídia e 21% a família. Isso ressalta a importância
da Escola na conscientização dos adolescentes quanto a prática de atividades
físicas regulares.
Na questão 11 foi verificado se a família possui o hábito de praticar
atividades físicas, 62% dos alunos responderam que alguns membros da família têm
o hábito de praticar atividades físicas regulares, 24% que todos praticam e 14% que
não praticam.
Na questão 12 abordou-se sobre o conhecimento da distância entre a casa e
a escola, 52% dos alunos responderam que sabem a distância e 48% afirmaram que
não tem noção sobre a distância.
A pergunta 13 questiona quanto ao número de vezes por semana que os
alunos vão e voltam da escola caminhando. O resultado do levantamento mostra
que 58% dos alunos afirmaram que todos os dias da semana vão e voltam da escola
caminhando, 14% de 3 a 1 vezes, 7% 4 vezes, 7% mais de duas vezes e 14%
nenhuma vez por semana.
Já a pergunta 14 verificou a frequência das aulas de Educação Física. Neste
sentido, vale destacar que 100% dos alunos pesquisados afirmaram que participam
ativamente das aulas de Educação Física. Assim, pode-se afirmar que, segundo,
Saraiva (1999) a prática da Educação Física proporciona à crianças e adolescentes,
uma oportunidade de terem em suas vidas e no seu cotidiano a prática de atividades
físicas. Essa oportunidade gera um favorecimento na aquisição de uma união entre
os alunos, um incentivo a uma competição sadia e desta forma proporciona uma
aparente melhoria de vida.
A pergunta 15 refere-se à frequência da prática de atividades físicas. Os
resultados da pesquisa evidenciam que 76% dos pesquisados responderam que
praticam 3 vezes por semana, 21% somente nas aulas de Educação Física e 3%
uma vez por semana. Destaca-se aqui o interesse dos alunos para com a atividade
física frequente. Mcardle e Katch (1996) indicam a prática de atividades físicas
regulares como fator determinante da melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Portanto, os alunos estão trilhando um caminho para melhoria da qualidade de vida
com a regularidade na prática de atividade física. Também, ressalta-se que a
atividade física quando iniciada na adolescência, torna-se mais estável ao longo da
vida adulta.
A pergunta 16 questionou sobre o IMC. Constatou-se que 69% dos
pesquisados consideram que possuem seu IMC normal e 31% acham que está fora
dos padrões considerados normais.
Já a questão 17 abordou a questão da ansiedade. Questionados se
consideram ansiosos no dia-a-dia, 65% dos alunos afirmam que sim e 35% que não.
Na questão 18 verificou-se as ações adotadas para minimizar a ansiedade.
Dos alunos que se consideram ansiosos, 43% procuram reduzir a ansiedade através
do esporte, 30% através do lazer e 27% indicaram outros, sem mencionar o tipo.
Importa destacar que a atividade física promove uma redução significativa no estado
de ansiedade e suas medidas fisiológicas correlacionadas. De acordo com
Petruzzello (1991 apud BECKER JR, 2004), examinando o estado de ansiedade
afirma que não há dúvida de que a atividade física é associada com uma redução
desta medida, de acordo com idade, sexo e modelo de saúde mental. Um exercício
aeróbico, por exemplo, é suficiente para reduzir a ansiedade dos indivíduos
ansiosos. Para produzir um efeito calmante o exercício deve ser rítmica, como
caminhar, correr, saltar sobre obstáculos, ou de bicicleta, mantendo uma duração de
50-30 minutos a uma intensidade de 30-60% do máximo permitido ao sujeito.
A questão 19 questionou sobre o tipo de esporte que mais gostam de
praticar. Neste sentido, 49% citaram jogar vôlei, basquetebol, futebol, futsal,
handebol 32% caminhada, corrida, andar de bicicleta, 10% esportes em escolhinhas,
3% natação e 6% indicaram outros esportes, mas não citaram qual. Observa-se que
a grande preferência dos alunos é pelos esportes coletivos, normalmente, os mais
praticados nas aulas de Educação Física.
A questão 20 levantou o que os alunos gostam de fazer nas horas vagas, os
resultados do levantamento evidenciam que 38% citaram ficar no computador, 17%
ajudar nos afazeres domésticos, 11% outro tipo de trabalho; 11% estudar, 3%
assistir televisão, 3% jogar videogame, 3% passear de bicicleta, andar à pé, 3%
dançar e 11% outros.
Na pergunta 21 questionou-se aos alunos se existia algum tipo de doença
presente em algum de seus familiares. Neste sentido, 45% dos alunos citaram que
nenhuma doença acometia seus familiares, 28% citaram diabetes, 3% hipertensão,
3% obesidade e 21% outras. É importante ressaltar que o sedentarismo é uma das
principais causas do aumento da incidência de várias doenças, tais como
hipertensão arterial, diabetes, depressão, obesidade dentre outras (BARROS NETO,
2010). Portanto, a atividade física é recomendada como um dos meios para controle
destas doenças.
Diante dos resultados da pesquisa pode-se constatar que os alunos
pesquisados já têm um conhecimento preliminar sobre alimentação saudável e
importância da prática de atividades físicas. E a aplicação da unidade didática não
só complementará tal conhecimento, como também, instiga estes adolescentes à
prática de atividades físicas.
b) Questionário de Avaliação
Após o estudo sobre a importância da prática de atividades físicas para a
saúde dos adolescentes os alunos responderam ao questionário final que teve como
objetivo principal verificar se o referido projeto de intervenção atingiu aos objetivos
propostos ou não.
A pergunta 1 questionou se houve participação ativa dos alunos nas
atividades desenvolvidas no projeto. Conforme relataram 89% dos pesquisados,
houve participação efetiva dos alunos envolvidos. Alguns alunos comentaram sobre
esta questão, justificando sua resposta:
- “Por que esse projeto foi muito bom para todos que gostam de cuidar do
corpo e saúde;”
- “Todos ajudaram, deram suas opiniões e aprenderam muito;”
- “Todos ficaram interessados no assunto.”
Somente 11% dos alunos pesquisados indicaram que não houve
participação ativa no projeto.
Na pergunta 2 abordou a importância do projeto na percepção dos alunos.
Deste modo, 100% dos entrevistados informaram que acharam muito importante o
projeto realizado. Alguns alunos justificaram suas respostas afirmando que:
- “Aprendi coisas interessantes pra evitar obesidade e sedentarismo;”
-“Pelo menos assim temos uma noção de como prevenir a obesidade,
desnutrição e cuidar da nossa saúde;”
- “Agora sabemos que é importante fazer atividades físicas;”
- “Muitas vezes eu não sabia a importância da atividade física;”
-“Sobre o sedentarismo é muito importante por falar das doenças que as
pessoas podem ter durante a vida;”
- “O projeto mostrou a importância da prática de atividades físicas;”
- “Pois nós aprendemos e vamos usar em nosso dia a dia.”
A pergunta 3 objetivou verificar se o projeto proporcionou um despertar de
interesse dos alunos em realizar atividades físicas em sua rotina diária. Os
resultados evidenciam que para 79% dos alunos participantes da pesquisa, o projeto
lhe proporcionou um despertar de interesse em realizar atividades físicas em sua
rotina diária. Neste sentido, os alunos comentaram:
- “Por que eu não quero ter um corpo feio e uma péssima saúde;”
-“Por que todo dia à tarde eu vou correr, me incentivou muito;”.
- “Agora pratico atividades regularmente;”
- “Me fez pensar a respeito da minha qualidade de vida e em que eu posso
melhorar;”
- “Me alertou para ter uma saúde boa, e cuidar do corpo evitando muitas
doenças;”
- “Pois posso viver melhor, tendo uma vida mais saudável;”
Já para 21% dos alunos o projeto não proporcionou um despertar de
interesse pelas atividades físicas. Isso porque, conforme relataram alguns alunos:
- “Por que eu já tinha esses hábitos;”
- “Eu aprendi, mas ainda não faço atividades físicas;”
- “Eu já praticava atividades físicas;”
Em relação a pergunta 4 questionou se as atividades realizadas motivaram
os alunos a aderir alguma prática de atividades em seu cotidiano. Também, para
79% dos alunos as atividades realizadas lhe motivaram a aderir alguma prática de
atividades físicas em seu cotidiano e para 21% não houve motivação.
As atividades destacadas pelos alunos foram: caminhada, andar de bicicleta,
corrida e futebol.
Segundo Nahas (2001) a motivação para a prática regular de atividade física
é resultado da interação de diversas variáveis, tais como: psicológicas, sociais,
ambientais. Assim, tanto a motivação pode vir internamente do adolescente, como
do ambiente da relações deste com a família e amigos.
De acordo com Cid (2009) em pesquisa realizadas por outros
pesquisadores, os adolescentes revelam motivos semelhantes no envolvimento na
prática de atividade física como evidenciam os principais resultados de alguns
estudos realizados com jovens no âmbito das motivações para a prática desportiva
descritos no quadro 1:
AUTORES ANO AMOSTRA MOTIVOS MAIS IMPORTANTES
MOTIVOS MENOS IMPORTANTES
Serpa 1992 Jovens dos 10 aos 15 anos
Entrar em forma Melhorar capacidadesFazer amizades
Pretexto para sair de casa Ser importanteTer prestigio
Rego 1995 Jovens dos 10 aos 16 anos
Estar em formaFazer amizadesDivertimento
Pretexto para sair de casa Ser conhecidoTer prestigio
Dias 1995 Jovens dos 10 aos 14 anos
Trabalhar em equipeTer atençãoEstar em forma
Ser conhecido Ter prestígioInfluencia dos pais
Pereira 1997 Jovens de 10 a 20 anos
Estar em formaFazer amizadesDivertimento
Ser conhecido Pretexto para sair de casaDescarregar energias
Quadro 1 - Resumo de alguns estudos realizados com jovens sobre a motivação
para a prática de atividade física (CID, 2009).
Como evidencia o quadro 1 existe um aspecto comum de razões que
determinam o envolvimento na prática de atividade física por parte dos jovens, que
seria o relacionamento com os amigos. Neste ponto, vai de encontro ao projeto de
intervenção aplicado aos alunos, pois as atividades propostas foram desenvolvidas
nas aulas de educação com todos os colegas da 7ª série pesquisada.
A pergunta 5 questionou os alunos sobre a importância do projeto realizado.
De acordo com os resultados 96% dos alunos pesquisados afirmaram que o projeto
os ajudou a conscientizar-se sobre a importância da prática regular de atividades
físicas para a manutenção da saúde e somente 4% da amostra disse que não teve
importância. Neste sentido vale destacar alguns comentários de alunos que
consideraram importante o projeto:
-“A prática de exercícios é fundamental em nossas vidas, para vivermos
melhor;”
- “Para no futuro não ter doenças e ter uma alimentação saudável;”
-“Na prevenção de doenças cardíacas, respiratórias e é claro, a obesidade,
consequência do sedentarismo combatido pela prática de atividades físicas;”
-“Ficar em forma com seu corpo e sua vida;”
-“Sim, pois se praticarmos atividades físicas teremos um corpo mais sarado e
teremos menos riscos de doenças;”
A pergunta 6 indagou se o projeto desenvolvido possibilitou maiores
conhecimentos sobre uma alimentação saudável. Também, para 89% dos alunos
pesquisados, o projeto trouxe maiores conhecimentos sobre uma alimentação
saudável. Neste sentido, alguns alunos comentaram:
- “Aprendi que devo evitar alimentos com muito açúcar;”
- “Comer frutas e verduras é importante;”
- “O que é bom ou o que tem que comer para ser uma boa alimentação;”
- “Não devemos comer coisas que não são saudáveis;”
- “Por que antes nós comíamos bobagens agora não;’
Para 11% o projeto não teve influência sobre o conhecimento de aspectos
relacionados com alimentação saudável.
Diante dos resultados, cabe destacar que os hábitos alimentares são
adquiridos desde os primeiros anos de vida, a criança tende a imitar os hábitos dos
adultos com quem convive diariamente, vários fatores como a influência da família,
informação na escola, costumes religiosos e culturais são impostos ao indivíduo, que
irá formar o seu próprio hábito alimentar (BURTON, 1979).
Finalmente a questão 7 questionou se o projeto fez com que o aluno
mudasse seus hábitos alimentares. Os resultados evidenciam que segundo 57% dos
alunos pesquisados o projeto fez que eles mudassem seus hábitos alimentares e
para 43% não teve influência. Sobre esta questão alguns alunos comentaram que o
projeto influenciou positivamente a mudança de hábitos alimentares:
- “Nos doces e refrigerantes para ter uma alimentação mais balanceada;”
-“Comer mais alimentos saudáveis, como verduras e legumes e de vez em
quando um docinho;”
- “Agora como mais verduras e menos alimentos industrializados com muitas
gorduras. Não gostava de salada, agora eu estou começando a comer e
gostar;”
Portanto, para a maioria dos alunos pesquisados, o projeto contribuiu para
que eles ficassem informados sobre alimentação saudável, cuidados com nossa
saúde e benefícios da prática de atividades físicas. O conhecimento destes aspectos
pode ser um indicador para a conscientização dos adolescentes quanto a
necessidade da prática regular de atividade física.
Diante dos resultados levantados pode-se afirmar que o projeto contribuiu,
sobremaneira, para o conhecimento e para a motivação dos alunos quanto à prática
de atividade física regular.
Considerações Finais
No contexto de construção de tendências que possam instigar os
adolescentes à prática de atividade física se inseriu o presente estudo, desenvolvido
com o objetivo de apresentar os resultados de um projeto de intervenção sobre a
importância da prática regular de atividades físicas na adolescência realizado nas
aulas de Educação Física com alunos da 7ª série do Ensino Fundamental da Escola
Estadual Cristo Redentor, de Nova Prata do Iguaçu, Paraná.
Constatou-se que os alunos tinham apenas uma noção básica sobre
alimentação saudável e importância da prática de atividade física. Após a aplicação
da unidade didática realizou-se um questionário de avaliação com os alunos e os
resultados do estudo comprovam que o projeto de intervenção contribuiu de forma
efetiva para a conscientização dos adolescentes sobre a prática de atividade física
regular, alimentação adequada e hábitos de vida saudáveis. Desta forma, as
informações foram fundamentais para a promoção da saúde e melhoria da qualidade
de vida dos alunos e, por conseguinte, dos seus próprios familiares, já que as
orientações apreendidas na escola podem ser partilhadas no seu meio social.
Com o desenvolvimento deste projeto de intervenção, ficou notória a
importância da disciplina de Educação Física para a formação dos alunos. Deste
modo, concluiu-se que o projeto de intervenção foi de total importância para o
esclarecimento, informação e conscientização dos alunos quanto aos benefícios da
atividade física para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida.
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