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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

ARTIGO PDE 2011: Avaliação na Educação Física Escolar: um relato de experiência com a ressignificação do processo avaliativo em conjunto com professores e alunos de um colégio estadual do município de São José dos Pinhais-PR.

Autor: Ronaldo Pazinatto1

Orientador: Sergio Roberto Chaves Junior2

RESUMO

A elaboração deste artigo tem como objetivo a reflexão e análise das práticas avaliativas na disciplina de Educação Física no âmbito escolar. Observamos a constante preocupação das ações dos Professores que carecem no dia-a-dia de novas discussões e encaminhamentos buscando diferentes olhares de uma pedagogia que promova a inclusão e que os processos e instrumentos discriminatórios sejam descartados, buscando dessa forma não utilizar critérios como o desempenho físico decorrente de um modelo baseado no esporte de alto rendimento no qual somente o exemplo seguido é do melhor desempenho. A avaliação do ensino é um processo de coletar e analisar dados a fim de determinar o grau em que as metas preestabelecidas foram atingidas e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes. Logo, não tem um fim em si mesma, e se constitui como um meio de auxiliar o processo de aprendizagem para averiguar ou mesmo detectar os avanços ou falhas, tanto dos alunos como também dos professores, de modo a corrigi-los. Em muitas escolas e, por conseqüência, nas aulas de Educação Física Escolar, verifica-se que, a avaliação é tida tanto para os alunos como para os professores, um ato de se cumprir a lei, atender as normas da escola e selecionar alunos para as competições esportivas. Palavras-Chave: Práticas avaliativas; Instrumentos discriminatórios; Desempenho; Processo de aprendizagem; Aulas de Educação Física.

ABSTRACT

The preparation of this article aims to reflection and analysis of assessment practices in physical education in schools. We observed the constant concern of the actions of teachers who lack the day-to-day discussions of new referrals and seeking different perspectives of a pedagogy that promotes inclusion and that the discriminatory 1 Professor licenciado em Educação Física pela UFPR. pós-graduado em educação infantil-IBPX. Diretor do Colégio Estadual Costa Viana - São José dos Pinhais PR. 2 Mestre em Educação (UFPR). Professor Assistente do Departamento de Teoria e Prática de Ensino (UFPR)

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processes and tools to be discarded, thereby seeking not use criteria such as performance due to a physical model based on high performance sport in which only followed the example is in the best performance. The evaluation of teaching is a process of collecting and analyzing data to determine the degree to which the preset goals were met and, hence, guide decision making in relation to the following educational activities. Therefore, not an end in itself and is constituted as a means of assisting the process of learning to see or even detect the progress or failures of both the students and also teachers in order to correct them. In many schools, and consequently, the lessons of physical education, it appears that the assessment is taken both for students and for teachers, an act to enforce the law, attend school rules and selecting students for sporting competitions. Key Words: evaluative practices; Instruments discriminatory; Performance; Learning process; physical education classes

1- INTRODUÇÃO

A avaliação do ensino-aprendizagem é um tema muito polêmico em todas as

áreas da educação. Na educação física, isso se torna ainda mais crítico pelo fato

dessa disciplina ainda buscar por um entendimento mais profundo e por se tratar de

uma área de conhecimento na qual teoria e prática estão ligadas diretamente com

seu desenvolvimento e sua aplicação. A avaliação é o processo pelo qual se atribui o valor ou o grau de importância

de determinado objeto, atributo ou atitude. De fato, muitos investigadores da área

pedagógica da educação física têm constatado que a avaliação da disciplina na

escola apresenta sérios comprometimentos negativos, seja de cunho ideológico ou

prático. Por ser uma exigência institucional, ela vem sendo praticada

constantemente, na maioria das vezes, por profissionais que não entendem a sua

necessidade, o seu significado e suas implicações (COSTA, 1992; SOARES et al,

1992).

Segundo as Diretrizes Curriculares de Educação Física do Estado do Paraná

(2008, p. 76), “a avaliação em Educação Física à luz dos paradigmas tradicionais,

como o da esportivização, desenvolvimento motor, psicomotricidade e da aptidão

física, é insuficiente para a compreensão do fenômeno educativo em uma

perspectiva mais abrangente”.

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Diante dessa realidade, buscamos um entendimento da prática avaliativa sob

a luz de uma teoria, na qual a formação do indivíduo seja concebida enquanto um

processo histórico e social. Como diz Duarte (2001, p. 64), ”quando o indivíduo

utiliza conhecimentos históricos para buscar compreender sua situação como

membro de uma classe social, está se relacionando conscientemente com sua

condição de classe.

Para Costa (op.cit, p.28),

"para que a avaliação em educação física tenha maior valor educativo, é necessário que os professores adquiram conhecimentos que possam ampliar sua visão de mundo de forma a ajudar os alunos a desenvolver habilidades, hábitos, convicções relevantes e necessárias para sua vivência e sucesso como indivíduo, como cidadão e como profissional."

A educação física precisa assumir efetivamente o seu papel e se

comprometer com a construção de uma escola voltada para a formação de cidadãos

críticos, capazes de tomar decisões conscientes a respeito de seu estilo de vida

individual e social.

Com base na visão citada, pode-se entender que o papel fundamental da

educação física é o desenvolvimento integral do ser humano. Assim amplia-se ainda

mais em responsabilidade social na medida em que as grandes transformações

sócio-econômicas se aceleram cada vez mais.

Nos dias atuais valoriza-se excessivamente a competição e a excelência, pois

os avanços científicos e tecnológicos definem exigências cada vez maiores para

todos. As incertezas da sociedade globalizada têm levado os jovens, cada vez mais

cedo, a tentar ingressar no mundo do trabalho e, ao mesmo tempo, manter-se na

escola, ampliando a demanda pelos cursos noturnos. Essa demanda impõe uma

revisão dos currículos, que orientam, ou que deveriam orientar o trabalho realizado

pelos professores de todas as áreas, especialmente os de educação física, pois o

perfil desse jovem é muito diferente do perfil de outros tempos.

Nesse contexto, a avaliação em educação física se configura como um dos

mais importantes instrumentos didático-pedagógicos para o alcance dos objetivos

amplos, imediatos, gerais e específicos. Assim teremos um entendimento mais claro

com o aprofundamento dos estudos e levantamento de dados que serão úteis para

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um melhor entendimento e desenvolvimento da disciplina. Para que isto ocorra é de

suma importância sabermos como vem sendo usada esta avaliação, quais seus

objetivos, quem são os sujeitos que podem contribuir para esta construção do saber.

1.1 AVALIAÇÕES NA ESCOLA.

A avaliação é praticada com a atribuição de qualidade aos resultados da

aprendizagem, ao avaliar o professor procura identificar as mais variadas

manifestações dos alunos. Esta qualidade configura na aprendizagem do aluno que

pode ser verificada e analisada através da coleta de dados a partir de um padrão

preestabelecido pela proposta pedagógica da disciplina de educação física.

A necessidade de buscar formas diferenciadas de ensino e avaliação, que

superem os modelos que, exerce papel e funções problemáticos para a educação

democrática que almejamos.

A partir dessa qualificação, é fundamental tomar uma decisão sobre as

condutas docentes e discentes a serem seguidas, tendo em vista o resgate imediato

da aprendizagem, ou mesmo o encaminhamento dos alunos para as etapas

subseqüentes.

Já nos casos onde a avaliação constatar que a aprendizagem foi atingida,

serão propostas novas metas dentro dos conteúdos programados. Muitas vezes as

notas são questionadas, pois a aprovação ou a reprovação dos alunos deveria dar-

se pela aprendizagem efetiva dos conhecimentos. Neste sentido, as Diretrizes

Curriculares de Educação Física do Estado do Paraná (2008), sugerem que, na

tomada das ações pedagógicas, haja uma aproximação da concepção materialista

histórica e dialética, buscando avaliações que estejam em consonância com as

pedagogias críticas da educação. Tais concepções devem estabelecer um papel

relevante na luta pela transformação das relações de dominação entre as classes

sociais.

De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008)

avaliação deve estar vinculada ao projeto político-pedagógico da escola,

considerando o comprometimento e envolvimento dos alunos no processo

pedagógico:

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Seguindo as orientações da mantenedora, as instituições de ensino devem

realizar a avaliação em consonância com o projeto político pedagógico da escola, ou

seja, o aluno deve ser avaliado de acordo com a proposta curricular aprovada,

bimestralmente, trimestralmente ou semestralmente, através de instrumento que

resulte em uma nota. Cada professor tem autonomia para avaliar dentro deste

critério, podendo utilizar provas escritas, práticas, trabalhos, apresentações e

participação nas aulas. Em alguns casos os professores utilizavam a freqüência

como um item na avaliação

Resumidamente, é desta maneira que o atual sistema funciona, sendo

também obrigatória a recuperação paralela de conteúdos, não a deixando para um

único momento isolado, tradicionalmente alocado ao final do bimestre, semestre ou

ano letivo.

Comprometimento e envolvimento – se os alunos entregaram as atividades propostas pelo professor; se houve assimilação dos conteúdos propostos, por meio da recriação de jogos e regras; se o aluno consegue resolver, de maneira criativa situações problemas sem desconsiderar a opinião do outro, respeitando o posicionamento do grupo e propondo soluções para as divergências; se o aluno se mostra envolvido nas atividades, seja através da participação nas atividades práticas ou realizando relatórios. (DCE, 2008, p 77)

A avaliação da aprendizagem deve estar relacionada a uma concepção de

formação do homem reflexivo, crítico e com postura cidadã, para uma análise

reflexiva levando-o à compreensão e à superação da discrepância entre a teoria e a

prática no contexto escolar visando uma perspectiva de avaliação da aprendizagem

“[...] a serviço de uma pedagogia que entenda e esteja preocupada com a educação

como mecanismo de transformação social”. (LUCKESI, 2002, p.28), contribuindo

para o aperfeiçoamento e a tomada de consciência do professor como agente

histórico social.

Segundo Perrenoud (1999), a avaliação que antecede a elaboração de um

projeto pedagógico, de um plano de curso, ou de qualquer outra atividade é a

avaliação diagnóstica, sendo necessária ao longo de todo desenvolvimento de um

projeto e não só na fase inicial de um trabalho.

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A avaliação formativa indica os avanços e as dificuldades que se vão

manifestando ao longo do processo, possibilitando assim uma avaliação contínua e

uma ênfase maior na avaliação do processo.

A avaliação que acontece ao final dá-se a denominação de somativa. A

avaliação contribui, portanto, para ajudar a alcançar os objetivos do pedagógico, e

não apenas para verificar se eles foram ou não alcançado.

Quando avaliamos isto nos faz compreender os aspectos que devem ser

revistos, ajustados ou reconhecidos. Se não foram os ideais, poderemos fazer as

adequações necessárias individualmente ou para todo o grupo.

Para o aluno é o momento de tomada de consciência de suas conquistas,

dificuldades e possibilidades. Possibilitam para a escola identificar as prioridades e

focar as ações educacionais que necessitam de acompanhamento constante pela

velocidade que ocorrendo.

A escola nos dias de hoje, está em constante mudança quer seja no campo

das ciências, da política, da tecnologia quanto no da educação. Neste quadro a

escola sofre muitos questionamentos: Que pessoa formar? Apenas um ser

preocupado com si mesmo e com sua sobrevivência inserido em uma sociedade de

consumo, sem questionamentos sem saber qual é seu real papel, sem saber o por

quê? Ou procuramos pessoas participativas que se sentem responsáveis por uma

sociedade mais justa e melhor?

Assim o objetivo é transformar o espaço da escola e da sala de aula em

ambientes nos quais professores e alunos possam interagir num processo dinâmico

em uma troca de experiências diárias; o educador deve conhecer seus alunos, saber

sua trajetória, aceitar suas diferenças, entender como ele aprende e assim

diversificar a maneira de ensinar e, conseqüentemente, avaliar, para que a

aprendizagem ocorra de uma forma mais significativa tanto para alunos como para

professores.

Segundo Silva “desenvolver uma nova postura avaliativa requer desconstruir

e reconstruir a concepção e a prática da avaliação e romper com a cultura da

memorização, classificação, seleção e exclusão tão presentes no sistema de ensino“

(2003, p.16).

Diante desta realidade, o entendimento que buscamos da prática avaliativa é

embasada em uma teoria na qual a formação do indivíduo seja concebida enquanto

um processo histórico e social. Segundo Duarte “quando o indivíduo utiliza

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conhecimentos históricos para buscar compreender sua situação como membro de

uma classe social, está se relacionando conscientemente com sua condição de

classe” (2001, p.64 citado por PARANÁ, 2008)

2- CONTEXTUALIZANDO A AVALIAÇÃO NA ESCOLA: UM RELATO IDENTIFICANDO SUJEITOS E REALIDADE.

Com objetivo de obter o envolvimento de todos os professores de educação

física, pedagogos, direção e alunos do 1º ano do curso de formação de docente, do

turno da tarde, de um colégio estadual localizada no município de São José dos

Pinhais, da área metropolitana sul, foi apresentada a proposta de trabalho a ser

desenvolvida na escola. O trabalho proposto foi da aplicação de uma Unidade

Didática; sendo salientado por todos que o tema avaliação na educação física

escolar seria de grande importância para o melhor entendimento e desenvolvimento

dos mecanismos utilizados por todos.

Tendo em vista que a turma de formação de docentes vivência em sua

formação muita estudo com o tema proposto, a aplicação deste trabalho estaria

contribuindo positivamente, ampliando assim mais seus conhecimentos.

Após a apresentação do tema trabalhado, resultou não somente o repensar

da avaliação em Educação Física, mas também de que maneira vem ocorrendo à

avaliação nas demais disciplinas que muitas vezes se deparam com a mesma

dificuldade.

Com o objetivo provocar uma maior discussão foi abordado trechos do livro

avaliação na educação onde se verificou os pontos a serem aprofundados para um

melhor entendimento do processo pedagógico. Utilizando como meio de estimular

ainda mais a reflexão sobre o tema tramado foi apresentado um vídeo enfocando a

avaliação “Premiação ou Punição” destacando o entendimento percebido pelos

sujeitos submetidos ao processo.

Após realizar as leituras indicadas e assistir ao vídeo, iniciou-se as

discussões, debates e reflexões, utilizando alguns instrumentos para coletar os

dados discutidos.

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Foi disponibilizado um questionário aos professores de disciplina de

educação física, direção e pedagogos e alunos.

Os materiais disponibilizados e trabalhados com os alunos os levaram a

elencar vários pontos. Foram levantados situações que vem ocorrendo com a

avaliação de uma maneira geral dentro da escola e não somente com a disciplina de

estudo. Muitos dos pontos elencados são vistos como positivos pois segundo o

relato dos alunos o professor está preocupado com o desenvolvimento do aluno

como um todo e o aluno não é visto como apenas um número, mas sim com alguém

em formação e constante mudanças.

Por outro lado também surgiram alguns fatos negativos indicados pela

existência de uma “soberania” do professor, onde a avaliação é feita sobre técnica

correta do movimento.

A avaliação que ocorre dentro da escola muitas vezes é discriminatória,

sendo usada como meio de controle dos alunos; mas também boas práticas são

realizadas que buscam o crescimento e o desenvolvimento dos alunos, já que a

sociedade cobra muito e espera que os alunos estejam preparados para o mercado

de trabalho.

Segundo Betti e Zuliani (2002), a avaliação em Educação Física tem Características e dificuldades comuns aos demais componentes curriculares, mas também apresenta peculiaridades. Esses autores ainda afirmam que “a avaliação deve servir para problematizar a ação pedagógica, e não apenas para atribuir um conceito ao aluno” (p. 77).

Segundo a visão dos alunos a avaliação que vem sendo aplicada poderia ser

revista em alguns pontos, pois como o referencial é uma nota ao final do período

teríamos muitas opções de obter um resultado mais próximo da realidade do aluno.

Durante o desenvolvimento dos trabalhos os alunos afirmam não terem

medo de serem avaliados , pois entendem que estão preparados e o resultado do

seu aprendizado é uma nota que determina seu desempenho no decorrer do

processo de aprendizagem.

Afirmam ainda que muito colega não tem o hábito de estudar em casa todos

os dias, mas apenas na véspera das avaliações; o mesmo faz com as demais

solicitações de tarefas e trabalhos.

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2.1 DESAFIO NA ESCOLA: AVALIAR É PRECISO?! A avaliação é um momento muito especial, pois da maneira que é aplicada

pode levar de heróis a bandidos, valorizando muito ou não dando o menor valor ao

desenvolvimento do ser humano. Ao avaliar, muitos aspectos devem ser levados

em conta; avaliar é verificar se aquilo que foi ensinado foi aprendido, o saber fazer

que defina uma aprendizagem não é o conhecimento que se tem, mas o domínio ao

transferi-lo para a prática.

Segundo Darido (2005), para avaliar as habilidades motoras e as capacidades físicas é importante comparar o progresso dos alunos, não em relação os demais, mas sempre consigo próprio, não só as habilidades e capacidades físicas podem ser avaliadas, mas também a capacidade de coletar notícias, produzir textos, debater sobre reportagens, com temas de interesse de toda comunidade, articulando conceitos da área que foram trabalhados anteriormente.

Avaliar os alunos e valorizar as suas atitudes durante processo de ensino

aprendizagem deve ser condizente com que professor exige, a metodologia de

trabalho de uma prática avaliativa muita preparação, com atenção, cuidado e, acima

de tudo, muito conhecimento da matéria, pois é nas situações de jogo, esporte,

lazer, lutas que os alunos são expostos a desafios, ali se manifestam sentimentos,

valores e atitudes.

Apesar dos avanços teóricos, trabalhos como o de Hoffman (2001), na

educação em geral e na educação física, tem mostrado a insatisfação dos

professores quanto à prática avaliativa no processo ensino-aprendizagem o que traz

à tona a necessidade de refletirmos acerca do que está sendo produzido no

cotidiano escolar, principalmente nas aulas de educação física, isto evidencia uma

lacuna no conhecimento sobre o que está sendo praticado no interior da escola.

A avaliação está muito centrada em conhecimento e trabalhada durante um

determinado período, deve-se observar se o conhecimento não foi apenas decorado

ou se o movimento está certo ou errado, mas se ocorreu aprendizagem que poderá

ser utilizada em outro momento da vida, outra situação onde vai refletir se tudo

aquilo que foi aprendido está sendo utilizado.

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O Professor tem uma função muito importante não somente na instrução da

educação física mais também na formação do ser humano e sendo o aluno um ser

em formação, essa ação é de grande valia e fundamental para que ele tenha uma

vida melhor dento de suas limitações ou facilidades.

A avaliação da aprendizagem deve ser entendida como um dos aspectos do

ensino pelo qual o professor estuda e interpreta os dados da aprendizagem e de seu

próprio trabalho. Portanto, um instrumento de acompanhamento e aperfeiçoamento

do processo de aprendizagem do aluno que visa diagnosticar os resultados e

atribuir-lhe o valor.

A realidade educacional clama por emancipação e pela busca constante de

inovação nas práticas pedagógicas. A avaliação, tal como concebida e vivenciada na

maioria das escolas brasileiras tem se constituído no principal mecanismo de

sustentação da lógica de organização do trabalho escolar e, portanto, legitimador do

fracasso escolar, ocupando o papel central nas relações que estabelecem entre si

os profissionais da educação.

Assim, não há como ignorar a questão da avaliação no processo educativo,

porque esta é considerada parte integrante de tal processo, imprescindível em

qualquer proposta de educação. Teoricamente a avaliação está ligada ao processo

ensino e aprendizagem, porém, a prática pedagógica mostra que a avaliação

continua ficando desvinculada neste processo, a avaliação no contexto escolar,

muitas vezes se resume na ação de dar notas.

Isto também se reflete nas demais áreas, diante das discussões que vem

ocorrendo, a avaliação vêm sendo utilizado como ferramenta para crescimento e até

mesmo o confronto com aqueles que relutam em uma nova postura, em mudar a

sua maneira não somente de avaliar, mas também de como desenvolver suas aulas.

A avaliação não pode ser tomada com punitiva ou como meio de controle,

deve ser encarada como mecanismo que busca verificar o desenvolvimento do ser

humano em todos os aspectos não somente na disciplina de educação física mais

em todas, pois nosso aluno não é dividido em teoria e prática ele é corpo presente

em todos os momentos e lugares.

Para que possamos ter a avaliação como aliada, primeiramente o professor

deve ter isto muito claro para si mesmo, pois não deve usar os mesmos critérios com

todas as pessoas por estarmos trabalhando com seres diferentes, com vontades,

desejos e ambições distintas.

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Tanto o aluno como o professor deve entender que a avaliação não se faz em

um único momento, mas sim em todas as ações e atos que os envolvam desde um

simples gesto de cumprimentar as pessoas até mesmo no cumprimento das regras,

isto é desenvolvimento e não apenas a aferição em um momento isolado que não

reflete a realidade de sua conduta.

Para que nosso desempenho melhore temos que também nos avaliar, pode

ser que nosso método esteja muito falho ou mesmo fora da realidade, assim quando

avaliamos também somos avaliados pelos alunos e pelo sistema.

3- ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS: A HORA DA VERDADE?!

Os dados foram coletados com professores e alunos do curso de formação de

docente, no segundo semestre de 2010. O instrumento de pesquisa utilizado foi

questionário, com perguntas abertas e fechadas. Após análise dos questionários

foram selecionadas algumas das respostas que serão transcritas, analisadas e

comentadas a seguir. Como cuidado metodológico, os nomes de alunos e

professores são omitidos, a fim de preservar a identidade dos sujeitos envolvidos na

pesquisa.

3.1 AS VOZES DOS SUJEITOS: OS DADOS DOS QUESTIONÁRIOS DOS

ALUNOS.

Apresentaremos a seguir os relatos retirados dos questionários respondidos

por 35 alunos do curso de formação de docente. Cabe destacar que os trechos

apresentados foram, na perspectiva do autor deste artigo, os mais significativos e

que nos apresentam alguns elementos importantes para a análise e reflexão da

temática.

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a) Os professores costumam usar a avaliação para impor sua autoridade ou

disciplina?

“Depende muito do Professor, se for um professor que só esteja ali por estar, talvez queira impuser (sic!) autoridade através de provas. A grande maioria utiliza a avaliação para verificar o conhecimento e o desenvolvimento que foi adquirido pelos alunos ou até mesmo para poder planejar o nível de suas aulas. Muitas vezes alguns professores se indispõem com a turma e acaba usando a avaliação de uma forma errada punindo todos.” (Aluna M. 1º A)

A avaliação deve ser utilizada como aliada ao processo de ensino

aprendizagem, os procedimentos devem ser aplicados de acordo com a proposta

pedagógica da instituição de ensino, deve ser resultado de um processo

democrático e justo, tendo como foco central o bem estar do aluno dentro de

princípios éticos aceitáveis. (baseado em que? Tentar, na medida do possível,

trazes referenciais que te fortaleçam nos argumentos...)

b) O que acontece quando um aluno fracassa ou falta em uma avaliação?

Depende do professor (a), alguns dão recuperação e outro não, você mesmo tem que pedir, quando o aluno o falta só faz prova de segunda chamada se trouxer justificativa. Se não foi bem normalmente tem uma segunda chance; alguns professores não dão muita bola se o aluno esta indo bem ou não, se tem condição de fazer as provas ou mesmo se ocorreu alguma coisa que afetou o aluno no dia da avaliação. Já temos outros professores que além de ser nossos professores são nossos amigos, estão sempre ligados mesmo tendo tantas turmas conseguem entender cada aluno (Aluno J.P. 1ª B)

A relação entre os alunos e os professores tem sido efetivada com a percepção de

problemas e de intervenção no sentido de solucioná-los geralmente, procuram ser

amistosos, compreensivos, solidários, respeitosos, profissionais. Muitas atitudes são

constantemente tomadas com a devida preocupação para a vida das demais

pessoas e da sociedade que a escola esta inserida. A relação de amizade surge

durante o processo de aprendizagem principalmente pela postura que o professor

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demonstra durante suas aulas o estarem mais próximo transforma ao convívio em

amizade e respeito.

Não há sentido em processos avaliativos que apenas constatam o que o

aluno aprendeu ou não aprendeu e o fazem refém dessas constatações, tomadas como sentenças definitivas. Se a proposição curricular visa à formação de sujeitos que se apropriam do conhecimento para compreender as relações humanas em suas contradições e conflitos, então a ação pedagógica que se realiza em sala de aula precisa contribuir para essa formação. (DCEs, 2008, p.31)

A falha ou mesmo o fracasso é um sinal de alerta que deve ser identificado

pelo profissional que está à frente dos alunos, pois isto aponta para uma provável

dificuldade na aprendizagem que deverá ser sanado através do trabalho pedagógico

desenvolvido pelo professor.

c) Como ocorre a recuperação paralela e a recuperação em sua classe?

Normalmente o professor passa um trabalho para ajudar e dar uma segunda chance aos alunos, ou aplica outra prova teórica; mas já fomos orientados pela equipe pedagógica de que a recuperação deve ser paralela, assim conseguimos lembrar com facilidade da matéria que foi trabalhada pelo professor, pois ainda está “fresca” em nossa cabeça, e não ficamos com ansiedade para fazer nova prova, é bem melhor desta maneira. (Aluna K - 1ª A)

O acompanhamento diário que professor o realiza é de suma importância

para diagnosticar e rever os pontos que não foram atingidos assim podendo auxiliar

os alunos de maneira imediata a sanar as duvidas. Com o acompanhamento

paralelo e contínuo muitas das dificuldades apresentadas pelos alunos são sanadas

sem a perda de tempo, desta maneira não existe um distanciamento em relação aos

demais alunos da turma.

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d) Como você acha que deveria ser avaliado?

Todos os professores de educação físicas que eu tive, avaliam de uma maneira boa, mesmo não tendo provas escritas. A grande maioria do professores utiliza as avaliações para poder conhecer melhor os alunos, assim pode entender melhor e também mudar sua maneira de trabalhar com as turmas, pois cada turma é diferente. Alguns alunos conseguem aprender com mais facilidade do que outras assim, as dificuldades são sanadas rapidamente sem muitos problemas. (Aluna C. - 1ª B)

A avaliação possui características sociais, históricas e pessoais, que lhe

conferem poder de influenciar a vida das pessoas e as situações em que vivem.

Assim refletindo a forma como o professor pensa, sua concepção de mundo, sua

ética, sua forma de ver o aluno e seus conhecimentos sobre o processo ensino-

aprendizagem, sobre a escola e sobre sua função.

Freitas (2003b, p. 28) afirma que “o aluno é cada vez mais conformado a ver a aprendizagem como algo que só tem valor a partir da nota que lhe é externa e a troca pela nota assume o lugar de importância do próprio conhecimento como construção pessoal e poder de interferência mundo”

e) Como é tratado o aluno que tem um bom desempenho e o que não tem?

O professor verifica que o aluno que não apresentou um bom desempenho, possa ter algum problema de aprendizagem, ele nunca é tratado diferente, aqueles alunos que apresentam bom desempenho não recebem nenhum privilégio nas aulas. O professor elogia todos, mas nunca exclui aquele que não foi bem, os meus professores usam os “melhores” para ajudar, mas não criticam os que têm dificuldades. Todos são tratados iguais, o professor sempre está incentivando a todos. (aluno L, 1ª A)

A observação deve ser muito criteriosa e não discriminatória, normalmente a

diferença aparece rapidamente podendo criar uma barreira entre a relação

aluno/aluno ou até mesmo aluno professor. Para acompanhar as diferenças e a

evolução apresentadas devem-se utilizar freqüentemente as observações

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pedagógicas como anedotários, fichas de observação coletiva e individual, listas de

verificação tendo como parâmetros os critérios negociados com os próprios alunos;

Villas Boas (2004, p. 29) ao se reportar sobre os objetivos da avaliação declara que “a avaliação existe para que se conheça o que o aluno já aprendeu e o que ele ainda não aprendeu, para que se providenciem os meios para que ele aprenda o necessário para dar continuidade aos estudos.”

f) Este espaço foi reservado para que você levante outros pontos que não tenham

sido abordados e que você considere de suma importância.

Os professores não deveriam se preocupar tanto com a nota do aluno e sim conversar com ele e tentar descobrir porque do baixo desempenho, como eu me sinto às vezes excluída porque tenho dificuldades e outras matérias e posso até mesmo reprovar. (Aluna E. - 1ª B) Eu acho, em minha opinião que não deveria ter educação física, mas como tem não deveria ser obrigado, o professor deveria passar uma tarefa escrita para aqueles que não querem fazer a prática. (Aluno E. -1ª A)

Quanto os alunos são perguntados: qual é a melhor disciplina na escola, a

grande maioria afirma que é a educação física. Isto pode ser confirmado quase em

todas as escolas, provavelmente deve-se ao fato de ser uma disciplina com muitas

aulas práticas, realizada ao ar livre e que oferece um prazer imediato procurando

integrar todos os participantes.

Já que nas Diretrizes Curriculares da rede pública de educação básica do estado do Paraná – Educação Física (2006, p. 46), consta que a avaliação em Educação Física tem gerado muitas dificuldades, devido, principalmente, às imitações apresentadas nas explicações teóricas por se buscar entendimentos à luz de paradigmas tradicionais, insuficientes para a compreensão deste fenômeno educativo. E mesmo com a literatura existente, a avaliação em Educação Física mostra claramente os aspectos quantitativos de mensuração do rendimento do aluno, em gestos técnico destrezas motoras e qualidades físicas, visando principalmente à seleção a classificação. Além de que, muitas vezes, o único critério para aprovação ou reprovação na disciplina.

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3.2 AS VOZES DOS SUJEITOS: OS DADOS DOS QUESTIONÁRIOS DOS

PROFESSORES

Apresentaremos a seguir os relatos retirados dos questionários respondidos

por 6 professores do curso de formação de docente e ensino fundamenta. Cabe

destacar que os trechos apresentados foram, na perspectiva do autor deste artigo,

os mais significativos e que nos apresentam alguns elementos importantes para a

análise e reflexão da temática.

a) Qual sua atitude quando os alunos não entendem os conteúdos?

Quando percebo que são casos isolados, trabalho individualmente com os alunos, se o trabalho é em grupos e surjam muitas dúvidas, proponho uma dinâmica de perguntas e respostas entre todos. (Profª. M.) Realizo um levantamento baseado em questionamentos feito diretamente aos alunos, caso não tenha atingido a maior parte dos alunos, retorno aos pontos fracos para uma nova explicação. (Prof. R.) Após a aplicação da avaliação, (teórica e prática), analiso os resultados e já iniciamos a recuperação paralela (Prof.ª C.)

O acompanhamento feito por todos os professores é de suma importância

para que os alunos não se sintam sós, quando o professor detecta alguma

dificuldade na aprendizagem pode rapidamente propor soluções que serviram de

incentivo para todos.

Freire (2006) evidencia a importância da experiência e da vivência que a

criança traz para a escola,seja do brincar na rua ou da mídia, ou seja, deve-se

“valorizar experiências dos alunos e a sua cultura”

b) Está satisfeito com o Processo de avaliação que vem conduzido?

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Acredito que tudo que fazemos pode ser melhorado, então sempre tenho coisas novas não estou satisfeita. (Prof. R.) Até o presente momento estou satisfeito com a proposta que venho aplicando com os alunos. Porém estou sempre me atualizando com leitura referente ao tema avaliação, assim com certeza estarei avaliando cada vez melhor, desta maneira contribuindo para que se tenha uma melhor visão dos pontos que estão sendo verificados. . (Profª. M.N) Realmente temos que evoluir muito, nossos alunos apresentam respostas muito diferentes ao mesmo instrumento de avaliação, provocando distorções não mostrando o seu real desenvolvimento. (Prof.ª C.) É muito complicado avaliar outras pessoas principalmente os alunos que estão em desenvolvimento, devemos ter muito cuidado para não cometer injustiças, pois os mecanismos de avaliação são falhos. (Prof. R.)

Quando se fala do processo de avaliação temos que entender que não

podemos pensar em algo acabado e pronto, as mudanças que estão ocorrendo na

vida das pessoas dever servir para amadurecer e desta maneira teremos resultados

mais próximos da realidade individual dos alunos.

Os novos objetivos da educação física escolar exigem um método mais amplo de avaliação, que tenta sobrepor as questões políticas e autoritárias e ressaltar a real função da avaliação, "diagnosticar qual a posição do aluno em determinado momento em relação aos objetivos fixados e por que tem ou não dificuldades de progredir" (SOUSA, 1993, p.148).

c) Que acha do sistema de avaliação proposto pela Secretaria de estado da

Educação?

Com a finalidade de diagnosticar e não punir o educando, servindo de referência ao educador para ir sempre à busca de novas formas de verificação de aprendizagem. (Prof. R.) Eu concordo que a avaliação primeiramente tem um papel de diagnosticar e de investigação da prática docente. Ela não deve ser utilizada somente para avaliar o desempenho do aluno, mas para ser repensado o trabalho do professor. (Prof.ª C.) O sistema Proposto pode até não ser o ideal, pois ainda está preso a uma avaliação que é traduzida em números muitas vezes é usada apenas como mero cumprimento de tarefas sem que possamos ver a real realidade do aluno. . (Profª. M. N.)

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Sei que não é o ideal, pois as avaliações representam apenas um momento, não podemos ter certeza se reflete o aprendizado dos alunos, no meu entender deveria levar em conta outros fatores, como freqüência as aulas, participação, cooperação, trabalho em grupo, estes são apenas alguns fatores que são considerados também no momento de obtermos a nota. (Prof. R.)

A questão proposta deve promover diálogo e participação de todos os

envolvidos nesse processo, podem e devem contribuir para uma pratica pedagógica

mais consciente e objetiva. - Ofertar um sistema de avaliação da que promova a

satisfação dos alunos com as praticas, o sistema deve apontar opiniões e sugestões

que serão discutidas em aula, observando o desenvolvimento das ações, por parte

dos alunos em cooperação com os professores, que promovam a ampliação das

informações e práticas relacionadas à atividade física e a cultura corporal.

Para Darido e Rangel (2005) a Educação Física não pode se restringir a

avaliação do domínio motor e esquecer as relações cognitivas, afetivas e sociais dos

alunos. Deve considerar a conduta humana em todas as dimensões.

d) Qual sua opinião sobre a auto-avaliação?

Na aplicação de alguns conteúdos ou práticas, considero interessante, pela forma de instigar a responsabilidade e a própria percepção do aluno quanto a seu desempenho. (Prof. R.) Já fiz auto-avaliação quando aluna, mas nunca utilizei esta ferramenta com meus alunos, lembro que na época todos meus colegas se deram notas máximas, mesmo sabendo de suas falhas, então não acredito muito. . (Profª. M. N.) Considero um passo muito grande em relação a nossos alunos, tendo como exemplo nós mesmos professores que temos que passar também por avaliações, não sabemos ainda nos auto-avaliar, agora imagina só os alunos, com certeza ainda não temos e nem eles esta maturidade. (Prof.ª C.) Pode ser um método muito bom desde que os valores morais sejam trabalhados, pois vivemos em um mundo onde alguns querem sempre levar vantagem. Se conseguirmos trabalhar para que nosso aluno tenha esta maturidade então já estamos realizados, pois assim estamos criando uma pessoa melhor. (Prof. J. C.)

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A utilização de fichas de auto-avaliação reflexiva são muito úteis para

estimular os alunos a justificar seus comportamentos e apontar caminhos de

superação de suas limitações; o objetivo primordial é estabelecer objetivos e metas

que possam ser atingidos por todos os alunos e que isto contribua efetivamente para

a melhoria da qualidade de vida dos alunos dentro e fora do ambiente escolar.

e) Este espaço foi reservado para que você levante outros pontos que não tenha

sido abordado e que você considere de suma importância, no que se refere à

avaliação.

A minha frustração e de muitos colegas, acontece após o conselho de classe , quando são aprovados alunos que não demonstraram o menor interesse e empenho em aprender , o que acaba por estimular um maior número de alunos a seguir o mesmo caminho, assim todo trabalho preparado pelo educador se torna sem sentido ao final de mais um ano letivo. (Prof.ª C.) A avaliação sempre é uma polêmica e deve ser pensada e repensada, ela deve funcionar como um feedback para o professor do seu trabalho. O que fico muito incomodada é que mesmo com os nossos esforços muitas vezes após um conselho de classe tudo cai por terra e alunos que apresentam dificuldades visíveis acabam sendo empurrados para os anos seguintes levando consigo as dificuldades que não foram ultrapassadas. . (Profª. M. N.) Considero que ainda temos muita caminhar pela nossa frente, temos que chegar ao ponto que a avaliação formal (como é colocada hoje), deixe de existir que possamos ter outros caminhos, que possam levar a uma aprendizagem mais responsável onde os sujeitos envolvidos tenham certeza de sua condição e que possam buscar cada vez mais conhecimento e que sua formação possa levar a alcançar seus verdadeiros objetivos. (Prof. J.C.) Não é fácil falar em avaliação ou mesmo propor alguma mudança sem levar em conta o sistema e os indivíduos que estão inseridos, o mais correto é que a avaliação, a aprendizagem fosse encarada por todos com algo bem natural que somente quer fazer com que as pessoas posam buscar dias melhores. . (Prof. M.N.)

É neste sentido que a escola deve procurar romper com a estrutura escolar e

implantar formas inovadoras e democráticas de construção do saber e dos

elementos que a constituem. Atuando, apesar de apresentar tanto êxitos como

fracassos.

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A avaliação jamais cabe a uma única pessoa. Quando há vários professores especializados, cada um deles avalia na disciplina que lhe concerne. A avaliação global do aluno é feita da justaposição ou da síntese de avaliações especificas. Somente o professor regente ou o conselho de classe têm uma visão global dos desempenhos de cada aluno, no conjunto das matérias principais secundárias (PERRENOUD, 1999, p. 59).

4-CONSIDERAÇÕES FINAIS A necessidade de buscar formas diferenciadas de ensino e avaliação, que

superem os modelos que, exerce papel e funções problemáticos para a educação

democrática que almejamos. Há a necessidade de se ampliar o espaço e o

conhecimento da Educação Física escolar e de aprimorarmos as atuações e

formações do corpo docente da área. Diante do processo de ensino e aprendizagem a finalidade da avaliação é

contribuir na formação do ser humano íntegro. O processo avaliativo deve favorecer

e evidenciar a expressão do aluno, para que ele possa transformar e alterar o meio

que vive. Para tanto, a figura do professor deve favorecer a autonomia e a reflexão

do aluno para que ele se torne um ser crítico, não agindo apenas como um

simplesmente um mero coadjuvante na construção da sociedade na qual faz parte.

Outro aspecto a ser considerado é a relação professor-aluno. As mediações

devem ser claras e as relações sócio-culturais não devem evidenciar a diferença

entre professor e alunos. Isso inibe o aluno em expressar opiniões diante do

professor e, conseqüentemente, promover uma aproximação e uma comunicação

mais ampla. Essas são variáveis muito importantes no processo de ensino-

aprendizagem que visam à mudança comportamental própria do processo

educativo.

O desafio é transformar o espaço da escola e da sala de aula em ambientes

nos quais professores e alunos possam contribuir em um processo dinâmico em

uma troca de experiências diárias; devemos conhecer os alunos, saber sua

trajetória, aceitar suas diferenças, entender como ele aprende e reage aos

estímulos. Assim poderemos diversificar a maneira de ensinar e, conseqüentemente,

avaliar melhor, para que a aprendizagem ocorra de uma forma mais significativa

tanto para alunos bem como para professores.

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