a adopção da hospitais públicos a adopção da ehealth nos
TRANSCRIPT
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Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas
A Adopo da
Hospitais Pblicos em Portugal
Presidente Reitor da Universidade Tcnica de Lisboa
Vogais Doutor Jos Antnio Oliveira Rocha, proEconomia e Gesto da Universidade do Minho
Doutor Juan Pedro Mozzicafreddo, professor catedrtico d
Superior de Cincias do Trabalho e da Empresa; Doutor Joo Abreu de Faria Bilhim, professor catedrtico do Instituto
Superior de Cincias Sociais e Polticas da Universidade Tcnica de Lisboa;
Doutor Lus Manuel Borges Gouveia, professor associado com agregao
da Universidade Fernando Pessoa; Doutora Carla Macom agregao do Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas da Universidade Tcnica de Lisboa;
Doutor Ricardo Joo Magro Ramos Pinto, professor Instituto Superior de Cincias Sociaide Lisboa.
em Cincias Sociais na especialidade
Doutoranda Orientador
Co-Orientador
Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas
Universidade Tcnica de Lisboa
A Adopo da eHealth nos Hospitais Pblicos em Portugal
1996 2007 da Universidade Tcnica de Lisboa
Doutor Jos Antnio Oliveira Rocha, professor catedrtico da Escola de Economia e Gesto da Universidade do Minho;
Doutor Juan Pedro Mozzicafreddo, professor catedrtico dSuperior de Cincias do Trabalho e da Empresa;
Abreu de Faria Bilhim, professor catedrtico do Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas da Universidade Tcnica de
Doutor Lus Manuel Borges Gouveia, professor associado com agregao da Universidade Fernando Pessoa;
Doutora Carla Margarida Barroso Guapo da Costa, professoracom agregao do Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas da Universidade Tcnica de Lisboa;
Doutor Ricardo Joo Magro Ramos Pinto, professor Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas da Universidade Tcnica
Tese de Doutoramento Cincias Sociais na especialidade de Administrao
Maria Helena Gonalves Costa Ferreira Monteiro
Professor Doutor Joo Abreu de Faria Bilhim Professor Doutor Ricardo Joo Magro Ramos Pinto
Lisboa 2010
Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas
Universidade Tcnica de Lisboa
fessor catedrtico da Escola de
Doutor Juan Pedro Mozzicafreddo, professor catedrtico do Instituto
Abreu de Faria Bilhim, professor catedrtico do Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas da Universidade Tcnica de
Doutor Lus Manuel Borges Gouveia, professor associado com agregao
professora associada com agregao do Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas da
Doutor Ricardo Joo Magro Ramos Pinto, professor associada do s e Polticas da Universidade Tcnica
de Administrao Pblica Maria Helena Gonalves Costa Ferreira Monteiro
Bilhim Ricardo Joo Magro Ramos Pinto
-
i
NDICE
Relao de Figuras v
Relao de Quadros viii
Lista de Abreviaturas x
Agradecimentos xiv
Resumo xv
Abstract xvi
1 INTRODUO 1
2 EHEALTH E O CONTEXTO PBLICO 7
2.1 Contexto 7
2.2 Sector Pblico e Sector Privado Servios Pblicos 10
2.3 Modelos de Estado e Administrao Pblica 18
2.3.1 Estado Liberal at 1880 18
2.3.2 Estado Providncia de 1880 at 1919 e de 1919 at 1929 21
2.3.3 Estado Providncia de 1929 a 1945 27
2.3.4 Estado Providncia de 1945 a 1975 1980 30
2.3.5 Estado Providncia a partir de 1980 ou Estado Managerial ou Gestionrio at 1990
33
2.3.5.1 As abordagens e tcnicas de gesto aplicadas com sucesso no sector privado e largamente difundidas em 1982
36
2.3.5.2 Resultantes das teorias da Public Choice Escola de Cambridge 39
2.3.6 O Estado Gestionrio de 1990 at 2000 New Public Management (NPM) 46
2.3.7 O Novo Estado Gestionrio a partir de 2000 The New Public Governance (NPG)
52
2.4 Alguns marcos dos Servios de Sade em Portugal 61
3 OS SISTEMAS E AS TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO (TIC) PARA A SADE
71
3.1 Os Sistemas e as Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC) 71
3.1.1 Conceitos fundamentais 71
3.1.2 Eras tecnolgicas 74
3.1.3 A evoluo dos sistemas de informao 81
3.1.4 Classificao dos sistemas de informao 88
-
ii
3.1.5 A integrao de perspectivas e o futuro 93
3.2 As tecnologias de informao e comunicao e a sade 95
3.2.1 A informtica mdica 95
3.2.2 A informtica na sade 100
3.2.3 eHealth (eSade ou Sade em Linha) 102
3.2.4 As instituies prestadoras de cuidados de sade em transformao e as TIC 108
3.2.5 O sistema de informao de um hospital os vrios subsistemas 115
3.3 As TIC e a sade em Portugal 122
3.3.1 O programa operacional da sade - Sade XXI 122
3.3.2 Os dados do INE em relao utilizao de tecnologias de informao e da comunicao nos hospitais
129
3.3.3 O Plano Tecnolgico da Sade 138
4 A ADOPO ORGANIZACIONAL DOS SISTEMAS E TECNOLOGIAS DE INFORMAO
144
4.1 A difuso das inovaes conceitos, teorias e modelo 144
4.1.1 Inovao e difuso das inovaes 144
4.1.2 Teorias de adopo e difuso das inovaes 148
4.1.3 Diffusion of innovations theory DOI theory 150
4.1.4 TAM- Technology Acceptance Model e outras teorias sobre a adopo de tecnologias pelos indivduos
153
4.2 O Processo de deciso de uma inovao a perspectiva do indivduo 156
4.3 O Percurso da implementao de uma inovao a perspectiva do indivduo 160
4.3.1 O caminho a percorrer 161
4.3.2 As capacidades para inovar existentes na organizao 162
4.4 O Processo de deciso de uma inovao a perspectiva da organizao 164
4.4.1 Caractersticas das organizaes que contribuem para uma maior rapidez na adopo das inovaes tecnolgicas pelas organizaes
166
4.5 A implementao das tecnologias de informao e comunicao nas organizaes
169
4.5.1 O Percurso do processo de inovao numa organizao 170
4.6 Investigao cientfica sobre a adopo de TIC alguns caminhos 171
5 METODOLOGIA DE INVESTIGAO 176
5.1 Apresentao Geral da Metodologia seguida 176
5.1.1 O ponto de partida e a procura do tema 176
-
iii
5.1.2 A confirmao da problemtica a sistematizao do tema de investigao 177
5.1.3 Primeiras Exploraes 186
5.1.4 Os passos seguintes uma sntese 188
5.2 A pergunta de partida e as hipteses formuladas 191
5.3 O percurso metodolgico da investigao 192
5.4 O modelo de anlise A taxonomia da eHealth 196
5.4.1 A decomposio das solues eHealth 196
5.4.2 Definies das solues e tecnologias eHealth 199
5.5 O modelo de anlise -- As variveis dependentes 208
5.6 O modelo de anlise As variveis independentes 209
5.6.1 Envolvente externa 210
5.6.2 Contexto interno 215
5.7 O modelo de anlise Os dados necessrios investigao 223
5.7.1 Dados fundamentais 223
5.7.2 Situaes possveis no processo de entrevista 225
5.8 A observao - Os instrumentos de captao dos dados 226
5.9 A observao A construo da amostra e o processo de obteno dos dados 228
6 ANLISE, RESULTADOS E DISCUSSO 231
6.1 O Percurso da Anlise, os Objectivos Especficos e os Mtodos Utilizados 231
6.1.1 Contexto e Conceitos 231
6.1.2 Percurso e Objectivos da Anlise dos Dados 233
6.2 Dados de Base, Definio e Codificao de Variveis 235
6.3 Anlise Global da Evoluo Temporal da Adopo das Tecnologias eHealth 243
6.4 Comportamento da Adopo de Tecnologias eHealth pela 1 Vez e sua Discusso
248
6.4.1 Conceitos 248
6.4.2 Anlise da Antiguidade da Adopo 1 Vez 250
6.4.3 Anlise do Ritmo da Adopo 1 Vez 255
6.4.4 Anlise da Dinmica da Adopo 1 Vez - Anlise de Correspondncia 258
6.5 Comportamento da Evoluo / Expanso de Tecnologias eHealth e sua Discusso
279
6.6 Comportamento da Manuteno / Continuao de Tecnologias eHealth e sua Discusso
283
6.7 Anlise da Influncia dos Factores Organizacionais nas Tomadas de Deciso sobre a Adopo das Tecnologias eHealth e sua Discusso
287
-
iv
6.7.1 Anlise Geral 287
6.7.2 Anlise Detalhada Abordagem e Questes 289
6.7.3 Resultados da Anlise Detalhada - Influncia dos Factores sobre os Tipos de Deciso ao Longo do Tempo
292
6.7.4 Anlise Detalhada - Influncia dos Factores sobre as diferentes Tecnologias eHealth independentemente dos Tipos de Deciso e do Tempo
305
6.7.5 Anlise Detalhada - Influncia dos Factores sobre as diferentes Tecnologias eHealth por Tipos de Deciso e independentemente do Tempo
308
7 CONCLUSES 320
7.1 O processo de adopo de eHealth nos Hospitais, em Portugal, de 1996 a 2007
322
7.2 Os factores que tiveram influncia nas tomadas de deciso da adopo da eHealth nos Hospitais, em Portugal, de 1996 a 2007
325
7.3 Resposta s Hipteses de partida 327
7.4 Sugestes de reas e temas a desenvolver em processos de investigao subsequentes
331
8 BIBLIOGRAFIA 333
9 ANEXOS 1
Anexo 1 Taxonomia e-Health 2
Anexo 2 Documentos de recolha de dados 3
Anexo 3 Carta-convite 20
Anexo 4 Lista geral dos hospitais 22
Anexo 5 Lista dos hospitais visitados 29
Anexo 6 Anlise de Correspondncia 30
Anexo 7 Anlise de Factores de Influncia nas Decises sobre a Adopo de eHealth
42
7.1 Resultados com todas as situaes todas as decises para todos os perodos temporais (1996 a 2007)
43
7.2 Resultados com todas as situaes todas as decises para o perodo 1996 - 2002 48
7.3 Resultados com todas as situaes todas as decises para o perodo 2003 - 2004 52
7.4 Resultados com todas as situaes todas as decises para o perodo 2005 2007 56
7.5 Resultados com as decises de Adopo para todos os perodos temporais 1996 - 2007 60
-
v
Relao de figuras
Figura 1 Evoluo dos Sistemas de Sade Europeus da era da proteco social era da governao (Sakellarides, 2003)
61
Figura 2 Datas relevantes no percurso da Gesto da Sade em Portugal 64
Figura 3 O percurso da Gesto da Sade Cuidados de Sade Primrios (1996-2003)
69
Figura 4 O percurso da Gesto da Sade Hospitais (1996-2003) 70
Figura 5 Componentes do Sistema de Informao (Carrasqueiro & Monteiro, e-Health strategic planning defining the e-Health services portfolio, 2008)
73
Figura 6 Eras das Arquitecturas TIC (Laudon & Laudon, 2007) 81
Figura 7 Modelo do Processo de Definio da Estratgia de SI-TIC (Ward & Peppard, 2002, p. 341)
88
Figura 8 As Componentes Bsicas de uma Organizao (Mintzberg, 2004-3 ed) 88
Figura 9 As relaes entre Negcio, SI e TIC (Ward & Peppard, 2002, p. 41) 94
Figura 10 Nveis de Complexidade - Informtica Mdica (Bemmel & Musen, 1997, p. 11)
97
Figura 11 Ecossistema da Sade (European-Comission & Empirica, 2008, p. 16) 101
Figura 12 Categorias da eHealth (Carrasqueiro & Monteiro, e-Health strategic planning defining the e-Health services portfolio, 2008)
102
Figura 13 Transaces eHealth (Carrasqueiro & Monteiro, e-Health strategic planning defining the e-Health services portfolio, 2008)
103
Figura 14 Cadeia de Valor (ao nvel macro) da Prestao de Cuidados de Sade (European-Comission & Empirica, 2008)
109
Figura 15 Cadeia de Valor Prestao Cuidados de Sade (Porter & Teisberg, Redefining Health Care - Creating Value-Based Competition on Results, 2006, p. 204)
114
Figura 16 Enquadramento dos Processos nas TIC num Hospital (desenvolvido pelo autor 2009)
120
Figura 17 Os vrios Subsistemas de Informao de um Hospital (desenvolvido pelo autor 2009)
121
Figura 18 5 Etapas - Processo de Deciso da Inovao - Individuo (Rogers, Diffusion of Innovations (Fifth Edition), 2003, p. 170)
152
Figura 19 5 Etapas - Processo de Inovao Organizao (Rogers, Diffusion of Innovations (Fifth Edition), 2003, p. 421)
153
Figura 20 TAM-Technology Acceptance Model (Davis, 1989) 154
Figura 21 UTAUT - Unified Theory of Acceptance and Use of Technology (Venkatesh, 2003)
155
-
vi
Figura 22 Curva de Adopo de Inovaes de Rodgers 163
Figura 23 Fases e Etapas da Investigao em Cincias Sociais (Quivy & Campenhoudt, 2005-4ed. (1995-1ed), p. 27)
176
Figura 24 Ecossistema da Sade (European-Comission & Empirica, 2008, p. 16) 197
Figura 25 Modelo de anlise - Variveis independentes 210
Figura 26 Documento de recolha de dados 227
Figura 27 Esquema de Constituio dos Ficheiros 243
Figura 28 Grfico I-1 Adopo pela 1 vez de tecnologias por tipo de tecnologia (4 perodos)
251
Figura 29 Grfico I-2 - Adopo pela 1 vez de tecnologias por tipo de tecnologia (3 perodos)
252
Figura 30 Grfico I - 3 - Adopo pela 1 vez de tecnologias por tipo de tecnologia (2 perodos)
253
Figura 31 Grfico I 4 - Adopo pela 1 vez de tecnologias por tipo de tecnologia at 2007
253
Figura 32 Quadro de Integrao A adopo pela 1 vez 254
Figura 33 Grfico II 1 - Ritmos de Adopo 1 vez 1996-2002 256
Figura 34 Grfico II 2 - Ritmos de Adopo 1 vez 2002-2004 257
Figura 35 Grfico II 3 - Ritmos de Adopo 1 vez 2005-2007 257
Figura 36 Grfico III Mapa Perceptual Anlise Correspondncia Tecnologias eHealth e Perodos Temporais
265
Figura 37 Mapa Perceptual Anlise Correspondncia Tecnologias eHealth e Perodos Temporais com PAS e POEC em modo suplementar
272
Figura 38 Grfico III 1 Tecnologias existentes em 1996-2002 277
Figura 39 Grfico III 2 Tecnologias existentes at final 2004 277
Figura 40 Grfico III 3 Tecnologias existentes at final 2007 277
Figura 41 Grfico IV-1 Evoluo Expanso de Tecnologias eHealth perodo 1996-2002 em %
281
Figura 42 Grfico IV-2 Evoluo Expanso de Tecnologias eHealth perodo 2003-2004 em %
281
Figura 43 Grfico IV-3 Evoluo Expanso de Tecnologias eHealth perodo 2005-2007 em %
281
Figura 44 Grfico V -1 Manuteno/Continuao de Tecnologias eHealth perodo 1996-2002 em totais de tecnologias nesse estdio
285
Figura 45 Grfico V-2 Manuteno/Continuao de Tecnologias eHealth perodo 2003-2004 em totais de tecnologias nesse estdio
285
Figura 46 Grfico V-3 Manuteno/Continuao de Tecnologias eHealth perodo 2005-2007 em totais de tecnologias nesse estdio
285
Figura 47 Grfico Diferenas para todos os tipos de deciso e perodo de 1996 293
-
vii
a 2007 (%)
Figura 48 Grfico - Diferenas para todos os tipos de deciso e perodo de 1996 a 2002 (%)
294
Figura 49 Grfico - Diferenas para todos os tipos de deciso e perodo de 2003 a 2004 (%)
295
Figura 50 Grfico - Diferenas para todos os tipos de deciso e perodo de 2005 a 2007 (%)
297
Figura 51 Grfico - Influncia dos Factores Internos sobre os tipos de Tecnologias eHealth
305
Figura 52 Grfico Influncia dos Factores Externos sobre os tipos de Tecnologias eHealth
307
Figura 53 Grfico Influncia dos Factores Internos sobre a deciso de Adoptar pela 1 vez para os diversos tipos de Tecnologias eHealth
309
Figura 54 Grfico Influncia dos Factores Externos sobre a deciso de Adoptar pela 1 vez para os diversos tipos de Tecnologias eHealth
310
Figura 55 Grfico Influncia dos Factores Internos sobre a deciso de Continuar a Usar para os diversos tipos de Tecnologias eHealth
313
Figura 56 Grfico Influncia dos Factores Externos sobre a deciso de Continuar a Usar para os diversos tipos de Tecnologias eHealth
315
Figura 57 Grfico Influncia dos Factores Internos sobre a deciso de Evoluir ou Expandir para os diversos tipos de Tecnologias eHealth
317
Figura 58 Grfico Influncia dos Factores Externos sobre a deciso de Evoluir ou Expandir para os diversos tipos de Tecnologias eHealth
318
-
viii
Relao de quadros
Quadro 1 Diferenas entre Administrao Pblica e Administrao Privada (Bilhim, 2000, p. 32)
12
Quadro 2 Diferenas Sector Pblico Sector Privado (Willcoks & Harrow, 1992, p. XXI)
13
Quadro 3 Arrangements Pblico e/ou Privado em relao ao Produtor do Servio
14
Quadro 4 Racionalidade Managerial (Gestionria) vs Racionalidade Jurdica 16
Quadro 5 (Christopher Hood, 1991, A Public Management for all Seasons pp. 2-3)
45
Quadro 6 Comparao entre uma burocracia tradicional, de tipo weberiana, e uma burocracia virtual. (Fountain, 2001, pp. 60-61)
54
Quadro 7 Elementos chave em relao Administrao Pblica Tradicional (AP) e a Nova Gesto Pblica (NGP)
59
Quadro 8 Hospitais com computador 130
Quadro 9 Tipo de equipamentos e servios informticos utilizados pelos hospitais
130
Quadro 10 Tipo de actividades informatizadas nos hospitais 131
Quadro 11 Hospitais com ligao Internet 132
Quadro 12 Tipos de actividades realizadas com recurso Internet pelos hospitais 133
Quadro 13 Hospitais com actividades de telemedicina 133
Quadro 14 Tipo de actividades de telemedicina 134
Quadro 15 Tipos de produtos encomendados pelos hospitais atravs da Internet 134
Quadro 16 Plataformas utilizadas pelos hospitais na realizao de encomendas atravs da Internet
134
Quadro 17 Hospitais que efectuaram pagamentos online pelas encomendas realizadas atravs da Internet
135
Quadro 18 Hospitais que tm presena na Internet 135
Quadro 19 Hospitais com stio na internet 135
Quadro 20 Recursos utilizados na implementao, manuteno e actualizao dos stios na Internet dos hospitais
136
Quadro 21 Tipo de funcionalidades do stio na Internet em funcionamento 136
Quadro 22 Tipo de funcionalidades do stio na Internet em planeamento 137
Quadro 23 Razes indicadas pelos hospitais para no disporem de presena na Internet
138
Quadro 24 Tabela das Teorias de adopo de TIC por indivduos e por organizaes
149
-
ix
Quadro 25 Tipologia das Solues eHealth 207
Quadro 26 Hospitais visitados 228
Quadro 27 Codificao Dados Originais 236
Quadro 28 Dados Recodificados 238
Quadro 29 Transformao das Variveis Originais em Novas Variveis 241
Quadro 30 TABELA I Distribuio das tecnologias adoptadas, por perodo e por tipo de deciso
244
Quadro 31
TABELA II - Tecnologias adoptadas pela 1 vez, por perodo e ainda no adoptadas at ao final de 2007
246
Quadro 32 TABELA III - Tecnologias existentes e no existentes, por perodo 247
Quadro 33 Tabela de Correspondncia Tecnologias eHealth e Perodos Temporais
260
Quadro 34 Tabela Permutada de acordo com a Dimenso 1 267
Quadro 35 Tabelas de Correspondncia e Correspondncia Permutada com PAS e POEC em modo suplementar
271
Quadro 36 Tabela Frequncias estdio de Evoluo/Expanso 280
Quadro 37 Tabela Frequncias estdio de Manuteno/Continuao 284
Quadro 38 TABELA IV Resultados Globais dos Factores por Perodos em Fraco/Nulo e Forte/Muito Forte (%)
289
Quadro 39 Fora da Influncia dos Factores por Tipos de Deciso (%) 292
Quadro 40 Totais de Adopes por Perodos e por Factores 299
Quadro 41 Totais de Manutenes/Continuao por Perodos e por Factores 300
Quadro 42 Totais de Evolues /Expanses por Perodos e por Factores 301
Quadro 43 Fora da Influncia dos Factores por Tipos de Deciso de 1996 a 2002 (%)
302
Quadro 44 Fora da Influncia dos Factores por Tipos de Deciso de 2003 a 2004 (%)
303
Quadro 45 Fora da Influncia dos Factores por Tipos de Deciso de 2005 a 2007 (%)
304
-
x
Lista de abreviaturas
3D Trs dimenses ACES Agrupamentos de Centros de Sade ACSS ACM
Administrao Central do Sistema de Sade Association for Computing Machinery
ADT Admission, Discharges and Transfers APDSI Associao para a Promoo e Desenvolvimento da Sociedade da
Informao API Aplication Programming Interfaces ARS Administrao Regional de Sade B2B Business-to-Business BI Business Intelligence BPM Business Process Management CCS Contact Center Services CE Comunidade Europeia CIO Chief Information Officer CRM Customer Relationship Management CSP Centros de Sade Primrios CSTAT Committee on Statistics CSTP Committee for Scientific and Technological Policy CTH Consulta a Tempo e Horas DEC Digital Equipment Corporation DG INFSO Directorate General Information Society and Media DM Data Mining DOI Diffusion of Innovation DSS Decision Support System (s) DSTI Directorate for Science, Technology and Industry DW Data Warehouse ECG Electrocardiograma EDI Electronic Data Interchange EHR Electronic Health Record (s) EIS Executive Information Systems EMP Electronic Medical Prescription EPE Entidades Pblicas Empresariais ERM External relationship Management Systems ERP Enterprise Resource Planning EU European Union EUA Estados Unidos da Amrica FEDER Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional FP Framework Programme (s) FSE Fundo Social Europeu GARM General Administration and Resource Management GDH Grupos de Diagnsticos Homogneos
-
xi
GIS Geographic Information Systems HCP Health Cluster Portugal - Plo de Competitividade da Sade HDSS Health Decision Support Systems HIS Hospital Information System HRMS Human Resources Management Systems I&D Investigao e Desenvolvimento IBM International Business Machines Corporation ICCP Committee for Information, Computer and Communications
Policy ICT Information and communication technology(ies ) IDC International Data Corporation, uma subsidiria da IDG -
International Data Group IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers IGIF Instituto de Gesto Informtica e Financeira da Sade IIS Imagiology Information Systems IMS Information Management System INE Instituto Nacional de Estatstica INTERNIST INTERNIST-I was a broad-based computer-assisted diagnostic
tool developed in the early 1970s at the University of Pittsburgh as an educational experiment.
IT Information technology ITU International Telecommunication Union KMS Knowledge Management Systems KSR Knowledge Support and Research Systems LAN Local Area Network LIC Lista de inscritos para cirurgia LIS Laboratory Information Systems LSI Large scale integration MCDT Meios Complementares de Diagnstico e de Teraputica MIS Management Information System NHS National Health Service OCDE Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico OCDE/DSTI/ICCP/IE A document from the Committee for Information, Computer and
Communications Policy: The Impact of the Crisis on ICTS and their role in the Recovery
OECD Organisation for Economic Co-operation and Development OMS Organizao Mundial de Sade OTC Over-The-Counter PACS Picture Archiving and Communication System PAS Patient Administration Systems PC Personal Computers PD Processamento de Dados PHSI Public Health Systems Integration PIS Pharmacy Information Systems POEC Physician Order Entry and Communication
-
xii
POSI Programa Operacional Sociedade da Informao PPP Parcerias Pblico Privadas PRACE Programa de Reestruturao da Administrao Central do Estado PTS Plano Tecnolgico da Sade PWC PriceWaterhouseCoopers QCA Quadro Comunitrio de Apoio R Rede RIS Rede de Informao da Sade RNE Registos Nacionais de Entidades de Sade RNP Registos de Profissionais de Sade RNU Registos Nacionais de Utentes SA Sociedade Annima SAM Servio de Aco Mdica SAN Storage Area Network SCM Supply Chain Management SEI Software Engineering Institute SES Secretrio de Estado da Sade SI Sistema (s) de Informao SI/TIC Sistemas de Informao/Tecnologias de Informao e
Comunicao SIDA/HIV Sndrome da Imunodeficincia Adquirida/Human
Immunodeficiency Virus SIGIC Sistema Integrado de Gesto de Inscritos em Cirurgia SIGLIC Sistema Integrado de Gesto da Lista de Inscritos para Cirurgia SIIS Sistema de Informao Integrada da Sade SINUS Sistema de Informao dos Centros de Sade SNOMED Systematized Nomenclature of Human and Veterinary Medicine
International SNS Servio Nacional de Sade SOA Service-Oriented Architecture SONHO Sistema Integrado de Informatizao Hospitalar SPA Sector Pblico Administrativo SPSS Statistical Package for the Social Sciences SUCH Servios de Utilizao Comum nos Hospitais TAM Technology Acceptance Model TAMII Technology Acceptance Model II TCP Transmission Control Protocol TCP/IP Transmission Control Protocol/Internet Protocol TED Transferncia electrnica de dados TI Tecnologias de Informao TIC Tecnologias de Informao e Comunicao TLE Tele-Education (e-Learning) TLM Telemedicine TPB Theory of Planned Behavior TRA Theory of Reasoned Action
-
xiii
TUE Tratado da Unio Europeia UMIC Unidade de Misso Inovao e Conhecimento (agora, Agncia
para a Sociedade do Conhecimento)
USF Unidades de Sade Familiar UTAUT Unified Theory of Acceptance and Use of Technology VLSI Very Large Scale Integration WAN Wide Area Network WBS Work Breakdown Structure WEBC Web Based Services to Citizen WEBP Web Based Services to Professionals WHO World Health Organisation WPSTI Eurostat Working Party on Science, Technology and Innovation
Statistics WWW World Wide Web
-
xiv
Agradecimentos
O esprito humano constitui um todo indissocivel. Sem razo a paixo cega. Sem a paixo
que anima o desejo e o projecto, a razo no leva a parte alguma.
Joo Bilhim
Cincia da Administrao, pag.141
A vida corre atrs de objectivos, com disciplina e esforo, com entusiasmo e energia, dando e
recebendo, percorrendo caminhos j seguidos por quem admiramos e constitui o nosso
exemplo.
Encontramos a fora para seguir a luzmas no nos iludamos no o faramos sem a
amizade dos nossos amigos, sem o respeito e o apoio dos nossos colegas e sem o amor da
nossa famlia.
Foi assim que aconteceu.
A todos os meus mestres, meus amigos e meus colegas o meu obrigado.
Aos pais, irmo, marido, filhas e netos o meu obrigada.
E ao Instituto Superior de Cincias Sociais e Polticas dedico este meu projecto.
-
xv
Resumo
Os Hospitais Pblicos so instituies que prestam servios pblicos aos cidados. Ao longo
do tempo e dos vrios modelos da gesto pblica os Hospitais Pblicos tm vindo a
configurar e a adoptar inovaes ao nvel de estruturas, processos, tecnologias, profisses e
lideranas. Actualmente, no contexto de uma Nova Governao Pblica, os Servios de Sade
so uma das vertentes que merecem a maior ateno dos Governos, das Administraes
Pblicas e Privadas e da Sociedade em geral. Neste contexto, as Tecnologias de Informao e
Comunicao na Sade (eHealth) assumem um papel de extrema importncia. esperado que
as solues eHealth tragam mais eficcia e qualidade prestao de servios de sade, para
bem dos cidados e dos profissionais de sade; a Sociedade em geral espera que se
desenvolvam nesta rea inovaes tecnolgicas que permitam uma atitude de maior
preveno em relao doena e ainda que tais solues conduzam a uma gesto mais eficaz
dos recursos financeiros na Sade.
Em particular, nos Hospitais Pblicos so tomadas decises no sentido de se usarem solues
eHealth. O desafio que encetmos com esta investigao foi o de aumentar o conhecimento
sobre os factores que influenciaram essas decises nos Hospitais Pblicos em Portugal, entre
1996 e 2007.
nossa convico que este conhecimento pode contribuir em si mesmo para uma
confirmao das abordagens de adopo da eHealth nos Hospitais Pblicos em Portugal e
que, por outro lado, pode abrir campo a vrios ramos de investigao relacionados com a
utilizao e impacto das TIC no ecossistema da Sade em Portugal e com a comparabilidade
com situaes equivalentes em pases de maior ou menor utilizao de solues eHealth.
Desenvolvemos uma tipologia de 16 categorias de solues eHealth; desenvolvemos um
modelo de anlise com 10 factores internos e externos com possvel influncia nos processos
decisrios dos Hospitais Pblicos sobre estas temticas; construmos um documento para
recolha de informao directamente dos responsveis por estas decises nos Hospitais;
convidmos os Hospitais Pblicos a participarem neste estudo; visitmos quinze Hospitais
Pblicos distribudos pelo Pas e, por fim, recolhemos e analismos as respostas obtidas.
Conclumos que as decises sobre a adopo de eHealth nos Hospitais Pblicos em Portugal
tm sido influenciadas principalmente por factores internos, sendo os seguintes os de maior
impacto: a dimenso do hospital, a orientao para a qualidade na prestao dos servios de
sade e, mais recentemente, a descentralizao da gesto e a preparao dos profissionais para
usarem as novas solues. Os factores externos tm tido uma influncia muito reduzida ou
mesmo praticamente nula. Tambm conclumos que o peso da influncia dos diversos
factores varia de acordo com a especificidade da categoria de solues eHealth.
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xvi
Abstract
Public Hospitals are institutions that provide public services to citizens. Over time and under
different models of public administration, Public Hospitals have set up and adopted
innovations in structures, processes, technologies, professions and leadership. Presently, in
the context of a New Public Governance, Health Services is one of the aspects that deserve
greater attention from Governments, Public and Private Administrations and from the Society
as a whole. In this context, Information and Communication Technologies in Health (eHealth)
play a critically important role. It is hoped that eHealth solutions will bring greater efficacy
and quality to health services supplying, for the benefit of both citizens and health
professionals; the whole Society expects this area to develop technological innovations that
will allow a more preventive attitude towards disease and also that such solutions will lead to
a more effective management of financial resources in Health.
In particular, in Public Hospitals decisions are being made towards the use of eHealth
solutions. The challenge with which we began this research was to increase knowledge about
the factors that influenced such decisions in Public Hospitals in Portugal, between 1996 and
2007.
We believe that this knowledge may in itself contribute to confirm the approaches to the
adoption of eHealth in Public Hospitals in Portugal and that, moreover, it may open the field
to many branches of research related to the use and impact of ICT in the Health ecosystem in
Portugal and to comparability with similar situations in countries with greater or lesser use
of eHealth solutions.
We have developed a typology of 16 categories of eHealth solutions; we developed an
analysis model with 10 internal and external factors with possible influence in decision
making processes in Public Hospitals on these themes; we set up a document to collect
information directly from those responsible for such decisions in hospitals; we invited Public
Hospitals to participate in this study; we visited fifteen Public Hospitals throughout the
country and, finally, we collected and analyzed the collected answers.
We conclude that decisions on the adoption of eHealth in Public Hospitals in Portugal have
been influenced mainly by internal factors, the following having greatest impact: the size of
the hospital, the quality trend in supplying health services and, more recently, the
decentralization of management and the training of professionals to use the new solutions.
The external factors have had very little (or virtually none) influence. We also reached the
conclusion that the weight of the influence of the different factors varies according to the
specific type of eHealth solutions.
-
1
1. INTRODUO
Como referido por Helen Margetts no seu artigo sobre Electronic Government: A
Revolution in Public Administration? At the beginning of the twenty-first century, electronic
government is a clear theme of public administration. There is no doubt that the presence of
ICTs both inside government and among society more generally brings a continual
source of change to public organizations. E mais adiante lana o desafio e a dvida Even in
the age of Internet and the dramatic new possibilities offered by Web-based technologies for
transforming government-citizen and government-business relationships, the influence of
ICTs remains unpredictable and uncertain with a range of viable scenarios for the future
(Margetts, 2007, p. 243).
Neste contexto foi nossa opo de investigao abordar a eHealth e a Administrao Pblica,
nomeadamente a adopo da eHealth no mbito dos Hospitais Pblicos.
O tema da eHealth constitui hoje, a nvel mundial e particularmente na Europa, um enorme
desafio e um compromisso entre todos os estados membros.
Assumimos, para definio de eHealth ou e-Sade (sade em linha), a seguinte: A aplicao
das tecnologias de informao e comunicao a todas as funes que intervm no sector da
sade.
Esta definio foi a usada na Communication from the commission to the council, the
European parliament, the European economic and social committee and the committee of the
regions e-Health making healthcare better for European citizens: An action plan for a
European e-Health Area-2004 (Communication from the Commission to the Council, 2004,
p. 4).
Consideramos que, entre as mltiplas definies disponveis (Hans, Rizo, Murray, & Jadad,
2005) (Monteiro, 2007, pp. 51-52), esta a que traduz de forma mais sinttica a verdadeira
extenso do termo e do conceito, na ptica em que os pretendemos abordar. Estamos a incluir
nesta definio todo um conjunto de solues de cariz fsico e lgico que fazem parte do
domnio dos Sistemas de Informao (SI) e das Tecnologias de Informao e Comunicao
(TIC). Estas solues redes, ferramentas, produtos e servios correm em contextos
aplicacionais que fazem uso da Internet, mas que a ultrapassam largamente; por isso, de forma
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2
ainda mais sinttica, podemos dizer que a eHealth diz respeito a Transaces Electrnicas 1na
rea da Sade.
A aplicao das tecnologias de informao e comunicao nesta rea tem impactos sociais,
polticos e econmicos ao nvel dos indivduos, dos profissionais de sade e da sociedade em
geral. Segundo a Declarao de Praga (Prague Declaration-eHealth 2009 Conference
Declaration , 2009), para os Cidados e Profissionais da Sade a eHealth promete trazer mais
eficcia e qualidade prestao de servios de sade, atravs de novas ferramentas e novas
possibilidades na aplicao dos cuidados de sade; para a Sociedade em geral a eHealth vai
contribuir para acelerar inovaes nas reas conjuntas da sade e tecnologias; e para a
Economia em geral a eHealth vai trazer solues com enormes poupanas se for
convenientemente implementado, conduzindo a transformaes nas cadeias de fornecimento e
modelos de gesto das entidades que fazem parte do ecossistema da sade.
O aumento da procura de servios de sade tende a ultrapassar o aumento da oferta, tendo em
conta o nvel de envelhecimento da populao, a crescente incidncia das doenas crnicas e
os avanos em conhecimentos mdicos e em equipamentos tecnolgicos. Estes so os
principais impulsionadores da procura de servios de sade na Europa. Os recursos
financeiros disponveis para satisfazer este crescimento da procura so limitados. Para
equilibrar essa crescente disparidade, numa realidade de recursos escassos, os desafios esto
colocados na melhoria do desempenho e da capacidade do lado da oferta. Segundo os
resultados do estudo European eHealth IMPACT (Stroetmann, Jones, Dobrev, & Stroetmann,
2006) atravs do stio www.ehealth-impact.eu e dos vrios estudos EHR IMPACT 2
disponveis no stio www.ehr-impact.eu, as solues de eHealth com bons resultados podem
contribuir substancialmente para melhorar a qualidade, o acesso e a eficincia dos
cuidados de sade e, desta forma, aumentar a capacidade do lado da oferta.
Esta temtica eHealth concilia vrias reas do conhecimento e vrios desafios estamos
perante o desenvolvimento e implementao de solues tecnolgicas com recurso a TIC para
vrias comunidades sociais distintas, a saber:
1 Transaco Electrnica segundo a definio apresentada no Glossrio da Sociedade da Informao (APDSI, 2007, p. 110) num contexto de Engenharia de Software corresponde a dados, elementos de controlo, sinais, eventos ou alteraes de estado que causem ou iniciem uma aco ou sequncia de aces. 2 Nota do autor sobre a origem destes Estudos The EHR IMPACT study is commissioned by DG INFSO and Media, unit ICT for Health.
-
3
O Cidado enquanto Possuidor de sade, enquanto Doente por falta de sade, enquanto
Utente do Servio Nacional de Sade, enquanto Familiar de outrem com mais ou menos
sade; enquanto Participante de Redes Sociais com influncia na preveno da sade, etc.
Os Prestadores de Servios de Sade Organizaes Pblicas ou Privadas ou Pblico-
Pprivadas ou ainda do Terceiro Sector, responsveis pela produo e prestao de servios de
sade. Nestas organizaes encontramos diferentes profissionais de sade de especializao
Clnica (Mdico, Enfermeiro, Tcnico de Sade especializado, ); com especializao
dirigida para o acompanhamento dos enfermos ou seus familiares; profissionais
administrativos e financeiros, e outros mais ou menos indiferenciados consoante as diferentes
actividades desenvolvidas nestas organizaes. Neste sector inclumos tambm as entidades
de solidariedade social no acompanhamento das pessoas com necessidades especiais
quaisquer que sejam os motivos das mesmas.
Os Responsveis pela Governao e Regulamentao da Sade - Organizaes a quem
compete a definio da estratgia e planeamento das politicas pblicas na sade e/ou com
impacto na sade, a monitorizao da implementao das polticas, a avaliao dos resultados
das polticas e planos de aco e as organizaes mais dirigidas para a regulamentao das
actividades das prticas clnicas, farmacologia, etc.
As Comunidades de Investigao Universidades e outras Organizaes que se dedicam
investigao no campo da Sade - Especialidades Clnicas, Farmacologia, Equipamentos,
Mtodos e Tcnicas, Tecnologias de Informao e Comunicao ao servio da Sade, etc.
A estes grupos sociais podemos ainda associar outros grupos tais como, a indstria
farmacutica (vertente da comercializao e distribuio), a indstria dos equipamentos
mdicos, a indstria das TIC de mbito geral e especfico para a sade, a indstria dos
analistas e consultores na rea da sade e a indstria da distribuio na rea da sade.
Todos estes grupos sociais esto profundamente envolvidos e activos na transformao do
sector da Sade. A utilizao da Internet, das telecomunicaes e de solues integradas
como por exemplo os dispositivos mveis que j utilizamos , tem vindo a provocar grandes
transformaes na sociedade, impulsionando mais conhecimento, mais capacidade,
inteligncia e inovao nas actividades de todos os dias incluindo mais hipteses de bem-estar
para os cidados. Esta realidade seria impensvel sem tais meios e, sempre que vivel
comparar custos com mecanismos utilizados anteriormente, eles so consideravelmente mais
baixos. Segundo as Concluses do Conselho Europeu de 12.12.2008, As TIC fornecem
infra-estruturas e ferramentas essenciais para a criao, a partilha e a difuso do
-
4
conhecimento. Reforam a capacidade de inovao de todos os sectores e contribuem
para mais de 40% do crescimento geral de produtividade (COM(2009)116, 2009, p. 2).
No sector da Sade, apesar de existirem mltiplas experincias e aplicaes das recentes
tecnologias de informao e comunicaes como podemos observar nos diversos projectos
apresentados no Relatrio ICT for Health desenvolvido pela Comisso Europeia em 2007
(EC, 2007) , quer em extenso quer em profundidade de aplicao, ainda estamos longe de
uma aplicao sistemtica, abrangente, integrada e eficaz destas tecnologias.Como podemos
observar pelas palavras iniciais escolhidas para o contexto e enquadramento do stio ERH
IMPACT entre a realidade actual e as expectativas percebidas e previstas para a eHealth ainda
vai uma distncia muito grande
The promise of ICT in healthcare is that it facilitates networking, citizen-centered
information sharing and exchange, transparency, and collaboration between different
stakeholders. Healthcare professionals should be more empowered in their role of providing
healthcare. Electronic Health Records (EHRs), in particular, are expected to facilitate
seamless continuation of healthcare provision involving various specialists at different
locations and across the whole healthcare chain as needed. eHealth also allows the
individual citizen to become more independent, more proactive, and a more responsible
partner in the system. By being able to access easily the information about their condition,
treatment options and health choices, citizens will be more empowered. This should help to
maximize health and optimize healthcare provision.
Evidence shows that ICT-supported healthcare, or more generally eHealth, indeed has the
potential to help achieve these improvements and contain cost explosions by enabling
healthcare providers to use their resources to better effect, thus expanding their capacity and
performance to meet increasing demand.3
No contexto dos vrios grupos sociais acima identificados, h um subgrupo com uma enorme
influncia na prestao de servios de sade no contexto dos Sistemas de Sade em todos os
pases e que so as instituies hospitalares, quer sejam pblicas quer sejam privadas. Os
Hospitais vo ter de utilizar mais intensamente solues eHealth de vrias naturezas e
finalidades, para conseguirem dar resposta procura de servios de sade de forma integrada
3 Karl A. Stroetmann, Tom Jones, Alexander Dobrev, Veli N. Stroetmann, "eHealth is Worth it - The economic benefits of implemented eHealth solutions at ten European sites", Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities, 2006 (56 pp. - ISBN 92-79-02762-X), available online: http://www.ehealth-impact.org
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5
com os outros Hospitais e com os outros servios, quer sejam os servios de cuidados
primrios, quer sejam os servios de cuidados especializados e/ou continuados, pblicos ou
privados, situados ou no nos mesmos pases. Os Hospitais Pblicos do Servio Nacional de
Sade em Portugal, por exemplo, constituem um subgrupo social onde as transformaes vo
ter de acontecer mais intensamente nos prximos anos e uma das diversas vertentes
impulsionadoras para tal a eHealth. A eHealth uma das inovaes tecnolgicas que vem
entre outros problemas organizacionais dar resposta ao estrangulamento ou exigncia
estrutural (Bilhim J. A., 2001, p. 295) dos Hospitais Pblicos.
Segundo Bilhim (Bilhim J. A., 2001, p. 294) Os estudos sociolgicos sobre inovao
tecnolgica, em ambiente organizacional, esto bastante marcados pelo debate volta do grau
de determinao, associado s variveis tecnolgica e social. No , pacificamente aceite,
uma posio de interaco, inter-relao e mtua dependncia, entre estas duas variveis. O
debate extrema-se, muitas vezes, em torno da determinao de uma varivel sobre a outra. E
mais adiante Uma inovao apenas adoptada por um sistema quando este tem
capacidade para a receber e ainda o problema da inovao e mudana anda sempre
associado ao primum mobile. A sua busca, incessante e continuamente renovada, permite
hoje reunir as diversas teorias fundamentalmente ao redor de trs grandes modelos:
evolucionista e desenvolvimentista; da acumulao; e do equilbrio. (Bilhim J. A., 2001, pp.
294-296). Quer as foras da mudana e inovao se encontrem mais no interior da
organizao (modelo evolucionista e desenvolvimentista) ou se expliquem mais pela
acumulao ou subtraco de elementos na organizao (modelo da acumulao) ou ainda,
atravs de um equilbrio e simbiose das anteriores (modelo do equilbrio) onde o tempo se
encarregar de ajudar a fornecer o caminho para incorporar processos contraditrios num
equilbrio instvel, em virtude de procurar integrar fontes internas e externas da mudana
organizacional (Bilhim J. A., 2001, pp. 296-297) as transformaes organizacionais vo
ocorrer e cada caso ser o seu prprio caso.
As transformaes organizacionais so fortemente estimuladas por influncias de diversas
naturezas e origens (Bilhim J. A., 2001, pp. 419-420) (Rogers, 2003-5th ed (1962 - 1st ed))
(Mintzberg, 2004-3 ed) (Willcoks & Harrow, 1992, p. 170). Para distinguir e correlacionar
estas influncias com as transformaes organizacionais, vrios autores ao longo do tempo e
entre os principais contam-se Rogers (1983,1995); Moore and Benbasat (1991); Bandura
(1986); Davis (1989); Venkatesh (2000); Ajzen (1991); Venkatesh et al. (2003); Kwon and
Zmud (1987) e Swanson (1994) - tm identificado diversssimos factores, que tm vindo a
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6
analisar recorrendo a abordagens de investigao qualitativas e/ou quantitativas envolvendo
neste caso tcnicas de inferncia estatstica que vo demonstrando evidncias, com graus de
certeza aceitveis, das ligaes entre as mudanas e os factores tal como apresentado por
Jeyaraj et al no seu artigo A review of the predictors, linkages, and biases in IT innovation
adoption research (Jeyaraj, Rottman, & Lacity, 2006). O Sistema de Sade constitudo por
Entidades distintas, que esto interligadas e profundamente relacionadas com a comunidade
externa. A influncia mtua. Como Joo Bilhim refere em relao ao sistema de I&D para
Portugal (Bilhim J. A., 1995), tambm o diagnosticar os factores organizacionais
impulsionadores da utilizao de novas formas de estar e agir na rea da Sade, permite
entender a aco presente mas orientar tambm a viso prospectivamente para o futuro.
No Sistema Nacional de Sade e mais objectivamente nos Hospitais Pblicos so
tomadas decises no sentido de se usarem solues eHealth.
Aumentar o conhecimento sobre o que pode influenciar esta tomada de deciso
adopo de solues eHealth - um aspecto que pode e deve ajudar a percepo, a
preparao e o planeamento da transformao do sector da sade.
Com esta investigao, pretendemos dar visibilidade a alguns dos factores internos e
externos que contriburam e influenciaram a deciso da adopo de solues eHealth nos
Hospitais Pblicos em Portugal, de 1996 a 2007.
Aplicmos nesta investigao a metodologia de investigao em Cincias Sociais preconizada
por Raymond Quivy (Quivy & Campenhoudt, 2005-4ed. (1995-1ed)).
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7
2. EHEALTH E O CONTEXTO PBLICO
2.1 Contexto
A Sade em Linha que designamos por eHealth engloba, como j apresentmos
anteriormente, todas as actividades e servios que digam respeito sade e que se
concretizem com recurso a transaces electrnicas.
Encontramos a eHealth, nos sectores pblico que o primeiro sector, no privado que o
segundo sector e cada vez mais no terceiro sector que agrega as iniciativas privadas de
utilidade pblica. Mais ainda, a eHealth dadas as suas caractersticas de funcionamento em
linha actua integrando actores de todos os sectores e os cidados.
Neste captulo faremos uma pequena explorao sobre eHealth e o Sector Publico como
enquadramento ao mbito da investigao a que nos propusemos e que envolve a eHealth e os
Hospitais Pblicos.
A sade em linha uma das fontes de prestao de servio pblico usada hoje com uma
enorme dinmica e expectativa de expanso aos nveis da investigao - de novas
tecnologias e servios e ainda dos ambientes da sua aplicao; da produo - das tecnologias
e servios j aprovadas pelas instituies regulamentadoras e adoptadas numa perspectiva
econmica, social e poltica; e da utilizao das mesmas pelos grupos sociais a que se
destinam.
No existem limites a estes desenvolvimentos e inovaes, mas os objectivos estabelecidos
foram reafirmados na recente reunio de 15/03/2010 donde resultou uma nova carta de
compromisso sobre eHealth assinada por todos os estados membros eHealth Ministerial
Declaration: European Co-operation on eHealth (eHealth, 2010) e que faz sobressair
Aps a adopo pela Conselho EPSCO4 das Concluses sobre cuidados de sade
seguros eficientes atravs da eHealth, ns 5reconhecemos que as Tecnologias de
4 Employment, Social Policy, Health and Consumer Affairs Council EPSCO Council. Faz parte do Conselho Europeu para estas temticas. 5 Ministers and High Level Representatives responsible for eHealth
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8
Informao e Comunicao (TIC) para a Sade (eHealth) uma ferramenta para
melhorar a qualidade do servio e a segurana do paciente, para modernizar os
sistemas nacionais de sade, para aumentar a sua eficincia e torn-los melhor
adaptados s necessidades individuais dos cidados, pacientes, profissionais da sade e
aos desafios de uma sociedade a envelhecer.
A importncia de assegurar que o desenvolvimento de TIC nos cuidados de sade,
para ter xito, tem de ser acompanhado pelas necessrias reformas organizacionais,
orientadas pela liderana e apoiadas por capacidades adequadas.
Daqui emergiram vrios pontos de natureza social, econmica e poltica a focar e fortalecer
numa perspectiva de colaborao entre os estados, tais como:
Compromisso poltico e estratgico
- Usar a eHealth como um instrumento para atacar os objectivos e prioridades dos
cuidados de sade, tanto a nvel europeu como nacional ()
Construindo a confiana e a aceitao
- Avaliar a eHealth, tanto quanto possvel de maneira estandardizada, no que toca a
resultados de sade, eficincia de benefcios e custos, incluindo a segurana dos
pacientes, acessibilidade dos cuidados e qualidade destes;
- Desenvolver e apoiar mais o envolvimento dos fornecedores de cuidados de sade,
profissionais da sade, pacientes e suas organizaes representativas, de modo a
encorajar a conscincia e o desenvolvimento da eHealth; ()
Trazer claridade legal e tica e assegurar a proteco dos dados pessoais de sade
- Criar e apoiar mecanismos que permitam a troca de informaes acerca das
disposies actuais para o licenciamento, acreditao e regulao dos servios de
eHealth, para permitir o desenvolvimento da eHealth e propor melhorias ()
Resolver questes de interoperabilidade
- Resolver barreiras legais, regulatrias e organizacionais interoperabilidade da
eHealth ()
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9
Ligar a poltica da eHealth competitividade, inovao e pesquisa, assim como s
polticas de coeso e incluso
- Promover mais colaborao entre a Comisso Europeia e os Estados Membros, para
apoiar a implementao de objectivos e prioridades de sade usando a eHealth
- Promover a criao de redes e a cooperao entre fornecedores pblicos no processo
de desenvolvimento de solues de ICT para a sade, para aprender com as melhores
prticas e para incorporar os padres ICT nos requisitos para os sistemas de eHealth
- Fortalecer os elos entre as polticas da UE para a sade, pesquisa e inovao,
competitividade e desenvolvimento regional, incluindo critrios relevantes para o
desenvolvimento da eHealth naquelas iniciativas europeias, nacionais e regionais. ()
Em concluso, ns6:
- Pedimos coordenao de poltica entre as vrias reas em que a eHealth pode ter
impacto sobre a sade dos cidados, de modo a reforar os benefcios para os
pacientes, os sistemas de cuidados de sade e a sociedade.
- Reconhecemos a necessidade de sinergias mais fortes com reas de poltica como a
competitividade, a pesquisa e o desenvolvimento regional, tanto a nvel europeu como
nacional
- Alertamos para a importncia da eHealth a ser sublinhada no quadro da Agenda
Digital
- Temos como objectivo o uso de ferramentas de TIC para a sade para subir os
benefcios para os pacientes, sistemas de cuidados de sade e sociedade. Por isso
damos as boas vindas a aces em larga escala ao nvel europeu para ligar a
pesquisa, a inovao e o desenvolvimento e convidamos a Comisso a relatar os
progressos efectuados nesta rea. Esses tipos de aces podero contribuir para
abordar questes tais como exequibilidade tcnica, certeza legal, conscincia e casos
de negcio convincentes.
- Reconhecemos a importncia de envolver todos os stakeholders no planeamento
estratgico, validao e implementao da eHealth.
6 Ministers and High Level Representatives responsible for eHealth
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10
Como podemos reconhecer a eHealth est no mago da prestao de servios pblicos e
privados na rea da sade e o seu desenvolvimento est integrado e profundamente
dependente das caractersticas que hoje se exigem aos modelos de gesto dos Estados cuja
ltima configurao designada por Nova Governao Pblica.
Neste captulo vamos desenvolver o enquadramento terico que nos levou Nova
Governao Pblica fazendo um pequeno percurso pelos vrios modelos de Estados e
respectivas abordagens Administrao Pblica em cada perodo.
A concepo e a prestao de servios pblicos so uma das finalidades dos Estados.
A eHealth faz parte desta realidade e com este enquadramento pretendemos por um lado:
Deter um quadro de leitura que nos permita interpretar e apreciar os fundamentos e os
alvos da carta de compromisso - eHealth Ministerial Declaration: European Co-operation
on eHealth - que acabmos de apresentar, e por outro,
Sustentar a investigao a que nos propusemos porquanto reconhecemos a importncia de
entender os possveis factores de deciso que esto em cima das mesas dos responsveis
dos hospitais pblicos quando decidem sobre a adopo destas tecnologias com as
correspondentes transformaes internas e externas na prestao dos servios de sade
nos seus Hospitais.
2.2 Sector Pblico e Sector Privado Servios Pblicos
Segundo Marcelo Caetano (Caetano, 1968, p. 1068) o servio pblico o modo de actuar da
autoridade pblica a fim de facultar, por modo regular e contnuo, a quantos dele caream, os
meios idneos para satisfao de uma necessidade colectiva individualmente sentida. Assim
a prestao de um servio pblico aparece sempre que o Estado se responsabiliza por fornecer
de forma directa ou indirecta, servios de interesse geral aos cidados ou seja para satisfazer
determinadas necessidades colectivas.
Um servio pblico prestado pelo sector pblico isoladamente ou pelo sector pblico em
colaborao com o sector privado e/ou o sector cooperativo e social. Pela Constituio da
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11
Repblica Portuguesa (CRP) temos pela alnea b) do Artigo 80 da CRP Coexistncia do
sector pblico, do sector privado e do sector cooperativo e social de propriedade dos meios de
Produo e ainda pela alnea c) liberdade de iniciativa e de organizao empresarial no
mbito de uma economia mista 7 (Canotilho & Moreira, 2005, pp. 59-60) .
Hoje em dia um papel cada vez mais determinante na prestao de servios pblicos para a
comunidade o papel atribudo ao terceiro sector que inclui as iniciativas privadas de
utilidade pblica com origem na sociedade civil. Esta colaborao j conhecida desde o
sculo XIX, no apoio a doentes e envelhecidos, mas nos dias de hoje esperam-se novas
oportunidades de co-produo e inovao na conjugao de esforos entre a governao
pblica e este terceiro sector, como apresentado por Pestoff e Bransen no seu artigo Public
Governance and the Third Sector: Opportunities for Co-Production and Innovation (Osborne,
2010, pp. 223-236).
Convm neste ponto relembrar as diferenas entre a administrao no sector pblico e a
administrao no sector privado e reconhecer que existem diferenas quanto ao objecto,
quanto ao fim e quanto aos meios utilizados, como refere Bilhim (Bilhim, 2000, p. 32) que
cita Freitas do Amaral, o qual no seu Curso de Direito Administrativo (1993) diz embora
tenham em comum o serem ambas administrao, a administrao pblica e a administrao
privada distinguem-se todavia pelo objecto sobre que incidem, pelo fim que visam prosseguir,
e pelos meios que utilizam.
Podemos sintetizar da seguinte forma estas diferenas.
7 Uma "sociedade de economia mista" uma sociedade na qual h colaborao entre o Estado e privados, ambos reunindo recursos para a realizao de uma finalidade, sempre de objectivo econmico. Sociedade de economia mista uma pessoa jurdica de direito privado e no se beneficia de isenes fiscais ou de foro privilegiado. O Estado poder ter uma participao maioritria ou minoritria; entretanto, mais da metade das aces com direito a voto devem pertencer ao Estado. A sociedade de economia mista uma sociedade annima, e os seus funcionrios so regidos pela legislao do trabalho. Diferem as Empresas Pblicas onde o capital 100% pblico. Difere tambm das Sociedades Annimas onde o Estado tem participao minoritria, pois nestas o controle da actividade privado.
-
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Quadro 1 - Diferenas entre Administrao Pblica e Administrao Privada (Bilhim,
2000, p. 32)
DIFERENAS
Com base em Freitas do
Amaral Curso de Direito
Administrativo 1993 p41
Administrao Pblica Administrao Privada
Quanto ao Objecto Trata das necessidades
Colectivas, assumidas como
tarefas e responsabilidades
prprias da colectividade
Trata das necessidades
Individuais
Quanto ao Fim Prossegue o interesse Pblico
Prossegue fins particulares,
individuais
Quanto aos Meios Utiliza o comando unilateral,
forma de acto normativo
(regulamento administrativo)
Forma de deciso concreta
(acto administrativo)
Utiliza o Contrato Civil
instrumento jurdico tpico da
administrao privada -
baseado no princpio de
igualdade das partes
Tambm Farnham e Horton citados por Bilhim (Bilhim, 2000, p. 34) apresentam estas
diferenas da seguinte forma:
O Sector Pblico dirigido pelos Polticos e o Sector Privado dirigido pelo
Mercado;
O Sector Pblico tem por orientao satisfazer as exigncias polticas, como um meio
para se atingir integrao poltica e estabilidade social e o Sector Privado tem por
orientao satisfazer as necessidades dos clientes como meio para se alcanar lucros.
Ainda, seguindo Willcocks e Harrow no seu livro Rediscovering Public Services Management
(Willcoks & Harrow, 1992, p. XXI) citado por Bilhim (Bilhim, 2000, p. 33) as diferenas
entre estes sectores em 1992 eram assim reconhecidas:
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13
Quadro 2 - Diferenas Sector Pblico Sector Privado (Willcoks & Harrow, 1992, p. XXI)
Servios Pblicos
Sector Privado
1. Regulamentao; Cdigos de Conduta 1. Conselho de Administrao; enquadramento condicionado pelo planeamento da empresa
2. Necessidades com origem na gesto da economia nacional
2. Indicadores de mercado
3. Relativa transparncia da administrao e da tomada de deciso; nfase sobre os representantes
3. Relativo secretismo; nfase sobre a confidencialidade do negcio
4. Pblico atento; uma base ampla de Regulamentares subsidirios
4. Foco nos accionistas e na gesto de stakeholders
5. Mltiplos Valores e Objectivos: - Servio - Interesse Pblico - Equidade - Profissionalismo - Participao do Utente - Trocas Complexas
5. Relativamente Restritos
6. Principal fonte de recursos Impostos 6. Principal fonte de recursos: Receitas Operacionais e Emprstimos
7. Ampla Responsabilidade
7. Responsabilidade Restrita
8. Dar resposta s orientaes polticas e aos horizontes (de curto prazo)
8. No h uma sobreposio poltica nacional/local real; menos constrangimentos artificiais em tempo
9. Objectivos sociais primordiais: segurana, educao, sade,
9. Objectivo primordial: Lucro
10. Indicadores de desempenho complexos e discutveis
10. Sobretudo medidas quantitativas de carcter financeiro
11. Directivas polticas ambguas: complexidade na implementao dessas polticas
11. Politicas relativamente menos ambguas
As variantes na prestao dos servios pblicos tm acompanhado os diversos modelos de
Estado e as vrias teorias que os sustentam ao longo dos tempos.
Hugo Silvestre no seu livro Gesto Pblica Modelos de Prestao no Servio Pblico
(Silvestre, 2010, p. 176) apresenta um quadro de Emanuel Savas 8(2000) onde podemos
8 Emanuel Savas 2000 - Privatization and Public Private Partnership NewYork pp 66
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observar uma variedade de configuraes possveis de Arrangements Pblico e/ou Privado
em relao ao Produtor do Servio tambm ele Pblico e/ou Privado na prestao de Servios
Pblicos comunidade.
Quadro 3 - Arrangements Pblico e/ou Privado em relao ao Produtor do Servio
Arrangements Prestao Pblico
Arrangements Prestao Privado
Produtor dos Servios Pblicos Pblico
Servios do Governo Acordos -Intergovernamentais
Governo de venda
Produtor dos Servios Pblicos Privado
Contratos Franchise Concesso
Mercado livre Servios voluntrios Self-service Vouchers
De facto perante esta multiplicidade de opes queremos ressaltar como o faz Bilhim (Bilhim,
2000, p. 35) que consideramos que a diferena fundamental entre administrao privada e
administrao pblica se situa ao nvel do enquadramento ou seja, a administrao pblica
est inserida num conjunto de restries impostas pelo carcter jurdico-poltico que a
envolve a administrao pblica est marcada pela supremacia do direito e da natureza
poltica dos seus fins.
Recordando o artigo 266 (Canotilho & Moreira, 2005, pp. 165,166) da Constituio da
Repblica Portuguesa (CRP) sobre os princpios fundamentais da Administrao Publica
confirmamos o seu posicionamento jurdico-poltico:
1. A Administrao Pblica visa a prossecuo do interesse pblico, no respeito pelos
direitos e interesses legalmente protegidos dos cidados.
2. Os rgos e agentes administrativos esto subordinados Constituio e lei e
devem actuar, no exerccio das suas funes, com respeito pelos princpios da
igualdade, da proporcionalidade, da justia, da imparcialidade e da boa f.
E recordando o artigo 269 que trata do regime da funo pblica da Administrao Pblica e
o artigo 271 que trata da responsabilidade dos funcionrios e agentes confirmamos uma vez
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mais a envolvente jurdica a que esto sujeitos os trabalhadores da Administrao Pblica no
exerccio das suas funes (Canotilho & Moreira, 2005, pp. 167,168,169). Relembrando o
primeiro ponto do artigo 269:
1. No exerccio das suas funes, os trabalhadores da Administrao Pblica e demais
agentes de Estado e outras entidades pblicas esto exclusivamente ao servio do
interesse pblico, tal como definido, nos termos da lei, pelos rgos competentes da
Administrao. ()
E relembrando o primeiro ponto do artigo 271:
1. Os funcionrios e agentes do Estado e das demais entidades pblicas so
responsveis civis, criminal e disciplinarmente pelas aces ou omisses praticadas no
exerccio das suas funes e por causa desse exerccio de que resulte violao dos
direitos ou interesses legalmente protegidos dos cidados, no dependendo a aco ou
procedimento, em qualquer fase, de autorizao hierrquica ()
Confirmamos a envolvente e constrangimentos jurdico-poltico que esto subjacentes ao
funcionamento da Administrao Pblica. Este contexto leva os funcionrios a agir de acordo
com uma racionalidade jurdica e no entanto, as iniciativas gestionrias dos modelos de gesto
do sector privado que, desde fins de 70, integraram progressivamente os modelos de gesto da
Administrao Pblica fazem com que as instituies e seus funcionrios adquiram
simultaneamente uma atitude e postura marcada por uma racionalidade managerial ou
gestionria que se apresenta com caractersticas totalmente diferentes das da racionalidade
Jurdica.
Chevalier e Loschak 9em 1982 j apresentaram estas diferenas num artigo muito divulgado e
citado por Oliveira Rocha e onde este sublinha (Rocha, 2009, p. 38) Estamos em presena
de duas filosofias, lgicas e modelos diferentes e at mesmo, contraditrios que do origem a
duas concepes distintas de gesto pblica.
9 Artigo de Jacques Chevalier e Danile Loschak de 1982 Racionalit Juridique et Racionalit Mangriale
dans lAdministration Franaise. Revue Franaise de ldministration Publique Vol 24-n4.
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Quadro 4 Racionalidade Managerial (Gestionria) vs Racionalidade Jurdica
Racionalidade Jurdica
Racionalidade Managerial (Gestionria)
Legitimidade Fundada na Regularidade dos Processos
Eficcia das Aces
Primazia Dos Meios
Dos Fins
Prioridade Estabilidade das estruturas formais da organizao
Adaptao s Mudanas e Inovao
Modo de Raciocnio
Analtico, Linear e Dedutivo (= lgica jurdica)
Sinttico, Sistemtico, Teleolgico (= lgica da eficcia da aco)
Concepo da Organizao
Fechada, funcionando segundo lgica prpria
Aberta ao ambiente e em adaptao constante
Autoridade Hierarquizao; ordens unilaterais emitidas do cume da pirmide
Delegao de Poderes; iniciativa e incitamento negociao
Controlo Sobre o respeito das regras; fase logicamente terminal dum processo linear
Sobre os resultados obtidos; existncia de feedback permanente, a fim de ajustar a aco aos seus objectivos
A Nova Governao Pblica o mais recente modelo de gesto pblica que temos vindo a
viver desde 2000, com ritmos e intensidades distintas consoante as regies e os pases, e
mesmo dentro do mesmo pas com dinmicas diferentes consoante os Ministrios.
Este modelo concentra novas lgicas de funcionamento, tais como: processamento em rede e
em redes de redes, contnua articulao, negociao e contratualizao entre inmeras partes,
necessidade de profunda colaborao entre mltiplos actores, necessidade de diferentes tipos
de liderana consoante as estratgias e culturas organizacionais dos ns das redes, orientao
a resultados e continua avaliao dos mesmos, continua avaliao ao desempenho das equipas
que os desenvolvem ou operam, continuas exigncias de qualidade em contextos de recursos
limitados, continuo fortalecimento de competncias dos funcionrios e de todos os
profissionais que se movimentam nestes ecossistemas pblicos/privados de acordo com as
responsabilidades atribudas e os objectivos estabelecidos.
Neste novo mundo procura-se e fortalece-se igualmente a convivncia das lgicas anteriores
jurdica e gestionria - consoante o contexto, o foco da aco ou interveno
poltica/pblica/privada. Um exemplo destas novas oportunidades as Parcerias Pblico
Privadas (PPP).
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A rea da Sade tem vindo a ser um actor muito particular neste novo modelo de gesto
pblica, em todos os pases, na procura e experimentao de solues organizacionais e
clnicas na prestao de servios pblicos de sade (cuidados primrios, hospitalares mais
ou menos especializados e cuidados continuados) como assistimos s reformulaes dos
vrios modelos de assistncia na sade nos pases escala global (Mark & Scott, 1992) .
Na rea da sade o crescimento das despesas pblicas com a sade tem sido muito galopante
na ltimas dcadas o que arrasta srios problemas de sustentabilidade financeira para os
Estados. Apenas alguns exemplos tais como, os medicamentos, as inovaes tecnolgicas e
biomdicas, novas doenas crnicas, o envelhecimento da populao que arrasta por sua vez o
tratamento de doenas crnicas por perodos mais vastos, e por outro lado, a falta da
capacidade de resposta das seguradoras e sistemas de apoio social inclusive os Servios
Nacionais de Sade nos pases onde ele existe. As exigncias dos cidados em relao ao
acesso aos servios de sade uma vertente que ainda dbil mas vai crescer num prximo
futuro.
No meio deste cenrio, a eHealth uma nova alternativa na prestao de servios pblicos de
sade com gradientes tecnolgicos diferentes, em muitas das situaes mais baratas e com
mais capacidades, por se estar a usar transaces electrnicas na Internet, sobre redes de
banda larga, e enfim, tendo por expectativas o espao global para fornecer servios ou dele
receber servios.
Neste cenrio os aspectos de regulamentao comercial e jurdica na prestao de servios em
espaos locais, regionais ou globais so uma outra rea de grande transformao nos Estados.
Os factores de deciso sobre a adopo ou no da eHealth so temas de grande relevo para as
economias dos Estados. Passamos agora a fazer um percurso sucinto sobre os vrios modelos
de Estado e sobre os respectivos modelos de Administrao Pblica para melhor situarmos a
investigao a que nos propusemos.
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2.3 Modelos de Estado e Administrao Pblica
2.3.1 Estado Liberal at 1880
A ideologia liberal 10 no sculo XVIII tem desenvolvimentos muito fortes que conduzem
Declarao de Independncia na Amrica em 1776 11e Constituio Americana12 em 1787 e
Revoluo Francesa em 1789. Com a Revoluo Francesa proclamada a Declarao dos
Direitos do Homem e do Cidado, que em muitos de seus artigos corresponde a uma
declarao liberal. O lema da revoluo o lema liberal: Liberdade, Igualdade, e
Fraternidade. Ao mesmo tempo que livres (Liberdade) os homens so iguais nos seus direitos
fundamentais (Igualdade) e ao mesmo tempo unidos e responsveis uns pelos outros,
comprometidos com o desenvolvimento e aperfeioamento social (Fraternidade).
Num Estado Liberal o papel do Estado reduzido ao mnimo indispensvel ao funcionamento
do sistema poltico e defesa dos direitos individuais do cidado.
Um Estado Liberal caracteriza-se por ter uma interveno mnima na economia e na
sociedade em geral ficando apenas a seu cargo misses de propriedade, liberdade e segurana
(o poder de polcia).
Bilhim recorda que Para o Estado Liberal do sculo XVIII a economia no precisava de ser
regulada artificialmente por meio de comandos exgenos. O mercado podia reagir sobre os
10 A palavra "liberal" deriva do latim liber ("livre", ou "no escravo") e est associada com a palavra
"liberdade", e a palavra liberalismo significa a vontade livre da maioria 11 4 Julho 1776 Declarao de Independncia elaborada por uma comisso encabeada por Thomas
Jefferson, inspirou-se nas tradies polticas inglesas (liberais), afirmando que o governo institudo pelos homens para proteger os direitos a vida, liberdade e busca da felicidade; e quando esses direitos so ameaados por um governo tirnico e opressor, o povo tem o direito de se revoltar contra ele e estabelecer um novo governo. Wikipdia -15 de Abril de 1010.
12 Criar uma nova organizao poltica, com um governo central capaz de assegurar o mximo de liberdade dos
cidados e de autonomia dos estados. Em Maro de 1787, uma conveno com delegados estaduais especialmente eleitos elaborou em Setembro a Constituio dos EUA. Aprovada pelos estados em 1787-1788, ela entrou em vigor em Maro de 1789 e at hoje continua em vigor (com o tempo recebeu acrscimos ou emendas de novos artigos). A Constituio de 1787 substituiu os Artigos da Confederao e procurou compatibilizar o poder central e os poderes estaduais, assim como estabelecer os mecanismos capazes de preservar os direitos individuais frente aos direitos pblicos ou colectivos. Inspirada no Iluminismo, a Constituio criou nos EUA um regime liberal sob a forma de uma repblica presidencialista com trs poderes (executivo, legislativo e judicirio), garantindo, porm, a maior autonomia estadual possvel. Wikipdia 15 de Abril de 2010.
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factores de perturbao e reequilibrar o funcionamento dos mecanismos econmicos. A
regulao era inerente prpria economia. A mquina funcionava naturalmente sozinha no
precisando de qualquer regulao. (Bilhim, 2000, p. 59) .
Alguns dos principais influenciadores desta ideologia foram David Hume13, Montesquieu14 e
Adam Smith15. Este ltimo com a sua famosa obra An Inquiry into the Nature and Causes of
the Wealth of Nations usualmente conhecida por The Wealth of Nations (Riqueza das
Naes) de 1776 apresenta solues para as questes ligadas ao comrcio e aos sistemas de
economia poltica, muito sentidas at data com as presses dos modelos feudais e
mercantilistas. Adam Smith analisou a diviso do trabalho como um factor muito poderoso no
sentido de propulsionar a economia.
As sugestes de Adam Smith foram: o papel do governo no deveria ter uma interveno em
reas onde o lucro no poderia ser a motivao e h que prevenir / impedir que os indivduos
usem a fora ou a fraude para alterarem a livre competio, comrcio e produo. Assim, ao
Estado caberia proteger as pessoas contra a violncia externa, proteger as pessoas das
injustias e das opresses feitas por outros e por fim desenvolver e manter instituies e obras
de utilidade pblica que dada a sua dimenso nunca seriam lucrativas individualmente.
Defendia que os governos deveriam intervir fiscalmente apenas em reas onde no tivessem
impacto nos custos econmicos, argumentando que era a produo de riquezas e no o total
de ouro que representava a "riqueza" de uma nao. A frase, muito conhecida, e que torna
muito claro o seu pensamento diz "Assim, o mercador ou comerciante, movido apenas pelo
seu prprio interesse egosta (self-interest), levado por uma mo invisvel a promover algo
que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade".
13 David Hume (1711-1776) foi um filsofo e historiador escocs. Ao lado de Adam Smith e Thomas Reid uma
das figuras mais importantes do chamado iluminismo escocs, sendo frequentemente considerado como um dos maiores escritores e filsofos de lngua inglesa. Fundador do empirismo moderno com Locke e Berkeley. Wikipdia 15 Abril 2010.
14 Charles de Montesquieu, (castelo de La Brde, prximo a Bordus) (1689-1755), foi um poltico, filsofo e escritor francs. Ficou famoso pela sua Teoria da Separao dos Poderes - Legislativo, o Executivo e o Judicirio na sua obra O esprito das leis de 1748, actualmente consagrada em muitas das modernas Constituies internacionais. Wikipdia 15 Abril 2010.
15 Adam Smith (1723 - 1790) foi um economista e filsofo escocs. Teve como cenrio para a sua vida o atribulado sculo das Luzes, o sculo XVIII. o pai da economia moderna, e considerado o mais importante terico do liberalismo econmico. Wikipdia 15 Abril 2010.
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Era esperado que, com a no interveno estatal, com o resultado da aco da "mo invisvel"
equilbrio do mercado entre a procura e a oferta com o correspondente ajustamento de
preos - e a satisfao das necessidades humanas pela diviso do trabalho, o preo das
mercadorias deveria descer e os salrios deveriam subir.
No Estado Liberal as intervenes directas dos Estados na produo de bens e de servios
foram crescendo medida que se tornavam opes globais da colectividade.
Assim e de acordo com os impactos das progressivas inovaes tecnolgicas (estamos nos
sculos XVIII, XIX a avanar para o sculo XX) esta produo de bens e servios pelo Estado
restringe-se, na generalidade dos pases europeus, aos investimentos em infra-estruturas de
interesse geral, aos servios de correios e de comunicaes, aos servios de transportes
ferrovirios, s imprensas nacionais, s manufacturas de material de guerra a aos monoplios
dos tabacos e dos fsforos (fontes de receitas fiscais). E tambm, servios mais dirigidos ao
cidado tal como os servios de distribuio de gua, electricidade e gs.
Segundo Bilhim, A actividade econmica do Estado distinta, por natureza, da sua funo
como legislador e administrador da coisa pblica era, ento, entendida como actividade
excepcional. luz da doutrina liberal, os poderes pblicos deviam abster-se de actuar como
agentes econmicos, sob pena de falsearem as leis do mercado. Da que as suas intervenes
s fossem, em princpio, admitidas quando justificadas pela existncia de falhas do
mercado. Por exemplo, a incapacidade do mercado de produzir bens ou servios de interesse
geral em quantidades ou condies adequadas (preo, universalidade, ) os monoplios
naturais (caminhos de ferro, telecomunicaes, ) e actividades que constitussem o
prolongamento natural da aco de um servio publico administrativo (caso das imprensas
nacionais e do fabrico de equipamentos para as foras armadas) (Bilhim, 2000, pp. 67-68).
Segundo Arthur Schelesinger Jr.16, no seu artigo "Liberalism in America: A Note for
Europeans",17 escrito em 1962
16 Arthur Meier Schlesinger Jr. (1917 2007) was a Pulitzer Prize and American historian and social critic
whose work explored the liberalism of American political leaders including Franklin D. Roosevelt, John F. Kennedy, and Robert F. Kennedy. He served as special assistant and "court historian" to President Kennedy from 1961 to 1963. He wrote a detailed account of the Kennedy Administration, from the transition period to the president's state funeral, titled A Thousand Days. In 1968, he actively supported the presidential campaign of
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"quando a crescente complexidade das condies industriais requereram aumento da
interveno do governo de maneira assegurar oportunidades mais igualitrias, a tradio
liberal, com f no seu objectivo em vez de seu dogma, alterou sua viso do estado. e
emergiu a concepo do Estado de bem-estar social, onde o governo nacional tinha a
obrigao expressa de manter altos nveis de emprego na economia, supervisionar os padres
de vida e trabalho, regular os mtodos de competio empresarial, e de estabelecer padres
compreensivos de segurana social" (Schlesinger Jr, 1962, p. 3)
Sob o ponto de vista da interveno do Estado na economia passamos de um Estado
abstencionista no sculo XIX para um Estado intervencionista no sculo XX.
A vertente da Administrao Pblica at 1880
Na Amrica e na Europa, neste perodo, assistimos a vrios modelos de estados onde
encontramos o Estado Liberal Tradicional e outros No Liberais. As vertentes administrativas
necessrias a cada Estado eram desempenhadas por pessoas recrutadas pelos rgos de poder
e que passavam a ser seus servidores -- Igreja, Rei, Imperador e Repblicas j institudas -
enquanto estes o determinassem.
Nos Estados Liberais as actividades administrativas do Estado focavam a execuo de tarefas
consentneas com as responsabilidades assumidas pelos Estados.
As pessoas que as desempenhavam eram escolhidas e dispensadas de acordo com os
interesses directos dos representantes dos rgos de poder.
2.3.2 Estado Providncia de 1880 at 1919 e de 1919 at 1929
Este novo modelo de estado vai surgindo progressivamente sobre o modelo anterior, estado
liberal clssico ou tradicional e tambm designado por liberalismo laissez-faire, com o
estabelecimento das primeiras medidas sociais, de carcter assistencial - residual orientado
por ideologias humanitrias e de progresso social.
Senator Robert F. Kennedy until Kennedy's assassination in the Ambassador Hotel on June 5, 1968, and wrote the biography Robert Kennedy and His Times several years later. Wikipdia em 15 Abril 2010. 17 Traduo do autor
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Surge legislao sobre acidentes de trabalho na Alemanha (1881) e em Frana (1898) que visa
proteger o trabalhador em face de risco de incapacidade total, como refere Mozzicafredo
Com efeito, o acidente de trabalho no j encarado como sendo da responsabilidade do
indivduo ou da empresa, mas sim da sociedade no seu conjunto. Trata-se por um lado da
socializao da responsabilidade individual e, como tal, a sociedade que institui formas de
reduo das incertezas motivadas pelo desenvolvimento. Por outro lado instaura uma relao
contratual de proteco social entre o Individuo e o Estado passando esta solidariedade
institucional a ser uma das dimenses bsicas da prtica poltica e da racionalidade
institucional que estrutura o moderno Estado Providncia (Mozzicafredo, 2000, p. 6).
No inicio do sculo XX vo surgindo esquemas de segurana social bsicos nos pases mais
industrializados da Europa.
A Frana, a Inglaterra e a Alemanha seguiram lgicas diferentes mas destinadas aos mesmos
fins. Com Bismark na Alemanha entre 1883 e 1889 e com William Beveridge em 1942
estabeleceram-se as primeiras experincias que esto na origem dos modelos que foram sendo
sucessivamente adoptados pelos sistemas de segurana social dos diferentes pases e ainda
hoje sustentam discusses e tendncias.
Na Frana seguiu-se uma lgica de assistncia residual fornecimento de recursos s
camadas mais desfavorecidas da populao.
A Alemanha com Bismark inicia a obrigatoriedade de seguros de doena para os operrios da
indstria mais desfavorecidos em termos de rendimentos e o seguro de velhice - invalidez que
institui o primeiro sistema obrigatrio de reformas.
A Inglaterra com William Beveridge seguiu uma lgica nacional com o Social Insurance and
Allied Services cuja inteno era garantir uma segurana econmica regular ao indivduo, em
situaes de velhice, doena, desemprego e invalidez. Outros pases industrializados na
Europa seguiram o mesmo caminho nos incios do sculo XX ou seja, foram introduzindo
seguros de acidentes de trabalho, seguros de doena, seguros de velhice - invalidez e seguros
de desemprego.
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De salientar como refere Mozzicagrefo que a matriz institucional do Estado Providncia, na
sua dimenso social, no se faz de forma linear e pacfica, mas segundo uma srie de crises,
rupturas das relaes sociais e conflitos de interesses. (Mozzicafredo, 2000, p. 7).
Esta conflituosidade integra as dimenses social, poltica e econmica.
A introduo dos mecanismos da segurana social entendida por Flora e Alber como citado
por Mozzicafredo (Flora & Alber, 1984) como uma funo dos efeitos combinados do
crescimento dos problemas socioeconmicos do desenvolvimento e o aumento da presso
poltica, como resultado da mobilizao social dos trabalhadores, medida em torno dos
indicadores de aces sindicais e percentagens de votos obtidos pelos partidos baseados em
correntes sociais-democratas e socialistas.
A interveno do estado na dimenso econmica de forma formal aparece em 1919, aps a I
Guerra Mundial, na Constituio alem da Repblica de Weimar de modelo parlamentarista
democrtico, onde se introduz uma seco especialmente dedicada ao enquadramento da
vida econmica. At esta altura a interveno dos Estados na vertente econmica e social era,
quando existia, rara, indirecta e, normalmente, reflexo de intervenes com finalidades de
proteco social (Bilhim, 2000, p. 59), como j referimos antes.
A interveno do Estado na economia nos EUA acontece mais vivamente a partir de 1930
com as iniciativas geradas pelo New Deal 18de forma a contrariar os efeitos da grande
depresso americana promovendo a criao de empregos - a produo gerada com as infra-
estruturas industriais construdas e a laborar j no tinha procura compatvel com a oferta por
volta de 1930.
Keynes 19 apresentou os seus pensamentos sobre a necessidade de mudar em sesses pblicas
(em Oxford 1924 e em Berlim 1926) subordinadas ao ttulo The end of laissez faire que foi
18 O New Deal foi o nome dado srie de programas implementados nos Estados Unidos da Amrica entre 1933 e 1937, sob o governo do Presidente Franklin Roosevelt, com o objectivo de recuperar e reformar a economia norte-americana, e ajudar os prejudicados pela Grande Depresso. 19 John Maynard Keynes (1883 -1946), foi um economista britnico cujas ideias influenciaram a macro economia moderna, tanto na teoria quanto na prtica. Ele defendeu uma poltica econmica de Estado intervencionista, atravs da qual os governos usariam medidas fiscais e monetrias para mitigar os efeitos adversos dos ciclos econmicos - recesso, depresso e booms. As suas ideias serviram de base para a escola de pensamento conhecida como economia keynesiana. A sua obra Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda foi publicada pela primeira vez em 1936. considerado uma das mais importantes obras de literatura econmica, tendo lanado os conceitos sobre a macroeconomia (viso a longo prazo dos ciclos econmicos; o no -
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disponibilizado em texto. Neste texto (Keynes, 1926, p. 13) Keynes salienta Our problem is
to work out a social organization which shall be as efficient as possible without offending our
notions of a satisfactory way of life e termina We need a new set of convictions which
spring naturally from a candid examination of our inner feelings in relation to the outside
facts.
Keynes considerava que o desemprego estava ligado insuficincia de consumo combinada
com a insuficincia de investimento e que o papel do Estado deveria passar a ser o
estimulador destas duas funes com vista a aumentar a procura global efectiva atravs da
poltica da despesa pblica e da poltica oramental, nomeadamente fiscal, monetria,
creditcia e da poltica de desenvolvimento das obras pblicas. O que ficou conhecido como
a equao keynesiana (Mozzicafredo, 2000, pp. 7-8).
A vertente da Administrao Pblica de 1880 at 1919 e