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Monitoramento do desempenho social e trabalhista Bompreço Supermercados do Nordeste - Royal Ahold INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL Av. Mauro Ramos, 1624, sala 202 - Centro Florianópolis (SC) – CEP 88020-302 Fone: (48) 3028-4400 E-mail: [email protected] Web site: www.observatoriosocial.org.br
Florianópolis Maio de 2004
INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL
MONITORAMENTO DO DESEMPENHO SOCIAL E TRABALHISTA
BOMPREÇO SUPERMERCADOS DO NORDESTE - ROYAL AHOLD
FLORIANÓPOLIS
MAIO/2004
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INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL
CONSELHO DIRETOR Presidente: Kjeld A. Jakobsen (CUT) João Vaccari Neto (Secretaria de Relações Internacionais, CUT ) Rosane da Silva (Secretaria de Políticas Sindicais, CUT) Artur Henrique dos Santos (Secretaria de Organização, CUT) José Celestino Lourenço (Secretaria Nacional de Formação, CUT) Maria Ednalva B. de Lima (Secretaria da Mulher Trabalhadora, CUT) Gilda Almeida de Souza (Secretaria de Políticas Sociais, CUT) Antonio Carlos Spis (Secretaria de Comunicação, CUT) Wagner Firmino Santana (DIEESE) Mara Luzia Feltes (DIEESE) Francisco Mazzeu (UNITRABALHO) Silvia Araújo (UNITRABALHO) Tullo Vigevani (CEDEC) Maria Inês Barreto (CEDEC)
DIRETORIA EXECUTIVA Kjeld A. Jakobsen: Presidente Artur Henrique dos Santos (SNO/CUT) Ari Aloraldo do Nascimento (CUT) Carlos Roberto Horta (UNITRABALHO) Clemente Ganz Lúcio (DIEESE) Clóvis Scherer (Coordenador Técnico) Maria Inês Barreto (CEDEC) Maria Ednalva B. de Lima (SNMT/CUT) Odilon Luís Faccio (Coordenador de Desenvolvimento Institucional)
COORDENAÇÃO TÉCNICA Arthur Borges Filho: Coordenador Administrativo Clóvis Scherer: Coordenador Técnico Maria José H. Coelho: Coordenadora de Comunicação Odilon Luís Faccio: Coordenador de Desenvolvimento Institucional Pieter Sijbrandij: Coordenador de Projetos Ronaldo Baltar: Coordenador do Sistema de Informação
EQUIPE TÉCNICA Coordenação Geral: Clóvis Scherer Pesquisadora: Ana Margaret Simões
Revisão gramatical e ortográfica: Jane Maria Viana Cardoso
Pesquisa realizada de março a maio de 2004.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................1
2 MÉTODOS EMPREGADOS NO ESTUDO .........................................................2
2.1 A EMPRESA – DADOS ATUALIZADOS........................................................4
2.2 A VENDA DA REDE BOMPREÇO ..................................................................6
3 A AÇÃO SINDICAL PÓS-PESQUISA...............................................................11
4 RESULTADO DA PESQUISA............................................................................12
4.1 LIBERDADE SINDICAL.......................................................................................................12
4.2 NEGOCIAÇÃO COLETIVA..................................................................................................13
4.3 SAÚDE E SEGURANÇA .......................................................................................................16
5 CONCLUSÕES ....................................................................................................18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................20
1
1 INTRODUÇÃO
Após um ano da publicação do Relatório de Pesquisa sobre o comportamento
social e trabalhista da empresa Bompreço S/A Supermercados do Nordeste, divulgado
em fevereiro de 2003, o Observatório Social decidiu avaliar as mudanças ocorridas na
empresa e em sua conduta desde então. Este relatório de monitoramento apresenta as
conclusões dessa avaliação. Os pontos críticos identificados na Pesquisa anterior
foram priorizados neste monitoramento, que também enfocou, pela sua relevância, o
processo de venda da rede Bompreço.
Este relatório está composto por cinco seções: a primeira expõe os métodos
empregados neste estudo de monitoramento, a segunda apresenta informações
financeiras e operacionais da Empresa e, também, informações sobre o processo de
venda da Bompreço; a terceira parte trata da ação sindical no período; e a última seção
trata dos temas sociais e trabalhistas na empresa: liberdade sindical, negociação
coletiva, e saúde e segurança no trabalho. As Conclusões encerram o documento.
2
2 MÉTODOS EMPREGADOS NO ESTUDO
Este estudo tomou como ponto de partida os pontos críticos identificados no
Relatório sobre o Comportamento Social e Trabalhista da Bompreço S/A
Supermercados do Nordeste, publicado em fevereiro de 2003.
O objetivo é verificar qual a situação atual e se as ações realizadas pela
Empresa e pelos sindicatos de trabalhadores foram capazes de resolver ou amenizar
esses pontos críticos. Foram atualizadas, também, as informações relativas ao perfil da
empresa e ao nível de emprego.
Além disso, a pesquisa atual aborda um assunto ausente no relatório anterior,
mas que merece destaque: a venda da rede Bompreço para a multinacional americana
Wal-Mart. Desde 2002, quando foi anunciada, pela Royal Ahold, a intenção de vender
a rede brasileira, os sindicatos vêm manifestando sua preocupação com o impacto de
tal medida sobre os empregos e as condições de trabalho. Por esse motivo, a venda da
empresa, também, se encontra aqui considerada como um ponto crítico.
Para a atualização das informações foram consultados sítios na internet, tais
como o do Bompreço e o da Associação Brasileira de Supermercados(ABRAS), e a
imprensa local, regional e nacional. Foram realizadas seis entrevistas com sindicalistas
de seis entidades sindicais representativas dos empregados do Bompreço: Sindicato
dos Empregados no Comércio da Cidade do Salvador-Ba; Sindicato dos Empregados
no Comércio de Aracaju-SE; Sindicato dos Empregados do Comércio de Campina
Grande-PB; Sindicato dos Empregados no Comércio de Natal-RN; Sindicato dos
Empregados no Comércio de Teresina-PI; e Sindicato dos Empregados no Comércio
de Fortaleza-CE. O estudo também se baseou em pesquisa documental junto ao
Sindicato dos Comerciários de Salvador – Convenção e Acordo Coletivo, Ações e
Denúncias na DRT-BA e no Ministério Público do Trabalho, e rescisões dos
empregados da Bompreço homologadas no Sindicato de Salvador.
3
O Instituto Observatório Social (IOS) solicitou que a Empresa colaborasse
com a pesquisa, designando representantes que pudessem ser entrevistados, mas a
resposta foi negativa. A direção da empresa argumentou que naquele momento não
havia pessoa disponível para conceder entrevista, dado o acúmulo de trabalho
decorrente dos processos de ajuste interno para a nova situação organizacional, e que
as matérias publicadas na imprensa continham todas as informações relevantes.
A não participação da Empresa impediu que fossem obtidos dados
atualizados relativos ao desempenho econômico e ao número de empregos.
Pela falta da entrevista com a Empresa, o estudo conta apenas com as
informações fornecidas pelos sindicatos e pela imprensa.
QUADRO 1 - PONTOS CRÍTICOS POR TEMA - PESQUISA OBSERVATÓRIO SOCIAL FEV-2003.
Venda da Bompreço - Nível de Emprego - Relação com os Sindicatos, Empregados e Comunidade durante o processo de venda
Liberdade Sindical - Demissão de Dirigentes em Salvador - Dificuldade de acesso para realização do trabalho sindical – em vários estados - Não repasse da Taxa Assistencial em Aracaju
Negociação Coletiva
- Jornada excessiva de trabalho - Abertura em domingos e feriados - Banco de horas – excesso no uso, desaparecimento de horas - Descumprimento de cláusulas das CC - Não negociação de PLR e PCS - Não pagamento do adicional por quebra de caixa x punição ao empregado - Plano de saúde com avaliação ruim, condições não são negociadas
Saúde e Segurança no Trabalho
- Problemas de Saúde – alta incidência de LER/DORT e outras x insuficiente ação da Empresa
Fonte: observatório social
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2.1 A EMPRESA – DADOS ATUALIZADOS
A rede Bompreço mantém 119 lojas nos 9 estados do Nordeste, com uma
maior concentração nos estados da Bahia (44,5%) e de Pernambuco (30,9%), em
situação idêntica à apresentada no relatório anterior.
Segundo informações do Ranking da ABRAS, a Bompreço ocupava, em
2001, a 4ª posição no setor de supermercados. Em 2002, passou para a 3ª posição,
refletindo a aquisição de nove lojas da Rede Luzitana (São Luís/MA), em setembro de
2002.
O faturamento bruto da rede, no ano de 2002, foi de RS 3.522 milhões.
Comparando com o ano de 2001, R$ 3.223 milhões, houve um aumento da ordem de
R$ 300 milhões. Os quadros abaixo apresentam, respectivamente, informações da
ABRAS para os anos 2001 e 2002, o que permite fazer comparações.
TABELA 1 – AS 10 MAIORES EMPRESAS DE SUPERMERCADOS, SEGUNDO O RANKING ABRAS – BRASIL
– INDICADORES SELECIONADOS – 2001 (1)
Empresas Lojas Funcionários
Faturamento Bruto (em milhões de
R$)
Faturamento p/
funcionário (em R$)
Funcionários por 100 m2
Companhia Brasileira de Distribuição 443 52.060 9.857,5 189.349 6 Carrefour Com. Ind. Ltda 227 45.424 9.236,7 203.344 4 Sonae Dist. Brasil S/A 168 21.028 3.411,4 162.232 5 Bompreço S/A Superm. do NE 110 19.344 3.222,6 166.593 6 Sendas S/A 84 14.417 2.622,1 181.876 7 Wal-Mart Brasil Ltda 22 6.828 1.482,9 217.179 4 Sé (Jerónimo Martins Dist Ltda)(1) 62 6.984 1.043,7 149.433 7 CIA Zaffari Com. e Ind. 22 6.850 838,6 122.426 7 G. Barbosa Comercial Ltda 35 5.764 730,7 126.765 9 Coop Cooperat. de Consumo 17 3.188 639,5 200.584 7 Fonte: ABRAS. Ranking Abras, 2001. In: .http://www.abrasnet.com.br/; visitado em 18/05/2004 Elaboração: Instituto Observatório Social
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TABELA 2 – AS 10 MAIORES EMPRESAS DE SUPERMERCADOS, SEGUNDO O RANKING ABRAS – BRASIL – INDICADORES SELECIONADOS – 2002
Empresas (1) Lojas Funcionários (2)
Faturamento Bruto (em milhões de
R$) em 2002
Faturamento p/
funcionário (em R$)
Funcionários por 100 m2
Companhia Brasileira de Dist 500 57.698 11.668,66 201.538 6 Carrefour Com. Ind. Ltda 270 46.171 10.070,76 218.119 5 Bompreço S/A Superm. do NE 119 17.748 3.342,52 188.332 5 Sonae Dist. Brasil S/A 160 19.994 3.341,91 167.146 4 Sendas S/A 84 12.201 2.526,81 207.098 5 Wal-Mart Brasil Ltda 22 6.247 1.704,59 272.865 3 CIA Zaffari Com. e Ind. 23 6.950 1.040,11 149.441 7 G. Barbosa Comercial Ltda 32 5.762 807,67 140.171 10 Coop Cooperat. de Consumo 20 3.462 753,38 217.615 6 Irmãos Bretas, Filhos e CIA 35 5.022 662,80 131.980 7 Fonte: Anuário Estatístico Abras, 2002 Elaboração: Instituto Observatório Social (1) No ano de 2002, a CIA Brasileira de Distribuição adquiriu as 60 lojas de bandeira Sé Supermercados (Jerônimo Martins Dist. Brasil Ltda) que, em 2001, ocupava o 7º lugar no Ranking da Abras. (2) O número de empregados para o ano de 2002 no Ranking da Abras (17.748) difere daquele fornecido pela empresa por ocasião da pesquisa anterior (21.823), também, para o ano 2002.
Quatro movimentos podem ser verificados na Bompreço, comparando os
dois anos: aumento de 3,7% no faturamento bruto, queda de 8,3% no número de
empregados1, conseqüentemente, aumento de 13,1% no faturamento por empregado, e
queda no número de funcionários por 100 metros quadrados. Esses números parecem
justificar a preocupação dos sindicatos quanto às demissões efetivadas pela empresa
nos anos de 2001 e 2002.
1 O número de empregados, para o ano de 2002, no Ranking da ABRAS (17.748) difere daquele fornecido pela empresa por ocasião da pesquisa anterior (21.823), também para o ano 2002. Por esse motivo, a comparação foi feita a partir dos dados da ABRAS para os dois anos, considerando que, provavelmente, foi utilizada a mesma base em cada ano para medir o número de empregados, sendo assim, a análise não fica prejudicada.
6
2.2 A VENDA DA REDE BOMPREÇO
A Bompreço, que estava sob controle da multinacional holandesa Royal
Ahold, a partir do mês de março de 2004, passou ser controlada pela norte-americana
Wal-Mart. Este fato foi o desfecho de um processo de venda da rede que teve início na
segunda metade de 2002, quando a Ahold foi protagonista de um escândalo contábil:
em fevereiro de 2003, anunciou que as receitas de uma de suas subsidiárias nos
Estados Unidos tinham sido artificialmente infladas nos balanços de 2001 e 2002 em,
pelo menos, US$ 500 milhões. Com isso, estava revendo, para baixo, suas projeções
de lucros para o ano passado, além da queda já prevista anteriormente. O anúncio
provocou uma redução acelerada do valor das ações da Ahold nos mercados acionários
da Europa e dos EUA, e foi seguida por especulações quanto à venda de ativos. Desde
aquele período, foi aventada a possibilidade de venda de ativos, confirmada em abril
de 2003, quando a Royal Ahold anunciou publicamente a intenção de se desfazer de
investimentos na América Latina.
Com a notícia da disposição da Ahold em desfazer-se da Bompreço,
instalou-se, entre os representantes dos trabalhadores, a preocupação com a
manutenção dos empregos e dos direitos adquiridos. O Fórum dos Comerciários do
Nordeste solicitou uma reunião com a direção da rede no Brasil, na tentativa de obter
esclarecimentos e, também, algumas garantias.
Esta reunião ocorreu em julho de 2002 e, segundo a avaliação dos próprios
representantes do Fórum, o êxito foi pequeno , pois a reunião teria sido pouco
esclarecedora e nenhuma garantia foi dada. O momento era tenso e confuso, também,
para os representantes da empresa.
Nesse mesmo período, estava sendo finalizado o Relatório da Bompreço,
fruto de um projeto de pesquisa, elaborado pelo Instituto Observatório Social. O
Projeto Observatório Social Europa promoveu uma atividade de Intercâmbio Sindical,
que levou representantes do Fórum dos Comerciários do Nordeste a uma visita à
Holanda. Nessa visita, os representantes do Fórum tiveram a oportunidade de trocar
7
informações com dirigentes sindicais da matriz da Ahold e de outros países, Polônia e
República Tcheca, nos quais pesquisa semelhante à realizada no Brasil havia sido
feita..
Nesta visita, os sindicalistas, também, foram recebidos por diretores e
gerentes mundiais da Ahold. Na ocasião, os representantes do Fórum expressaram as
suas preocupações com o número de demissões que vinham ocorrendo nos últimos
anos na empresa. Embora nenhuma garantia formal tenha sido dada, a posição oficial
era de que não haveria demissões na empresa, além daquelas que normalmente
ocorrem e os sindicatos seriam informados de todos os eventuais impactos advindos da
futura venda. Segundo os diretores dos sindicatos, depois desse período, diminuiu o
número de demissões na Bompreço.
Na tentativa de avaliar essa questão, foi feito um levantamento das
demissões ocorridas nos anos de 2001, 2002, 2003 e 2004 (janeiro e fevereiro). Esse
intervalo cobre o período que vai de um ano antes de anunciada a intenção de venda
até o mês da sua efetivação. Foi impossível fazer esse levantamento em todos os
sindicatos da base da Bompreço, tendo sido selecionado o sindicato de Salvador, por
estar concentrado nessa Capital um maior número de lojas da rede (36% do total).
Esse levantamento merece duas ressalvas, primeiro é que só são
homologadas nos sindicatos as rescisões dos trabalhadores que contam com mais de
um ano de vínculo empregatício; segundo, que esses resultados consideram apenas as
demissões e não as contratações, ou seja, eles não determinam se houve ou não
diminuição do estoque de funcionários ativos na Empresa em cada um dos anos.
As informações da Tabela 3 demonstram que a queda no número de
homologações no ano de 2003 foi bastante significativa, representando menos 54%
relativamente ao ano anterior. O número de demissões por iniciativa do empregador
(sem justa causa), em 2002, foi praticamente igual ao do ano anterior. Isso,
aparentemente, leva a conclusão de que, tanto em 2002 quanto em 2003, não houve
um processo de ajuste via demissões em preparação para a venda da companhia.
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TABELA 3 – HOMOLOGAÇÕES DOS EMPREGADOS DA BOMPREÇO, FEITAS NO SINDICATO DOS COMERCIÁRIOS DE SALVADOR-BA, 2001, 2002, 2003 E JANEIRO E FEVEREIOR DE 2004
2001 2002 2003 2004
MESES Sem Justa Causa
A Pedido Sem Justa Causa
A Pedido Sem Justa Causa
A Pedido Sem Justa Causa
A Pedido
Janeiro 12 7 3 16 2 4 1 1
Fevereiro 127 5 145 13 - - 2 -
Março 92 4 84 17 - 1
Abril 94 8 110 16 - -
Maio 141 14 70 10 - 3
Junho 94 8 107 18 77 5
Julho 85 9 23 10 81 5
Agosto 70 4 78 20 96 7
Setembro 55 10 73 6 22 4
Outubro 82 5 71 14 74 6
Novembro 27 8 103 6 85 1
Dezembro 176 12 162 10 71 3
TOTAL 1.052 94 1.029 156 508 39 3 1 Fonte: Homologações – Sindicato dos Comerciários de Salvador- BA Elaboração: Instituto Observatório Social
Para uma afirmação segura nesse sentido, seria necessário, contudo, dispor
do número preciso de admissões e demissões nesse período, o que não foi
disponibilizado pela Empresa.
Ainda com o intuito de observar o comportamento da Empresa, durante o
processo de venda, esse assunto foi abordado nas entrevistas com os diretores dos
sindicatos. As opiniões foram unânimes em afirmar que a Empresa foi pouco
transparente, pois com exceção da reunião realizada em julho de 2002, não houve
iniciativa da Empresa em procurar os sindicatos para prestar esclarecimentos sobre
esse processo, ou mesmo informá-los através de material escrito. Inclusive, os
sindicatos foram informados sobre a concretização da venda através da imprensa e do
IOS.
Para os entrevistados, a Empresa não permitiu a participação de seus
empregados no processo de venda, parte potencialmente mais afetada numa mudança
como esta, e de seus representantes. Também consideram que a mesma não
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disponibilizou informações no tempo devido, como sugerem as Diretrizes da OCDE
para Empresas Multinacionais, para que se pudesse buscar alternativas para mitigar
eventuais efeitos adversos de suas medidas.
O Fórum dos Comerciários do Nordeste já solicitou ao Ponto de Contato
Nacional das Diretrizes da OCDE, no Brasil, que realize uma reunião com a
participação da Bompreço e a Wal-Mart, para discutir, entre outras coisas, a
manutenção dos empregos e dos direitos trabalhistas.
O fato é que a rede Bompreço foi adquirida pela Wal-Mart, maior empresa
varejista do mundo, com uma rede de 4.906 lojas, espalhadas em 11 países, que
atendem a 138 milhões de clientes, e emprega mais de 1,3 milhões de trabalhadores
em todo o mundo.
No Brasil, com a aquisição da rede Bompreço, o grupo passa da 6ª para a 3ª
posição no Ranking da ABRAS. Aos seus 7.000 funcionários, distribuídos em 25 lojas
espalhadas em quatro estados brasileiros, unem-se mais de 20.000 mil funcionários e
119 lojas da Bompreço, espalhadas por outros nove estados. Esta aquisição marca duas
novas investidas da Wal-Mart, primeiro a aquisição de rede, modificando sua política
de expansão no Brasil que, até então, vinha sendo realizada lentamente através de
aberturas de lojas próprias e, também, a sua entrada no mercado do Nordeste.
Nas declarações públicas, o presidente da Wal-Mart Brasil, Vicente Trius,
afirmou que o Grupo Wal-Mart continuará com a sua sede em São Paulo e manterá o
escritório central do Bompreço, em Recife, garantiu que irá manter os mais de 20 mil
funcionários da rede nordestina, seus fornecedores e a bandeira Bompreço.
Entretanto, até o presente momento, passados mais de dois meses da venda,
nem a Bompreço nem a Wal-Mart estabeleceu contatos com os sindicatos. Informados
pelos trabalhadores, os sindicalistas sabem que a direção da Wal-Mart já vem
visitando algumas unidades, apresentando a Empresa através de vídeo e distribuindo o
seu Código de Ética Não Gerencial.
O Código de Ética não Gerencial da Wal-Mart está dividido em 2 grupos:
Ética Pessoal e Ética Comercial / Profissional. Cada uma desses grupos conta com
10
itens específicos (total de 18) que visam disciplinar o comportamento do funcionário
no ambiente de trabalho, a sua conduta social, e o seu relacionamento com clientes,
colegas, superiores, fornecedores e imprensa. O conteúdo dos itens, em sua maioria,
versa sobre os deveres dos funcionários e as suas proibições. Apesar de dispositivos
que afirmam a igualdade de oportunidades, a proibição do assédio e de atos
discriminatórios, o Código não faz menção aos direitos fundamentais da liberdade
sindical e da negociação coletiva2.
2 Os demais itens são: Ética Pessoal - Emprego de Parentes, Namoro, Política de Portas Abertas, Finanças Pessoais, Bebidas Alcoólicas e Drogas Ilegais, Fumante; Ética Comercial / Profissional – Agir de acordo com as leis, Brindes e Gratificações, Atividades Políticas, Segredos Comerciais / Informações Confidenciais, Relações com Fornecedores, Uso de Bens ou Instalações, Controle de Ativos e Procedimentos Contábeis, Declaração à Imprensa, e Ambiente, Saúde e Segurança.
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3 A AÇÃO SINDICAL PÓS-PESQUISA
A divulgação do Relatório da Bompreço ensejou e mesmo promoveu
algumas ações sindicais, especialmente, a troca de informações entre os sindicatos no
Brasil. Um seminário foi realizado em João Pessoa, em junho de 2003, no qual
sindicalistas e trabalhadores discutiram os resultados da pesquisa e a venda da Rede, e
foram traçadas algumas possibilidades de ações.
Outra atividade de grande importância, citada anteriormente, foi o
intercâmbio que levou dois representantes do Fórum à Holanda.
Ações em nível local foram citadas pelos sindicalistas, tais como a
elaboração de pauta conjunta, a unificação da luta pela regulamentação do trabalho em
domingos e feriados, uma maior participação e troca de informações entre os
sindicatos da base sobre questões relevantes para suas atuações.
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4 RESULTADO DA PESQUISA
4.1 LIBERDADE SINDICAL
Ponto crítico 1 – demissão de três dirigentes sindicais, em Salvador, durante
o período de estabilidade.
Quando da divulgação do Relatório anterior, dois dos três casos haviam sido
julgados em primeira instância, com ganho de causa para os dirigentes. A Empresa
recorreu, mas até o momento ainda não houve novo julgamento. Após esse período,
nenhum outro caso de demissão de dirigente ocorreu na Empresa. Apenas em
Teresina, um diretor do sindicato local que trabalhava na Bompreço pediu
desligamento da Empresa, alegando que não suportava mais a pressão psicológica que
vinha sofrendo por parte dos superiores no ambiente de trabalho.
Ponto crítico 2 – Dificuldade de acesso às unidades da Empresa para
realização do trabalho sindical, em vários estados.
Entre os seis sindicatos entrevistados, metade acha que, depois do resultado
do Relatório de Pesquisa, a empresa alterou sua conduta, permitindo aos sindicalistas
terem acesso aos locais de trabalho. Em Teresina, por exemplo, após a substituição da
direção local da empresa, os problemas passaram a ser resolvidos com diálogo. Por sua
vez, o presidente do sindicato de Aracaju disse que, hoje, consegue colocar aviso de
assembléia nos quadros de aviso da Empresa, o que antes era impossível.
Também em Campina Grande, a direção local foi substituída e, segundo o
presidente do Sindicato, houve uma pequena melhora no relacionamento entre as
partes. Mas, isto só teria ocorrido depois que o Sindicato entrou com ação na Justiça
do Trabalho por danos morais e ação antiética por parte do gerente e da Empresa, o
que gerou a demissão do gerente.
Apesar de, em alguns locais, os sindicatos avaliarem que houve mudança
positiva na conduta da empresa quanto à Liberdade Sindical, em outros locais
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ocorreram fatos que contrariam essa opinião. Em Salvador, por exemplo, a Empresa
entrou com pedido de interdito proibitório na Justiça, que privou o Sindicato de
realizar manifestações nas imediações das lojas. O Sindicato, por seu turno, recorreu
da decisão na Justiça. Em Natal, o presidente do Sindicato informou que a Empresa
continua distribuindo uma carta para que os trabalhadores rejeitem a filiação ao
sindicato.
Ponto crítico 3 – Não repasse da taxa assistencial em Aracaju, desde que a
Ahold assumiu a direção da Rede.
O presidente do Sindicato disse que a Empresa, depois do resultado do
Relatório, passou a descontar a taxa assistencial em folha e repassá-la para o Sindicato.
4.2 NEGOCIAÇÃO COLETIVA
Ponto crítico 4 – Jornada de trabalho excessiva.
Nesse ponto, foi unânime a afirmação dos entrevistados de que nada mudou.
Muito pelo contrário, todos os sindicatos entrevistados têm ação na Justiça por excesso
de jornada. Em Campina Grande, segundo o presidente do Sindicato, a Empresa foi
autuada recentemente pela DRT, por excesso de jornada de trabalho. Em Natal, o
Ministério Público do Trabalho convocou a Empresa para assinar um Termo de Ajuste
de Conduta, por conta do excesso de jornada. O Sindicato diz que, inicialmente,
melhorou um pouco, mas que já vem reincidindo. Em Teresina, a Empresa foi autuada
pela DRT por excesso de horas extras. O Sindicato de Aracaju entrou com ação na
DRT pedindo fiscalização para apurar jornada excessiva, mas ainda não obteve
resultado. Em Salvador, o Sindicato solicitou ao Ministério Público uma reunião de
conciliação com as Empresas do ramo para discutir, entre outros problemas, o excesso
de jornada nas suas unidades.
Ponto crítico 5 – Funcionamento das lojas aos domingos e feriados.
Este, certamente, é um dos pontos mais polêmicos entre sindicatos e
empresas do ramo do comércio e, pode-se dizer que, da última pesquisa até aqui, não
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houve nenhum avanço em favor dos trabalhadores. Na maioria dos municípios em que
a Empresa abre suas lojas aos domingos e feriados, isto, é feito sem negociação prévia
com o sindicato local. Os sindicatos da região se opõem a este regime de
funcionamento, considerando que a conseqüência é a transformação do domingo num
outro dia qualquer, sem acréscimo na remuneração, e tendo como compensação apenas
uma folga em outro dia da semana que, em geral, pode ser compensada em até 120
dias. Também afirmam que, apesar de a lei prever que o trabalhador não possa
trabalhar mais que dois domingos por mês, esta regra nem sempre é respeitada.
Em muitos casos, a decisão sobre o funcionamento do comércio aos
domingos e feriados fica a cargo da justiça. Em Aracaju, por exemplo, segundo o
presidente do Sindicato, a Empresa ganhou na justiça comum e federal o direito de
abrir em domingos e feriados sem autorização prévia do sindicato e entrou com
mandado de segurança contra a DRT impedindo a fiscalização.
Em Teresina, a loja da Bompreço fica instalada dentro de um shopping
center. Segundo o Secretário Geral do Sindicato, todas as empresas instaladas dentro
do shopping devem obedecer à Convenção Coletiva firmada com o condomínio, que
diz que a abertura em domingos e feriados depende de acordo prévio com o sindicato
da categoria. Nesta Convenção foi negociada a abertura do shopping em 32 domingos
e 4 feriados no ano. Todavia, o Bompreço abriu suas portas em todos os domingos e
feriados, alegando que faz parte do ramo de supermercados. A Empresa foi autuada
pela fiscalização da DRT por abertura indevida aos domingos.
Em Salvador, Natal e Campina Grande, a lei que permite a abertura em
domingos e feriados não faz nenhuma ressalva quanto à necessidade de negociação
prévia com os sindicatos. Na maioria das vezes, os sindicatos tentam impedir a
abertura solicitando a atuação da DRT, quando se trata de feriados nacionais que, em
geral, são considerados especiais, como Natal, Sexta-Feira da Paixão, 1º do Ano, entre
outros.
Ponto crítico 6 – banco de horas – excesso no uso e desaparecimento de
horas.
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Com relação ao excesso no uso do banco de horas, os sindicatos foram
unânimes em dizer que é comum na Empresa. Em Teresina, a Empresa foi autuada por
excesso de horas extras. Quanto ao desaparecimento de horas, em Campina Grande, o
Sindicato entrou com ação na justiça pedindo a realização de um inventário que trate
da compensação de horas, pois há queixa dos trabalhadores quanto ao desaparecimento
de horas. Também aqui nesse ponto, pode-se afirmar que não houve nenhum avanço
em favor dos trabalhadores.
Ponto crítico 7 – descumprimento de cláusulas das Convenções Coletivas de
Trabalho.
As cláusulas trabalhistas referentes à jornada de trabalho (jornada de
trabalho, funcionamento em domingos e feriados, banco de horas, tratadas,
respectivamente, nos Pontos Críticos 4, 5 e 6) foram consideradas, de forma unânime
pelos sindicalistas entrevistados, como as mais violadas nas Convenções Coletivas que
regem as relações/condições de trabalho com a Bompreço, pois são as que têm gerado
o maior número de ações judiciais contra a Empresa, inclusive com algumas delas em
tramitação no momento, situações já destacadas nos três Pontos Críticos acima.
Além das cláusulas referentes à jornada de trabalho, os representantes dos
sindicatos de Campina Grande-PB e Teresina-PI, destacaram o descumprimento, por
parte da Bompreço, de outras cláusulas contidas nas respectivas Convenções
Coletivas.
Em Teresina, a Empresa não cumpre a convenção do shopping, mesmo
estando instalada dentro deste, alegando que faz parte do ramo de supermercados e,
portanto, deve seguir a CC deste ramo. Ocorre que o setor de supermercados está há
dois anos sem CC, e a Bompreço aguardando o dissídio (julgamento pela Justiça do
Trabalho).
Ponto crítico 8 – negociação de PLR e PCS.
Os sindicatos da categoria têm queixa quanto à conduta da Empresa nessas
duas questões, pois, segundo eles, tanto o PCS quanto a PLR são definidos sem efetiva
negociação com os sindicatos. No caso do PCS, não há, sequer, informação clara para
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os trabalhadores e os sindicatos sobre a sua estrutura e funcionamento.
Pode-se afirmar que, segundo os entrevistados, nessas questões não houve
nenhum avanço.
Ponto crítico 9 – não pagamento de adicional por “quebra de caixa” x
punição de trabalhadores.
Em Campina Grande, onde o adicional por quebra de caixa está garantido na
CC, a Empresa tem deslocado pessoas de outras funções para trabalhar nos caixas sem
pagar o adicional devido.
Em Salvador, o representante do Sindicato disse que a Empresa continua
demitindo operadores de caixa quando há “quebra” de caixa, mesmo sem pagar o
adicional. Em Natal, recentemente o sindicato discutiu, intensamente, com a Empresa
os problemas do fechamento do movimento dos caixas com a conferência terceirizada.
A empresa mudou esse procedimento diminuindo as punições aos empregados por
motivo de quebra de caixa.
Ponto crítico 10 – Plano de saúde avaliado como ruim pelos trabalhadores e
sindicatos, e condições não negociadas, apesar da participação financeira dos
empregados.
Segundo todos os entrevistados, nenhuma discussão foi feita sobre esta
questão nos últimos dois anos, ou seja, nada mudou.
4.3 SAÚDE E SEGURANÇA
Ponto crítico 11 – Alta incidência de LER/DORT e outros problemas de
saúde x ação insuficiente da Empresa.
Esse, também, é um dos pontos mais discutidos pelos sindicatos que
negociam com o Bompreço. Todos têm a mesma queixa: a incidência de LER/DORT é
bastante alta e, por outro lado, a atuação da Empresa no sentido de combater esse
problema é insuficiente e não adequada. Para eles, a atuação do médico do trabalho,
contratado pela Empresa, não é favorável aos trabalhadores, tendendo a minimizar os
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problemas para não onerar a Empresa.
Nessa questão, segundo os entrevistados, nada mudou. Eles colocam que
nesse período a Empresa não fez nenhum tipo de ação para reduzir a incidência de
LER/DORT, e poucas discussões têm sido feitas com os sindicatos nesse sentido. Em
Aracaju, o presidente do Sindicato tem participado de um Fórum que discute a questão
da LER, formado por empresas, sindicato e Ministério Público do Trabalho. Não
obstante a ocorrência dessas discussões, o Sindicato de Aracaju entrou com ações na
DRT e no MPT pedindo para apurar a ocorrência de problemas de LER em várias
empresas, entre elas a Bompreço.
Além da LER, outras questões de saúde e segurança têm sido alvo de queixas
dos sindicatos junto à Empresa. Em Salvador, o Sindicato diz que a Bompreço
continua se negando a emitir a CAT em alguns casos, sendo esses casos,
obrigatoriamente, acompanhados pelo médico do trabalho do Sindicato.
Em Teresina, o Sindicato fez reclamação na Justiça do trabalho, por
problemas de saúde que vêm afetando os funcionários da Empresa que trabalham no
frigorífico, solicitando a disponibilização de EPIs adequados e adicional de
insalubridade. O TRT determinou que a Empresa disponibilize kits de proteção
específicos, apesar de não ter sido concedido o adicional de insalubridade.
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5 CONCLUSÕES
A maioria dos pontos críticos identificados no Relatório anterior, ainda hoje
permanece sem solução ou discussão. Um pequeno avanço ocorreu nas questões
relativas à Liberdade Sindical, especialmente, no que diz respeito a uma maior
abertura de diálogo com alguns sindicatos.
Deve-se ter em mente, no entanto, que os pontos críticos identificados no
Relatório de 2003 afetam, em alguns casos de forma grave e irreversível, como nos
casos da LER, os trabalhadores e a sua permanência no trabalho. Por esse motivo é
que a busca por formas de dirimir esses problemas deve ser incessante e prioritária,
tanto para a Empresa quanto para os sindicatos. Mesmo que o Royal Ahold não seja
mais o controlador da rede Bompreço, ele continua atuando no País e no mesmo setor,
através do G Barbosa.
Para os sindicatos, as possibilidades de discussões sobre essas questões a
partir daqui, ainda estão indefinidas, visto que a Empresa que assumiu a Rede – a Wal-
Mart – até o momento não teve nenhum contato com os sindicatos da base. Além
disso, a Wal-Mart é reconhecida internacionalmente como uma empresa anti-sindical,
o que pode dificultar ainda mais a já difícil atuação sindical no segmento,
principalmente, observado o fato de que, no Nordeste, a Rede Bompreço é líder
isolada, e a sua influência nas mesas de negociação é bastante grande.
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QUADRO 2 – SÍNTESE DOS PONTOS CRÍTICOS X RESULTADOS DO MONITORAMENTO PONTOS CRÍTICOS RESULTADOS MONITORAMENTO Venda Bompreço Nível de Emprego A Empresa não forneceu informações para
atualização/verificação desse item; o levantamento feito no SE no Comércio de Salvador, não permite afirmar se houve ou não demissões deliberadas por conta da venda da Rede
Relação com os Sindicatos, Empregados e Comunidade durante o processo de venda
Na avaliação dos sindicatos, conduta pouco democrática e pouco transparente
Liberdade Sindical Demissão de Dirigentes em Salvador O Sindicato ganhou em primeira instância, mas a
Empresa recorreu, aguardando o resultado. Depois desse período, não houve mais demissão de dirigentes sindicais na Empresa
Dificuldades de acesso para o trabalho sindical – em vários estados
50% dos entrevistados acham que o comportamento da Empresa, neste ponto, apresentou algum avanço
Não repasse da taxa assistencial em Aracaju A Empresa voltou a efetuar o repasse da taxa assistencial
Negociação Coletiva Jornada excessiva de trabalho 100% dos entrevistados afirmam que a conduta da
Empresa em nada melhorou. Algumas ações contra a Empresa estão tramitando nas respectivas DRTs e MPT
Abertura em domingos e feriados Não houve nenhum avanço nesse ponto Banco de horas – excesso de uso, desaparecimento de horas
Quanto ao excesso no uso, os sindicatos foram unânimes em afirmar que nada mudou. Quanto ao desaparecimento, um dos sindicatos afirmou que continua acontecendo, inclusive, solicitou à Justiça do Trabalho elaboração de inventário
Descumprimento de cláusulas das Convenções Coletivas
Continua ocorrendo o descumprimento de diversas cláusulas das CCs, a maioria referentes à jornada de trabalho
Não negociação de PLR e PCS Não houve nenhum avanço nesse ponto Não pagamento do adicional por quebra de caixa x punição aos empregados
Em Salvador, continua descumprindo; em Campina Grande, a quebra de caixa é garantida na CC, mas a empresa desloca funcionários de outros setores para o caixa e não paga o adicional devido
Plano de Saúde com avaliação ruim, condições não são negociadas
Não houve nenhum avanço nesse item
Saúde e Segurança no Trabalho Problemas de saúde – alta incidência de LER/DORT e outros x insuficiente ação da Empresa
Segundo os sindicatos, nenhuma nova ação foi implementada pela Empresa no sentido de evitar e de reparar os casos de LER/DORT; a ação continua sendo insuficiente e o número de lesionados vem crescendo
Elaboração: Instituto Observatório Social
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Documentos analisados:
- Rescisões da Bompreço S/A Supermercados do Nordeste, homologadas no Sindicato dos Empregados no Comércio de Salvador, anos: 2001, 2002, 2003 e janeiro e fevereiro de 2004.
- Código de Ética não Gerencial da Wal-Mart Brasil.
Outros
JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO. Bompreço é vendido por US$ 500 milhões. 02/03/2004.
JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO. Wal-Mart paga US$ 300 milhões por Bompreço. 02/03/2004.
OBSERVATÓRIO SOCIAL. Observatório Social em Revista. Florianópolis, ano 2, nº 3, junho de 2003.
OBSERVATÓRIO SOCIAL. Relatório Geral de Observação sobre o comportamento social e trabalhista da Bompreço S/A Supermercados do Nordeste. Fevereiro de 2003.
Sítios visitados na Internet: www.abrasnet.com.br
www.bompreço.com.br
www.walmartbrasil.com.br
www.jornalatarde.com.br
www.valoronline.com.br