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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional
AMÁBILE MARIA GALDINO MARTINS PEDRÃO
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA: em busca de uma construção possível
ALVORADA DO SUL 2010
AMÁBILE MARIA GALDINO MARTINS PEDRÃO
CADERNO TEMÁTICO
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA: em busca de uma construção possível
Este material por mim elaborado contempla a Produção Didático-Pedagógica, orientado pela professora Mestra Ana Lucia Ferreira da Silva da IES- Universidade Estadual de Londrina/ UEL, como requisito parcial de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, área de Pedagogia.
ALVORADA DO SUL 2010
SUMÁRIO
INTRODUÇÂO.........................................................................................................................1
Unidade I....................................................................................................................................2
1. Legislação.............................................................................................................................2
1.1 Refletindo sobre Legislação............................................................................................3
Unidade II..................................................................................................................................6
2. O que é participação?..........................................................................................................6
2.1 Participação........................................................................................................................8
2.2 A Participação na escola....................................................................................................9
2.3 A educação para a participação........................................................................................9
Unidade III.........................................................................................................11
3. Família..................................................................................................................................11
3.1 A família através dos tempos...........................................................................................12
3.1.1- Idade Média...................................................................................................................13
3.1.2- Idade Moderna..............................................................................................................13
3.1.3- Idade Contemporânea..................................................................................................14
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................16
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
ÁREA - PEDAGOGIA
PROFESSORA PDE - AMÁBILE MARIA GALDINO MARTINS PEDRÃO
NÚCLEO - LONDRINA
PROFESSORA ORIENTADORA: Ms. ANA LUCIA FERREIRA DA SILVA
IES VINCULADA: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - UEL
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: ESCOLA ESTADUAL ANASTÁCIO CEREZINE,
ENSINO FUNDAMENTAL.
PÚBLICO – OBJETO DE INTERVENÇÃO: PAIS E PROFESSORES DAS 5ª SÉRIES.
TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE: PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA
ESCOLA.
TÍTULO: A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA: EM BUSCA DE UM A
CONSTRUÇÃO POSSÍVEL.
ALVORADA DO SUL
2010
APRESENTAÇÃO
“ Não se pode educar eficientemente se os pais e professores se desconhecem, se a educação escolar estiver isolada da educação familiar.”
Suenens
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Este material é resultado de estudos desenvolvidos em 2009 e 2010 como parte do
Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, que se institui como uma política
educacional inovadora de Formação Continuada, mantido pelo Governo do Estado do Paraná
em parceria com as IES – Instituto de Ensino Superior, Estadual e Federal.
Sua elaboração deu-se pela professora (PDE) com o acompanhamento da orientadora
da Instituição de Ensino Superior (IES), conta também com sugestões dos professores do
Grupo de Trabalho em Rede (GTR). Seu objetivo é o de dialogar com professores e pais
sobre: Participação da Família na Escola, sob o ponto de vista crítico, visando o
desenvolvimento de ações pedagógicas e de encaminhamentos significativos que venham
contribuir para que haja interação entre estas instituições.
Nesse sentido, a presente proposta de Material Didático se configura em Caderno
Temático organizado através de unidades de estudo. Compõe-se de textos para análise e
reflexão, por meio de grupos de estudos com professores e encontros com pais ou
responsáveis dos alunos das 5ª séries da escola. Esse caderno fará parte do Plano de Ação da
Escola, auxiliando na organização das ações necessárias para o sucesso escolar dos alunos.
INTRODUÇÃO
“Participação não é o resultado de processos automáticos e espontâneos, mas de uma conquista diária e consequentemente do fortalecimento da responsabilidade dos indivíduos”.
Pellegrini
Compreendendo que Família e Escola são as Instituições que possuem
responsabilidades na Constituição e também na formação das gerações, vê-se que é
importante se complementarem com ações que integrem os espaços de atuações distintas e
permitam que as crianças sintam-se acolhidas.
A garantia para o desenvolvimento e formação do ser humano não é necessariamente
ter família, mas sim ser família e notamos que convivemos com diferentes modelos de
famílias.
O interesse na realização deste trabalho, cujo tema é a Participação da Família na
Escola, decorre da minha atuação como pedagoga e em especial da necessidade de estudos e
aprofundamento teórico sobre o tema.
Com isso, o material a ser utilizado está estruturado da seguinte forma:
• Problematização inicial - tendo como ponto de partida a participação da família na escola,
cujo objetivo é refletir sobre o tema em questão e levantar diferentes questionamentos
para que seja possível identificar ações que possam contribuir para que seja possível
pensar formas de interação entre família e escola.
• Aprofundamento teórico – Apresenta elementos que, a partir da problematização,
possibilite estabelecer novas relações e compreensões sobre a temática em questão.
• Plano de Ação – A partir da percepção e da intencionalidade que não são obviamente
naturais, intervir buscando superar as dificuldades com ações que beneficiem o que se
pretende, que é com certeza envolver a família no processo ensino-aprendizagem.
UNIDADE I
Esta unidade tem como objetivo apresentar através de leitura e reflexões sobre a
importância e também a forma como as leis contribuem para com a efetivação dos direitos e
deveres, não somente das instituições família e escola, mas também do compromisso da
sociedade e principalmente do poder público para com a educação que é de direito.
1- Legislação
“As leis não bastam,
os livros não nascem das leis”
Carlos Drummond de Andrade
http://direito.home.sapo.pt/imagen
De acordo com a elaboração das Constituições brasileira de 1923 e a atual, de 1988,
consta que ao longo da história da educação em nosso país, foca-se em questões em torno a
envolver os sujeitos às normas Jurídico-Constitucional na medida em que se modificam,
atendendo assim as demandas sociais e políticas.
1.1 Refletindo sobre Legislação
Família e escola têm vivenciado mudanças e com as bases legais da Constituição da
República Federativa do Brasil, a educação passou a ser um direito da criança e do jovem,
isso implica um compromisso, tarefa e responsabilidade tanto da família como do poder
público. Esses direitos e como também os deveres estão contemplados no âmbito legal e seus
artigos, 5º-7º-201º, 208° e 226° a 230º. Como exemplo o artigo 205º que afirma:
[...] A educação direito de todos e deveres do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua classificação para o trabalho. (BRASIL, 1988).
Dado este contexto e esta determinação, caberá a cada um destes segmentos se
responsabilizar pelo cumprimento do que foi conferido.
Está claro na lei e, portanto, observa-se que na realidade, o direito para muitos ainda
é restrito, visto que nem todos conseguem o seu pleno desenvolvimento para a cidadania e a
sua qualificação para estar inserido ao mercado de trabalho.
Um novo conceito de família, como a união estável entre homem e mulher,
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes que reconhece ``os direitos e
deveres referentes à sociedade são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher´´ de
acordo com o artigo 226º ( § 3º-4º e 5º ) e as transformações ocorridas no plano sócio-
econômico e político relacionados ao processo de economia, interferindo as estruturas
familiares e mudanças no padrão tradicional comum na sociedade brasileira hoje.
Observa-se o artigo 227º, da Constituição que relata:
[...] É dever da Família, da Sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade o direito à vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-la a salva de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988).
De acordo com a legislação é importante que a família e o Estado estejam
assegurando o direito à educação das crianças e adolescentes. A experiência escolar tem
mostrado que a participação dos pais é fundamental e importante para o desempenho escolar e
social dos filhos, na tentativa de assegurar o direito à educação.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN/96), “é dever dos pais
ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores a partir dos 7 anos de idade no ensino
fundamental.” Esse dever não se limita apenas a esta atribuição, pois o artigo 1°, o seu papel
ganha maior dimensão mediante à este princípio:
A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa e nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais e ainda, assistir, criar e educar os filhos menores. (BRASIL, 1988).
Conforme os princípios da Educação Nacional e das obrigações, o artigo 2°,
apresenta:
A educação é uma das obrigações da família e do estado para com as crianças, preparando-lhe para a vida social, instruindo-lhe através de processos formativos, transmitindo-lhes saberes para a sua formação profissional. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, a criança tem o direito de receber seus primeiros ensinamentos na
família: “As crianças têm o direito de ser educados no seio de suas famílias” (Estatuto da
Criança e do Adolescente – ECA/1990) e portanto, desde cedo, pais ou responsáveis,
precisam transmitir à criança valores como: ética, cidadania, solidariedade, respeito ao
próximo e ao meio ambiente, auto-estima e desenvolver pensamentos que a leve ser um adulto
responsável bem como desempenhar suas funções na sociedade.
[...] e dever da família, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos da saúde, alimentação, ao esporte, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito à liberdade e convivência familiar e comunitária. (1990, cap. IV).
Em vista disso, a legislação vem tentando acompanhar a evolução da família e assim
todos os segmentos devem estar articulados, por sua vez cabe à família, a ação direta nesse
processo.
Portanto, com a Legislação Nacional regulamentada vemos a importância do
processo educativo nos mais diferentes espaços e tempo, dando apoio e oportunizando a
participação da família no processo ensino-aprendizagem. A tarefa de educar não cabe
somente à escola, mas também, à família em estar acompanhando seus filhos a fim de que
estes se desenvolvam plenamente.
UNIDADE II
Esta unidade tem como finalidade discutir o conceito de participação, bem como as
possibilidades para sua efetivação no âmbito escolar. Pretende-se também compreender as
possibilidade sobre como e quanto é possível participar, possibilitando promover uma
reflexão sobre a temática, para que nossos objetivos, enquanto profissionais sejam alcançados.
2. O que é participação?
“Comece fazendo o que é necessário,
Depois o que é possível,
e de repente você estará fazendo
O impossível”
São Francisco de Assis.
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De acordo com Bordenave (1994, p.22) participação vem da palavra “parte”, fazer
parte de algum grupo ou associação, tomar parte numa determinada atividade ou negócio, ter
parte, fazer diferença, contribuir para a construção de um futuro melhor para nós ou para as
futuras gerações. A abordagem é sempre do ponto de vista da participação ativa e nunca
passiva, ou seja, um mero participante, aquele que faz parte, mas não contribui para mudanças
decisivas para a sociedade.
De acordo com a etimologia da palavra, participação origina-se do latim
“participatio” (pars+in+actio) significa ter parte na ação. Para ter parte na ação é necessário
ter acesso ao agir e às decisões que orientam o agir. “Executar uma ação não significa ter
parte, ou seja, responsabilidade sobre ação. E só será sujeito da ação quem puder decidir sobre
ela.1
Participação é constituída por contribuições positivas e satisfatórias para o processo
de desenvolvimento das pessoas e não como instrumento para solução de problemas, mas
como uma necessidade fundamental. Além disso, essa prática envolve a interação com os
demais, a auto-expressão, o pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar coisas e, ainda, a
valorização de si mesmo pelos outros.
Existem várias formas de participar e sabe-se que desde o começo da humanidade, as
pessoas se encontravam para resolver ou buscar formas para sua subsistência, quer seja na
busca pela sobrevivência ou para solucionar questões em defesa de seus interesses sociais.
Primeiramente, o ser humano inicia sua participação no seio da família, onde
desenvolve sua interação com os que estão no seu meio, depois vem os grupos de amizades,
associações e movimentos sociais de classe.
A participação como princípio, deve ser levada em conta independente dos seus
objetivos, pois ela é uma necessidade humana, desse modo ela é sempre válida mesmo que
haja rejeições.²
A participação precisa ser organizada e provocada, mas não manipulada, deve ser
respeitada as diferenças individuais, pois cada um tem seus limites. Em um grupo há pessoas
tímidas e extrovertidas, portanto impor ou definir ações implica inibir o participante a opinar.
Às vezes, podemos gerar conflitos ao invés de resolver as questões que estão sendo
abordadas, por isso, a opinião das pessoas, seus conhecimentos prévios e até mesmo suas
personalidades devem ser consideradas para que todos participem e contribuam
satisfatoriamente. A forma mais evoluída e civilizada é de que todos são elementos
importantes quando acontece a participação de forma democrática.³
A participação é uma questão de interesses sociais, pois participar vai muito além de
só estar presente, requer envolvimento, ela exige, também, que as pessoas aprendam a se
comunicar, para usar a linguagem a favor dos processos participativos.
Um dos aspectos importante da participação é relativo à organização, o que consiste
participar dos projetos que estão diretamente ligados às questões norteadoras.
1 Juan E. Diaz Bordenave, O que é Participação, ed. Brasiliense, p. 22- 1994.
² Juan E. Diaz Bordenave, O que é Participação, ed. Brasiliense, p. 77- 1994.
³ Juan E. Diaz Bordenave, O que é Participação, ed. Brasiliense, p. 80-81- 1994.
2.1 Participação
O autor ressalta nestes fragmentos, a intenção, os modos, os interesses, avanços e
vantagens da participação para poder fortalecer-se de maneira satisfatória.
De acordo com Bordenave (1994)
[...]As pessoas participam em suas famílias, em suas comunidades, no trabalho, na luta política. Os países participam nos foros internacionais onde se tomam decisões que afetam os destinos do mundo. (BORDENAVE, 1994, p.11).
Nesse aspecto percebemos que a participação é inerente ao ser humano. Ela está desde os
processos mais simples da sociedade aos mais complexos. Bordenave (1994) cita também:
A participação está na ordem do dia devido ao descontentamento geral com a marginalização do povo com os assuntos que interessam a todos e que são decididos por todos. O entusiasmo pela participação vem das contribuições positivas que ela oferece.” (BORDENAVE, 1994, p.12)
O homem é levado a participar devido a todos os acontecimentos da sociedade em que está
inserido e pela percepção de que a participação é algo positivo que o envolve no meio em que vive
permitindo-lhe transformar-se. A participação também é aceita por diversos setores da sociedade por
oferecer-lhe vantagens, como vemos em:
Aliás, algo surpreendente está ocorrendo com a participação: estão a favor dela tanto os setores progressistas que desejam uma democracia mais autêntica, como os setores tradicionalmente não muito favoráveis aos avanços das forças populares. A razão, evidentemente é que a participação oferece vantagens para ambos. Ela pode se implantar tanto com os objetivos de liberação e igualdade, como para a manutenção de uma situação de controle de muitos por alguns [...] (BORDENAVE, 1994, p.12).
Observa-se que a participação é uma necessidade universal, que acontece entre
diversos grupos e atores sociais, mostrando que ela oferece vantagens, visto que a
centralização das decisões pode facilmente causar descontentamento por partes interessadas.
Porém, como mostra o autor, nem sempre a participação atende os interesses populares ou
igualitários, podendo também ser uma força utilizada para a manutenção do status quo.
2.2 A Participação na escola
Para os membros da comunidade escolar (pais, professores, alunos), a necessidade de
participação é cada vez mais evidente, reduzindo a distância entre esses membros,
aumentando a eficiência da escola pública, como bem afirma Bordenave (1994, p. 60):
[...] A escola pública, antes encerrada em si mesma e dedicada quase que exclusivamente ao ensino de crianças e adolescentes, está procurando ser mais participativa em dois sentidos: o da participação da comunidade na escola e o da participação da escola na comunidade. As vantagens e ambos são óbvias.
A escola percebendo as vantagens da participação, deixa de fechar-se em si mesma e
passa a promover processos participativos, tanto da comunidade dentro da escola, como da
escola participando em sua comunidade, favorecendo assim ambos os setores sociais.
2.3 A educação para a participação
A participação por ser um processo biológico, é algo que deve ser aprendido, o ser
humano nasce com a capacidade de participar, mas para que esse processo aconteça
completamente, é necessário um aprendizado, ou seja, uma educação para a participação,
como cita Bordenave (1994):
[...]Como os demais processos sócio-humanos, a participação é suscetível de crescimento de tipo biológico. Ela pode aprendida e aperfeiçoada pela prática e a reflexão. A qualidade da participação se eleva quando as pessoas aprendem a conhecer sua realidade; a refletir; a superar contradições reais ou aparentes; a identificar premissas subjacentes; a antecipar consequências; a entender novos significados das palavras; a distinguir efeitos e causas, observações de inferências e fatos de julgamentos. A qualidade da participação aumenta também quando as pessoas aprendem a manejar conflitos; clarificar sentimentos e comportamentos; tolerar divergências; respeitar opiniões; adiar gratificações. A qualidade é incrementada quando as pessoas aprendem a organizar e coordenar encontros, assembléias e mutirões; a formar comissões de trabalho; pesquisar problemas; elaborar relatórios; usar meios e técnicas de comunicação. (BORDENAVE, 1994, 72-73).
Como se pode ver é necessário aprender a participar e essa aprendizagem não é
simples, pois, “A participação é uma vivência coletiva e não individual, de modo que somente
se pode aprender na práxis grupal. Parece que só se aprende a participar,
participando.’’(BORDENAVE, 1994, p. 74) então é um processo em que se insere teoria e
prática, posto que é coletivo e não individual. Além disso, tal capacitação envolve diferentes
competências, presentes em todo interrelacionamento. Assim, na comunidade escolar, pais,
professores, alunos precisam aprender e ensinar como distinguir e praticar a verdadeira
participação.
UNIDADE III
3. Família
A história da humanidade, bem como os estudos sobre os povos e culturas definidos
entre o espaço e o tempo, esclarece-nos sobre o que é família, como existiu e existe.
Família, instituição sólida desde os princípios, representa um grupo social e existe
sempre um grau de parentesco, considerado como unidade básica da sociedade, formadas por
pessoas com ancestrais em comum ou ligados por laços afetivos.
Historicamente, “origina-se do latim “famulus” que significa: escravo doméstico,
conjunto de servos e dependentes de um chefe ou senhor” (PRADO, 1981, p. 51), que vive
sempre no mesmo teto.
Sabemos que a palavra Família no sentido popular, como também nos dicionários,
conforme o Dicionário da Língua Portuguesa (1986, p. 563), significa: “pessoas aparentadas
que vivem em geral na mesma casa, particularmente, o pai, a mãe e os filhos. Ou ainda
pessoas do mesmo sangue, ascendência, linhagem ou admitidos por adoção”
Realmente, sabemos o que é uma família já que todos nós somos parte de alguma.
No entanto, é difícil definir esta palavra e o conceito que a engloba que vai além de simples e
breves definições.
Alguns autores defendem essa relação por entender a família como base das
primeiras aprendizagens de cada indivíduo e por ser também considerada como responsável
pela socialização desde os primeiros anos de vida. O conceito de família já sofreu e ainda
sofre inúmeras mudanças conceituais, em suas funções, estruturas e formas de organização.
Entende-se assim, que “a família não é um simples fenômeno natural.” Ela é uma
instituição social variando através da história e apresentando até formas e finalidades diversas,
numa mesma época e lugar, conforme o grupo social que esteja sendo observado.
A família sempre esteve em evidência e justificando essa afirmação, vale ressaltar
que:
Se por um lado ela (a família) tem sido centro de atenção por ser espaço privilegiado para arregimentação e fruição da vida emocional de seus componentes, por outro, tem chamado a atenção dos cientistas, pois, ao mesmo tempo que, sob alguns aspectos, mantém-se inalterado, apresenta uma grande gama de mudanças. (REIS, 1984, p. 99).
Hoje, portanto, podemos dizer que a família promove muitas questões: para alguns,
família é à base da sociedade, célula sagrada e garantia de uma vida social equilibrada,
intocável, porém para outros, representa um entrave para o desenvolvimento social.
Não se pode negar ser a família importante, tanto ao nível das relações sociais,
quanto ao nível da vida emocional de seus membros. Ela é mediadora entre o ser humano e a
sociedade, nela aprendemos a perceber e nos situarmos no mundo. “É a formadora da nossa
primeira identidade social. Ela é o primeiro “nós” a quem aprendemos a nos referir” (REIS,
1984, p. 99).
3.1 A família através dos tempos
Família sempre existiu e pela literatura nota-se que o homem sempre apreciou viver
em sociedade, o que muda são as transformações sociais sendo que a família evolui segundo
as conjunturas socioculturais. Como observamos em Gusmão (1985):
A família ocidental guarda as marcas de sua origem: da família romana, a autoridade do chefe de família; da família medieval, o caráter sacramental do casamento. Assim a submissão da esposa e dos filhos ao marido, tornando o homem o chefe de família (cabeça do casal), encontra a sua origem no poder despótico de pater famílias romano. (GUSMÃO, 1985, p.560)
Na antiga sociedade romana, marcada pelo individualismo, o homem era o chefe,
mandava, considerado, portanto, o proprietário de sua mulher e filhos o que pressupõe que a
mulher era sempre submissa a este.
3.1.1- Idade Média
Neste período, a família se constituía da união do homem e da mulher, com
responsabilidade pela transmissão de valores, crenças e costumes significando papel
importante. O pai, responsável pela administração dos bens e todos o obedeciam.
Porém, com a demanda do trabalho, houve a ampliação das famílias. Os filhos
casados passavam a viver na mesma casa, inclusive uniam-se a ela, os sobrinhos (as), os
viúvos (as) e mulheres e meninas tinham como ensinamento a obediência e submissão.
O modelo a ser seguido era: “a Sagrada Família que continha os princípios da era
Cristã” (ARIÈS, 1981, p. 221) permanecendo ao longo da Idade Média.
3.1.2- Idade Moderna
Surge na Europa, a nova classe, a burguesia, com casamentos arranjados
acontecendo ainda tanto para o homem como para a mulher e quem escolhia e decidia eram os
pais. (Reis, 1984)
A mulher, desde cedo tinha o papel de cuidar das atividades domésticas, procriar e
cuidar dos filhos.
No entanto, a partir de meados do século XX houve mudanças importantes como o
surgimento da mão de obra feminina e a mulher entra para o mercado de trabalho, surge o
movimento de mulheres como força política.
Mas, essas conquistas trouxeram também algumas conseqüências, como destaca:
Há denúncias de que o simples no campo de trabalho extra-doméstico veio piorar ainda mais suas condições de vida, pois ela continua sozinha nas obrigações de trabalho doméstico, tendo agora duas jornadas de trabalho, principalmente quando não tem condições de manter uma empregada domestica. (REIS, 1984, p. 117).
Também o que implica essa nova situação é a educação dos filhos, que deixaram de
ter a intensa interação com a mãe, as crianças ficam sozinhas ou aos cuidados de outras
pessoas, deixa assim de ser a típica família burguesa.
Outro fator importante é relacionado à concepção dos filhos que acontecia sem
nenhum planejamento familiar, tendo como evolução a chegada dos métodos anticonceptivos,
dando oportunidade aos casais de escolher o momento para ter os filhos. O que antes
considerava a sexualidade como beneficio à procriação agora passa a ser fonte de prazer.
3.1.3- Idade Contemporânea
Diante a toda essa evolução, a família contemporânea, nos moldes da sociedade,
busca-SE compreender a evolução dessa instituição e percebe que transformações ocorridas
no século XX alteram as composições familiares.
De acordo com Prado (1981) a família contemporânea também procura adaptar-se e
atualmente estas são formadas por diversas estruturas, variando muito de uma camada social
para outra o modelo de família ideal.
Sobre o contexto brasileiro, Prado (1981) afirma que os tipos de família variam
muito, embora a forma mais conhecida e valorizada em nossos dias seja a família “nuclear”,
“normal” composto de pai, mãe e filhos.
A família está passando por profundas mudanças de valores, crenças e com essa
evolução as normas também sofrem alterações. Não deixemos de mencionar também a
mudanças quanto na divisão de tarefas domésticas.
Encontramos muitas famílias em que o casal não é unido por laços legais, assim
como também um grande número de famílias chefiadas por mulheres, mas não somente pela
ausência do marido como as mães solteiras, separadas ou viúvas, mas também porque é
freqüente que a mulher e filhos trabalhem e assumam as responsabilidades materiais do lar e
da família, muito embora ainda encontramos mulheres dependentes de seus maridos, dos
filhos, ou mesmo avós. Neste novo panorama social, então, destaca-se:
[...] qual a consequência para a vida familiar do ingresso maciço das mulheres na universidade e no mercado de trabalho? Onde isto ocorreu, a mulher se livrou também da clausura doméstica? Pode-se pensar então que ela se livrou também da dominação masculina? (REIS, 1984, p. 117).
Em decorrência disso, a necessidade de dividir com as instituições educacionais a
função de introduzir o indivíduo no meio social, mas mesmo passando por diversas
mudanças, a família nunca deixará de ser responsável por cumprir seu papel de desempenhar
funções educativas, de transmissora de valores e fornecer modelos de formação para o
indivíduo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo a educação, um direito de todo cidadão e partindo do princípio de que a
escola e a família são as primeiras instituições em que o ser humano inicia seu processo de
socialização, é preciso superar essa fragmentação existente entre essa pouca participação da
família no processo escolar de seu filho, bem como, criar mecanismos de participação,
fazendo-os sujeitos de relações democráticas, contribuindo também para que todo sujeito seja
parte de uma sociedade.
Espero que este material possa contribuir para o objetivo proposto, o qual pretende
possibilitar uma reflexão sobre o papel que tanto a família quanto a escola devem cumprir,
lembrando que cabe a cada sujeito envolvido no cotidiano escolar, pensar/refletir sobre o
processo de participação da família na escola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA, Brasília, 1990.
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96, Rio de Janeiro,
1990.
ARIÈS, Phillipe. História Social da Criança e da Família. Ed. LTC: 2ª ed. Rio de Janeiro,
1981.
DIAZ, Juan Bordenave. O Que é Participação, 8ª ed., editora São Paulo: Brasiliense, 1994.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Dicionário de Direito de Família, Rio de Janeiro: Editora
Forense, 1985.
Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Ed. Nova
Fronteira, 2ª ed. 1986. Rio de Janeiro.
PRADO, Danda. O Que é Família, São Paulo: Brasiliense, 1981.
REIS, José Roberto Tozini – in: Laine, Silvia. Psicologia Social. O Homem em Movimento,
São Paulo: Brasiliense, 1984.