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Sandra Marisa Pereira Pinheiro
O IMPACTO DECORRENTE DA ADOPO DAS NORMAS
INTERNACIONAIS DE RELATO FINANCEIRO
CASO DA SONAE INDSTRIA, SGPS, SA
Universidade Fernando Pessoa
Porto, 2007
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Sandra Marisa Pereira Pinheiro
O IMPACTO DECORRENTE DA ADOPO DAS NORMAS
INTERNACIONAIS DE RELATO FINANCEIRO
CASO DA SONAE INDSTRIA, SGPS, SA
Universidade Fernando Pessoa
Porto, 2007
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Dissertao de Mestrado apresentada
Universidade Fernando Pessoa, como
parte dos requisitos para obteno do grau
de Mestre em Cincias Empresariais.
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I
SUMRIO
A expanso a nvel global da actuao das empresas e dos investidores foi um impulso
fundamental para a criao de uma linguagem contabilstica comum que permitisse
preparar, consolidar, auditar e interpretar de forma idntica a informao financeira.
Esta dissertao tem como objectivo estudar a evoluo da contabilidade at s actuais
International Accounting Standards / International Financial Reporting Standards
assim como analisar o impacto da sua adopo por uma empresa de referncia, Sonae
Indstria, SGPS, SA.
Em 2002, foi aprovado o regulamento 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho
da Unio Europeia, o qual imps que, a partir de um de Janeiro de 2005 as sociedades,
com valores mobilirios cotados num mercado regulamentado, preparassem e
apresentassem as demonstraes financeiras consolidadas de acordo com as disposies
previstas nas normas emanadas pelo International Accounting Standards Board.
Sendo, a Sonae Indstria, SGPS, SA, maior Grupo privado no financeiro de capitais
maioritariamente portugueses cotado na bolsa, adoptou o citado regulamento em 1 de
Janeiro de 2005 optando por estender essa aplicao a todo o Grupo, de acordo com o
decreto-lei 35/2005.
Para atingir o objectivo proposto nesta dissertao, adoptou-se a pesquisa descritiva e a
estratgia de investigao utilizada foi o estudo de caso. Recorreu-se, como tcnica de
recolha de dados entrevista, procedendo-se ao seu adequado tratamento.
Das concluses deste estudo emprico importa salientar que, a adopo das normas
internacionais do International Accounting Standards Board exigem um profundo
conhecimento destas, uma correcta triagem das aplicveis a cada realidade empresarial
e, consequentemente, uma formao profissional especializada.
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II
ABSTRACT
The action of enterprises and investors worldwide was a fundamental impulse to create
a common accountancy language that would allow preparing, consolidating, auditing
and interpreting the financial information in the same way all over the world.
This dissertation has as main goal the study of the accountant evolution until the actual
International Accounting Standards / International Financial Reporting Standards as to
analyze the impact of its adoption by a reference company: Sonae Indstria, SGPS, SA.
In 2002, the European Parliament and the European Union Council Regulation
1606/2002 was approved. It imposed that, from 1st January 2005 on, the companies,
with values priced in a regulated market, prepared and presented the financial
consolidated demonstrations according to the predicted arrangements by the rules made
by the International Accounting Standards Board.
As Sonae Indstria, SGPS, SA is one of the biggest non-financial private group with a
majority of Portuguese shared capital in the stock market, it adopted the 1st January
2005 Regulation choosing to spread that application to the entire Group, according to
the Portuguese 35/2005 law.
To achieve the aim posed in this dissertation, we have adopted the descriptive research
and the investigation strategy that was used was the study of the case. We turned to the
collection of data technique of the interview and then it was adequately treated.
From all the conclusions of this study, its important to highlight that the adoption of the
International Accounting Standards Board demand a deep knowledge of these rules, a
correct selection of the things that can be applied in each enterprise reality and,
consequently, a specialized training.
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III
SOMMAIRE
Lexpansion a un niveau mondial de lactuation des enterprises et des personnes qui
investent a t un impulsion fondamental pour la cration dune langage
comptabilistique universel qui permettrait prparer, fortifier, apurer et interprter
linformation financire de la mme faon.
Cette dissertation a lobjectif dtudier levolution de la comptabilit jusqu les
actuelles International Accounting Standards / International Financing Reporting
Standards et analiser limpact de sa adoption par une enterprise de reference, Sonae
Indstria, SGPS, SA.
2002, a t admis le Rglement du Parlement Europen et du Conseil de la Union
Europene 1606/2002 qui a impos que, ds 1er Janvier 2005, les societs avec valeurs
imobiliers taxs dans un march rglement, preparaient et prsentaient les
dmonstrations financiers fortifis daccord les arrangements prvues dans les normes
manes par l International Accounting Standards Board.
Sonae Indstria, SGPS, SA est le plus grand group priv non financier de fonds le plus
grand nombre taxes dans la bourse, a adopt le rglement dj allgu en 1er Janvier
2005, en prfrant allonger cette aplication l a tout le Group daccord le rglement
35/2005.
Pour toucher lobjectif propos par cette dissertation, on a adopt la recherche
descriptive et la strategie utilise a t ltudie du cas. On a recherch, comme technique
de recueillement de reseignement la entrevue, en procdent son traitement
proporcinn.
Des conclusions de cet tude, cest important dire que l adoption des rgles
internationales du International Accounting Standards Board exigent son connaissance
profound, une correcte selection des appicables de chaque realit de lenterprise et
consquemment une formation professional specialise.
-
IV
AGRADECIMENTOS
Este trabalho s foi possvel graas aos apoios e contributos, os quais fao questo de
manifestar e agradecer publicamente.
Universidade Fernando Pessoa na pessoa do seu Reitor, Professor Doutor Salvato
Trigo, pelo leque de docentes cuidadosamente destacados para cada seminrio com
elevada competncia tcnica.
Aos meus orientadores, Professor Doutor Raul Guimares e Mestre Lusa Ribeiro, pela
disponibilidade demonstrada para a orientao deste trabalho e pelos sbios
conhecimentos que me tm transmitido ao longo da elaborao desta dissertao.
Dr. Ana Henriques, responsvel pela contabilidade das empresas europeias do Grupo
Sonae Indstria, SGPS, SA, e Dr. Rui Oliveira, responsvel pela consolidao de contas
do mesmo Grupo, quero agradecer vivamente no s pela disponibilidade demonstrada
mas tambm pela celeridade com que sempre me facultaram informao pertinente, sem
a qual no teria sido possvel a elaborao deste trabalho.
Uma palavra de agradecimento a todos os amigos e colegas que me apoiaram ao longo
deste difcil percurso.
Ao Joaquim pelo apoio, carinho, amizade e cumplicidade com que sempre me
acompanhou e pelas palavras de incentivo que sempre me deu, especialmente nos
momentos mais difceis.
Ao Rui pelo contributo indispensvel na elaborao grfica e, aos meus pais pelas
minhas contestadas ausncias.
-
V
NDICE GERAL
SUMRIO........................................................................................................................ I
ABSTRACT..................................................................................................................... II
SOMMAIRE...................................................................................................................III
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. IV
NDICE GERAL..............................................................................................................V
NDICE DE QUADROS .................................................................................................X
NDICE DE FIGURAS ................................................................................................. XI
NDICE DE ABREVIATURAS................................................................................... XII
CAPTULO I INTRODUO E ENQUADRAMENTO DO ESTUDO .....................2
1.1 ORGANIZAO DO CAPTULO................................................................................ 2
1.2 ENQUADRAMENTO DO ESTUDO.............................................................................. 2
1.2.1 Enquadramento da normalizao.................................................................. 2
1.2.2 Indstria da Madeira ..................................................................................... 6
1.3 JUSTIFICAO DO TEMA ...................................................................................... 10
1.4 OBJECTIVOS ........................................................................................................ 12
1.4.1 Objectivo Geral........................................................................................... 12
1.4.2 Objectivos Especficos................................................................................ 12
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAO E SNTESE DOS CAPTULOS ................................... 13
CAPTULO II EVOLUO DA CONTABILIDADE EM PORTUGAL, AO
LONGO DAS DCADAS..............................................................................................22
-
VI
2.1 INTRODUO....................................................................................................... 22
2.2 NECESSIDADE CRESCENTE DE INFORMAO........................................................ 23
2.2.1 Normalizao Contabilstica....................................................................... 26
2.2.2 Harmonizao Contabilstica...................................................................... 27
2.3 APRESENTAO DE ORGANISMOS REGULADORES................................................ 28
2.3.1 Principais marcos histricos dos organismos reguladores.......................... 30
2.4 MUDANAS NO NORMATIVO CONTABILSTICO PORTUGUS................................. 32
2.4.1 Comisso de Normalizao Contabilstica ................................................. 37
2.5 CONTEXTUALIZAO DO DESENVOLVIMENTO DAS NORMAS NACIONAIS ............. 39
2.6 CONCLUSO ........................................................................................................ 42
CAPTULO III HARMONIZAO CONTABILSTICA NA UNIO EUROPEIA44
3.1 INTRODUO....................................................................................................... 44
3.2 O PERCURSO DA UNIO EUROPEIA NO SENTIDO DA HARMONIZAO
CONTABILSTICA .......................................................................................................... 44
3.2.1 Primeira Etapa At 1990.......................................................................... 45
3.2.2 Segunda Etapa 1990 a 1995..................................................................... 48
3.2.4 Concretizao da Estratgia Definida no Regulamento (CE) N. 1606/2002
do Parlamento Europeu e do Conselho................................................................... 55
3.3 PRINCIPAIS DESAFIOS QUE SE COLOCAM UNIO EUROPEIA .............................. 56
3.4 CONCLUSO ........................................................................................................ 61
CAPTULO IV O PAPEL DO IASB NA HAMONIZAO CONTABILSTICA
INTERNACIONAL........................................................................................................63
4.1 INTRODUO....................................................................................................... 63
4.2 ORIGEM DO IASB ............................................................................................... 64
4.3 EVOLUO DA ACTUAO DO IASB NO PROCESSO DE HARMONIZAO ............. 65
4.3.1 Primeira fase: 1973 a 1987 ......................................................................... 65
4.3.2 Segunda fase: 1988 a 1994 ......................................................................... 67
4.3.3 Terceira fase: 1995 a 2002.......................................................................... 71
4.3.4 Quarta fase: 2002 at actualidade ............................................................ 73
4.4 ESTRUTURA E ORGANIZAO DO IASB............................................................... 74
4.4.1 Estrutura Original ....................................................................................... 74
-
VII
4.4.2 Reestruturao do funcionamento do IASB ............................................... 75
4.4.2.1 International Accounting Standards Committee Foundation (IASCF).... 76
4.4.2.2 Board........................................................................................................ 78
4.4.2.3 International Financial Reporting Interpretations (IFRIC)...................... 79
4.4.2.4 Standards Advisory Council (SAC)......................................................... 80
4.4.3 Estrutura actual do IASB aps a reestruturao ......................................... 81
4.4.3.1 Crticas nova estrutura do IASB ........................................................... 83
4.4.4 Objectivos do IASB.................................................................................... 85
4.4.5 Processo de elaborao de uma Norma ...................................................... 86
4.5 O PROBLEMA DA IMPLEMENTAO DAS IFRS..................................................... 87
4.6 A POSIO DOS ESTADOS UNIDOS RELATIVAMENTE AO IASB............................ 89
4.7 PERSPECTIVAS DE TRABALHO PARA O FUTURO .................................................... 92
4.8 CONCLUSO ........................................................................................................ 95
CAPTULO V O SISTEMA CONTABILSTICO PORTUGUS FACE AO
NORMATIVO DO IASB ...............................................................................................97
5.1 INTRODUO....................................................................................................... 97
5.2 CONTEXTUALIZAO DO SISTEMA CONTABILSTICO PORTUGUS ........................ 97
5.3 A SITUAO ACTUAL DA NORMALIZAO CONTABILSTICA EM PORTUGAL E A
PROPOSTA PARA O SEU DESENVOLVIMENTO ............................................................... 103
5.3.1 Problemas do actual modelo de normalizao.......................................... 104
5.3.2 Novo Modelo de Normalizao Contabilstica Nacional Uma Proposta da
CNC ...................................................................................................................... 105
5.4 O NORMATIVO PORTUGUS VERSUS NORMATIVO DO IASB .............................. 111
5.4.1 Estrutura conceptual para apresentao e preparao das demonstraes
financeiras............................................................................................................. 112
5.4.2 Principais efeitos nas demonstraes financeiras decorrentes da adopo
em Portugal das IFRS ........................................................................................... 120
5.4.2.1 Estrutura e contedo das demonstraes financeiras............................. 122
5.4.2.2 As normas do IASB e o referencial contabilstico portugus,
relativamente apresentao do relato financeiro................................................ 125
5.5 IFRS 1, ADOPO PELA PRIMEIRA VEZ DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE
RELATO FINANCEIRO ................................................................................................. 128
5.5.1 Excepes no mbito da aplicao da IFRS 1 .......................................... 130
-
VIII
5.6 CONCLUSO ...................................................................................................... 133
CAPTULO VI METODOLOGIA............................................................................135
6.1 INTRODUO..................................................................................................... 135
6.2 PLANEAMENTO DA INVESTIGAO EMPRICA ................................................... 135
6.3 TIPOS DE PESQUISA............................................................................................ 137
6.4 TCNICAS DE RECOLHA DA INFORMAO.......................................................... 138
6.5 ENTREVISTA...................................................................................................... 142
6.6 ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 144
6.7 CONCLUSO ...................................................................................................... 147
CAPTULO VII ADOPO DAS IAS/IFRS, CASO DA SONAE INDSTRIA,
SGPS, SA......................................................................................................................149
7.1 INTRODUO..................................................................................................... 149
7.2 HISTRIA DA SONAE ......................................................................................... 150
7.2.1 Descrio do Grupo em que a Sonae Indstria Sonae SGPS, SA se Insere
.............................................................................................................................. 150
7.2.2 Marcos Principais ..................................................................................... 151
7.2.3 Relaes de participao e alteraes organizativas................................. 154
7.3 IMPLICAES PARA O ESTUDO ........................................................................... 159
7.4 PRINCIPAIS IMPACTOS, NAS DF DA SONAE, DECORRENTES DA ADOPO DAS
NORMAS INTERNACIONAIS DE RELATO FINANCEIRO ................................................. 163
7.5 PROCESSO DE TRANSPOSIO DAS CONTAS DO POC PARA AS IAS/IFRS, NA
SONAE ....................................................................................................................... 170
7.5.1 Factores impulsionadores da aplicao das IAS/IFRS ............................. 170
7.5.2 Organismos orientadores portugueses ...................................................... 172
7.5.4 Transposio do normativo POC para as IAS/IFRS................................. 175
7.5.5 Vantagens, desvantagens e lacunas do novo normativo ........................... 179
7.6 CONCLUSO ...................................................................................................... 188
CAPTULO VIII CONCLUSO ..............................................................................190
8.1 CONCLUSES GERAIS....................................................................................190
-
IX
8.2 LIMITAES DO ESTUDO E INVESTIGAES FUTURAS ......................197
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................199
LEGISLAO CONSULTADA .................................................................................210
ANEXO I GUIO UTILIZADO NAS ENTREVISTAS REALIZADAS................216
ANEXO II BALANO EM 1 DE JANEIRO E 31 DE DEZEMBRO DE 2004 ......221
ANEXO III DEMONSTRAES CONSOLIDADAS DE ALTERAES NO
CAPITAL PRPRIO....................................................................................................223
ANEXO IV DEMONSTRAES DE RESULTADOS CONSOLIDADAS POR
NATUREZAS...............................................................................................................225
ANEXO V DEMONSTRAES CONSOLIDADAS DOS FLUXOS DE CAIXA227
-
X
NDICE DE QUADROS
Quadro 2.1 Organismos Envolvidos no Processo Harmonizador................................ 29
Quadro 2.2 Principais Organismos Reguladores ......................................................... 32
Quadro 4.1 Estrutura Original do IASB ...................................................................... 75
Quadro 4.2 IASCF....................................................................................................... 77
Quadro 4.3 Board........................................................................................................ 78
Quadro 4.4 IFRIC ........................................................................................................ 79
Quadro 4.5 SAC .......................................................................................................... 81
Quadro 4.6 Composio do novo Conselho do IASB ............................................... 84
Quadro 5.1 Critrios de reconhecimento de activos, passivos e capital prprio ..... 116
Quadro 5.2 Critrios de reconhecimento de proveitos e custos............................... 117
Quadro 5.3 Diferenas entre Normas do IASB e as normas nacionais ................... 127
Quadro 7.6 Principais ajustamentos........................................................................... 169
-
XI
NDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 Hierarquia dos PCGA, DC 18 original Vs revista .................................... 34
Figura 4.1 Actual estrutura do IASB ......................................................................... 82
Figura 4.2 Processo de elaborao de uma IFRS....................................................... 87
Figura 5.1 Enquadramento legal e regulamentar da contabilidade em Portugal ..... 100
Figura 5.2 1 Nvel de convergncia em Portugal com as normas do IASB ........... 107
Figura 5.3 2 Nvel de convergncia em Portugal com as normas do IASB ........... 109
Figura 5.4 Modelo de normalizao contabilstico proposto pela CNC.................. 110
Figura 6.1 Investigao emprica............................................................................. 136
Figura 7.1 Diagrama de relaes de participao .................................................... 154
Figura 7.2 Nova estrutura a partir de 20 de Dezembro de 2005.............................. 155
Figura 7.3 Distribuio percentual do volume de negcios consolidado da Sonae, em
2005 .............................................................................................................................. 156
Figura 7.4 Desagregao das vendas por gama de produto, em 2005 ................... 157
-
XII
NDICE DE ABREVIATURAS
ABDR Anexo ao Balano e Demonstrao de Resultados
CC Cdigo de Contas
CE Comisso Executiva da Comisso de Normalizao Contabilstica
CEE Comunidade Econmica Europeia
CMVM Comisso de mercado de Valores Mobilirios
CNC Comisso de Normalizao Contabilstica
DC Directriz Contabilstica
DF Demonstraes Financeiras
EC Estrutura Conceptual
ED Explosure Draft
EUA Estados Unidos da Amrica
FASB Financial Accounting Standards Board
FEE Fedration des Experts Comptables
IAS International Accounting Standards
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XIII
IASB International Accounting Standards Board
IASC International Accounting Standards Committee
IASCF International Accounting Standards Committee Foundation
IFAD International Forum on Accounting Development
IFRIC International Financial Reporting Interpretations Committee
IFRS International Financial Reporting Standards
IOSCO International Organization of Securities Commissions
ISA International Standards of Auditing
IT Interpretao Tcnica
MDF Modelos de Demonstraes Financeiras
MDF-g Modelos de Demonstraes Financeiras Gerais
MDF-s Modelos de Demonstraes Financeiras Simplificados
NAA Notas Anexas Adicionais
NCG Normativos de Carcter Geral
NCRF Norma Contabilstica e de Relato Financeiro
NI Normas Interpretativas
-
XIV
NIC Normas Internacionais de Contabilidade
NIRF Normas Internacionais de Relato Financeiro
OCDE Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico
ONU Organizao das Naes Unidas
OROC Ordem dos Revisores Oficiais de Contas
PCGA Princpios Contabilsticos Geralmente Aceites
PME Pequenas e Mdias Empresas
POC Plano Oficial de Contabilidade
SAC Standards Advisory Council
SEC Securities and Exchange Commission
SIC Standing Interpretations Committee
US GAAP United States Generally Accepted Accounting Principles
-
O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
1
Captulo I
INTRODUO E ENQUADRAMENTO DO ESTUDO
-
O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
2
Captulo I INTRODUO E ENQUADRAMENTO DO ESTUDO
1.1 Organizao do Captulo
O captulo introdutrio, para melhor evidenciar o seu contedo, encontra-se dividido em
diversos sub pontos: enquadramento do estudo, indstria da madeira, justificao do
tema, os objectivos e, por fim, a estrutura da dissertao e sntese dos captulos.
Neste sentido comea-se por enquadra o estudo quer no tempo quer no espao, face
legislao aplicvel e aos organismos existentes. De seguida fala-se um pouco do sector
da madeira de uma forma geral pois da madeira que se extraem os seus derivados,
sector de actividade objecto do estudo de caso a apresentar.
Posteriormente, ser dedicado um ponto para a justificao do tema, onde referida a
importncia do estudo para a sociedade globalizada que hoje existe assim como a
representatividade da organizao sobre a qual se ir debruar o estudo emprico. Neste
captulo tambm dedicada especial ateno aos objectivos desta dissertao sempre
to importantes e a ter em conta em qualquer fase do estudo, terminando-o com a
indicao da estrutura da dissertao e a sntese de cada um dos captulos.
1.2 Enquadramento do estudo
1.2.1 Enquadramento da normalizao
Foi j em 1494 que a contabilidade sofreu um importante desenvolvimento aquando da
publicao pelo frade franciscano italiano Luca Pacioli em Veneza, de uma enciclopdia
de matemtica intitulada Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et
Proportionilita, tendo sido neste tratado que se descreveu, pela primeira vez, a forma
-
O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
3
de escriturar as contas atravs do mtodo das partidas dobradas, o qual ainda hoje se
encontra em vigor na generalidade dos pases.
Muito depois, em 1874 a contabilidade passou a ser usada para a tributao fiscal. Nesta
poca, a gnese da contabilidade era explicada pela necessidade sentida pelo homem em
preencher as deficincias da memria, mediante um processo de classificao e registo,
o qual lhe permitisse por um lado recordar facilmente as variaes sucessivas de
determinadas grandezas e por outro construir meio de prova entre partes discordantes ou
de litgio.
No entanto, foi somente com a revoluo industrial que se deu o desenvolvimento dos
princpios contabilsticos tal como so conhecidos hoje, uma vez que foi tambm com
elas que se desenvolveram as unidades de produo capitalistas.
Assim, a contabilidade que inicialmente tinha um papel de natureza jurdico,
transformou-se progressivamente numa fonte de informaes s unidades de produo
capitalistas.
Nas ltimas dcadas do sculo XX assistiu-se a uma sucesso de importantes alteraes,
eminentemente econmicas, com amplos reflexos na organizao das empresas e no
modo como estas se financiam.
Fruto da crescente complexidade da estrutura das unidades econmicas, surge a
necessidade de normalizao contabilstica. Assim, em 1974, por despacho de 27 de
Fevereiro, foi criada uma comisso que ficou responsabilizada pela implementao da
normalizao contabilstica no pas.
O ano de 1977, foi marcado pela publicao do primeiro Plano Oficial de Contabilidade
(POC), aprovado pelo decreto-lei 47/77 de 7 de Fevereiro, o qual foi fortemente
influenciado pela normalizao contabilstica francesa e pela criao da Comisso de
Normalizao Contabilstica (CNC).
-
O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
4
Posteriormente, em 1986, na sequncia da adeso de Portugal Comunidade Europeia,
Portugal foi obrigado a proceder a ajustamentos dos normativos nacionais 4. directiva
(78/660/CEE) e 7. directivas (83/349/CEE). Assim, foi aprovada a segunda e actual
verso do POC atravs do decreto-lei n.410/89 de 21 de Novembro, que transpe para a
ordem jurdica interna a 4. directiva. Foram tambm aprovadas as normas de
consolidao, atravs do decreto-lei 238/91 de 2 de Julho, que transpe a 7. directiva
para a ordem jurdica interna.
A expanso ao nvel global da actuao das empresas e dos investidores foi o impulso
fundamental criao de uma linguagem contabilstica comum que permitisse preparar,
consolidar, auditar e interpretar de forma idntica a informao financeira. A
inexistncia dessa linguagem comum revelou-se um factor de ineficincia na locao
dos recursos econmicos e financeiros das empresas, uma barreira compreenso do
risco e rendibilidade das mesmas por parte dos investidores e uma dificuldade acrescida
para os reguladores dos mercados de capitais.
Posto isto, foi necessrio criar um conjunto de regras especialmente para os grupos de
empresas, que tivessem as suas unidades espalhadas por diversos pases.
A harmonizao contabilstica internacional foi empreendida por diversos organismos,
dos quais se salienta o International Accounting Standards Board (IASB), pelo seu
posicionamento actual como principal organismo emissor de normas contabilsticas de
elevada qualidade e pelo compromisso assumido pela Unio Europeia, em adoptar o seu
ncleo de normas para as empresas cotadas nos seus pases membros, a partir de 2005.
A Comisso europeia decidiu proceder harmonizao contabilstica tendo para isso
optado pela sua aproximao ao IASB, antigo International Accounting Standards
Committee (IASC), pois era um organismo com resultados evidentes do seu trabalho e
com fortes possibilidades das suas normas, designadas por International Accounting
Standards/International Financial Reporting Standards (IAS/IFRS), serem
reconhecidas nos mercados de capitais internacionais.
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O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
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No contexto actual, nos termos das disposies do regulamento do Parlamento Europeu
e do Conselho n. 1606/2002 de 19 de Julho, todas as empresa com valores admitidos
negociao em bolsa tero que apresentar as suas demonstraes financeiras (DF)
consolidadas em consonncia com o preconizado pelo IASB.
O processo de harmonizao contabilstica internacional teve origem na necessidade
sentida por diversos agentes econmicos de regras contabilsticas que permitissem
elaborar DF comparveis e compreensveis em todo o mundo. Os benefcios deste
processo para as empresas multinacionais, para os investidores e para os reguladores
dos mercados de capitais acabaram por torn-lo inevitvel.
Neste sentido, o Grupo Sonae Indstria, SGPS, SA, apresentou para o exerccio de 2005
as suas primeiras DF consolidadas utilizando este novo normativo, conforme ser
devidamente apresentado no captulo VII desta dissertao.
Aquando da apresentao das primeiras DF, e de acordo com o normativo do IASB, a
Sonae Indstria, SGPS, SA, teve que aplicar a IFRS 11 tendo para isso que se prepara
previamente.
O objectivo da IFRS 1 assegurar que as primeiras DF preparadas e apresentadas de
acordo com as normas do IASB, quer em termos de informao anual quer no que
respeita informao intercalar, contenham informao de elevada qualidade, sendo
que esta IFRS no aplicvel a entidades que tenham adoptado estas normas e que
alteram, de forma obrigatria ou voluntria, as polticas contabilsticas.
A IFRS 1 vem privilegiar a comparabilidade da informao financeira prestada ao longo
do tempo para uma mesma entidade, em detrimento da comparabilidade no espao, ou
seja, entre entidades que j adoptam as normas do IASB e aquelas que as vo adoptar
pela primeira vez.
1 Adopo Pela Primeira Vez das Normas Internacionais de Relato Financeiro
-
O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
6
De acordo com a IFRS 1, ( 2 a 5 da norma), somente um conjunto completo de DF
incluindo: balano, demonstrao de resultados, demonstrao das alteraes no capital
prprio e demonstrao de fluxos de caixa, juntamente com informao comparativa,
polticas contabilsticas e notas explicativas, pode proporcionar uma apresentao
adequada da posio financeira, dos resultados das operaes e dos fluxos de caixa da
empresa.
Com a adopo das IAS/IFRS, o Grupo Sonae Indstria, SGPS, SA permite aos
investidores, e restantes utentes da informao financeira que a anlise das suas DF seja
realizada numa base internacionalmente reconhecida e adoptada, a partir de 2005, pela
generalidade das empresas europeias cotadas em bolsa, facilitando assim a interpretao
e a comparabilidade com outras empresas do mercado, de sectores homlogos.
Posto isto, cabe aos administradores das empresas, seus conselhos de administrao,
fiscais e comits de auditoria planear e implementar projectos de elaborao de
informao financeiras segundo as Normas Internacionais de Contabilidade (NIC) no
curto prazo para que a curva de aprendizagem possa ser suavizada e que traga
benefcios para as organizaes.
Devido por um lado sua complexidade e, por outro aos ajustes e reclassificaes
necessrias, as NIC exigem um conhecimento profundo das IAS/IFRS e das prticas
contabilsticas equivalentes.
1.2.2 Indstria da Madeira
Desde os primrdios da civilizao humana, a madeira contribuiu para o
desenvolvimento e bem estar do ser humano, que a utilizava como meios de ignio,
lenha, fabricao de utenslios diversos, meios de transporte, habitaes, entre outros,
ainda que de forma primitiva (Remade, 2007).
-
O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
7
O processamento da madeira na forma de serrados, incrementou a gama de utilizao da
madeira e, posteriormente, atravs do uso de adesivos para colagem de peas de
madeira, possibilitaram a fabricao de produtos seus compostos para as mais variadas
aplicaes. Inicialmente, eram utilizados adesivos naturais, principalmente base de
protenas de origem animal como glutina ( base de: couro, pele, ossos), casena ( base
de leite) e albumina de sangue, alm de adesivos base de protenas de origem vegetal e
amido. J na dcada de 30, surgiram os primeiros tipos de adesivos sintticos
termoendurecedores como fenol formaldedo e uria-formaldedo (Remade, 2007).
A rvore, em funo de suas direces de crescimento, forma lenhos com estrutura
heterognea e anisotrpica2. As caractersticas, disposies e frequncia dos elementos
celulares resultam em algumas limitaes naturais do uso da madeira em relao s
dimenses das peas, anisotropia e defeitos naturais.
As dimenses, a largura e o comprimento das peas so limitadas ao dimetro e altura
das rvores. A anisotropia, as propriedades mecnicas e no mecnicas da madeira so
distintas nas direces de crescimento tangencial, radial e longitudinal. Os defeitos
naturais so: ns, inclinao da gr, percentagem de lenhos juvenil e adulto, lenhos de
reaco, largura dos anis de crescimento, entre outros, interferem no comportamento
reolgico da madeira.
Face s tais limitaes, surge a importncia do adesivo, que, atravs da reduo da
madeira em peas menores de forma e geometria variadas, os quais, so posteriormente
reordenados e reconstitudos atravs de ligaes adesivas, em produtos cujas
propriedades so diferentes do material original (madeira slida).
O princpio de construo empregado na fabricao de diferentes tipos de painis de
madeira, podem contribuir na realizao de trs importantes benefcios sociedade na
busca pela melhor qualidade de vida, tais como:
2 Substncias homogneas, com propriedades fsicas ou qumicas, cujo valor no o mesmo em todas as direces.
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Aumento na oferta de produtos de madeira a partir de uma determinada rea
florestal com a utilizao racional e integral da madeira.
Melhorar as propriedades dos produtos compostos de madeira e, desta
forma, aumentar a gama da sua utilizao.
Servir como produto alternativo aos materiais provenientes de recursos
metlicos e polimricos (petroqumicos) com propsitos de construo e
fabricao de bens de consumo (Remade, 2007).
Os painis de madeira podem ser classificados em dois grupos: compostos laminados e
compostos particulados.
Relativamente aos compostos laminados, caracterizam-se pela sua estrutura contnua da
linha de cola atravs do processo de colagem de lminas, para fabricao de produtos
como: compensado multilaminado, compensado sarrafeado, painis de lminas
paralelas, compensado de lminas paralelas (lammyboard), compensado de painis de
madeira macia (three-ply), entre outros.
Os compostos particulados, so constitudos de pequenos elementos de madeira
(partculas / fibras) e caracterizam-se pela estrutura descontnua da linha de cola, tais
como: chapas de madeira aglomerada, chapas Oriented Strand Board, chapas de fibras
isolantes, duras e de mdia densidade designados de Medium Density Fibreboard,
chapas madeira-cimento, entre outras (Remade, 2007).
Desde o incio da produo de compensados no final do sculo XIX, inmeros tipos de
painis de madeira foram surgindo at ao momento, sempre com a preocupao na
busca de novos produtos com melhor relao custo/benefcio, para aplicaes
especficas a que se destinam.
Com as restries ambientais e o encarecimento da madeira macia, os produtos de
madeira reconstituda tendem a expandir-se cada vez mais no mercado de produtos
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O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
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baseados em madeira, pois tm a vantagem da matria-prima ser oriunda de resduos de
serraria, plantios e manejos silviculturais.
Neste contexto, a indstria produtora de painis de madeira reconstituda conhecida
por suas plantas de grandes propores e investimentos vultuosos, possuindo, em
contrapartida, altas produes com elevados ndices de automatismo, empregando a
madeira da melhor e mais eficiente forma possvel, restringindo ao mximo o
desperdcio, procurando atingir melhor qualidade com menores custos.
Apesar dos recentes produtos inseridos no mercado nacional, como o Medium Density
Fibreboard e o Oriented Strand Board, o consumo de aglomerados continuou em
expanso. Contudo, para que este se mantenha competitivo num mercado cada vez mais
exigente, h necessidade de uma constante evoluo, para que se possa atingir novas e
direccionadas caractersticas nestes painis, a fim de conquistar novas e mais
especficas utilizaes, agregando maior valor ao produto (Remade, 2007).
Desta forma, para tal evoluo acontecer, o conhecimento do comportamento da
madeira sob diversas condies no ciclo de prensagem deve ser cada vez mais
profundo, pois este fundamental para que se possa obter processos mais precisos, os
quais fornecero melhores e mais estveis produtos.
As empresas responsveis pela produo de chapas de partculas preocupam-se com um
contnuo aprimoramento de seus produtos, principalmente com a actual competio do
aglomerado com os novos tipos de painis surgidos recentemente no mercado. Portanto,
alm da escolha das espcies e do processo produtivo, preciso verificar e controlar
outras variveis, a fim de se obter painis de melhor qualidade, aliados a um processo
produtivo econmico.
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1.3 Justificao do tema
A considerao de vrias questes, das quais adiante so referenciados alguns aspectos,
conduziu escolha de um tema de investigao que se afigura relevante e abrangente.
A importncia do tema assegurada no s pela grande variedade de assuntos
abordados pelas NIC, como tambm pelo facto de constiturem um passo enorme em
direco to almejada harmonizao contabilstica.
A sua relevncia prende-se com o facto de nesta dissertao se proceder ao estudo de
um tema que actualmente suscita a curiosidade e o interesse dos profissionais de
contabilidade, docentes e alunos que pretendam enriquecer os seus conhecimentos
acadmicos.
um tema sobre o qual todos os gestores de topo, de organizaes que tm as suas
entidades com valores cotados num mercado regulamentado, j tiveram que se debruar
pois 2007 ser o segundo exerccio econmico cujas suas contas tero que ser
apresentadas segundo as normas IAS/IFRS. No entanto, e como se ir poder concluir
em captulos seguintes, um tema que se afigura importante para os gestores de topo
das restantes organizaes e para os utilizadores da informao financeira.
A IFRS 1 apresenta neste trabalho uma importncia particular pois todas as
organizaes que pretendam implementar as normas do IASB tm obrigatoriamente que
comear por interpretar e aplicar esta norma aquando da apresentao das primeiras DF.
O sector de actividade escolhido para este estudo foi exclusivamente o sector dos
derivados de madeira e dentro deste sector, procurou-se escolher uma unidade industrial
com relativa representatividade no mercado nacional e at mesmo mundial. Logo a
empresa que satisfez estes requisitos foi a Sonae Indstria, SGPS, SA. Este facto foi
tambm concludo atravs da entrevista realizada ao Dr. Rui Oliveira, pois quando se
questionou quais os concorrentes da Sonae Indstria -SGPS, SA, disse que uma
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O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
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empresa que a seu ver praticamente no tem concorrncia referindo que () talvez a
Jomar que pertence ao grupo Finsa (), por isso representativa do sector.
O estudo emprico baseou-se na anlise do relatrio de contas da Sonae Indstria SGPS,
SA, elaborado a 31-12-2005, o qual foi consultado no site oficial da organizao, e
posteriormente fornecido em papel pelo Dr. Rui Oliveira, aquando da entrevista
realizada nas instalaes da empresa como ser descrito nos Captulos VI e VII.
Depois de buscas na internet e de anlises a relatrios de contas e a histricos de
empresas, foi escolhida a Sonae Indstria, SGPS, SA pelos motivos seguidamente
descritos:
Das buscas realizadas na internet foi a organizao que melhor publicitou as
contas. O estudo tinha que comear por alguma lado e foi nesta organizao que
se encontrou a informao suficiente para trabalhar o assunto. As restantes
empresas cotadas na Euronext, no explicavam detalhadamente o processo de
forma a poder ser construdo um juzo crtico capaz para desenvolver uma
dissertao de mestrado.
Por ser lder a nvel mundial no fabrico de aglomerados de madeira (meta
atingida no exerccio econmico de 1998).
Disponibilidade da empresa em colaborar prestando pessoalmente todos os
esclarecimentos e permitindo uma recolha de informao relevante in loco.
Em posse da Unidade Empresarial seleccionada, procedeu-se anlise do relatrio de
contas, mais concretamente do balano consolidado, demonstrao dos resultados
consolidados, anexo balano e demonstrao dos resultados consolidados e relatrio
de contas, com data de 31-12-2005, tendo sido analisadas todas as rubricas e elementos
relacionados com a IFRS 1.
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1.4 Objectivos
1.4.1 Objectivo Geral
O objectivo geral deste trabalho consiste em investigar de que forma evoluiu o sistema
contabilstico em geral at se chegar s actuais IAS/IFRS e estudar o impacto da
adopo destas pela Sonae Indstria, SGPS, SA.
tambm pretendido com esta dissertao estudar de que forma a Sonae Indstria,
SGPS, SA se preparou para a adopo das IAS/IFRS e de que forma aplicou a IFRS 1.
Para isso, foi elaborado um guio que serviu de base a duas entrevistas realizadas a dois
colaboradores efectivos da referida entidade e que estiveram intimamente ligados a todo
o processo de transposio.
1.4.2 Objectivos Especficos
Considera-se que os seguintes objectivos, por serem os componentes especficos do
problema contido no objectivo geral da investigao, apresentam-se como necessrios
ao seu estudo e soluo.
Assim, um dos primeiros objectivos a ser atingido ser inferir sobre as limitaes da
contabilidade e a evoluo ocorrida nas ltimas dcadas de forma a uniformizar a
linguagem contabilstica, clarificando os conceitos de normalizao e harmonizao
contabilstica.
Posteriormente tornar-se- importante definir quais os principais organismos
normalizadores envolvidos em todo este processo.
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O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
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O caminho percorrido pela Unio Europeia at ao momento actual e o contexto que a
levou a traar este percurso, assim como os desafios que lhe so colocados para o
futuro, sero aspectos a desenvolver.
De que forma a Unio Europeia se aproximou do IASB, assim como a evoluo do
papel deste na harmonizao contabilstica mundial, sero ainda assuntos a aprofundar.
Neste contexto, ser importante dar a conhecer os objectivos do IASB assim como toda
a tramitao implcita no processo de elaborao de uma norma.
Outro objectivo ser o de inferir sobre as principais diferenas entre o normativo do
IASB e o exigido POC.
1.5 Estrutura da dissertao e sntese dos captulos
O presente trabalho est organizado em sete captulos, onde o primeiro dedicado
introduo, do segundo ao quinto, desenvolve-se a investigao no sentido de encontrar
sustentao terica para o estudo que apresentado do stimo e ltimo captulo. O sexto
captulo por sua vez, dedicado metodologia utilizado no s no estudo emprico
como na base terica de toda a temtica em estudo. Por fim, o stimo captulo contm o
desenvolvimento de um estudo onde se faz a aplicao de conceitos tratados em
captulos anteriores, a uma situao real vivida na Sonae, apresentando tambm as
concluses do mesmo.
No primeiro captulo, faz-se a introduo geral do estudo, apresentando-se subdividido
para sistematizar o seu contedo. Assim, inicia-se pelo enquadramento do estudo face
actual situao das IAS/IFRS, no s relativamente aos aspectos legalmente exigidos
pela administrao fiscal portuguesa mas tambm o seu enquadramento numa
perspectiva da Unio Europeia, da qual Portugal faz parte, e numa perspectiva
internacional.
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Neste captulo faz-se tambm uma breve apresentao da indstria da madeira
comeando por explicar de que forma os primrdios da civilizao humana a utilizavam
no seu dia a dia, assim como a sua evoluo na forma como tratada at aos dias de
hoje. Posteriormente dada uma justificao do tema e so apresentadas as suas
delimitaes, definindo-se de seguida os objectivos gerais e especficos da
dissertao. Por fim, exposta de uma forma muito breve a estrutura da dissertao,
seguindo-se a sntese de cada um dos captulos que a constituem.
No captulo dois ser apresentada a evoluo da contabilidade onde se poder concluir
que esta inicialmente surgiu para suprir as deficincias de memria e que, actualmente
usada para ajudar tomada de deciso servindo de base para uma mais correcta previso
de resultados o futuros.
Neste captulo so tambm abordados os conceitos de normalizao e harmonizao
contabilstica. Ser possvel inferir-se que normalizao consiste na definio regras
nicas relativamente aos diversos aspectos das polticas contabilsticas enquanto que
harmonizao consiste em estabelecer, na comunidade, regras jurdicas comuns
equivalentes mnimas quanto ao mbito financeiro a divulgar junto do pblico, por
sociedades concorrentes.
Nesta sequncia sero apresentados os principais organismos reguladores intervenientes
em todo o processo: Unio Europeia e o IASB, antigo IASC.
A normalizao contabilstica em Portugal no tem muitas dcadas e pode subdividir-se
em quatro etapas.
Neste captulo so tambm apresentadas as atribuies, os rgos e a forma de
funcionamento da CNC assim como o processo de elaborao de uma Directriz
contabilstica (DC).
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O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
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No terceiro captulo desta dissertao apresentado o caminho percorrido pela Unio
Europeia at ao momento actual e o contexto que a levou a traar este percurso, assim
como os desafios que lhe so colocados para o futuro.
Neste sentido em 1957, atravs do Tratado de Roma, foi crida a Comunidade
Econmica Europeia (CEE), que tinha como objectivo a criao de um mercado comum
que culminaria numa unio econmica e monetria entre os seus pases membros.
Logo, uma medida necessria livre circulao de produtos, indivduos, servios e
capitais entre os estados membros foi a normalizao contabilstica desenvolvida pela
Unio Europeia, com carcter vinculativo.
Neste sentido, o Conselho Europeu tem realizado esforos para que a harmonizao das
prticas de elaborao da informao financeira se tornem num elemento para a
convergncia dos normativos dos diversos pases, sendo usualmente identificadas trs
etapas principais em todo esse processo.
Assim, desde 1995 at aos dias de hoje, assistiu-se a uma aproximao gradual da
Unio Europeia ao IASB, que ocorreu atravs da adaptao das directivas s IAS/IFRS
e da imposio da utilizao das mesmas, s empresas cotadas nos estados membros,
desde 2005, aquando da apresentao das contas consolidadas.
Apesar das etapas j percorridas, a Unio Europeia no est parada e continua a
trabalhar no sentido de conseguir que as suas normas satisfaam cada vez mais os
interesses dos seus utilizadores, tendo por isso perspectivas futuras de evoluo.
O quarto captulo trata do papel do IASB na harmonizao contabilstica internacional
uma vez que tem sido, nos ltimos anos, um dos temas na rea da contabilidade mais
analisado e comentado, tendo gerado interesse entre os profissionais, acadmicos,
investidores e outros utilizadores da informao financeira.
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O IASB foi fundado em 29 de Junho de 1973, com a designao de International
Accounting Standards Committee (IASC), criado como consequncia de organizaes
profissionais de vrios pases sendo visto como um organismo harmonizador de carcter
profissional privado e de alcance mundial
A evoluo deste organismo pode ser dividida, em quatro fases distintas.
Neste captulo, tambm dado a conhecer que existe uma aproximao das normas do
IASB s prticas contabilsticas encontradas em pases com influncia anglo-saxnica e
uma diminuio da distncia entre as IFRS e as normas do FASB que se justifica
precisamente pelas suas caractersticas.
tambm neste captulo que se fica a conhecer toda a estrutura, organizao e evoluo
do IASB. Neste sentido convm salientar que, aps 2001, a estrutura organizativa do
IASB assenta essencialmente em trs organismos: no International Accounting
Standards Committee Foundation (IASCF), no International Financial Reporting
Interpretations Committee (IFRIC) e no Standards Advisory Council (SAC).
Neste captulo so tambm divulgados os actuais objectivos do IASB assim como todo
o processo de elaborao de uma norma. So tambm dados a conhecer as perspectivas
de trabalho futuras para este organismo.
Assim, ir ser possvel inferir que actualmente, o IASB possui um modelo de
funcionamento que lhe permite emitir NIC com a qualidade adequada s necessidades
de uma economia cada vez mais global e que o processo de convergncia entre o FASB
e o IASB ainda no terminou.
No quinto captulo estudada a evoluo do sistema contabilstico portugus ao longo
das ltimas dcadas, a sua situao actual assim como a proposta da CNC para a sua
estrutura aps a adopo das IAS/IFRS. Posteriormente efectua-se uma comparao
entre o normativo portugus e o normativo do IASB, cujo objectivo aferir quais as
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O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
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reas que colocaro maiores dificuldades s empresas portuguesas no processo de
convergncia.
Neste sentido, ir ser possvel inferir que a evoluo do sistema contabilstico portugus
ao longo das ltimas dcadas foi acentuado, fruto da harmonizao com as normas do
IASB e que as prticas de valorizao e de relato financeiro conjuntamente com a
homogeneidade, apresentam-se em consonncia com as prticas recomendadas pelo
IASB.
Neste captulo d-se a conhecer a situao actual da normalizao contabilstica em
Portugal onde ser possvel concluir que foram criados vrios organismos reguladores
sendo que, actualmente em Portugal, existem cinco organismos normalizadores da
contabilidade: o Banco de Portugal, o Instituto Portugus de Seguros, a CNC, a
Comisso de Mercado de Valores Mobilirios (CMVM) e a Comisso de Normalizao
Contabilstica da Administrao Pblica.
tambm fornecida uma comparao entre os normativo portugus e o normativo do
IASB uma vez que tm sido diversas as matrias objecto de regulamentao
contabilstica, tendo por base as normas do IASB, cujo objectivo contribuir para a
diminuio da distncia entre os dois sistemas normativos.
Neste sentido, apresentada uma comparao entre a Estrutura Conceptual (EC) do
POC, ou seja a que vlida para efeitos de relato administrao fiscal e a EC
preconizada pelo IASB, concluindo-se que, as definies contidas no POC so similares
s que esto estabelecidas na EC do IASB, sendo que este apenas inclui nas
caractersticas das DF a compreensibilidade e a imagem fiel.
Com a adopo das IAS/IFRS ter que ser estudada e devidamente interpretada a IFRS
1, pois ela que d a conhecer todos os ajustamentos e divulgaes a efectuar nas DF
aquando da transposio da informao financeira para o novo normativo.
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O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
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Assim, so tambm abordados neste captulo os principais efeitos nas DF decorrentes da
adopo, em Portugal, das IAS/IFRS, seguindo-se uma apresentao esquemtica
explicativa das diferenas existentes entre o referencial portugus e o normativo do
IASB.
No captulo sexto dada a conhecer a metodologia utilizada de uma maneira geral no
corpo do trabalho, onde utilizada um pesquisa do tipo descritiva assim como a
metodologia utilizada no captulo stimo, que alm de ser descritiva, tambm
exploratria.
Assim, este captulo comea por explicar o planeamento da pesquisa a qual comea e
termina na leitura passando, como bvio, pela recolha e anlise dos dados e
consequente apresentao dos resultados.
O mtodo utilizado para a recolha da informao pretendida foi a entrevista presencial,
utilizando o guio3 como suporte, de forma a obter informao de carcter qualitativo.
Como o estudo emprico ir debruar-se sobre as DF da Sonae Indstria, SGPS, SA
para verificar os principais impactos da adopo das IAS/IFRS por esta importante
Unidade Industrial Portuguesa, est-se perante um estudo de caso.
O captulo termina apresentando uma breve concluso que pretende evidenciar a
importncia da forma como a informao recolhida para um melhor obteno de
resultados.
Por fim, no captulo stimo apresentado um estudo emprico, que mais no do que
um estudo de caso sobre a Sonae Indstria, SGPS, SA, que especificamente pretende
dar a conhecer a forma como esta importante unidade industrial transps para o novo
normativo as suas DF.
3 Ver Anexo I
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Assim, este captulo comea por apresentar uma breve histria da organizao objecto
do estudo de caso, comeando por descrever o grupo em que esta se insere passando
pelos principais marcos histricos assim como descreve as relaes de participao
existentes no Grupo.
Devido mudana para o normativo do IASB, os efeitos patrimoniais reportados data
de transio para as IFRS (1 de Janeiro de 2004) foram muito reduzidos e registados em
capitais prprios. Assim, neste captulo apresentada uma desagregao dos principais
impactos nas contas da Sonae Indstria, SGPS, SA.
Por fim, e antes das concluses so transcritas as entrevistas efectuadas na Sonae
Indstria, SGPS, SA que tiveram por base um guio, j anteriormente referido.
Destas entrevistas foi possvel tirar vrias concluses de entre as quais convm reter que
o processo de transposio para as IAS/IFRS no interior da Sonae Indstria, SGPS, SA
foi difcil isto porque, semelhana do que acontece com a generalidade dos
profissionais de contabilidade portugueses, os recursos humanos efectivos da
organizao possuam muito poucos conhecimentos sobre esta temtica.
Foi tambm concludo com este estudo que este normativo possui muitas vantagens,
poucas desvantagens e algumas lacunas.
O que de mais importante as IAS/IFRS acrescentaram ao normativo contabilstico
portugus foi a uniformizao das contas e clareza em relao a alguns temas que trata e
ajudam obviamente a dar uma maior transparncia de informao aos Stakeholders da
situao econmica da empresa, desde que sejam bem aplicadas.
Por fim concluiu-se que, apesar das aproximaes que tm acontecido entre as
IAS/IFRS e o POC, ainda existe muito a fazer a nvel nacional para que este novo
normativo se torne uma realidade em todas as empresas portuguesas.
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Depois do captulo stimo so apresentadas a concluses da dissertao no captulo
oitavo onde tambm so relatadas as limitaes do estudo e possveis investigaes
futuras.
Posteriormente so apresentados anexos, sendo que no anexo I consta o guio utilizado
para as entrevistas realizadas, nos anexos II e seguintes constam algumas das DF da
Sonae Indstria, SGPS, SA.
Este trabalho termina com a insero de uma lista da bibliografia utilizada ao longo de
toda a dissertao.
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Captulo II
EVOLUO DA CONTABILIDADE EM PORTUGAL,
AO LONGO DAS DCADAS
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Captulo II EVOLUO DA CONTABILIDADE EM PORTUGAL, AO
LONGO DAS DCADAS
2.1 Introduo
Aps o Captulo I, no qual se deu a conhecer em traos gerais esta dissertao,
especificamente os objectivos, o enquadramento do estudo, a justificao do tema, ir
agora comear-se por aprofundar cada um dos objectivos especficos e gerais definidos
a priori.
Nas ltimas dcadas do sculo XX, assistiu-se a uma sucesso de importantes alteraes
econmicas, com amplos reflexos no modo como os pases e as empresas de todo o
mundo se relacionam.
Com este captulo pretende-se analisar as limitaes da contabilidade comeando por
apresentar de que forma ocorreu a evoluo nas ltimas dcadas at se conseguir
uniformizar a linguagem contabilstica.
Neste sentido pretende-se clarificar os conceitos de normalizao e harmonizao assim
como explicar a sua correcta utilizao e aplicao.
tambm pretendido com captulo apresentar os principais organismos reguladores
envolvidos no processo de harmonizao contabilstica.
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O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
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2.2 Necessidade crescente de informao
A contabilidade e como referem Costa e Alves (2005), sofreu um importante
desenvolvimento a partir de 1494, aquando da publicao pelo frade franciscano
italiano Luca Pacioli em Veneza, de uma enciclopdia de matemtica intitulada
Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionilita, onde se inclui o
Tratactus XI Particularis de Computis et Scripturis I das contas e da escriturao4.
Foi neste tratado que se descreveu, pela primeira vez, a forma de escriturar as contas
atravs do mtodo das partidas dobradas, o qual ainda hoje se encontra em vigor na
generalidade dos pases.
Posteriormente em 1874, a contabilidade passou a ser usada para a tributao fiscal na
cidade de Bremeno reinado da Saxnia, mais tarde em 1891 tambm a Prssia seguiu os
passos do reinado da Saxnia.
O objectivo, naquela poca, para a utilizao da contabilidade como meio de tributao
fiscal seria a elaborao de um s balano quer para o mercado de capitais5 quer para as
autoridades fiscais6 (Rodrigues, 2003). Nessa altura adoptava-se a contabilidade na base
de caixa (entradas e sadas monetrias) para fins fiscais e na base do acrscimo
(efectivao do custo ou do proveito) para fins comerciais.
A gnese da contabilidade como refere Borges et al. (2006), explicada pela
necessidade sentida pelo homem em preencher as deficincias da memria, mediante
um processo de classificao e registo, o qual lhe permitisse por um lado recordar
facilmente as variaes sucessivas de determinadas grandezas e por outro construir
meio de prova entre partes discordantes ou de litgio.
O grande desenvolvimento dos princpios contabilsticos, tal como so conhecidos hoje,
deveu-se fundamentalmente revoluo industrial, pois foi devido a esta revoluo que
se deu o desenvolvimento das unidades de produo capitalistas, as quais determinaram
4 Escriturao a linguagem pela qual se exprime a contabilidade 5 Bolsa de valores 6 Entidades a quem era devido o tributo (imposto)
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O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
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o aperfeioamento dos mtodos contabilsticos. Passou a existir uma utilizao
crescente de recursos materiais, financeiros e humanos tornando-se inadequada a
contabilidade tradicional (Costa e Alves, 2005).
Desta forma, a contabilidade que inicialmente tinha um papel de natureza jurdico,
transformou-se progressivamente numa fonte de informaes, uma vez que podia
facultar a todo o momento o conhecimento da situao do comerciante assim como o
andamento do seu negcio.
No passado a contabilidade era, no entender de um grande nmero de autores (e ainda
hoje considerada por muitos como tal), uma tcnica cuja finalidade era descrever e
registrar os factos patrimoniais ocorridos, com o fim de conhecer: a posio
devedora/credora da empresa em relao aos que com ela transaccionam, composio e
valor do patrimnio, custo dos bens ou servios vendidos, origem/causa dos encargos e
rendimentos, a natureza e importncia dos resultados assim como a responsabilidade
dos diversos agentes obrigados a prestar contas dos valores a si consignados (Borges et
al., 2006).
Com o surgimento de grupos de empresas, sociedades de capitais e o recurso ao crdito,
a contabilidade comeou a assumir um papel de relevo para diferentes entidades
nomeadamente, accionistas, credores e financiadores. Assim, actualmente s empresas
no interessa apenas o registo histrico dos factores patrimoniais mas tambm uma
previso do futuro, a qual conseguida pelos dados fornecidos pela contabilidade.
Desta forma a contabilidade que era entendida apenas como um elemento de simples
recolha e interpretao de dados histricos passou a ser vista como uma tcnica
eficiente de gesto (Borges et al., 2006).
Actualmente, podem-se agrupar os pases em: pases chamados de direito romano, onde
as empresas se financiam essencialmente atravs de recursos externos, nos quais as leis
so pormenorizadas, onde a fiscalidade e a cultura exercem uma forte influncia sobre a
contabilidade (exemplo: Frana, Alemanha, Portugal, Japo e outros); e os do
denominado direito comum, onde os recursos prprios possuem um papel muito
importante no financiamento das empresas, onde as isenes fiscais so obtidas
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O Impacto Decorrente da Adopo das Normas Internacionais de Relato Financeiro Caso da Sonae Industria, SGPS, SA .
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independentemente do sistema de contabilidade aplicado, a influncia da fiscalidade na
contabilidade mnima e a contabilidade emana da profisso. So exemplos dos pases
de direito comum os Estados Unidos da Amrica (EUA) e o Reino Unido (Rodrigues,
2003).
Com a economia globalizada7 em que se vive actualmente, no podem existir diferentes
contabilidades conducentes a diferentes resultados, consoante o pas onde a empresa se
encontra sedeada. Alm do mais, a contabilidade permite vrias alternativas que
originam diferenas significativas nos resultados e consequentemente na situao
financeira da empresa dependendo da interpretao dada s normas contabilsticas
existentes no pas onde a empresa possui a sua sede (Costa e Alves, 2005).
A utilizao da contabilidade para a tomada de deciso, apesar de ser uma tcnica
eficiente de gesto, apresenta algumas limitaes, entre elas o facto de reflectir o
passado enquanto que o que interessa aos utentes so os fluxos de caixa futuros. A
contabilidade continua a dar nfase ao relato e divulgao de situaes passadas
(informao histrico financeira), enquanto que os utentes das DF gostariam tambm de
receber informao prospectiva e informao no financeira.
Neste sentido convm salientar a importncia do anexo ao balano e demonstrao
dos resultados (ABDR) e o relatrio de gesto os quais representam um papel
importante no desenvolvimento qualitativo da informao financeira. A sua funo
fornecer informao relevante para os utentes dos documentos de prestao de contas
permitindo-lhes prever como a empresa se ir comportar no futuro (Rodrigues, 2003).
Assim, seguindo a mesma linha de pensamento, a contabilidade possui efectivamente
vrias limitaes pois no reflecte o valor das empresas, embora constitua um ponto de
partida para se poder determinar esse valor, no trata o custo do capital investido pelos
accionistas e no reflecte adequadamente o valor do capital intelectual da empresa.
7 Pode dizer-se que a globalizao um processo complexo que surgiu no seguimento do crescente capitalismo
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A proliferao de negcios multinacionais e o incremento da formao e exigncia do
investidor, vem acrescentar um novo dinamismo necessidade de uma convergncia
global das normas contabilsticas e o surgimento inevitvel da normalizao
contabilstica (Ferreira e Santos, 2003).
2.2.1 Normalizao Contabilstica
Com a crescente complexidade da estrutura das unidades econmicas, cada vez mais se
sentiu a necessidade de definir um conjunto de regras, mais ou menos uniformes que
permitissem o registo de todos os factos que, de uma forma ou de outra, fossem comuns
generalidade das empresas, independentemente da actividade desenvolvida. Surge
assim a denominada normalizao contabilstica.
Recorrendo ao dicionrio da lngua portuguesa encontra-se que o significado da palavra
normalizao diz respeito :
() regulamentao por entidade ou instituio oficialmente autorizada de
nomenclatura, notaes, definies, tcnicas operatrias, (), com o fim de
obter uniformidade de critrios e padres que facilitem as relaes no
domnio da tcnica ()8
Assim, na noo de normalizao contabilstica est contida a preocupao de
uniformidade pois at o Ferreira (1984) a define como sendo a uniformizao da
terminologia, da conceituao, dos critrios e dos procedimentos contabilsticos, ao
referir que aquela compreende:
() todas as aces tendentes a criar um todo coerente de organizao
contabilstica uniforme com exigncias diversas que comeam na
terminologia e conceituao prosseguindo na escolha de esquemas e regras
de contabilizao uniformemente adoptadas e culminando na elaborao de
8 Dicionrio da Lngua Portuguesa, 8 Edio. Porto Editora. P. 1159.
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modelos, onde, em sntese, se representam fluxos ou correntes de valor ()
e saldos ou situaes finais. (Ferreira, 1984, p. 25 e 26).
Pode assim inferir-se que normalizao consiste na necessidade de definir regras nicas
relativamente aos diferentes aspectos das polticas contabilsticas, nomeadamente o
nome, mbito e funcionamento das contas, os critrios de valorimetria, os chamados
princpios da contabilidade e tambm os modelos de demonstraes contabilsticas.
2.2.2 Harmonizao Contabilstica
Recorrendo novamente ao dicionrio da lngua portuguesa, verifica-se que a
harmonizao significa conciliao e que esta significa concordncia, acordo de
partes desavindas9, ou seja consenso e no uniformizao.
Em concordncia com o dicionrio da lngua portuguesa, Tas (1992, p. 45), define
harmonia como () um estudo em que existe um certo grau de coordenao entre dois
ou mais assuntos.
Urge ento definir este conceito de forma a ser percebido claramente a diferena
relativamente ao de normalizao contabilstica.
A noo mais completa poder ser encontrada no 3. do prembulo da 4. directiva
(78/660/CEE), ou seja, da directiva relativa s contas anuais de certas formas de
sociedade. Esta directiva assume claramente o seu carcter harmonizador ao afirmar que
pretende () estabelecer na Comunidade regras jurdicas equivalentes mnimas quanto
ao mbito das informaes financeiras a divulgar junto do pblico por sociedades
concorrentes.
9 Dicionrio da Lngua Portuguesa, 8 Edio. Porto Editora. P. 855 e 399 respectivamente.
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Garrido e Sanabria (2001), ainda diferenciam a harmonizao formal e material.
Enquanto que a harmonizao formal refere-se aos avanos alcanados no mbito do
normativo para atingir uma maior comparabilidade das demonstraes financeira, a
harmonizao material consiste nos esforos empreendidos no mbito das DF
elaboradas pelas empresas, atravs da aplicao de determinadas prticas ou tratamentos
contabilsticos.
Pode assim inferir-se que enquanto na normalizao todos os aspectos da funo tcnica
contabilstica, no so deixados ao acaso isto , ao livre arbtrio do profissional, na
harmonizao impem-se regras apenas quanto aos aspectos verdadeiramente
importantes, deixando ao profissional as decises sobre aspectos menores, como por
exemplo o nome das contas (Ferreira, 2004).
Numa outra perspectiva, a normalizao definida como o movimento no sentido da
uniformidade global enquanto que harmonizao entendida como um processo em que
se avana no sentido da diversidade para a comparabilidade (Garrido e Sanabria, 2001).
2.3 Apresentao de organismos reguladores
Foram diversos os organismos envolvidos no processo de harmonizao contabilstica
quer nacional quer internacional, quer atravs da emisso de normas quer atravs de
outras formas de regulamentao. Estes organismos podem ser classificados: tendo em
conta o seu alcance mundial, ou regional; de acordo com a sua natureza que pode ser
pblica, isto , sustentada no direito internacional pblico, ou ento privada, isto
emitida por organizaes profissionais de contabilidade sem instrumentos jurdicos que
garantam a sua aplicao, de acordo com o apresentado no quadro 2.1 (Leinz, 2001;
Pereda, 2000).
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Quadro 2.1 Organismos Envolvidos no Processo Harmonizador
Organismos de Alcance Mundial Organismos de Alcance Regional
Carcter Pblico Carcter Pblico OCDE (Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico) UE (Unio Europeia)
ONU (Organizao das Naes Unidas) MERCOSUR (Mercado Comn del Sur) OMC (Organizao Mundial do Comrcio)
Carcter Privado Carcter Privado IFAC (International Federation of Accounts)
FEE (Federation des Experts Comptables Europens)
IFAD (International Forum on Accountancy Development)
IAA (International accounting Association)
IASB (International Accounting Standards Board)
CAPA (Confederation of Asian and Pacific Accountants)
ASEAN (Association of Southeast Asian Nations)
ECSAFA (Eastern Central and Southern African Accounts)
IRFAA Eurasia (International Regional Federation of Accountants and Auditors)
Fonte: Adaptado de Lanez (2001)
Dois destes organismos tiveram uma actuao decisiva no processo de harmonizao
contabilstica europeia e, em particular, no desenvolvimento da contabilidade em
Portugal. Foram eles, a Unio Europeia pelo carcter vinculativo das suas normas nos
estados-membros, e o IASB, pelo crescente reconhecimento da qualidade das suas
normas ao nvel internacional, que acabou por influenciar o desenvolvimento dos
normativos nacionais.
Neste sentido, importantes organizaes regionais e globais, como a Unio Europeia, a
(Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico) OCDE, o IFAC e
(Organizao das Naes Unidas) ONU, abdicaram da emisso de qualquer norma de
contabilidade cujo carcter fosse regional, passando a reconhecer o importante papel do
IASB como principal organismo emissor de NIC. No entanto, o IASB continua a
receber o permanente apoio da International Organization of Securities Commissions
(IOSCO) assim como do mercado de capitais com um maior nmero de empresas
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estrangeiras cotadas s quais exigida a utilizao das normas internacionais na
elaborao das suas DF (Rodrigues e Guerreiro, 2004).
Os mercados de capitais esto a exigir actualmente, normas contabilsticas de elevada
qualidade. Assim, e de acordo com Rodrigues (2000), estas normas devem ser
caracterizadas por:
Constituir um conjunto de procedimentos contabilsticos, baseados na teoria da
contabilidade, na EC (a descrever no Captulo V desta dissertao) da
contabilidade financeira e que proporcione informao relevante e fivel.
Promover a comparabilidade e a transparncia da informao contabilstica e
proporcionar uma divulgao completa de todos os factos patrimoniais.
Evitar ou reduzir os procedimentos contabilsticos alternativos.
Serem claras e de fcil compreenso pelos contabilistas.
2.3.1 Principais marcos histricos dos organismos reguladores
Em 1973, foi criado o IASC como consequncia de acordos entre rgos reguladores da
contabilidade da Austrlia, Alemanha, Canad, Frana, Japo, Mxico, Holanda, Reino
Unido, Irlanda e EUA.
De acordo com a sua constituio, este organismo tinha dois objectivos a seu cargo.
Assim, pretendia por um lado, formular e publicar normas de contabilidade, tendo em
conta o interesse pblico, para serem observadas na apresentao de DF e promover a
sua aceitao e observncia a nvel mundial. Por outro lado, tinha tambm como
objectivo trabalhar para melhorar a harmonizao da regulao contabilstica, das
normas de contabilidade e procedimentos relativos apresentao das DF (Rodrigues,
2003).
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As normas emitidas pelo IASC denominavam-se IAS e, em Portugal, as IAS eram
normalmente designadas por NIC.
Em 1997, foi criado o Standing Interpretations Committee (SIC), com o objectivo de
emitir interpretaes das normas. Estas interpretaes eram tambm designadas por
SIC.
Mais tarde, em 2001, o IASC deu lugar ao IASB e as normas passaram a denominar-se
IFRS.
A alterao de IAS para IFRS, envolveu uma mudana de fundo pois enquanto que os
IAS abrangem apenas a contabilidade as IFRS passaram a abranger tambm o relato
financeiro10.
Tambm em 2001 o SIC deu lugar ao IFRIC, o qual tem a seu cargo: interpretar a
aplicao das IFRS e proporcionar orientao sobre assuntos de relato financeiro no
tratados directamente por qualquer IFRS, publicar minutas das interpretaes para
apreciao pblica, reportar ao Board, obter aprovao do mesmo para as interpretaes
na sua forma final e, por fim desenvolver outras tarefas a pedido do Board.
De uma forma resumida os principais organismos reguladores podem ser analisados,
esquematicamente, no quadro 2.2.
10 De notar que as IAS emitidas (tendo sido a ltima a IAS 41) no passaram a denominar IFRS. As novas
normas que so denominadas IFRS. Desta forma, coexiste a IAS 1 e a IFRS 1.
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Quadro 2.2 Principais Organismos Reguladores
1973 IASC Formular e publicar normas de contabilidadePromover a sua aceitao e observncia a nvel mundialMelhoria e harmonizao da regulao contabilstica, normas decontabilidade e procedimentos relativos apresentao das DF
1997 SIC Emitir interpretaes das normas que eramdesignadas por SIC
2001 IASB IASC deu lugar ao IASB e as normas passaram a denominar-se IFRSAbrangem tambm o relato financeiro
2001 IFRC O SIC deu lugar ao IFRC
Fonte: Autora
DATA ORGANISMO FUNO
2.4 Mudanas no normativo contabilstico Portugus
Em 1974, por despacho de 27 de Fevereiro, foi criada uma comisso que ficou
responsabilizada pela implementao da normalizao contabilstica no pas. O
objectivo principal do trabalho desta comisso residia na definio dos documentos
finais de apresentao de contas atravs da elaborao de um conjunto normalizado de
quadros e respectivos anexos. Contudo, constatou-se que seria til a elaborao de um
quadro e uma lista de contas.
A normalizao contabilstica em Portugal no tem muitas dcadas e pode subdividir-se
em quatro etapas.
A primeira etapa decorreu de 1976 at 1988. Foi marcado pela publicao do primeiro
Plano Oficial de Contabilidade (POC), aprovado pelo decreto-lei 47/77 de 7 de
Fevereiro, o qual foi fortemente influenciado pela normalizao contabilstica francesa e
pela criao da CNC (Ferreira, 1998).
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Com a reforma fiscal, principalmente no que respeita ao Cdigo da Contribuio
Industrial, aprovado pelo decreto-lei n. 45103, de 1 de Julho de 1963, e legislao
sobre fiscalizao das sociedades annimas, este perodo foi decisivamente marcado.
Verificou-se, neste perodo, uma grande evoluo ao nvel da determinao dos custos e
proveitos de cada exerccio e ainda no que respeita elaborao dos documentos de
publicao obrigatria.
Quanto aos critrios de avaliao dos elementos patrimoniais ou uniformidade na
aplicao desses critrios e dos principais princpios contabilsticos, nada era referido
no POC publicado nesta etapa.
O POC de 1977 (1 Plano Oficial de Contabilidade em Portugal) foi um elemento
primordial na normalizao contabilstica a nvel nacional e foi com ele que deu inicio
primeira etapa da normalizao contabilstica.
A segunda etapa decorreu de 1989 at 1991 e caracterizou-se pela obrigatoriedade de
ajustamentos dos normativos nacionais 4. directiva (78/660/CEE) e 7. directiva
(83/349/CEE) na sequncia da adeso de Portugal Comunidade Europeia, em 1986.
Como resultado destes ajus