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  • Sandra Marisa Pereira Pinheiro

    O IMPACTO DECORRENTE DA ADOPO DAS NORMAS

    INTERNACIONAIS DE RELATO FINANCEIRO

    CASO DA SONAE INDSTRIA, SGPS, SA

    Universidade Fernando Pessoa

    Porto, 2007

  • Sandra Marisa Pereira Pinheiro

    O IMPACTO DECORRENTE DA ADOPO DAS NORMAS

    INTERNACIONAIS DE RELATO FINANCEIRO

    CASO DA SONAE INDSTRIA, SGPS, SA

    Universidade Fernando Pessoa

    Porto, 2007

  • Dissertao de Mestrado apresentada

    Universidade Fernando Pessoa, como

    parte dos requisitos para obteno do grau

    de Mestre em Cincias Empresariais.

  • I

    SUMRIO

    A expanso a nvel global da actuao das empresas e dos investidores foi um impulso

    fundamental para a criao de uma linguagem contabilstica comum que permitisse

    preparar, consolidar, auditar e interpretar de forma idntica a informao financeira.

    Esta dissertao tem como objectivo estudar a evoluo da contabilidade at s actuais

    International Accounting Standards / International Financial Reporting Standards

    assim como analisar o impacto da sua adopo por uma empresa de referncia, Sonae

    Indstria, SGPS, SA.

    Em 2002, foi aprovado o regulamento 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho

    da Unio Europeia, o qual imps que, a partir de um de Janeiro de 2005 as sociedades,

    com valores mobilirios cotados num mercado regulamentado, preparassem e

    apresentassem as demonstraes financeiras consolidadas de acordo com as disposies

    previstas nas normas emanadas pelo International Accounting Standards Board.

    Sendo, a Sonae Indstria, SGPS, SA, maior Grupo privado no financeiro de capitais

    maioritariamente portugueses cotado na bolsa, adoptou o citado regulamento em 1 de

    Janeiro de 2005 optando por estender essa aplicao a todo o Grupo, de acordo com o

    decreto-lei 35/2005.

    Para atingir o objectivo proposto nesta dissertao, adoptou-se a pesquisa descritiva e a

    estratgia de investigao utilizada foi o estudo de caso. Recorreu-se, como tcnica de

    recolha de dados entrevista, procedendo-se ao seu adequado tratamento.

    Das concluses deste estudo emprico importa salientar que, a adopo das normas

    internacionais do International Accounting Standards Board exigem um profundo

    conhecimento destas, uma correcta triagem das aplicveis a cada realidade empresarial

    e, consequentemente, uma formao profissional especializada.

  • II

    ABSTRACT

    The action of enterprises and investors worldwide was a fundamental impulse to create

    a common accountancy language that would allow preparing, consolidating, auditing

    and interpreting the financial information in the same way all over the world.

    This dissertation has as main goal the study of the accountant evolution until the actual

    International Accounting Standards / International Financial Reporting Standards as to

    analyze the impact of its adoption by a reference company: Sonae Indstria, SGPS, SA.

    In 2002, the European Parliament and the European Union Council Regulation

    1606/2002 was approved. It imposed that, from 1st January 2005 on, the companies,

    with values priced in a regulated market, prepared and presented the financial

    consolidated demonstrations according to the predicted arrangements by the rules made

    by the International Accounting Standards Board.

    As Sonae Indstria, SGPS, SA is one of the biggest non-financial private group with a

    majority of Portuguese shared capital in the stock market, it adopted the 1st January

    2005 Regulation choosing to spread that application to the entire Group, according to

    the Portuguese 35/2005 law.

    To achieve the aim posed in this dissertation, we have adopted the descriptive research

    and the investigation strategy that was used was the study of the case. We turned to the

    collection of data technique of the interview and then it was adequately treated.

    From all the conclusions of this study, its important to highlight that the adoption of the

    International Accounting Standards Board demand a deep knowledge of these rules, a

    correct selection of the things that can be applied in each enterprise reality and,

    consequently, a specialized training.

  • III

    SOMMAIRE

    Lexpansion a un niveau mondial de lactuation des enterprises et des personnes qui

    investent a t un impulsion fondamental pour la cration dune langage

    comptabilistique universel qui permettrait prparer, fortifier, apurer et interprter

    linformation financire de la mme faon.

    Cette dissertation a lobjectif dtudier levolution de la comptabilit jusqu les

    actuelles International Accounting Standards / International Financing Reporting

    Standards et analiser limpact de sa adoption par une enterprise de reference, Sonae

    Indstria, SGPS, SA.

    2002, a t admis le Rglement du Parlement Europen et du Conseil de la Union

    Europene 1606/2002 qui a impos que, ds 1er Janvier 2005, les societs avec valeurs

    imobiliers taxs dans un march rglement, preparaient et prsentaient les

    dmonstrations financiers fortifis daccord les arrangements prvues dans les normes

    manes par l International Accounting Standards Board.

    Sonae Indstria, SGPS, SA est le plus grand group priv non financier de fonds le plus

    grand nombre taxes dans la bourse, a adopt le rglement dj allgu en 1er Janvier

    2005, en prfrant allonger cette aplication l a tout le Group daccord le rglement

    35/2005.

    Pour toucher lobjectif propos par cette dissertation, on a adopt la recherche

    descriptive et la strategie utilise a t ltudie du cas. On a recherch, comme technique

    de recueillement de reseignement la entrevue, en procdent son traitement

    proporcinn.

    Des conclusions de cet tude, cest important dire que l adoption des rgles

    internationales du International Accounting Standards Board exigent son connaissance

    profound, une correcte selection des appicables de chaque realit de lenterprise et

    consquemment une formation professional specialise.

  • IV

    AGRADECIMENTOS

    Este trabalho s foi possvel graas aos apoios e contributos, os quais fao questo de

    manifestar e agradecer publicamente.

    Universidade Fernando Pessoa na pessoa do seu Reitor, Professor Doutor Salvato

    Trigo, pelo leque de docentes cuidadosamente destacados para cada seminrio com

    elevada competncia tcnica.

    Aos meus orientadores, Professor Doutor Raul Guimares e Mestre Lusa Ribeiro, pela

    disponibilidade demonstrada para a orientao deste trabalho e pelos sbios

    conhecimentos que me tm transmitido ao longo da elaborao desta dissertao.

    Dr. Ana Henriques, responsvel pela contabilidade das empresas europeias do Grupo

    Sonae Indstria, SGPS, SA, e Dr. Rui Oliveira, responsvel pela consolidao de contas

    do mesmo Grupo, quero agradecer vivamente no s pela disponibilidade demonstrada

    mas tambm pela celeridade com que sempre me facultaram informao pertinente, sem

    a qual no teria sido possvel a elaborao deste trabalho.

    Uma palavra de agradecimento a todos os amigos e colegas que me apoiaram ao longo

    deste difcil percurso.

    Ao Joaquim pelo apoio, carinho, amizade e cumplicidade com que sempre me

    acompanhou e pelas palavras de incentivo que sempre me deu, especialmente nos

    momentos mais difceis.

    Ao Rui pelo contributo indispensvel na elaborao grfica e, aos meus pais pelas

    minhas contestadas ausncias.

  • V

    NDICE GERAL

    SUMRIO........................................................................................................................ I

    ABSTRACT..................................................................................................................... II

    SOMMAIRE...................................................................................................................III

    AGRADECIMENTOS .................................................................................................. IV

    NDICE GERAL..............................................................................................................V

    NDICE DE QUADROS .................................................................................................X

    NDICE DE FIGURAS ................................................................................................. XI

    NDICE DE ABREVIATURAS................................................................................... XII

    CAPTULO I INTRODUO E ENQUADRAMENTO DO ESTUDO .....................2

    1.1 ORGANIZAO DO CAPTULO................................................................................ 2

    1.2 ENQUADRAMENTO DO ESTUDO.............................................................................. 2

    1.2.1 Enquadramento da normalizao.................................................................. 2

    1.2.2 Indstria da Madeira ..................................................................................... 6

    1.3 JUSTIFICAO DO TEMA ...................................................................................... 10

    1.4 OBJECTIVOS ........................................................................................................ 12

    1.4.1 Objectivo Geral........................................................................................... 12

    1.4.2 Objectivos Especficos................................................................................ 12

    1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAO E SNTESE DOS CAPTULOS ................................... 13

    CAPTULO II EVOLUO DA CONTABILIDADE EM PORTUGAL, AO

    LONGO DAS DCADAS..............................................................................................22

  • VI

    2.1 INTRODUO....................................................................................................... 22

    2.2 NECESSIDADE CRESCENTE DE INFORMAO........................................................ 23

    2.2.1 Normalizao Contabilstica....................................................................... 26

    2.2.2 Harmonizao Contabilstica...................................................................... 27

    2.3 APRESENTAO DE ORGANISMOS REGULADORES................................................ 28

    2.3.1 Principais marcos histricos dos organismos reguladores.......................... 30

    2.4 MUDANAS NO NORMATIVO CONTABILSTICO PORTUGUS................................. 32

    2.4.1 Comisso de Normalizao Contabilstica ................................................. 37

    2.5 CONTEXTUALIZAO DO DESENVOLVIMENTO DAS NORMAS NACIONAIS ............. 39

    2.6 CONCLUSO ........................................................................................................ 42

    CAPTULO III HARMONIZAO CONTABILSTICA NA UNIO EUROPEIA44

    3.1 INTRODUO....................................................................................................... 44

    3.2 O PERCURSO DA UNIO EUROPEIA NO SENTIDO DA HARMONIZAO

    CONTABILSTICA .......................................................................................................... 44

    3.2.1 Primeira Etapa At 1990.......................................................................... 45

    3.2.2 Segunda Etapa 1990 a 1995..................................................................... 48

    3.2.4 Concretizao da Estratgia Definida no Regulamento (CE) N. 1606/2002

    do Parlamento Europeu e do Conselho................................................................... 55

    3.3 PRINCIPAIS DESAFIOS QUE SE COLOCAM UNIO EUROPEIA .............................. 56

    3.4 CONCLUSO ........................................................................................................ 61

    CAPTULO IV O PAPEL DO IASB NA HAMONIZAO CONTABILSTICA

    INTERNACIONAL........................................................................................................63

    4.1 INTRODUO....................................................................................................... 63

    4.2 ORIGEM DO IASB ............................................................................................... 64

    4.3 EVOLUO DA ACTUAO DO IASB NO PROCESSO DE HARMONIZAO ............. 65

    4.3.1 Primeira fase: 1973 a 1987 ......................................................................... 65

    4.3.2 Segunda fase: 1988 a 1994 ......................................................................... 67

    4.3.3 Terceira fase: 1995 a 2002.......................................................................... 71

    4.3.4 Quarta fase: 2002 at actualidade ............................................................ 73

    4.4 ESTRUTURA E ORGANIZAO DO IASB............................................................... 74

    4.4.1 Estrutura Original ....................................................................................... 74

  • VII

    4.4.2 Reestruturao do funcionamento do IASB ............................................... 75

    4.4.2.1 International Accounting Standards Committee Foundation (IASCF).... 76

    4.4.2.2 Board........................................................................................................ 78

    4.4.2.3 International Financial Reporting Interpretations (IFRIC)...................... 79

    4.4.2.4 Standards Advisory Council (SAC)......................................................... 80

    4.4.3 Estrutura actual do IASB aps a reestruturao ......................................... 81

    4.4.3.1 Crticas nova estrutura do IASB ........................................................... 83

    4.4.4 Objectivos do IASB.................................................................................... 85

    4.4.5 Processo de elaborao de uma Norma ...................................................... 86

    4.5 O PROBLEMA DA IMPLEMENTAO DAS IFRS..................................................... 87

    4.6 A POSIO DOS ESTADOS UNIDOS RELATIVAMENTE AO IASB............................ 89

    4.7 PERSPECTIVAS DE TRABALHO PARA O FUTURO .................................................... 92

    4.8 CONCLUSO ........................................................................................................ 95

    CAPTULO V O SISTEMA CONTABILSTICO PORTUGUS FACE AO

    NORMATIVO DO IASB ...............................................................................................97

    5.1 INTRODUO....................................................................................................... 97

    5.2 CONTEXTUALIZAO DO SISTEMA CONTABILSTICO PORTUGUS ........................ 97

    5.3 A SITUAO ACTUAL DA NORMALIZAO CONTABILSTICA EM PORTUGAL E A

    PROPOSTA PARA O SEU DESENVOLVIMENTO ............................................................... 103

    5.3.1 Problemas do actual modelo de normalizao.......................................... 104

    5.3.2 Novo Modelo de Normalizao Contabilstica Nacional Uma Proposta da

    CNC ...................................................................................................................... 105

    5.4 O NORMATIVO PORTUGUS VERSUS NORMATIVO DO IASB .............................. 111

    5.4.1 Estrutura conceptual para apresentao e preparao das demonstraes

    financeiras............................................................................................................. 112

    5.4.2 Principais efeitos nas demonstraes financeiras decorrentes da adopo

    em Portugal das IFRS ........................................................................................... 120

    5.4.2.1 Estrutura e contedo das demonstraes financeiras............................. 122

    5.4.2.2 As normas do IASB e o referencial contabilstico portugus,

    relativamente apresentao do relato financeiro................................................ 125

    5.5 IFRS 1, ADOPO PELA PRIMEIRA VEZ DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE

    RELATO FINANCEIRO ................................................................................................. 128

    5.5.1 Excepes no mbito da aplicao da IFRS 1 .......................................... 130

  • VIII

    5.6 CONCLUSO ...................................................................................................... 133

    CAPTULO VI METODOLOGIA............................................................................135

    6.1 INTRODUO..................................................................................................... 135

    6.2 PLANEAMENTO DA INVESTIGAO EMPRICA ................................................... 135

    6.3 TIPOS DE PESQUISA............................................................................................ 137

    6.4 TCNICAS DE RECOLHA DA INFORMAO.......................................................... 138

    6.5 ENTREVISTA...................................................................................................... 142

    6.6 ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 144

    6.7 CONCLUSO ...................................................................................................... 147

    CAPTULO VII ADOPO DAS IAS/IFRS, CASO DA SONAE INDSTRIA,

    SGPS, SA......................................................................................................................149

    7.1 INTRODUO..................................................................................................... 149

    7.2 HISTRIA DA SONAE ......................................................................................... 150

    7.2.1 Descrio do Grupo em que a Sonae Indstria Sonae SGPS, SA se Insere

    .............................................................................................................................. 150

    7.2.2 Marcos Principais ..................................................................................... 151

    7.2.3 Relaes de participao e alteraes organizativas................................. 154

    7.3 IMPLICAES PARA O ESTUDO ........................................................................... 159

    7.4 PRINCIPAIS IMPACTOS, NAS DF DA SONAE, DECORRENTES DA ADOPO DAS

    NORMAS INTERNACIONAIS DE RELATO FINANCEIRO ................................................. 163

    7.5 PROCESSO DE TRANSPOSIO DAS CONTAS DO POC PARA AS IAS/IFRS, NA

    SONAE ....................................................................................................................... 170

    7.5.1 Factores impulsionadores da aplicao das IAS/IFRS ............................. 170

    7.5.2 Organismos orientadores portugueses ...................................................... 172

    7.5.4 Transposio do normativo POC para as IAS/IFRS................................. 175

    7.5.5 Vantagens, desvantagens e lacunas do novo normativo ........................... 179

    7.6 CONCLUSO ...................................................................................................... 188

    CAPTULO VIII CONCLUSO ..............................................................................190

    8.1 CONCLUSES GERAIS....................................................................................190

  • IX

    8.2 LIMITAES DO ESTUDO E INVESTIGAES FUTURAS ......................197

    BIBLIOGRAFIA............................................................................................................199

    LEGISLAO CONSULTADA .................................................................................210

    ANEXO I GUIO UTILIZADO NAS ENTREVISTAS REALIZADAS................216

    ANEXO II BALANO EM 1 DE JANEIRO E 31 DE DEZEMBRO DE 2004 ......221

    ANEXO III DEMONSTRAES CONSOLIDADAS DE ALTERAES NO

    CAPITAL PRPRIO....................................................................................................223

    ANEXO IV DEMONSTRAES DE RESULTADOS CONSOLIDADAS POR

    NATUREZAS...............................................................................................................225

    ANEXO V DEMONSTRAES CONSOLIDADAS DOS FLUXOS DE CAIXA227

  • X

    NDICE DE QUADROS

    Quadro 2.1 Organismos Envolvidos no Processo Harmonizador................................ 29

    Quadro 2.2 Principais Organismos Reguladores ......................................................... 32

    Quadro 4.1 Estrutura Original do IASB ...................................................................... 75

    Quadro 4.2 IASCF....................................................................................................... 77

    Quadro 4.3 Board........................................................................................................ 78

    Quadro 4.4 IFRIC ........................................................................................................ 79

    Quadro 4.5 SAC .......................................................................................................... 81

    Quadro 4.6 Composio do novo Conselho do IASB ............................................... 84

    Quadro 5.1 Critrios de reconhecimento de activos, passivos e capital prprio ..... 116

    Quadro 5.2 Critrios de reconhecimento de proveitos e custos............................... 117

    Quadro 5.3 Diferenas entre Normas do IASB e as normas nacionais ................... 127

    Quadro 7.6 Principais ajustamentos........................................................................... 169

  • XI

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 2.1 Hierarquia dos PCGA, DC 18 original Vs revista .................................... 34

    Figura 4.1 Actual estrutura do IASB ......................................................................... 82

    Figura 4.2 Processo de elaborao de uma IFRS....................................................... 87

    Figura 5.1 Enquadramento legal e regulamentar da contabilidade em Portugal ..... 100

    Figura 5.2 1 Nvel de convergncia em Portugal com as normas do IASB ........... 107

    Figura 5.3 2 Nvel de convergncia em Portugal com as normas do IASB ........... 109

    Figura 5.4 Modelo de normalizao contabilstico proposto pela CNC.................. 110

    Figura 6.1 Investigao emprica............................................................................. 136

    Figura 7.1 Diagrama de relaes de participao .................................................... 154

    Figura 7.2 Nova estrutura a partir de 20 de Dezembro de 2005.............................. 155

    Figura 7.3 Distribuio percentual do volume de negcios consolidado da Sonae, em

    2005 .............................................................................................................................. 156

    Figura 7.4 Desagregao das vendas por gama de produto, em 2005 ................... 157

  • XII

    NDICE DE ABREVIATURAS

    ABDR Anexo ao Balano e Demonstrao de Resultados

    CC Cdigo de Contas

    CE Comisso Executiva da Comisso de Normalizao Contabilstica

    CEE Comunidade Econmica Europeia

    CMVM Comisso de mercado de Valores Mobilirios

    CNC Comisso de Normalizao Contabilstica

    DC Directriz Contabilstica

    DF Demonstraes Financeiras

    EC Estrutura Conceptual

    ED Explosure Draft

    EUA Estados Unidos da Amrica

    FASB Financial Accounting Standards Board

    FEE Fedration des Experts Comptables

    IAS International Accounting Standards

  • XIII

    IASB International Accounting Standards Board

    IASC International Accounting Standards Committee

    IASCF International Accounting Standards Committee Foundation

    IFAD International Forum on Accounting Development

    IFRIC International Financial Reporting Interpretations Committee

    IFRS International Financial Reporting Standards

    IOSCO International Organization of Securities Commissions

    ISA International Standards of Auditing

    IT Interpretao Tcnica

    MDF Modelos de Demonstraes Financeiras

    MDF-g Modelos de Demonstraes Financeiras Gerais

    MDF-s Modelos de Demonstraes Financeiras Simplificados

    NAA Notas Anexas Adicionais

    NCG Normativos de Carcter Geral

    NCRF Norma Contabilstica e de Relato Financeiro

    NI Normas Interpretativas

  • XIV

    NIC Normas Internacionais de Contabilidade

    NIRF Normas Internacionais de Relato Financeiro

    OCDE Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    ONU Organizao das Naes Unidas

    OROC Ordem dos Revisores Oficiais de Contas

    PCGA Princpios Contabilsticos Geralmente Aceites

    PME Pequenas e Mdias Empresas

    POC Plano Oficial de Contabilidade

    SAC Standards Advisory Council

    SEC Securities and Exchange Commission

    SIC Standing Interpretations Committee

    US GAAP United States Generally Accepted Accounting Principles

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    1

    Captulo I

    INTRODUO E ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    2

    Captulo I INTRODUO E ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

    1.1 Organizao do Captulo

    O captulo introdutrio, para melhor evidenciar o seu contedo, encontra-se dividido em

    diversos sub pontos: enquadramento do estudo, indstria da madeira, justificao do

    tema, os objectivos e, por fim, a estrutura da dissertao e sntese dos captulos.

    Neste sentido comea-se por enquadra o estudo quer no tempo quer no espao, face

    legislao aplicvel e aos organismos existentes. De seguida fala-se um pouco do sector

    da madeira de uma forma geral pois da madeira que se extraem os seus derivados,

    sector de actividade objecto do estudo de caso a apresentar.

    Posteriormente, ser dedicado um ponto para a justificao do tema, onde referida a

    importncia do estudo para a sociedade globalizada que hoje existe assim como a

    representatividade da organizao sobre a qual se ir debruar o estudo emprico. Neste

    captulo tambm dedicada especial ateno aos objectivos desta dissertao sempre

    to importantes e a ter em conta em qualquer fase do estudo, terminando-o com a

    indicao da estrutura da dissertao e a sntese de cada um dos captulos.

    1.2 Enquadramento do estudo

    1.2.1 Enquadramento da normalizao

    Foi j em 1494 que a contabilidade sofreu um importante desenvolvimento aquando da

    publicao pelo frade franciscano italiano Luca Pacioli em Veneza, de uma enciclopdia

    de matemtica intitulada Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et

    Proportionilita, tendo sido neste tratado que se descreveu, pela primeira vez, a forma

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    3

    de escriturar as contas atravs do mtodo das partidas dobradas, o qual ainda hoje se

    encontra em vigor na generalidade dos pases.

    Muito depois, em 1874 a contabilidade passou a ser usada para a tributao fiscal. Nesta

    poca, a gnese da contabilidade era explicada pela necessidade sentida pelo homem em

    preencher as deficincias da memria, mediante um processo de classificao e registo,

    o qual lhe permitisse por um lado recordar facilmente as variaes sucessivas de

    determinadas grandezas e por outro construir meio de prova entre partes discordantes ou

    de litgio.

    No entanto, foi somente com a revoluo industrial que se deu o desenvolvimento dos

    princpios contabilsticos tal como so conhecidos hoje, uma vez que foi tambm com

    elas que se desenvolveram as unidades de produo capitalistas.

    Assim, a contabilidade que inicialmente tinha um papel de natureza jurdico,

    transformou-se progressivamente numa fonte de informaes s unidades de produo

    capitalistas.

    Nas ltimas dcadas do sculo XX assistiu-se a uma sucesso de importantes alteraes,

    eminentemente econmicas, com amplos reflexos na organizao das empresas e no

    modo como estas se financiam.

    Fruto da crescente complexidade da estrutura das unidades econmicas, surge a

    necessidade de normalizao contabilstica. Assim, em 1974, por despacho de 27 de

    Fevereiro, foi criada uma comisso que ficou responsabilizada pela implementao da

    normalizao contabilstica no pas.

    O ano de 1977, foi marcado pela publicao do primeiro Plano Oficial de Contabilidade

    (POC), aprovado pelo decreto-lei 47/77 de 7 de Fevereiro, o qual foi fortemente

    influenciado pela normalizao contabilstica francesa e pela criao da Comisso de

    Normalizao Contabilstica (CNC).

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    4

    Posteriormente, em 1986, na sequncia da adeso de Portugal Comunidade Europeia,

    Portugal foi obrigado a proceder a ajustamentos dos normativos nacionais 4. directiva

    (78/660/CEE) e 7. directivas (83/349/CEE). Assim, foi aprovada a segunda e actual

    verso do POC atravs do decreto-lei n.410/89 de 21 de Novembro, que transpe para a

    ordem jurdica interna a 4. directiva. Foram tambm aprovadas as normas de

    consolidao, atravs do decreto-lei 238/91 de 2 de Julho, que transpe a 7. directiva

    para a ordem jurdica interna.

    A expanso ao nvel global da actuao das empresas e dos investidores foi o impulso

    fundamental criao de uma linguagem contabilstica comum que permitisse preparar,

    consolidar, auditar e interpretar de forma idntica a informao financeira. A

    inexistncia dessa linguagem comum revelou-se um factor de ineficincia na locao

    dos recursos econmicos e financeiros das empresas, uma barreira compreenso do

    risco e rendibilidade das mesmas por parte dos investidores e uma dificuldade acrescida

    para os reguladores dos mercados de capitais.

    Posto isto, foi necessrio criar um conjunto de regras especialmente para os grupos de

    empresas, que tivessem as suas unidades espalhadas por diversos pases.

    A harmonizao contabilstica internacional foi empreendida por diversos organismos,

    dos quais se salienta o International Accounting Standards Board (IASB), pelo seu

    posicionamento actual como principal organismo emissor de normas contabilsticas de

    elevada qualidade e pelo compromisso assumido pela Unio Europeia, em adoptar o seu

    ncleo de normas para as empresas cotadas nos seus pases membros, a partir de 2005.

    A Comisso europeia decidiu proceder harmonizao contabilstica tendo para isso

    optado pela sua aproximao ao IASB, antigo International Accounting Standards

    Committee (IASC), pois era um organismo com resultados evidentes do seu trabalho e

    com fortes possibilidades das suas normas, designadas por International Accounting

    Standards/International Financial Reporting Standards (IAS/IFRS), serem

    reconhecidas nos mercados de capitais internacionais.

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    5

    No contexto actual, nos termos das disposies do regulamento do Parlamento Europeu

    e do Conselho n. 1606/2002 de 19 de Julho, todas as empresa com valores admitidos

    negociao em bolsa tero que apresentar as suas demonstraes financeiras (DF)

    consolidadas em consonncia com o preconizado pelo IASB.

    O processo de harmonizao contabilstica internacional teve origem na necessidade

    sentida por diversos agentes econmicos de regras contabilsticas que permitissem

    elaborar DF comparveis e compreensveis em todo o mundo. Os benefcios deste

    processo para as empresas multinacionais, para os investidores e para os reguladores

    dos mercados de capitais acabaram por torn-lo inevitvel.

    Neste sentido, o Grupo Sonae Indstria, SGPS, SA, apresentou para o exerccio de 2005

    as suas primeiras DF consolidadas utilizando este novo normativo, conforme ser

    devidamente apresentado no captulo VII desta dissertao.

    Aquando da apresentao das primeiras DF, e de acordo com o normativo do IASB, a

    Sonae Indstria, SGPS, SA, teve que aplicar a IFRS 11 tendo para isso que se prepara

    previamente.

    O objectivo da IFRS 1 assegurar que as primeiras DF preparadas e apresentadas de

    acordo com as normas do IASB, quer em termos de informao anual quer no que

    respeita informao intercalar, contenham informao de elevada qualidade, sendo

    que esta IFRS no aplicvel a entidades que tenham adoptado estas normas e que

    alteram, de forma obrigatria ou voluntria, as polticas contabilsticas.

    A IFRS 1 vem privilegiar a comparabilidade da informao financeira prestada ao longo

    do tempo para uma mesma entidade, em detrimento da comparabilidade no espao, ou

    seja, entre entidades que j adoptam as normas do IASB e aquelas que as vo adoptar

    pela primeira vez.

    1 Adopo Pela Primeira Vez das Normas Internacionais de Relato Financeiro

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    6

    De acordo com a IFRS 1, ( 2 a 5 da norma), somente um conjunto completo de DF

    incluindo: balano, demonstrao de resultados, demonstrao das alteraes no capital

    prprio e demonstrao de fluxos de caixa, juntamente com informao comparativa,

    polticas contabilsticas e notas explicativas, pode proporcionar uma apresentao

    adequada da posio financeira, dos resultados das operaes e dos fluxos de caixa da

    empresa.

    Com a adopo das IAS/IFRS, o Grupo Sonae Indstria, SGPS, SA permite aos

    investidores, e restantes utentes da informao financeira que a anlise das suas DF seja

    realizada numa base internacionalmente reconhecida e adoptada, a partir de 2005, pela

    generalidade das empresas europeias cotadas em bolsa, facilitando assim a interpretao

    e a comparabilidade com outras empresas do mercado, de sectores homlogos.

    Posto isto, cabe aos administradores das empresas, seus conselhos de administrao,

    fiscais e comits de auditoria planear e implementar projectos de elaborao de

    informao financeiras segundo as Normas Internacionais de Contabilidade (NIC) no

    curto prazo para que a curva de aprendizagem possa ser suavizada e que traga

    benefcios para as organizaes.

    Devido por um lado sua complexidade e, por outro aos ajustes e reclassificaes

    necessrias, as NIC exigem um conhecimento profundo das IAS/IFRS e das prticas

    contabilsticas equivalentes.

    1.2.2 Indstria da Madeira

    Desde os primrdios da civilizao humana, a madeira contribuiu para o

    desenvolvimento e bem estar do ser humano, que a utilizava como meios de ignio,

    lenha, fabricao de utenslios diversos, meios de transporte, habitaes, entre outros,

    ainda que de forma primitiva (Remade, 2007).

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    7

    O processamento da madeira na forma de serrados, incrementou a gama de utilizao da

    madeira e, posteriormente, atravs do uso de adesivos para colagem de peas de

    madeira, possibilitaram a fabricao de produtos seus compostos para as mais variadas

    aplicaes. Inicialmente, eram utilizados adesivos naturais, principalmente base de

    protenas de origem animal como glutina ( base de: couro, pele, ossos), casena ( base

    de leite) e albumina de sangue, alm de adesivos base de protenas de origem vegetal e

    amido. J na dcada de 30, surgiram os primeiros tipos de adesivos sintticos

    termoendurecedores como fenol formaldedo e uria-formaldedo (Remade, 2007).

    A rvore, em funo de suas direces de crescimento, forma lenhos com estrutura

    heterognea e anisotrpica2. As caractersticas, disposies e frequncia dos elementos

    celulares resultam em algumas limitaes naturais do uso da madeira em relao s

    dimenses das peas, anisotropia e defeitos naturais.

    As dimenses, a largura e o comprimento das peas so limitadas ao dimetro e altura

    das rvores. A anisotropia, as propriedades mecnicas e no mecnicas da madeira so

    distintas nas direces de crescimento tangencial, radial e longitudinal. Os defeitos

    naturais so: ns, inclinao da gr, percentagem de lenhos juvenil e adulto, lenhos de

    reaco, largura dos anis de crescimento, entre outros, interferem no comportamento

    reolgico da madeira.

    Face s tais limitaes, surge a importncia do adesivo, que, atravs da reduo da

    madeira em peas menores de forma e geometria variadas, os quais, so posteriormente

    reordenados e reconstitudos atravs de ligaes adesivas, em produtos cujas

    propriedades so diferentes do material original (madeira slida).

    O princpio de construo empregado na fabricao de diferentes tipos de painis de

    madeira, podem contribuir na realizao de trs importantes benefcios sociedade na

    busca pela melhor qualidade de vida, tais como:

    2 Substncias homogneas, com propriedades fsicas ou qumicas, cujo valor no o mesmo em todas as direces.

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    8

    Aumento na oferta de produtos de madeira a partir de uma determinada rea

    florestal com a utilizao racional e integral da madeira.

    Melhorar as propriedades dos produtos compostos de madeira e, desta

    forma, aumentar a gama da sua utilizao.

    Servir como produto alternativo aos materiais provenientes de recursos

    metlicos e polimricos (petroqumicos) com propsitos de construo e

    fabricao de bens de consumo (Remade, 2007).

    Os painis de madeira podem ser classificados em dois grupos: compostos laminados e

    compostos particulados.

    Relativamente aos compostos laminados, caracterizam-se pela sua estrutura contnua da

    linha de cola atravs do processo de colagem de lminas, para fabricao de produtos

    como: compensado multilaminado, compensado sarrafeado, painis de lminas

    paralelas, compensado de lminas paralelas (lammyboard), compensado de painis de

    madeira macia (three-ply), entre outros.

    Os compostos particulados, so constitudos de pequenos elementos de madeira

    (partculas / fibras) e caracterizam-se pela estrutura descontnua da linha de cola, tais

    como: chapas de madeira aglomerada, chapas Oriented Strand Board, chapas de fibras

    isolantes, duras e de mdia densidade designados de Medium Density Fibreboard,

    chapas madeira-cimento, entre outras (Remade, 2007).

    Desde o incio da produo de compensados no final do sculo XIX, inmeros tipos de

    painis de madeira foram surgindo at ao momento, sempre com a preocupao na

    busca de novos produtos com melhor relao custo/benefcio, para aplicaes

    especficas a que se destinam.

    Com as restries ambientais e o encarecimento da madeira macia, os produtos de

    madeira reconstituda tendem a expandir-se cada vez mais no mercado de produtos

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    9

    baseados em madeira, pois tm a vantagem da matria-prima ser oriunda de resduos de

    serraria, plantios e manejos silviculturais.

    Neste contexto, a indstria produtora de painis de madeira reconstituda conhecida

    por suas plantas de grandes propores e investimentos vultuosos, possuindo, em

    contrapartida, altas produes com elevados ndices de automatismo, empregando a

    madeira da melhor e mais eficiente forma possvel, restringindo ao mximo o

    desperdcio, procurando atingir melhor qualidade com menores custos.

    Apesar dos recentes produtos inseridos no mercado nacional, como o Medium Density

    Fibreboard e o Oriented Strand Board, o consumo de aglomerados continuou em

    expanso. Contudo, para que este se mantenha competitivo num mercado cada vez mais

    exigente, h necessidade de uma constante evoluo, para que se possa atingir novas e

    direccionadas caractersticas nestes painis, a fim de conquistar novas e mais

    especficas utilizaes, agregando maior valor ao produto (Remade, 2007).

    Desta forma, para tal evoluo acontecer, o conhecimento do comportamento da

    madeira sob diversas condies no ciclo de prensagem deve ser cada vez mais

    profundo, pois este fundamental para que se possa obter processos mais precisos, os

    quais fornecero melhores e mais estveis produtos.

    As empresas responsveis pela produo de chapas de partculas preocupam-se com um

    contnuo aprimoramento de seus produtos, principalmente com a actual competio do

    aglomerado com os novos tipos de painis surgidos recentemente no mercado. Portanto,

    alm da escolha das espcies e do processo produtivo, preciso verificar e controlar

    outras variveis, a fim de se obter painis de melhor qualidade, aliados a um processo

    produtivo econmico.

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    10

    1.3 Justificao do tema

    A considerao de vrias questes, das quais adiante so referenciados alguns aspectos,

    conduziu escolha de um tema de investigao que se afigura relevante e abrangente.

    A importncia do tema assegurada no s pela grande variedade de assuntos

    abordados pelas NIC, como tambm pelo facto de constiturem um passo enorme em

    direco to almejada harmonizao contabilstica.

    A sua relevncia prende-se com o facto de nesta dissertao se proceder ao estudo de

    um tema que actualmente suscita a curiosidade e o interesse dos profissionais de

    contabilidade, docentes e alunos que pretendam enriquecer os seus conhecimentos

    acadmicos.

    um tema sobre o qual todos os gestores de topo, de organizaes que tm as suas

    entidades com valores cotados num mercado regulamentado, j tiveram que se debruar

    pois 2007 ser o segundo exerccio econmico cujas suas contas tero que ser

    apresentadas segundo as normas IAS/IFRS. No entanto, e como se ir poder concluir

    em captulos seguintes, um tema que se afigura importante para os gestores de topo

    das restantes organizaes e para os utilizadores da informao financeira.

    A IFRS 1 apresenta neste trabalho uma importncia particular pois todas as

    organizaes que pretendam implementar as normas do IASB tm obrigatoriamente que

    comear por interpretar e aplicar esta norma aquando da apresentao das primeiras DF.

    O sector de actividade escolhido para este estudo foi exclusivamente o sector dos

    derivados de madeira e dentro deste sector, procurou-se escolher uma unidade industrial

    com relativa representatividade no mercado nacional e at mesmo mundial. Logo a

    empresa que satisfez estes requisitos foi a Sonae Indstria, SGPS, SA. Este facto foi

    tambm concludo atravs da entrevista realizada ao Dr. Rui Oliveira, pois quando se

    questionou quais os concorrentes da Sonae Indstria -SGPS, SA, disse que uma

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    11

    empresa que a seu ver praticamente no tem concorrncia referindo que () talvez a

    Jomar que pertence ao grupo Finsa (), por isso representativa do sector.

    O estudo emprico baseou-se na anlise do relatrio de contas da Sonae Indstria SGPS,

    SA, elaborado a 31-12-2005, o qual foi consultado no site oficial da organizao, e

    posteriormente fornecido em papel pelo Dr. Rui Oliveira, aquando da entrevista

    realizada nas instalaes da empresa como ser descrito nos Captulos VI e VII.

    Depois de buscas na internet e de anlises a relatrios de contas e a histricos de

    empresas, foi escolhida a Sonae Indstria, SGPS, SA pelos motivos seguidamente

    descritos:

    Das buscas realizadas na internet foi a organizao que melhor publicitou as

    contas. O estudo tinha que comear por alguma lado e foi nesta organizao que

    se encontrou a informao suficiente para trabalhar o assunto. As restantes

    empresas cotadas na Euronext, no explicavam detalhadamente o processo de

    forma a poder ser construdo um juzo crtico capaz para desenvolver uma

    dissertao de mestrado.

    Por ser lder a nvel mundial no fabrico de aglomerados de madeira (meta

    atingida no exerccio econmico de 1998).

    Disponibilidade da empresa em colaborar prestando pessoalmente todos os

    esclarecimentos e permitindo uma recolha de informao relevante in loco.

    Em posse da Unidade Empresarial seleccionada, procedeu-se anlise do relatrio de

    contas, mais concretamente do balano consolidado, demonstrao dos resultados

    consolidados, anexo balano e demonstrao dos resultados consolidados e relatrio

    de contas, com data de 31-12-2005, tendo sido analisadas todas as rubricas e elementos

    relacionados com a IFRS 1.

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    12

    1.4 Objectivos

    1.4.1 Objectivo Geral

    O objectivo geral deste trabalho consiste em investigar de que forma evoluiu o sistema

    contabilstico em geral at se chegar s actuais IAS/IFRS e estudar o impacto da

    adopo destas pela Sonae Indstria, SGPS, SA.

    tambm pretendido com esta dissertao estudar de que forma a Sonae Indstria,

    SGPS, SA se preparou para a adopo das IAS/IFRS e de que forma aplicou a IFRS 1.

    Para isso, foi elaborado um guio que serviu de base a duas entrevistas realizadas a dois

    colaboradores efectivos da referida entidade e que estiveram intimamente ligados a todo

    o processo de transposio.

    1.4.2 Objectivos Especficos

    Considera-se que os seguintes objectivos, por serem os componentes especficos do

    problema contido no objectivo geral da investigao, apresentam-se como necessrios

    ao seu estudo e soluo.

    Assim, um dos primeiros objectivos a ser atingido ser inferir sobre as limitaes da

    contabilidade e a evoluo ocorrida nas ltimas dcadas de forma a uniformizar a

    linguagem contabilstica, clarificando os conceitos de normalizao e harmonizao

    contabilstica.

    Posteriormente tornar-se- importante definir quais os principais organismos

    normalizadores envolvidos em todo este processo.

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    13

    O caminho percorrido pela Unio Europeia at ao momento actual e o contexto que a

    levou a traar este percurso, assim como os desafios que lhe so colocados para o

    futuro, sero aspectos a desenvolver.

    De que forma a Unio Europeia se aproximou do IASB, assim como a evoluo do

    papel deste na harmonizao contabilstica mundial, sero ainda assuntos a aprofundar.

    Neste contexto, ser importante dar a conhecer os objectivos do IASB assim como toda

    a tramitao implcita no processo de elaborao de uma norma.

    Outro objectivo ser o de inferir sobre as principais diferenas entre o normativo do

    IASB e o exigido POC.

    1.5 Estrutura da dissertao e sntese dos captulos

    O presente trabalho est organizado em sete captulos, onde o primeiro dedicado

    introduo, do segundo ao quinto, desenvolve-se a investigao no sentido de encontrar

    sustentao terica para o estudo que apresentado do stimo e ltimo captulo. O sexto

    captulo por sua vez, dedicado metodologia utilizado no s no estudo emprico

    como na base terica de toda a temtica em estudo. Por fim, o stimo captulo contm o

    desenvolvimento de um estudo onde se faz a aplicao de conceitos tratados em

    captulos anteriores, a uma situao real vivida na Sonae, apresentando tambm as

    concluses do mesmo.

    No primeiro captulo, faz-se a introduo geral do estudo, apresentando-se subdividido

    para sistematizar o seu contedo. Assim, inicia-se pelo enquadramento do estudo face

    actual situao das IAS/IFRS, no s relativamente aos aspectos legalmente exigidos

    pela administrao fiscal portuguesa mas tambm o seu enquadramento numa

    perspectiva da Unio Europeia, da qual Portugal faz parte, e numa perspectiva

    internacional.

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    14

    Neste captulo faz-se tambm uma breve apresentao da indstria da madeira

    comeando por explicar de que forma os primrdios da civilizao humana a utilizavam

    no seu dia a dia, assim como a sua evoluo na forma como tratada at aos dias de

    hoje. Posteriormente dada uma justificao do tema e so apresentadas as suas

    delimitaes, definindo-se de seguida os objectivos gerais e especficos da

    dissertao. Por fim, exposta de uma forma muito breve a estrutura da dissertao,

    seguindo-se a sntese de cada um dos captulos que a constituem.

    No captulo dois ser apresentada a evoluo da contabilidade onde se poder concluir

    que esta inicialmente surgiu para suprir as deficincias de memria e que, actualmente

    usada para ajudar tomada de deciso servindo de base para uma mais correcta previso

    de resultados o futuros.

    Neste captulo so tambm abordados os conceitos de normalizao e harmonizao

    contabilstica. Ser possvel inferir-se que normalizao consiste na definio regras

    nicas relativamente aos diversos aspectos das polticas contabilsticas enquanto que

    harmonizao consiste em estabelecer, na comunidade, regras jurdicas comuns

    equivalentes mnimas quanto ao mbito financeiro a divulgar junto do pblico, por

    sociedades concorrentes.

    Nesta sequncia sero apresentados os principais organismos reguladores intervenientes

    em todo o processo: Unio Europeia e o IASB, antigo IASC.

    A normalizao contabilstica em Portugal no tem muitas dcadas e pode subdividir-se

    em quatro etapas.

    Neste captulo so tambm apresentadas as atribuies, os rgos e a forma de

    funcionamento da CNC assim como o processo de elaborao de uma Directriz

    contabilstica (DC).

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    15

    No terceiro captulo desta dissertao apresentado o caminho percorrido pela Unio

    Europeia at ao momento actual e o contexto que a levou a traar este percurso, assim

    como os desafios que lhe so colocados para o futuro.

    Neste sentido em 1957, atravs do Tratado de Roma, foi crida a Comunidade

    Econmica Europeia (CEE), que tinha como objectivo a criao de um mercado comum

    que culminaria numa unio econmica e monetria entre os seus pases membros.

    Logo, uma medida necessria livre circulao de produtos, indivduos, servios e

    capitais entre os estados membros foi a normalizao contabilstica desenvolvida pela

    Unio Europeia, com carcter vinculativo.

    Neste sentido, o Conselho Europeu tem realizado esforos para que a harmonizao das

    prticas de elaborao da informao financeira se tornem num elemento para a

    convergncia dos normativos dos diversos pases, sendo usualmente identificadas trs

    etapas principais em todo esse processo.

    Assim, desde 1995 at aos dias de hoje, assistiu-se a uma aproximao gradual da

    Unio Europeia ao IASB, que ocorreu atravs da adaptao das directivas s IAS/IFRS

    e da imposio da utilizao das mesmas, s empresas cotadas nos estados membros,

    desde 2005, aquando da apresentao das contas consolidadas.

    Apesar das etapas j percorridas, a Unio Europeia no est parada e continua a

    trabalhar no sentido de conseguir que as suas normas satisfaam cada vez mais os

    interesses dos seus utilizadores, tendo por isso perspectivas futuras de evoluo.

    O quarto captulo trata do papel do IASB na harmonizao contabilstica internacional

    uma vez que tem sido, nos ltimos anos, um dos temas na rea da contabilidade mais

    analisado e comentado, tendo gerado interesse entre os profissionais, acadmicos,

    investidores e outros utilizadores da informao financeira.

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    16

    O IASB foi fundado em 29 de Junho de 1973, com a designao de International

    Accounting Standards Committee (IASC), criado como consequncia de organizaes

    profissionais de vrios pases sendo visto como um organismo harmonizador de carcter

    profissional privado e de alcance mundial

    A evoluo deste organismo pode ser dividida, em quatro fases distintas.

    Neste captulo, tambm dado a conhecer que existe uma aproximao das normas do

    IASB s prticas contabilsticas encontradas em pases com influncia anglo-saxnica e

    uma diminuio da distncia entre as IFRS e as normas do FASB que se justifica

    precisamente pelas suas caractersticas.

    tambm neste captulo que se fica a conhecer toda a estrutura, organizao e evoluo

    do IASB. Neste sentido convm salientar que, aps 2001, a estrutura organizativa do

    IASB assenta essencialmente em trs organismos: no International Accounting

    Standards Committee Foundation (IASCF), no International Financial Reporting

    Interpretations Committee (IFRIC) e no Standards Advisory Council (SAC).

    Neste captulo so tambm divulgados os actuais objectivos do IASB assim como todo

    o processo de elaborao de uma norma. So tambm dados a conhecer as perspectivas

    de trabalho futuras para este organismo.

    Assim, ir ser possvel inferir que actualmente, o IASB possui um modelo de

    funcionamento que lhe permite emitir NIC com a qualidade adequada s necessidades

    de uma economia cada vez mais global e que o processo de convergncia entre o FASB

    e o IASB ainda no terminou.

    No quinto captulo estudada a evoluo do sistema contabilstico portugus ao longo

    das ltimas dcadas, a sua situao actual assim como a proposta da CNC para a sua

    estrutura aps a adopo das IAS/IFRS. Posteriormente efectua-se uma comparao

    entre o normativo portugus e o normativo do IASB, cujo objectivo aferir quais as

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    17

    reas que colocaro maiores dificuldades s empresas portuguesas no processo de

    convergncia.

    Neste sentido, ir ser possvel inferir que a evoluo do sistema contabilstico portugus

    ao longo das ltimas dcadas foi acentuado, fruto da harmonizao com as normas do

    IASB e que as prticas de valorizao e de relato financeiro conjuntamente com a

    homogeneidade, apresentam-se em consonncia com as prticas recomendadas pelo

    IASB.

    Neste captulo d-se a conhecer a situao actual da normalizao contabilstica em

    Portugal onde ser possvel concluir que foram criados vrios organismos reguladores

    sendo que, actualmente em Portugal, existem cinco organismos normalizadores da

    contabilidade: o Banco de Portugal, o Instituto Portugus de Seguros, a CNC, a

    Comisso de Mercado de Valores Mobilirios (CMVM) e a Comisso de Normalizao

    Contabilstica da Administrao Pblica.

    tambm fornecida uma comparao entre os normativo portugus e o normativo do

    IASB uma vez que tm sido diversas as matrias objecto de regulamentao

    contabilstica, tendo por base as normas do IASB, cujo objectivo contribuir para a

    diminuio da distncia entre os dois sistemas normativos.

    Neste sentido, apresentada uma comparao entre a Estrutura Conceptual (EC) do

    POC, ou seja a que vlida para efeitos de relato administrao fiscal e a EC

    preconizada pelo IASB, concluindo-se que, as definies contidas no POC so similares

    s que esto estabelecidas na EC do IASB, sendo que este apenas inclui nas

    caractersticas das DF a compreensibilidade e a imagem fiel.

    Com a adopo das IAS/IFRS ter que ser estudada e devidamente interpretada a IFRS

    1, pois ela que d a conhecer todos os ajustamentos e divulgaes a efectuar nas DF

    aquando da transposio da informao financeira para o novo normativo.

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    18

    Assim, so tambm abordados neste captulo os principais efeitos nas DF decorrentes da

    adopo, em Portugal, das IAS/IFRS, seguindo-se uma apresentao esquemtica

    explicativa das diferenas existentes entre o referencial portugus e o normativo do

    IASB.

    No captulo sexto dada a conhecer a metodologia utilizada de uma maneira geral no

    corpo do trabalho, onde utilizada um pesquisa do tipo descritiva assim como a

    metodologia utilizada no captulo stimo, que alm de ser descritiva, tambm

    exploratria.

    Assim, este captulo comea por explicar o planeamento da pesquisa a qual comea e

    termina na leitura passando, como bvio, pela recolha e anlise dos dados e

    consequente apresentao dos resultados.

    O mtodo utilizado para a recolha da informao pretendida foi a entrevista presencial,

    utilizando o guio3 como suporte, de forma a obter informao de carcter qualitativo.

    Como o estudo emprico ir debruar-se sobre as DF da Sonae Indstria, SGPS, SA

    para verificar os principais impactos da adopo das IAS/IFRS por esta importante

    Unidade Industrial Portuguesa, est-se perante um estudo de caso.

    O captulo termina apresentando uma breve concluso que pretende evidenciar a

    importncia da forma como a informao recolhida para um melhor obteno de

    resultados.

    Por fim, no captulo stimo apresentado um estudo emprico, que mais no do que

    um estudo de caso sobre a Sonae Indstria, SGPS, SA, que especificamente pretende

    dar a conhecer a forma como esta importante unidade industrial transps para o novo

    normativo as suas DF.

    3 Ver Anexo I

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    19

    Assim, este captulo comea por apresentar uma breve histria da organizao objecto

    do estudo de caso, comeando por descrever o grupo em que esta se insere passando

    pelos principais marcos histricos assim como descreve as relaes de participao

    existentes no Grupo.

    Devido mudana para o normativo do IASB, os efeitos patrimoniais reportados data

    de transio para as IFRS (1 de Janeiro de 2004) foram muito reduzidos e registados em

    capitais prprios. Assim, neste captulo apresentada uma desagregao dos principais

    impactos nas contas da Sonae Indstria, SGPS, SA.

    Por fim, e antes das concluses so transcritas as entrevistas efectuadas na Sonae

    Indstria, SGPS, SA que tiveram por base um guio, j anteriormente referido.

    Destas entrevistas foi possvel tirar vrias concluses de entre as quais convm reter que

    o processo de transposio para as IAS/IFRS no interior da Sonae Indstria, SGPS, SA

    foi difcil isto porque, semelhana do que acontece com a generalidade dos

    profissionais de contabilidade portugueses, os recursos humanos efectivos da

    organizao possuam muito poucos conhecimentos sobre esta temtica.

    Foi tambm concludo com este estudo que este normativo possui muitas vantagens,

    poucas desvantagens e algumas lacunas.

    O que de mais importante as IAS/IFRS acrescentaram ao normativo contabilstico

    portugus foi a uniformizao das contas e clareza em relao a alguns temas que trata e

    ajudam obviamente a dar uma maior transparncia de informao aos Stakeholders da

    situao econmica da empresa, desde que sejam bem aplicadas.

    Por fim concluiu-se que, apesar das aproximaes que tm acontecido entre as

    IAS/IFRS e o POC, ainda existe muito a fazer a nvel nacional para que este novo

    normativo se torne uma realidade em todas as empresas portuguesas.

  • O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .

    20

    Depois do captulo stimo so apresentadas a concluses da dissertao no captulo

    oitavo onde tambm so relatadas as limitaes do estudo e possveis investigaes

    futuras.

    Posteriormente so apresentados anexos, sendo que no anexo I consta o guio utilizado

    para as entrevistas realizadas, nos anexos II e seguintes constam algumas das DF da

    Sonae Indstria, SGPS, SA.

    Este trabalho termina com a insero de uma lista da bibliografia utilizada ao longo de

    toda a dissertao.

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    21

    Captulo II

    EVOLUO DA CONTABILIDADE EM PORTUGAL,

    AO LONGO DAS DCADAS

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    22

    Captulo II EVOLUO DA CONTABILIDADE EM PORTUGAL, AO

    LONGO DAS DCADAS

    2.1 Introduo

    Aps o Captulo I, no qual se deu a conhecer em traos gerais esta dissertao,

    especificamente os objectivos, o enquadramento do estudo, a justificao do tema, ir

    agora comear-se por aprofundar cada um dos objectivos especficos e gerais definidos

    a priori.

    Nas ltimas dcadas do sculo XX, assistiu-se a uma sucesso de importantes alteraes

    econmicas, com amplos reflexos no modo como os pases e as empresas de todo o

    mundo se relacionam.

    Com este captulo pretende-se analisar as limitaes da contabilidade comeando por

    apresentar de que forma ocorreu a evoluo nas ltimas dcadas at se conseguir

    uniformizar a linguagem contabilstica.

    Neste sentido pretende-se clarificar os conceitos de normalizao e harmonizao assim

    como explicar a sua correcta utilizao e aplicao.

    tambm pretendido com captulo apresentar os principais organismos reguladores

    envolvidos no processo de harmonizao contabilstica.

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    23

    2.2 Necessidade crescente de informao

    A contabilidade e como referem Costa e Alves (2005), sofreu um importante

    desenvolvimento a partir de 1494, aquando da publicao pelo frade franciscano

    italiano Luca Pacioli em Veneza, de uma enciclopdia de matemtica intitulada

    Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionilita, onde se inclui o

    Tratactus XI Particularis de Computis et Scripturis I das contas e da escriturao4.

    Foi neste tratado que se descreveu, pela primeira vez, a forma de escriturar as contas

    atravs do mtodo das partidas dobradas, o qual ainda hoje se encontra em vigor na

    generalidade dos pases.

    Posteriormente em 1874, a contabilidade passou a ser usada para a tributao fiscal na

    cidade de Bremeno reinado da Saxnia, mais tarde em 1891 tambm a Prssia seguiu os

    passos do reinado da Saxnia.

    O objectivo, naquela poca, para a utilizao da contabilidade como meio de tributao

    fiscal seria a elaborao de um s balano quer para o mercado de capitais5 quer para as

    autoridades fiscais6 (Rodrigues, 2003). Nessa altura adoptava-se a contabilidade na base

    de caixa (entradas e sadas monetrias) para fins fiscais e na base do acrscimo

    (efectivao do custo ou do proveito) para fins comerciais.

    A gnese da contabilidade como refere Borges et al. (2006), explicada pela

    necessidade sentida pelo homem em preencher as deficincias da memria, mediante

    um processo de classificao e registo, o qual lhe permitisse por um lado recordar

    facilmente as variaes sucessivas de determinadas grandezas e por outro construir

    meio de prova entre partes discordantes ou de litgio.

    O grande desenvolvimento dos princpios contabilsticos, tal como so conhecidos hoje,

    deveu-se fundamentalmente revoluo industrial, pois foi devido a esta revoluo que

    se deu o desenvolvimento das unidades de produo capitalistas, as quais determinaram

    4 Escriturao a linguagem pela qual se exprime a contabilidade 5 Bolsa de valores 6 Entidades a quem era devido o tributo (imposto)

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    24

    o aperfeioamento dos mtodos contabilsticos. Passou a existir uma utilizao

    crescente de recursos materiais, financeiros e humanos tornando-se inadequada a

    contabilidade tradicional (Costa e Alves, 2005).

    Desta forma, a contabilidade que inicialmente tinha um papel de natureza jurdico,

    transformou-se progressivamente numa fonte de informaes, uma vez que podia

    facultar a todo o momento o conhecimento da situao do comerciante assim como o

    andamento do seu negcio.

    No passado a contabilidade era, no entender de um grande nmero de autores (e ainda

    hoje considerada por muitos como tal), uma tcnica cuja finalidade era descrever e

    registrar os factos patrimoniais ocorridos, com o fim de conhecer: a posio

    devedora/credora da empresa em relao aos que com ela transaccionam, composio e

    valor do patrimnio, custo dos bens ou servios vendidos, origem/causa dos encargos e

    rendimentos, a natureza e importncia dos resultados assim como a responsabilidade

    dos diversos agentes obrigados a prestar contas dos valores a si consignados (Borges et

    al., 2006).

    Com o surgimento de grupos de empresas, sociedades de capitais e o recurso ao crdito,

    a contabilidade comeou a assumir um papel de relevo para diferentes entidades

    nomeadamente, accionistas, credores e financiadores. Assim, actualmente s empresas

    no interessa apenas o registo histrico dos factores patrimoniais mas tambm uma

    previso do futuro, a qual conseguida pelos dados fornecidos pela contabilidade.

    Desta forma a contabilidade que era entendida apenas como um elemento de simples

    recolha e interpretao de dados histricos passou a ser vista como uma tcnica

    eficiente de gesto (Borges et al., 2006).

    Actualmente, podem-se agrupar os pases em: pases chamados de direito romano, onde

    as empresas se financiam essencialmente atravs de recursos externos, nos quais as leis

    so pormenorizadas, onde a fiscalidade e a cultura exercem uma forte influncia sobre a

    contabilidade (exemplo: Frana, Alemanha, Portugal, Japo e outros); e os do

    denominado direito comum, onde os recursos prprios possuem um papel muito

    importante no financiamento das empresas, onde as isenes fiscais so obtidas

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    25

    independentemente do sistema de contabilidade aplicado, a influncia da fiscalidade na

    contabilidade mnima e a contabilidade emana da profisso. So exemplos dos pases

    de direito comum os Estados Unidos da Amrica (EUA) e o Reino Unido (Rodrigues,

    2003).

    Com a economia globalizada7 em que se vive actualmente, no podem existir diferentes

    contabilidades conducentes a diferentes resultados, consoante o pas onde a empresa se

    encontra sedeada. Alm do mais, a contabilidade permite vrias alternativas que

    originam diferenas significativas nos resultados e consequentemente na situao

    financeira da empresa dependendo da interpretao dada s normas contabilsticas

    existentes no pas onde a empresa possui a sua sede (Costa e Alves, 2005).

    A utilizao da contabilidade para a tomada de deciso, apesar de ser uma tcnica

    eficiente de gesto, apresenta algumas limitaes, entre elas o facto de reflectir o

    passado enquanto que o que interessa aos utentes so os fluxos de caixa futuros. A

    contabilidade continua a dar nfase ao relato e divulgao de situaes passadas

    (informao histrico financeira), enquanto que os utentes das DF gostariam tambm de

    receber informao prospectiva e informao no financeira.

    Neste sentido convm salientar a importncia do anexo ao balano e demonstrao

    dos resultados (ABDR) e o relatrio de gesto os quais representam um papel

    importante no desenvolvimento qualitativo da informao financeira. A sua funo

    fornecer informao relevante para os utentes dos documentos de prestao de contas

    permitindo-lhes prever como a empresa se ir comportar no futuro (Rodrigues, 2003).

    Assim, seguindo a mesma linha de pensamento, a contabilidade possui efectivamente

    vrias limitaes pois no reflecte o valor das empresas, embora constitua um ponto de

    partida para se poder determinar esse valor, no trata o custo do capital investido pelos

    accionistas e no reflecte adequadamente o valor do capital intelectual da empresa.

    7 Pode dizer-se que a globalizao um processo complexo que surgiu no seguimento do crescente capitalismo

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    26

    A proliferao de negcios multinacionais e o incremento da formao e exigncia do

    investidor, vem acrescentar um novo dinamismo necessidade de uma convergncia

    global das normas contabilsticas e o surgimento inevitvel da normalizao

    contabilstica (Ferreira e Santos, 2003).

    2.2.1 Normalizao Contabilstica

    Com a crescente complexidade da estrutura das unidades econmicas, cada vez mais se

    sentiu a necessidade de definir um conjunto de regras, mais ou menos uniformes que

    permitissem o registo de todos os factos que, de uma forma ou de outra, fossem comuns

    generalidade das empresas, independentemente da actividade desenvolvida. Surge

    assim a denominada normalizao contabilstica.

    Recorrendo ao dicionrio da lngua portuguesa encontra-se que o significado da palavra

    normalizao diz respeito :

    () regulamentao por entidade ou instituio oficialmente autorizada de

    nomenclatura, notaes, definies, tcnicas operatrias, (), com o fim de

    obter uniformidade de critrios e padres que facilitem as relaes no

    domnio da tcnica ()8

    Assim, na noo de normalizao contabilstica est contida a preocupao de

    uniformidade pois at o Ferreira (1984) a define como sendo a uniformizao da

    terminologia, da conceituao, dos critrios e dos procedimentos contabilsticos, ao

    referir que aquela compreende:

    () todas as aces tendentes a criar um todo coerente de organizao

    contabilstica uniforme com exigncias diversas que comeam na

    terminologia e conceituao prosseguindo na escolha de esquemas e regras

    de contabilizao uniformemente adoptadas e culminando na elaborao de

    8 Dicionrio da Lngua Portuguesa, 8 Edio. Porto Editora. P. 1159.

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    27

    modelos, onde, em sntese, se representam fluxos ou correntes de valor ()

    e saldos ou situaes finais. (Ferreira, 1984, p. 25 e 26).

    Pode assim inferir-se que normalizao consiste na necessidade de definir regras nicas

    relativamente aos diferentes aspectos das polticas contabilsticas, nomeadamente o

    nome, mbito e funcionamento das contas, os critrios de valorimetria, os chamados

    princpios da contabilidade e tambm os modelos de demonstraes contabilsticas.

    2.2.2 Harmonizao Contabilstica

    Recorrendo novamente ao dicionrio da lngua portuguesa, verifica-se que a

    harmonizao significa conciliao e que esta significa concordncia, acordo de

    partes desavindas9, ou seja consenso e no uniformizao.

    Em concordncia com o dicionrio da lngua portuguesa, Tas (1992, p. 45), define

    harmonia como () um estudo em que existe um certo grau de coordenao entre dois

    ou mais assuntos.

    Urge ento definir este conceito de forma a ser percebido claramente a diferena

    relativamente ao de normalizao contabilstica.

    A noo mais completa poder ser encontrada no 3. do prembulo da 4. directiva

    (78/660/CEE), ou seja, da directiva relativa s contas anuais de certas formas de

    sociedade. Esta directiva assume claramente o seu carcter harmonizador ao afirmar que

    pretende () estabelecer na Comunidade regras jurdicas equivalentes mnimas quanto

    ao mbito das informaes financeiras a divulgar junto do pblico por sociedades

    concorrentes.

    9 Dicionrio da Lngua Portuguesa, 8 Edio. Porto Editora. P. 855 e 399 respectivamente.

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    28

    Garrido e Sanabria (2001), ainda diferenciam a harmonizao formal e material.

    Enquanto que a harmonizao formal refere-se aos avanos alcanados no mbito do

    normativo para atingir uma maior comparabilidade das demonstraes financeira, a

    harmonizao material consiste nos esforos empreendidos no mbito das DF

    elaboradas pelas empresas, atravs da aplicao de determinadas prticas ou tratamentos

    contabilsticos.

    Pode assim inferir-se que enquanto na normalizao todos os aspectos da funo tcnica

    contabilstica, no so deixados ao acaso isto , ao livre arbtrio do profissional, na

    harmonizao impem-se regras apenas quanto aos aspectos verdadeiramente

    importantes, deixando ao profissional as decises sobre aspectos menores, como por

    exemplo o nome das contas (Ferreira, 2004).

    Numa outra perspectiva, a normalizao definida como o movimento no sentido da

    uniformidade global enquanto que harmonizao entendida como um processo em que

    se avana no sentido da diversidade para a comparabilidade (Garrido e Sanabria, 2001).

    2.3 Apresentao de organismos reguladores

    Foram diversos os organismos envolvidos no processo de harmonizao contabilstica

    quer nacional quer internacional, quer atravs da emisso de normas quer atravs de

    outras formas de regulamentao. Estes organismos podem ser classificados: tendo em

    conta o seu alcance mundial, ou regional; de acordo com a sua natureza que pode ser

    pblica, isto , sustentada no direito internacional pblico, ou ento privada, isto

    emitida por organizaes profissionais de contabilidade sem instrumentos jurdicos que

    garantam a sua aplicao, de acordo com o apresentado no quadro 2.1 (Leinz, 2001;

    Pereda, 2000).

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    29

    Quadro 2.1 Organismos Envolvidos no Processo Harmonizador

    Organismos de Alcance Mundial Organismos de Alcance Regional

    Carcter Pblico Carcter Pblico OCDE (Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico) UE (Unio Europeia)

    ONU (Organizao das Naes Unidas) MERCOSUR (Mercado Comn del Sur) OMC (Organizao Mundial do Comrcio)

    Carcter Privado Carcter Privado IFAC (International Federation of Accounts)

    FEE (Federation des Experts Comptables Europens)

    IFAD (International Forum on Accountancy Development)

    IAA (International accounting Association)

    IASB (International Accounting Standards Board)

    CAPA (Confederation of Asian and Pacific Accountants)

    ASEAN (Association of Southeast Asian Nations)

    ECSAFA (Eastern Central and Southern African Accounts)

    IRFAA Eurasia (International Regional Federation of Accountants and Auditors)

    Fonte: Adaptado de Lanez (2001)

    Dois destes organismos tiveram uma actuao decisiva no processo de harmonizao

    contabilstica europeia e, em particular, no desenvolvimento da contabilidade em

    Portugal. Foram eles, a Unio Europeia pelo carcter vinculativo das suas normas nos

    estados-membros, e o IASB, pelo crescente reconhecimento da qualidade das suas

    normas ao nvel internacional, que acabou por influenciar o desenvolvimento dos

    normativos nacionais.

    Neste sentido, importantes organizaes regionais e globais, como a Unio Europeia, a

    (Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico) OCDE, o IFAC e

    (Organizao das Naes Unidas) ONU, abdicaram da emisso de qualquer norma de

    contabilidade cujo carcter fosse regional, passando a reconhecer o importante papel do

    IASB como principal organismo emissor de NIC. No entanto, o IASB continua a

    receber o permanente apoio da International Organization of Securities Commissions

    (IOSCO) assim como do mercado de capitais com um maior nmero de empresas

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    30

    estrangeiras cotadas s quais exigida a utilizao das normas internacionais na

    elaborao das suas DF (Rodrigues e Guerreiro, 2004).

    Os mercados de capitais esto a exigir actualmente, normas contabilsticas de elevada

    qualidade. Assim, e de acordo com Rodrigues (2000), estas normas devem ser

    caracterizadas por:

    Constituir um conjunto de procedimentos contabilsticos, baseados na teoria da

    contabilidade, na EC (a descrever no Captulo V desta dissertao) da

    contabilidade financeira e que proporcione informao relevante e fivel.

    Promover a comparabilidade e a transparncia da informao contabilstica e

    proporcionar uma divulgao completa de todos os factos patrimoniais.

    Evitar ou reduzir os procedimentos contabilsticos alternativos.

    Serem claras e de fcil compreenso pelos contabilistas.

    2.3.1 Principais marcos histricos dos organismos reguladores

    Em 1973, foi criado o IASC como consequncia de acordos entre rgos reguladores da

    contabilidade da Austrlia, Alemanha, Canad, Frana, Japo, Mxico, Holanda, Reino

    Unido, Irlanda e EUA.

    De acordo com a sua constituio, este organismo tinha dois objectivos a seu cargo.

    Assim, pretendia por um lado, formular e publicar normas de contabilidade, tendo em

    conta o interesse pblico, para serem observadas na apresentao de DF e promover a

    sua aceitao e observncia a nvel mundial. Por outro lado, tinha tambm como

    objectivo trabalhar para melhorar a harmonizao da regulao contabilstica, das

    normas de contabilidade e procedimentos relativos apresentao das DF (Rodrigues,

    2003).

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    31

    As normas emitidas pelo IASC denominavam-se IAS e, em Portugal, as IAS eram

    normalmente designadas por NIC.

    Em 1997, foi criado o Standing Interpretations Committee (SIC), com o objectivo de

    emitir interpretaes das normas. Estas interpretaes eram tambm designadas por

    SIC.

    Mais tarde, em 2001, o IASC deu lugar ao IASB e as normas passaram a denominar-se

    IFRS.

    A alterao de IAS para IFRS, envolveu uma mudana de fundo pois enquanto que os

    IAS abrangem apenas a contabilidade as IFRS passaram a abranger tambm o relato

    financeiro10.

    Tambm em 2001 o SIC deu lugar ao IFRIC, o qual tem a seu cargo: interpretar a

    aplicao das IFRS e proporcionar orientao sobre assuntos de relato financeiro no

    tratados directamente por qualquer IFRS, publicar minutas das interpretaes para

    apreciao pblica, reportar ao Board, obter aprovao do mesmo para as interpretaes

    na sua forma final e, por fim desenvolver outras tarefas a pedido do Board.

    De uma forma resumida os principais organismos reguladores podem ser analisados,

    esquematicamente, no quadro 2.2.

    10 De notar que as IAS emitidas (tendo sido a ltima a IAS 41) no passaram a denominar IFRS. As novas

    normas que so denominadas IFRS. Desta forma, coexiste a IAS 1 e a IFRS 1.

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    Quadro 2.2 Principais Organismos Reguladores

    1973 IASC Formular e publicar normas de contabilidadePromover a sua aceitao e observncia a nvel mundialMelhoria e harmonizao da regulao contabilstica, normas decontabilidade e procedimentos relativos apresentao das DF

    1997 SIC Emitir interpretaes das normas que eramdesignadas por SIC

    2001 IASB IASC deu lugar ao IASB e as normas passaram a denominar-se IFRSAbrangem tambm o relato financeiro

    2001 IFRC O SIC deu lugar ao IFRC

    Fonte: Autora

    DATA ORGANISMO FUNO

    2.4 Mudanas no normativo contabilstico Portugus

    Em 1974, por despacho de 27 de Fevereiro, foi criada uma comisso que ficou

    responsabilizada pela implementao da normalizao contabilstica no pas. O

    objectivo principal do trabalho desta comisso residia na definio dos documentos

    finais de apresentao de contas atravs da elaborao de um conjunto normalizado de

    quadros e respectivos anexos. Contudo, constatou-se que seria til a elaborao de um

    quadro e uma lista de contas.

    A normalizao contabilstica em Portugal no tem muitas dcadas e pode subdividir-se

    em quatro etapas.

    A primeira etapa decorreu de 1976 at 1988. Foi marcado pela publicao do primeiro

    Plano Oficial de Contabilidade (POC), aprovado pelo decreto-lei 47/77 de 7 de

    Fevereiro, o qual foi fortemente influenciado pela normalizao contabilstica francesa e

    pela criao da CNC (Ferreira, 1998).

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    33

    Com a reforma fiscal, principalmente no que respeita ao Cdigo da Contribuio

    Industrial, aprovado pelo decreto-lei n. 45103, de 1 de Julho de 1963, e legislao

    sobre fiscalizao das sociedades annimas, este perodo foi decisivamente marcado.

    Verificou-se, neste perodo, uma grande evoluo ao nvel da determinao dos custos e

    proveitos de cada exerccio e ainda no que respeita elaborao dos documentos de

    publicao obrigatria.

    Quanto aos critrios de avaliao dos elementos patrimoniais ou uniformidade na

    aplicao desses critrios e dos principais princpios contabilsticos, nada era referido

    no POC publicado nesta etapa.

    O POC de 1977 (1 Plano Oficial de Contabilidade em Portugal) foi um elemento

    primordial na normalizao contabilstica a nvel nacional e foi com ele que deu inicio

    primeira etapa da normalizao contabilstica.

    A segunda etapa decorreu de 1989 at 1991 e caracterizou-se pela obrigatoriedade de

    ajustamentos dos normativos nacionais 4. directiva (78/660/CEE) e 7. directiva

    (83/349/CEE) na sequncia da adeso de Portugal Comunidade Europeia, em 1986.

    Como resultado destes ajus