repÚblica democrÁtica de timor-leste ministÉrio da justiÇa - mj.gov.tl · artigo 5.º adopção...

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REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE MINISTÉRIO DA JUSTIÇA PROPOSTA DE LEI Nº______/__________ De _______De ____________ PROPOSTA DE LEI SOBRE A ADOPÇÃO  O instituto da adopção consagra a responsabilidade do Estado na garantia do direito do menor em situação de vulnerabilidade à integração numa família que lhe assegure um crescimento e desenvolvimento saudáveis. O Estado, respeitando os princípios reconhecidos constitucionalmente pela República Democrática de Timor-Leste e através da ratificação da Convenção sobre os Direitos da Criança, zela pela protecção especial da criança por parte da família, da comunidade e do Estado contra todas as formas de abandono e de outras situações que possam vir a ameaçar o seu futuro. Quando a família biológica é ausente ou enfrenta circunstâncias que comprometem o estabelecimento de uma relação afectiva e securizante com a criança, impõe a Constituição a salvaguarda do superior interesse da criança, particularmente através da adopção. O instituto da adopção, a ser oportunamente regulado no Código Civil, exige uma intervenção urgente do Estado face à natureza particular do crescimento e desenvolvimento da criança que tem o direito ao acolhimento e segurança de um vínculo familiar. Procede-se, assim, à regulação dos aspectos processuais e de outros complementares que sejam adequados à implementação imediata desta medida de protecção de crianças. O Estado timorense reconhece a família como elemento fundamental da sociedade e considera-a essencial para a protecção e o desenvolvimento harmonioso da personalidade infantil. A institucionalização das crianças em lares deve ser, tendencialmente, uma situação transitória. Adicionalmente, configura-se necessário um diploma que preveja não só a adopção nacional mas também a adopção internacional, no âmbito da Convenção relativa à Protecção das Crianças e à Cooperação em matéria de Adopção Internacional.    Assim, O Governo apresenta ao Parlamento Nacional, ao abrigo da alínea c) do n.° 1 do artigo 97.°  e da alínea a) do n.° 2 do artigo 115.° da Constituição da República, com pedido de prioridade e urgência, a seguinte proposta de lei:

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REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTEMINISTÉRIO DA JUSTIÇA

PROPOSTA DE LEI Nº______/__________

De _______De ____________

PROPOSTA DE LEI SOBRE A ADOPÇÃO

  O instituto da adopção consagra a responsabilidade do Estado na garantia do direito do menor 

em   situação   de   vulnerabilidade   à   integração   numa   família   que   lhe   assegure   um   crescimento   e 

desenvolvimento saudáveis.

O   Estado,   respeitando   os   princípios   reconhecidos   constitucionalmente   pela   República 

Democrática de Timor­Leste e através da ratificação da Convenção sobre os Direitos da Criança, zela 

pela protecção especial da criança por parte da família, da comunidade e do Estado contra todas as 

formas de abandono e de outras situações que possam vir a ameaçar o seu futuro.

Quando   a   família   biológica   é   ausente   ou   enfrenta   circunstâncias   que   comprometem   o 

estabelecimento   de   uma   relação   afectiva   e   securizante   com   a   criança,   impõe   a   Constituição   a 

salvaguarda do superior interesse da criança, particularmente através da adopção.

O instituto da adopção, a ser oportunamente regulado no Código Civil, exige uma intervenção 

urgente do Estado face à natureza particular do crescimento e desenvolvimento da criança que tem o 

direito ao acolhimento e segurança de um vínculo familiar. Procede­se, assim, à regulação dos aspectos 

processuais e de outros complementares que sejam adequados à implementação imediata desta medida 

de protecção de crianças.

O   Estado   timorense   reconhece   a   família   como   elemento   fundamental   da   sociedade   e 

considera­a essencial para a protecção e o desenvolvimento harmonioso da personalidade infantil. A 

institucionalização das crianças em lares deve ser, tendencialmente, uma situação transitória.

Adicionalmente, configura­se necessário um diploma que preveja não só a adopção nacional 

mas também a adopção internacional, no âmbito da Convenção relativa à Protecção das Crianças e à 

Cooperação em matéria de Adopção Internacional.  

 

  Assim, 

O Governo apresenta ao Parlamento Nacional, ao abrigo da alínea c) do n.° 1 do artigo 97.°  e 

da  alínea   a)  do  n.°   2  do   artigo  115.°  da  Constituição  da  República,  com pedido  de  prioridade   e 

urgência, a seguinte proposta de lei:

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CAPÍTULO I

Disposições gerais 

Artigo 1.º

Objecto da lei

1­ A presente lei estabelece o regime da adopção, o respectivo processo judicial, bem como a confiança 

administrativa ou judicial do adoptando e a guarda provisória do menor.

2­ A presente lei estabelece ainda as  regras da adopção internacional devendo esta corresponder ao 

interesse superior da criança e ocorrer apenas depois de ponderadas as possibilidades de colocação da 

criança no seu Estado de origem. 

Artigo 2.º

Princípios fundamentais

1­ A adopção só  pode ser  decretada por sentença  judicial  e  desde que   se mostrem garantidos  os 

interesses do adoptando em todas as fases do processo.

2­ A adopção tem de representar um real benefício para o menor, fundar­se em motivos legítimos, não 

envolver sacrifício injusto para os outros filhos do adoptante e ser razoável supor que entre adoptante e 

adoptando se venha a estabelecer um vínculo semelhante ao da filiação.

Artigo 3.º

Período de avaliação

Antes de declarada a adopção, o adoptando deve permanecer confiado aos cuidados do adoptante por 

período de tempo suficiente,  tendo em conta as particularidades  de cada caso, de forma que possa 

avaliar­se da conveniência da constituição do vínculo entre eles.

Artigo 4.º

Vantagens económicas

1­  É   absolutamente  proibido e  constitui   fundamento  de  indeferimento  da  adopção a  existência  de 

pagamentos ou recebimentos ou quaisquer outras vantagens económicas concedidas ou recebidas pelas 

pessoas envolvidas na adopção.

2­   Exceptuam­se   da   proibição   estipulada   no   número   anterior,   os   custos   ou   gastos   necessários   e 

comprovadamente efectuados com adopções internacionais.

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Artigo 5.º

Adopção nacional e internacional

1­ A constituição do vínculo de adopção relativamente a menores timorenses e residentes em Timor­

Leste, deve efectuar­se por meio do recurso à adopção nacional,  sendo excepcional a colocação do 

menor no estrangeiro.

2­ Para efeitos da presente lei considera­se adopção nacional os casos em que, sendo o adoptando 

timorense   e   residente   em   Timor­Leste,   os   adoptantes   têm   nacionalidade   timorense   ou,   sendo 

estrangeiros, residam em Timor­Leste, de forma habitual e estável, há pelo menos cinco anos.

3­  A adopção internacional  apenas  pode ser  autorizada  quando o menor não puder ser  objecto de 

medida de colocação numa família de acolhimento ou adoptiva em Timor­Leste, ou se não puder ser 

convenientemente  educado no  seu  país  de  origem e  de  acordo  com as  normas  procedimentais  da 

presente lei.

Artigo 6.º

Proibição de várias adopções do mesmo adoptando

Enquanto subsistir uma adopção não pode constituir­se outra quanto ao mesmo adoptado, excepto se os 

adoptantes forem casados um com o outro.

Artigo 7.º

Adopção pelo tutor ou administrador legal de bens

O tutor ou administrador legal de bens só pode adoptar o menor depois de aprovadas as contas da tutela 

ou da administração de bens e saldada a sua responsabilidade.

Artigo 8.º

Confiança do menor com vista a futura adopção

1­ O menor em condições de ser adoptado pode ser confiado administrativamente ou judicialmente a 

casal, a pessoa singular ou a instituição.

2­ É  permitida a confiança administrativa do menor em condições de ser adoptado ao candidato a 

adoptante,   mediante   a   observância   de   certos   requisitos   descritos   na   presente   lei,   e   devidamente 

autorizada pelos serviços sociais.

3­ Com vista a futura adopção, o tribunal pode atribuir a confiança judicial do menor a casal, a pessoa 

singular ou a instituição em qualquer das situações previstas na presente lei.

Artigo 9.º

Exercício dos poderes e deveres dos pais

Quando o menor seja confiado a terceira pessoa ou a estabelecimento de educação ou assistência, 

cabem a estes todos os poderes e deveres dos pais que forem exigidos pelo adequado desempenho das 

suas funções.

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Artigo 10.º

Confiança judicial 

1­   Com   vista   a   futura   adopção,   o   tribunal   pode   confiar   o   menor   a   casal,   a   pessoa   singular   ou, 

excepcionalmente, a instituição, em qualquer das seguintes situações:

a) Se o menor for filho de pais incógnitos ou falecidos;

b) Se tiver havido consentimento prévio para a adopção;

c) Se os pais tiverem abandonado o menor;

d) Se os pais, por acção ou omissão, mesmo que por manifesta incapacidade devido a razões de 

doença mental, puserem em perigo grave a segurança, a saúde, a formação moral, a educação 

ou o desenvolvimento do menor; 

e) Se os pais  do menor acolhido por um particular  ou por uma  instituição  tiverem revelado 

manifesto  desinteresse  pelo  filho,  em termos  de  comprometer   seriamente  a  qualidade  e  a 

continuidade dos vínculos afectivos próprios da filiação, durante, pelo menos, os seis meses 

precedentes ao pedido de confiança.

2­ Na verificação das situações previstas no número anterior o tribunal deve atender prioritariamente 

aos direitos e interesses do menor.

3­ A confiança fundada nas situações previstas nas alíneas a) c), d) e e) do número um não pode ser 

decidida se o menor se encontrar a viver com ascendente, colateral até ao 3º grau ou tutor e a seu cargo, 

salvo se aqueles familiares ou o tutor puserem em perigo, de forma grave, a segurança,  a saúde, a 

formação moral ou a educação do menor ou se o tribunal concluir que a situação não é adequada a 

assegurar suficientemente o interesse do menor.

4­ Têm legitimidade para requerer  a confiança judicial do menor o Ministério Público, os serviços 

sociais,   a   pessoa   a   quem   o   menor   tenha   sido   administrativamente   confiado   e   o   director   do 

estabelecimento público ou a direcção da instituição particular que o tenha acolhido.

5­ Decretada a confiança judicial do menor ficam os pais inibidos do exercício do poder paternal.

Artigo 11.º

Confiança administrativa

Para além dos casos de confiança judicial, a confiança administrativa consiste na entrega do menor ao 

candidato à adopção ou na confirmação da situação de permanência porventura já existente.

Artigo 12.º

Juiz singular

É  da  competência  do   juiz   singular  o  processo  de  adopção  bem como os   respectivos   incidentes  e 

preliminares.

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CAPÍTULO II

Intervenção dos serviços sociais

Artigo 13.º

Competência dos serviços sociais

1­ A coordenação e intervenção administrativa e social em todo o território timorense relativamente às 

questões de adopção, conforme regulado nos artigos seguintes, é da competência dos serviços sociais 

designados para o efeito.

2­ O requerimento para a confiança administrativa de menor deve ser apresentado aos serviços sociais.

3­   Os   serviços   sociais   referidos   no   número   anterior,   mantêm   um   registo   para   Timor­Leste   dos 

candidatos a adoptantes e a adoptandos de que tiverem conhecimento.

Artigo 14.º

Comunicação ao Ministério Público e aos serviços sociais

1­  As instituições públicas ou privadas que tenham conhecimento de menores em alguma das situações 

previstas no  n.º 1 do artigo 10.º da presente lei ou em situação social, familiar ou outra de extrema 

vulnerabilidade do menor, devem comunicar esse facto aos serviços sociais.

2­ As instituições públicas ou privadas de solidariedade social  devem comunicar o acolhimento de 

menor, num prazo de cinco dias, às comissões de protecção de menores e, no caso de ainda não se 

encontrarem instaladas, ao Ministério Público competente em matéria de família e menores da área de 

acolhimento e aos serviços sociais.

3­ Quem tiver menor a seu cargo em situação de poder vir a ser adoptado deve dar conhecimento da 

situação  aos   serviços   sociais   da  área   da   sua   residência,   que  devem  proceder   à   sua   comunicação 

imediata aos serviços sociais.

4­  Recebidas as informações ou comunicações referidas nos números anteriores, os serviços sociais 

devem informar o Ministério Público da área de residência do menor, iniciar de imediato o estudo do 

caso com vista ao processo de adopção e tomar as providências adequadas.

5­ Os serviços sociais devem comunicar ao Ministério Público competente, num prazo de 30 dias, um 

relatório dos estudos realizados e das providências adoptadas relativamente a cada um dos menores.

6­   É   efectuado   e   mantido   devidamente   actualizado   um   registo   das   situações   anteriormente 

mencionadas.

Artigo 15.º

Estudo da situação do menor

1­ O estudo da situação do menor deve incidir sobre a saúde, o desenvolvimento e a situação familiar e 

jurídica do adoptando, realizando­se, nomeadamente, um inquérito sobre a personalidade e a saúde do 

adoptante  e  do adoptando,  a   idoneidade do adoptante  para  criar  e  educar  o  adoptando,  a  situação 

familiar  e  económica do  adoptante  e  as   razões  determinantes  do pedido  de  adopção,  entre  outras 

questões que se mostrem pertinentes.

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2­ O estudo deve ser realizado com a maior brevidade possível e deve ter em conta o interesse do 

menor e as circunstâncias do caso.

3­ Independentemente do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 28.º, o adoptando, tendo em atenção a 

sua idade e grau de maturidade, pode ser ouvido pelos serviços sociais.

Artigo 16.º

Confiança administrativa de menor

1­ A decisão de confiança administrativa compete aos serviços sociais.

2­ A confiança administrativa deve ter em conta sempre em primeiro lugar o interesse do menor.

3­ Os serviços sociais devem:

a) Comunicar, em cinco dias, ao Ministério Público junto do tribunal competente da área onde o 

menor se encontra a decisão relativa à confiança administrativa devidamente fundamentada;

b) Efectuar as comunicações necessárias à conservatória do registo civil onde estiver lavrado o 

assento de nascimento do menor para efeitos de preservação do segredo de identidade previsto 

no artigo 32.º da presente lei;

c) Emitir   e   entregar   ao   candidato   a   adoptante   certificado   da  data   em  que  o  menor   lhe   foi 

confiado.

4­ Da decisão que não conceder a confiança administrativa cabe recurso para o tribunal competente nos 

termos do que dispõe o artigo 22.º.

Artigo 17.º

Impedimentos à confiança administrativa

1­ A confiança administrativa não pode ser decretada se houver oposição de quem exerça o  poder 

paternal, a tutela ou ainda, de quem detenha, de direito ou de facto, a guarda do menor.

2­ Para os efeitos previstos no número anterior, considera­se que tem a guarda de facto quem, sem 

decisão judicial, vem assumindo com continuidade as funções essenciais próprias do poder paternal, 

em especial nas situações previstas no artigo 10.º da presente lei ou no caso de inibição do exercício do 

poder paternal.

3­ A confiança administrativa não pode igualmente ser decidida enquanto a situação relativa ao menor 

for objecto de processo instaurado em relação a matérias de direito de família ou de família e menores.

Artigo 18.º

Suprimento do poder paternal na confiança administrativa

1­ O candidato a adoptante que, mediante confiança administrativa, haja tomado o menor a seu cargo 

com vista a futura adopção pode requerer ao tribunal a sua designação como curador provisório do 

menor até ser decretada a adopção ou ser instituída a tutela.

2­ A curadoria provisória pode ser requerida pelo Ministério Público, o qual deve fazê­lo nos 30 dias 

subsequentes da decisão de confiança administrativa e no caso de não ter sido requerida nos termos do 

número anterior.

3­  O processo de tutela ou curatela é  apensado aos autos do processo de confiança judicial  ou de 

adopção.

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Artigo 19.º

Homologação judicial da confiança administrativa

Nos cinco dias imediatos à decisão de confiança administrativa, os serviços sociais remetem o processo 

administrativo ao Ministério Público junto do tribunal da área de residência do menor para que seja 

homologado judicialmente.

Artigo 20.º

Registo da confiança administrativa

1­   Logo   que   requerida   a   confiança   administrativa   de   menor,   os   serviços   sociais   procedem   às 

comunicações necessárias aos serviços de registo civil onde estiver lavrado o assento de nascimento 

daquele, com o fim de preservar o segredo da identidade nos termos do número seguinte.

2­ Salvo autorização expressa do adoptante, a sua identidade não pode ser revelada aos pais naturais do 

adoptando e estes podem opor­se, mediante declaração expressa, a que a sua identidade seja revelada 

ao adoptante.

Artigo 21.º

Candidatura de adoptantes

1­ Quem pretender adoptar, deve comunicar a sua intenção aos serviços sociais, que procedem ao seu 

registo e iniciam o estudo da pretensão.

2­ Os serviços sociais emitem e entregam ao candidato a adoptante certificado da comunicação e do 

respectivo registo.

3­ As diligências para o estudo da pretensão em causa devem compreender, entre outros assuntos, a 

personalidade e a saúde, a idoneidade para criar e educar menores, a situação familiar e económica e as 

razões determinantes do pedido.

4­ No prazo de seis meses após a apresentação do pedido, os serviços sociais devem proferir  uma 

decisão e notificar o candidato.

Artigo 22.º

Impugnação

1­ Da decisão que rejeite a candidatura, recuse a entrega do menor ou não confirme a permanência do 

menor pode ser interposto recurso, no prazo de trinta dias, para o tribunal competente em razão, da área 

de residência do menor ou da residência do candidato, no último caso.

2­  O requerimento,  acompanhado das respectivas alegações,  é  apresentado aos serviços sociais que 

proferiram   a   decisão,   os   quais   poderão   repará­la;   não   o   fazendo,   os   serviços   sociais   remetem   o 

processo ao tribunal, no prazo de quinze dias, com as observações que entenderem convenientes.

3­  O   juiz  pode  proceder  às  diligências  que   considerar  necessárias,   findas   as  quais,   deve  proferir 

decisão, não passível de recurso, excepto para esclarecimento sobre alguma contradição ou obscuridade 

na redacção.

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Artigo 23.º

Período de pré­adopção

1­  Confiado o menor, judicial ou administrativamente, ao candidato a adoptante, devem os serviços 

sociais   proceder   ao   acompanhamento   da   situação,   e   obter   todos   os   elementos   indispensáveis   à 

elaboração do inquérito a que se refere o n.º 1 do artigo 15.º.

2­ O período de pré­adopção nunca deve ser superior a um ano.

3­ Tratando­se de adopção de filho do cônjuge do adoptante o período de pré­adopção não é superior a 

três meses.

4­ Compete aos serviços sociais certificar a data em que o menor foi confiado ao adoptante.

5­ Identificada, durante o período de pré­adopção, a verificação de alguma circunstância que ponha em 

perigo grave a segurança,  a saúde, a educação ou o desenvolvimento do menor, devem os serviços 

sociais comunicá­la ao Ministério Público através de relatório, no prazo de cinco dias.

Artigo 24.º

Relatório de inquérito

1­ Quando considerar  verificadas  as  condições  para  ser   requerida  a adopção,  ou  tiver  decorrido  o 

período de pré­adopção estipulado no artigo anterior, os serviços sociais elaboram oficiosamente, no 

prazo de trinta dias, o relatório de inquérito. 

2­ Concluído o relatório os serviços sociais notificam o resultado ao candidato a adoptante.

3­ A adopção só pode ser requerida após a elaboração do relatório de inquérito ou decorrido o prazo 

para a sua elaboração.

4­ Não sendo requerida a adopção no prazo de um ano, os serviços sociais devem reapreciar a situação, 

excepto se se tratar de adopção de filho do cônjuge do adoptante.

Artigo 25.º

Pessoal qualificado

Os serviços sociais devem providenciar para que o pessoal encarregado de acompanhar as situações de 

adopção seja constituído por uma equipe multidisciplinar e qualificada,  em número suficiente para 

cumprir os prazos fixados por esta lei.

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CAPÍTULO III

Adopção

Artigo 26.º

Quem pode adoptar

1­  Podem adoptar  duas pessoas  casadas  há  mais  de quatro anos e não separadas  judicialmente  de 

pessoas e bens ou de facto, se ambas tiverem mais de 25 anos.

2­  Pode  ainda   adoptar  quem   tiver  mais  de  30   anos  ou,   se  o   adoptando   for   filho  do  cônjuge  do 

adoptante, mais de 25.

3­ Só pode adoptar quem não tiver mais de 60 anos à data em que o menor lhe tenha sido confiado, 

sendo que a partir dos 50 anos a diferença de idades entre o adoptante e o adoptado não pode ser 

superior a 50 anos.

4­ Pode, no entanto, a diferença de idades ser superior a 50 anos quando, a título excepcional, motivos 

ponderosos o justifiquem, nomeadamente por se tratar de um conjunto de irmãos em que relativamente 

apenas a algum ou alguns dos irmãos se verifique uma diferença de idades superior àquela.

5­ O disposto no n.º 3 não se aplica quando o adoptando for filho do cônjuge do adoptante.

Artigo 27.º

Quem pode ser adoptado

1­   Podem  ser   adoptados   os   filhos   menores   do   cônjuge   do   adoptante   e   aqueles   que   tenham   sido 

confiados ao adoptante.

2­ O adoptando deve ter menos de 15 anos à data da petição judicial de adopção; pode, no entanto, ser 

adoptado quem, a essa data, tenha menos de 17 anos e não se encontre emancipado, desde que tenha 

sido confiado aos adoptantes ou a um deles com idade não superior a 15 anos, ou quando for filho do 

cônjuge do adoptante.

Artigo 28.º

Consentimento para a adopção

1­ É necessário para a adopção o consentimento:

a) Do adoptando maior de doze anos, devendo ser expresso de forma livre e independente de 

factores externos que possam coagir ou intimidar a sua manifestação da vontade;

b) Do cônjuge do adoptante não separado judicialmente de pessoas e bens;

c) Dos pais do adoptando, ainda que menores e mesmo que não exerçam o poder paternal, desde 

que não tenha havido confiança judicial;

d) Do ascendente,  do colateral  até  ao 3º grau ou do tutor,  quando, tendo falecido os pais do 

adoptando, tenha este a seu cargo e com ele viva.

2­ No caso previsto no n.º 3 do artigo 10.º, tendo a confiança fundamento nas situações previstas nas 

alíneas c), d) e e) do n.º1 do mesmo artigo, não é exigido o consentimento dos pais, mas é necessário o 

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do parente aí referido ou do tutor, desde que não tenha havido confiança judicial.

3­ O tribunal pode dispensar o consentimento:

a) Das pessoas que o deveriam prestar nos termos dos números anteriores, se estiverem privadas 

do uso das faculdades mentais ou se, por qualquer outra razão, houver grave dificuldade em as 

ouvir;

b) Das pessoas referidas na alínea c) do n.º 1 e no n.º 2 quando se verificar alguma das situações 

que,  nos   termos das  alíneas  c),  d)  e  e)  do n.º  1  e  do n.º  3  do artigo 10.º,  permitiriam a 

confiança judicial;

c) Dos pais do adoptando inibidos do exercício do poder paternal, quando sobre o trânsito em 

julgado de sentença que tenha decretado a inibição do poder parternal tenham decorrido 18 ou 

6   meses   e   o   Ministério   Público   ou   aqueles,   respectivamente,   não   tenham   solicitado   o 

levantamento da inibição decretada pelo tribunal.

Artigo 29.º

Forma e tempo do consentimento

1­ O consentimento reporta­se à adopção e é prestado perante o juiz, que deve esclarecer o declarante 

sobre o significado e os efeitos do acto.

2­  O consentimento dos pais  pode ser  prestado   independentemente  da  instauração do processo  de 

adopção se o adoptando tiver sido acolhido por alguém que pretenda adoptá­lo ou em estabelecimento 

público ou particular, não sendo necessária a identificação do futuro adoptante.

3­ A mãe não pode dar o seu consentimento antes de decorridos três meses após o parto.

4­ O consentimento deve ser precedido de uma audiência prévia com assistente social.

Artigo 30.º

 Revogação e caducidade do consentimento

1­ O consentimento para adopção pode ser revogado se até à data da manifestação da revogação o 

processo de adopção não tiver sido iniciado.

2­ O consentimento caduca se, no prazo de três anos, o menor não tiver sido adoptado nem confiado 

com vista a futura adopção.

Artigo 31.º

Audição obrigatória

O juiz deve ouvir:

a) Os filhos do adoptante maiores de 12 anos;

b) Os ascendentes ou, na sua falta, os irmãos maiores do progenitor falecido, se o adoptando for 

filho do cônjuge do adoptante e o seu consentimento não for necessário, salvo se estiverem 

privados das faculdades mentais ou se, por qualquer outra razão, houver grave dificuldade em 

os ouvir.

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Artigo 32.º

Segredo da identidade

1­ A identidade do adoptante não pode ser revelada aos pais naturais do adoptado, salvo se aquele 

declarar expressamente que não se opõe a essa revelação.

2­ Os pais naturais do adoptado podem opor­se, mediante declaração expressa, a que a sua identidade 

seja revelada ao adoptante.

Artigo 33.º

Efeitos

1­   Pela   adopção   o   adoptado   adquire   a   situação   de   filho   do   adoptante   e   integra­se   com   os   seus 

descendentes   na   família   deste,   extinguindo­se   as   relações   familiares   entre   o   adoptado   e   os   seus 

ascendentes e colaterais naturais, sem prejuízo do disposto quanto a impedimentos matrimoniais na lei 

civil.

2­ Se um dos cônjuges adopta o filho do outro mantêm­se as relações entre o adoptado e o cônjuge do 

adoptante e os respectivos parentes.

Artigo 34.º

Estabelecimento e prova da filiação natural

Depois de decretada a adopção não é possível estabelecer a filiação natural do adoptado nem fazer a 

prova dessa filiação fora do processo preliminar de publicações.

Artigo 35.º

Nome próprio e apelidos do adoptado

1­   O   adoptado   perde   os   seus   apelidos   de   origem,   sendo   o   seu   novo   nome   constituído,   com   as 

necessárias adaptações, nos termos legalmente previstos.

2­ A pedido do adoptante, pode o tribunal, excepcionalmente, modificar o nome próprio do menor, se a 

modificação salvaguardar o seu interesse, nomeadamente o direito à identidade pessoal, e favorecer a 

integração na família.

Artigo 36.º

Irrevogabilidade da adopção

 A adopção não é revogável nem sequer por acordo do adoptante e do adoptado.

Artigo 37.º

Revisão da sentença

1­ A sentença que tiver decretado a adopção só é susceptível de revisão:

a) Se tiver faltado o consentimento do adoptante ou dos pais do adoptado, quando necessário e 

não dispensado;

b) Se o consentimento dos pais do adoptado tiver sido indevidamente dispensado, por não se 

verificarem as condições do n.º 3 do artigo 28.º;

c) Se o consentimento do adoptante tiver sido viciado por erro desculpável e essencial sobre a 

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pessoa do adoptado;

d) Se o consentimento do adoptante ou dos pais do adoptado tiver sido determinado por coacção 

moral, contanto que seja grave o mal com que eles foram ilicitamente ameaçados e justificado 

o receio da sua consumação;

e) Se tiver faltado o consentimento do adoptado, quando necessário.

2­ O erro só se considera essencial quando for de presumir que o conhecimento da realidade excluiria 

razoavelmente a vontade de adoptar.

3­   A   revisão   não   é,   contudo,   concedida   quando   os   interesses   do   adoptado   possam   ser 

consideravelmente afectados, salvo se razões invocadas pelo adoptante imperiosamente o exigirem.

Artigo 38.º

Legitimidade e prazo para a revisão

1­ A revisão nos termos do n.º 1 do artigo anterior pode ser pedida:

a) No caso das alíneas a) e b), pelas pessoas cujo consentimento faltou, no prazo de seis meses a 

contar da data em que tiveram conhecimento da adopção;

b) No caso das alíneas c) e d), pelas pessoas cujo consentimento foi viciado, dentro dos seis 

meses subsequentes à cessação do vício;

c) No caso da alínea e), pelo adoptado, até  seis meses a contar da data em que ele atingiu a 

maioridade ou foi emancipado.

2­  No  caso  das   alíneas   a)   e  b)  do  número  anterior,   o  pedido  de   revisão  não  pode   ser  deduzido 

decorridos três anos sobre a data do trânsito em julgado da sentença que tiver decretado a adopção.

CAPÍTULO IV

Processo judicial de adopção

Artigo 39.º

Petição inicial

1­ O processo de adopção inicia­se com a petição inicial em que devem alegar­se os factos capazes de 

demonstrar que a adopção apresenta reais vantagens para o adoptando, se funda em motivos legítimos, 

não envolve sacrifício injusto para os outros filhos do adoptante e que é   razoável  supor que entre 

adoptante e adoptado se estabelecerá um vínculo semelhante ao da filiação.

2­ Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 20.º os meios de prova, devem ser apresentados com a 

petição inicial, nomeadamente certidões de cópia integral do registo de nascimento do adoptando e do 

adoptante e certificado comprovativo das diligências relativas à intervenção dos serviços sociais.

3­   A   petição   inicial   é   subscrita   pelo   Ministério   Público,   por   defensor   público   ou   por   advogado, 

consoante as circunstâncias.

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Artigo 40.º

Inquérito

1­ O inquérito referido no  n.º 1 do artigo 15.º  deve acompanhar a petição inicial  ou,  a pedido do 

tribunal, ser remetido no prazo máximo de 30 dias após notificação efectuada aos serviços sociais.

2­ Se o prazo fixado no número anterior não for cumprido, o tribunal pode solicitar a realização do 

inquérito.

Artigo 41.º

Tramitação subsequente

1­ Junto o inquérito, o juiz, com a participação do Ministério Público, ouve o adoptante e as pessoas 

cujo consentimento ou audiência a lei exigir e ainda não o tenham prestado, ainda que o consentimento 

possa   ser  dispensado nos  termos do n.º  3  do artigo  28.º  e  de  modo a  salvaguardar  o   segredo  de 

identidade conforme o 32.º.

2­ Independentemente do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 28. º, o adoptando, tendo em atenção a 

sua idade e grau de maturidade, deve ser ouvido pelo juiz.

3­  A  audição  das  pessoas   referidas  nos  números   anteriores  é   feita   separadamente   e  por   forma  a 

salvaguardar o segredo de identidade.

4­   As   pessoas   referidas   no   número   um   devem   ser   devidamente   esclarecidas   pelo   juiz   sobre   o 

significado e efeitos do consentimento e da adopção.

Artigo 42.º

Outras diligências

Antes de proferir decisão o tribunal realiza oficiosamente as diligências que entender necessárias e as 

que lhe forem requeridas desde que as considere essenciais à decisão.

Artigo 43.º

Sentença

1­ Cumprido o que dispõem os artigos precedentes o tribunal, no prazo de quinze dias, decide quanto à 

decretação da adopção ou indeferimento do pedido.

2­  Na sentença  o  juiz considera  outras  decisões,  ainda que provisórias,  que afectem a situação do 

menor, tendo em conta o interesse superior da criança.

Artigo 44.º

Indeferimento do pedido

1­ Indeferido o pedido, ou rejeitado o recurso, o candidato não pode candidatar­se a adopção do menor 

sujeito da candidatura original por um período de pelo menos seis meses, a contar da data da decisão 

mais recente do tribunal.

2­ O menor sujeito da candidatura cujo pedido foi indeferido volta imediatamente a integrar o registo 

dos candidatos a adoptandos referido no n.º 3 do artigo 13.º.

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Artigo 45.º

Processo para a confiança judicial

1­  O requerimento para a confiança judicial deve ser subscrito pelo Ministério Público, por defensor 

público ou por advogado, consoante as circunstâncias.

2­ Apresentado o requerimento para a confiança judicial do menor, são citados para contestar, no prazo 

de 15 dias, os pais,  salvo se tiverem prestado consentimento prévio,  ou, sendo o caso, o tutor ou os 

parentes referidos na alínea d) do n.º 1 do artigo 28.º e o Ministério Público, sempre que este não for o 

requerente.

3­ A citação é feita nos termos do previsto no artigo 195.º e seguintes do Código de Processo Civil. 

4­  No caso do citando se encontrar em lugar  incerto,  o processo deve seguir concluso ao juiz que 

decide quanto a citação por edital, sem prejuízo das diligências prévias que o juiz julgar indispensáveis 

ou necessárias.

5­ A citação deve sempre salvaguardar o segredo de identidade previsto no artigo 32.º da presente lei.

6­ Com a contestação devem ser indicados todos os meios de prova e requeridas as diligências que se 

afigurem necessárias.

7­   O   processo   de   confiança   judicial   é   apensado   ao   processo   de   adopção,   caso   este   venha   a   ser 

instaurado.

Artigo 46.º

Instrução e decisão no processo de confiança judicial

1­ Findo o prazo para a apresentação da contestação o juiz realiza as diligências requeridas e outras que 

considere necessárias à decisão, nomeadamente a audição dos serviços sociais.

2­   No   caso   de   não   ser   apresentada   contestação   ao   pedido   de   confiança   judicial,   terminadas   as 

diligências referidas no número anterior, é proferida sentença no prazo de quinze dias.

3­  No caso  de  apresentação  de  contestação  ao  pedido  de  confiança   judicial  e   indicação  de  prova 

testemunhal, o juiz designa para a data mais próxima a audiência de instrução e julgamento.

4­ O tribunal comunica à conservatória do registo civil onde esteja lavrado o assento de nascimento do 

menor cuja confiança judicial tenha sido requerida para que preserve o segredo de identidade previsto 

no artigo  32.º.

Artigo 47.º

Registo da confiança judicial

À confiança judicial, é correspondentemente aplicável o disposto no artigo 20.º.

Artigo 48.º

Guarda provisória

1­ Requerida a confiança judicial, ouvido o Ministério Público e os  serviços sociais, o tribunal pode 

atribuir  a  guarda  provisória  do menor  ao candidato  à  adopção,  desde que  os  elementos  dos autos 

apresentem fortes indícios da procedência da acção.

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2­ Antes de proferir a decisão quanto à guarda provisória, o tribunal ordena todas as diligências que 

entender necessárias, em especial, a verificação de inexistência de processo de adopção pendente. 

3­ Ordenada a citação por edital, o juiz deve decidir pela guarda provisória, caso esta se justifique.

Artigo 49.º

Suprimento do exercício do poder paternal

1­ Na sentença que decidir a confiança do menor, o tribunal nomeia um curador provisório para exercer 

funções até ser decretada a adopção ou instituída a tutela.

2­   O   curador   provisório   é   a   pessoa   a   quem   o   menor   tenha   sido   confiado,   tendo­se   em   conta   a 

proximidade ou o contacto mais directo com o menor. 

3­ Se o menor for confiado a uma instituição, a curadoria provisória do menor pode, a requerimento 

dos serviços sociais, ser transferida para o candidato a adoptante logo que selecionado.

Artigo 50.º

Consentimento prévio

1­ Para efeitos do que dispõem os artigos 28.º e 29.º, pode ser requerido ao tribunal a prestação prévia 

do consentimento.

2­ A prestação do consentimento pode ser requerida pelas pessoas que o devam prestar, pelo Ministério 

Público ou pelos serviços sociais.

3­  Recebido o requerimento,  o juiz designa imediatamente dia para prestação de consentimento no 

mais curto prazo possível.

4­ Deve ser elaborada acta da qual conste a prestação do consentimento. 

5­ Requerida a adopção, o incidente de consentimento prévio é apensado ao respectivo processo.

Artigo 51.º

Incidentes

1­ No incidente de revisão e no recurso extraordinário de revisão, o menor é sempre representado pelo 

Ministério Público.

2­ Formulado o pedido relativo a algum incidente, são citados os requeridos e o Ministério Público, se 

for o caso, para contestarem no prazo de quinze dias.

3­ À tramitação do incidente aplica­se com as devidas adaptações o disposto no artigo 41.º.

Artigo 52.º

Carácter secreto

1­ O processo de adopção, os incidentes e os respectivos  procedimentos preliminares, mesmo os de 

natureza administrativa, têm carácter secreto.

2­  Por motivos ponderosos  e nas  condições  e  com os  limites  a   fixar  na decisão,  pode o  tribunal, 

autorizar a consulta do processo e a extracção de certidões.

3­ Excepto se tal for contrário ao interesse do menor ou por exigências do direito à privacidade dos pais 

biológicos, o tribunal pode dar a conhecer ao adoptado a verdade sobre a sua filiação biológica.

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Artigo 53.º

Urgência

O processo de adopção e os respectivos incidentes têm carácter de urgência e correm durante as férias 

judiciais.

Artigo 54.º

Efeitos da sentença

A sentença que decreta a adopção produz todos os efeitos legais a partir da data do pedido de confiança 

judicial.

Artigo 55.º

Recursos

1­ Os recursos interpostos de quaisquer decisões proferidas no âmbito do presente Capítulo têm efeito 

meramente devolutivo. 

2­ Os recursos de agravo interpostos no decorrer do processo sobem com o recurso que se interpuser da 

decisão final.

Artigo 56.º

Tribunal competente

1­ É competente para a adopção o tribunal da área da residência da criança.

2­ No caso de o menor ter sido confiado, judicial ou administrativamente ao candidato a adoptante, o 

tribunal competente é o da área de residência do candidato.

Artigo 57.º 

Subsidariedade

Nos   casos   não   regulados   especificamente   no   presente   Capítulo   relativo   ao   processo   de   adopção, 

aplicam­se, com as devidas adaptações, as disposições relativas ao processo comum de declaração.

CAPÍTULO V

Adopção internacional

Secção I 

Aplicação subsidiária

Artigo 58.º

Aplicação subsidiária das normas da adopção nacional

Aos procedimentos previstos no presente capítulo aplicam­se subsidiariamente as normas aplicáveis à 

adopção nacional.

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Secção II

Adopção internacional de menores residentes em Timor­Leste

Artigo 59.º

Colocação no estrangeiro

1­  A   colocação  no   estrangeiro   de  menores   residentes   em  Timor­Leste   para   serem   adoptados   por 

adoptantes   com   nacionalidade   estrangeira   ou   timorense   habitualmente   residentes   no   estrangeiro, 

depende de prévia decisão judicial de confiança do menor.

2­ À decisão judicial prevista no número anterior aplicam­se, com as necessárias adaptações, o disposto 

relativamente à confiança judicial e respectivo processo.

3­ Não é aplicável o disposto no número um se o menor for da nacionalidade do adoptante ou filho do 

cônjuge deste.

Artigo 60.º

Requisitos para a colocação

O   tribunal   só   autoriza   a   colocação  do   menor   no   estrangeiro   quando   estiverem   cumulativamente 

verificados os seguintes requisitos:

a) Se for prestado consentimento ou se verificarem as condições que justificam a sua dispensa, 

nos termos da lei civil timorense;

b) Se os serviços competentes segundo a lei do Estado da residência dos candidatos a adoptantes 

reconhecerem   estes   como   idóneos   e   a   adopção   em   causa   como   possível   face   à   lei   do 

respectivo país;

c) Se estiver previsto o período de tempo referido no artigo 3.º;

d) Se for de supor que, no caso concreto,  se encontra garantida a observância dos princípios 

consagrados no artigo 2.º;

e) Se   os   serviços   competentes   do   Estado   onde   o   menor   for   colocado   assegurarem   o 

repatriamento do mesmo no caso de a adopção não se concretizar;

f) Se a legislação sobre adopção em vigor no Estado de que os adoptantes são nacionais estiver 

em conformidade com as normas da Convenção de Haia relativa à Protecção das Crianças e à 

Cooperação em Matéria de Adopção Internacional.

Artigo 61.º

Manifestação e apreciação da vontade de adoptar

1­ A manifestação da vontade de adoptar é dirigida directamente à autoridade central timorense pela 

autoridade central ou outros serviços competentes do país de residência dos candidatos, ou ainda por 

intermédio de outra entidade autorizada.

2­ Recebida a pretensão de adoptar, a autoridade central procede à sua apreciação, no prazo de 30 dias, 

aceitando­a,   rejeitando­a   ou   convidando   a   completá­la   ou   aperfeiçoá­la,   e   comunica   a   decisão   à 

entidade que haja remetido a pretensão.

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3­ A pretensão é instruída com os documentos que forem necessários à demonstração de que os

candidatos reúnem os requisitos previstos no artigo anterior.

Artigo 62.º

Estudo da viabilidade

1­ Na situação referida no n.º 3 do artigo 5.º, a viabilidade concreta da adopção pretendida é analisada 

conjuntamente pela autoridade central timorense e pelos serviços sociais, levando em conta o perfil dos 

candidatos e as características do menor.

2­ Para os efeitos do disposto no número anterior, os serviços sociais elaboram estudo da situação do 

menor, que deve incidir sobre a saúde, o desenvolvimento e a situação familiar e jurídica do adoptando, 

realizando­se,   nomeadamente,   um   inquérito   sobre   a   personalidade   e   a   saúde   do   adoptando,   e   a 

apreciação da possibilidade de adopção, bem como os demais elementos que considerem necessários, 

designadamente os referidos no artigo 60.º.

3­ O relatório sobre a viabilidade concreta da adopção é comunicado pela autoridade central timorense 

à autoridade que apresentou a pretensão de adopção.

Artigo 63.º

Confiança judicial

1­   Caso   se   conclua   pela   viabilidade   da   adopção,   os   serviços   sociais   requerem   a   atribuição   ou 

transferência da confiança judicial do menor ao candidato a adoptante ou aos candidatos a adoptantes.

2­ Para efeitos do disposto no número anterior, as autoridades centrais dos dois Estados ou a autoridade 

central e a entidade competente que apresenta a pretensão desenvolvem as medidas necessárias com 

vista à obtenção de autorização de saída do Estado de origem e de entrada e permanência no Estado de 

acolhimento.

Artigo 64.º

Acompanhamento e reapreciação da situação

1­ Durante o período de pré­adopção, a autoridade central acompanha a evolução da situação, através 

de contactos regulares com a autoridade central do país de residência dos candidatos ou com a entidade 

competente para o efeito.

2­ Caso não esteja previsto no país de acolhimento um período de pré­adopção, o candidato a adoptante 

deve permanecer em Timor­Leste durante um período de tempo suficiente para avaliar da conveniência 

da constituição do vínculo.

3­ Sempre que dos acompanhamentos referidos nos números anteriores se conclua que a situação não 

corresponde ao interesse do menor, devem ser tomadas as medidas necessárias à protecção do menor, 

pondo­se em prática um projecto de vida alternativo que salvaguarde o referido interesse do menor.

4­ A autoridade central remete cópia das informações prestadas aos serviços sociais e ao tribunal que 

tiver decidido a confiança judicial do menor. 

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Artigo 65.º

Colaboração internacional

1­ O menor sujeito a adopção internacional goza das garantias e beneficia da aplicação das normas 

relativas à adopção nacional consagradas nas leis timorenses, com as adaptações necessárias.

2­ Os procedimentos adequados à preparação da decisão de adopção no estrangeiro,  são efectuados 

mediante colaboração entre as autoridades dos Estados envolvidos.

Artigo 66.º

Comunicação da decisão de adopção

Compete à autoridade central providenciar para que, decretada a adopção no estrangeiro, os serviços 

competentes daquele país lhe remetam cópia da decisão que deve ser enviada ao tribunal timorense 

competente.

Artigo 67.º

Revisão da decisão

1­ Caso a adopção tenha sido decretada  no estrangeiro,  o Ministério Público tem legitimidade para 

requerer a revisão da decisão de adopção, nos termos da lei timorense, devendo fazê­lo sempre que esta 

não tenha sido requerida pelos adoptantes,  no prazo de três meses a contar da data do trânsito em 

julgado.

2­  Para os  efeitos  do número anterior,  a  autoridade  central   remete ao Ministério  Público  junto do 

tribunal competente todos os elementos necessários à revisão.

3­ O tribunal remete à autoridade central cópia da revisão da decisão estrangeira de adopção.

4­ No processo de revisão de sentença estrangeira que haja decretado a adopção, deve ser preservado o 

segredo de identidade, nos termos do artigo 32.º.

Secção III 

Adopção por residentes em Timor­Leste de menores residentes no estrangeiro

Artigo 68.º

Candidatura

1­ Os cidadãos timorenses e os estrangeiros que residam de forma estável em Timor­Leste há mais de 

cinco  anos  podem apresentar   a   sua   candidatura   a   adoptar  menores   residentes  no   estrangeiro,   nos 

serviços sociais.

2­ À candidatura a adoptar e ao estudo da pretensão  aplica­se o disposto nos artigos 21.º e 22.º do 

presente diploma.

3­ Se for reconhecida a aptidão do candidato, a candidatura é transmitida à autoridade central timorense 

que, por sua vez, a transmite à autoridade central ou outros serviços competentes do país de residência 

do adoptando.

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Artigo 69.º

Estudo de viabilidade

1­ A autoridade central timorense analisa, juntamente com os serviços sociais, a viabilidade da adopção 

pretendida, tendo em conta o perfil do candidato e o relatório sobre a situação do menor elaborado pela 

autoridade central ou por outra entidade competente do país de residência do menor.

2­ Caso se conclua pela viabilidade da adopção, a autoridade central comunica à autoridade central ou 

à  entidade competente do país de residência do menor,  devendo  ser assegurados os procedimentos 

previstos no artigo 63.º.

Artigo 70.º

Acompanhamento do processo

1­   Os   serviços   sociais   comunicam  ao   Ministério   Público   o   início   do   período   de   pré­adopção   e 

acompanham a situação do menor durante esse período, nos termos referidos no artigo 23.º, mantendo 

informada a autoridade central sobre a respectiva evolução.

2­ A autoridade central presta à entidade competente do país de residência do menor as informações 

relativas ao acompanhamento da situação.

3­ Nas fases ulteriores do processo é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 

23.º, 24.º e 64.º do presente diploma.

Artigo 71.º

Revisão de decisão estrangeira

1­   Caso   a   adopção   tenha   sido   decretada   no   país   de   origem   do   menor,  a   autoridade   central   tem 

legitimidade para requerer a revisão da decisão estrangeira, devendo fazê­lo sempre que esta não tenha 

sido requerida pelos adoptantes, no prazo de três meses a contar da data do trânsito em julgado.

2­  Para os  efeitos  do número anterior,  a  autoridade  central   remete ao Ministério  Público  junto do 

tribunal competente todos os elementos necessários à revisão.

3­   O   tribunal   remete   à   autoridade   central   cópia   da   revisão   da   decisão   estrangeira   de   adopção.  

4­ No processo de revisão de sentença estrangeira que haja decretado a adopção, deve ser preservado o 

segredo de identidade, nos termos do artigo 32.º. 

Artigo 72.º

Comunicação da decisão

Os serviços sociais enviam cópia autenticada da decisão de adopção à autoridade central, que, por sua 

vez, a remete à autoridade central ou à entidade competente do país de residência do adoptando.

Secção IV

Autoridade central

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Artigo 73.º

Atribuições da autoridade central

À autoridade central compete, nomeadamente: 

a) Exercer as funções de autoridade central previstas em convenções Internacionais de que Timor­Leste 

seja parte; 

b) Preparar acordos e protocolos em matéria de adopção internacional; 

c) Acompanhar,  prestar a colaboração necessária,  avaliar e expedir os procedimentos respeitantes à 

adopção internacional;

d) Proceder à recolha, tratamento e divulgação dos dados estatísticos relativos à adopção internacional; 

e)   Elaborar   e   publicar   anualmente   relatório   de   actividades,   donde   constem,   designadamente, 

informações e conclusões sobre as atribuições referidas nas alíneas anteriores;

f) Responder, nos limites estabelecidos na lei, aos pedidos de informação justificados, relativamente a 

uma situação particular  de adopção,  formulados por outras  autoridades  centrais  ou por autoridades 

públicas.

Artigo 74.º

Entidades intervenientes

Para os efeitos do presente diploma entende­se por: 

a) Serviços sociais: a Direcção Nacional de Reinserção Social do Ministério da Solidariedade Social; 

b) Autoridade central: a Direcção­Geral de Direitos Humanos e Cidadania do Ministério da Justiça. 

CAPÍTULO VI

Disposições finais e transitórias

Artigo 75.º

Taxas

O sistema de gestão e de cobrança de taxas devidas relativamente aos procedimentos de adopção bem 

como os montantes aplicáveis são estabelecidos por diploma ministerial  conjunto dos Ministros da 

Justiça e da Solidariedade Social. 

Artigo 76.º

Norma transitória

As disposições do presente diploma relativas à adopção internacional aplicam­se a partir da ratificação 

pela  República  Democrática  de  Timor­Leste  da  Convenção   relativa  à  Protecção  das  Crianças   e  à 

Cooperação em matéria de Adopção Internacional.

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Artigo 77.º

Norma revogatória

São revogadas todas as disposições legais ou regulamentares contrárias ao disposto na presente lei.

Artigo 78.º

Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

 

Aprovado em Conselho de Ministros, em XX de XXXXX de 2008

O Primeiro­Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão

  

A Ministra da Justiça, Lúcia Lobato 

A Ministra da Solidariedade Social, Maria Domingas Alves