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Confira a segunda edição da eHealth Innovation! Tecnologias da informação e comunicação transformando a Saúde.

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NOVAS TECNOLOGAIS E MERCADOS GLOBAIS

A quinta pesquisa anual da UPS “Pain in the (Supply) Chain” apontou que os dois principais investimentos previstos para as empresas de saúde nos próximos três a cinco anos – citados por 83% dos decisores – estão entre explorar novos mercados globais e investir em novas tecnologias. Enquanto planejam investimentos e se preparam para atuarem em um ambiente cada vez mais complexo e dinâmico, os execu-tivos da área de saúde buscam nas soluções de eHealth um aliado para ampliar produtividade, diminuir custos, e, principalmente, competitivi-dade e excelência para atuarem globalmente.

Para compor este cenário entre as novas tec-nologias e mercados globais, a segunda edição da eHealth_Innovation traz reportagens que mostram como o Prontuário Eletrônico e o PACS podem impactar essa trajetória, e o efeito prá-tico no dia a dia de um eDoctor. Nesta corrida, amplia-se também o mercado para a indústria importadora e exportadora de eHealth Devices e Telecomunicações na Saúde.

Boa Leitura!

KELLY DE [email protected]

Carta ao leitor

www.ehealthinnovation.com.br

DIRETOR EXECUTIVOAdilson Luiz Furlan de Mendonç[email protected]

DIRETORA ADMINISTRATIVAVanessa Borjuca Favalle Almeida Santos

[email protected]

DIRETORA DE REDAÇÃOLeda Lúcia Borjuca

[email protected] 50488 DRT/SP

EDITORA EXECUTIVAKelly de Souza

[email protected] 33.523

CONSULTOR EDITORIALGuilherme S. Hummel

[email protected]

GERENTES DE CONTASRonaldo de Almeida Santos

[email protected]

Márcio Augusto [email protected]

ASSISTENTE COMERCIALNádia de Nadai

[email protected]

GERENTE DE RELACIONAMENTOAndréa Neves de Mendonça

[email protected]

EDITOR DE ARTERonei Lacerda

[email protected]

A revista eHEALTH_INNOVATION é uma publicação, voltada aos mercados provedores e consumidores de soluções tecnológicas para o setor de Saúde com circulação em todo o Brasil, para leitores previamente qualificados.

A eHEALTH_INNOVATION não se responsabiliza por conceitos emitidos atráves de entrevistas e artigos assinados e também pelas informações constantes nos anúncios, bem como sua regulamentação nos junto aos orgãos competentes, sendo estes de exclusiva responsabilidade das empresas anunciantes.

Rua Professor Castro Pereira, 141 – CEP: 02523-010 – São Paulo/SPTelefone: (11) 3966-2000

Ano I, nº 02 – setembro/outubro/2012Circulação: outubro/2012

Conheça as soluções completas em midias de negócios que a Publimed oferece, acesse

www.publimededitora.com.br

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sumário

26Tendências para TeleHealth

16PACS – Século XXI

46Redes Sociais em Saúde

6 O avanço das Telecomunicações

Índice de Anunciantes

10Prontuário Eletrônico: Consagrado conceitualmente, só falta ao PEP um hospedeiro

24Medical eLearning: o ensino ignorando a distância

50 Próxima Edição

3 Carta do Editor e Expediente

48 Saúde Digital

Beta Eletronic .................................................................................................................................................................................................................................................. 47Bradesco ..................................................................................................................................................................................................................................................2º CapaCBIS ........................................................................................................................................................................................................................................................... 3º CapaDigital Health .................................................................................................................................................................................................................................................. 33LG .............................................................................................................................................................................................................................................................................. 05 LJM ............................................................................................................................................................................................................................................................................ 49TOTvS ......................................................................................................................................................................................................................................................4º CapaWEM ........................................................................................................................................................................................................................................................................23

40Importações e Exportações em eHealth Devices

34 Brasil Exportador

30 O dia a dia de um eDoctor

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INOVAÇÃO

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O AVANÇO DAS TELECOMUNICAÇÕES

NA SAúDEA inovação na saúde depende cada vez mais do

uso de ferramentas de TI e das Telecomunicações. Seja para conectar melhor os pacientes com os

prestadores de serviços, seja para interconectar profissionais, seja para gerar conhecimento e

facilitar o acesso à informação, ou, até mesmo, para levar o hospital à casa do paciente através de infraestrutura e redes necessárias. No Brasil,

a Telefônica/Vivo avança consolidando sua unidade de eHealth. Em entrevista exclusiva à

eHealth_Innovation, Katia Galvane Luiz – Gestora de Desenvolvimento de Negócios de eHealth – conta como a saúde passou a ser uma operação

importante e promissora para a companhia no País.

Por Kelly de Souza

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INOVAÇÃO

O crescimento das políticas de ehealth é vertiginoso e as empresas de Telecomunicações vêm se prepa-rando para operar na área da saúde de forma cres-cente e permanente. Como a Telefônica | Vivo tem atuado neste cenário?As empresas de Telecomunicações têm aumentado sua atuação no segmento da Saúde, e isso é irreversí-vel, uma vez que se descobre o quanto aporta valor, não há retrocesso. No Brasil o tema é mais recente e as empresas estão começando a conhecer melhor as possibilidades e oportunidades. Para a Telefônica não se trata de uma novidade, a vertical de eHealth já está consolidada e possui mais de 80 projetos re-ferências em 10 países. No Brasil, através da marca Telefônica | Vivo, iniciou suas atividades em 2011. Estamos avançando bem, mas, com segurança e res-ponsabilidade, afinal, estamos falando de saúde.

Como está organizada a divisão no país? Procuramos conhecer profundamente as experiên-cias dos produtos e projetos nos outros países e, conhecendo o mercado de Saúde brasileiro, estu-damos as modificações necessárias para atender as peculiaridades de nosso sistema. Procurei agregar diferentes experiências à equipe, de forma que estas análises sejam sempre feitas de maneira multidisci-plinar e bem abrangentes.

O Brasil é a segunda maior operação da Telefônica no mundo. Em eHealth, qual o tamanho desse ne-gócio para a companhia?A companhia tem investido em áreas de serviços de tecnologia já há algum tempo, e a Saúde passou a ser uma operação importante e promissora. Não so-mos hoje, ainda, uma fonte de receita tão expressiva perto da estatura dos negócios da organização, mas ehealth tem ocupado lugar de destaque nas pautas das reuniões que tratam de estratégia e visão de futuro da organização. O tema é sinônimo de inovação.

Há investimentos previstos para o Brasil e quais são as expectativas de payback?Investimentos já têm sido feitos desde o início do ano, e esperamos ter uma receita significativa para 2013.

Podemos dizer que a necessidade está fundindo os interesses dos mercados de Saúde e Telecom? De que maneira? A Saúde quer ser mais conectada, menos presen-cial, com melhor aproveitamento de seus recursos e melhor circulação da informação, e isso é o que Tele-com sabe fazer muito bem.

Qual o impacto da substituição do mo-delo de saúde atual (presencial) para um modelo “conectado”? Uma melhor qualificação da demanda. De forma al-guma, o atendimento presencial e o contato direto de um profissional de saúde com seu paciente podem ou devem ser substituídos, mas um melhor aproveita-mento da mão de obra especializada, para os pacien-tes que de fato precisam de cuidados, é o que a saúde necessita, para diminuir as filas nos pronto-atendi-mentos. A tecnologia também exerce importante papel na diminuição dos tempos de espera nos call centers, em um melhor sistema de marcação de con-sultas e confirmações, para melhor aproveitamento dos horários dos profissionais, até mesmo oferecendo uma melhor lógica de triagem deste atendimento.

No Brasil, a Saúde tende a se estender para o mundo digital mesmo com todas as barreiras? Qual a princi-pal barreira hoje para a inserção das TICSs? Sim. Além do medo da mudança, que para mim já é a primeira grande barreira de entrada, há o desconhe-

cimento dos benefícios reais e retornos e, em alguns casos, os custos.

Serviços de telemedicina, telediagnós-tico, telemonitoramento, teleconsul-tas são cada vez mais frequentes nos Estados Unidos e Europa. A tecnologia unida às telecomunicações aproximam os serviços de saúde, profissionais e pa-cientes. Por que é tão difícil fechar essa tríade no Brasil? Primeiro porque estas novas tecnologias e o conceito ainda estão sendo absorvidos pelo mercado, mas percebo que este tema tem sido destaque das comunicações do setor, o que já é um ponto extremamente

“A saúde quer ser mais conectada, menos presencial, com melhor

aproveitamento de seus recursos e melhor circulação da informação, e isso é o que Telecom sabe fazer muito bem”

Katia Galvane Luiz, Telefônica/Vivo

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positivo. As resistências iniciais frente ao “novo”, que já falamos anteriormente, são normais, e há por parte de alguns profissionais o receio de substituição da mão de obra médica pelo atendimento “tele”. Ao contrário, num país de grandes dimensões e diferenças sociais como o nosso, os serviços citados vêm conferir acessi-bilidade e melhor distribuição dos recursos de saúde.

Recentemente, a Telefônica teve suas primeiras ex-periências com envio de sms’s para usuários, com in-formações de saúde. Você acredita que a população pagará por serviços e aplicações de ehealth? Com certeza a população é permeável a esta inicia-tiva, sim. São serviços de Teleorientação que têm o objetivo de utilizar a capilaridade da telefonia móvel e aderência da utilização de dispositivos a serviço da saúde, informando, orientando. Vários serviços po-dem derivar disso, envio de conteúdos educativos, in-formações sobre cuidados com a saúde, campanhas, avisos, estímulo à aderência a tratamentos, confirma-ções de consultas para diminuição de absenteísmo, entre outros. As expectativas são as melhores possí-veis, os lançamentos de produtos com estas caracte-rísticas já têm sido um sucesso.

Historicamente, a indústria de inovação tem papel decisivo na “educação” de novas tecnologias. Quem é mais difícil de “educar” em termos de TICs: a classe médica ou os usuários/pacientes? Ambos, cada um com um tipo distinto de resistência. Neste contexto, temos percebido claramente que o poder de mercado do consumidor cresce, eles pos-suem muito mais clareza do que querem e isso tem mudado as regras do jogo. Não raro pacientes comen-tam e indicam para os profissionais, novas técnicas e materiais utilizados em tratamentos. Isso é o “empo-deramento” dos pacientes, que têm íntima relação com o uso da tecnologia e acesso à informação.

A Telefônica conta com mais de 80 projetos de eHealth em 10 países. Você pode mencionar os re-sultados desses projetos promissores? São muitos, diminuição de tempo médio de atendi-mento e aumento da satisfação nos Call Center’s de estruturas de saúde; melhor solução de armazena-mento e circulação da informação e imagens, dimi-nuindo investimentos astronômicos em infraestrutura das instituições de saúde; diminuição de hospitaliza-ção e de visitas a pacientes crônicos e home care, as-sim como melhor gestão dos mesmos, através do uso de dispositivos e muitos outros.

Quais experiências poderão ser adotadas pela subsi-diária brasileira? Todas. Já estamos fazendo. Alguns dos produtos já estão operando no mercado e outros em fase de es-tudos para o próximo ano.

Estimativas indicam que em 2020 teremos dez dis-positivos por pessoa, somando 50 bilhões de dispo-sitivos conectados. Qual o papel da telefonia móvel e da computação em nuvem neste cenário? Não há possibilidade de imaginarmos todos estes acessos e toda esta informação armazenada local-mente e sem possibilidade de compartilhamento, o modelo “in cloud” viabiliza isso.

A indústria brasileira de medical devices está prepa-rada para atender esta demanda? Ou, a concorrên-cia - especialmente em relação ao mercado asiático - é “matadora”? Como inverter essa equação?Está se preparando... e a concorrência é o melhor es-tímulo para isso. Qualidade a um custo competitivo definirá esta equação.

A Telefônica prevê o estabelecimento de alianças com outros players do mercado no sentido de ala-vancar projetos em conjunto? De que maneira isto será feito? Há “perfil” para estes parceiros? Sim. Os critérios de seleção são rigorosos e o perfil do parceiro depende do produto em questão, mas para serviços muito específicos, temos a mentalidade de sempre nos unirmos a empresas que possuem exper-tise no tema. Isso dá mais segurança à negociação e diminui o “time to market”.

Quais são os planos, em eHealth, para 2013?Avançar, com segurança e responsabilidade. O me-lhor projeto é o mais desafiador e que agrega maior valor.

TELEFÔNICA NO BRASIL

P R$ 26 bilhões em receitas P 97mil empregos diretos P 86 milhões de clientes P R$ 24,3 bilhões em investimento

(previsão 2011 a 2014)

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TENDÊNCIA

“Quero morrer abraçado ao meu Prontuário eletrônico”consagrado conceitualmente, só falta ao PeP um hospedeiro

POR GUILHERME S. HUMMEL*

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TENDÊNCIA

A Presidente dobra-se emagradecimentos diante das palmas de uma plateia lotada de gestores,

médicos, políticos, secretários da Saúde, membros da comunidade suplementar e do CFM. Todos ovacionando a primeira mulher a dirigir a sétima economia do mundo num momento raro: o anúncio do programa

“Registro Para Todos”, um PAC para implementação doRegistro Eletrônico dos Pacientes.

Em seu discurso, a Presidente até mostrou alguma emoção quando apresentou as bases do projeto, uma iniciativa que estabelece uma

década de prazo para que todas as empresas prestadoras de serviços médicos do país implantem o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Os aplausos foram mais tímidos quando ela informou o caráter compulsório

da medida, que também inclui a comunidade médica. Mas não faltaram urras! quando a Presidente anunciou recursos da

ordem de R$ 120 milhões para financiamento das implantações. Claro que não é o PAC das Crianças, que provisionou R$ 2,9 bilhões em 2007, ou o

PAC das Cidades Históricas, com seus R$ 133,1 milhões em 2011. Também não chegou perto do PAC Cidade Melhor (R$ 57,1 bilhões), ou do PAC das Ferrovias e Rodovias, ou o PAC Água e Luz para Todos, ou ainda o PAC da

Energia, entre tantos outros que receberam recursos bem mais generosos. Mas, sem dúvida, foi um avanço bastante animador.

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Certamente que a cena descrita ao lado não ocorreu, e existem poucos sinais claros de que ela venha a ocorrer em um futuro próximo. Um dos motivos pela demora é o que chamo de infecção conceitual viral, ou seja, já estamos todos infectados pela base concei-tual do Registro Digital de Saúde, mas os protagonis-tas nacionais, que deveriam promover essa pequena revolução, ainda não estão devidamente fortes para reproduzir o fenômeno. Trata-se de uma infecção boa, positiva, cujo contágio trará mais resultados be-néficos do que maléficos. Mas ela não avança.A importância que o PEP tem para a sociedade con-temporânea é inequívoca. Em outras palavras, nin-guém mais discute a sua relevância no controle da saúde dos seres humanos. O PEP tornou-se um axio-ma, uma realidade, um norte, chegando a ser até uma platitude em alguns Sistemas de Saúde. Só não vê essa realidade quem não quer. O Prontuário Eletrôni-co, isto é, o histórico de dados clínicos do paciente em formato digital, infectou o mainstrean da comunida-de mundial que governa a Saúde pública e privada. O Século XXI está consagrando os modelos que impõem a redução de custeio e a melhoria do atendimento médico, sendo que tais modelos, querendo ou não os mais céticos, passam inevitavelmente pelo PEP. Mas, no Brasil essa infecção conceitual é viral. Como mostra a biologia, podemos ser infectados por um ví-rus ou por uma bactéria. O vírus não apresenta meta-bolismo próprio, não possui atividade e carece sem-pre de um hospedeiro, só se reproduzindo através de uma célula viva. Já as bactérias são micro-organismos assexuados, são micróbios que podem sobreviver no corpo sem a necessidade de células vivas, são quase autônomas. Reproduzem-se ao sabor do acaso, da necessidade e da envolvência. No que se refere ao PEP, enquanto nos principais paí-ses o organismo infectante foi a bactéria, no Brasil foi o vírus. Precisamos, portanto, de um hospedeiro, de “alguém” que dê guarida à ideia infectante, que lhe transmita força, que a alimente e provoque a sua re-produção. A ideia do Prontuário Eletrônico já infectou o imaginário de nossos gestores em Saúde, mas nosso hospedeiro, ou seja, a governança pública, o Estado, ainda é débil para reproduzir o vírus. A velocidade de sua expansão é tímida e as bases de reprodução do PEP no Brasil (regulação, compulsoriedade e implan-tação) não mostram sinais de evolução. No mundo infectado pela bactéria do EHR (Electro-nic Health Record), semelhante ao nosso Prontuário Eletrônico, a consagração é maior, a epidemia é mais rápida e os resultados já são evidentes. Seu organis-

mo patogênico precisa menos de uma estrutura pa-ternalista, e menos ainda da potência reprodutora do hospedeiro. A epidemia dos EHRs se alastrou rapidamente por to-dos os cantos, por quase todas as nações, pelos in-testinos dos mais refratários, e, finalmente, até pela comunidade médica. Os Jogos Olímpicos de Londres podem servir de mote para mostrar a infecção con-ceitual do EHR. Mal terminada a Olimpíada, o USOC (United States Olympic Committee), agência olímpica norte-americana, anunciou programa para adotar um EHR único para todos os atletas de elite dos EUA. O projeto objetiva apoiar os médicos a manter uma ges-tão fina nos cuidados clínicos dos atletas. Em recen-te artigo publicado pela revista TIME, uma atleta da equipe feminina de futebol revelou que provavelmen-te já passou por mais de 30 médicos ao longo de sua vida. “Eu não poderia nem dizer quantos diferentes re-gistros médicos tenho em todo o país ou fora dele. Ter um único EHR será um enorme benefício”, disse ela. Vale lembrar que nas Olimpíadas de 2008, os registros médicos dos atletas da comitiva dos Estados Unidos foram enviados de navio para a China, em vários con-tainers carregados de prontuários em papel.

ALÉM DAS NAÇÕES-LOCOMOTIVAS

Mas talvez devêssemos esquecer um pouco as na-ções-locomotivas e citar àquelas que sem muito alari-do estão implantando seus projetos nacionais de EHR. Singapura, por exemplo, iniciou seu National Electro-nic Health Record (NEHR) em 2009 e trabalha intensa-mente para disponibilizar um Registro Eletrônico Único para seus mais de cinco milhões de residentes. Embora seja um projeto público, a iniciativa vai incorporar na malha digital mais de 30 mil provedores privados de Saúde. Ou talvez fosse interessante lembrar o projeto de EHR de Zambia (“SmartCare Electronic Health Re-cords System”), que com o apoio dos EUA já habilitou mais de 550 Unidades de Atendimento para operar com SmartCard (EHR incluso). Em 2011, a Secretária de Es-tado Hillary Clinton esteve in loco elogiando o projeto, que teve início em 2005 e engloba as nove províncias e os 72 distritos do país. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 55% de seus países afiliados já têm estratégias nacionais de eHealth, com forte endereça-mento à bactéria EHR. Relatório publicado em julho pela KLAS Enterprise, em-presa especializada em pesquisas de mercado, mostrou o grau de aquecimento do mercado de EHR nos EUA. Na área de consultórios médicos, por exemplo, a substi-

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TENDÊNCIA

tuição de ferramentas de EHR (por modelos mais avançados ou por deficiência do atual fornecedor) saltou dos 30% em 2011 para 50% em 2012. O mercado provedor norte-americano de softwares de EHR, tradicio-nalmente ocupado por grandes players, recebe agora a concorrência direta de uma enorme quantidade de fornecedores de menor porte. Aumento de demanda geran-do aumento de oferta. A mesma pesquisa da KLAS mostrou que 60% dos compradores de softwares de EHR nos EUA estão con-siderando seriamente a possibilidade de adquirir sua nova ferramenta de pequenos fornecedores. É sempre bom lembrar que os desafios para implementação de um Prontuário Eletrô-nico nunca foram fáceis, ou breves, nem tampouco presumíveis, seja no Brasil ou em qualquer lugar do mundo. Continua-mos navegando dentro de um dos mais complexos tipos de projetos que a enge-nharia humana é capaz de produzir. Além dos desafios que qualquer projeto enseja (planejamento, prazos, custos, equipe, in-fraestrutura, etc.) a modelagem e implan-tação de um PEP é particularmente mais difícil por envolver um tópico subjacente aos desafios: a gestão de vidas humanas. Some-se a isso o fato de que a parte cen-tral do projeto envolve de maneira umbili-cal a comunidade médica, que detém um biotipo não menos complexo. Se ainda assim achar pouco, adicione-se mais dificuldades se os médicos envol-vidos forem também “proprietários” do negócio, ou seja, tiverem qualquer tipo de participação acionária no hospital, ou na clínica, ou na operadora (com é o caso de boa parte das cooperativas médicas de nossa saúde suplementar). Pesquisadores da Boston University Medical School publicaram em 2012 um estudo realizado com médi-cos que passaram pelo processo de implementação do EHR. A pesquisa, realizada em Massachusetts, mostrou que 35% dos médicos acharam o projeto muito difícil, 54% disseram que foi difícil e 12% não viram grandes complicações. Dos que acharam a implantação do projeto muito difícil, 38% eram mé-dicos-proprietários, contra 27% de profissionais não-proprietários. Assim, que não haja ilusão: a mão do

dono não será necessariamente a que mais vai auxi-liar na hora da transformação (guardadas as honrosas exceções de sempre). Sob a ótica administrativo-organizacional a grande maioria dos hospitais no Brasil é ineficiente, retróga-da e mal estruturada. São centros de decadência ge-rencial, sorvedouros de dinheiro público e privado e, mais do que tudo, entidades reativas às mudanças e inovações. Se vidas humanas eles salvam (e são mui-tas), vidas se perdem pela idiossincrasia medieval de suas estruturas de comando e gestão. Talvez, por isso mesmo, os PEPs sejam obstaculizados por boa parte

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da governança hospitalar. Ela sabe que sua implanta-ção abre os porões, escancara as janelas e desmonta pirâmides de poder inócuas e ultrapassadas. O Prontuário Eletrônico do Paciente reinventa a or-ganização, pragmatiza o conceito de atendimento e coloca o paciente no centro do jogo. Seja através de um vírus ou da bactéria, a epidemia veio para ficar. A infecção é irresistível, com ou sem hospedeiro. Mais

tarde do que gostaríamos, mas bem mais cedo do que os contrários imaginam, o PEP se alastra e ganha corpo e alma dentro na cadeia de assistência à Saú-de do país. Talvez não possamos dizer a nossos filhos que “o primeiro prontuário eletrônico a gente nunca esquece”, mas seguramente posso escrever aqui, e sem medo, que vou morrer abraçado ao meu pron-tuário eletrônico.

* GUILHERME S. HUMMEL é pesquisador, consultor e mentor em Tecnologias de Informação em Comunicação em Saúde. Autor dos livros: (1) eHealth – O Iluminismo Digital chega a Saúde; (2) ePatient – A Odisséia Digital do Paciente em Busca da Saúde, e (3) eDoctor – A Divina Comédia do Médico e a Tecnologia. Site: http://www.ehealth-summit.com - Twitter: @eHealthSummitW

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SÉCULO DA IMAGEM MÉDICA

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Quando ciência e conveniência se fundem

O compartilhamento de imagens em tempo real, sem fronteiras geográficas, tornou-se uma realidade crível e os avanços comprovam que

estamos apenas no início.

PACS SéCulo XXI

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SÉCULO DA IMAGEM MÉDICA

O magistral escritor Isaac Asimov, mestre na arte de descrever e divulgar a ficção científica, cunhou a fra-se: “Eu não temo os computadores. Temo a ausência deles”. Essa pérola cai com perfeição quando o tema é PACS (Picture Archiving and Communications Sys-tem). Poucas vezes a comunidade médica tornou-se tão dependente de uma tecnologia como ocorre com os Sistemas de Comunicação e Arquivamento de Ima-gens. Seus avanços nas últimas duas décadas beiram mesmo a ficção científica. Abreviaturas como DICOM (Digital Imaging and Com-munications in Medicine), PET (Positron Emission To-mography), RIS (Radiology Information System), MRI (Magnetic Resonance Imaging), etc., transitam pelos ambientes médicos com enorme naturalidade, tor-nando a imageologia um braço da função médica. Pesquisas mostram que perto de 70% das decisões clínicas são baseadas em imagens. Digitalizar imagens médicas passou a ser inclusive uma bandeira das or-ganizações ambientais, que pregam a eliminação dos filmes radiográficos (filmless) e, por conseguinte, identificam na solução PACS uma “solução verde”. Os avanços na cadeia que produz tecnologia de ima-gens médicas, principalmente com a expansão das imagens em 3D, são nítidos e cabais. Não importa se estamos falando dos provedores de equipamen-tos de diagnóstico, ou dos que produzem sistemas de comunicação e armazenamento, ou mesmo dos players que desenvolvem um mix de soluções (medi-cal devices). Para onde olharmos, bons números de crescimento encontraremos. A chamada “PACS Sup-ply Chain” avança com velocidade e consistência. O PACS do Século XXI emerge privilegiando uma carac-terística importante: o compartilhamento de imagens em tempo real, sem fronteiras geográficas. Essa pro-messa do final do século passado tornou-se uma rea-lidade crível, e os avanços comprovam que estamos apenas no começo desse novo tempo. Um exemplo é a iniciativa da RSNA (Radiological Society of North America). O projeto RSNA Image Share provê uma rede para que radiologistas possam compartilhar ima-gens médicas com pacientes através de PHRs (Personal Health Records). O projeto, lançado em 2009, investiu recursos de 4,7 milhões dólares e conta com a partici-pação de várias instituições acadêmicas de peso, como o Mount Sinai Medical Center, Mayo Clinic, University of California, University of Maryland Medical Center, entre outras. A ideia do projeto, segundo seus idealiza-dores, é melhorar a qualidade e a eficiência do cuidado médico engajando os pacientes e suas famílias no am-biente de tomada de decisões.

Para obter interoperabilidade e recursos avançados de compactação, a plataforma RSNA Image Share utiliza o perfil de integração XDS-I.b (IHE). O projeto envolve médicos, engenheiros de software, socieda-des médicas, fornecedores e vários outros players de modo a criar um ambiente universal de comunicação e compartilhamento de imagens. Embora a participa-ção dos pacientes seja voluntária, em 2011 iniciou-se a inscrição e registro dos primeiros usuários da rede, sendo que o elo de contato com o paciente é o PHR. Há pouquíssimos anos, falar em compartilhamento de imagens com pacientes através de seus smartphones seria certamente uma heresia, com direito a “voz de prisão”. Talvez no Brasil, em alguns ambientes acadê-micos e agências reguladoras, ainda o seja. Mas isso é só o começo. O que vem pela frente em PACS não tem paralelo na história da ciência médica dedicada ao diagnóstico.

SOFTWARES DE AUXÍLIO

Outro item não menos revolucionário, e que compõe a cesta de opções para diagnóstico por imagem, são

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as ferramentas de CAD - Computer-aided Diagnosis (diagnóstico auxiliado por computador). São sistemas que permitem ao radiologista realizar um diagnóstico utilizando sofisticadas análises quantitativas que me-lhoram a acuidade do diagnóstico, gerando mais con-sistência na interpretação da imagem. Não se trata de automatizar o diagnóstico através de um software. Longe disso, o CAD agrega assertividade ao trabalho do radiologista provendo informação adicional para que o processo reduza riscos e custeio. A chamada “resposta referenciada do computador”, introduzida pelas ferramentas CAD, minimiza os riscos subjetivos da análise radiológica, principalmente quando sabe-mos que a avaliação do especialista pode variar em função de vários fatores, como a qualidade da ima-gem, a sobreposição de estruturas, etc. O CAD auxilia não só na detecção de lesões (varreduras sequenciais identificam padrões fora de conformidade), como também na quantificação e classificação das imagens, separando automaticamente as anormais. Avaliação da Frost & Sullivan mostra que só nos EUA o mercado de CAD deve superar US$ 180 milhões em 2017, contra pouco mais de US$ 100 milhões em

2010. As novas ferramentas de CAD já podem ir além, provendo não só a detecção da anomalia, como tam-bém a identificação dos melhores procedimentos, a quantificação da doença, o histórico de avaliação, os tratamentos mais utilizados, e até o melhor fluxo de trabalho pós-diagnóstico. Não são menores os avanços na Telerradiologia. So-luções de DR - Digital Radiology (radiografia digital), ou CR – Computerized Radiology (radiografia compu-tadorizada), estão cada vez mais disponíveis em todos os cantos onde a medicina pode alcançar. CT Scanners podem hoje ser instalados em locais distantes, onde existem mínimas possibilidades de um radiologista estar à disposição para serviços emergenciais. As ima-gens digitais podem ser coletadas nos locais remotos e serem enviadas às Unidades Radiológicas Centrais (web transfer), que produzem um rápido diagnóstico enviando de volta o laudo. As centrais de RDD (Re-gional Diagnostic Radiology) podem interagir direta-mente com o médico instalado localmente, mostran-do as imagens, as conclusões e dirimindo eventuais dúvidas. Além disso, os serviços podem ser oferecidos 24x7x365 (na Rússia, por exemplo, existem nove dife-rentes fusos horários), com um tempo de laudagem cada vez menor, o que ajuda a equacionar um dos grandes problemas dos Sistemas de Saúde: o leadtime entre o diagnóstico efetivo e o início do tratamento.

MADE IN ÍNDIA

Nos EUA, Reino Unido e em vários outros países proli-feram os serviços de segundo e terceiro diagnósticos. Ambulatórios públicos e consultórios particulares já possuem contratos com grandes provedores de servi-ços de Telerradiologia, possibilitando que o paciente, sem sair do consultório médico, realize um procedi-mento radiológico em menos de 15 minutos. As facilidades dos equipamentos de última geração e as eficientes redes de transmissão de dados per-mitem, por exemplo, que uma empresa holandesa, RadiologieUitslag.nl, ofereça aos pacientes serviços de segunda opinião, sendo que os laudos são produzi-dos na Índia (o que, aliás, trouxe alguma controvérsia na imprensa holandesa). O serviço foi ao ar em de-zembro de 2011, e permite aos pacientes realizar up-loads de imagens no site da empresa, que em menos de 24 horas devolve o laudo. Na realidade, os arqui-vos são enviados a empresas na Índia, que produzem a análise telerradiológica e devolvem o relatório mé-dico, muitas vezes em língua holandesa. Nas palavras de Maarten Klessens, CEO da empresa: “A margem

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SÉCULO DA IMAGEM MÉDICA

de lucro não foi o fator principal. Escolhemos a Índia pela garantia de alta qualidade de sua Telerradiologia (certificada por empresas nos EUA), e pela certeza de uma entrega de 24/7”. Para evitar eventuais distor-ções clínicas (que sempre ocorrem), os especialistas na Índia são treinados nos EUA e Europa, o que é for-malmente exigido nos contratos entre as empresas estrangeiras e as operadoras indianas. Na Alemanha, a rede TraumaNetwork DGU (TKmed), dispõe acesso de telerradiologia à uma extensa rede de provedores de assistência em casos de traumas graves. O país possui capacidade plena para atender indivíduos com esse tipo de lesão, mas os hospitais não estão distribuídos geograficamente de modo a garantir um rápido atendimento a todos os cidadãos. A TKmed objetiva proporcionar cobertura telerradio-lógica para todas essas unidades, com uma arquitetu-ra de segurança de dados extremamente sofisticada. Desde 2011 a rede de telerradiologia vem operando em fase piloto, alcançando dois estados alemães, com 15 hospitais (outros 50 já estão na fila de espera). O projeto utiliza software da empresa alemã CHILI, com um sistema de dados encriptografados (end-to-end encryption), chaves disponíveis somente na Unidade Central e com autenticação multifásica. A motivação para o crescente uso de exames de ima-gens é a sua poderosa capacidade de diagnosticar lesões internas ou identificar causas ocultas de do-enças. A massificação da imageologia tem também motivos sombrios, como a judicialização da Saúde. Nos EUA, a precisão do exame reduz as possibilidades de erros médicos, o que, da mesma forma, reduz as

possibilidades de um processo na justiça pela falha do diagnóstico médico.

RISCOS E OPORTUNIDADES

Um dos problemas paralelos a esse uso crescente é a exposição à radiação. Estudo publicado pela re-vista The Lancet mostra que crianças saudáveis que passaram por vários exames de TC (quedas, aciden-tes, diagnóstico de infecções, etc.) tiveram três vezes mais chances de desenvolver tumores cerebrais. Nes-se sentido, um dos grandes desafios para a indústria de PACS é desenvolver equipamentos cada vez mais precisos com menor exposição radioativa. Estima-se que de 1996 e 2010, o uso da tomografia computa-dorizada (TC) quase triplicou. Embora muitos especia-listas digam que a exposição tem sido reduzida com as novas tecnologias e com as últimas gerações de equipamentos, prevalece a ideia de que esse é um desafio constante. Na área de densitometria óssea, por exemplo, os resultados são claros. Densitômetros digitais avançados têm demonstrado grande precisão, rapidez e um porcentual de risco à exposição radioa-tiva bem menor, tanto para pacientes como para os operadores. O que está cada vez mais cristalino, para júbilo dos provedores de PACS (equipamentos, softwares, de-vices, etc.), é a crescente adoção das tecnologias de diagnóstico por imagem. Novas pesquisas estão sem-pre documentando a força do diagnóstico por imagem na trajetória da medicina. Em 2011, por exemplo, a NSLT (National Lung Screening Trial) publicou pesqui-sa mostrando que indivíduos com cancêr de pulmão examinados por um TC tiveram uma taxa de morta-lidade 20% menor do que aqueles que não passa-ram por esse processo (utilizando exames de Raios-X normais). O motor que produz o avanço dos sistemas de diagnóstico por imagem é a pesquisa médica. Ela constantemente impulssiona os procedimentos clíni-cos fazendo uso da cadeia provedora de Sistemas de Comunicação e Arquivamento de Imagens.

AVANÇOS INEXORÁVEIS

No mercado de PACS - Século XXI as inovações não param de acontecer. Aplicações mHealth, por exem-plo, voltadas a disponibilizar imagens e laudos em equipamentos 3G (e seus sucessores) são lançadas no mercado com tal velocidade que fica difícil criar massa crítica, separando o joio, o trigo e o pão. Da mesma

Avaliação da Frost & Sullivan

mostra que só nos EUA o mercado de

CAD deve superar US$

180 milhões em 2017, contra

pouco mais de US$ 100 milhões em 2010

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forma, crescem as opções de sistemas de suporte ao diag-nóstico por imagem. Estações e centrais de CARS - Computer Assisted Radiology and Sur-gery, por exemplo, permitem hoje o acompanhamento de pro-cedimentos cirúrgicos de alta com-plexidade, que podem ser comparti-lhados remotamente por estudantes, residentes e demais profissionais médicos. Redes de Medical eLearning, centradas em arquiteturas PACS, estão sendo criadas replican-do ensinamentos, novas técnicas e novos procedi-mentos, muitas vezes impulsionando a ferro e fogo as competências formais do ensino acadêmico. Isso sem mencionar as plataformas de computação em nuvem, que prometem acelerar qualquer serviço de atenção médica remota. Um exemplo do avanço acelerado em PACS pode ser visto na China. O país conta com uma rede de quase um milhão unidades de atendimento à saúde, entre hospitais, centros de saúde comunitários, postos de atendimento em aldeias, unidades rurais, escritórios de inspeção de higiene, etc. Historicamente, o uso do PACS está concentrado nas instituições chinesas de ensino superior (entre 80% a 90% delas possuem alguma aplicação PACS). Pouco mais de 10% dos hos-pitais possuem plataformas digitais (a grande maioria imprime filmes radiológicos).

O mercado chinês provedor de soluções em PACS está focado principalmente em hardware, sendo que a maioria de seus produtos ainda não é baseada em ambiente web. Funcionalidades como a visualização de imagens através de smartphone, ou armazena-mento em nuvem, ainda são conceitos novos para o mercado chinês. Até mesmo a velocidade da internet está longe de ser adequada, tendo em média 200 Kbps (90º posição no mundo). Nesse contexto, o governo chinês vem aumentando as iniciativas e os investimentos. Com isso, está imple-mentando (2011 e 2012) perto de sete mil novas uni-dades de Radiografia Digital (DG - Digital Radiology), e tem investido pesadamente na melhoria da infraes-trutura de banda larga nas principais regiões do país.

As receitas e as projeções do mercado interno revelam esse crescimento. Em 2011, o setor de PACS na China representou algo em torno de US$ 164 mi-lhões, sendo que para 2015 a previsão é ultrapassar os US$ 410 milhões. Só em software o mercado chinês de PACS deve empinar dos atuais US$ 44,3 milhões para US$ 112,3 milhões em 2015. Números irrisórios, se comparados ao mercado dos EUA ou da Europa, mas, como tudo na China, tendem a crescer em “velocidade ultrassônica”. Na Europa a expansão não é diferente, embora a crise eco-nômica tenha reduzido a veloci-dade de qualquer iniciativa pú-blica ou privada. Na França, por

Aplicações mHealth voltadas a

disponibilizar imagens e laudos

em equipamentos 3G (e seus

sucessores) são lançadas no

mercado de maneira veloz

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SÉCULO DA IMAGEM MÉDICA

exemplo, o projeto público Région Sans Film ganha fôlego com as plataformas de cloud computing. A ini-ciativa, criada em 2008, objetiva estimular a adoção de PACS na região de Paris. Quatro hospitais já estão utilizando sistemas de RIS e PACS “estacionados” em nuvem. Nos próximos dois anos mais 25 hospitais se juntarão ao programa. O projeto em 2010 foi turbina-do pelo consórcio liderado pela France Telecom (in-

cluindo Orange e GE Healthcare), e, em 2011, entrou em operação a sua nova plataforma RIS. Até maio de 2012, só em algumas regiões de Paris, mais de um milhão de exames (42 terabytes) já tinham sido rea-lizados e armazenados na plataforma, com 850 mil exames importados do sistema anterior. A plataforma em nuvem deve expandir rapidamente as iniciativas e a inclusão de novas unidades hospitalares.

No Brasil, as redes de telecuidado remoto ainda são poucas, com iniciativas isoladas, tendo algu-mas delas excelentes resultados. Sem falar, claro, no Programa Nacional Telessaúde Brasil, que objetiva promover teleassistência, teleconsultoria e tele-educação para a rede SUS. O programa já conta com Núcleos Técnico-Científicos implemen-tados em 11 Estados, que oferecem serviços a cerca de 1500 Unidades Básicas de Saúde (pouco mais de mil municípios), sendo que até 2011 fo-ram ofertadas mais de 40 mil teleconsultorias e 400 mil exames de apoio diagnóstico (focados na atenção primária). No Brasil ainda “confundimos” teleconsultoria com teleconsulta. Isto é, o Estado está aberto a apoiar médicos e demais profissionais de Saúde em regiões distantes do país, o que é ótimo. Mas insiste em não perceber que é possivel muito mais, e que o apoio das soluções de PACS deve chegar diretamente na relação entre médicos e pacientes, como já vem ocorrendo em muitos países. Teleconsultas (consulta entre médicos e pacientes realizada remotamente) suportadas por estações de Telerradiologia é um caminho fértil para a redução de custos e melhoria da atenção básica no país.O programa Telessaúde Brasil é, sem dúvida, um enorme avanço para a teleconsultoria médica, mas está longe de ter o alcance e a profundidade que a população necessita e que o Sistema de Saúde pre-cisa oferecer. A iniciativa já conta com uma rede de profissionais de altíssima competência, espalhados por todo o país, e poderia contar também com as modernas plataformas PACS, ou com os sistemas de multiuso remoto em telerradiologia.

Temos também outros problemas, sendo o mais crítico a baixa conectividade. O Ministério das Telecomunicações prevê a implantação de 30 mil pontos de banda larga para a Atenção Básica até 2016, o que não deixa de ser uma notícia auspicio-sa, mas ainda muito aquém do necessário. Outro entrave é o próprio Conselho Federal de Medicina (CFM), que através da Resolução 1.974/2011 criou um cipoal de entraves à aplicação da medicina a distância. Países como o Brasil ainda estão cultu-ralmente amarrados à falta de uma regulação mais clara, de planos mais concretos e ambiciosos, e de comprometimento político. Todas essas deman-das inibem os investimentos privados e oxigenam a judicialização. A ambiguidade latente do sistema jurídico nacional gera uma partilha difusa e confu-sa de responsabilidades, levando instabilidade aos mercados e inconclusividade ao poder público. Mesmo com tudo isso, as perspectivas de avanço dos sistemas PACS no país são altas, visto a entra-da de novos players, as novas aplicações nacionais e as novas políticas para adoção.

PROGRAMA NACIONALl

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EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA

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O ensino ignorando a distânciaEducação médica continuada expõe

ferramentas digitais cada vez mais potentes

Medical elearning

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EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA

No estudo publicado em maio de 2008 pelo jornal Occupational Medicine, intitulado “Effectiveness of elearning in continuing medical education for occu-pational physicians”, vários pesquisadores relataram que, ao contrário do que se pensa, médicos idosos ou com muitos anos de experiência, nem sempre pos-suem mais conhecimento factual em relação à dis-ciplina médica em que atua. A surpresa da pesquisa foi mais além: a educação médica continuada (CME - Continuing Medical Education) feita através de eLear-ning (via web) pode ter iguais ou melhores resultados do que quando realizada na forma convencional (sala de aula). O trabalho, embora não traga novidades para aqueles que militam com Medical eLearning, causou impacto na comunidade médica, quase sem-pre refratária às Tecnologias de Informação e Comu-nicação em Saúde (eHealth).O estudo randomizado foi realizado em dezembro de 2006, durante um evento de profissionais dedicados à medicina do trabalho. Foram realizados quatro en-contros com médicos ocupacionais, com média de idade elevada (sem muita experiência em computa-ção), no qual foram separados aleatoriamente em grupos diferentes. Os médicos não sabiam que duas abordagens diferentes seriam comparadas. Dois gru-pos receberam palestras educativas (aulas presen-ciais), enquanto os outros dois receberam uma ativi-dade de eLearning, sendo que ambos os conteúdos

O Brasil vem descobrindo o ensino a distancia (EAD) com espantosa velocidade, sendo a modalidade

que mais cresce no ensino superior brasileiro, de acordo com o Ministério

da Educação (MEC)

eram iguais. A duração das aulas foi de 30 minutos. Imediatamente, antes e após as seções, os médicos completaram um Teste de Conhecimentos. O resulta-do dos testes não mostrou diferenças sensíveis, iden-tificando que eLearning é tão eficaz para aumentar os conhecimentos quanto uma palestra presencial. A comunidade médica apresenta características, como a sua grande habilidade cognitiva, favoráveis à utilização do modelo de eLearning (EAD - Ensino a Distância). Um dos pioneiros no ensino médico a distância no Brasil, o Prof.Dr. Renato Sabbatini, presi-dente do Instituto Edumed, sempre deixou claro que “uma aula a distância é muito mais do que uma aula como a que estamos acostumados no ensino presen-cial”. Com larga experiência em Medical eLearning, o prof. Sabbatini acompanhou desde cedo, e com gran-de dedicação, a introdução desse modelo no país. O Brasil vem descobrindo o ensino a distancia (EAD) com espantosa velocidade, sendo a modalidade que mais cresce no ensino superior brasileiro, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Proliferam os projetos, programas, cursos, webconference, siste-mas, plataformas e até políticas públicas de incen-tivo ao eLearnig. Segundo estudo da HSBC Global Research, publicado em agosto/2012, a projeção para 2022 é de 1,2 milhão de pessoas matriculadas em cursos privados de ensino a distância, representando 16% do total de matrículas no mercado, um cresci-mento médio anual de 3,8%. Ainda segundo o rela-tório, o número de MBAs e cursos complementares realizados através de eLearning cresce mais no Brasil do que nos Estados Unidos. Em um país onde 51,2% da população tem acesso a celular, telefone fixo, computador e internet em casa (média global: 49,1%), não seria estranho que o EAD tivesse tanto sucesso, principalmente quando se sabe que o Brasil tem enormes carências educacionais e de formação. Dados do MEC mostram que em 2000 o número de estudantes brasileiros no ensino superior a distancia era de pouco mais de cinco mil alunos. Em 2012, o mesmo número já beira 800 mil, sendo que a projeção para 2015 é atingir 1,7 milhão de estudan-tes. O EAD explodiu ao redor do mundo no eco da explo-são das Tecnologias de Informação e Comunicação. Embora o ensino através de correspondência venha do século XIX, foi no século XX que os serviços de Correios passaram a impulsionar a atividade educa-cional a distancia (quem não se lembra do Instituto Universal Brasileiro?). Com a expansão da Internet, os Correios entraram em desuso e os emails ocuparam

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74%

o geoespaço de comunicação entre os indivíduos. A história posterior todos já conhecem: a interativida-de transformou a sociedade e os meios de ensino.

FORMAÇÃO DE MÃO DE OBRA MÉDICA

A comunidade médica não demorou muito a pegar carona nessa revolução. Profissionais da Saúde em geral não têm tempo, nem ocasião e nem mesmo condições políticas para “aban-donarem” seus locais de trabalho em busca de uma reciclagem profissional. Há pelo menos duas décadas países como EUA, França, Rei-no Unido, Canadá, dentre outros, utilizam eLearning para reaproximar médicos dos ban-cos universitários. Países como a Austrália já estão bem à frente. O National VET E-learning Strategym, programa australiano de ensino a distância (referên-cia para outros países), tem como objetivo fortalecer o uso das novas tecnologias para formação de mão de obra. Para isso, conta com o apoio da rede nacional de banda larga (NBN - National Broadband Network), que faz chegar às mais remotas regiões do país as pla-taformas de EAD. Seja através das universidades, ou dos órgãos que dão lastro aos Sistemas Públicos de Saúde, ou através de milhares de empresas que desenvolvem suas pró-prias malhas de educação a distância (indústria far-macêutica, instituições hospitalares, fundos privados, ONGs, etc.), ou mesmo das empresas que se focaram unicamente em desenvolver treinamento a distancia, a sociedade está repleta de oportunidades para mé-dicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, ra-diologistas e demais profissionais da Cadeia de Saúde reciclarem seus conhecimentos. Medical eLearning passou a ser a mais importante ferramenta transver-sal para partilhar, compartilhar, promover e difundir a educação médica. O EAD passou a ser também um sólido mecanismo de inclusão social. O cenário socioeconômico das nações emergentes, ou mesmo de algumas regiões da Áfri-ca, apresenta realidades de riqueza e otimismo junto com cenários de pobreza e degradação. Na área sani-tária, por exemplo, essas nações conhecem o melhor e o pior dos mundos, revezando medicina de ponta com paupérrimas condições de atenção básica. Esse desequilíbrio poderá ser alterado através dos tentá-culos das Tecnologias de Informação e Comunicação, sendo eLearning um de seus mais pródigos eixos. Regiões como a África-subsaariana, por exemplo, de-

vem crescer no binômio 2012 e 2013 perto de 5% ao ano, segundo o Banco Mundial. No entanto, nessa mesma região, o crescimento coexiste com ende-mias, guerras, pirataria, corrupção e baixa disponibi-lidade de profissionais de Saúde. No “pujante” habi-tat africano, onde os investimentos de países como China, Rússia, EUA e até Brasil são crescentes, perto de 10 milhões de crianças abandonam todos os anos a escola primária, e metade das crianças com 15 anos não estuda, segundo dados da Unesco. Todavia existem sinais de que essas realidades po-dem mudar. Pesquisa apresentada em maio de 2012 na 7ª International Conference on ICT for Develop-ment, Education and Traning, promovida pela Unes-co, mostrou que eLearning pode ajudar a reduzir significativamente as carências na área educacional. O trabalho apresentado no evento (“The eLearning Africa 2012”), realizado em 41 diferentes países do continente africano, mostrou, entre outras coisas, que 74% dos usuários de algum tipo de Tecnologia de Informação e Comunicação a utilizam para aprender ou para ensinar. A conclusão do relatório é uma sín-tese quase poética que demonstra como eLearning pode hoje alavancar nações em muito menos tempo do que outras conseguiram no início do século XX.

Estudo realizado em 41 diferentes países do continente africano mostrou que 74%

dos usuários de algum tipo de TICS a utilizam para aprender ou para ensinar

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EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA

PROJETOS NACIONAIS

As oportunidades para o aprendizado médico a dis-tancia não são diferentes no Brasil. Um exemplo pode ser o SEMCAD (Sistema de Educação Médica Conti-nuada a Distância), um método de educação assisti-da com conteúdo específico para diferentes áreas das ciências biomédicas. Atuando desde 2003, o SEMCAD mantém convênio com inúmeras entidades do setor, como a AMB (Associação Médica Brasileira), SBP (So-ciedade Brasileira de Pediatria), SBCM (Sociedade Brasileira de Clínica Médica), CBC (Colégio Brasileiro de Cirurgiões), SBOT (Sociedade Brasileira de Ortope-dia e Traumatologia), SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem) e outras entidades que co-laboram com seus programas de EAD. O PRORAD (Programa de Atualização em Radiologia), por exemplo, mantém à disposição dos participan-tes um Centro de Informações para dirimir dúvidas, com acesso a: Clipping Medicina, Estante Médica e SEMCAD Virtu@l (base de dados on-line). O PRORAD disponibiliza acesso privilegiado a um ambiente vir-tual de aprendizagem (Medical eLearning), provendo também certificação do Colégio Brasileiro de Radio-logia. Igualmente a este projeto, existem centenas de ou-tros vinculados a instituições, universidades e até ao setor público. Em 2008 foi criada a Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS), des-tinada às necessidades de formação e educação per-manente. Atualmente, ela oferece vários cursos em EAD, como o treinamento “Ações para controle da tu-berculose na Atenção Básica”. Esses cursos estão dis-poníveis em quase todas as universidades públicas, podendo ser consultados em municípios com acesso à banda larga. O futuro do Medical eLearning parece ilimitado. As

novas tecnologias emergentes, os novos pa-drões de EAD, a nova geração de estudantes (muito mais pronta aos desafios digitais), são fatores que permitirão uma grande ex-pansão na educação médica continuada. Um exemplo do que vem pela frente pode ser percebido nos estudos que vêm sendo realizados pelo TAFE New England Institu-te, na Austrália. O projeto Cloud 9 objetiva o desenvolvimento de uma “sala de aula na nuvem” (classroom in the cloud). Nos últi-mos meses, pesquisadores do New England

Institute estudam um conjunto de ferramentas capaz de revolucionar a aprendizagem, mudando a pers-pectiva de como vemos a educação e a absorção de conhecimentos. O Cloud 9 abrange nove diferentes tecnologias de eCollaboration, ou seja, alunos e professores poderão fazer logon de qualquer lugar e acessar uma sala de aula virtual repleta de possibilidades de aprendiza-gem, sem estarem dentro de uma rede particular ou de uma plataforma específica de EAD. A sala de aula digital possui o mesmo visual de uma sala fisicamente convencional, sendo que a comunicação pode ser sín-crona ou assíncrona, permitindo aos estudantes es-colherem a melhor hora de entrar. Os alunos acessam uma imensa variedade de aulas, podendo também: testar a todo instante seus conhecimentos e habili-dades (personalizando o caminho, ou seja, pulando ou voltando para fases posteriores ou anteriores do aprendizado), receber feedback instantâneo, parti-cipar de learning games e se comunicar (em tempo real) como outros alunos, sendo tudo absolutamen-te interativo. Os olhos do professor estão constante-mente “grudados” em tudo o que aluno faz. Entre outras tecnologias o Cloud 9 provê: Coach’s Eye (aplicativo em vídeo que analisa atividade física do aluno); Foliospaces (para portfólios eletrônicos); Voi-ce Thread (permite a comunicação e colaboração em nuvem); Skydrive (serviço de hospedagem de arqui-vos em nuvem); Moodle (mundos virtuais baseados em JokaydiaGrid); e Wikispaces (plataforma para a sala de aula em nuvem). Ferramentas de animação e simulação também estão planejadas para a próxima fase do projeto.O projeto Cloud 9 se assemelha a inúmeros outros que têm como base não apenas disponibilizar con-teúdo didático on-line, mas, principalmente, desen-volver uma comunidade de aprendizagem no qual os participantes podem se conectar sem limitação de local ou tempo. Mais do que isso, as modernas pla-

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taformas de Medical eLearning permitem que o mé-dico envolva o seu cotidiano dentro do aprendizado, escolhendo determinadas matérias que lhe são mais importantes em determinado momento de seu dia a dia. Podem também escolher entre um ambiente de videocomunicação, ou através de texto, ou somente voz, podendo qualquer passo ser acessado através da telefonia móvel.

NOVAS POSSIBILIDADES

Mas, o que pode ser mais sugestivo quando o assunto é Medical eLearning do que a possibilidade de disse-car um cadáver virtual? A rede Biomedical Education Skills and Training (BEST) projeta uma dissecação vir-tual que ajude no treinamento de estudantes e médi-cos localizados em áreas remotas. O espaço de ensino virtual conta com uma sala de dissecação, um labora-tório, um banco de imagens médicas e até um pacien-te digital. Este, por sua vez, tem sintomas, pode estar vivo ou morto, pode ser curado e “funciona” através da plataforma Smart Sparrow (desenvolvida em open source). O projeto BEST, da University of New South Wales, também na Austrália, utiliza até um microscó-pio virtual capaz de identificar complexas característi-cas do paciente. A iniciativa da Facul-dade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com o Projeto Homem Vir-tual segue na mesma direção. Uma coletâ-nea de imagens tri-dimensionais do cor-po humano, geradas através de recursos da computação gráfica, permite a compre-ensão da anatomia e fisiologia, bem como demonstrar patolo-gias, ações dos medi-camentos e técnicas de procedimentos ci-rúrgicos. O incansável professor Chao Lung Wen, chefe da Disci-plina de Telemedicina da USP e idealizador

do projeto, é um entusiasta das possibilidades que as TICSs podem trazer para a educação médica, sendo um exemplo, o curso “Formação para Cuidadores de Pessoas com Deficiência”, realizado em março/2012. O teletreinamento a distancia teve duração aproxi-mada de três meses, reunindo mais de 100 alunos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Ao contrário do que se imaginava, na nova arquitetu-ra de aprendizado a distancia o papel do professor é revitalizado. No novo universo de Medical eLearning professores serão consultores e mentores dos alu-nos, como acontecia no século XIX e início do século XX. Sua missão será menos de absorver e repassar conhecimentos e mais de proteger o aluno, acompa-nhá-lo e permitir que ele escolha as melhores formas de aprendizado. Ao professor caberá suprimir dúvi-das, rastrear problemas, compartilhar canais de infor-mação, promover o pensamento bioético e estimular a pesquisa através de multiplataformas de conheci-mento. Tendo a seu dispor gigantescas bibliotecas de dados, experimentos, teses, e estando up to date com o conhecimento médico, ele poderá despertar ideias, inovações e criatividade em seus alunos. Po-derá, enfim, participar da vida digital acadêmica sem fronteiras geográficas e sem limitações de língua. Guilherme S. Hummel, consultor em eHealth, conclui:

“...não existirão mais linhas divisórias claras entre uma vertical e outra. Medical eLear-ning vai se fundir aos serviços de Segundo e Terceiro diagnóstico, que vão se agrupar com as aplicações de mHealth, que estarão integradas às plata-formas de PACS, que serão acessadas em Electronic Health Re-cords, que terão apoio em tempo real de sis-temas que suportem a decisão clínica... e por aí vai. O que dife-renciará um médico do outro não será só o que ele sabe a mais, mas a sua atitude com relação ao que precisa saber”.

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NA PRÁTICA

Minha vida Médica eM bits & bytesO dia a dia de um edoctor

POR DR. MARIVAN SANTIAGO ABRAHÃO*

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Lá se vão 30 anos desde que me formei. Minha vida digital começou já no primeiro ano de residência quando fiz um curso de Basic. Desde então a informática entrou em meu mundo definitivamente.Vejo a informática como uma ferramenta fundamental para organizar e acessar a informação, visando uma rápida tomada de decisão e a construção de uma base sólida de conhecimento médico.Inicialmente, minha preocupação era usar os recursos tecnológicos para organizar a informação em papel. Mais tarde, percebi que se a informação não estava previamente organizada no papel, pouco benefício se alcançava. Infelizmente, essa percepção não impediu um enorme tempo perdido nessa fase de organização da informação, em que “bancos de dados” imensos, desorganizados e não relacionáveis tinham de ser administrados. O advento da Tecnologia Orientada por Objetos aproximou a informação da forma como o médico pensa. Mais adiante, a Tecnologia de Modelagem do Conhecimento Médico permitiu um avanço considerável na relação “médico-informação”, encurtando o caminho para acesso aos dados de qualidade através dos dispositivos móveis. Essa geração de devices permitiu que a informação fosse “www – web wherever wireless”.A sobrevivência e a prosperidade no mundo digital dependem da: (1) rapidez com que se percebe uma transformação, (2) rapidez em que se toma uma decisão sobre o que foi percebido, (3) rapidez da execução sobre o que foi decidido, e por fim, (4) rapidez em que se afere a qualidade do que foi executado.Guiando-me por estes princípios, a minha vida digital médica baseia-se na forma como tenho acesso à informação e nos benefícios dela advindos, decorrentes da sua mobilidade e portabilidade. Nesse sentido, uso intensamente todos os recursos

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NA PRÁTICA

tecnológicos disponíveis para o médico, privilegiando a internet e os dispositivos móveis.A internet permite uma atualização constante do conhecimento médico através do acesso a trabalhos científicos (www.bireme.br, www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed), ensaios clínicos (http://clinicaltrials.gov), guidelines clínicos (www.guidelines.gov, www.amb.org.br), educação médica a distância (www.edumed.org.br, http://hl7.virtual.org.br) e evidências médicas (http://clinicalevidence.bmj.com/x/index.html).Na assistência médica ao paciente, o Prontuário Eletrônico é fundamental. Acompanhar o paciente ao longo de sua vida com os sistemas de Registro Eletrônico de Saúde (RES), que apontam as informações mórbidas e os fatores de riscos, é o eixo por onde gravitam as decisões clínicas. O prontuário eletrônico propicia recursos de prevenção, profilaxia e screening. Na minha prática clínica diária, utilizo um prontuário eletrônico através da web (Clinic Web©), que me permite atualizar as informações médicas dos pacientes em qualquer lugar, incluindo exames laboratoriais dos principais laboratórios (www.fleury.com.br, www.dasa.com.br) e hospitais de São Paulo (www.einstein.

br). Conto ainda com o auxílio diário de importantes bancos de dados, que me permitem acesso, por exemplo, a informações sobre medicamentos (www.anvisa.gov.br/BularioEletronico), a livros eletrônicos (www.merckmanuals.com), recursos visuais (www.visiblebody.com), suporte ao diagnóstico (www.cks.nhs.uk/home), etc. Em decorrência da positiva ação do Conselho Federal de Medicina (www.cfm.org.br), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (www.sbis.org.br), nossas informações médicas podem ser certificadas, dando-lhes proteção e garantindo ao médico a segurança necessária para uma manutenção permanente e perene desses dados. Com isso, posso cotidianamente me corresponder por correio eletrônico certificado (www.certisign.com.br), emitir atestados médicos e pedidos de exames em formato eletrônico certificado, e garantido pelo governo (www.icp-brasil.gov.br) .Com o advento dos dispositivos móveis, o acesso à informação médica tornou-se instantâneo, em tempo real, e, principalmente, disponível à beira do leito. As aplicações móveis permitem de forma inequívoca que a tomada de decisão seja ágil, aportando benefícios inquestionáveis à assistência médica de urgência e à resolução dos problemas.Os aplicativos médicos apoiados em dispositivos de smartphones, tanto para a plataforma iOS (Apple), Android (Google) e Windows Mobile (Microsoft) atendem todas as necessidades decorrentes de cálculos e fórmulas de testes diagnósticos e de análise de dados médicos (www.epocrates.com), drogas (www.lexi.com), medicamentos genéricos (www.anvisa.gov.br), tabelas de procedimentos e de doenças (www.amb.org.br) e troca de informação com os pacientes através do recurso de SMS.Os aplicativos médicos, apoiado em dispositivos de “tablet” incluem benefícios voltados para o ensino e à educação, permitindo uma atualização em tempo real dos novos conhecimentos médicos e revisão de informação pertinente à assistência médica prestada.Por certo, a utilização dos recursos tecnológicos na minha prática clínica diária promove um ganho considerável na qualidade da assistência que presto aos meus pacientes e no meu crescimento profissional, além de permitir dedicação maior à minha família e tempo maior para o lazer.

*Prof. Dr. Marivan Santiago Abrahão é Clínico Geral com mestrado em Nefrologia, sendo membro do Corpo Clínico dos hospitais Albert Einstein, Sírio Libanês e Oswaldo Cruz. Consultor e especialista em Ciência da Computação, com mestrado em Modelagem de Sistemas de Informação. Diretor Executivo do Instituto HL7 Brasil e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS). Professor de Pós-Graduação em Informática na Saúde do NIEn – UNIFESP e da Fundação Armando Álvares Penteado.

“Uso intensamente todos os recursos

tecnológicos disponíveis

para o médico, privilegiando

a internet e os dispositivos móveis”

Dr. Marivan Santiago Abrahão

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INDÚSTRIA

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Brasil exportador

obstáculos: pesquisa, inovação e agilidade

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INDÚSTRIA

De junho de 2011 a junho 2012 a produção industrial brasileira em geral recuou 5,5% (10º resultado nega-tivo seguido nessa base de comparação), sendo que a indústria de equipamentos de instrumentação mé-dico-hospitalares teve uma redução ao redor de 10%, segundo o IBGE. Apesar dos esforços do governo, que semana sim, semana não, adota medidas para alavan-car o setor industrial, até o início de setembro/2012 os resultados não eram animadores. Dados do IEDI (Instituto de Estudos para o Desen-volvimento Industrial) mostraram que de 27 setores industriais analisados somente quatro deram sinais de recuperação no primeiro semestre. Em 2012, as importações no setor de EMHO devem somar US$ 3,3 bilhões, enquanto as exportações beiram US$ 850 milhões (crescendo para US$ 1 bilhão em 2013). Um déficit fabuloso que preocupa o setor e alerta para a necessidade de novas ações que revi-talizem as exportações e permitam uma melhor ocu-

pação do mercado nacional, reduzindo com isso as importações. É notório o vigor de nossa indústria de eHealth De-vices. Segundo dados da Abimo (Associação Brasilei-ra da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios), de 1999 a 2009 o número de empresas industriais nesse setor cresceu 37%, e as vendas nominais aumenta-ram mais de 300% no mesmo período (descontada a inflação, algo perto de 115% de crescimento real). Só de empregos diretos o setor responde por mais de 100 mil postos de trabalho. Mas, se há motivos para comemorar, também há para se preocupar. O setor ainda é predominantemente ocupado por empresas de pequeno e médio porte, tendo em geral arquitetura gerencial ultrapassada e pouco prepara-da para competir e absorver inovações. Da mesma forma, o setor nacional de EMHO possui baixa den-sidade tecnológica, sendo que a grande maioria das

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empresas é formada por capital puramente nacional, o que pode ser bom por um lado, mas nefasto por outro, principalmente quando o tema é acesso às tec-nologias de ponta. Basta ver a relação de gastos en-tre as chamadas atividades inovativas com as vendas do setor. Embora essa relação esteja bem acima do padrão nacional, está bem abaixo do padrão exigido para competir mundialmente com escala.Um dos mais completos estudos sobre o futuro da cadeia produtiva nacional em Saúde foi publicado em 2012 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio de vários pesquisadores e coordenação do Prof. Paulo Gadelha. Trata-se do livro “A saúde no Brasil em 2030: diretrizes para a prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro”, um compêndio ro-busto e precioso que analisa os horizontes futuros do sistema de prestação de cuidados à Saúde no Brasil. Quando a obra analisa o impacto das tecnologias no Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) os autores mostram o risco de não termos uma habilida-de produtiva industrial capaz de atender às demandas tecnológicas, sejam elas orientadas à inovação ou aos novos processos produtivos. “A fragilidade da base produtiva e tecnológica – que pode ser notada no crescente déficit da balança comercial do CEIS – leva à vulnerabilidade da política de saúde, por dificultar a garantia da oferta universal de bens e serviços de saúde”, alertam os autores. É evidente que um dos principais desafios de nossa cadeia produtiva em eHealth Devices é se requalificar para os desafios do Século XXI. Embora já tenhamos uma boa reserva de competência nessa área, o se-tor carece de consolidação e ampliação, de modo a fazer frente às inovações e às demandas internas e externas. As carências não são poucas. Como dispara a obra “Saúde no Brasil 2030”, da Fiocruz: “O Brasil ainda não se fortaleceu diante da sociedade de conheci-mento mundial, permanecendo, neste aspecto, pouco desenvolvido em uma perspectiva internacional”. E vai mais longe, mostrando o mapa das dificuldades: “O contexto interno de baixa geração de conhecimento com pouca densidade de pesquisa e desenvolvimento é, em grande parte, influenciado pelo arcabouço nor-mativo, que por sua reduzida adequação configura entraves ao aumento dos investimentos no desenvol-vimento de novos produtos”. Dentre os vários vetores que podem regenerar as es-peranças na indústria nacional de eHealth Devices, um deles parece ser cada vez mais decisivo: as PPPs (Parcerias Público-Privadas). Essa engenharia indus-

trial-comercial-financeira pode conjuminar, em médio prazo, os interesses da indústria nacional com as de-mandas do mercado, possibilitando o incremento das exportações. Embora as PPPs não se desenvolvam na velocidade exigida, muito, aliás, pelo lento papel re-gulador dos órgãos públicos, não se pode negar a sua força para reduzir o déficit industrial do país. Uma das ações que poderia ser turbinada por esse e outros modelos de participação público-privada é o Projeto de Arranjo Produtivo Local (APL) da Indús-tria de EMHO de Ribeirão Preto-SP. Trata-se de uma cadeia de produção clusterizada, que conta com apoio de várias organizações de fomento (Sebrae, Abimo, Abdi, etc.) e que é impulsionada pela FIPASE (Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde de Ri-beirão Preto). O projeto fomenta o desenvolvimento de um núcleo de empresas de EMHO, galvanizadas pelas demandas de mercado e centradas na pesquisa e no desenvolvimento científico. As obras do Parque Tecnológico do projeto (campus da USP, em Ribeirão Preto) já se iniciaram, sendo o objetivo desenvolver ali um cluster tecnológico de grande vitalidade para o complexo industrial da região. O mercado internacional sempre fareja boas oportu-

Dentre os vários vetores que podem regenerar as esperanças na indústria

nacional de eHealth Devices, um deles parece ser cada vez mais decisivo: as

PPPs (Parcerias Público-Privadas)

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INDÚSTRIA

nidades, e o faz com a determinação de um preda-dor em busca de uma boa presa. Empresas de classe mundial se instalam no Brasil todos os anos, seja com novas plantas, ou com a ampliação de seu parque in-dustrial, ou mesmo com acordos cooperativos com a indústria local. Gigantes, como a GE Healthcare, não precisam de muito “instinto animal” para perceber as oportunidades, e sua nova planta para produção de equipamentos de radiologia e mamografia em Conta-gem, Minas Gerais, inaugurada em 2010, mostra isso. A norte-americana Varian Medical Systems, pioneira no polo tecnológico do Vale do Silício, também prepa-ra sua fábrica no Brasil, e a não menos gigante Toshi-ba Medical (braço de equipamentos hospitalares do grupo japonês) deve inaugurar no início de 2013 sua instalação industrial para produção de aparelhos de diagnóstico por imagem, em Campinas (SP). A Siemens Healthcare, por outro lado, optou pela expansão de sua linha de montagem para equipa-mentos de diagnóstico por imagem, e a Philips foi mais ousada ainda: em 2007 adquiriu a VMI (equipa-mentos para radiologia, mamografia e ultrassonogra-fia), em 2008 incorporou a Dixtal (maior fabricante nacional de monitores de leitos) e em 2010 engoliu a Tecso (foco em Radiology Information System) e a Wheb Sistemas (centrada em Hospital Information Systems). Neste sentido, é de vital importância que essas em-presas classe mundial estejam presentes no mercado nacional em cooperação com a indústria local. Para isso, é necessário regras claras, estímulo fiscal, regu-lação que fomente as exportações de produtos made in brazil e, principalmente, a nuclearização dos inte-resses em torno da indústria nacional no que tange ao acesso às tecnologias e ao conhecimento cientí-fico. Trata-se de um trabalho que deve ser feito por

todos os interessados, e não só pelo Estado-tutor. Dinamizar a produção nacional não significa prote-ger mercado ou desproteger divisas. Negociação é a palavra-chave. Outro fator que deve prover maior competitividade à produção nacional é a chegada de grandes prove-dores de tecnologia componentizada para o setor de EMHO. São empresas de projetos, ou de sistemas eletroeletrônicos inteligentes embarcados nos equi-pamentos de eHealth Devices. Essas empresas, em geral, não aparecem nos relatórios de “marcas expor-tadoras de bens acabados”, mas quase sempre estão por detrás dos principais players desse setor. A Trysys, por exemplo, chega ao Brasil estimulada pelo cresci-mento e pela demanda da indústria local (veja entre-vista no box). Trata-se de uma organização baseada em Israel, com unidades espalhadas por vários países, e com larga experiência em projetos de medical devi-ces. Sua atuação é voltada a desenvolver junto com parceiros locais a engenharia funcional dos produtos, sendo que sua cesta de ofertas pode chegar a prover, quando necessário, a mainboard dos equipamentos (placa-mãe) e os insumos eletroeletrônicos responsá-veis pela inteligência operacional do equipamento. A engenharia de eHealth Devices israelense é uma das mais importantes no mundo, lastreada em sua enor-me competência no desenvolvimento do que há de mais avançado em equipamentos médico-militares. Muitas áreas industriais estão em franca expansão ao redor do mundo, e cedo ou tarde vão desembarcar no Brasil como, por exemplo, o setor de equipamentos para telemonitoramento remoto. Segundo relatório divulgado recentemente pela empresa de pesquisa sueca Berg Insight, até o final de 2011 mais de 2,2 mi-lhões de pessoas ao redor do mundo já estavam utili-zando dispositivos para monitoramento remoto. Ou-tro segmento industrial em expansão é o de sensores, biossensores e insumos oriundos da nanotecnologia. Sem falar, claro, da enorme oferta de dispositivos mé-dicos que operam em conjunto com as plataformas de mHealth (mobile health) e que estão inundando os mercados internacionais. Essas novas verticais indus-triais podem trazer ao Brasil mais opções de desenvol-vimento, e, consequentemente, maiores oportunida-des de exportação. Desafios não faltam, e oportunidades tampouco. Tal-vez o que falte seja “colocar as coisas em prática”, só isso: colocar em prática. Não faltam projetos, investi-mentos, programas, clusters e boas ideias. No fundo, talvez o que o Brasil mais precise é vencer a inércia e sair operacionalizando as coisas.

Dinamizar a produção nacional não significa proteger mercado ou desproteger divisas.

Negociação é a palavra-chave

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Formada por várias empresas ao redor do mundo, a Trysys é uma corporação com foco no desenvolvimento de projetos para o setor industrial de medical devices. Desde 1999 a organização acumula gran-de experiência na construção de soluções para o mercado de manufatura de dispo-sitivos e equipamentos médicos, onde provê componentes eletrônicos, main-board, softwares e até projeto de design industrial. A empresa israelense possui unidades na China, Índia, Europa e EUA, onde participa de várias arquiteturas de produção industrial voltadas ao setor de Saúde. Roy Cohen, VP Business Develop-ment, concedeu com exclusividade entre-vista à eHealth Innovation.

Por que a empresa decidiu construir uma operação no Brasil? A América Latina faz parte dos planos?Mr. Cohen: Já há algum tempo estamos assistindo e analisando a indústria bra-sileira de medical high-tech. Ela vem crescendo rapidamente nos últimos anos, e obser-vamos que podemos ajudar as empresas no Brasil com nosso amplo expertise no desenvolvimento de produtos para essa área. Nosso trabalho é de-senvolver projetos com a indústria local, aportando nossos recursos acumulados em P&D, de modo a prover acordos de transferência tecnológica que propiciem à manufatura do país ganhos de com-petitividade e inovação. Nossa meta é desenvolver alianças de cooperação tecnológica, que é, aliás, o que já fazemos há muitos anos ao redor do mundo, colocando nossa experiência e capacidade tecnoló-gica a serviço da indústria local de Health Devices. Estamos entrando na América Latina com uma es-tratégia ampla, sendo que escolhemos o Brasil para a primeira abordagem. Elegemos São Paulo para montar nossa base operacional. Após essa primeira inserção, o objetivo é avançar nos demais países da América Latina.

Trysys chega ao Brasil para cooperação Tecnológica

Quais os produtos e serviços a empresa oferecerá no Brasil?Mr. Cohen: Vamos começar desenvolvendo proje-tos e acordos de cooperação na área de dispositivos e equipamentos médicos e também de comunica-ção. Vamos oferecer uma cesta completa de produ-tos componentizados, serviços de desenvolvimen-to tecnológico e soluções completas de engenharia eletroeletrônica para o setor médico-hospitalar.

Qual é o investimento previsto para esse start up? Quais são as expectativas pay-back?Mr. Cohen: Nosso projeto prevê investimentos acentuados ao longo dos próximos dois anos. O montante total está em fase de elaboração, mas deve girar em torno de 3 a 5 milhões de dólares. Nossa perspectiva de pay back gira em torno de cinco anos.

“Nossa meta é desenvolver alianças de cooperação tecnológica, que é, aliás, o que já fazemos há muitos anos ao redor do mundo, colocando nossa experiência e capacidade tecnológica a serviço da indústria local de Health Devices”

Roy Cohen, VP Business Development da Trysys

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TRADING

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Importações e exportações em eHealtH DevIces

Desafios da indústria de equipamentos e dispositivos médicos para ganhar e manter mercados

Dentro da cesta de Tecnologias de Informação e Comu-nicação orientadas ao setor de Saúde (eHealth) cabe hardware, software e peopleware. Até onde nossa imagi-nação possa horizontar vamos encontrar produtos e ser-viços para o setor de Saúde com a chancela eHealth. Mais do que um neologismo, a palavra tornou-se um metava-lor que identifica as tecnologias que gravitam em torno do paciente e que suportam o seu bem-estar.

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TRADING

Nesse sentido, várias indústrias se desenvolveram ao longo das últimas cinco décadas, sendo que uma das principais é o setor manufatureiro voltado a bens de consumo duráveis para o setor de Saúde, conhecido no Brasil por EMHO (equipamentos médico-hospitalares), mas que pos-sui significado bem mais amplo ao redor do mundo, com vários subse-tores que se cruzam com o mesmo objetivo. Trata-se de uma mega in-dústria com receita global superior a US$ 300 bilhões, devendo alcançar volumes perto de US$ 0,5 trilhão em 2016. Até 2010, dentre as 14 princi-pais nações emergentes, o Brasil ocu-pava o segundo lugar nessa indústria, só abaixo da China. A manufatura de equipamentos e dis-positivos médicos é um setor sempre vinculado à inovação e à alta tecno-logia, itens escassos no Brasil. Quem tem acompanhado os grandes trades shows de equipamentos e disposi-tivos hospitalares na América Lati-na, notadamente no Brasil, percebe claramente o crescimento da oferta estrangeira. Há duas décadas eram pequenas empresas, com tecnologia clonada, sem processos industriais certificados, com baixa identidade e com equipes de vendas pra lá de rudimentares. Mas o cenário foi mu-dando. Se o Brasil luta para exportar seus produtos em EMHO, não é menor o esforço feito pelos grandes players internacionais para colocar sua maquinaria médica no país. Na realidade, se existe uma divisão no setor de eHealth cada vez mais em desuso é a separação entre Importadores e Exportadores. Embora ela funcione operacionalmente, em termos de estratégias e polí-ticas de produção a diferença entre quem exporta e quem importa é cada vez mais tênue. Nações e mer-cados ora operam como provedores de soluções, ora como consumidores. Essa dinâmica ocorre principal-mente porque a Tecnologia é um “meio circulante”, um éter que se expande através de vasos comunican-tes, e que tem como única motivação atrativa o po-der da demanda, da “santa demanda”. Assim, países que eram consumidores até anos atrás tornaram-se

exportadores e passaram a “roubar” nacos da balan-ça comercial de nações que ficaram estagnadas, ensi-mesmadas, sem estratégias e sem poder para obter espaço nos mercados mundiais e locais. Um caso a citar é os EUA, para quem exportamos mais de 24% de nossa produção em EMHO, mas importamos perto de 32%. Todavia, o melhor exemplo é sempre o da China. Na última década sua economia cresceu em média 10% ao ano, porém seus investimentos em Ciência e Tec-nologia cresceram 20% no mesmo período. Em 2008, o país já era o segundo em número de artigos publica-dos em revistas científicas (atrás apenas dos EUA). Em 2010, em número de patentes, já ocupava o quarto lugar (superando França, Reino Unido, Holanda, etc.). Certamente que a dimensão populacional e geográ-fica do país ajuda nos indicadores. Mas, ainda assim,

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é evidente o esforço que o país faz para sair da zona de desconfiança com relação aos seus produtos in-dustriais, notadamente no setor de Saúde. Na área de instrumentos médicos, por exemplo, o país já conta com um parque de 15 mil fabricantes e mais de 300 mil empresas comerciais vendendo seus produtos. Em algum momento, e ele já está acontecendo, esse fe-nômeno quantitativo torna-se também qualitativo. Essa pujança, então, “escapa” do consumo local e avança para os mercados demandantes. O poder eco-nômico chinês pode ser avaliado pelos investimentos diretos que o país realiza no exterior: US$ 74,65 bi-lhões em 2011, com aumento de 8,5% em relação a 2010. Um montante sem paralelo na história da na-ção, e que o coloca na 6º posição do ranking mundial de investimentos externos. Essa montanha de recur-sos vem ocupando franjas industriais e comerciais

cada vez maiores em várias nações, principalmente em países em desen-volvimento, que já recebem 80% dos investimentos externos chineses (US$ 61,23 bilhões). Segundo dados divulgados pela Admi-nistração Geral de Alfândegas da Chi-na, a importação e exportação entre China e países de língua portuguesa (Brasil, Portugal, Angola, etc.), só nos primeiros sete meses de 2012, supe-rou os US$ 75 bilhões, significando um aumento de 20% em comparação a 2011. No que tange às importações brasi-leiras de produtos chineses (2011), os setores de (1) máquinas, equipamen-tos, aparelhos e materiais elétricos, e (2) reatores e insumos nucleares, so-maram juntos mais de 50% das com-pras brasileiras, mostrando que conti-nuamos exportando matéria-prima e importando cada vez mais produtos acabados (com médio e alto valor agregado). Certamente que em nosso perfil importador sobra espaço para os produtos manufaturados chineses orientados ao setor de Saúde. A China só não exporta mais para o Brasil por-que, entre outros motivos, a ANVISA (Agencia de Vigilância Sanitária) im-põe um arsenal de normas que refilam os interesses orientais.

Reinventando a indústria local

Essa avalanche perturba o sono da indústria nacional de eHealth Devices? Óbvio que sim. Nosso problema continua sendo a competição com os grandes players internacionais, que possuem pla-taformas de P&D garantindo constantes inovações e processos produtivos cada vez mais avançados (como, por exemplo, o intenso uso da robótica). Competir só com mão de obra barata não é mais a melhor solução. Embora ela ainda pese na cadeia de produção, fica cada vez mais claro que a engenharia de processos in-dustriais requer hoje grandes saltos tecnológicos que possam garantir a eficiência de “fazer o mesmo com menos mão de obra”. Esse, aliás, é um dos principais problemas de nossa indústria. O setor nacional de EMHO é sólido e for-

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TRADING

te. Exportamos para mais de uma centena de países, aumentamos em mais de 50% nossas exportações (2011), crescemos ainda que sufocados por uma po-lítica fiscal confusa (hospitais públicos e filantrópicos têm isenção no imposto de importação para compra de produtos estrangeiros), mas tudo isso ainda pare-ce ser insuficiente para reverter o déficit da balança comercial nessa área. Somos competitivos no “vare-jo”, mas não no “atacado”. Embora as indústrias do setor invistam em média 3,3% de seu faturamento em P&D (fonte: Abimo), ainda é pouco e comparado aos países mais avançados, que direcionam quase 10% para P&D. Se nossa indústria de health devices faz bo-nito, é visível a sua necessidade de se reinventar no mercado exportador.Para mitigar essa deficiência, muitos fatores influen-ciam: políticas públicas, formação profissional, crédito barato e acessível, maior integração dentro da cadeia produtiva, etc. Todavia, talvez um dos mais sensíveis problemas da competitividade nacional nesse setor é a baixa aceitação em desenvolver alianças inter-nacionais. O empresário nacional (e o gestor público mais ainda) releva a um segundo plano a construção de alianças corporativas com empresas sediadas em outras nações. Se temos ótimas exceções, elas não representam nem perto a média. Nossa indústria, principalmente de médio e peque-no porte, ainda é minimalista quanto à iniciativa de desenvolver acordos de troca de tecnologia, seja através da criação de joint ventures, ou através da simples compra de know-how, ou mesmo através da utilização de alianças corporativas factuais (projetos especiais). Falamos em parcerias, mas temos enor-me dificuldade em colocá-las em funcionamento, principalmente se o parceiro não se comunicar em língua lusófona. O próprio Estado é confuso em relação a isso. Incen-tiva a inovação através de programas e projetos, mas mantém barreiras burocráticas e fiscais para acordos de absorção tecnológica. Ainda acreditamos que a inovação tem de ser nossa, e tem de ser inédita. No século XXI as coisas não funcionam mais assim. De-vemos, claro, desenvolver massa crítica científica e tecnológica para criar produtos inovadores e inédi-tos, como fazem as nações mais desenvolvidas. Mas só conseguiremos ter sucesso nessa prática se nossa indústria (e nosso “ecossistema acadêmico”) ampliar seus horizontes e produzir inovação mesmo que ela não seja necessariamente “nova” nos mercados im-portadores, ou mesmo em nosso próprio mercado nacional.

Mercados exportadores emergentes, como, por exemplo, o asiático, primeiro produziram devices mais baratos, depois passaram a produzi-los melhor, e hoje podem dar-se ao luxo de desenvolver inova-ções no melhor estilo Steve Jobs. Mas, talvez, seu mé-rito central foi perceber que era necessário primeiro criar sólidas alianças com os países que há mais de uma centena de anos estão na crista da engenharia de inovação. Nesse aspecto o modelo século XXI não é tão diferente daquele utilizado no final do século passado: (1) atrair capital intelectual, (2) seduzir pes-quisadores e empresas de ponta para seus polos de produção e, principalmente, (3) formatar acordos de cooperação que permitam à indústria local absorver tecnologia. Esse roteiro é quase um mantra para os países com ambição de competir paritariamente com os players internacionais. Se países dos BRISCs podem aportar soluções no Bra-sil, concorrendo diretamente com nossa indústria, da mesma forma, alguns desses países podem ter (e têm) excelentes oportunidades para serem explora-das por nossa manufatura EMHO. Um exemplo é a Índia. O país combina boas oportuni-dades e grandes desafios na área de equipamentos e dispositivos médicos. Trata-se do quarto maior mer-cado da Ásia, chegando a valores superiores a US$ 3 bilhões (2011), e com previsão de crescer 15% ao lon-go dos próximos cinco anos. A Índia é um típico exem-plo de oportunidade para nossas exportações de pro-dutos voltados à classe de doenças cardiovasculares, onde o Brasil já tem boa experiência industrial. Se-gundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 57% das pessoas que morrem todos os anos por doenças cardiovasculares estão na Ásia, com preva-lência no Japão, China, Índia e Sudeste Asiático. Esse cenário criou uma forte demanda por dispositivos médicos cardiovasculares (monitores, equipamentos de diagnóstico, devices de gerenciamento do ritmo cardíaco, desfibriladores, marca-passos, etc.), que só na Ásia corresponde hoje a um mercado de US$ 11,5 bilhões, com crescimento anual de 11%. Projeções acenam que o mercado asiático de dispositivos car-diovasculares, que representa hoje 29% do mercado global, pode chegar a 38% desse mesmo mercado em menos de 10 anos.Na Índia e em outros países asiáticos, a maioria des-ses dispositivos é importada da Europa e EUA, sen-do que as empresas estrangeiras controlam mais de 75% desse quinhão. A demanda é tão acentuada que muitas empresas estrangeiras têm optado por abrir novas fábricas na Índia, só para suprir o mercado

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local. O setor asiático para devices cardiovasculares tem sido acompanhado atentamente pela indústria de EMHO do Brasil. O quanto ela está habilitada a aquinhoar parte desse mercado é justamente onde mora o problema. O relógio corre contra nós. Isto é, com a ocupação do mercado indiano pelos players mundiais, e com a coprodução desse perfil de produto com a indústria local, em pouco tempo seremos não só exportadores como também importadores direto deles. Outro exemplo dual, mas não menos atual, é o Mé-xico. Trata-se do maior mercado de equipamentos médicos na região latino-americana. Por enquanto, mas só por enquanto, o mercado mexicano de EMHO é dominado por importações, principalmente dos EUA. Mas, devido às condições preferenciais da NAF-TA (North American Free Trade Agreement), muitas dessas importações são realizadas somente para pro-duzir bens de capital, que, em geral, são até enviados de volta aos EUA. Assim, o México é o terceiro maior importador entre todas as Américas, só ficando atrás dos EUA e Canadá. Em novembro de 2010, entrou em vigor no México o Health Accord, um tratado que reconhece a certifi-cação e aprovação dos health devices realizados nos EUA e Canadá. Isto é, produtos EMHO comercializa-dos nesses dois países são avaliados pelo COFEPRIS (Comissão Federal para Proteção contra Riscos Sani-tários), órgão mexicano de regulação e certificação

na área de Saúde, e, uma vez comprovadas suas especificações, podem ser comercializados no país (um processo que pode durar 30 dias). Essa ciran-da comercial e regulatória encorpou os números do mercado mexicano de medical devices, que chegou a exportar em 2011 cerca de US$ 6 bilhões (crescendo de 2003 a 2008 em média 9% ao ano). Ainda estão atrás do Brasil, mas certamente estão fazendo um grande esforço para avançar em espaços tradicional-mente ocupados pela indústria brasileira. Assim, o México, que até duas décadas atrás era so-mente um importador compulsivo de equipamentos e dispositivos médicos, passou a ser um exportador, sendo os EUA seu principal alvo. Ocorre que o go-verno Obama flerta cada vez mais com o mercado da Ásia, notadamente com a China, e a importação norte-americana de produtos médicos tem cresci-do na direção asiática, o que faz com que o México reposicione suas baterias exportadoras para outros países, como, por exemplo, as nações do cone Sul. De qualquer forma, ao Brasil resta o velho manda-mento exportador: “Quem não concorre comigo, concorre contra mim”. Nada mais correto e atual. Não há grandes segredos ou estratégias imprevi-síveis, o caminho da manutenção e do incremento das exportações industriais é produzir mais, melhor e mais barato, o que só é possível hoje com a expan-são internacional das alianças e acordos de absorção tecnológica.

15%

Índia combina boas oportunidades e grandes

desafios na área de equipamentos e dispositivos médicos. Trata-se do quarto

maior mercado da Ásia, chegando a valores superiores a US$ 3 bilhões (2011), e com previsão de crescer 15% ao

longo dos próximos cinco anos

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Redes sociais

Rede Social Corporativaem instituições de SaúdeCom usuários identificados e autenticados,Totvs oferece ferramenta segura que integra o conhecimento corporativo de forma colaborativa.

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O uso das redes sociais intensifica-se cada vez mais no universo corporativo. Atentas a esse boom, as ins-tituições de saúde reconhecem cada vez mais o po-tencial destas ferramentas na interação com pacien-tes, parceiros e fornecedores. Mas, como adequar o conceito ao ambiente interno da instituição? Alguns gestores consideram que o acesso ao Twitter, Face-book, entre outras, ameaçam a produtividade e com-prometem a segurança da informação.Oferecer uma rede social de propósito corporativo para conectar parceiros, colaboradores e clientes é a aposta da Totvs com o By You. “A ideia é disponibilizar a informação, antes individualizada em emails, por meio de uma rede segura que compartilha o conheci-mento on-line”, explica Walquíria Majella, gestora de estratégia do segmento saúde. A ferramenta conecta todos os colaboradores em ambiente colaborativo, armazenando conteúdos e conhecimentos antes res-tritos e não registrados. Na Totvs, por exemplo, a utilização do By You gerou um incremento de 1500% em novas ideias, e, +22% de satisfação dos funcionários. “Outros resultados para a empresa foram redução em -10% de reuniões internas, -17% em turn over, -30% de chamados técnicos e -40% de arquivos duplica-dos”, ressalta Walquíria. Na prática, a disseminação e organização das infor-mações por meio de “comunidades” – que podem ser públicas, privadas ou ocultas - com os usuários iden-tificados e autenticados, agiliza os fluxos e facilita o gerenciamento das equipes dentro da complexidade organizacional.

Walquíria Majella, gestora de estratégia do segmento saúde

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SAÚDE DIGITAL

O setor de Saúde mundial está passando por grandes modificações, com a introdução do conceito de e-Health, onde a informação eletrônica se torna fundamental para a melhoria dos processos, colaboração e atendi-mento ao paciente. A tecnologia da informação é um dos segmentos que mais cresce na área de saúde, setor que movimenta segundo estimativas da Scientia Advisors, mais US$ 1 trilhão ao ano, com crescimento de 11% ao ano até 2013.Os gastos com TI na área de saúde devem totalizar US$ 471,5 milhões no Brasil em 2012, segundo dados divulgados pela Frost & Sullivan durante o 3º Fórum Saúde Digital. A projeção é que a cifra chegue a US$ 713,9 milhões em 2015, representando um cresci-mento de 51,4%. Isso fará também com que o país represente 47,1% do mercado total da América Latina. Entre as principais tendências, o estudo destaca a computação em nuvem, mobilidade e big data. “O investimento de TI na saúde vem se acelerando cada vez mais, crescendo a taxas superiores ao restante do mercado. Cerca de 25% dos hospitais brasileiros pretendem investir em prontuário eletrô-nico, 33% em mobilidade e 47% em cloud computing”, ressalta a analista de mercado Izabela Januário. As empresas de saúde devem investir 4% de seu faturamento em tecnologia da informação este ano, número que superou em 0,8% os aportes de 2011.

MERCADO DE IT HEALTHCARE

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MErcADo

Com o tema “Saúde digital: conectividade, acessibilidade e sustentabilidade”, o MV Experience Fórum reuniu, em agosto, reno-mados profissionais de todo o Brasil para debater assuntos relacionados à gestão de resultados, novidades em tecnologia da in-formação e tendências em gestão de saúde, além de experiências inovadoras dos clientes nas áreas clínico-assistencial, administrativo-financeira, indicadores, suprimentos, fatura-mento e TI. A eHealth_Innovation participou do evento como mídia partner. “A mobilidade a serviço dos processos de saúde” foi um dos temas de destaque de-batidos na quarta edição do fórum. Charles Schimmock, gerente do núcleo de Mobilidade e Co-nectividade da MV, e João Alves, assessor técnico da diretoria de Serviços, apresentaram as tendências do mercado mobile, desafios na escolha do equipamento e as soluções móveis da MV disponíveis. Vânia Rohsig,

SAúDE DIgITAL: COnECTIvIDADE, ACESSIbILIDADE E SuSTEnTAbILIDADE

superintendente assistencial do Moinhos de Vento, focou no uso de tecnologias na beira do leito como ferramenta de segurança e também como apoio para diminuir o tempo/movimento administrativo da equi-pe de enfermagem.

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NA PRÓXIMA EDIÇÃO

MEDICAL CALL CENTER A terceira edição da eHealth_Innovation mostrará como o Reino

Unido revolucionou a assistência remota.

EHEALTH NA CHINA E ÍNDIA O que temos de aprender e o que temos de ensinar a eles.

SISTEMAS DE SUPORTE À DECISÃO A conveniência do paciente versus a resistência do médico.

PERSONAL HEALTH RECORD Depois do modismo, a consistência.

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDEComo o SUS pode ser viável com as soluções de eHealth.

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