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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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IDENTIFICAÇÃO

NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE APUCARANA

Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas

PROFESSORA: Vilma Plath Disaró

ÁREA: Língua Portuguesa

TÍTULO: Leitura: Uma Necessidade Textual e Pessoal

TIPO DE PRODUÇÃO: Caderno Pedagógico

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................5

1 ETAPAS DE PREPARAÇÃO PARA A LEITURA......................................................6

2 TEXTO: UM BRAÇO DE MULHER...........................................................................9

2.1Como se deve ler..................................................................................................11

2.2 Atividades de interpretação: Percebendo as entrelinhas.....................................11

2.3 Atividades de discussão.......................................................................................13

2.3 Atividades de reconhecimento da estrutura do texto...........................................14

3 TEXTO ALMOÇO MINEIRO....................................................................................16

3.1 Metodologia..........................................................................................................20

3.2 Atividades.............................................................................................................21

4 TEXTO CHAPEUZINHO VERMELHO....................................................................24

4.1 A Prática da Leitura..............................................................................................26

4.2 Quem é Millor Fernandes?...................................................................................26

4.3 Atividades.............................................................................................................27

5 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................31

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INTRODUÇÃO

A leitura é, sem dúvida, um dos maiores desafios do homem moderno,

porque a partir do seu domínio descortina diante dele o grande universo da

tecnologia, da comunicação escrita e este passa à confortável situação de indivíduo

letrado. A verdadeira leitura consiste na captação de significados, numa crescente

comunicação entre o leitor e o texto. Implica em aprender a descobrir, reconhecer e

utilizar os sinais de linguagem.

Segundo Mercuri (1992), o Ensino Médio no Brasil é tido como de baixa

qualidade, especialmente, porque se lê pouco no país. Enfatiza a autora que uma

das principais condições pessoais para que o aluno garanta favoravelmente sua

habilidade de estudo e de domínio de conteúdos, é a leitura. O êxito do aluno

depende do saber ler, interpretar, criticar e também usar sua criatividade na busca

do conhecimento.

Segundo Freire (1995), para que a leitura se efetive num processo de relação

entre o domínio da mecânica e o pensamento, é necessário trazer vida para dentro

da escola, uma vez os primeiros contatos com a leitura são fundamentais para a

formação de um bom leitor.

Para Kleimam (1993), o ato de ler inclui vários processos: como o

reconhecimento visual dos símbolos, a integração dos símbolos às palavras, a

associação das palavras aos significados, a comparação do que foi lido com as

próprias ideias, a aceitação ou não das novas ideias, a aplicação do que foi aceito,

incorporação das novas ideias à própria vivência.

Ler é, portanto, compreender, interpretar, ter velocidade e saber aplicar na

própria vida o que aprendeu com a leitura.

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1 ETAPAS DE PREPARAÇÃO PARA A LEITURA

1ª Etapa - Motivação: preparar o aluno para a leitura do texto

Nessa etapa é importante que o professor dê notas de que conhece

profundamente o texto a ser estudado, mas deve cuidar para não contar as partes

principais do texto, pois teria o efeito contrário; desestimularia o aluno ao invés de

estimulá-lo.

Esse momento tem como principal ferramenta da motivação: o tema do

texto a ser trabalhado. A motivação será por meio de comentários, observação de

possíveis ilustrações e mais a observação da estrutura (número de parágrafos, tipo

de linguagem, metalinguística, pontuação, número de edição, local e editora), e a

associação com textos de temas idênticos. É um trabalho previsto para a duração de

quinze minutos.

.

2ª Etapa - Introdução: apresentação do autor e da obra

Agora é a hora da apresentação e informações básicas sobre o autor (local

de nascimento, onde estudou, tipo de família, obras publicadas), ligadas ao texto a

ser lido. Apresentação da obra (conto, crônica ou livro), falar de sua importância,

justificando a escolha. O professor pode optar ou não por antecipar parte do enredo

(estratégia para despertar a curiosidade do leitor). Apresentação física da obra e

exploração dos elementos para textuais (leitura coletiva do objeto livro) é o momento

de leitura do prefácio e apresentação do livro.

Levantamento de hipóteses sobre a leitura feita (orelha, capa, contracapa,

prefácio) e justificativa da primeira impressão, após o término da leitura panorâmica

da obra. Esse é um trabalho previsto para ser realizado em vinte minutos.

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Como essa é a etapa em que será explorada a biografia do autor e a obra; o

aluno folheia o livro, lê a orelha, explora a capa e contracapa; familiariza-se com a

obra ou, no caso de um texto menor, faz os mesmos procedimentos. Independente

se o aluno estiver no Ensino Médio. Essa intimidade com o livro desperta para a

leitura.

Então, o aluno vai ler a pequena biografia, que aparece na obra e o

professor complementa com mais detalhes, para que o aluno sinta desejo de

conhecer o trabalho daquele autor. O professor pode optar também por ir

aprofundando na biografia do autor conforme vão acontecendo as atividades de

interpretação do texto.

3ª Etapa - Leitura: acompanhamento da leitura

Nesse momento, acontece a leitura do texto. Como optamos por testos curtos

(crônicas, contos, descrições) em sala de aula, o trabalho difere um pouco da leitura

de obras inteiras;

É feito o acompanhamento sem policiamento, a fim de auxiliar os alunos em suas

dificuldades;

Faz-se também a aplicação de intervalos para apresentação dos resultados das

leituras dos alunos;

Essa é a fase da leitura em que o professor cerca de cuidados para que o

aluno não disperse e realize a leitura conforme o planejado. O professor vai

acompanhar a leitura com o intuito de sanar alguma dúvida ou participar de

situações curiosas descritas pelo aluno, referente ao texto.

Essas etapas são como um roteiro para o professor trabalhar a leitura. A

cada novo texto, os procedimentos se repetem.

1o TEXTO

Um Braço de Mulher

Apresentação do Texto

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O texto “Um Braço de Mulher”, escrito por Rubem Braga conta um episódio

em que durante uma viagem de avião do Rio de Janeiro para São Paulo ele dividiu

assento com uma mulher que estava com muito medo de voar de avião e que por

esse motivo aconchegou-se a ele para se proteger.

Enquanto o avião não pousava, ele observava a colega de viagem e acabou

sentindo muito medo também quando um denso nevoeiro não permitia que o avião

aterrissasse. Por fim, o avião conseguiu pousar, o marido da mulher a aguardava no

aeroporto, agradeceu-o pelo conforto prestado à esposa e se foram. Desta viagem

surgiu o texto escolhido para a leitura.

Biografia do Autor

Rubem Braga nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, no dia 12 de

janeiro do ano de 1913. Iniciou seus estudos naquela cidade, porém, quando fazia o

ginásio, revoltou-se com um professor de matemática que o chamou de burro e

pediu ao pai para sair da escola. Sua família o enviou para Niterói, onde moravam

alguns parentes, para estudar no Colégio Salesiano. Iniciou a faculdade de Direito

no Rio de Janeiro, mas se formou em Belo Horizonte, MG, em 1932, depois de ter

participado, como repórter dos Diários Associados, da cobertura da Revolução

Constitucionalista, em Minas Gerais — no front da Mantiqueira conheceu Juscelino

Kubitschek de Oliveira e Adhemar de Barros.

Na capital mineira se casou, em 1936, com Zora Seljan Braga, de quem

posteriormente se desquitou, mãe de seu único filho Roberto Braga.

Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, onde escreveu o

livro "Com a FEB na Itália", em 1945.

De volta ao Brasil, morou em Recife, Porto Alegre e São Paulo, antes de se

estabelecer definitivamente no Rio de Janeiro, primeiro numa pensão do Catete,

onde foi companheiro do escritor Graciliano Ramos; depois, numa casa no Posto

Seis, em Copacabana, e por fim num apartamento na Rua Barão da Torre, em

Ipanema.

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Sua vida no Brasil, no Estado Novo, não foi mais fácil do que a dos tempos de

guerra. Foi preso algumas vezes, e em diversas ocasiões andou se escondendo da

repressão.

Seu primeiro livro, denominado "O Conde e o Passarinho", foi publicado em

1936, quando o autor tinha 22 anos, pela Editora José Olympio em São Paulo.

Faleceu de parada respiratória no dia 12 de dezembro de 1990.

Casa onde nasceu e viveu

Rubem Braga em Cachoeiro

do Itapemerim/ES.

Fonte: amaivos.uol.com.br

2 TEXTO: UM BRAÇO DE MULHER1

Rubem Braga

Subi ao avião com indiferença, e como o dia não estava bonito, lancei apenas

um olhar distraído a essa cidade do Rio de Janeiro e mergulhei na leitura de um

jornal. Depois fiquei a olhar pela janela e não via mais que nuvens, e feias. Na

verdade, não estava no céu; pensava coisas da terra, minhas pobres, pequenas

coisas. Uma aborrecida sonolência foi me dominando, até que uma senhora nervosa

ao meu lado disse que "nós não podemos descer!". O avião já havia chegado a São

Paulo, mas estava fazendo sua ronda dentro de um nevoeiro fechado, à espera de

ordem para pousar. Procurei acalmar a senhora.

Ela estava tão aflita que embora fizesse frio se abanava com uma revista.

Tentei convencê-la de que não devia se abanar, mas acabei achando que era

1 O texto acima foi publicado no livro “Os melhores contos – Rubem Braga”, seleção de Davi Arrigucci Jr., Global Editora – São Paulo, e selecionado por Ítalo Moriconi para compor o livro “Os cem melhores contos brasileiros do século”, Editora Objetiva – Rio de Janeiro, 2000, pág. 169.

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melhor que o fizesse. Ela precisava fazer alguma coisa, e a única providência que

aparentemente podia tomar naquele momento de medo era se abanar. Ofereci-lhe

meu jornal dobrado, no lugar da revista, e ficou muito grata, como se acreditasse

que, produzindo mais vento, adquirisse maior eficiência na sua luta contra a morte.

Gastei cerca de meia hora com a aflição daquela senhora. Notando que uma

sua amiga estava em outra poltrona, ofereci-me para trocar de lugar, e ela aceitou.

Mas esperei inutilmente que recolhesse as pernas para que eu pudesse sair de meu

lugar junto à janela; acabou confessando que assim mesmo estava bem, e preferia

ter um homem — "o senhor" — ao lado. Isto lisonjeou meu orgulho de cavalheiro:

senti-me útil e responsável. Era por estar ali eu, um homem, que aquele avião não

ousava cair. Havia certamente piloto e co-piloto e vários homens no avião. Mas eu

era o homem ao lado, o homem visível, próximo, que ela podia tocar. E era nisso

que ela confiava: nesse ser de casimira grossa, de gravata, de bigode, a cujo braço

acabou se agarrando. Não era o meu braço que apertava, mas um braço de homem,

ser de misteriosos atributos de força e proteção.

Chamei a aeromoça, que tentou acalmar a senhora com biscoitos, chicles,

cafezinho, palavras de conforto, mão no ombro, algodão nos ouvidos, e uma voz

suave e firme que às vezes continha uma leve repreensão e às vezes se

entremeava de um sorriso que sem dúvida faz parte do regulamento da aeronáutica

civil, o chamado sorriso para ocasiões de teto baixo.

Mas de que vale uma aeromoça? Ela não é muito convincente; é uma

funcionária. A senhora evidentemente a considerava uma espécie de cúmplice do

avião e da empresa e no fundo (pelo ressentimento com que reagia às suas

palavras) responsável por aquele nevoeiro perigoso. A moça em uniforme estava

sem dúvida lhe escondendo a verdade e dizendo palavras hipócritas para que ela se

deixasse matar sem reagir.

A única pessoa de confiança era evidentemente eu: e aquela senhora, que no

aeroporto tinha certo ar desdenhoso e solene, disse suas malcriações para a

aeromoça e se agarrou definitivamente a mim. Animei-me então a pôr a minha mão

direita sobre a sua mão, que me apertava o braço. Esse gesto de carinho protetor

teve um efeito completo: ela deu um profundo suspiro de alívio, cerrou os olhos,

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pendeu a cabeça ligeiramente para o meu lado e ficou imóvel, quieta. Era claro que

a minha mão a protegia contra tudo e contra todos, estava como adormecida.

O avião continuava a rodar monotonamente dentro de uma nuvem escura;

quando ele dava um salto mais brusco, eu fornecia à pobre senhora uma garantia

suplementar apertando ligeiramente a minha mão sobre a sua: isto sem dúvida lhe

fazia bem.

Voltei a olhar tristemente pela vidraça; via a asa direita, um pouco levantada,

no meio do nevoeiro. Como a senhora não me desse mais trabalho, e o tempo fosse

passando, recomecei a pensar em mim mesmo, triste e fraco assunto.

E de repente me veio a idéia de que na verdade não podíamos ficar

eternamente com aquele motor roncando no meio do nevoeiro - e de que eu podia

morrer.

Estávamos há muito tempo sobre São Paulo. Talvez chovesse lá embaixo; de

qualquer modo a grande cidade, invisível e tão próxima, vivia sua vida indiferente

àquele ridículo grupo de homens e mulheres presos dentro de um avião, ali no alto.

Pensei em São Paulo e no rapaz de vinte anos que chegou com trinta mil-réis no

bolso uma noite e saiu andando pelo antigo viaduto do Chá, sem conhecer uma só

pessoa na cidade estranha. Nem aquele velho viaduto existe mais, e o aventuroso

rapaz de vinte anos, calado e lírico, é um triste senhor que olha o nevoeiro e pensa

na morte.

Outras lembranças me vieram, e me ocorreu que na hora da morte, segundo

dizem, a gente se lembra de uma porção de coisas antigas, doces ou tristes. Mas a

visão monótona daquela asa no meio da nuvem me dava um torpor, e não pensei

mais nada. Era como se o mundo atrás daquele nevoeiro não existisse mais, e por

isto pouco me importava morrer. Talvez fosse até bom sentir um choque brutal e

tudo se acabar. A morte devia ser aquilo mesmo, um nevoeiro imenso, sem cor, sem

forma, para sempre.

Senti prazer em pensar que agora não haveria mais nada, que não seria mais

preciso sentir, nem reagir, nem providenciar, nem me torturar; que todas as coisas e

criaturas que tinham poder sobre mim e mandavam na minha alegria ou na minha

aflição haviam-se apagado e dissolvido naquele mundo de nevoeiro.

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A senhora sobressaltou-se de repente e muito aflita começou a me fazer

perguntas. O avião estava descendo mais e mais e, entretanto não se conseguia

enxergar coisa alguma. O motor parecia estar com um som diferente: podia ser

aquele o último e desesperado tredo2 ronco do minuto antes de morrer arrebentado

e retorcido. A senhora estendeu o braço direito, segurando 0 encosto da poltrona da

frente, e então me dei conta de que aquela mulher de cara um pouco magra e dura

tinha um belo braço, harmonioso e musculado.

Fiquei a olhá-lo devagar, desde o ombro forte e suave até as mãos de dedos

longos. E me veio uma saudade extraordinária da terra, da beleza humana, da

empolgante e longa tonteira do amor. Eu não queria mais morrer, e a idéia da morte

me pareceu tão errada, tão feia, tão absurda, que me sobressaltei. A morte era uma

coisa cinzenta, escura, sem a graça, sem a delicadeza e o calor, a força macia de

um braço ou de uma coxa, a suave irradiação da pele de um corpo de mulher moça.

Mãos, cabelos, corpo, músculos, seios, extraordinário milagre de coisas

suaves e sensíveis, tépidas, feitas para serem infinitamente amadas. Toda a

fascinação da vida me golpeou, uma tão profunda delícia e gosto de viver uma tão

ardente e comovida saudade, que retesei os músculos do corpo, estiquei as pernas,

senti um leve ardor nos olhos. Não devia morrer! Aquele meu torpor de segundos

atrás pareceu-me de súbito uma coisa doentia, viciosa, e ergui a cabeça, olhei em

volta, para os outros passageiros, como se me dispusesse afinal a tomar alguma

providência.

Meu gesto pareceu inquietar a senhora. Mas olhando novamente para a

vidraça adivinhei casas, um quadrado verde, um pedaço de terra avermelhada,

através de um véu de neblina mais rala. Foi uma visão rápida, logo perdida no

nevoeiro denso, mas me deu uma certeza profunda de que estávamos salvos

porque a terra existia, não era um sonho distante, o mundo não era apenas nevoeiro

e havia realmente tudo o que há, casas, árvores, pessoas, chão, o bom chão sólido,

imóvel, onde se pode deitar, onde se pode dormir seguro e em todo o sossego, onde

um homem pode premer o corpo de uma mulher para amá-la com força, com toda

sua fúria de prazer e todos os seus sentidos, com apoio no mundo.

2 falso

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No aeroporto, quando esperava a bagagem, vi de perto a minha vizinha de

poltrona. Estava com um senhor de óculos, que, com um talão de despacho na mão,

pedia que lhe entregassem a maleta. Ela disse alguma coisa a esse homem, e ele

se aproximou de mim com um olhar inquiridor que tentava ser cordial. Estivera muito

tempo esperando; a princípio disseram que o avião ia descer logo, era questão de

ficar livre a pista; depois alguém anunciara que todos os aviões tinham recebido

ordem de pousar em Campinas ou em outro campo; e imaginava quanto incômodo

me dera sua senhora, sempre muito nervosa. "Ora, não senhor." Ele se despediu

sem me estender a mão, como se, com aqueles agradecimentos, que fora

constrangido pelas circunstâncias a fazer, acabasse de cumprir uma formalidade

desagradável com relação a um estranho - que devia permanecer um estranho.

Um estranho — e de certo ponto de vista um intruso, foi assim que me senti

perante aquele homem de cara desagradável. Tive a impressão de que de certo

modo o traíra, e de que ele o sentia.

Quando se retiravam, a senhora me deu um pequeno sorriso. Tenho uma

tendência romântica a imaginar coisas, e imaginei que ela teve o cuidado de me

sorrir quando o homem não podia notá-lo, um sorriso sem o visto marital, vagamente

cúmplice. Certamente nunca mais a verei, nem o espero. Mas o seu belo braço foi

um instante para mim a própria imagem da vida, e não o esquecerei depressa.

2.1Como se deve ler!

Ler significa, em primeiro lugar, ler criticamente, o que quer dizer perder a

ingenuidade diante do texto dos outros, percebendo que atrás de cada texto há um

sujeito, com uma prática histórica, uma visão de mundo (um universo de valores),

uma intenção. (KUENZER, 2002, p.101).

Pela afirmação do autor, comprova-se que não basta somente ler – é preciso

ler de forma consciente e crítica, não simplesmente como receptor passivo de

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informações. É por meio da leitura crítica que o leitor faz a atribuição eficiente e

adequada de significações, tomando como referência o que leu (KUENZER, 2002).

Embasados nessa teoria, vamos realizar as atividades a seguir.

2.2 Atividades de interpretação: Percebendo as entrelinhas

a. O texto ”Um braço de mulher” é a narração de uma historia real. Por que o leitor

tem a certeza de que esse fato realmente aconteceu:

( ) Porque o autor aparentemente sempre utilizava a ponte aérea Rio/São Paulo;

( ) O texto escrito na primeira pessoa é como uma confissão da veracidade da

história;

( ) Percebe-se pelas entrelinhas que a historia é verdadeira;

b. Retorne ao texto releia e observe que a uma das personagens principais do texto

estava distraída, indiferente à viagem. Transcreva a parte em que pelas entrelinhas

se percebe que essa personagem fez todo o trajeto do rio de Janeiro a São Paulo

sem perceber.

c) A personagem estava dormindo? ( )

Estava lendo um jornal? ( )

Estava olhando as nuvens que passavam depressa pelo avião ( )

d) Com medo da queda do avião, a mulher se agarrava ao braço do companheiro de

viagem. Esse braço representava:

A força masculina que tem por obrigação proteger as mulheres ( )

A segurança que a mulher precisava para vencer o medo de o avião cair ( )

A melhor opção para que ela se segurasse em caso de uma queda ( )

e. Nesse trecho “E de repente me veio a idéia de que na verdade não podíamos

ficar eternamente com aquele motor roncando no meio do nevoeiro - e de que eu

podia morrer”. Aqui o autor quis dizer que nesse momento percebeu:

( ) Que realmente havia o perigo e se acabasse o combustível o avião poderia cair

e ele não se salvaria

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( ) Que quanto mais tempo o avião passasse no meio do nevoeiro, pior seria a

aterrissagem;

( ) Que do jeito que o avião estava voando, cairiam a qualquer momento e

morreriam todos.

Rubem Braga era uma pessoa muito humilde e não gostava de ser

enaltecido sobre nada do que fazia ou escrevia. Mesmo tendo sido correspondente

de guerra, jornalista renomado em jornais bem conceituados no Brasil, continuou

sempre humilde meio isolado do mundo como gostava de ficar.

Seus textos mostram estes traços de humildade.

f. Releia o texto “Um braço de mulher” e destaque o parágrafo onde aparece esse

traço do caráter do autor.

Enquanto conta a história o autor descreve a própria aparência. No texto

encontramos uma descrição concernente com a foto do escritor que aparece abaixo:

Rubem Braga e os Contemporâneos

Fonte: outubro.blogspot.com.

g. Encontre no texto essa descrição e destaque-a.

“Estávamos há muito tempo sobre São Paulo. Talvez chovesse lá embaixo;

de qualquer modo a grande cidade, invisível e tão próxima, vivia sua vida indiferente

àquele ridículo grupo de homens e mulheres presos dentro de um avião, ali no alto.

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Pensei em São Paulo e no rapaz de vinte anos que chegou com trinta mil-réis no

bolso uma noite e saiu andando pelo antigo viaduto do Chá, sem conhecer uma só

pessoa na cidade estranha. Nem aquele velho viaduto existe mais, e o aventuroso

rapaz de vinte anos, calado e lírico, é um triste senhor que olha o nevoeiro e pensa

na morte”.

h. Releia o trecho acima e complete com certo ou errado:

O cronista continua contando a história vivida naquele voo, mas coloca dados

antigos recordando sua primeira visita à capital paulista. (_____________)

Faz alusão a São Paulo como se fosse viva e estivesse preocupada com a possível

queda do avião. (_____________)

Associa sua juventude à do viaduto que já nem existe mais. (____________)

Pela forma como comenta sua vida naquele momento, trinta mil réis era muito

dinheiro. (_____________)

2.3 Atividades de discussão

a.Transcreva o trecho do texto onde Rubem Braga descreve a morte pela queda do

avião. Em seguida, escreva um parágrafo sobre como você descreve a morte pela

queda de um avião. Será que você concorda com o autor?

“A senhora estendeu o braço direito, segurando o encosto da poltrona da frente, e então me dei conta de que aquela mulher de cara um pouco magra e dura tinha um belo braço, harmonioso e musculado.

Fiquei a olhá-lo devagar, desde o ombro forte e suave até as mãos de dedos longos. E me veio uma saudade extraordinária da terra, da beleza humana, da empolgante e longa tonteira do amor. Eu não queria mais morrer, e a idéia da morte me pareceu tão errada, tão feia, tão absurda, que me sobressaltei. A morte era uma coisa cinzenta, escura, sem a graça, sem a delicadeza e o calor, a força macia de um braço ou de uma coxa, a suave irradiação da pele de um corpo de mulher moça.Mãos, cabelos, corpo, músculos, seios, extraordinário milagre de coisas suaves e sensíveis, tépidas, feitas para serem infinitamente amadas. Toda a fascinação da vida me golpeou, uma tão profunda delícia e gosto de viver uma tão ardente e comovida saudade, que retesei os músculos do corpo, estiquei as pernas, senti um leve ardor nos olhos. Não devia morrer!”b.Releia o trecho do texto que aparece acima, nele o autor descreve o momento em

que reagiu à conformação com a morte. Reescreva com suas palavras,

demonstrando como você acredita que o cronista se sentiu naquele momento. O

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medo de morrer, a negativa à morte, a sensação de despertar para a vida ao sentir

aquela mulher desconhecida assim bem perto de si numa situação tão inusitada.

c. O que você acha que o autor quis dizer com essa parte do texto?

“Foi uma visão rápida, logo perdida no nevoeiro denso, mas me deu uma certeza profunda de que estávamos salvos porque a terra existia, não era um sonho distante, o mundo não era apenas nevoeiro e havia realmente tudo o que há, casas, árvores, pessoas, chão, o bom chão sólido, imóvel, onde se pode deitar, onde se pode dormir seguro e em todo o sossego, onde um homem pode premer o corpo de uma mulher para amá-la com força, com toda sua fúria de prazer e todos os seus sentidos, com apoio no mundo”.

2.3 Atividades de reconhecimento da estrutura do texto

a. Enumere os parágrafos do texto para completar encontras as palavras no quadro

abaixo:

Palavra que demonstra que o viajante não estava interessado nos detalhes da sua

viagem. E verbete que indica neblina densa que impede a visão panorâmica.

Parágrafo 1

Palavra que indica medidas para se alcançar um fim. E palavra que significa: parece

real e verdadeiro. Parágrafo 2

Dispositivo construído para deixar entrar a claridade e permitir a visão do exterior.

E peça do vestuário nominada pelo autor. Parágrafo 3

Tipo de vestuário atribuído à aeromoça. Parágrafo 5

Movimento feito pelo avião. Parágrafo 7

Asa do avião vista pela janela. Parágrafo 8

“a gente se lembra de uma porção de coisas” ............... Parágrafo 11

“todas as coisas e ........... que tinham poder sobre mim” Parágrafo 12

O........... parecia estar com um som diferente:Parágrafo 13

“estiquei as pernas, senti um leve .......... nos olhos”. Parágrafo 15

“Certamente nunca mais a verei, nem o”...............Parágrafo 19

"ela teve o cuidado de me .......... quando o homem não podia notá-lo” Parágrafo 19

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W I A B C D R G N E S P E R O O AT N E V O E I R O B V R C C F D RA D I A D E E M A W I O S K I T DC I A C E N O V G R A V A T A I OM F C R I A T U R A S I T U V Y RO R A R A N D E L A P D V I A T AL E S W E N V I U S E Ê K K G G IP N B B R U S C O U A N T I G A SE Ç E E G O N R K H E C E G N VT A L K Y G R I O A N I Y N O S GC O L I I O B F U J A N E L AN I O R O K G M O T O R K Q J GD I R E I T A N Q R Q T E A A LO N O L N O J Q L T M L Y E TA P A R E N T E M E N T E J Y A A

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3 TEXTO ALMOÇO MINEIRO3

Rubem Braga

Fonte:singrandohorizontes.wordpress.com

Fonte:livrariaroteiro.com.br

Éramos dezesseis, incluindo quatro automóveis, uma charrete, três diplomatas, dois

jornalistas, um capitão-tenente da Marinha, um tenente-coronel da Força Pública, um empresário do

cassino, um prefeito, uma senhora loura e três morenas, dois oficiais de gabinete, uma criança de

colo e outra de fita cor-de-rosa que se fazia acompanhar de uma boneca.

Falamos de vários assuntos inconfessáveis. Depois de alguns minutos de debates ficou

assentado que Poços de Caldas é uma linda cidade. Também se deliberou, depois de ouvidos vários

oradores, que estava um dia muito bonito. A palestra foi decaindo então, para assuntos muitos

escabrosos: discutiu-se até política. Depois que uma senhora paulista e outra carioca trocaram idéias

a respeito do separatismo, um cavalheiro ergueu um brinde ao Brasil. Logo se levantaram outros,

que, infelizmente, não nos foi possível anotar, em vista de estarmos situados na extremidade da

mesa. Pelo entusiasmo reinante supomos que foram brindados o soldado desconhecido, as tardes de

outono, as flores dos vergéis, os proletários armênios e as pessoas presentes. O certo é que um

preto fazia funcionar a sua harmônica, ou talvez a sua concertina, com bastante sentimento. Seu

Nhonhô cantou ao violão com a pureza e a operosidade inerentes a um velho funcionário municipal.

3 Texto extraído do livro "Morro do Isolamento", editora Record - Rio de Janeiro, 1982, pág. 121.

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Mas nós todos sentíamos, no fundo do coração, que nada tinha importância, nem a Força

Pública , nem o violão de seu Nhonhô, nem mesmo as águas sulfurosas. Acima de tudo pairava o

divino lombo de porco com tutu de feijão. O lombo era macio e tão suave que todos imaginamos que

o seu primitivo dono devia ser um porco extremamente gentil, expoente da mais fina flor da

espiritualidade suína. O tutu era um tutu honesto, forte, poderoso, saudável.

É inútil dizer qualquer coisa a respeito dos torresmos. Eram torresmos trigueiros como a

doce amada de Salomão, alguns louros, outros mulatos. Uns estavam molinhos, quase simples

gordura. Outros eram duros e enroscados, com dois ou três fios.

Havia arroz sem colorau, couve e pão. Sobre a toalha havia também copos cheios de vinho

ou de água mineral, sorrisos, manchas de sol e a frescura do vento que sussurrava nas árvores. E no

fim de tudo houve fotografias. É possível que nesse intervalo tenhamos esquecido uma encantadora

lingüiça de porco e talvez um pouco de farofa. Que importa? O lombo era o essencial, e a sua

essência era sublime. Por fora era escuro, com tons de ouro. A faca penetrava nele tão docemente

como a alma de uma virgem pura entra no céu. A polpa se abria, levemente enfibrada, muito

branquinha, desse branco leitoso e doce que têm certas nuvens às quatro e meia da tarde, na

primavera. O gosto era de um salgado distante e de uma ternura quase musical. Era um gosto

indefinível e puríssimo, como se o lombo fosse lombinho da orelha de um anjo ouro. Os torresmos

davam uma nota marítima, salgados e excitantes da saliva. O tutu tinha o sabor que deve ter, para

uma criança que fosse gourmet de todas as terras, a terra virgem recolhida muito longe do solo, sob

um prado cheio de flores, terra com um perfume vegetal diluído mas uniforme. E do prato inteiro,

onde havia um ameno jogo de cores cuja nota mais viva era o verde molhado da couve — do prato

inteiro, que fumegava suavemente, subia para a nossa alma um encanto abençoado de coisas

simples e boas.

Era o encanto de Minas.

São Paulo, 1934.

3.1 Metodologia

Neste segundo texto, vamos aprofundar um pouco mais na biografia do autor, Rubem

Braga, para melhor desvendarmos o perfil do escritor.

As atividades de interpretação também serão feitas por meio de uma análise diferente, onde

haverá quadros para serem completados e perguntas para serem respondidas.

Biografia de Rubem Braga4 (continuação)

Em 1929, entra na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, estuda dois anos e transfere-se

para Belo Horizonte, onde conclui o curso em 1932. Nunca exerceu a profissão de advogado, e ainda

4 www.tirodeletra.com.br/ biografia / RubemBraga .htm

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na Faculdade começou a trabalhar em jornal. Logo passou a assinar uma crônica diária no Diário da

Tarde, além de escrever reportagens. Em fins de 1933 passa a trabalhar no Diário de São Paulo

como cronista e repórter ao lado de nomes como Mario de Andrade (crítico de música), com quem

não se deu muito bem. Nesta época, o preconceito contra nordestino em São Paulo era muito forte e

ele, confudido com um "nortista", sofreu um bocado.

Certa vez, fez uma brincadeira que aborreceu o Mario de Andrade e agradou o Oswald de

Andrade e Antonio de Alcântara Machado: escreveu um artigo dizendo que seu avô havia sido um

"bandeirante" paulista. Em 1935 Alcântara Machado é convidado para dirigir o Diário da Noite, no Rio

de Janeiro e leva-o junto. No Rio de Janeiro, passa algum tempo fazendo crônica diária, mas logo

passa a viver no Recife, assumindo a direção da última página (crônica policial) do Diário de

Pernambuco. Até aquela data, o centenário jornal não havia publicado nenhum suicídio, não obstante

ocorrerem muitos no Recife. Tal publicação foi uma inovação do jovem repórter. Depois de um

desentendimento com Chateaubriand, volta para o Rio de Janeiro, funda seu jornal - Folha do Povo -

e passa a defender a Aliança Libertadora Nacional. Sua oposição a Getulio Vargas rende uma série

de prisões e mudanças constantes, vindo a trabalhar em diversos jornais de São Paulo, Rio de

Janeiro e Porto Alegre. Nunca escreveu um livro, um romance por exemplo. Todos seus livros são

coletâneas de crônicas publicadas em diversos jornais. A primeira coletânea - O conde e o

passarinho - foi publicada em 1936, pela José Olympio, e teve uma boa aceitação. A segunda - O

morro do isolamento - saiu em 1944 pela Brasiliense. Por esta época estoura a II Guerra Mundial e

ele vai para a Itália como correspondente do Diário Carioca.

3.2 Atividades

Atividade 1: Leitura silenciosa

Atividade 2: Leitura sequenciada (quando um estudante continua de onde o outro parou sempre

lendo em voz alta).

Atividade 3: Estudo do vocabulário. (escreva as palavras que achou de difícil compreensão e procure

os seus significados no dicionário.

Atividade 4: Complete o quadro a seguir

1 Titulo do texto2 Autoria3 Ano de criação da obra4 Local de publicação5 Conteúdo temático6 Organização geral do texto7 Marcas linguísticas8 Tipo de texto

Atividade 5: Faça uma síntese do texto “Almoço Mineiro” O autor Rubem Braga sempre procura dar vivacidade aos seus textos intercalando outras

histórias ou descrevendo cenas paralelas no mesmo contexto.

Atividade 6: Transcreva um parágrafo do texto “Almoço Mineiro” que tenha essa característica:

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Atividade 7: Outra característica que se pode notar nos textos desse autor é o humor. Seus textos

sempre aparentam um jogo de palavras que entretém e faz sorrir, mesmo ao leitor que não está

habituado com seu estilo de escrita. Por exemplo:

“Pelo entusiasmo reinante supomos que foram brindados o soldado desconhecido, as tardes de outono, as flores dos vergéis, os proletários armênios e as pessoas presentes. O certo é que um preto fazia funcionar a sua harmônica, ou talvez a sua concertina, com bastante sentimento”. Releia o texto “Almoço Mineiro” e descubra outro parágrafo que possua essa mesma veia de humor.Atividade 8: Volte ao texto e ao reler descubra quantas pessoas movimentam o texto “Almoço Mineiro” Atividades de Discussão

Por meio da leitura o indivíduo pode discutir com o autor do texto. Pensando assim vamos dar nossos

“pitacos” no texto de Rubem Braga.

Atividade 9: Como você escreveria esse trecho para deixar mais em evidência as duas personagens

existentes nele.

“O certo é que um preto fazia funcionar a sua harmônica, ou talvez a sua concertina, com bastante sentimento. Seu Nhonhô cantou ao violão com a pureza e a operosidade inerentes a um velho funcionário municipal.”Atividade 10: “O tutu era um tutu honesto, forte, poderoso, saudável”. O que o autor quis dizer com

essa afirmação.

Atividade 11: Mesa Redonda. Nessa atividade, os alunos são dispostos em círculo para debaterem

as respostas das atividades propostas. Os questionamentos são baseados nos itens dispostos no

quadro abaixo.

Que grau de dificuldade você atribui aos textos desse autor. Baixo, médio ou alto?Quantas vezes você precisou ler para compreender o texto?Que características dos textos você mais gosta: melancolia, humor, metalinguagem?Os parágrafos longos dificultam a leitura?Você acha que as personagens acabam camufladas dentro do texto dificultando seu descobrimento?O escritor Rubem Braga era jornalista. Você acredita que esse fato facilita a leitura dos seus textos,

já que os jornalistas primam pela linguagem acessível?Quantas vezes você recorreu ao dicionário para entender o que significava a palavra colocada pelo

autor?O que você sentiu ao conhecer Rubem Braga e ler seus textos?Se você gostou das obras de Rubem Braga, continue lendo sua vasta obra em crônicas. Vide a lista

a seguir.

4 TEXTO CHAPEUZINHO VERMELHO

Millor Fernandes

CURIOSIDADE: A obra de Rubem Braga, escrita durante sessenta e dois anos

de vida jornalística, não se resume aos livros que publicou. Neles, o “velho Braga”

reuniu apenas uma pequena parcela das cerca de quinze mil crônicas que

escreveu. Destinadas ao jornal, veículo de consumo imediato e de permanência

efêmera, a maior parte de suas crônicas ainda está por ser reunida em livro.

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O texto “Chapeuzinho Vermelho” de Millôr Fernandes é um texto divertido. O autor dá

noções de botânica, de medicina, de psicologia, de ascentralismo, de sociologia e de geografia.

Habilmente, coloca títulos de livros e nomes de estudiosos importantes, sem, contudo, interferir na

ironia e no humor do texto

Fonte:brasiliano.wordpress.com/

"Era uma vez (admitindo-se aqui o tempo como uma realidade palpável, estranho, portanto, à

fantasia da história) uma menina, linda e um pouco tola, que se chamava Chapeuzinho Vermelho.

(Esses nomes que se usam em substituição do nome próprio chamam-se alcunha ou vulgo).

Chapeuzinho Vermelho costumava passear no bosque, colhendo Sinantias,

monstruosidade botânica que consiste na soldadura anômala de duas flores vizinhas pelos invólucros

ou pelos pecíolos, Mucambés ou Muçambas, planta medicinal da família das Caparidáceas, e

brincando aqui e ali com uma Jurueba, da família dos Psitacídeos, que vivem em regiões justafluviais,

ou seja, à margem dos rios.

Chapeuzinho Vermelho andava, pois, na Floresta, quando lhe aparece um lobo, animal

selvagem carnívoro do gênero cão e… (Um parêntesis para os nossos pequenos leitores — o lobo

era, presumivelmente, uma figura inexistente criada pelo cérebro superexcitado de Chapeuzinho

Vermelho.

Tendo que andar na floresta sozinha, - natural seria que, volta e meia, sentindo-se

indefesa, tivesse alucinações semelhantes.).

Chapeuzinho Vermelho foi detida pelo lobo que lhe disse: (Outro parêntesis; os animais

jamais falaram. Fica explicado aqui que isso é um recurso de fantasia do autor e que o Lobo encarna

os sentimentos cruéis do Homem. Esse princípio animista é ascentralíssimo e está em todo o folclore

universal.)

Disse o Lobo:

"Onde vais, linda menina?

" Respondeu Chapeuzinho Vermelho:

"Vou levar estes doces à minha avozinha que está doente. Atravessarei dunas, montes,

cabos, istmos e outros acidentes geográficos e deverei chegar lá às treze e trinta e cinco, ou seja, a

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uma hora e trinta e cinco minutos da tarde". Ouvindo isso o Lobo saiu correndo, estimulado por

desejos reprimidos (Freud: "Psychopathology Of Everiday Life", The Modern Library Inc. N.Y.).5

Chegando na casa da avozinha ele engoliu-a de uma vez — o que, segundo o conceito

materialista de Marx indica uma intenção crítica do autor, estando oculta aí a idéia do capitalismo

devorando o proletariado — e ficou esperando, deitado na cama, fantasiado com a roupa da avó.

Passaram-se quinze minutos (diagrama explicando o funcionamento do relógio e seu

processo evolutivo através da História).

Chapeuzinho Vermelho chegou e não percebeu que o lobo não era sua avó, porque sofria

de astigmatismo convergente, que é uma perturbação visual oriunda da curvatura da córnea.

Nem percebeu que a voz não era a da avó, porque sofria de Otite, inflamação do ouvido,

nem reconheceu nas suas palavras, palavras cheias de má-fé masculina, porque afinal, eis o que ela

era mesmo: esquizofrênica, débil mental e paranóica pequenas doenças que dão no cérebro, parte-

súpero-anterior do encéfalo. (A tentativa muito comum de a mulher ignorar a transformação do

Homem é profusamente estudada por Kinsey em "Sexual Behavior in the Human Female"6. W. B.

Saunders Company, Publishers.)

Mas, para salvação de Chapeuzinho Vermelho, apareceram os lenhadores, mataram

cuidadosamente o Lobo, depois de verificar a localização da avó através da Roentgenfotografia. “E

Chapeuzinho Vermelho viveu tranqüila 57 anos, que é a média da vida humana segundo Maltus,

Thomas Robert, economista inglês nascido em 1766, em Rookew, pequena propriedade de seu pai,

que foi grande amigo de Rousseau.”

4.1 A Prática da Leitura

A leitura deve ser um hábito sadio e não uma obrigação. Uma prática constante de leitura na

escola deve admitir várias leituras, outra concepção a ser superada é a do mito da interpretação

única. É comum nos concursos públicos, nas provas de vestibular e até nas provas dos cursos

regulares encontrar atividades de interpretação que dão ao leitor uma única opção de acerto, isso

quer dizer que os professores acreditam que o texto só pode ter uma interpretação, fruto do

pressuposto de que o significado está dado no texto. Urge que o educador procure compreender o

que há por trás dos diferentes sentidos que os alunos atribuem aos textos, cada qual faz a sua leitura

e tem, portanto, a sua interpretação (KLEIMAN, 1993).

Ler é discutir com o autor do texto e formar sua opinião sobre ele mesmo que essa opinião

não seja expressa verbalmente.

Um texto como os de Millor Fernandes são impossíveis de fazer somente uma interpretação

devido a sua vivacidade. São textos dotados de um humor muito sutil e de muita ironia. Além de muito

movimentados, o autor passa de um personagem para outro e de um fato para outro com muita

rapidez. Essas mudanças podem fazer com que um leitor iniciante se perca na interpretação e

compreensão do texto.

4.2 Quem é Millor Fernandes?

5 FREUD: Psicopatologia da Vida Everiday. A biblioteca moderna. Inscrito em New York.6 SAUNDERS,W. B. O comportamento sexual no ser humano feminino. Company, editores

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Millôr Viola Fernandes, cartunista, jornalista, cronista, dramaturgo, roteirista, tradutor e

poeta brasileiro. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1923, filho do engenheiro Francisco Fernandes e de

Maria Viola Fernandes.

Deveria ser registrado como Milton Viola Fernandes, mas, naquela época, os livros de

registro de nascimento eram escrito à mão e, graças a uma caligrafia duvidosa acabou sendo

registrado como Millôr, o que só veio a descobrir na adolescência. Órfão de pai aos dois anos e de

mãe aos 11, desde muito cedo começa a trabalhar. Aos 15 anos, entra para a revista O Cruzeiro

como contínuo. Aos 16 anos, convidado para colaborar na revista A Cigarra, cria o pseudônimo Vão

Gôgo. Em 1943 volta para a revista O Cruzeiro, que passa, ao longo dos anos, de 11 mil exemplares

para 750 mil exemplares semanais. Em 1946, faz sua estréia literária com o livro Eva sem Costela -

um livro em defesa do homem, e sete anos depois é montada sua primeira peça de teatro, Uma

Mulher em Três Atos. Em 1964 edita a revista humorística O Pif-Paf, considerada uma das pioneiras

da imprensa alternativa, e quatro anos depois participa da fundação do jornal O Pasquim.

As principais características dos textos de Millôr Fernandes é a ironia e o humor. São textos

vibrantes, temperados com muitas sátiras.

Cartunista vem colaborando nos principais órgãos da imprensa brasileira; cronista tem mais

de 40 títulos publicados; dramaturgo alcançou sucessos como Liberdade, Liberdade (em parceria

com Flávio Rangel), Computa, computador, computa e É. Artista gráfico tem trabalhos expostos em

várias galerias de arte do Rio de Janeiro e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ.

Faz roteiros de filmes, programas de televisão, shows e musicais e é um dos mais solicitados

tradutores de teatro do país. Irônico, polêmico, com seus textos (aforismos, epigramas, ironia, duplos

sentidos e trocadilhos) e seus desenhos constrói a crônica dos costumes brasileiros dos últimos

sessenta anos.

4.3 Atividades

Atividade 1: Leitura silenciosa

Atividade 2: Leitura sequenciada (quando um estudante continua de onde o outro parou sempre

lendo em voz alta).

Atividade 3: Estudo do vocabulário. (escreva as palavras que achou de difícil compreensão e procure

os seus significados no dicionário.

Atividade 4: Complete o quadro a seguir

1 Título do texto2 Público alvo do texto3 Objetivo do texto4 Tipo de linguagem5 Conteúdo temático6 Organização geral (estrutura)7 Marcas linguísticas (características do

texto)Atividade 5: Qual o nível de dificuldade tem esse texto, em sua opinião?

Atividade 6: Liste todos os nomes de personalidade que aparecem no texto para uma pesquisa

futura:

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Atividade 7: Reflita sobre o título. Que efeito ele causou em você? É possível identificar o tema do

texto somente a partir do título?

Atividade 8: Se você pudesse mudar o titulo desse texto que título você daria a ele?

Atividade 9: Metalinguagem é a propriedade que a linguagem tem de se autoexplicar. No texto

“Chapeuzinho Vermelho”, a metalinguagem aparece em vários pontos. Transcreva as frases em que

ocorrem essa situação.

Fonte:bp.blogspot.com/imagemliberada/Chapeuzinho+vermelho.jpg

“Nem percebeu que a voz não era a da avó, porque sofria de Otite, inflamação do ouvido,

nem reconheceu nas suas palavras, palavras cheias de má-fé masculina, porque afinal, eis o que ela

era mesmo: esquizofrênica, débil mental e paranóica pequenas doenças que dão no cérebro, parte-

súpero-anterior do encéfalo. (A tentativa muito comum de a mulher ignorar a transformação do

Homem é profusamente estudada por Kinsey em "Sexual Behavior in the Human Female"7. W. B.

Saunders Company, Publishers”).

Atividade 10: Observando a ilustração de “Chapeuzinho Vermelho” criada pelo autor, e relendo o

trecho acima, pode-se afirmar que:

1. ( ) a imagem pode ser perfeitamente associada ao texto;

2. ( ) a imagem não tem absolutamente nada a ver com o texto;

3. ( ) a imagem é uma alusão a um lobo e uma “Chapeuzinho” dos tempos modernos;

Atividade 11: Volte ao trecho em destaque na questão anterior e transcreva os adjetivos que o autor

atribui à sua “Chapeuzinho Vermelho” e opine a respeito:

Atividade 12: O Texto “Chapeuzinho Vermelho” de Millôr Fernandes se torna divertido porque

quando o autor coloca um termo de difícil compreensão ela já explica seu significado a seguir.

Atividade 13: Observe as ilustrações de “Chapeuzinho Vermelho” de Millor Fernandes e responda:

elas têm as mesmas características da Chapeuzinho Vermelho que você já conhecia? Explique:

Atividade 14: Ajuntem-se em grupos de dois alunos. Releiam o texto e discuta com seu colega os

seguintes itens:

- O que você não gostou;

- O que você mais gostou;

- Que parte você retiraria do texto;

- O que você acrescentaria;

7 SAUNDERS,W. B. O comportamento sexual no ser humano feminino. Company, editores

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Atividade 15: Após a discussão, cada equipe elabore um texto baseado no “Chapeuzinho Vermelho”

de Millôr Fernandes.

*Observação: Sua produção deverá conter:

- Autoria;

- Local e data de criação;

- Ilustração;

− E, se você tiver blog ou página de autor em algum site coloque-o como possível meio de

publicação.

5 BIBLIOGRAFIA

BRAGA, Rubem. Morro do Isolamento. Rio de Janeiro: Record, 1982,

FERNANDES, Millôr. Lições de Um Ignorante. Rio de Janeiro: José Álvaro Editor, 1967.___________. Poemas e Biografia. Porto Alegre: ", L&PM , 1984,

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. Em três artigos que se completam. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1995. KLEIMAN, A. B. Oficina de Leitura. Campinas: Pontes/Unicamp, 1993.

KUENZER, Acácia (Org.). Ensino Médio: Construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. 3ª ed. Cortez, 2002.

MERCURI, E.. Condições Espaciais. Materiais, Temporais e Pessoais para o Estudo. Segundo Depoimentos de Alunos e Professores de Cursos de Graduação da Unicamp. Tese de Doutorado, Faculdade de Educação, UNICAMP, 1992.

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www.tirodeletra.com.br/ biografia / RubemBraga .htm. Biografia de Rubem Braga. Acesso em 13 de junho de 2010.