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Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio do tubo de Karsten na medição da permeabilidade à água líquida em revestimentos de ladrilhos cerâmicos e argamassas Christopher Alexander Coimbra Pereira Apps Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Prof. Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito Orientador: Profª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen Coorientador: Engº Luís Miguel Cardoso da Silva Vogal: Prof. Pedro Miguel Dias Vaz Paulo Outubro de 2011

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Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio do tubo de Karsten na medição da permeabilidade à água líquida em 

revestimentos de ladrilhos cerâmicos e argamassas 

 

Christopher Alexander Coimbra Pereira Apps 

 

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em 

Engenharia Civil 

 

 

 

Júri 

Presidente:    Prof. Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito 

Orientador:   Profª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen 

Co‐orientador:    Engº Luís Miguel Cardoso da Silva 

Vogal:         Prof. Pedro Miguel Dias Vaz Paulo 

 

 

 

Outubro de 2011

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Resumo  

O nível de desempenho de um edifício  sofre uma diminuição a partir do momento em que inicia  a  sua  vida  útil  pelo  que  a  prática  da manutenção  assume  cada  vez maior  peso  em garantir níveis  aceitáveis de desempenho para os edifícios  e os  seus  elementos.  Tal prática depende  do  conhecimento  em  serviço  do  desempenho  dos  seus  elementos,  conseguida através de metodologias de avaliação, à qual pertencem as técnicas de ensaio in‐situ. 

De  maneira  a  garantir  adequados  níveis  de  desempenho  das  fachadas  de  edifícios,  é necessário  que  os  seus  elementos,  dos  quais  fazem  parte  os  revestimentos  exteriores, possuam bom comportamento em serviço cumprindo as  funções que  lhes competem. Neste contexto, visto que uma das principais causas de diminuição dos níveis de desempenho a que se  encontram  sujeitos  os  revestimentos  exteriores  é  a  acção  da  água,  a  resistência  à penetração  de  água  em  paredes  é  uma  das  características  mais  importantes  dos revestimentos. 

Por conseguinte, esta dissertação aprofunda o conhecimento relativo à técnica de diagnóstico in‐situ  do  tubo  de  Karsten,  determinando  o  desempenho  em  serviço  de  revestimentos cerâmicos  e de  argamassas,  face  à  acção da  água  através da medição da permeabilidade  à água líquida sob baixa pressão. 

Neste trabalho de investigação, realiza‐se uma campanha experimental principal in‐situ e uma complementar em laboratório onde se analisa, a variabilidade da técnica de ensaio do tubo de Karsten e a quantidade mínima de ensaios necessários realizar de forma a garantir a fiabilidade de resultados, bem como a existência da reprodutibilidade de resultados. Analisa‐se também a influência  de  determinados  parâmetros  que  se  prevêem  influenciar  a  técnica  (utilização  de tubos de Karsten de características diferentes; variação das condições climáticas; utilização de diferentes materiais de  fixação do  tubo;  localização dos  tubos em  revestimentos  cerâmicos, sobretudo  casos  de  juntas  existentes;  diferentes  tipos  de  superfície). Além  dos  parâmetros mencionados, identificam‐se outros relacionados com a técnica e com o estado de degradação dos revestimentos estudados que dificultam a realização do ensaio e a correcta interpretação dos seus resultados. 

 

 

 

 

Palavras‐chave:  desempenho  em  serviço;  parâmetros  em  serviço;  ensaios  in‐situ;  tubo  de Karsten;  permeabilidade  à  água;  revestimentos  de  argamassas;  revestimentos  de  ladrilhos cerâmicos. 

   

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Abstract  

The building’s level of performance decreases from the beginning of its service life. As a result, the maintenance of the building and all its elements is essential in order to assure reasonable levels of performance. Such practice depends on the knowledge of the in‐service performance of  its  elements,  which  can  be  reached  by  evaluation  methodologies  through  in‐situ  test techniques. 

In  order  to  guarantee  the  adequate  levels  of  performance  in  the  buildings’  facades,  it  is essential that all the elements, which include external renders, have good in‐service behaviour, complying with  all  the expected  functions of  these elements.  In  this  context,  as one of  the main causes for a performance reduction is the action of water on a building, the resistance to water penetration in walls is one of the most important characteristics of external coatings. 

Therefore,  this  dissertation  increases  the  existent  knowledge  of  the  in‐situ  diagnostic  tests with  the  Karsten  tube,  determining  the  in‐service  performance  of  rendering  mortars  and ceramic tile coatings, upon the water action, by assessing their capacity of water absorption, under low pressure.  

In the experimental study, a main in‐situ campaign and a complementary laboratorial one take place, in which the variability of the Karsten tube technique and the minimum quantity of tests necessary in order to guarantee reliable results, and also results reproducibility, are analyzed. Certain  factors  that  are  thought  to  influence  the  technique  are  also  analyzed  (the  use  of Karsten  tubes with different  characteristics;  variation of  climate  conditions; use of different tube bonding materials; location of the tubes on ceramic tile coating, specially on the existing joint  cases;  different  types  of  surfaces).  Besides  the  parameters  mentioned,  others  that complicate the test and the correct interpretation of its results, related to the technique itself and the condition of the studied coatings, are identified.  

 

 

 

 

 

 

 

Keywords:  in‐service  performance;  in‐service  parameters;  in‐situ  tests;  Karsten  tube; water permeability; rendering mortars; ceramic tile coatings. 

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Agradecimentos  

Este trabalho representa o culminar de um longo percurso e a conclusão de uma etapa muito importante na minha vida, pelo que desejo expressar a minha admiração, o profundo respeito e sinceros agradecimentos a todos aqueles que contribuíram directa ou indirectamente para a sua concretização, dos quais destaco: 

A minha  orientadora  científica,  Professora  Inês  Flores‐Colen,  pela  orientação  concedida  no decorrer do trabalho, pela partilha de conhecimento sobre o tema, pela atenção na análise de resultados e na revisão do texto. 

O Engenheiro Luís Silva da Weber, meu co‐orientador científico, responsável pela Estação de Envelhecimento Natural do Carregado, pelo  apoio na definição  e  realização das  campanhas experimentais e pelas revisões realizadas ao trabalho. 

O Engenheiro Nuno Vieira da Weber, pela transmissão de conhecimentos práticos e pelo apoio na realização das campanhas experimentais. 

Os Engenheiros João Alferes e Nuno Cerqueira, por possibilitarem o acesso ao Restelo e Caxias, respectivamente, para a realização de inspecções. 

O Sr. Leonel Silva, técnico do Laboratório de Construção, pelo seu apoio e disponibilidade na realização da campanha experimental laboratorial. 

Todos os meus colegas e amigos de faculdade que participaram neste percurso que foram os anos de curso de Engª Civil, com o seu apoio, amizade e  incentivo, dos quais destaco a Paula Mendes, o André Cunha e o Pedro Santiago. 

Os meus amigos de sempre e para sempre, pela sua amizade e palavras de força e optimismo constantes,  por  todas  as  boas  e más  influências  que me  incutem,  Ana,  Inês, Diogo,  Braga, Santiago, Fyssas, William e João. 

Toda a minha  família que  sempre acreditou e apostou em mim, em especial a minha Mãe, Susana Coimbra, pelo carinho e confiança e Avô, Mário Caldeira, pelo exemplo que é, e pela ambição incutida. 

Por  fim,  todos os que me acompanharam ao  longo destes anos, e ajudaram a  tornar‐me na pessoa que sou, que depositam confiança em mim e para os quais sou uma esperança, resta‐me nunca vos desiludir. 

 

Muito obrigado… 

   

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Índice geral Resumo ..................................................................................................................................................... i 

Abstract .................................................................................................................................................. iii 

Agradecimentos ....................................................................................................................................... v 

Índice de figuras ....................................................................................................................................... xi 

Índice de tabelas ..................................................................................................................................... xv 

Simbologia / acrónimos .......................................................................................................................... xix 

1.  Introdução ...................................................................................................................................... 1 

1.1  Enquadramento e justificação da tese .......................................................................... 1 

1.2  Objectivos e metodologia de investigação ................................................................... 2 

1.3  Estrutura e organização da tese .................................................................................... 2 

2. Tecnologia e desempenho de revestimentos de argamassas e de ladrilhos cerâmicos em fachadas ................................................................................................................................................... 5 

2.1. Considerações gerais .......................................................................................................... 5 

2.2. Desempenho de revestimentos exteriores de paredes ..................................................... 5 

2.2.1.  Funções e exigências funcionais de revestimentos de paredes ............................ 5 

2.2.2.  Classificação funcional de revestimentos exteriores de paredes ......................... 6 

2.2.3.  Características de desempenho de revestimentos de paredes ............................ 6 

2.2.4.  Comportamento físico em serviço de revestimentos exteriores face à água ....... 8 

2.3. Revestimentos de argamassas ......................................................................................... 10 

2.3.1. Classificação de argamassas .......................................................................................... 10 

2.3.1.1. Argamassas tradicionais ......................................................................................... 12 

2.3.1.2. Argamassas não‐tradicionais.................................................................................. 13 

2.3.2. Aplicação de revestimentos de argamassa ................................................................... 14 

2.3.3. Perda de desempenho de revestimentos de argamassa .............................................. 16 

2.4. Revestimentos cerâmicos aderentes ............................................................................... 18 

2.4.1. Descrição dos constituintes de revestimentos cerâmicos e as suas principais características .......................................................................................................................... 18 

2.4.1.1. Ladrilhos cerâmicos ................................................................................................ 18 

2.4.1.2. Material de assentamento de ladrilhos ................................................................. 19 

2.4.1.3. Juntas ..................................................................................................................... 21 

2.4.2. Aplicação de revestimentos cerâmicos ......................................................................... 22 

2.4.3. Perda de desempenho de revestimentos cerâmicos .................................................... 25 

2.5. Síntese do capítulo ........................................................................................................... 27 

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viii 

3.Técnicas de ensaio in‐situ para avaliação do desempenho de revestimentos de fachadas em serviço .................................................................................................................................................... 29 

3.1. Considerações gerais ........................................................................................................ 29 

3.2. Importância da utilização de uma metodologia de avaliação in‐situ ............................... 29 

3.3. Estudo das técnicas de ensaio in‐situ ............................................................................... 30 

3.4. Técnica de ensaio a utilizar ‐ tubo de Karsten ................................................................. 31 

3.4.1. Campo de aplicação .................................................................................................. 33 

3.4.2. Vantagens e desvantagens ........................................................................................ 33 

3.4.3. Equipamento de ensaio e descrição da técnica ........................................................ 33 

3.4.4. Parâmetros de medição ............................................................................................ 35 

3.4.5. Interpretação e variabilidade dos resultados ........................................................... 35 

3.4.6. Síntese de metodologias experimentais utilizadas ................................................... 40 

3.4.7. Factores que influenciam o ensaio ........................................................................... 41 

3.5. Síntese do capítulo ........................................................................................................... 42 

4. Caracterização do trabalho experimental............................................................................................ 45 

4.1. Considerações gerais ........................................................................................................ 45 

4.2. Metodologia de investigação ........................................................................................... 45 

4.2.1. Paramentos ensaiados .............................................................................................. 45 

4.2.1.1. Campanha experimental na Estação de Envelhecimento Natural no Carregado .. 46 

4.2.1.2. Campanha experimental em paramentos em Caxias ............................................ 48 

4.2.1.3. Campanha experimental na fachada de um edifício no Restelo ........................... 49 

4.2.1.4. Campanha experimental em placas ETICS no Laboratório de Construção ‐ DECivil ............................................................................................................................................. 49 

4.2.2. Objectivos a analisar nos paramentos ensaiados ..................................................... 50 

4.3. Procedimento experimental ............................................................................................ 51 

4.4. Técnicas auxiliares de diagnóstico ................................................................................... 52 

4.5. Caracterização do plano de estudo .................................................................................. 54 

4.5.1. Análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten ........................................... 54 

4.5.2. Análise de parâmetros de influência ......................................................................... 54 

4.5.3. Análise da reprodutibilidade de resultados .............................................................. 59 

4.6. Análise estatística utilizada no estudo dos resultados..................................................... 59 

4.7. Conclusões do capítulo .................................................................................................... 60 

5. Apresentação e discussão dos resultados experimentais .................................................................... 63 

5.1. Considerações gerais ........................................................................................................ 63 

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ix 

5.2. Análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten .................................................. 63 

5.2.1. Variabilidade nos paramentos analisados ................................................................ 63 

5.2.2. Número mínimo de ensaios a realizar por paramento ............................................. 67 

5.3. Análise de parâmetros de influência ................................................................................ 70 

5.3.1. Utilização de tubos de Karsten diferentes ................................................................ 71 

5.3.2. Condições climáticas distintas (sol e chuva) ............................................................. 73 

5.3.3. Variação do material de fixação (silicone transparente, massa anti‐vibratória e plasticina) ............................................................................................................................ 75 

5.3.4. Localização dos tubos (casos de juntas em revestimentos cerâmicos) .................... 78 

5.3.5. Tipos de superfícies (revestimentos cerâmicos, argamassas e placas ETICS) ........... 81 

5.4. Análise da reprodutibilidade de resultados ..................................................................... 83 

5.5. Conclusões do capítulo .................................................................................................... 92 

6. Conclusões e desenvolvimentos futuros ............................................................................................. 97 

6.1. Considerações gerais ........................................................................................................ 97 

6.2. Conclusões gerais ............................................................................................................. 97 

6.3. Desenvolvimentos futuros ............................................................................................... 99 

Bibliografia ............................................................................................................................................101 

Regulamentação/Normalização/Especificação ..................................................................... 106 

Sites consultados ................................................................................................................... 107 

ANEXO A ‐ resultados experimentais ..................................................................................................... A.1 

ANEXO B ‐ fichas técnicas ...................................................................................................................... B.1 

 

   

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xi 

Índice de figuras Figura 2.1 ‐ Aplicação da argamassa tradicional  ........................................................................ 15 

Figura 2.2 ‐ Preparação da argamassa  ....................................................................................... 15 

Figura 2.3 ‐ Fendilhação do reboco: numa única camada (fendas afastadas, de grande largura e profundidade) e em duas camadas de espessura menor (fendas mais próximas, finas e desencontradas)  ......................................................................................................................... 16 

Figura 2.4 ‐ Exemplos de anomalias provocadas pela acção da água em paredes rebocadas: a) Eflorescências e criptoflorescências; b) Sujidade uniforme, c) Humidade capilar e d) Biodegradação ‐ colonização biológica (musgo) ......................................................................... 17 

Figura 2.5 ‐ Exemplos de anomalias que ocorrem nas fachadas rebocadas: e) Fendilhação e fissuração; f) Perda de aderência; g) Desagregação e h) Erosão ................................................ 18 

Figura 2.6 ‐ Camadas do sistema de revestimento cerâmica aderente e suporte  ..................... 18 

Figura 2.7 ‐ Exemplos de ladrilhos cerâmicos: a) porcelânico, b) grés extrudido e c) azulejo .... 19 

Figura 2.8 ‐ Esquema representativo da aplicação de RCA de pavimentos em camada espessa e em camada fina  .......................................................................................................................... 20 

Figura 2.9 ‐ a) Junta estrutural (1‐suporte; 2‐ladrilho; 3‐material de assentamento; 4‐fundo de junta; 5‐cordão de silicone; 6‐mástique) b) Junta estrutural  ..................................................... 21 

Figura 2.10 ‐ a) Junta de esquartelamento e b) Junta de esquartelamento  .............................. 22 

Figura 2.11 ‐ a) Exemplos de juntas periféricas e b) Junta periférica  ........................................ 22 

Figura 2.12 ‐ Exemplos das principais anomalias registadas em revestimentos cerâmicos: a) eflorescências, b) descolamentos, c) fendilhação e d) deterioração de juntas  ......................... 26 

Figura 3.1 ‐ Processo de avaliação do desempenho de um elemento construtivo  ................... 30 

Figura 3.2 ‐ Aplicação do tubo de Karsten em superfície horizontal e vertical........................... 33 

Figura 3.3 ‐ Etapas do ensaio do tubo de Karsten  ...................................................................... 34 

Figura 3.4 ‐ Porosidade aberta e fechada respectivamente . ..................................................... 36 

Figura 3.5 ‐ Posições para a realização do ensaio de permeabilidade à água líquida  ............... 38 

Figura 3.6 ‐ Exemplos de factores que afectam o ensaio: a) Existência de microfissuras, b) processo de fixação do tubo ....................................................................................................... 41 

Figura 4.1 ‐ Muro Sul ensaiado (EEN)………………………………………………………………………………………46 

Figura 4.2 ‐ Esquema representativo do muro Sul analisado…………………………………………………..46 

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xii 

Figura 4.3 ‐ Muro do Pavilhão da Escola de Formação ensaiado (M2) ....................................... 47 

Figura 4.4 ‐ Muro teste de monocamada Norte M3 ................................................................... 47 

Figura 4.5 ‐ Muro teste de monocamada Norte M4 ................................................................... 47 

Figura 4.6 ‐ Muro teste de monocadama Sul M5........................................................................ 47 

Figura 4.7 ‐ Muro de cerâmica betumada ensaiado ................................................................... 48 

Figura 4.8 ‐ Divisão do paramento de Caxias por zonas ............................................................. 48 

Figura 4.9 ‐ Muro ensaiado na zona 3 (MZ3) .............................................................................. 48 

Figura 4.10 ‐ Muro ensaiado na zona 6 (MZ6) ............................................................................ 48 

Figura 4.11 ‐ Paramento ensaiado da fachada de um edifício no Restelo .................................. 49 

Figura 4.12 ‐ Placas EPS1 (esquerda) e EPS2 (direita) ensaiadas ................................................ 50 

Figura 4.13 ‐ Materiais necessários para a execução in‐situ da técnica de ensaio do tubo de Karsten ........................................................................................................................................ 51 

Figura 4.14 ‐ Material de fixação (massa anti‐vibratória) moldado e pronto a aplicar ao tubo . 52 

Figura 4.15 ‐ Material de fixação (plasticina) colocado no bordo interior do tubo .................... 52 

Figura 4.16 ‐ Principais etapas do procedimento da técnica de ensaio in‐situ do tubo de Karsten utilizando material de fixação silicone transparente .................................................................. 53 

Figura 4.17 ‐ Humidímetro portátil ............................................................................................. 53 

Figura 4.18 ‐ Termo‐higrómetro ................................................................................................. 53 

Figura 4.19 ‐ Ensaio de 11 tubos de Karsten a decorrer, com o objectivo de analisar a variabilidade da técnica .............................................................................................................. 54 

Figura 4.20 ‐ Tubo de Karsten 1 e indicação das dimensões ...................................................... 55 

Figura 4.21 ‐ Tubo de Karsten 2 .................................................................................................. 55 

Figura 4.22 ‐ Ensaio a decorrer com tubos de Karsten diferentes (A ‐ Tubo1, B ‐ Tubo2) .......... 56 

Figura 4.23 ‐ Ensaio em condições de sol.................................................................................... 56 

Figura 4.24 ‐ Preparação do ensaio para condições de “chuva” ................................................. 56 

Figura 4.25 ‐ Ensaio comparativo entre silicone transparente e plasticina (A ‐ Silicone, B ‐ Plasticina) .................................................................................................................................... 56 

Figura 4.26 ‐ Ensaio comparativo entre massa anti‐vibratória e plasticina (Esq. ‐ Massa a.v., Dir. ‐ Plasticina) .................................................................................................................................. 57 

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xiii 

Figura 4.27 ‐ Ensaio comparativo entre silicone transparente e massa anti‐vibratória (Esq. ‐ Silicone, Dir. ‐ Massa a.v.) ........................................................................................................... 57 

Figura 4.28 ‐ Casos de juntas ensaiados em ladrilhos cerâmicos ............................................... 58 

Figura 4.29 ‐ Ensaio em superfície de revestimento em argamassa monocamada hidrofugada 58 

Figura 4.30 ‐ Ensaio em superfície de revestimento cerâmico com junta em T ......................... 58 

Figura 4.31 ‐ Ensaio em placas ETICS .......................................................................................... 58 

Figura 4.32 ‐ Legenda de um diagrama boxplot .......................................................................... 60 

Figura 5.1 ‐ Coeficientes de variação dos volumes de água absorvidos nos paramentos ensaiados ..................................................................................................................................... 65 

Figura 5.2 ‐ Diagrama boxplot demonstrativo da dispersão dos resultados de volumes de água absorvida ..................................................................................................................................... 65 

Figura 5.3 ‐ Ensaio a decorrer no paramento M2 ....................................................................... 66 

Figura 5.4 ‐ Ensaio a decorrer do tubo de Karsten III com fuga de água .................................... 66 

Figura 5.5 ‐ Ensaio a decorrer no paramento de Caxias ............................................................. 66 

Figura 5.6 ‐ Ensaio a decorrer no paramento MCR ..................................................................... 67 

Figura 5.7 ‐ Ensaio a decorrer na placa EPS1 .............................................................................. 67 

Figura 5.8 ‐ Ensaio a decorrer para a análise da influência de tubos de Karsten diferentes (Tubos 1 à esquerda; Tubos 2 à direita) ...................................................................................... 71 

Figura 5.9 ‐ Gráfico comparativo dos resultados dos volumes de água absorvidos ................... 72 

Figura 5.10 ‐ Gráfico da relação dos volumes de água absorvida pelos Tubos 1 e 2 .................. 72 

Figura 5.11 ‐ Localização dos tubos de Karsten a ensaiar no paramento M5 ............................. 73 

Figura 5.12 ‐ Gráfico dos volumes de água absorvidos nas inspecções realizadas ..................... 74 

Figura 5.13 ‐ Resultados dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção, no paramento M3 . 76 

Figura 5.14 ‐ Resultados dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção, no paramento M4 . 77 

Figura 5.15 ‐ Resultados dos volumes de água absorvida na 3ª inspecção, no paramento M4 . 78 

Figura 5.16 ‐ Exemplo de um ensaio não considerado devido a absorção excessiva ................. 80 

Figura 5.17 ‐ Volumes médios de água absorvida registados nos casos de juntas estudados ... 80 

Figura 5.18 ‐ Valores médios do volume de água absorvida nos paramentos ensaiados .......... 81 

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Figura 5.19 ‐ Valores médios dos coeficientes de absorção dos paramentos ensaiados ........... 81 

Figura 5.20 ‐ Gráfico da evolução da absorção de água no ensaio de tubo de Karsten ............. 83 

Figura 5.21 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min no paramento M1 ................................. 84 

Figura 5.22 ‐ 1ª inspecção no paramento M3 ‐ 1 par de tubos diferentes ................................. 86 

Figura 5.23 ‐ 2ª inspecção no paramento M3 ‐ 1 par de tubos diferentes com diferentes materiais de fixação (A‐silicone; B‐plasticina) ............................................................................. 86 

Figura 5.24 ‐ 3ª inspecção no paramento M3 ‐ 1 par de tubos com material de fixação plasticina ..................................................................................................................................... 86 

Figura 5.25 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min no paramento M3 ................................. 86 

Figura 5.26 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min no paramento MCR ............................... 88 

Figura 5.27 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min na placa EPS1 ......................................... 89 

Figura 5.28 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min na placa EPS2 ......................................... 90 

 

   

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Índice de tabelas Tabela 2.1 ‐ Classificação de revestimentos exteriores de paredes  ............................................ 7 

Tabela 2.2 ‐ Características de desempenho em serviço de rebocos exteriores  ......................... 7 

Tabela 2.3 ‐ Características de desempenho em serviço de ladrilhos cerâmicos de revestimentos exteriores  ............................................................................................................. 8 

Tabela 2.4 ‐ Requisitos para a quantificação de características de desempenho para rebocos, segundo a normalização e especificações técnicas existentes  .................................................... 9 

Tabela 2.5 ‐ Requisitos para a quantificação de características de desempenho para revestimentos cerâmicos  ........................................................................................................... 11 

Tabela 2.6 ‐ Classificação das argamassas consoante propriedades e/ou utilização, tipo de concepção, local de produção, aplicação e tipos de ligantes  .................................................... 11 

Tabela 2.7 ‐ Exemplos de adjuvantes e adições e respectivas funções  ..................................... 13 

Tabela 2.8 ‐ Classificação das argamassas industriais  ................................................................ 15 

Tabela 2.9 ‐ Principais agentes de degradação nas fachadas rebocadas  ................................... 16 

Tabela 2.10 ‐ Principais anomalias e respectivas causas mais prováveis  ................................... 17 

Tabela 2.11 ‐ Classificação dos ladrilhos cerâmicos segundo a norma europeia EN 14411:2003, exemplos de denominações comerciais e algumas das suas características principais  ............ 19 

Tabela 2.12 ‐ Caracterização dos vários tipos de adesivos para ladrilhos cerâmicos  ................ 20 

Tabela 2.13 ‐ Sub‐classes dos vários tipos de adesivos consoante as características de desempenho e designações respectivas  .................................................................................... 21 

Tabela 2.14 ‐ Materiais, equipamentos e ferramentas necessárias à aplicação de revestimentos cerâmicos aderentes em paredes de fachada  ........................................................................... 23 

Tabela 2.15 ‐ Síntese dos factores de degradação de revestimentos cerâmicos aderentes em fachadas exteriores  .................................................................................................................... 25 

Tabela 2.16 ‐ Principais anomalias dos revestimentos cerâmicos e respectivas causas mais prováveis  .................................................................................................................................... 26 

Tabela 3.1 ‐ Técnicas de ensaio in‐situ aplicáveis a rebocos exteriores com relação entre os parâmetros medidos e as características de desempenho  ........................................................ 32 

Tabela 3.2‐ Vantagens e desvantagens da utilização do ensaio com o tubo de Karsten . .......... 34 

Tabela 3.3 – Resultados da avaliação do desempenho de revestimentos exteriores in‐situ quanto à absorção média de água com diferentes materiais de fixação do tubo  ..................... 37 

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Tabela 3.4 ‐ Resultados de estudos anteriores da avaliação do desempenho de rebocos exteriores com o tubo de Karsten  .............................................................................................. 37 

Tabela 3.5 ‐ Resultados dos coeficientes de absorção de água obtidos nas bases submetidas a diferentes preparos em dois momentos diferentes  .................................................................. 38 

Tabela 3.6 ‐ Resultados de absorção média de água sob pressão aos 15min em diferentes revestimentos de argamassas e ainda diferentes alturas de ensaio  ......................................... 39 

Tabela 3.7 ‐ Resumo dos coeficientes de variação obtidos em estudos anteriores com o ensaio do tubo de Karsten  ..................................................................................................................... 40 

Tabela 3.8 ‐ Diferentes metodologias de ensaio utilizadas por vários autores .......................... 41 

Tabela 3.9 ‐ Factores que afectam o ensaio com o tubo de Karsten  ......................................... 42 

Tabela 4.1 ‐ Síntese dos objectivos a analisar em cada paramento ........................................... 50 

Tabela 4.2 ‐ Síntese das dimensões dos tubos de Karsten ......................................................... 55 

Tabela 4.3 ‐ Síntese das características dos diferentes materiais de fixação ............................. 57 

Tabela 4.4 ‐ Síntese dos paramentos ensaiados ......................................................................... 60 

Tabela 5.1 ‐ Resumo dos ensaios realizados com o objectivo de analisar a variabilidade da técnica do tubo de Karsten ......................................................................................................... 64 

Tabela 5.2 ‐ Síntese dos ensaios pertencentes ao intervalo de ±20% da média do volume de água absorvida e respectivos coeficientes de variação .............................................................. 68 

Tabela 5.3 ‐ Síntese dos ensaios pertencentes aos diversos intervalos estudados e respectivos coeficientes de variação .............................................................................................................. 69 

Tabela 5.4 ‐ Síntese dos ensaios pertencentes ao intervalo de ±σ da média do volume de água absorvida e respectivos coeficientes de variação ....................................................................... 70 

Tabela 5.5 ‐ Tabela comparativa dos resultados obtidos com os Tubos 1 e 2 ............................ 72 

Tabela 5.6 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento M5 e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos .......................................................................... 74 

Tabela 5.7 ‐ Resumo das inspecções realizadas e dos volumes de água absorvidos ao fim de 180 min com os diferentes materiais de fixação ........................................................................ 76 

Tabela 5.8 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos ............................................................................................ 76 

Tabela 5.9 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos ............................................................................................ 77 

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Tabela 5.10 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na 3ª inspecção e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos ............................................................................................ 78 

Tabela 5.11 ‐ Síntese dos volumes de água absorvida nos casos de juntas analisados .............. 79 

Tabela 5.12 ‐ Resumo dos ensaios realizados com o objectivo de analisar os tipos de superfícies de revestimentos ........................................................................................................................ 81 

Tabela 5.13 ‐ Resumo das inspecções repetidas nos mesmos paramentos ............................... 84 

Tabela 5.14 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento M1 e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos .......................................................................... 85 

Tabela 5.15 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento M3 e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos .......................................................................... 87 

Tabela 5.16 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento MCR e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos .......................................................................... 88 

Tabela 5.17 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na placa EPS1 e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos ............................................................................................ 90 

Tabela 5.18 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na placa EPS2 e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos ............................................................................................ 91 

Tabela 5.19 ‐ Resumo dos casos de estudo da reprodutibilidade e as respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos ............................................................................................ 91 

Tabela 5.20 ‐ Resumo de todos os paramentos e ensaios realizados no trabalho experimental ..................................................................................................................................................... 93 

Tabela 5.21 ‐ Resumo dos valores médios de volumes de água absorvida e coeficientes de absorção ...................................................................................................................................... 95 

 

   

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xix 

 

Simbologia / acrónimos  

Abptk    ‐ absorção de água sob baixa pressão no ensaio do tubo de Karsten 

APFAC    ‐ Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção 

a.v.    ‐ anti‐vibratória 

Cabtk    ‐ coeficiente de absorção no ensaio do tubo de Karsten 

CEN    ‐ Comité Europeén de Normalisation 

CV    ‐ coeficiente de variação dos resultados 

DECivil    ‐ Departamento de Engenharia Civil 

EEN    ‐ Estação de Envelhecimento Natural 

EPS    ‐ Expanded Polystyrene 

ETICS    ‐ External Thermal Insulating Composite Systems 

ISO    ‐ International Organization for Standardization 

IST    ‐ Instituto Superior Técnico 

LNEC    ‐ Laboratório Nacional de Engenharia Civil 

RILEM   ‐ Réunion Internationale des Laboratoires D’Essais et de Recherches sur les Matériaux et les Constructions 

 

 

   

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    Introdução 

   1 

1. Introdução 

1.1 Enquadramento e justificação da tese A vida útil de um edifício define‐se como o período de tempo após a sua construção, em que este ou os seus elementos igualam ou excedem as exigências funcionais de desempenho [ISO, 2000].  Este  período  é  limitado  visto  que  o  nível  de  desempenho  de  um  edifício  sofre  uma diminuição a partir do momento em que inicia a sua vida útil devido, principalmente, às acções de agentes de degradação a que se encontra sujeito. A intensidade destes agentes determina o desenvolvimento da degradação do qual depende o nível de desempenho em serviço. 

A prática da manutenção de um edifício, que assume cada vez maior peso em garantir níveis aceitáveis de desempenho para os edifícios e os seus elementos durante o seu tempo de vida útil,  depende  do  conhecimento  em  serviço  do  desempenho  dos  seus  elementos  que  é conseguida através de avaliações in‐situ.  

As  fachadas,  ao  desempenharem  funções  de  estabilidade,  de  resistência  estrutural,  de conforto higrotérmico ou acústico, têm uma contribuição  importante para o desempenho do edifício.  São  constituídas  por  vários  elementos,  que  requerem  diferentes  acções  de manutenção, dos quais se destacam os revestimentos exteriores.  

Os revestimentos têm como funções proteger as paredes, assegurar a sua impermeabilização, conferir o  acabamento  e permitir uma  adequabilidade  ao uso  e durabilidade  [Veiga, 2005]. Desta forma, é  importante que as exigências funcionais dos revestimentos sejam  levadas em conta  simultaneamente  com  as  exigências  funcionais  das  paredes,  visto  as  funções  do conjunto serem conseguidas com maior ou menor contributo de cada componente. 

A avaliação de níveis de desempenho de certas propriedades de uma  fachada, é conseguida através  de  técnicas  de  ensaio  in‐situ,  pertencentes  a  uma  metodologia  de  avaliação  do desempenho  em  serviço. De  acordo  com  vários  autores,  as  acções mecânicas  e  a  acção da água apresentam‐se  como as principais  causas da diminuição dos níveis de desempenho de tais propriedades. 

Neste contexto, visto a presente dissertação estar orientada para o estudo dos revestimentos exteriores  em  argamassa  e  em  ladrilhos  cerâmicos,  de  classificações  maioritariamente baseadas nas funções de impermeabilização e de acabamento/decorativo, respectivamente, a permeabilidade à água líquida pode ser avaliada através do ensaio do tubo de Karsten. 

Esta investigação baseia‐se num estudo contínuo, relativo à técnica de ensaio utilizando o tubo de  Karsten,  a  acrescentar  aos  já  realizados  por  outros  investigadores,  e  ao  conhecimento adquirido sobre a eficácia da técnica na avaliação do desempenho em serviço e degradação de fachadas  revestidas a argamassa e  ladrilhos  cerâmicos. Através da  realização de  campanhas experimentais pretende‐se contribuir para a melhoria do diagnóstico em serviço através desta técnica. 

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Capítulo 1 

2  

1.2 Objectivos e metodologia de investigação Esta  tese  tem por objectivo aprofundar o conhecimento relativo à  técnica de diagnóstico do tubo  de  Karsten,  permitindo  verificar  a  utilidade  da  técnica  de  ensaio  relativamente  à avaliação quantitativa das características dos revestimentos cerâmicos e de argamassas e do seu desempenho em serviço ao  longo da vida útil da  fachada, e a respectiva  importância da técnica na prática da manutenção. 

Por conseguinte, o desenvolvimento da metodologia de avaliação do desempenho em serviço baseada na utilização da  técnica de ensaio do  tubo de Karsten, propõe a  interpretação dos resultados  experimentais  obtidos  em  campanhas  realizadas  em  laboratório  e  in‐situ. Neste trabalho, o ensaio de tubo de Karsten determina o desempenho de revestimentos cerâmicos e de argamassas face à acção da água através da medição da permeabilidade à água líquida sob baixa pressão. Pretendem‐se atingir os seguintes objectivos parciais: 

• estudo mais aprofundado do desempenho em serviço dos revestimentos cerâmicos e de argamassas (tradicionais e industriais); 

• avaliação  da  variabilidade  da  técnica  de  ensaio  do  tubo  de  Karsten,  de  modo  a encontrar uma quantidade mínima necessária de ensaios a realizar numa dada área de superfície,  que  corresponda  a  um  valor  fiável  da  permeabilidade  à  água  líquida  da mesma;  

• investigação de parâmetros que se prevêem influenciar a técnica do tubo de Karsten, designadamente:  

o utilização de tubos de Karsten de características diferentes;  o variação das condições climáticas (sol e chuva);  o utilização  de  diferentes materiais  de  fixação  do  tubo  (silicone  transparente, 

massa anti‐vibratória e plasticina);  o localização dos tubos em revestimentos cerâmicos, sobretudo casos de juntas 

existentes (junta em T,  junta em T  invertido,  junta vertical,  junta horizontal e junta em cruz), além do corpo do ladrilho cerâmico;  

o tipo  de  superfície,  comparando  os  resultados  obtidos  em  diferentes revestimentos; 

• análise  da  reprodutibilidade  de  resultados  determinando  a  possibilidade  de  existir concordância de resultados em alturas de medições diferentes, ou a existência de uma tendência de valores, em ensaios repetidos sob as mesmas condições;  

• identificação de  factores que  impossibilitam a  realização eficaz da  técnica de ensaio resultando  em  interpretações  incorrectas,  ou  à  exclusão,  dos  resultados  fornecidos pela mesma.  

1.3 Estrutura e organização da tese Esta  dissertação  encontra‐se  organizada  em  seis  capítulos,  designadamente  introdução; desempenho de revestimentos de argamassas e de ladrilhos cerâmicos em fachadas; técnicas de  ensaio  in‐situ para  avaliação do desempenho de  revestimentos de  fachadas  em  serviço; caracterização  do  trabalho  experimental;  apresentação  e  discussão  dos  resultados experimentais e conclusões e desenvolvimentos futuros. 

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    Introdução 

    3 

O  primeiro  capítulo  realiza  um  enquadramento  do  tema  da  dissertação  introduzindo  o conceito de revestimentos exteriores de fachadas, assim como a  importância das técnicas de ensaio  in‐situ pertencentes à metodologia de avaliação do  seu desempenho. Apresentam‐se ainda, os objectivos a atingir, a metodologia de  investigação a desenvolver e a organização e estrutura da tese. 

O  segundo  capítulo  apresenta  o  desempenho  de  revestimentos  de  paredes  no  geral, explicitando  as  suas  funções  e  exigências  funcionais,  a  sua  classificação  funcional,  as características de desempenho e o comportamento físico em serviço face à acção da água. São especificados  os  constituintes  e  aplicações  dos  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos cerâmicos e, por fim, as principais anomalias e respectivas causas, que provocam a sua perda de desempenho.  

O terceiro capítulo demonstra a importância que as técnicas de ensaio in‐situ têm na avaliação do  desempenho  das  propriedades  dos  revestimentos  em  serviço,  visto  pertencerem  a  uma metodologia  de  avaliação  que  permite  conhecer  e  analisar  as  características  dos revestimentos. Realiza‐se uma contextualização da técnica de ensaio do tubo de Karsten, que constitui  o  âmbito  do  trabalho  experimental  desta  dissertação,  referindo  o  seu  campo  de aplicação, vantagens e desvantagens, bem como a interpretação e variabilidade de resultados e os factores que influenciam a técnica. 

O quarto capítulo caracteriza a  técnica de ensaio do  tubo de Karsten e o seu procedimento, bem  como  técnicas  auxiliares  de  diagnóstico.  Demonstra  a  metodologia  de  investigação adaptada, expondo os  locais e paramentos ensaiados e as  respectivas características que os definem  e  os  objectivos  a  que  se  destinam.  É  caracterizado  o  plano  de  investigação, explicitando  os  estudos  que  se  realizaram  no  trabalho  experimental,  e  exposta  a  análise estatística utilizada no estudo dos resultados. 

O  quinto  capítulo  apresenta  e  discute  os  resultados  obtidos  nas  campanhas  experimentais realizadas in‐situ e em laboratório, com a técnica do tubo de Karsten. Analisa os objectivos em estudo,  designadamente,  a  avaliação  da  variabilidade  da  técnica  e  a  determinação  da quantidade mínima de ensaios  a  realizar numa dada  área de  superfície, o  estudo de  vários parâmetros de influência da técnica e ainda a análise da reprodutibilidade de resultados. 

No sexto capítulo são apresentadas as conclusões do trabalho desenvolvido de acordo com os objectivos inicialmente propostos. Inclui igualmente uma síntese crítica relativa à utilidade da informação conseguida e, por fim, uma lista das propostas para desenvolvimentos futuros que complementem o estudo realizado.  

No final encontram‐se as referências bibliográficas utilizadas no desenvolvimento deste estudo e  anexos  que  incluem  todas  as  informações  que  serviram  de  apoio  à  elaboração  do  texto principal da tese, assim como os resultados detalhados dos ensaios. 

   

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Capítulo 1 

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Tecnologia e desempenho de revestimentos de argamassas e de ladrilhos cerâmicos em fachadas 

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2.  Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de ladrilhos cerâmicos em fachadas 

2.1. Considerações gerais O  presente  capítulo  pretende  abordar  as  características  principais  relacionadas  com  o desempenho de rebocos e de revestimentos cerâmicos aderentes em fachadas exteriores.  

Em  primeiro  lugar,  apresenta‐se  o  desempenho  de  revestimentos  de  paredes  no  geral, explicitando  as  suas  funções  e  exigências  funcionais,  a  sua  classificação  funcional,  as características de desempenho e o comportamento físico em serviço face à acção da água. 

No  que  diz  respeito  às  argamassas,  serão  desenvolvidos  aspectos  relacionados  com  a  sua constituição  e  campo  de  aplicação.  Neste  último,  serão  abordadas  as  argamassas  de revestimento quanto ao  seu  local de produção,  sintetizando as argamassas  tradicionais e as não‐tradicionais. Por  fim, são apresentadas as principais anomalias e respectivas causas, que provocam a perda de desempenho das argamassas de revestimento.   

Em seguida, apresentam‐se os  revestimentos cerâmicos aderentes,  indicando e descrevendo as principais características dos constituintes deste sistema de revestimento, nomeadamente os  ladrilhos  cerâmicos,  o material  de  assentamento  e  as  juntas.  É  apresentada  também  a metodologia  de  aplicação  de  um  revestimento  cerâmico.  Para  terminar  são  abordados  os factores e respectivas causas que provocam perda do desempenho em serviço.  

Em  resumo este capítulo pretende sintetizar as características dos sistemas de  revestimento em estudo (rebocos e ladrilhos) e o seu comportamento em serviço face à água. 

2.2. Desempenho de revestimentos exteriores de paredes O nível de desempenho de um edifício e respectivos elementos, sofre uma diminuição a partir do momento em que  inicia a sua vida útil devido, principalmente, às acções permanentes de agentes de degradação a que se encontra sujeito. A  intensidade destes agentes determina o desenvolvimento da degradação do qual depende o nível de desempenho. 

Os revestimentos têm como funções proteger as paredes, assegurar a sua impermeabilização, conferir o  acabamento  e permitir uma  adequabilidade  ao uso  e durabilidade  [Veiga, 2005]. Existem  exigências  funcionais  dos  revestimentos,  abordadas mais  adiante,  que  obrigam  ao cumprimento de tais objectivos de maneira a conseguir os níveis de desempenho pretendidos. 

2.2.1. Funções e exigências funcionais de revestimentos de paredes Os revestimentos de paredes exteriores têm como funções proteger o tosco das paredes das diversas  acções  de  agentes  agressivos,  contribuir  para  a  sua  impermeabilização,  fornecer características de planeza,  verticalidade  e  regularidade  superficial  às paredes  e  garantir um efeito decorativo pretendido. As exigências funcionais dos revestimentos de paredes deverão ser  levadas  em  conta  simultaneamente  com  as  exigências  funcionais  das  paredes,  pois  as funções  do  conjunto  parede‐revestimento  podem  ser  conseguidas  com  maior  ou  menor contribuição de cada componente [Lucas, 1990b]. 

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Capítulo 2 

6  

Embora seja necessário tratar o sistema parede‐revestimento como um todo, existem funções que  são  da  responsabilidade  de  apenas  um  dos  elementos.  Sendo  assim,  exigências  de estabilidade,  de  resistência  estrutural,  de  conforto  higrotérmico  ou  acústico,  competem  às paredes  e  exigências de  segurança  no  contacto, de  aspecto, de  regularidade  superficial,  de conforto visual e táctico competem aos revestimentos [Lucas, 1990b].  

Segundo a Directiva dos Produtos de Construção  [89/106/CE], os produtos devem permitir a realização de obras adequadas ao uso a que se destinam, satisfazendo, sempre que tais obras estejam sujeitas a regulamentações que as contenham, as seguintes seis exigências essenciais: 

• resistência mecânica e estabilidade;  

• segurança contra incêndios;  

• higiene, saúde e ambiente;  

• segurança na utilização;  

• protecção contra o ruído;  

• economia de energia e retenção de calor. 

Estas exigências essenciais aplicam‐se às paredes no seu conjunto, sendo fundamental que os revestimentos proporcionem a contribuição necessária em cada caso. Segundo Lucas [1990b], existem exigências funcionais de revestimentos de paredes de: 

• segurança; 

• compatibilidade com o suporte ou apoio; 

• estanquidade; 

• termo‐higrométricas; 

• pureza do ar; 

• conforto acústico, visual e táctil; 

• higiene; 

• adaptação à utilização normal; 

• durabilidade; 

• facilidade de limpeza; 

• aptidão para o armazenamento; 

• economia. 

2.2.2. Classificação funcional de revestimentos exteriores de paredes A classificação funcional dos revestimentos exteriores, na qual se distinguem revestimentos de estanquidade,  impermeabilização  e  de  acabamento,  é  maioritariamente  baseada  no comportamento  à  água  dos  revestimentos.  Existem  ainda  revestimentos  com  função  de isolamento térmico [Veiga, 2004]. De seguida, é apresentado na Tabela 2.1 uma descrição da classificação  funcional  e  respectivas  funções  de  revestimentos  exteriores  de  paredes.  Os revestimentos  de  argamassas  podem‐se  classificar,  na  sua maioria,  como  revestimentos  de impermeabilização, e os revestimentos cerâmicos, de acabamento ou decorativos.  

2.2.3. Características de desempenho de revestimentos de paredes As características de desempenho explicitam as propriedades necessárias a um desempenho em  serviço  admissível,  de modo  a  cumprir  os  objectivos  e  exigências  funcionais.  Assim  a 

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Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  em fachadas 

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avaliação do desempenho é  realizada medindo  tais características,  tendo em vista  requisitos de desempenho definidos em documentos normativos ou técnicos.  

Tabela 2.1 ‐ Classificação de revestimentos exteriores de paredes [Lucas, 1996; Veiga, 2004] 

Classificação funcional Funções e descrição

Revestimentos de estanquidade

permitem garantir praticamente por si só a estanquidade à água exigível em geral ao conjunto tosco da parede‐revestimento. Os revestimentos devem manter as suas características de estanquidade mesmo no caso de ocorrência de fissuração do suporte.

Revestimentos de impermeabilização

conferem o complemento de impermeabilidade à água necessário para que o conjunto parede‐revestimento seja estanque. O revestimento deve limitar a quantidade de água que atinge o suporte, mas será o conjunto parede‐revestimento que globalmente assegurará a estanquidade requerida. Em geral estes revestimentos não reúnem condições para conservarem a impermeabilização quando ocorre degradação significativa do suporte, como por exemplo, fissuração.

Revestimentos de isolamento térmico

revestimento capaz de complementar por si só o isolamento térmico exigível em geral ao tosco da parede‐revestimento. Em sistemas de isolamento térmico pelo exterior, são fixadas placas de isolante à parede e sobre estas é assente um reboco modificado que garante a impermeabilidade, a integridade do isolamento contra os choques e a decoração do paramento. Neste sistema o reboco desempenha também funções estruturais pois, ao contrário da aplicação tradicional, assenta sobre uma superfície com baixa compacidade e elástica, pelo que tem de ter a tenacidade suficiente para proteger o isolamento contra as acções do exterior, assegurando a estanquidade do paramento. O reboco, tem de ter então boa aderência ao isolamento, tem de ser hidrofugo e tem de estar armado. 

Revestimentos de acabamento ou decorativos

consistem em proporcionar às paredes um aspecto agradável. Por não serem revestimentos de impermeabilização nem de regularização superficial, só devem ser aplicados em suportes em que o desempenho dessas funções já se encontre garantido. Contribuem também para a protecção que globalmente o revestimento deve proporcionar à parede, quer de tipo mecânico (choques, entre outros), quer de tipo químico.

 

O  que  mais  influencia  o  desempenho  de  uma  fachada  rebocada  é  o  comportamento  do reboco,  tanto  a  nível  da  sua  superfície  como  do material  em  si.  Podem‐se  então  sintetizar cinco grupos principais de  características de desempenho em  serviço de  rebocos exteriores, que  se  apresentam  na  Tabela  2.2.  Embora  as  características  de  desempenho  exigidas  aos rebocos  estejam  definidas,  nem  todas  têm  já  requisitos  a  cumprir  estabelecidos,  pelo  que ainda se encontram em contínua investigação.   

Tabela 2.2 ‐ Características de desempenho em serviço de rebocos exteriores [Flores‐Colen, 2009] 

Processo de endurecimento

Comportamento mecânico

Comportamento face à água

Comportamento da superfície do reboco

Restantes elementos da fachada

Compatibilidade mecânica, geométrica e química entre o suporte, reboco e acabamento final; influência de elementos metálicos embebidos; influência de pormenores arquitectónicos na fachada (em particular na protecção da superfície rebocada face à acção da água).

Características de desempenho de rebocos exteriores

Retenção de água; variações dimensionais e ponderais; retracção livre; retracção restringida; teor de ar incorporado.

Massa volúmica aparente no estado endurecido; resistência à compressão; resistência à compressão por flexão; resistência aos impactos e ao atrito (riscagem, abrasão e choques de corpos duros); aderência ao suporte em estado seco e húmido; módulo de elasticidade dinâmico; resistência à fissuração; reacção ao fogo; condutibilidade térmica; coeficiente de expansão higrotérmico; coeficiente de absorção da radiação solar.

Susceptibilidade de crescimento de microrganismos; permeabilidade à água líquida sob baixa pressão; coeficiente de capilaridade; absorção de água capilar; teor de humidade higroscópico para várias humidades relativas; permeabilidade ao vapor de água; teor de sais solúveis.

Resistência a agentes químicos poluentes; resistência à formação de manchas; susceptibilidade à fendilhação; integridade das arestas; dureza adequada; rugosidade adequada; homogeneidade da textura, cor e brilho; boa aparência e ausência de degradação; adequado estado da pintura; grau de limpeza.

 

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Capítulo 2 

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Nos revestimentos cerâmicos, a degradação resulta das  interacções entre o revestimento e o meio em que se encontra inserido, onde existem diversos factores de degradação que actuam individual  ou  simultaneamente  sobre  o  revestimento,  como  a  radiação,  a  temperatura,  a humidade entre outros. Apresentam‐se na Tabela 2.3 as  características de desempenho em serviço dos ladrilhos cerâmicos de modo a complementar a informação da Tabela 2.2.  

Tabela 2.3 ‐ Características de desempenho em serviço de revestimentos exteriores em ladrilhos cerâmicos [ISO, 1998] 

Dimensões e qualidade da superfície

Propriedades físicas

Propriedades químicas

Características de desempenho de ladrilhos cerâmicos

comprimento e largura; espessura; rectilinearidade dos bordos; rectangularidade; achatamento da superfície (curvatura e empenamento); qualidade da superfície

absorção de água na tardoz do ladrilho; resistência de ruptura; módulo de ruptura; expansão linear térmica; resistência a choque térmico; resistência a geada; expansão devido a humidade; ligeiras diferenças de coloração 

resistência à formação de manchas; resistência a elevadas e reduzidas concentrações de ácidos e álcalis; resistência a produtos de limpeza; libertação de chumbo e cádmio (cerâmicos envidraçados) 

 

No estudo da durabilidade dos revestimentos cerâmicos aderentes, os factores de degradação a  considerar  estão  relacionados  com  as  solicitações  a que deverão  resistir  sem  rotura nem destacamento  em  relação  ao  suporte.  Assim,  tem‐se  como  factores  de  degradação  que provocam a perda de desempenho [Freitas, 2003; Sá, 2005]: 

• o peso próprio e as sobrecargas decorrentes da sua utilização normal; 

• os choques normais ou excepcionais; 

• as acções climáticas externas, nomeadamente as solicitações higrotérmicas, a acção da neve e as acções de pressão e depressão, vibração e abrasão provocadas pelo vento; 

• as deformações impostas, de carácter estrutural ou de outra índole; 

• a acção da água e dos produtos quimicamente agressivos,  inerentes, por exemplo, às operações normais de limpeza e conservação; 

• os agentes que provocam a degradação do aspecto dos revestimentos, em particular as poeiras, os microorganismos e a poluição atmosférica. 

A exposição aos factores de degradação provoca uma sucessiva perda de funcionalidade dos revestimentos. As principais causas de diminuição dos níveis de desempenho a que paredes exteriores  revestidas  se  encontram  sujeitas,  são  provocadas  pelas  acções mecânicas  e  pela acção da água, pelo que de  seguida  se  irá enveredar pelo comportamento  físico em  serviço dos revestimentos exteriores face à água por ser de interesse a esta dissertação. 

2.2.4. Comportamento físico em serviço de revestimentos exteriores face à água A resistência à penetração de água em paredes, que se pode dar por infiltração, sob pressão, por capilaridade ou difusão do vapor de água [Galvão, 2009], é das funções mais importantes dos  rebocos  e  segundo  Flores‐Colen  [2009],  pode  ser  quantificada  através  da  avaliação  de algumas  características  de  desempenho  como  a  permeabilidade  à  água  sob  pressão,  o coeficiente de capilaridade e a permeabilidade ao vapor de água.  

Lanzinha  e  Freitas  [1998]  definem  a  permeabilidade  à  água  sob  baixa  pressão  como  a propriedade de o material ser atravessado por água sob um gradiente de pressão. O nível de 

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Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  em fachadas 

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impermeabilização  varia  consoante  factores  como  a  natureza  do  suporte,  a  composição  e dosagem da  argamassa,  a  técnica  de  execução,  a  espessura da  camada de  revestimento, o acabamento  da  superfície,  a  porosidade  da  argamassa,  entre  outros  [Resende,  2001; Gonçalves, 2010]. 

O coeficiente de capilaridade descreve‐se como sendo a capacidade com que uma argamassa endurecida absorve água, de forma natural, ou seja, sem se exercer pressão, quantificada pela massa de água absorvida por área de material, devido a forças capilares [adaptado de Flores‐Colen,  2009;  EMO,  2001;  Lanzinha,  1998].  Essa  absorção  verifica‐se  principalmente  em humidades ascencionais, ou por  capilaridade, e verificam‐se maiores absorções em  relações a/c maiores e em percentagens elevadas de finos do agregado [Duarte, 2009]. 

A permeabilidade ao vapor de água define‐se como o fluxo de vapor de água que atravessa a argamassa, em condições de equilíbrio, por unidade de superfície e pressão de vapor  [EMO, 2001]. As argamassas necessitam um ponto de equilíbrio de permeabilidade ao vapor de água para  permitir  a  evaporação  necessária,  e  não  em  demasia  para  que  não  ocorram criptoflorescências, da água infiltrada, e por sua vez esta propriedade é tanto mais importante quanto mais permeável for o revestimento [Veiga, 1998; Gonçalves, 2010]. 

De  seguida,  apresenta‐se  na  Tabela  2.4  uma  síntese  de  valores  normativos  para  a quantificação  das  características  de  desempenho  da  resistência  à  penetração  de  água  em paredes rebocadas. 

Tabela 2.4 ‐ Requisitos para a quantificação de características de desempenho para rebocos, segundo a normalização e especificações técnicas existentes [adaptado de Flores‐Colen, 2009; Gonçalves, 2010] 

Característica avaliada

Requisito de desempennho Normas

P ≤ 1ml/cm2 para monocamadas, após ciclos climáticos de 48h EN 998‐1 [CEN, 2003a]

P ≤ 1ml/cm2 para argamassas pré‐doseadas, em ensaios de desempenho e após ciclos climáticos

Relatório 427/05 [LNEC, 2005]

C ≤ 0,2 kg/m2.min0,5 em condições severas e C ≤ 0,4 kg/m2.min0,5 em condições moderadas (argamassas leves e monomassas)

EN 998‐1 [CEN, 2003a]

C > 0,4 kg/m2.min0,5 para revestimentos de forte capilaridade; 0,15 < C < 0,4 

kg/m2.min0,5 para revestimentos de fraca capilaridade e C < 0,15 kg/m2.min0,5 

para revestimentos de capilaridade muito fraca

CSTB [1982]

μ ≤ valor declarado pelo fabricante; μ ≤ 15 para argamassas de renovação ou de isolamento térmico

EN 998‐1 [CEN, 2003a]

Sd ≤ 0,15 mRelatório 427/05 [LNEC, 2005]

Permeabilidade à água sob pressão

Coeficiente de capilaridade

Permeabilidade ao vapor de água

 

De modo a atingir uma impermeabilização eficaz em zona não‐fendilhada, é necessário que as características  de  desempenho  definidas  sejam  cumpridas,  e  que  se  verifique  reduzida permeabilidade à água líquida, reduzido coeficiente de capilaridade e elevada permeabilidade ao vapor de água [Veiga, 1998].  

Por sua vez, os revestimentos exteriores em  ladrilhos cerâmicos apresentam como principais características de desempenho, no que respeita ao seu comportamento físico em serviço face à  água,  a  absorção  à  água  e  a  expansão  por  humidade.  Apresentam‐se  na  Tabela  2.5  os requisitos para a quantificação de tais características de desempenho. 

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Capítulo 2 

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Tabela 2.5 ‐ Requisitos para a quantificação de características de desempenho para revestimentos cerâmicos [ISO, 1995; CEN, 2003] 

Característica avaliada Requisito de desempennho Normas

Expansão por humidade ≤0,6 mm/mISO 10545‐10 [ISO, 1995]

E ≤ 3%, para grés extrudido, porcelânico e grés porcelânico3% < E ≤ 6%, para clinker e pavimento de monocozedura

6% < E ≤ 10 %, para terracota e revestimento de monocozedura

E > 10%, para tijoleira e azulejo

Absorção de águaEN 14411 

[CEN, 2003]

 

A  absorção  de  água  distingue‐se  pela  percentagem  em massa  de  água  absorvida  (E),  e  é directamente  proporcional  à  porosidade,  sendo  tanto maior  quanto maior  a  porosidade.  É importante conhecer o nível de porosidade por este influenciar as características de aderência, sendo  que  a  aderência mecânica  não  ocorre  com  absorções  nulas,  recorrendo‐se  a  adesão química  [Medeiros,  1999; Ribeiro,  2006;  Sousa,  2008].  Esta  característica  indica  também  as variações dimensionais nos ladrilhos cerâmicos devidos às variações de humidade provocadas pelas movimentações higroscópicas da água nos revestimentos de fachada.  

A expansão por humidade diz respeito ao inchamento dos ladrilhos ao entrarem em contacto com a humidade do meio ambiente, que pode originar tensões nos revestimentos afectando a sua estabilidade [Fiorito, 1994].  

A  infiltração  da  água  proveniente  de  chuvas  incidentes,  ao  ser  absorvida  por  diferença  de pressão  e  entrar  em  contacto  com  o  interior  das  fachadas  irá  provocar  o mecanismo  de degradação,  resultando  em piores níveis de desempenho. Ao  realizar‐se uma  avaliação dos indicadores  de  desempenho,  como  a  protecção  à  infiltração  de  água  e  o  controlo  da fissuração,  poderá  proceder‐se  à  sua  prevenção  através  de medidas  de  impermeabilização, assim como a utilização de produtos hidrofugantes [adaptado de Yveras, 2002]. 

2.3. Revestimentos de argamassas 

2.3.1. Classificação de argamassas As argamassas são constituídas por uma mistura de vários constituintes, tais como os ligantes (substâncias que têm propriedades aglutinantes que conferem  ligação entre as partículas), os agregados  (areias  que  contribuem  para  a  compacidade  e  resistência),  a  água  (permite  a formação da pasta) e por vezes adjuvantes (modificam propriedades químicas das argamassas ‐ aderência,  impermeabilização, entre outros) e adições  (modificam propriedades  físicas das argamassas ‐ resistência à tracção, fendilhação, entre outros) [Martins, 2008].  

As  argamassas  têm  actualmente  diversas  aplicações  e  utilizações  pelo  que  podem  ser classificadas  de  acordo  com  parâmetros  tais  como  as  propriedades  e  utilização,  o  tipo  de concepção, o  local de produção, a aplicação e ainda os  tipos de  ligantes utilizados  como  se pode ver resumidamente na Tabela 2.6. 

Mais adiante, os  revestimentos de argamassas  serão aprofundados no que  respeita às  suas principais funções, requisitos e características de desempenho. 

 

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Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  em fachadas 

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Tabela 2.6 ‐ Classificação das argamassas consoante propriedades e/ou utilização, tipo de concepção, local de produção, aplicação e tipos de ligantes [adaptado de Gonçalves, 2010; Duarte, 2009; Nascimento, 2006; Nero, 

2001c] 

Argamassa de uso geral

Argamassa leve

Argamassa colorida

Monocamada

Argamassa de renovação

Argamassa de isolamento térmico

Argamassas de desempenho

Argamassas de formulação

Argamassas tradicionais (ou correntes)

Argamassas não‐tradicionais (ou industriais)

Tipo Utilização Principais requisitos

Argamassas de alvenariaElevação de muros e paredes quer de tijolos quer de blocos

Resistência; aderência às estruturas; capacidade de absorver movimentos devidos a tensões mecânicas, 

variações térmicas e de humidade

Argamassas de revestimentoRevestimento de paredes e 

muros

Resistência à compressão; permanência de resistência no tempo; impermeabilidade; compacidade; aderência às alvenarias; volume constante durante a presa e o 

endurecimento

Cimento‐cola

Colam elementos cerâmicos sobre um suporte quer de reboco quer directamente 

sobre a parede

Deve ser simplesmente misturado com água ou com o líquido de amassadura imediatamente antes da sua 

utilização

Massas para juntas

Preenchem as juntas entre os elementos dos revestimentos, podendo ter funções estéticas 

ou funcionais

Têm em conta as tensões normais resultantes da aplicação de pavimento e revestimento, sendo que o seu uso nas juntas permite atenuar estas tensões

Argamassas de suporte para revestimentos

Regularizam o pavimentoElevada resistência à compressão resultante dos seus 

constituintes, cal e principalmente o cimento

Um só ligante

Mistura de ligantes

Propriedades e utilização

Tipo de concepção

Local de produção

Aplicação

Cumpre as necessidades gerais sem possuir necessidades especiais

Densidade após endurecimento é <= 1300kg/m3

Especialmente pigmentada para uma função decorativa

Aplicada numa só camada

Utilizada em alvenaria com presença de sais solúveis; elevada porosidade e permeabilidade ao vapor de água

Propriedades específicas de isolamento térmico

Composição e processo de fabrico definidos pelo fabricante para obter propriedades específicas

Fabricada segundo uma composição pré‐determinada, para a qual as propriedades obtidas dependem da proporção entre os componentes

Produzidas em obra

Pré‐doseadas em fábrica

Tipos de ligantes (inorgânicos)

Ligantes aéreos (cal aérea e gesso); ligantes hidráulicos (cal hidráulica, cimento, escória de alto forno); materiais com comportamento de ligante (terras argilosas, 

pozolanas naturais, cinzas volantes)

Argamassas bastardas ‐ exº argamassa aérea hidratada (cimento e cal hidráulica) 

Devido  ao  baixo  custo  inicial  e  à  baixa  complexidade  da  sua  aplicação  as  argamassas  de revestimento  representam  a  solução  de  revestimento mais  utilizada  em  Portugal  [Gaspar, 2003]. A nível nacional, cerca de 62% dos edifícios construídos entre 1941 e 2001, adoptaram a solução de revestimento através de reboco, enquanto o betão à vista, pedra, ladrilhos e outros revestimentos  representam  níveis  bastante  inferiores  (ordem  decrescente  de  utilização) [Flores‐Colen, 2009; INE, 2001]. 

Serão  abordadas mais  adiante  as  argamassas  segundo o  seu  local de produção, ou  seja,  as argamassas tradicionais e as não‐tradicionais. Em Portugal, a utilização de rebocos tradicionais 

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Capítulo 2 

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é  ainda muito  superior  aos  rebocos  não‐tradicionais,  com  cerca  de  78%  da  produção  total [APFAC, 2010] embora essa  tendência seja para diminuir. Prevê‐se uma maior utilização das argamassas industriais devido às exigências cada vez mais rigorosas sentidas em obras no que respeita à rapidez de construção, espaço no estaleiro, mão‐de‐obra, entre outros aspectos. A disponibilidade  e  rapidez  de  aplicação  das  argamassas  não‐tradicionais  constituem  grande vantagem por permitir acompanhar o ritmo cada vez mais apressado de construção e prazos cada vez mais reduzidos. 

2.3.1.1. Argamassas tradicionais Designam‐se  argamassas  tradicionais  pelo  facto  de  serem  realizadas  em  obra  com metodologias  tradicionais,  como  a  preparação  e  aplicação  manual,  sendo  a  preparação realizada com o auxílio de betoneira. 

As  argamassas  tradicionais  são  ainda  as mais  utilizadas,  em  Portugal,  em  revestimentos  de fachadas  e  são  constituídas por um ou mais  ligantes minerais,  areia  e  água podendo  ainda apresentar  adjuvantes  e  adições. O  seu  desempenho  ao  longo  do  tempo  vai  depender  da forma como estes materiais se combinam entre eles, a sua técnica de execução e de aplicação. De  seguida  serão  aprofundados  os  respectivos  componentes,  bem  como  o  seu método  de aplicação. 

i) Ligantes 

Os  ligantes  são  responsáveis  por  garantir  a  coesão  entre  as  partículas  que  constituem  a argamassa, e também a ligação desta ao suporte, devido às suas propriedades aglutinantes. Os ligantes  inorgânicos, demonstrados anteriormente na Tabela 2.6 em  três categorias  (aéreos, hidráulicos  e materiais  com  comportamento  de  ligante),  classificam‐se  em  função  do  seu comportamento  face  à  água.  Os  ligantes  aéreos  (cal  aérea  e  gesso)  perdem,  total  ou parcialmente, o  seu  grau de  endurecimento quando  em  contacto permanente  com  a  água, enquanto os hidráulicos  (cal hidráulica e cimento) não  [Nero, 2001d]. Os  ligantes podem ser utilizados  individualmente ou em  conjunto  (por exemplo o estuque  constituído por  gesso e cal), resultando em argamassas bastardas [Martins, 2008]. 

ii) Agregados 

Os agregados mais comuns de argamassas de revestimento são as areias naturais, extraídas de leitos de rios ou de areeiros. Estes têm como função melhorar a compacidade e a resistência, funcionando como “o esqueleto” da argamassa, podendo a granulometria da areia  influir na porosidade, trabalhabilidade e aspecto da argamassa. É de  interesse manter níveis reduzidos de argilas de modo a conseguir menores retracções [Martins, 2008].  

iii) Água 

A água utilizada  tem como  função a  formação da pasta, aglutinando o  ligante e o agregado, pelo que  assume  grande  responsabilidade na  trabalhabilidade  e  consistência da  argamassa, factores de que depende a  sua aplicação;  influencia  também o processo de endurecimento, incidindo sobre o processo de carbonatação no caso da cal aérea e permitindo a hidratação dos silicatos e aluminatos nos ligantes hidráulicos [Martins, 2008]. 

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Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  em fachadas 

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iv) Adjuvantes e adições 

A utilização de adjuvantes e adições serve para melhorar as características dos  rebocos mas não é muito usual nos rebocos tradicionais. Os adjuvantes permitem alterar as propriedades intrínsecas  (químicas) das argamassas enquanto as adições  têm como objectivo melhorar as propriedades físicas. Apresentam‐se na Tabela 2.7 alguns exemplos de adjuvantes e adições e as respectivas funções. Em Portugal a sua utilização não é significativa, no caso das argamassas tradicionais,  pelo  que  o  domínio  da  sua  utilidade  e  adequabilidade  são  baixos,  sendo necessário realizar estudos que fundamentem a sua utilização [Veiga, 1998]. 

Tabela 2.7 ‐ Exemplos de adjuvantes e adições e respectivas funções [adoptado de Galvão, 2009; Veiga 1998; Pinto et al., 2006] 

Adjuvantes Função

Aderênciamelhoram a aderência sem aumentar o teor de cimento, diminuindo a retracção 

e a susceptibilidade à fendilhação

Hidrófugos de massa

melhoram a capacidade de impermeabilização pois obturam os capilares, impedindo a penetração e circulação de água no revestimento

Introdutores de ar

melhoram a capacidade de impermeabilização, a resistência ao gelo‐degelo e aos sais pois as bolhas de ar introduzidas promovem um corte de capilaridade

Plastificantesaumentam a trabalhabilidade da argamassa, permitindo a diminuição da 

quantidade de água de amassadura e, eventualmente, de ligante

Retentores de água

limitam o risco de uma dessecação prematura da argamassa, contribuindo para uma hidratação mais completa

Fungicidas impedem a fixação de microorganismos nas argamassas

Adições Função

Fibrasaumentam a resistência à tracção e a ductilidade do revestimento, melhorando a 

resistência à fendilhaçãoCargas leves diminuem o módulo de elasticidade, permitindo maior deformaçãoPozolanas melhoram o comportamento aos sulfatos e ás reacções sílica‐agregados  

O  desempenho  de  uma  argamassa  de  reboco  tradicional  e  as  suas  características,  vão depender da qualidade do ligante, características do agregado, volume de água, assim como o traço  e  a  relação  água‐cimento,  e  as  suas  condições  de  fabrico  e  aplicação,  entre  outros factores [Galvão, 2009].  

Estas argamassas tradicionais possuem vantagem, relativamente às não‐tradicionais, de maior facilidade na homogeneidade do revestimento final, e serem menos onerosas. Por outro lado, necessitam de mais tempo na sua execução devido à existência de mais de uma camada, o que resulta em maior tempo de utilização de andaimes, e ocupação de mais espaço no estaleiro, bem como estudos de compatibilidade entre camadas e mão‐de‐obra qualificada [adaptado de Flores‐Colen, 2009 e APFAC, 2010]. 

2.3.1.2. Argamassas não‐tradicionais  A evolução da necessidade de  rapidez, qualidade e durabilidade na construção motivaram a crescente  substituição  das  argamassas  tradicionais  preparadas  em  obra,  por  argamassas preparadas em fábricas, como é o caso das não‐tradicionais (ou pré‐doseadas). Esta tendência crescente de  substituição deve‐se às  seguintes vantagens que estas argamassas apresentam face às tradicionais, segundo vários autores [Veiga, 2006; Nero, 2001c; BASF, 2007]: 

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Capítulo 2 

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• as  suas  composições,  devido  a  contínuos  estudos  e  conhecimentos  adquiridos,  são rigorosamente investigadas e testadas, permitindo uma percentagem reduzida de sais solúveis; 

• são sujeitas a processos rigorosos de produção; 

• disponibilidade da argamassa, e utilização para obras grandes e pequenas; 

• podem  ser  especialmente  produzidas  para  determinadas  funções,  como  resistência aos sais ou protecção à humidade; 

• menores desperdícios na aplicação (manual ou projectado), e menor especialização e experiência necessária de mão‐de‐obra, devido à facilidade e rapidez; 

• melhores condições de conservação e protecção; 

• muito boa trabalhabilidade; 

• resistência uniforme e constante; 

• menor absorção capilar de água; 

• melhor resistência à fendilhação; 

• melhor organização do estaleiro, ocupando menos espaço; 

• a longo prazo e dependendo da quantidade, economicamente mais eficientes; 

• certificação de qualidade, com marcação CE; 

Por  outro  lado,  destacam‐se  as  seguintes  desvantagens  deste  tipo  de  argamassas  [Gomes, 2009]: 

• desempenho do  reboco dependente das  condições de  fabrico  em obra,  formulação  adoptada e cuidados de aplicação, pelo que o produto final depende da experiência e especialização dos operadores, que muitas vezes não é satisfatória; 

• uso corrente de apenas ligantes e agregados, sem adições ou adjuvantes.  

• características como a aderência ao suporte ou o comportamento face à água apenas são  conseguidas  através  de  procedimentos  que  previamente  se  tenham  revelado adequados (traços específicos, espessuras e número de camadas); 

• utilização corrente de matérias‐primas inadequadas para o fim pretendido; 

• ocupação de muito espaço em estaleiro e sujidade; 

• matérias‐primas muitas vezes expostas ao meio ambiente, sem protecções; 

• falta de rigor na medição dos constituintes; 

Em  Portugal  tem  sido muito  utilizado  os  rebocos  denominados  de monocamada,  que  têm conseguido  desempenhar  as mesmas  funções  que  os  rebocos  tradicionais  de  três  camadas contendo ainda na  sua constituição pigmentos, o que permite  substituir o acabamento  final com pintura (no caso das monocamadas coloridas).  

Na Tabela 2.8 destacam‐se os diferentes tipos e estados de argamassas não‐tradicionais. 

2.3.2. Aplicação de revestimentos de argamassa A aplicação de revestimentos de argamassa deverá ser realizada cuidadosamente pois  irá ser responsável,  em  parte,  pelo  desempenho  futuro  da  argamassa.  Antes  da  aplicação  deverá preparar‐se  o  suporte  e  produzir  a  argamassa  (Figuras  2.1  e  2.2).  O  suporte  deverá  ser homogéneo,  sem depressões e  rugoso de  forma a  impedir  futuras  fissurações e melhorar a aderência, e a superfície deverá estar limpa, sem poeiras ou óleos, entre outros elementos que 

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Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  em fachadas 

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prejudiquem a aderência. É conveniente que o suporte seja humedecido de modo a evitar que este absorva água da amassadura.  

Tabela 2.8 ‐ Classificação das argamassas industriais [EMO, 2001; Gomes, 2009; Gonçalves, 2010] 

Doseadas e misturadas em fábrica. Podem ser em pó (posterior adição de água) ou em pasta (prontas a aplicar)

Pré‐doseadasComponentes doseados em fábrica e posteriormente misturados em obra segundo instruções do fabricante

Pré‐misturadasComponentes doseados e misturados em fábrica com 

outros componentes adicionados em obra

Argamassas secas

Argamassas estabilizadas

Argamassas industriais

Argamassas industriais semi‐

acabadas

"Prontas a amassar"; constituintes doseados e misturados em fábrica, e posteriormente adiciona‐se água

"Prontas a aplicar"; constituintes doseados e misturados em fábrica já com água; fornecidos em camião cisterna e têm de ser utilizados nas 30 a 36 horas 

seguintes ao seu fabrico

Estado

Tipo

 

 

 

As  argamassas  de  revestimentos  exteriores  tradicionais  são  geralmente  aplicadas  em  três camadas  distintas:  salpisco  (ou  crespido);  camada  de  base;  camada  de  acabamento.  A aplicação em várias camadas tem várias vantagens, como o aparecimento desfasado de fendas devido à retracção independente entre camadas, o que permite maior permeabilidade (Figura 2.3). 

A  espessura  e  a  constituição  das  várias  camadas  varia  para  que  o  reboco,  no  seu  todo, responda adequadamente às  solicitações a que está  sujeito, de modo a que o  revestimento resultante  seja  pouco  susceptível  à  fendilhação,  pouco  permeável  à  água  líquida,  bastante permeável ao vapor de água e bem aderente ao suporte [Veiga, 1997; Martins 2008]. 

Figura 2.1 ‐ Preparação da argamassa [w1] Figura 2.2 ‐ Aplicação da argamassa tradicional [w2]

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Capítulo 2 

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Figura 2.3 ‐ Fendilhação do reboco: numa única camada (fendas afastadas, de grande largura e profundidade) e em duas camadas de espessura menor (fendas mais próximas, finas e desencontradas) [Veiga, 1998] 

2.3.3. Perda de desempenho de revestimentos de argamassa A  perda  de  desempenho  é  iniciada  à  medida  que  vão  surgindo  anomalias  nas  fachadas rebocadas,  que  resultam  de  processos  de  degradação  que  podem  ter  como  origem  o envelhecimento natural ou erros de alguma fase do processo construtivo, tais como erros de projecto, de execução ou de utilização, entre outros.  

Pretende‐se então apresentar os diversos agentes de degradação (Tabela 2.9) e as principais anomalias  que  ocorrem  nos  rebocos  de  modo  a  compreender  a  degradação  a  que  os revestimentos de argamassas estão sujeitos.  

Tabela 2.9 ‐ Principais agentes de degradação nas fachadas rebocadas [Galvão, 2009] 

Físicos Temperatura; humidade; radiação solar; gelo/degelo

Químicos Água; agentes poluentes; ácidos; sais

Mecânicos Deformações; Gravidade; vibrações; vento

OutrosAcção humana; animais; vegetação parasitária, bactérias e fungos

Agentes de degradação

 

Como  já  foi  tratado  anteriormente,  a  água  apresenta‐se  como  o  principal  agente  de degradação, permitindo a perda de desempenho físico, químico e mecânico do revestimento. Por outro lado, a temperatura e a radiação solar, assim como o vento, as acções humanas e os sais e ácidos contribuem também para a degradação das fachadas rebocadas, pelo que todos os agentes deverão ser levados em conta de modo a compreender a perda de desempenho a que os revestimentos de argamassas estão sujeitos [Galvão, 2009].  

Os  efeitos da humidade  nas  construções  também provocam  e  agravam diversas  anomalias, sendo  que  as  principais  formas  de  humidade  são:  humidade  devido  a  fenómenos  de higrospicidade, humidade de  condensação, humidade em obra, humidade de precipitação e humidade ascendente por  capilaridade  [de acordo  com Henriques, 1992,  citado por Duarte, 2009]. As humidades provenientes de precipitação e por capilaridade  são as mais comuns e que provocam maiores desafios a nível do bom desempenho das fachadas exteriores, mas não será aprofundado o estudo dos efeitos da humidade nesta dissertação. 

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Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  em fachadas 

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Como exemplo, é sabido que a radiação solar e a temperatura causam degradação na medida em que são atingidas grandes amplitudes térmicas que originam contracções e dilatações nos materiais que podem provocar tensões que originam perdas de aderência e fendilhações, bem como  influenciar os níveis de humidade [Galvão, 2009]. Constata‐se assim que os agentes de degradação  podem‐se  encontrar  interligados,  actuando  como  causa  e/ou  consequência uns dos outros. 

Segundo Magalhães  [2002], as principais anomalias, que ocorrem nas  fachadas  rebocadas, e para as quais serão de seguida apresentadas alguns exemplos das suas causas mais prováveis, são  as que  se  encontram  indicadas na  Tabela 2.10. Nas  Figuras 2.4  e 2.5  são  apresentadas ilustrações exemplificativas dessas anomalias. 

Tabela 2.10 ‐ Principais anomalias e respectivas causas mais prováveis [adaptado de Galvão, 2009; Magalhães, 2002; Gaspar et al., 2007] 

Anomalia Algumas causas mais prováveis

Humidade

Humidade proveniente de precipitação e humidade ascendente por capilaridade; humidade devido a fenómenos de higrospicidade; humidade de condensação; humidade em obra; acidentes como por exemplo a rotura de canalizações

Fendilhação e fissuração

Retracção do reboco; dilatações e contracções higrotérmicas; gelo/degelo; espessura inadequada do revestimento; absorção excessiva do suporte; concentração de tensões junto a aberturas; corrosão de elementos metálicos

Eflorescências e criptoflorescências

Presença prolongada de humidade; sais solúveis presentes no reboco, no suporte e na água infiltrada; cal não carbonatada

Perda de aderênciaPresença de humidade; presença de sais; dilatações e contracções térmicas; movimentos do suporte; erros de execução; deficiente impermeabilidade

DesagregaçãoCristalização de sais; dureza superficial do reboco insuficiente; acção de organismos e microorganismos; reacção química do reboco com os materiais da envolvente

BiodegradaçãoPresença prolongada de humidade; falta de ventilação; iluminação; acumulação de sujidade e outros agentes na superfície; elevada porosidade do revestimento

ErosãoPresença de humidade; esforços mecânicos; acção física dos agentes atmosféricos como o vento, a chuva e outros; perda de coesão

SujidadeEscorrimentos de águas pluviais; acção do vento; rugosidade inadequada do reboco  

 

a) Eflorescências e criptoflorescências 

b) Sujidade uniforme  c) Humidade capilar  d) Biodegradação ‐Colonização biológica 

Figura 2.4 ‐ Exemplos de anomalias provocadas pela acção da água em paredes rebocadas: a) Eflorescências e criptoflorescências [LNEC, 1978]; b) Sujidade uniforme, c) Humidade capilar e d) Biodegradação – colonização 

biológica (musgo) [Flores‐Colen, 2009] 

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Capítulo 2 

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e) Fendilhação e fissuração 

       f) Perda de aderência  g) Desagregação  h) Erosão 

Figura 2.5 ‐ Exemplos de anomalias que ocorrem nas fachadas rebocadas: e) Fendilhação e fissuração [w3]; f) Perda de aderência; g) Desagregação [w4] e h) Erosão [Galvão, 2009] 

 

2.4. Revestimentos cerâmicos aderentes 

2.4.1. Descrição dos  constituintes de  revestimentos  cerâmicos  e  as  suas principais características Os  ladrilhos cerâmicos, a camada de assentamento e as  juntas existentes entre os  ladrilhos, entre outros elementos  secundários,  compõem o  “sistema de  revestimento”  como  se pode observar na Figura 2.6, pelo que de seguida se realiza a descrição e a indicação das principais características de cada elemento. 

 

Figura 2.6 ‐ Camadas do sistema de revestimento cerâmica aderente e suporte [Sá, 2005] 

 

2.4.1.1. Ladrilhos cerâmicos Os  ladrilhos cerâmicos podem‐se definir, segundo a APICER [2003], como “placas finas feitas de argilas e/ou outras matérias‐primas inorgânicas, geralmente utilizadas como revestimentos para  pavimentos  e  paredes,  usualmente  conformadas  por  extrusão  ou  prensagem  à temperatura ambiente, mas podendo ser moldadas por outros processos, em seguida secas e subsequentemente  cozidas  a  temperaturas  suficientes  para  se  obterem  as  propriedades requeridas; os ladrilhos podem ser vidrados (GL) ou não vidrados (UGL)”. 

A sua classificação, que depende do nível de absorção de água (E), medindo a percentagem em massa absorvida, e do seu processo de fabrico, que se pode dar através de conformação por extrusão (Grupo A), conformação por prensagem (Grupo B) ou à moldagem manual (Grupo C), segue a norma europeia EN 14411 [CEN, 2003] como se apresenta na Tabela 2.11. 

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Tabela 2.11 ‐ Classificação dos ladrilhos cerâmicos segundo a norma europeia EN 14411:2003, exemplos de denominações comerciais e algumas das suas características principais [adaptado de Silvestre, 2005] 

Grupo A ‐ Extrudidos Grupo B ‐ Prensados a seco

Grupo Ia (E ≤ 0,5%) ‐ Porcelânico: Massa cerâmica completamente vitrificada, de muito baixa porosidade; alta resistência à flexão, ao desgaste e à formação de nódoas; fragil idade ao choque

Grupo Ib ( 0,5% ≤ E ≤ 3%) ‐ Grés porcelânico: Alta resistência à flexão, ao desgaste e à acção do gelo

3% < E ≤ 6% Grupo IIa ‐ Clinker: Aspecto rústico; boa resistência ao desgaste

Grupo IIa ‐ Pavimento de monocozedura: Maior porosidade e menor resistência que o grés  (menor grau de vitrificação)

6% < E ≤ 10% Grupo IIb ‐ Terracota: Aspecto rústico; boa resistência ao desgaste

Grupo IIb ‐ Revestimento de monocozedura: ‐

E > 10% Grupo III ‐ Tijoleira: Porosidade alta ‐ elevada expansão com a humidade

Grupo III ‐ Azulejo: Porosidade alta ‐ elevada expansão com a humidade

Processo de conformação

E ≤ 3%Grupo I ‐ Grés extrudido: Alta resistência à flexão, ao desgaste e à acção do gelo; baixa  absorção de água

Absorção de água

 

Os ladrilhos cerâmicos (Figura 2.7) podem ser caracterizados segundo o grau de vitrificação, a absorção de água, a expansão por humidade e a dilatação térmica, entre outros aspectos. 

a) Porcelânico       

b) Grés extrudido    

c) Azulejo 

Figura 2.7 ‐ Exemplos de ladrilhos cerâmicos: a) porcelânico [w5], b) grés extrudido [w6] e c) azulejo [w7] 

2.4.1.2. Material de assentamento de ladrilhos Definem‐se, segundo a norma EN 12004 como uma “mistura de ligantes hidráulicos, inertes e aditivos  orgânicos,  a  qual  é misturada  com  água  ou  outro  líquido  imediatamente  antes  da aplicação” [CEN, 2001] e distinguem‐se duas formas de assentamento dos ladrilhos cerâmicos, utilizando argamassas tradicionais ou colas e cimentos‐cola. 

Quanto à utilização de argamassas tradicionais este tem a desvantagem de promover menor tensão de adesão ao ladrilho e de se adequar unicamente a suportes e materiais cerâmicos de elevada porosidade pelo que obriga à utilização de aditivos hidrófugos na sua constituição de modo a melhorar a sua resistência à penetração de água [Silvestre, 2005]. 

Ao contrário das argamassas tradicionais, que são aplicados em camadas espessas de 5 a 20 mm,  os  cimentos‐cola  e  colas  são  aplicados  em  camada  fina  de  2  a  5 mm,  como  se  pode observar na Figura 2.8. Estes distinguem‐se das argamassas  tradicionais pela sua capacidade de  retenção de água, que permite que o material  seja aplicado em  camada  fina  sem  sofrer demasiada evaporação ou absorção do suporte [Medeiros e Sabattini, 1999]. 

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Capítulo 2 

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Figura 2.8 ‐ Esquema representativo da aplicação de RCA de pavimentos em camada espessa e em camada fina [APICER, 2003, citado por Silvestre, 2005] 

Os  cimentos‐cola  e  colas  podem  ser  classificados  em  três  grupos:  C,  D  e  R,  denominados cimentos‐cola, colas em dispersão aquosa e colas de  resinas de  reacção,  respectivamente, e ainda distinguidos  segundo as  suas características de desempenho assim como  indicado nas Tabelas 2.12 e 2.13.  

Tabela 2.12 ‐ Caracterização dos vários tipos de adesivos para ladrilhos cerâmicos [Silvestre, 2005] 

Composição Aplicações aconselhadas VantagensCuidados na aplicação

C ‐ Cimentos‐cola standard

Cimento branco ou cinza, areias  s i l i ciosas  ou calcárias  e  aditivos  orgânicos  e  inorgânicos

Ladri lhos  de  poros idade  média  ou elevada  em interiores , em suportes  à  base  de  cimento

Custo reduzido, rapidez de  apl icação, colagem de  peças  porosas  no interior das  habitações

Apl i cação em suportes  l impos

C ‐ Cimentos‐cola de 

derivados celulósicos

Cimento branco, areias  s i l i ciosas  com granulometria  controlada  e  derivados  celulós icos

Pavimentos  interiores  e  exteriores  (ladri lhos  porosos ), revestimentos  interiores  e  piscinas

Elevada  res is tência  à  água

Apl i cação em suportes  estabi l i zados ; espessura  menor do que  10 mm

C ‐ Cimentos‐cola de dois componentes

Cimento branco ou cinza, areias  s i l i ciosas  ou calcárias , adjuvantes  e  res inas  em dispersão

Pavimentos  ou reves timentos  de  paredes  de  betão ou de  cerâmica  antiga  e  reves timentos  de  paredes  rebocados

Elevado poder de  colagem, mesmo em ladri lho de  grande  formato

Apl i cação em suportes  estabi l i zados  e  tota lmente  l impos; espessura  menor do que  10 mm

C ‐ Cimentos‐cola de ligantes 

mistos

Cimento branco ou cinza, areias  s i l i ciosas  e  calcárias  com aditivos  orgânicos  e  inorgânicos

Revestimentos  de  fachadas , pavimentos  de  trá fego intenso; ladri lhos  de  qualquer formato e  poros idade

Alta  flexibi l idade; colagem sobre  madei ra

Apl i cação em suportes  estabi l i zados  e  de  baixa  poros idade; espessura  menor do que  10 mm

C ‐ Cimentos‐cola aluminosos

Cimento a luminoso, areias , res ina  s intética  e  outros  adjuvantes  específicos

Ladri lhos  até  60x60cm pouco porosos ,  em todo o tipo de  suportes  (excepto pavimentosde  madeira)

Colagem sobre  pavimentos  cerâmicos ; adequado para  exteriores , incluindo ambientes  frios

Apl i cação em suportes  estabi l i zados , de  ba ixa  poros idade  e  l impos; espessura  menor do que  10 mm

D ‐ Colas de dispersão aquosa

Pasta  ades iva  ‐ res inas  s intéticas  em dispersão, aditivos  orgânicos  e  cargas  s i l i ciosas

Todo o tipo de  pavimentos  e  reves timentos , com excepção de  suportes  metá l icos

Reparação de  pavimentos  e  revestimentos , elasticidade  elevada; pasta  pronta  a  apl i car

Apl i cação em suportes  estabi l i zados ; não res i s tente  à  água  nem ao gelo

R ‐ Colas de resina de reacção

Mistura  de  res inas  epóxidas , cargas  minerais  e  aditivos  orgânicos

Pavimentos  e  revestimentos  de  indústrias  químicas , laboratórios , piscinas

Apl icação em ambientes  quimicamente  agress ivos ; apl i cação sobre  metal ; endurecimento por reacção química

Apresenta  um custo bastante  elevado, devendo a  sua  uti l i zação ser devidamente  justi ficada

 

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Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  em fachadas 

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Tabela 2.13 ‐ Sub‐classes dos vários tipos de adesivos consoante as características de desempenho e designações respectivas [CEN, 2001] 

Designações

1 ‐ adesivo normal

2 ‐ adesivo melhorado

E ‐ adesivo de tempo aberto alargado

F ‐ adesivo de presa rápida

T ‐ adesivo com resistência ao deslizamento horizontal

Fundamentais

Opcionais

Classes de características

C1, C1F, C1T, C1TF, C2, C2E, C2F, C2T, C2TE, 

C2FT, D1, D1T, D2, D2T, D2TE, R1, R1T, R2 e R2T

 

2.4.1.3. Juntas Existem diversos tipos de juntas de construção a considerar, desde as juntas de assentamento, que  também  podem  ser  denominadas  de  juntas  entre  ladrilhos,  às  juntas  estruturais,  de esquartelamento  e  periféricas.  Têm  como  objectivo  eliminar  descolamentos  e  roturas provocados por movimentos estruturais. 

As  juntas  entre  ladrilhos  têm  como  principais  funções  proporcionar  o  alívio  de  tensões, melhorar a aderência dos  ladrilhos cerâmicos e vedar o  revestimento cerâmico, ou seja, são juntas  de  dimensão  [Ribeiro,  2006;  Sousa,  2008]. O material  de  preenchimento  das  juntas, segundo  Silvestre  [2005],  deve  ser  impermeável,  resiliente  e  compressível  e  apresentar resistência à  água, aos agentes de  limpeza, aos ataques químicos e ao desenvolvimento de microrganismos,  e  ainda  ser permeável  ao  vapor de  água de modo  a permitir  as  trocas de humidade do suporte com o exterior, visto que os ladrilhos são impermeáveis.   

As juntas estruturais (Figura 2.9) localizam‐se em zonas de transição de diferentes materiais ou nas juntas existentes no suporte, com a sua largura condicionada a ser maior que a largura das juntas existentes. 

 

 a) Junta estrutural 

                          b) Junta estrutural 

Figura 2.9 ‐ a) Junta estrutural (1‐suporte; 2‐ladrilho; 3‐material de assentamento; 4‐fundo de junta; 5‐cordão de silicone; 6‐mástique) [Folotec, 2005 citado por Silvestre, 2005] b) Junta estrutural [Sousa, 2008] 

 

As  juntas  de  esquartelamento  (Figura  2.10)  procuram  evitar  o  aparecimento  de  anomalias, como  a  fissuração  e  o  descolamento,  através  de  tensões  provocados  por  deformações intrínsecas  devidas  às  variações  térmicas  e  higroscópicas  do  suporte.  São  preenchidas  com material de enchimento e reforçadas com um perfil pré‐fabricado. 

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Capítulo 2 

22  

                             a) Junta de esquartelamento 

                    b) Junta de esquartelamento 

Figura 2.10 ‐ a) Junta de esquartelamento [Silvestre, 2005] e b) Junta de esquartelamento [Profiplas, 2005 citado por Silvestre, 2005] 

 

Por fim, as juntas periféricas (Figura 2.11), podem ou não ser juntas estruturais, e encontram‐se  ao  longo  das  fronteiras  confinadas  do  revestimento  como  em  remates  de  vãos  em revestimentos de paredes. 

                  a) Junta periférica 

                      b) Junta periférica 

Figura 2.11 ‐ a) Exemplos de juntas periféricas [Cunha, 2001] e b) Junta periférica [Silvestre, 2005] 

2.4.2. Aplicação de revestimentos cerâmicos As  principais  etapas  da  execução  de  um  revestimento  cerâmico  aderente,  que  de  seguida serão apresentados com os procedimentos e cuidados a ter em conta, são, cronologicamente [Silvestre, 2005; Sá, 2005]: 

• selecção dos materiais, equipamentos e ferramentas; 

• preparação do suporte; 

• aplicação do material de assentamento; 

• assentamento dos ladrilhos; 

• preenchimento das juntas entre ladrilhos; 

• limpeza final. 

É  necessário  que  os  tempos  de  espera  (que  dependem  das  características  e  funções  dos materiais,  das  condições  de  cura  dos materiais  cimentícios,  do  tipo,  dimensão  e  nível  de exposição do elemento a revestir e do respectivo estado de planeza e limpeza) entre as várias etapas  sejam  respeitados,  para  que  as  deformações  iniciais  e  as  variações  dimensionais irreversíveis dos materiais ocorram [Silvestre, 2005]. 

 

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Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  em fachadas 

    23 

i) Selecção dos materiais, equipamentos e ferramentas 

A  selecção  de  materiais  e  equipamentos  adequados,  antes  de  iniciar  a  colocação  do revestimento cerâmico, permite poupar  tempo e  trabalho durante a sua execução, pelo que de seguida se apresentam em tabela os elementos necessários (Tabela 2.14).  

Tabela 2.14 ‐ Materiais, equipamentos e ferramentas necessárias à aplicação de revestimentos cerâmicos aderentes em paredes de fachada [Sá, 2005] 

Materiais Equipamentos e ferramentaságua equipamentos de corte ‐ serra eléctrica, torques, serra circularargamassa para chapisco equipamentos para furação ‐ furadora eléctrica, broca tubularargamassa para emboço sistemas de mistura e bombagem ‐ misturadores de argamassascimentos‐cola sistemas de aplicação ‐ talochas, martelo de borracha

argamassas para juntas acessórios ‐ cruzetas, cunhas, fios para juntas, perfis metálicos, entre outros

ladrilhos cerâmicos sistema de limpeza ‐ esponja, pano seco, ou serradura de madeira

material de preenchimento de juntas

selantesistemas de segurança ‐ capacete, óculos de segurança, luvas de borracha

 

i) Preparação do suporte 

Nesta  fase, diversas características do suporte, assim como a  falta de planeza, a rugosidade, irregularidades,  desvios  da  verticalidade,  porosidade,  e  estado  de  limpeza,  influenciam  a qualidade  da  colagem  dos  ladrilhos,  pelo  que  é  necessário  realizar  uma  análise  prévia  do suporte.  

A falta de planeza e a rugosidade podem obrigar à execução de uma camada de regularização do suporte, e a porosidade pode tornar necessário realizar um humedecimento em casos de grandes  absorções,  e  apenas  permitir  aderência  química  do material  de  assentamento  em casos  de  baixas  absorções.  O  estado  do  suporte  deve  se  apresentar  são,  seco  e  livre  de qualquer  contaminação para não  reduzir a qualidade de colagem, pelo que  se pode  realizar uma limpeza com jacto de água [Silvestre, 2005]. 

O  tipo  de material do  suporte  influencia os  tempos de  espera,  variando de  4  semanas  a  6 meses  para  suportes  à  base  de  cimento,  e  no mínimo  4  semanas  para  suportes  à  base  de monomassas.  Em  suportes  de  betão  é  necessário  verificar  que  não  existem  resíduos  de produtos de moldagem [Sá, 2005]. 

Ainda nesta  fase é  importante definir a  localização e  largura de  todas as  juntas no  suporte, reduzindo o número de cortes, utilizando cruzetas como material de apoio à sua exactidão, e linhas  de  nylon  para  marcar  os  alinhamentos  verticais  e  horizontais  das  primeiras  fiadas [Silvestre, 2005; Sousa, 2008]. 

ii) Aplicação do material de assentamento 

Existem  dois  métodos  de  aplicação  do  material  de  assentamento:  o  método  de  colagem simples  em  que  o  espalhamento  da  argamassa  é  feito  apenas  no  suporte,  utilizado  em ladrilhos de pequenas dimensões; e o método de colagem dupla em que o espalhamento é feito  no  suporte  e  na  tardoz  das  peças  cerâmicas,  utilizado  em  ladrilhos  com  superfícies 

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Capítulo 2 

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maiores que 50cm2 ou com nível de absorção de água maior que 3% [Sá, 2005; Lucas e Abreu, 2006]. 

Como  referido,  o  material  de  assentamento  pode  ser  aplicado  pelo  método  da  camada espessa ou pelo método da camada fina. 

No método da  camada espessa aplica‐se o material de assentamento por espalhamento de uma  única  camada  de  argamassa  tradicional  de  5  a  20  mm  sobre  o  suporte  rebocado, finalizando  com  régua  e  deixando  endurecer.  No  método  da  camada  fina  o  material  é espalhado  sobre  o  suporte,  numa  camada  uniforme,  com  o  auxílio  de  uma  talocha,  e  em seguida  é  retirado o material  em  excesso utilizando o  lado denteado da  talocha,  formando cordões de adesivo que melhoram a fixação dos ladrilhos [Sá, 2005; Sousa, 2008]. 

iii)  Assentamento dos ladrilhos 

Inicialmente  é  necessário  que  a  tardoz  dos  ladrilhos  cerâmicos  e  o  suporte  se  encontrem limpos,  isentos  de  pó,  gorduras  ou  partículas  secas,  ou  seja,  sem  qualquer  tipo  de contaminação. É  importante garantir a  largura das  juntas pelo que se recomenda a utilização de acessórios como cruzetas.  

No  método  da  camada  espessa,  o  assentamento  dos  ladrilhos  realiza‐se  colocando  uma camada  de  argamassa  no  seu  tardoz  e  pressionando  contra  o  suporte  de modo  a  fixar  na posição pretendida. 

No  método  da  camada  fina,  os  ladrilhos  devem  ser  posicionados  sobre  os  cordões  da argamassa  cimento‐cola, deslocados do posicionamento  final para  serem  fixados através de leves movimentos de rotação para essa posição. De seguida, com o auxílio de um martelo de borracha,  devem  ser  dadas  pancadas  leves  sobre  a  face  do  ladrilho  cerâmico,  de modo  a retirar o excesso de argamassa [Sá, 2005]. 

iv) Preenchimento das juntas entre ladrilhos 

Nesta  fase  retiram‐se as cruzetas e procede‐se a uma  limpeza das  juntas,  tendo em conta a secagem do material de assentamento que deve ser de pelo menos 24 horas. O material de preenchimento adequado deverá ter a granulometria e a trabalhabilidade necessárias ao tipo de  junta,  à  sua  largura  e  profundidade  para  permitir  que  as  juntas  sejam  uniformemente preenchidas.  Em  juntas  estreitas  é  comum  utilizarem‐se  pastas  de  cimento,  enquanto  em juntas mais largas se recorre a argamassas de cimento. A aplicação do material de betumação adequado  deverá  ser  realizada  com  uma  espátula  de  borracha  que  permita  penetrar  e preenche, em largura e profundidade, as juntas [Lucas e Abreu, 2006; Sousa, 2008]. 

v) Limpeza final 

A  limpeza  final  é  a última  etapa na  execução de  revestimentos  cerâmicos  aderentes  e  tem como objectivo remover os resíduos dos produtos utilizados no assentamento, assim como a argamassa. A limpeza é realizada após a cura do material de assentamento das juntas, com o auxílio de uma esponja ou pano húmido, através de movimentos na diagonal dos ladrilhos de modo a não danificar as juntas [Sá, 2005; Silvestre 2005]. 

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Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  em fachadas 

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2.4.3. Perda de desempenho de revestimentos cerâmicos O desempenho dos  revestimentos cerâmicos é afectado no que diz  respeito à  segurança na sua  utilização,  traduzido  pela  falta  de  aderência  e  falta  de  planeza,  na  funcionalidade, reduzindo  as  suas  capacidades  de  estanqueidade  à  água,  e  no  aspecto,  apresentando enodoamentos,  eflorescências,  desgastes  excessivos,  alteração  de  cor  e  deterioração  das juntas [Sá, 2005]. 

A  exposição  aos  factores  de  degradação  irá  provocar  a  perda  de  funcionalidade  dos respectivos materiais. Os  factores a que os  revestimentos cerâmicos aderentes em  fachadas exteriores  estão  sujeitos  são  o  peso  próprio  e  as  sobrecargas,  os  choques  e  as  solicitações higrotérmicas, como se pode ver na Tabela 2.15. Adicionalmente aos factores expostos é ainda relevante ter em conta a acção da água líquida. 

Tabela 2.15 ‐ Síntese dos factores de degradação de revestimentos cerâmicos aderentes em fachadas exteriores [Lucas, 2003; Sá, 2005] 

Descrição

Ao funcionar em conjunto com o suporte, o sistema de revestimento assume parte da carga a este destinada sendo que a quantidade de carga que absorve depende da relação entre a sua rigidez e a do suporte. O revestimento tem como acções o seu peso próprio, que deverá ser indicado pelo fabricante e as sobrecargas de serviço a que está sujeito, que aparecem no RSA.

Os elementos construtivos deverão ser capazes de resistir aos choques, sendo que os elementos no seu conjunto, como paredes ou pavimentos, se responsabilizam pela resistência aos choques excepcionais, podendo os revestimentos dar algum contributo. Esta acção afecta principalmente as arestas das fachadas e as zonas próximas do terreno.

Acção da temperatura e da radiação solar

As variações de temperatura provocam alterações dimensionais nos materiais, impondo tensões de compressão nos ladrilhos cerâmicos e seus produtos de preenchimento de juntas, resultantes de diminuição uniforme da temperatura, e tensões de tracção resultantes de aumento uniforme de temperatura. Na cola e nas interfaces ladrilhos‐cola ocorrem tensões de corte e normais.

Acção da humidade

As variações de humidade provocam alterações dimensionais nos materiais, de carácter reversível ou irreversível. As variações resultantes das alternâncias de humedecimento e secagem dos materiais quando em serviço, provocadas pela água da chuva, água utilizada nas operações de limpeza e alterações da humidade relativa ambiente, são reversíveis. As variações irreversíveis são a retracção de secagem inicial das argamassas e betões e a expansão com a humidade dos produtos cerâmicos após a sua cozedura. As variações dimensionais provocadas por variações cíclicas de humidade ou temperatura conduzem ao enfraquecimento por fadiga dos materiais.

Acção do vento

A acção do vento encontra‐se caracterizada no RSA, em função do zonamento, Zonas A e B, e em função da rugosidade aerodinâmica do solo, Tipo I e Tipo II. Estas acções podem exercer pressões ou depressões nas fachadas e coberturas.

Solicitações higrotérmicas

Peso próprio e sobrecargas

Choques normais ou excepcionais

Factores de degradação

 

A perda de desempenho de revestimentos cerâmicos aderentes pode dar‐se então, pela acção de  agentes  de  degradação  e  consequentes  anomalias  a  nível  dos  ladrilhos  cerâmicos  e das juntas. 

As principais anomalias a que os revestimentos cerâmicos estão sujeitos, e que provocam uma degradação  do  nível  de  desempenho,  são  as  eflorescências  e  criptoflorescências,  os 

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Capítulo 2 

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descolamentos, a fendilhação e a deterioração das juntas (Figura 2.12) [Sousa, 2008]. Existem ainda  muitas  outras,  principalmente  a  nível  da  estética,  que  não  provocam  perda  de desempenho do seu funcionamento, assim como a sujidade superficial, a alteração da cor ou brilho, manchas de bolor, fungos e vegetação, riscagem e desgaste dos  ladrilhos, crateras na superfície dos ladrilhos, lascagem dos bordos dos ladrilhos, e a fendilhação do vidrado. 

 

a)Eflorescências  b) Descolamentos  c) Fendilhação  d) Deterioração de juntas 

Figura 2.12 ‐ Exemplos das principais anomalias registadas em revestimentos cerâmicos: a) eflorescências [Sousa, 2008], b) descolamentos [w8], c) fendilhação [w9] e d) deterioração de juntas [Sousa, 2008] 

De modo a  compreender melhor a origem das principais anomalias a que os  revestimentos cerâmicos estão sujeitos apresenta‐se de seguida na Tabela 2.16 algumas das causas que as provocam. 

Tabela 2.56 ‐ Principais anomalias dos revestimentos cerâmicos e respectivas causas mais prováveis [Sousa, 2008; Lucas, 2001; Lucas, 2003; Medeiros, 2000] 

Anomalia Algumas causas mais prováveis

EflorescênciasCristalização de sais solúveis na superfície dos revestimentos cerâmicos provenientes da percolação de água no interior 

Descolamentos

Ausência de juntas de dilatação; preenchimento deficiente do tardoz do ladrilho; inadequada especificação da argamassa de assentamento; existência de deficiências do suporte; ocorrência de movimentos diferenciais entre o suporte e o revestimento [Medeiros, 2000; Lucas, 2003]

FendilhaçãoFendilhação do suporte; movimentos diferenciais suporte‐revestimento; contracção ou expansão da argamassa de assentamento dos ladrilhos; choques violentos; rotura por flexão em ladrilhos mal assentes [Lucas, 2001]

Fissuração ‐ Expansões ciclícas devidas a variações higro‐térmicas; tensões de rotura por tracção ou compressãoDescolamento dos bordos ‐ Aderência insuficiente; granulometria e consistência inadequada da massa de assentamento; relação inadequada largura/profundidade da juntaDesprendimento ‐ Expansão do produto de preenchimento, provocada por sulfatos contidos em produtos de limpeza; evolução das causas do descolamentoEnodoamento ‐ absorção e retenção de sujidade

Deterioração de juntas

 

Pode‐se  concluir  que  existem  diversas  causas  que  provocam  uma  diminuição  do  nível  de desempenho  dos  revestimentos  cerâmicos.  De  um  modo  generalizado,  vários  autores consideram como principais causas os seguintes factores [adaptado de Sousa, 2008]: 

• falta de rigor e de controlo dos processos de fabrico dos materiais utilizados; 

• selecção inadequada dos materiais (desconhecimento das características); 

• má concepção (erros de projecto); 

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Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  em fachadas 

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• deficiente aplicação (erros de execução); 

• factores  externos  ou  acções  ambientais  (temperatura,  humidade,  vento  e  radiação solar); 

• alteração das condições inicialmente previstas; 

• falta de manutenção. 

2.5. Síntese do capítulo Neste capítulo foram caracterizados os revestimentos de argamassas e de ladrilhos cerâmicos de  modo  a  perceber  o  seu  comportamento  em  serviço.  De  modo  a  compreender  a  sua funcionalidade,  foram  indicadas as  suas exigências  funcionais bem como o  seu desempenho face  aos mecanismos  e  factores  de  degradação.  A  nível  da  sua  classificação  funcional,  os revestimentos  de  argamassas  podem‐se  classificar,  na  sua maioria,  como  revestimentos  de impermeabilização, e os revestimentos cerâmicos, de acabamento ou decorativos. 

Inicialmente  foram  apresentadas  as  características  de  desempenho  em  serviço  dos revestimentos  exteriores  e,  no  âmbito  desta  dissertação,  explorado  o  seu  comportamento físico em serviço face à água, sendo este um dos factores de maior responsabilidade na origem da perda de desempenho em condições reais de exposição. Neste contexto, foram sintetizadas as características de desempenho dos  revestimentos de argamassas  (permeabilidade à água sob  pressão,  coeficiente  de  capilaridade  e  permeabilidade  ao  vapor  de  água)  e  dos revestimentos cerâmicos (expansão por humidade e absorção de água). 

Sintetizaram‐se as principais características das argamassas de  revestimento, o que permitiu concluir  que  as  argamassas  não‐tradicionais,  pelas  vantagens  que  apresentam  face  às argamassas tradicionais, são cada vez mais a solução de mercado adoptada. Explicitaram‐se os constituintes  das  argamassas  de  revestimento  (ligantes,  agregados,  água,  adjuvantes  e adições)  e  dos  revestimentos  cerâmicos  aderentes  (ladrilhos  cerâmicos,  material  de assentamento das juntas e juntas) e as suas metodologias de aplicação.  

Tanto nos revestimentos cerâmicos como nos revestimentos de argamassas apresentaram‐se as  diferentes  anomalias  e  respectivas  causas,  permitindo  compreender  a  perda  de desempenho  destes  revestimentos,  face  aos  factores  de  degradação  a  que  se  encontram expostos, nomeadamente a água. 

Este capítulo permite formar uma base teórica sobre os revestimentos em estudo, de modo a introduzir  o  seguinte  capítulo  que  irá  tratar  das  técnicas  de  ensaio  in‐situ  que  permitem  a avaliação  do  seu  desempenho,  e  aprofundar  o  método  de  diagnóstico  em  estudo  nesta dissertação, o tubo de Karsten. 

   

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Capítulo 2 

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Técnicas de ensaio  in‐situ para avaliação do desempenho de  revestimentos de  fachadas em serviço 

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3.Técnicas  de  ensaio  in‐situ  para  avaliação  do  desempenho  de revestimentos de fachadas em serviço  

3.1. Considerações gerais De  modo  a  efectuar  a  avaliação  do  desempenho  dos  revestimentos  de  argamassas  e  de ladrilhos cerâmicos, é necessário conhecer e analisar as suas características em serviço, pelo que se recorre a uma metodologia de avaliação através de técnicas de ensaio in‐situ 

A primeira parte deste capítulo tem como objectivo consciencializar a importância do uso das técnicas  de  ensaio  in‐situ  para  a  avaliação  do  desempenho  das  propriedades  dos revestimentos em  serviço, abordando as  técnicas, mais correntes, aplicadas a  revestimentos de paredes. 

Na  segunda  parte  é  aprofundada  a  técnica  de  ensaio  de  tubo  de  Karsten,  que  constitui  o âmbito  desta  dissertação.  Serão  estudados  o  seu  campo  de  aplicação,  vantagens  e desvantagens  bem  como  a  interpretação  e  variabilidade  de  resultados  e  os  factores  que influenciam a técnica. 

3.2. Importância da utilização de uma metodologia de avaliação in‐situ O desempenho em serviço dos revestimentos de argamassas e de ladrilhos cerâmicos, devido ao  ataque  de  diversos  agentes  de  degradação,  vai  reduzindo  progressivamente  pelo  que  a avaliação do desempenho é  importante na medida em que permite caracterizar o estado de degradação e as suas causas, de modo a encaminhar para medidas correctivas ou preventivas. De modo a avaliar o seu nível de desempenho recorre‐se a metodologias de avaliação, ao qual pertencem os ensaios in‐situ. 

Para  uma  avaliação  do  desempenho  da  fachada  deve  ser  comparado  o  desempenho  em serviço com o desempenho especificado no projecto (Figura 3.1). Esta comparação é realizada através  de  métodos  de  verificação,  que  podem  ser  empíricos  (baseados  na  experiência), experimentais  (vários  tipos  de  ensaios  em  laboratório  ou  in‐situ)  e  teóricos  (estudos  de modelação). Dependendo do conhecimento disponível em termos de desempenho, dos custos envolvidos e da quantidade de informação que se obtém dessa avaliação é escolhido o método mais adequado [Flores‐Colen, 2009].  

Para a avaliação do desempenho em serviço, a inspecção visual, em muitos casos, é suficiente para  caracterizar o estado de  conservação, devido  aos baixos  custos  associados,  rapidez de execução e a dispensa de equipamentos complexos, onerosos e outros meios complementares de diagnóstico [ISO, 2000a; CSA, 2001; Shohet et al., 2002; Lacasse, 2003; Tavares et al., 2005].  

Contudo,  estes  métodos  apresentam  fraca  acessibilidade  a  alguns  locais  a  inspeccionar  e subjectividade de avaliação associada ao factor humano (experiência e formação do inspector) o que pode levar a diagnósticos demasiado optimistas ou pessimistas, podendo ser prejudiciais para  a  segurança  dos  utentes  ou  conduzir  a  desperdícios  de  recursos  económicos respectivamente  [Flores‐Colen,  2009].  É  também  necessário  recorrer  a  outros métodos  de 

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Capítulo 3 

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verificação pois muitos problemas que provocam a perda de desempenho não se encontram visíveis à superfície [Helmerich e Niederleithinger, 2006]. 

 

 

Figura 3.1 ‐ Processo de avaliação do desempenho de um elemento construtivo [adaptado de Flores‐Colen, 2009] 

Os métodos experimentais  auxiliares permitem  a  avaliação  in‐situ ou em  laboratório. Ainda que as técnicas de avaliação em laboratório sejam mais precisas, as técnicas in‐situ permitem avaliar, directamente e em  condições  reais, o desempenho e não possuem um  carácter  tão destrutivo.  

As técnicas de ensaio in‐situ têm como principais objectivos determinar os materiais utilizados e as suas técnicas de aplicação, diagnosticar as alterações sofridas nos revestimentos e as suas causas e ainda conduzir à selecção dos métodos de  intervenção mais adequados  [Tavares et al., 2005; Flores‐Colen et al., 2006b]. Estas técnicas têm como limitações o aumento de tempo de  inspecção  e  a  produção  de  resultados  confusos  e  de  difícil  interpretação,  bem  como  a pouca  precisão  de  algumas  técnicas  e  a  existência  de  poucas,  e  normalmente  onerosas, técnicas fiáveis [Branco e Brito, 2005; Flores‐Colen, 2009].  

Para  uma melhor  avaliação  do  nível  de  desempenho,  o  ideal  será  combinar  os  resultados obtidos  com  diferentes  técnicas  de  ensaio  in‐situ,  com  ensaios  realizados  em  laboratório [Veiga et al., 2007; Tavares et al., 2005 e Flores‐Colen, 2009]. 

3.3. Estudo das técnicas de ensaio in‐situ Existindo uma grande variedade de técnicas de ensaios in‐situ e a necessidade de as organizar de modo  a  facilitar  a  escolha  da mais  adequada  surgem  classificações  em  termos  das  suas características comuns. Assim, as técnicas de ensaio in‐situ podem‐se classificar segundo vários factores [Silva, 2004; Branco e Brito, 2005; Flores‐Colen et al., 2006b]: 

• grau de destruição que provocam ‐ destrutivas, semi‐destrutivas e não‐destrutivas; 

• solicitação artificial que provocam ‐ invasivas e não invasivas; 

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Técnicas de ensaio  in‐situ para avaliação do desempenho de  revestimentos de  fachadas em serviço 

    31 

• princípios em que se baseiam  ‐ mecânicos, eléctricos, magnéticos, electromecânicos, ultra‐sónicos, radioactivos, sensoriais, térmicos, químicos, entre outros; 

• tipo de resultados obtidos ‐ propriedades a avaliar; 

• tipo de tecnologia utilizada ‐ baixa ou alta; 

• objectivos da sua utilização ‐ resistência, durabilidade, geometria, entre outros; 

• elemento a que se aplicam ‐ revestimento, suporte, entre outros; 

• actividades em que intervêm ‐ controlo de qualidade, inspecção de edifícios, verificação da aplicação de regulamentos, entre outros. 

As  técnicas  de  ensaio  in‐situ  usuais  em  revestimentos  são  constituídos  por  equipamentos ligeiros, pequenos e de  fácil  transporte, o que permite o seu uso em  locais de difícil acesso, além  de  serem,  na  sua  maioria,  ensaios  práticos  e  pouco  onerosos.  Entretanto  algumas técnicas têm limitações em relação à realização dos ensaios e à interpretação dos resultados, o que origina resultados nem sempre satisfatórios [Tavares et al., 2005].  

Na Tabela 3.1, são expostas as principais técnicas de ensaio  in‐situ, e classificadas de acordo com  o  princípio  em  que  se  baseiam,  o  grau  de  destruição  que  provocam,  os  parâmetros medidos e os objectivos da sua utilização.  

A sua classificação permite organizar diversas  informações relevantes o que facilita a escolha do  tipo  de  técnicas  a  utilizar  dependendo  do  objectivo  pretendido  e  das  características associadas.  A  adequabilidade  de  cada  técnica  depende  das  características  próprias  à  sua utilização,  pelo  que  quanto  mais  fácil  for  a  sua  utilização  e  quanto  melhor  servirem  as informações resultantes, para a avaliação do desempenho em serviço, mais adequadas serão. 

3.4. Técnica de ensaio a utilizar ‐ tubo de Karsten No  presente  trabalho,  o  desempenho  de  revestimentos  cerâmicos  e  de  argamassas  face  à acção  da  água  é  avaliado  através  da medição  da  permeabilidade  à  água  líquida  sob  baixa pressão utilizando o ensaio de tubo de Karsten. Esta técnica será aprofundada de seguida.  

É  cada  vez  mais  necessário  um  conhecimento  aprofundado  dos  materiais,  do  seu comportamento, das técnicas de construção e das anomalias, bem como das suas causas e das formas de  as prevenir  e  reabilitar de modo  a  atingir melhores  condições de durabilidade  e sustentabilidade  [Duarte, 2009].  Justifica‐se então o estudo  in‐situ da permeabilidade à água líquida dos revestimentos de ladrilhos cerâmicos e de argamassas através do método do tubo de Karsten.  

A capacidade de  impermeabilização dos  revestimentos distingue‐se como a  sua aptidão, em relação à água que neles penetra devida à acção combinada da chuva e do vento sobre a sua superfície, para [LNEC, 1999]: 

• atrasar no tempo o instante em que a água atinge o suporte; 

• limitar a quantidade de água que atinge o suporte; 

• reter a água junto ao suporte durante o mínimo tempo possível de modo a favorecer a secagem do revestimento. 

 

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Capítulo 3 

32  

Tabela 3.1 ‐ Técnicas de ensaio in‐situ aplicáveis a rebocos exteriores com relação entre os parâmetros medidos e as características de desempenho [adaptado de Flores‐Colen, 2009; Malva, 2009; Silva, 2004; Gonçalves, 2010] 

Principio TécnicaGrau de 

destruiçãoParâmetro de medição

Características de desempenho

Pull‐off DestrutivoTensão de aderência 

(MPa)Resistência ao arrancamento

Esclerómetro pendular

Semi‐destrutivoIndíce esclerométrico 

(IE)Dureza/resistência 

superficial

Ensaio de choque de esfera

Semi‐destrutivoDiâmetro da mossa 

(mm)Resistência superficial

Eléctrico Humidímetro Não‐destrutivoHumidade à superfície 

(%)Resistência à humidade; 

absorção de água

Ultra‐sónicoUltra‐sons (método indirecto)

Não‐destrutivoVelocidade aparente de propagação das 

ondas (m/s)

Módulo de elasticidade dinâmico

Hidrodinâmico Tubo de Karsten Não‐destrutivoAbsorção de água a 

baixa pressão (cm3)Permeabilidade à água 

líquida

Fitas colorimétricas

Tipo e teor semi‐quantitativo de sais 

(mg/l)

Kit de campoTipo e teor quantitativo 

de sais (mg/l)

TermohigrómetroTemperatura (°C) e 

humidade relativa do ar (%)

Resistência aos agentes climáticos

TermografiaTemperatura 

superficial das fachadas (°C)

Resistência à humidade e colonização biológica

BinóculosObservação de defeitos 

da superfície

Presença de anomalias; homogeneização da cor e 

textura

Comparador de fissuras

Abertura média das fissuras (mm)

Absorção de água, resistência à humidade e resistência mecânica

Microscópio óptico

Abertura média de microfissuras (mm)

Absorção de água e resistência à humidade

Colorímetro Variação de cor (ΔE)Resistência às acções 

químicas e climáticas e à humidade

Resistência às acções químicas, humidade e colonização biológica

Mecânico

Químicas

Térmico

Sensorial

Não‐destrutivos

Não‐destrutivos

Semi‐destrutivo

 

Os tubos de Karsten são dispositivos de vidro graduados de 0 a 4 cm3, em forma de cachimbo, com uma parte  inferior em formato cilíndrico com  fundo fechado. Estes são adequados para superfícies verticais, mas existem  também para superfícies horizontais  (Figura 3.2). A secção que encosta à superfície de ensaio é aberta e o seu bordo plano é normalmente fixado com o auxílio de silicone, embora devido às suas desvantagens, pode‐se optar por utilizar materiais alternativos  como  a  plasticina  ou massa  anti‐vibratória  [Mendonça,  2007;  Santos,  2009]. O tubo preenche‐se de água até uma altura de 9.8  cm, o que  corresponde a uma pressão de 961.38  Pa  ou  a  uma  pressão  dinâmica  do  vento  de  142.6  km/h  [LNEC,  2002b].  As  leituras 

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Técnicas de ensaio  in‐situ para avaliação do desempenho de  revestimentos de  fachadas em serviço 

    33 

indicam  o  abaixamento  do  nível  de  coluna  de  água  em  função  do  tempo  e  são  tratadas graficamente (cm3/h). 

 Figura 3.2 ‐ Aplicação do tubo de Karsten em superfície horizontal e vertical [w10] 

3.4.1. Campo de aplicação Esta  técnica  é  frequentemente  utilizada  em  revestimentos  e  paredes,  com  os  seguintes objectivos [Flores‐Colen, 2009]:  

• determinar  a  permeabilidade  à  água  líquida  de  revestimentos  tradicionais  ou  não‐tradicionais com base em ligantes minerais ou mistos; 

• avaliar a capacidade de impermeabilização à água dos revestimentos de paredes; 

• estimar  o  grau  de  degradação  dos  revestimentos  e  prever  a  vulnerabilidade  das alterações superficiais à acção da água; 

• comparar resultados obtidos sobre diferentes tipos de superfícies de revestimentos e avaliar a influência do acabamento; 

• determinar o grau de protecção fornecido por um tratamento de superfície hidrófugo e a sua eficácia para um determinado período de tempo (durabilidade do tratamento). 

Este método é utilizado tanto in‐situ como em laboratório e avalia a resistência à água líquida da  superfície,  através  da  sua  propriedade  de  absorção  de  água  sob  baixa  pressão.  Esta característica conhecida como permeabilidade define‐se pela aptidão dos materiais de serem atravessados por um  fluido, quando submetidos a um gradiente de pressão  [Freitas e Pinto, 1999].  

O nível de permeabilidade medido através deste método pode ser utilizado para caracterizar qualitativamente o  estado do  revestimento  assim  como  estimar o  seu  grau de degradação, através  de  comparações  e  analisando  as  alterações  verificadas  pela  absorção  de  água  pelo revestimento [LNEC, 1995]. 

3.4.2. Vantagens e desvantagens  É  importante conhecer as possibilidades e  limitações desta técnica pelo que se apresenta na Tabela 3.2 algumas vantagens e desvantagens que esta possui, segundo vários autores. 

3.4.3. Equipamento de ensaio e descrição da técnica Segundo LNEC [2002b], o ensaio através de tubo de Karsten requer o seguinte equipamento: 

• tubo de vidro graduado de 0 a 4cm3; 

• silicone ou outro material de fixação; 

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Capítulo 3 

34  

• pistola manual ou de ar comprimido para fixação dos tubos.  

Tabela 3.2 ‐ Vantagens e desvantagens da utilização do ensaio com o tubo de Karsten [adaptado de Flores‐Colen, 2009; Pereira, 2008; Duarte, 2009; Malva, 2009; Gonçalves, 2010; Hattge, 2004]. 

Vantagens DesvantagensSimples e expedita; Exige homogeneidade do revestimento;

Reduzidos custos;Depende das condições atmosféricas, não simulando algumas acções incidentes sobre a alvenaria, como a energia cinética e pressão do 

vento;

Possibilitam ensaios de paredes em edificações.Não é um método adequado para avaliar elementos com alta 

absorção de água.

Baixo grau de especialização do técnico;

Não exige fonte de energia externa nem recolha de amostras;

Cuidado na aplicação do material de fixação para não ficarem resíduos no revestimento;

Avalia o comportamento do conjunto revestimento‐suporte e não do revestimento isoladamente;

  O procedimento da técnica de absorção de água sob pressão actual encontra‐se caracterizado na ficha do LNEC FE Pa 39.1 [LNEC, 2002b], substituindo o método original da técnica proposto pelo RILEM [1980]. O procedimento experimental é o seguinte: 

• revestir com silicone, ou outro material de fixação, a superfície do bordo do tubo que irá  ficar  em  contacto  com  o  revestimento,  sem  excessos  para  que  a  área  real  de revestimento em contacto com a água não sofra redução; 

• fixar o tubo à zona a ser ensaiada, pressionando‐o sobre a superfície vertical; 

• permitir que o material de  fixação seque durante, pelo menos, 2 min à  temperatura ambiente; 

• atestar  o  tubo  com  água  até  à  graduação  0  cm3  e  esperar  5 min  para  observar  o abaixamento do nível de água e registar a primeira leitura; 

• repetir as leituras aos 10, 15, 30 e 60 min seguintes.   Na Figura 3.3 pode‐se observar algumas etapas do procedimento do ensaio. 

a) fixação do tubo  b) preenchimento do tubo até aos 0 cm3 

  c) ajuste do nível de água 

Figura 3.3 ‐ Etapas do ensaio do tubo de Karsten [Sobrinho, 2008] 

Os  intervalos de  leitura podem  variar  dependendo  da porosidade do material  e do  técnico responsável pelo ensaio. 

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Técnicas de ensaio  in‐situ para avaliação do desempenho de  revestimentos de  fachadas em serviço 

    35 

3.4.4. Parâmetros de medição Cada  ensaio  permite  registar  valores  de  volume  de  água  absorvida,  em  cm3,  durante  os intervalos de  tempo definidos. Com base nestas medições são realizados gráficos de volume de  água  absorvido  em  função  do  tempo,  sendo  que  as  inclinações  das  rectas  obtidas correspondem aos respectivos coeficientes de absorção de água, em kg/m2.s [Scartezini et al. 2002]. 

A  absorção  de  água  verificada  depende  desse  coeficiente  de  absorção  e  do  tempo  de realização do ensaio. Segundo Kunzel et al.  [2004]  (citado por Flores‐Colen, 2009) é possível calcular a absorção de água de uma fachada sujeita à acção da chuva e do vento durante um determinado intervalo de tempo através da equação 3.1: 

 

(Eq. 3.1) 

  Em que:  

• Afachada ‐ absorção de água (kg/m2); 

• Cabsorção  ‐  coeficiente  de  absorção  de  água  da  camada  superficial  (kg/[m2.√h])  ‐ inclinação  da  curva  do  gráfico  com  a  absorção  de  água  nas  ordenadas  e  a  raiz quadrada do tempo nas abcissas; 

• tchuva ‐ tempo do ensaio (h). 

Existem vários métodos de calcular o coeficiente de absorção de água a baixa pressão, assim como a sugerida por PROCEQ [2001] (citado por Flores‐Colen, 2009), de acordo com a equação 3.2: 

 

(Eq. 3.2)   

 Em que:  

• Cabsorção ‐ coeficiente de absorção de água da camada superficial (kg/[m2.√h]); 

• X ‐ quantidade de água absorvida (em ml); 

• d ‐ diâmetro da superfície em que é feita a penetração de água (mm); 

• t ‐ duração da leitura (h). 

3.4.5. Interpretação e variabilidade dos resultados i) Interpretação dos resultados 

Mesmo  sendo  referenciada  internacionalmente,  esta  técnica  não  se  baseia  em  critérios  de desempenho  [Dias  e  Carasek,  2003],  uma  vez  que  não  existem  valores  de  desempenho aceitáveis definidos nas normas existentes. Por conseguinte, os parâmetros de desempenho deverão ser complementados com outros ensaios realizados em laboratório, assim como: 

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Capítulo 3 

36  

• ensaio que avalia a permeabilidade à água líquida sob pressão, definido pela norma EN 1015‐21 [CEN, 2002a]; 

• ensaio que estima a absorção de água por capilaridade, definido pela norma EN 1015‐18 [CEN, 2002b]. 

 A comparação dos resultados destes dois métodos deve ser realizada cuidadosamente pois a taxa  de molhagem  da  superfície  depende  da  estrutura  capilar  e  distribuição  dos  poros  do material,  e  dos  diferentes mecanismos  de  penetração  da  água  (forças  capilares,  forças  de gravidade e forças externas em poros, fissuras ou aberturas) [Bauer, 1997, citado por Flores‐Colen, 2009]. Visto que esta técnica avalia a permeabilidade à água líquida, a comparação dos resultados com a capilaridade (absorção de água sem pressão em poros capilares), porosidade total  (total  de  poros),  ou  porosidade  aberta  (total  de  poros  inter‐conectados)  deve  ser cuidadosamente  interpretada  [Flores‐Colen,  2009].  Na  Figura  3.4  pode‐se  visualizar  a porosidade aberta e fechada. 

 Figura 3.4 ‐ Porosidade aberta e fechada respectivamente [Freitas et al., 2008]. 

A técnica do cachimbo de Karsten faz uma avaliação, ao nível da argamassa, apenas superficial, segundo  Crescêncio  e  Barros  [2005]. De  acordo  com  Veiga  [2005],  os  valores  obtidos  pela técnica da EN 1015‐21 [CEN, 2002a] não são directamente comparáveis entre sistemas multi‐camada e monocamada, porque é medido apenas a água absorvida pelo material e não a que atinge o suporte, que se pode concentrar na última camada. Sendo assim o desempenho de um  reboco multi‐camada pode continuar a apresentar um bom desempenho, devido à água absorvida não atingir o suporte [Flores‐Colen, 2009]. 

Esta  técnica  permite  uma  ideia  da  capacidade  de  impermeabilização  dos  revestimentos  de paredes, mas é necessário considerar as suas limitações na análise dos resultados. De seguida, serão apresentados alguns resultados de estudos anteriores da avaliação do desempenho de rebocos  mediante  diferentes  situações.  Quanto  a  resultados  de  estudos  anteriores relativamente  aos  revestimentos  de  ladrilhos  cerâmicos,  não  foram  encontrados  na bibliografia consultada.  

Gonçalves [2010] realizou estudos in‐situ de modo a comparar a absorção média de água sob pressão de ensaios que utilizavam diferentes processos de  fixação do  tubo de Karsten,  com massa  anti‐vibratória  e  silicone  (Tabela  3.3).  Com  tal  estudo  determinou  que  os  resultados obtidos  com  a massa  anti‐vibratória,  na maioria  das  vezes,  apresentavam  valores  de  água absorvida superior aos valores obtidos com a silicone, o que se deve ao facto de esse material não ser tão bom vedante quanto a silicone.   

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Técnicas de ensaio  in‐situ para avaliação do desempenho de  revestimentos de  fachadas em serviço 

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Tabela 3.3 ‐ Resultados da avaliação do desempenho de revestimentos exteriores in‐situ quanto à absorção média de água com diferentes materiais de fixação do tubo [Gonçalves, 2010] 

Tubos fixados com massa anti‐vibratória

Tubos fixados com silicone

[Gonçalves, 2010]Rebocos monocamada com suporte de alvenaria de 

tijolo (in‐situ)[0,5 ‐ 16,5] [0,15 ‐ 8,5]

Absorção média de água sob pressão aos 180 

minutos (cm3)Referência Aplicabilidade

 

Na Tabela 3.4 apresentam‐se  tabelados alguns valores de absorção de água aos 60 min e os respectivos  coeficientes  de  absorção  determinados  em  estudos  anteriores  utilizando diferentes tipos de argamassas.  

Tabela 3.4 ‐ Resultados de estudos anteriores da avaliação do desempenho de rebocos exteriores com o tubo de Karsten [adaptado de Gonçalves, 2010] 

Referência AplicabilidadeAbsorção média de água sob 

pressão aos 60 minutos 

(cm3)

Coeficiente de absorção de água aos 60 minutos 

(kg/m2.min0,5)

Reboco exterior tradicional sem acabamento

1,2 (orientação Sul) e 2,5 (orientação Norte)

Reboco exterior tradicional revestido1 3,7

Reboco exterior pré‐doseado ≈ 0,8 < 0,3

Rebocos exteriores pré‐doseados, de base cimentícia

≤ 0,2 [0,05 ‐ 1]

Rebocos exteriores tradicionais de cimento [0,6 ‐ 1,4] [0,2 ‐ 0,4]

Modelos de monocamada mais tijolo (lab.) 0,1 0,04

Modelos de argamassa tradicional mais tijolo (lab.)

9 2,12

Argamassa de cal aérea mais cimento branco (lab.)

2,7 (aos 11 meses) ‐

Argamassa de cal aérea mais cimento branco (in‐situ )

1,0 (às 14 semanas) ‐

Revestimento de argamassa tradicional ‐ multicamada (lab.)

[1,4 ‐ 11,9] [0,3 ‐ 2,68]

Revestimento de argamassa industrial ‐ monocamada (lab.)

[0,4 ‐ 1,1] [0,09 ‐ 0,26]

1 ‐ No geral paramentos revestidos obtêm menores resultados de absorção.

[Duarte, 2009]

[Flores‐Colen, 2009]

[Magalhães et al., 2007]

< 1,5

[Gonçalves, 2010]

 

Já se realizaram estudos de determinação da permeabilidade em bases de alvenaria de blocos cerâmicos com diversas preparações, em dois momentos distintos: após dois dias da aplicação da argamassa, visando identificar as alterações de absorção de água produzidas e após 28 dias, sobre  o  revestimento  já  curado,  de modo  a  avaliar  a  influência  da  preparação  da  base  na permeabilidade  à  água  dos  revestimentos  [Scartezini  et  al.,  2002].  Podem‐se  observar  os resultados  na  Tabela  3.5.  A  Figura  3.5  demonstra  as  posições  onde  foram  efectuadas  as leituras. 

Scartezini et al. [2002] utilizam uma metodologia de seis ensaios de tubo de Karsten, com três efectuadas no bloco e três nas juntas e chegam à conclusão que as juntas de assentamento de 

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Capítulo 3 

38  

alvenaria possuem características diferentes dos blocos, como estrutura e tamanho dos poros, o que  influencia as características de absorção do substrato, sendo que o chapisco ajuda na homogeneização, diminuindo as diferenças entre o bloco e a  junta. Naturalmente, diferentes preparações de base alteram as características do substrato em relação à absorção de água. 

Tabela 3.5 ‐ Resultados dos coeficientes de absorção de água obtidos nas bases submetidas a diferentes preparos em dois momentos diferentes [Scartezini et al., 2002] 

Bloco Junta Bloco Junta

Sem preparação 0,11 0,26 0,12 0,20Solução de cal ‐ ‐ 0,13 0,18

Chapisco comum 0,56 0,68 0,14 0,15Chapisco com PVA (base acetato de 

polivinila)0,20 0,28 0,13 0,14

Chapisco com SBR (estireno butadieno)

0,05 0,04 0,13 0,12

[Scartezini et al. , 2002]

Alvenaria de blocos 

cerâmicos com as seguintes 

preparações de base (lab.):

Ensaio após 28 dias sobre

Ensaio após 2 dias sobre

Coeficiente de absorção de água 

(cm3/min)

Referência Aplicabilidade

 

 

Figura 3.5 ‐ Posições para a realização do ensaio de permeabilidade à água líquida [Scartezini et al., 2002] 

Em 2004, Hattge analisou a influência da utilização de blocos cerâmicos e blocos de betão com e sem revestimentos, e em 2008, Sobrinho estudou a  importância da altura da medição e da existência de evidências de bolor em paramentos interiores. Apresentam‐se os seus resultados na Tabela 3.6. 

A experiência de Hattge [2004] permite concluir que o desempenho quanto à permeabilidade dos blocos cerâmicos, no que respeita às  juntas, é  inferior aos blocos de betão, pois absorve mais  água,  e  por  outro  lado,  no  que  respeita  ao  ensaio  localizado  sobre  o  bloco,  o  seu desempenho é superior aos blocos de betão demonstrando maior estanqueidade. Em ambos os  casos,  sem  revestimento,  verificam‐se  absorções  muito  maiores,  o  que  comprova  a 

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Técnicas de ensaio  in‐situ para avaliação do desempenho de  revestimentos de  fachadas em serviço 

    39 

vantagem  em  termos  de  estanqueidade  que  os  revestimentos  podem  proporcionar.  Tais conclusões podem ser observadas nos resultados apresentados na Tabela 3.6. 

Tabela 3.6 ‐ Resultados de absorção média de água sob pressão aos 15min em diferentes revestimentos de argamassas e ainda diferentes alturas de ensaio [Hattge, 2004; Sobrinho, 2008] 

Referência

Juntas verticaisJuntas horizontaisSobre os blocosJuntas verticais

Juntas horizontaisSobre os blocos

Ensaio 1Ensaio 2Ensaio 1Ensaio 2

Medição à altura de 0,40m

Medição à altura de 1,50m

1,25 1,500,40 0,700,95 1,800,25 0,320,50 0,550,15 0,35

Parede em blocos cerâmicos com revestimento

Parede em blocos de betão com revestimento

Absorção média de água sob pressão aos 15 minutos 

(cm3)

Com evidências de bolor

Sem evidências de bolor

Aplicabilidade

[Sobrinho, 2008]

> 4> 41,851,43> 4> 40,641,870,931,23

Revestimento de argamassa na face interna das paredes 

externas de 6 habitações com e sem evidências de bolor

Aplicabilidade

[Hattge, 2004]

Parede em blocos cerâmicos sem revestimento

Parede em blocos de betão sem revestimento

 

Por sua vez, Sobrinho [2008] concluiu que os níveis de permeabilidade à altura de 1,5m eram superiores aos de uma altura de 0,40m, porque na cota  inferior existe normalmente menor permeabilidade em função da saturação do revestimento, o que dificulta a absorção da água pelo cachimbo. Conforme os resultados apresentados na Tabela 3.6, é de referir também que as habitações sem evidências de bolor obtiveram resultados significativamente  inferiores aos valores obtidos nos ensaios realizados nas casas com esta anomalia.  

ii) Variabilidade da técnica 

Se a parede  for relativamente homogénea em  termos de suporte, revestimento e anomalias existentes o método fornece uma ideia geral. Embora de simples execução, a variabilidade dos resultados  pode  aumentar  significativamente  se  não  forem  considerados  alguns  aspectos relevantes, como por exemplo [Flores‐Colen, 2009]: 

• existência de microfissuras; 

• redução  da  área  de  contacto  da  água  com  o  revestimento  devida  ao  excesso  de material de fixação; 

• garantia de um nível constante de pressão durante a realização do ensaio. 

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Capítulo 3 

40  

De  seguida  apresenta‐se  na  Tabela  3.7  alguns  valores  dos  coeficientes  de  variação  obtidos noutros  estudos  e  que  pelos  valores  elevados  que  apresentam  permite  concluir  a  elevada variabilidade associada a esta técnica.  

 

Tabela 3.7 ‐ Resumo dos coeficientes de variação obtidos em estudos anteriores com o ensaio do tubo de Karsten [adaptado de Gonçalves, 2010; Hattge, 2004] 

ReferênciaCoeficiente de 

variação obtido (%)[Miranda, 2000] 15

Rebocos tradicionais 56Rebocos pré‐doseados 79Rebocos tradicionaisRebocos pré‐doseados

Revestimento de argamassa tradicional

[3 ‐ 13]

Revestimento de argamassa industrial ‐ monocamada

[10 ‐ 53]

Juntas verticais ‐Juntas horizontais ‐Sobre os blocos 21Juntas verticais 30

Juntas horizontais ‐Sobre os blocos ‐

Ensaio 1 56Ensaio 2 43Ensaio 1 37Ensaio 2 67

> 50 na maioria dos casos

[Duarte, 2009]

[Flores‐Colen, 2009]

Em laboratório

In‐Situ

In‐Situ

Aplicabilidade

[Hattge, 2004]

Parede em blocos cerâmicos sem revestimento

Parede em blocos de betão sem revestimento

Parede em blocos cerâmicos com 

Parede em blocos de betão com revestimento

Em laboratório

[Gonçalves, 2010]

Em laboratório

 

3.4.6. Síntese de metodologias experimentais utilizadas Os diversos autores que realizaram estudos com o método do  tubo de Karsten,  já utilizaram várias  metodologias  diferentes  em  termos  de  número  de  ensaios,  local  de  realização (laboratório ou  in‐situ),  local de aplicação do  tubo  (nas  juntas entre blocos ou no corpo dos blocos que constituem o suporte), e  intervalos de  leituras e duração do ensaio, entre outros parâmetros. Na Tabela 3.8 apresenta‐se  resumidamente algumas metodologias de ensaio  já utilizadas, na sua maioria sobre revestimentos de argamassas. 

Quanto  ao  local  de  aplicação  do  tubo  de  Karsten,  apenas  Scartezini  et  al.  [2002]  e Hattge [2004],  distinguiram  no  revestimento  de  argamassa  a  localização  dos  blocos  e  respectivas juntas horizontais e verticais, permitindo o estudo nessas zonas. Quanto ao resto dos autores, entende‐se por  local de aplicação do  tubo no  reboco, como  zona  revestida  indiferenciada e não conhecida do revestimento de argamassa. 

Pode‐se  distinguir  dois métodos  de medição  da  absorção  diferentes  utilizados  por  estes  e outros  autores.  Enquanto  uns  optaram  por,  a  cada medição  realizada,  atestar  o  tubo  de Karsten ao nível  inicial, o que permite que seja aplicada a mesma pressão em cada medição, outros  decidiram  ir  medindo  a  absorção  acumulada,  até  um  limite  de  tempo,  ou eventualmente até a absorção total da água. O primeiro procedimento permite que o nível da pressão exercida seja constante ao longo de todo o ensaio e de todas as medições. 

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Técnicas de ensaio  in‐situ para avaliação do desempenho de  revestimentos de  fachadas em serviço 

    41 

Tabela 3.8 ‐ Diferentes metodologias de ensaio utilizadas por vários autores 

ReferênciaNº de ensaios

Localização Local de aplicação do tubo de Karsten Medições Duração

[Miranda, 2000] 2 a 3 lab. Reboco 1 em 1min até aos 15min 15min

[Scartezini et al., 2002] 6 lab. Reboco e juntas horizontais Gráfico, ml/minaté absorção 

total

[Hattge, 2004] 10 lab. Reboco, juntas horizontais e verticais 5, 10 e 15min 15min[Magalhães et al., 2007] 1 lab. e in‐situ Reboco 5, 15 e 60min 60min

[Sobrinho, 2008] 2 in‐situ Reboco 5, 10 e 15min 15min[Flores‐Colen, 2009] 3 lab. e in‐situ Reboco 5, 10, 15, 30 e 60min 60min

[Duarte, 2009] 3 lab. e in‐situ Reboco 5, 10, 15, 30 e 60min 60min

[Gomes, 2009] 3 lab. Reboco

15, 30s e depois 30 em 30s ou 15, 30s, 1, 1.5, 2, 3, 4, 5, 7, 10, 12, 15, 30, 60min e 

depois 60 em 60min1

até absorção total

lab. Reboco 5, 10, 15, 30 e 60min 60min

in‐situ Reboco5, 10, 15, 20, 25, 30, 60, 90, 120, 150 e 180min

180min[Gonçalves, 2010] 3

 

3.4.7. Factores que influenciam o ensaio Individualmente ou em conjunto, é vasta a quantidade de factores que podem condicionar o ensaio, desde o número de ensaios que se realizam, a sua  localização, os  tipos de suporte e revestimentos,  bem  como  o momento  após  a  aplicação  da  argamassa  em  que  se  realiza  o ensaio,  representam  alguns  exemplos,  que  permitem  um  contínuo  estudo  e  conhecimento adquirido relativamente aos níveis de desempenho de revestimentos quanto à permeabilidade à água líquida. Na Figura 3.6 apresentam‐se dois exemplos de factores que afectam o ensaio. 

                  a) existência de microfissuras 

                b) processo de fixação do tubo 

Figura 3.6 ‐ Exemplos de factores que afectam o ensaio: a) Existência de microfissuras [w11], b) processo de fixação do tubo 

Os materiais e elementos construtivos da fachada, assim como o acesso para leitura in‐situ são dois exemplos de factores que influenciam o ensaio da permeabilidade à água líquida através do  tubo de Karsten. A  técnica do  tubo de Karsten pode chegar a  resultados  incorrectos que podem  estar  condicionados  devido  a  vários  factores,  dos  quais  alguns  são  resumidamente apresentados na Tabela 3.9.  

Segundo  Scartezini  et  al.  [2002],  não  se  consegue  concluir  se  a  água  é  absorvida  pelo revestimento,  pelas  juntas  ou  pelo  suporte,  que  ao  apresentarem  porosidades  diferentes influenciam  os  resultados.  Quanto  ao  tipo  de  suporte,  no  que  respeita  ao  revestimento reboco, o tijolo apresenta melhor desempenho que o betão, verificando‐se o contrário no que respeita às juntas [Crescêncio e Barros, 2005; Hattge, 2004]. Segundo Veiga [2005] e Gonçalves [2010]  a  aplicação  de  argamassa  (tradicional  ou  industrial)  em  várias  camadas  tem melhor desempenho que uma camada única, devido aos caminhos da água serem interrompidos pelas 

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Capítulo 3 

42  

interfaces entre camadas. Gonçalves  [2010] conclui  também que a  influência do número de camadas é bastante significativa quando o suporte é tijolo, sendo irrelevante quando é betão. A  idade do  suporte e do  revestimento  também afectam o ensaio pois, ao  longo do  tempo, ocorre diminuição do desempenho dos materiais [Duarte, 2009]. 

Segundo Flores‐Colen [2009], a leitura do volume de água absorvida deve ser cuidadosamente realizada  para  evitar  erros,  o  que  em  zonas  de  ensaio mais  elevadas,  em  que  os meios  de acesso são dificultados, podem‐se tornar complexas as leituras do nível da água. 

3.5. Síntese do capítulo No  presente  capítulo  foi  demonstrada  a  importância  da  utilização  de  uma metodologia  de avaliação  in‐situ do desempenho em serviço dos revestimentos de argamassas e de  ladrilhos cerâmicos.  Tal  avaliação  permite  caracterizar  o  estado  de  degradação  e  as  suas  causas,  de modo a encaminhar para medidas correctivas ou preventivas. 

A avaliação do nível de desempenho recorre a certas metodologias, como a  inspecção visual, que podendo não ser suficiente para uma completa caracterização do estado de conservação, é complementada com os ensaios in‐situ que melhoram o diagnóstico e fornecem parâmetros quantitativos.  

As técnicas de ensaio in‐situ foram apresentadas e classificadas segundo diversos factores, tais como o grau de destruição que provocam, o princípio em que se baseiam, os objectivos da sua utilização  e  os  parâmetros  medidos,  entre  outros.  Como  interesse  e  objectivo  desta dissertação,  a  técnica de  ensaio do  tubo de Karsten que permite  avaliar o desempenho de revestimentos  cerâmicos  e  de  argamassas  face  ao  agente  de  degradação  água,  através  da medição  da  permeabilidade  à  água  líquida  (absorção  a  baixa  pressão),  foi  apresentada pormenorizadamente. 

Demonstrou‐se o campo de aplicação da técnica de ensaio do tubo de Karsten, assim como as suas  vantagens  e  desvantagens,  factores  que  influenciam  a  técnica  e  a  interpretação  e variabilidade de resultados. 

Na interpretação de resultados da técnica do tubo de Karsten foram apresentados os estudos e as conclusões, bem como as metodologias experimentais utilizadas, que diversos autores já realizaram de modo a proporcionar um conhecimento e enquadramento teórico da técnica em estudo. No que diz  respeito à  variabilidade, os  resultados apresentados dos  coeficientes de variação  obtidos  em  estudos  anteriores  demonstram  valores  elevados,  principalmente  em ensaios  realizados  in‐situ  onde  o  coeficiente  de  variação  é  superior  a  50%  na maioria  dos casos, o que permite concluir a elevada variabilidade associada a esta técnica. 

Nos estudos anteriores realizados constata‐se a existência de muita informação e investigação, no  que  respeita  a  revestimentos  de  argamassas,  dos  autores  apresentados, Hattge  [2004], Sobrinho  [2008],  Flores‐Colen  [2009],  Duarte  [2009],  entre  outros.  Por  sua  vez,  não  se encontram  estudos  e  investigações  relevantes  aos  revestimentos  cerâmicos  o  que  resulta numa escassez de informação. 

Por  fim,  foram  apresentados  diversos  factores  (Tabela  3.9)  que,  individualmente  ou  em conjunto, influenciam o ensaio, que permitem um contínuo estudo e conhecimento adquirido 

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Técnicas de ensaio  in‐situ para avaliação do desempenho de  revestimentos de  fachadas em serviço 

    43 

relativamente aos níveis de desempenho de  revestimentos quanto à permeabilidade à água líquida.  

Tabela 3.9 ‐ Factores que afectam o ensaio com o tubo de Karsten [Scartezini et al., 2002; Hattge, 2004; Flores‐Colen, 2009; Gonçalves, 2010] 

Condições climáticas

A existência de microfissuras à superfície conduz a um aumento do volume de água absorvido. Dado que esteensaio avalia a capacidade de impermeabilização em zona não‐fendilhada, os resultados obtidos nestescasos deverão ser nulos [Flores‐Colen, 2009].

O tipo de acabamento, a presença de irregularidades e a existência de anomalias à superfície podeminfluenciar a técnica, conforme constatado por Flores‐Colen [2009] e Duarte [2009]. Sobrinho [2008], concluique a saturação da superfície e a existência de bolores também são factores que afectam os resultados doensaio.

O material utilizado para fixar o tubo ao paramento deve ser o necessário e suficiente para a realização doensaio. Se for utilizado material a menos, o tubo pode não apresentar‐se convenientemente fixo conduzindo aperdas de água. Por outro lado, se for utilizado em excesso, a área de contacto do tubo é reduzida e osresultados afectados [Flores‐Colen, 2009; Duarte, 2009]. O material de fixação, assim como silicone,plasticina, massa anti‐vibratória, também condiciona o ensaio. Gonçalves [2010] concluiu que os resultadosobtidos com a massa anti‐vibratória, na maioria das vezes, apresentavam valores de água absorvidasuperiores aos valores obtidos com a silicone, o que se deve ao facto desse material não ser tão bomvedante.

Flores‐Colen [2009] concluiu que a absorção de água é influenciada pelas condições climáticas, tendo obtidovalores nulos em situações de chuva no dia anterior. De modo a evitar possíveis erros provocados por estefactor, deve‐se avaliar o teor de humidade existente no dia do ensaio [Dias e Carasek, 2003].

Processo de fixação do tubo ao 

paramento

Local de ensaio

O ensaio pode ser realizado no corpo ou nas juntas, existindo diversos tipos de juntas, como as horizontais,verticais, em T, em cruz. Scartezini et al. [2002] concluiu nos seus estudos que as juntas de assentamento dealvenaria possuíam características diferentes dos blocos, como a sua estrutura e tamanho dos poros, o queinfluencia as características de absorção do substrato. Hattge [2004] conclui que o desempenho dos blocoscerâmicos, no que respeita às juntas, é inferior aos blocos de betão, e por outro lado, no que respeita aocorpo, o seu desempenho é superior aos blocos de betão.

Factores que influenciam o resultado do 

ensaio

Descrição

Existência de microfissuras e respectiva orientação

Estado da superfície

Tipo de tubo

Preparação da superfície

A variação da altura do tubo entre outras características que distingam os tubos utilizados para a realizaçãodo ensaio de Karsten. 

Mediante os diversos tipos de acabamento de superfície, considerando o tipo de suporte, a preparação dasuperfície através da sua limpeza, que inclui uma raspagem com lixa e remoção de poeiras com pincel, podeou não ser realizada, verificando‐se diferenças nos resultados.

 

No  capítulo  seguinte  será apresentada detalhadamente a  campanha experimental e os  seus objectivos, caracterizando a técnico de ensaio do tubo de Karsten e o seu procedimento, bem como uma descrição dos revestimentos analisados nas inspecções. 

   

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Capítulo 3 

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    Caracterização do trabalho experimental 

  45  

4. Caracterização do trabalho experimental 

4.1. Considerações gerais O presente capítulo tem por objectivo caracterizar a técnica de ensaio do tubo de Karsten, que avalia a  resistência à água  líquida da  superfície, através da  sua propriedade de absorção de água  sob  baixa  pressão,  e  o  seu  procedimento,  bem  como  descrever  os  revestimentos analisados nas campanhas experimentais, explicitando assim o estudo experimental realizado. 

O  trabalho  experimental  tem  como  principal  objectivo  avaliar  a  variabilidade  da  técnica  de ensaio in‐situ do tubo de Karsten, de modo a encontrar uma quantidade mínima necessária de ensaios a realizar numa dada superfície, que corresponda a um valor fiável da permeabilidade à água líquida do revestimento.  

Adicionalmente, pretende‐se realizar o estudo e a análise de alguns parâmetros de  influência desta técnica, tais como: 

i) utilização de tubos de Karsten diferentes; ii) condições climáticas distintas (sol e chuva); iii) variação  do  material  de  fixação  (silicone  transparente,  massa  anti‐vibratória  e 

plasticina); iv) localização dos tubos (casos de juntas em revestimentos cerâmicos). v) tipos  de  superfície  (revestimentos  de  argamassas,  de  ladrilhos  cerâmicos  e  placas 

ETICS); 

Por último, é também objectivo analisar a reprodutibilidade1 de resultados, ou seja, verificar a existência de uma tendência de valores, ou concordância de resultados, em ensaios repetidos, variando apenas a altura de medição.  

A campanha de ensaios foi efectuada, principalmente, na Estação de Envelhecimento Natural de  um  fabricante  de  argamassas  industriais  de  revestimento,  no  Carregado.  Houve  ainda possibilidade de  realizar campanhas experimentais em obras de  reabilitação em Caxias e no Restelo,  bem  como  uma  campanha  no  Laboratório  de  Construção  do  Departamento  de Engenharia Civil do IST (DECivil). 

4.2. Metodologia de investigação De modo  a  apresentar  a metodologia da  investigação  adaptada,  serão  expostos os  locais  e paramentos  ensaiados  e  as  respectivas  características  que  os  definem,  assim  como  os objectivos associados a cada paramento, neste subcapítulo. 

4.2.1. Paramentos ensaiados A  campanha experimental, que decorreu entre os meses de Março e  Julho de 2011,  incluiu ensaios  in‐situ  em muros  experimentais  no  Carregado,  em  paramentos  em  Caxias  e  numa fachada  de  um  condomínio  no  Restelo,  e  ainda  ensaios  no  Laboratório  de  Construção  em placas ETICS.                                                             

1 A reprodutibilidade é baseada no princípio de que apenas se pode tirar conclusões de um evento bem descrito, que aconteceu várias vezes, isento de efeitos aleatórios que podem afectar os resultados [w12]. 

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Capítulo 4 

46  

4.2.1.1. Campanha experimental na Estação de Envelhecimento Natural no Carregado A estação de envelhecimento natural (EEN) foi construída no início de 2004, com um total de 18  paramentos  orientados  segundo  os  quatro  pontos  cardeais,  para  permitir  o  estudo  do comportamento das argamassas  industriais de revestimento e outros produtos do fabricante ao  longo  do  tempo.  Sobre  estes  muretes  foram  já  realizados  estudos  anteriores  a  esta investigação,  nomeadamente  as  campanhas  in‐situ  de Quintela  [2006],  Flores‐Colen  [2009], Galvão  [2009], Duarte  [2009]  e Gonçalves  [2010],  o  que,  comparando  os  vários  resultados, permite avaliar a evolução destes rebocos ao longo do tempo.  

Os muretes são constituídos por um suporte em alvenaria de tijolo com 7 cm de espessura e cerca  de  2  cm  de  espessura  de  revestimento  aplicado  por  uma  equipa  do  fabricante, especializada em aplicações deste  tipo de produtos. No  revestimento  foi utilizado o mesmo produto  pré‐doseado  em  todos  os  paramentos,  variando  apenas  a  granulometria  da  areia (normal ou fino), a coloração (branco ou “cor de tijolo”), o acabamento (areado ou raspado) e a orientação. 

No  total  analisaram‐se  6  paramentos  com  cerca  de  7  anos  de  idade.  Os  ensaios  in‐situ realizaram‐se de Março a Julho de 2011. 

i) Muro teste de monocamada Sul (M1) 

Este paramento  (Figuras 4.1 e 4.2)  tem como principais características um  revestimento em reboco pré‐doseado à base de cimento monocamada cor de tijolo e um acabamento raspado. O muro encontra‐se orientado a Sul, como se pode ver na Figura 4.2, e apresenta uma área de 4,08 m2.  

 

Figura 4.1 ‐ Muro Sul ensaiado (EEN)                 Figura 4.2 ‐ Esquema representativo do muro Sul analisado 

 

ii) Fachada Oeste do Pavilhão da Escola de Formação (M2)  

Este muro ensaiado pertence à fachada Oeste do Pavilhão da Escola de Formação (Figura 4.3) e possui um suporte em alvenaria de tijolo e revestimento em reboco pré‐doseado à base de cimento monocamada, um acabamento raspado, orientação a Oeste e uma área de estudo de 0,95 m2. 

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    Caracterização do trabalho experimental 

    47 

 

Figura 4.3 ‐ Muro do Pavilhão da Escola de Formação ensaiado (M2) 

iii) Muros teste de monocamada (M3, M4 e M5) 

Estes paramentos  (Figuras  4.4,  4.5  e 4.6)  são  constituídos por um  suporte  em  alvenaria de tijolo  e  revestimento  em  reboco mineral  de  regularização,  pré‐doseado  à  base  de  cimento monocamada de cor cinza e um acabamento areado. Por sua vez, encontram‐se orientados a Norte e têm uma área de 8,8m2. As superfícies M5 e M4 pertencem ao mesmo paramento. 

   

 

Figura 4.6 ‐ Muro teste de monocadama Sul M5 

iv) Muro teste de Cerâmica Betumada (MCC) 

Este paramento (Figura 4.7) apresenta um suporte à base de cimento e é revestido a ladrilhos cerâmicos,  com  as  juntas  de  8  mm  de  espessura  preenchidas  com  argamassa  de  juntas 

Figura 4.4 ‐ Muro teste de monocamada Norte M3 Figura 4.5 ‐Muro teste de monocamada Norte M4

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Capítulo 4 

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exteriores. Existem duas zonas distintas neste muro, uma de  ladrilhos cerâmicos encarnados, de dimensões 9,5 x 29,5 cm, e outra de  ladrilhos cerâmicos cinzentos, de dimensões 20 x 40 cm. O muro encontra‐se orientado a Oeste e tem áreas de estudo de 0,95 e 0,32 m2, nas zonas de ladrilhos cerâmicos encarnados e cinzentos, respectivamente. 

 

Figura 4.7 ‐ Muro de cerâmica betumada ensaiado 

4.2.1.2. Campanha experimental em paramentos em Caxias A  campanha  experimental  realizada  em  Caxias  ocorreu  em  simultâneo  com  outras investigações e ensaios  in‐situ como o pull‐off, ultra‐sons e  termografia, pelo que a área em questão  foi  dividida  por  zonas  (Figura  4.8),  tendo  sido  realizados  os  ensaios  de  Karsten relativos a esta dissertação nas zonas 3 e 6. Foram cumpridos os ensaios apenas num dia (6 de Maio de 2011). 

 

Figura 4.8 ‐ Divisão do paramento de Caxias por zonas 

Os paramentos ensaiados nas zonas 3 e 6 (Figuras 4.9 e 4.10) são constituídos por um suporte em alvenaria de pedra e um revestimento em argamassa tradicional à base de cal. 

   Figura 4.9 ‐ Muro ensaiado na zona 3 (MZ3) Figura 4.10 ‐ Muro ensaiado na zona 6 

(MZ6)

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    Caracterização do trabalho experimental 

    49 

Estes paramentos apresentam anomalias bastante visíveis como a  fissuração e a colonização biológica. Encontram‐se orientados a Sul, localizam‐se junto à linha de comboios de Cascais e do rio Tejo, e têm áreas de estudo de 5,06 m2 e 3,52 m2 respectivamente para as zonas 3 e 6. 

4.2.1.3. Campanha experimental na fachada de um edifício no Restelo  

i)  Fachada de um edifício com revestimento cerâmico (MCR) 

O edifício apresenta uma tipologia multifamiliar com cinco pisos, sendo três pisos elevados de habitação, um piso térreo e dois pisos enterrados destinados a lazer e estacionamento.  

O  paramento  ensaiado  (Figura  4.11),  assim  como  as  restantes  paredes  de  enchimento exteriores,  caracterizam‐se  por  um  suporte  de  alvenaria  de  tijolo  e  um  revestimento  em argamassa  tradicional de base,  com pastilhas  cerâmicas brancas de 2,5  x 2,5  cm. A  fachada analisada encontra‐se orientada a Este e tem uma área de estudo de 1,16 m2. Foram realizadas duas inspecções em dias consecutivos de Maio (12 e 13), uma de manhã com exposição solar incidente no paramento e outra à tarde à sombra. 

 

Figura 4.11 ‐ Paramento ensaiado da fachada de um edifício no Restelo 

4.2.1.4. Campanha experimental em placas ETICS no Laboratório de Construção ‐ DECivil Foram  ensaiadas  duas  placas  de  poliestireno  expandido  (EPS1  e  EPS2)  revestidas  com argamassa  de  colagem  e  revestimento  de  placas  isolantes,  sendo  que  uma  tinha  ainda  um revestimento orgânico colorido de capa fina. A placa EPS1, que tem o revestimento colorido de capa  fina, apresenta uma coloração branca, enquanto a placa EPS2 é de cor cinza. As placas (Figura 4.12) têm uma área de 0,5 m2 e foram ensaiadas a uma temperatura constante de 22ºC e humidade superficial de 0.  

As campanhas experimentais  foram realizadas em 4 dias consecutivos, de 14 a 17 de  Junho, em ambiente de laboratório no LC do DECivil. 

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Capítulo 4 

50  

 

Figura 4.12 ‐ Placas EPS1 ‐ a), e EPS2 ‐ b) ensaiadas 

4.2.2. Objectivos a analisar nos paramentos ensaiados Após a caracterização dos paramentos que foram submetidos a ensaios, de modo a identificar os objectivos a que cada um se destinou,  foi criada uma  tabela síntese  (Tabela 4.1) onde se apresentam também as respectivas localizações e designações atribuídas.  

Tabela 4.1 ‐ Síntese dos objectivos a analisar em cada paramento 

Muro Localização Designação Objectivosanálise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten; análise do número mínimo de ensaios a realizar;análise da reprodutibilidade de resultados;

análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten; análise do número mínimo de ensaios a realizar;análise da reprodutibilidade de resultados;

análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten; análise do número mínimo de ensaios a realizar;análise da reprodutibilidade de resultados;estudo da utilização de tubos de Karsten diferentes;estudo de diferentes tipos de superfícies;estudo da variação do material de fixação (plasticina x silicone x massa anti‐vibratória);

M4estudo da variação do material de fixação (plasticina x silicone x massa anti‐vibratória);

Muro teste de monocamada cinza Sul

M5 estudo da variação das condições climáticas;

Muro teste de cerâmica betumada

MCCestudo da influência da localização dos tubos de Karsten  (casos de juntas em revestimentos cerâmicos);análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten; análise do número mínimo de ensaios a realizar;

Muro Zona 6 MZ6 estudo de diferentes tipos de superfícies;análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten; análise do número mínimo de ensaios a realizar;estudo de diferentes tipos de superfícies;análise da reprodutibilidade de resultados;análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten; análise do número mínimo de ensaios a realizar;estudo de diferentes tipos de superfícies;análise da reprodutibilidade de resultados;

Carregado

Caxias

Muro teste de monocamada cor‐de‐

tijolo SulM1

Fachada Oeste do Pavilhão da Escola de 

FormaçãoM2

M3Muros teste de monocamada cinza 

Norte

Restelo

MZ3Muro Zona 3

EPS1

EPS2

Lab de Construção do 

DECivilPlacas ETICS

Fachada de um edifício com revestimento 

cerâmicoMCR

 

A tabela apresentada permite verificar que os objectivos de analisar a variabilidade da técnica do tubo de Karsten e o número mínimo de ensaios a realizar, bem como estudar a  influência de diferentes tipos de superfícies se destinaram aos mesmos paramentos, designadamente os muros M1, M2, M3, MZ3, MZ6, MCR, EPS1 e EPS2. Por outro lado, os objectivos de estudar a influência da utilização de tubos de Karsten diferentes e a variação das condições climáticas, e ainda  o  estudo  da  localização  dos  tubos  em  casos  de  juntas  de  revestimentos  cerâmicos, apenas foram analisados num paramento cada, respectivamente, M3, M5 e MCC.   

a) b)

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    Caracterização do trabalho experimental 

    51 

4.3. Procedimento experimental Apresenta‐se neste subcapítulo o procedimento de ensaio do tubo de Karsten, bem como os materiais utilizados, na  sua execução  in‐situ. Por não existir  regulamentação específica para este  ensaio,  desenvolveu‐se  um  procedimento  experimental  para  a  avaliação  da permeabilidade à água  líquida baseado na  ficha do  LNEC FE Pa 39.1  [2002a] elaborada com base no teste nº II.4 do RILEM [1980], com as necessárias adaptações. 

Para a execução in‐situ da técnica de ensaio do tubo de Karsten, o material necessário (Figura 4.13) é o seguinte, podendo variar consoante os objectivos a analisar: 

• tubos de vidro graduados de 0 a 4cm3 (tubos de Karsten); 

• x‐acto; 

• lixa; 

• pincel; 

• pano de limpeza; 

• caneta marcadora; 

• luvas de protecção; 

• material de fixação para os tubos ‐ silicone transparente, massa anti‐vibratória ou plasticina; 

• fitas de fixação; 

• pipeta; 

• esguicho; 

• cronómetro; 

• folha de registo; 

 

Figura 4.13 ‐ Materiais necessários para a execução in‐situ da técnica de ensaio do tubo de Karsten 

O x‐acto apenas é necessário para proceder à limpeza dos tubos de Karsten, quando é utilizado no  ensaio  silicone  como  material  de  fixação,  assim  como  as  luvas  de  protecção,  que  se utilizaram  na  fixação  dos  tubos. O  pincel,  a  lixa  e  o  pano  de  limpeza  apenas  se  utilizaram quando se procede à limpeza prévia do paramento. 

Para a realização do ensaio e medição da permeabilidade à água líquida, utilizou‐se o seguinte procedimento que se demonstra com imagens mais adiante na Figura 4.16: 

a) definição, e numeração com caneta marcadora, da localização dos tubos de Karsten a ensaiar no paramento, tendo em conta zonas regulares e sem presença de  

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Capítulo 4 

52  

microfissuras visíveis à superfície; b) limpeza das zonas de colocação dos tubos, com o auxílio de lixa e pincel; c) colocação do material de fixação no bordo interior do tubo que fica em contacto com 

o revestimento; d) fixação do tubo com alguma pressão ao paramento e reposição do material de fixação 

em torno dos tubos de modo a garantir a estanqueidade; e) introdução de água nos tubos até à graduação de 0 cm3 e ajustamento do nível com 

ajuda da pipeta; f) realização da primeira leitura após 5 minutos do início do ensaio; g) reposição do nível de água com o auxílio da pipeta, aos 10, 15, 20, 25, 30, 60, 90, 120, 

150 e 180min2 e realização das respectivas leituras. 

Aquando  da  utilização  da  silicone  transparente  como material  de  fixação,  são  necessárias acrescentar ao procedimento anteriormente descrito duas etapas:  

i) limpeza dos tubos de Karsten, com o auxílio do x‐acto, caso seja necessário, de modo a retirar  resíduos de  silicone de  ensaios  anteriores para não  condicionar  a  colagem  e consequentemente os resultados (antes da etapa c)); 

ii) permitir  a  secagem  do material  de  fixação,  após  a  fixação  do  tubo  ao  paramento, colocando fita‐cola para garantir a segurança e fixação do tubo (após etapa d)). 

Na  utilização  de  plasticina  ou  massa  anti‐vibratória  como  material  de  fixação,  apenas  se acrescenta ao procedimento descrito uma etapa: 

iii) moldar o material  (Figura 4.14), para posterior  colocação no bordo  interior do  tubo (Figura 4.15). 

 

4.4. Técnicas auxiliares de diagnóstico De modo a complementar a inspecção visual dos paramentos ensaiados na caracterização dos respectivos estados de degradação e níveis de desempenho, foram utilizadas algumas técnicas auxiliares de diagnóstico, simples e de carácter não‐destrutivo.   

                                                            

2 Excepto nos estudos realizados em Caxias em que se efectuaram as leituras aos 5, 10, 15, 30 e 60min. 

Figura 4.14 ‐ Material de fixação (massa anti‐vibratória) moldado e pronto a aplicar ao tubo

Figura 4.15 ‐ Material de fixação (plasticina) colocado no bordo interior do tubo 

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    Caracterização do trabalho experimental 

    53 

a) Marcação da localização dos tubos de Karsten  e 

numeração

b) Limpeza da zona de colocação dos tubos com lixa

b) Limpeza da zona de colocação dos tubos com 

pincel

c) Colocação do material de fixação no bordo interior do 

tubo

d) Fixação do tubo ao paramento pressionando e adicionando material de 

fixação

ii) Secagem do material de fixação, prendendo os tubos 

com fita‐cola

e) Preenchimento inicial do 

tubo até à graduação de 0cm3

f) Ensaio a decorrer ‐ registo das medições

g) Reposição cuidadosa do nível de água após cada 

leitura  

Figura 4.16 ‐ Principais etapas do procedimento da técnica de ensaio in‐situ do tubo de Karsten utilizando material de fixação silicone transparente 

O  humidímetro  portátil  foi  utilizado  para medir  o  teor  de  humidade  superficial  dos muros (Figura 4.17) permitindo  conhecer  as  condições  superficiais dos paramentos. Por  sua  vez, o termo‐higrómetro  serviu para medir a  temperatura e humidade  relativa do ar  (Figura 4.18), indicando as condições ambientais em que se realizaram os ensaios. 

   

 

Figura 4.17 ‐ Humidímetro portátil Figura 4.18 ‐ Termo‐higrómetro 

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Capítulo 4 

54  

4.5. Caracterização do plano de estudo Este  subcapítulo  tem  por  objectivo  explicitar  os  estudos  que  foram  realizados  no  trabalho experimental, descrevendo pormenorizadamente as metodologias utilizadas. 

4.5.1. Análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten De modo a analisar a variabilidade da  técnica do  tubo de Karsten e determinar um número mínimo de ensaios a realizar, numa determinada superfície, que garantam um valor fiável do ensaio,  foram  realizadas  várias  campanhas  experimentais  ensaiando  141  tubos  de  Karsten, num total de 8 inspecções e 4 conjuntos de medições em laboratório, designadamente: 

• 5 inspecções em 3 paramentos (M1, M2 e M3), no Carregado; 

• 1 inspecção com ensaios em duas zonas distintas (MZ3 e MZ6), em Caxias; 

• 2 inspecções na fachada de um edifício (MCR), no Restelo; 

• 4 conjuntos de medições em placas ETICS (EPS1 e EPS2), no LC do DECivil. 

 

Figura 4.19 ‐ Ensaio de 11 tubos de Karsten a decorrer, com o objectivo de analisar a variabilidade da técnica 

Realizaram‐se  ensaios  (Figura  4.19)  com,  pelo menos,  10  tubos  de  Karsten  por  paramento. Com  os  valores  da  absorção  acumulada  de  cada  tubo  determinou‐se  a  média  de  água absorvida  e,  considerando  como  resultados  fiáveis  valores  de  absorção  total  que  se encontravam  no  intervalo  de  ±20%  da média,  verificou‐se  o  número mínimo  de  tubos  de Karsten necessários ensaiar para garantir um valor adequado da permeabilidade à água líquida do  muro.  Optou‐se  pelo  intervalo  de  ±20%  da  média  por  analogia  com  outros  ensaios experimentais, como é o caso da determinação da aderência por tracção perpendicular [DIN, 2003]. Este  intervalo apresenta‐se como um dado de partida na análise estatística a realizar, podendo estudar os resultados para intervalos de ±30, 40 e 50% assim como ±σ, ±2σ e ±3σ.  

4.5.2. Análise de parâmetros de influência Conforme mencionado  no  Capítulo  3,  são  conhecidos  inúmeros  factores  que  influenciam  a técnica de ensaio do tubo de Karsten. Por conseguinte, de modo a aprofundar conhecimentos de  estudos  já  realizados  por  outros  investigadores  e  realizar  investigações  novas,  foram estudados diversos parâmetros que se prevêem influenciar a técnica do tubo de Karsten, assim como  a  diferença  de  tubos,  condições  climáticas  distintas,  variação  do material  de  fixação, localização dos tubos e o tipo de superfície, que se apresentam e desenvolvem de seguida. 

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    Caracterização do trabalho experimental 

    55 

i) Estudo da diferença de tubos de Karsten (tubos 1 vs tubos 2) 

Realizaram‐se ensaios com tubos de características diferentes (Figuras 4.20, 4.21 e 4.22), como o  tamanho do diâmetro do  tubo e  a  respectiva  altura,  com os  tubos dispostos  aos pares  a alturas iguais, distanciados entre si por aproximadamente um palmo. Na Tabela 4.2 apresenta‐se resumidamente as várias dimensões que caracterizam os tubos, que podem ser visualizadas na  Figura  4.20.  Foram  realizadas  10  ensaios  de  tubo  de  Karsten  numa  única  inspecção  no paramento M3 do Carregado.  

Tabela 4.2 ‐ Síntese das dimensões dos tubos de Karsten 

Altura ‐ h (cm)

Diâmetro do tubo ‐ dt (cm)

Diâmetro superior ‐ ds (cm)

Diâmetro da base interno ‐ di (cm)

Diâmetro da base externo ‐ de (cm)

Pressão exercida a meio da base (Pa)

Tubo 1 9,6 0,9 2,6 2,6 3,8 940,8Tubo 2 11,0 0,8 1,1 2,6 4,0 1078,0

Nº do Tubo

Dimensões

961,4

Nota: na Figura 4.20 encontram‐se indicadas as dimensões

Pressão de acordo com a 

especificação do LNEC [2002b], 

correspondente a uma altura de 

Pressões

 

A pressão que a água exerce no centro da base que  fica em contacto com a superfície varia devido  às  diferentes  alturas  que  os  tubos  apresentam. Na  Tabela  4.2,  pode  verificar‐se  as pressões  correspondentes  aos  tubos  utilizados,  bem  como  a  existente  na  especificação  do LNEC [2002b]. É calculada pela equação 4.1: 

 

                  (Eq. 4.1)

Em que: 

• P ‐ pressão (Pa); 

• ρ ‐ peso volúmico da água (1000 kg/m3); 

• g ‐ aceleração da gravidade (9,8 m/s2); 

• h ‐ altura do tubo, distância que vai desde o centro da base à marca dos 0ml (m). 

 

 

Figura 4.20 ‐ Tubo de Karsten 1 e indicação das dimensões 

Figura 4.21 ‐ Tubo de Karsten 2 

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Capítulo 4 

56  

   

ii) Estudo de condições climáticas distintas (Sol vs Chuva) 

Realizaram‐se ensaios em dois dias  consecutivos,  colocando os  tubos nas mesmas posições, variando  apenas  as  condições  climáticas  (Figuras 4.23  e 4.24). No primeiro dia o  ensaio  foi realizado  ao  sol,  encharcando‐se,  após  a  experiência, o paramento  com  água durante meia hora com o auxílio de mangueira, de modo a simular condições de chuva, para o ensaio no dia seguinte. No  total  foram  realizados  14  ensaios  de  tubo  de  Karsten  em  duas  inspecções  no paramento M5 do Carregado. 

   

iii) Estudo  dos  diferentes materiais  de  fixação  (silicone  / massa  anti‐vibratória  / plasticina) 

Foram efectuados ensaios com tubos dispostos aos pares, a alturas iguais e distanciados entre si por aproximadamente um palmo, diferenciando apenas o material de fixação (Figuras 4.25, 4.26 e 4.27). Realizaram‐se 3 inspecções num total de 20 ensaios, nos paramentos M3 e M4 do Carregado. 

 

Figura 4.25 ‐ Ensaio comparativo entre silicone transparente e plasticina (A ‐ Silicone, B ‐ Plasticina) 

Figura 4.23 ‐ Ensaio em condições de sol Figura 4.24 ‐ Preparação do ensaio para condições de “chuva” 

Figura 4.22 ‐ Ensaio a decorrer com tubos de Karsten diferentes (A ‐ Tubo1, B ‐ Tubo2) 

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    Caracterização do trabalho experimental 

    57 

 

De seguida, apresenta‐se na Tabela 4.3 um resumo de algumas características dos diferentes materiais de  fixação em estudo. As  fichas  técnicas dos materiais podem ser consultadas nos Anexos B.1 e B.2. 

Tabela 4.3 ‐ Síntese das características dos diferentes materiais de fixação 

Material de fixação

Descrição e caracteristícas

Silicone transparente

A silicone transparente é um adesivo à base de borracha de silicone, que se apresenta como umapasta incolor com um odor característico que deve ser aplicado a uma temperatura entre 5 e 40 ºC.Possui excelente resistência a variações climáticas como a temperatura, chuva e raios UV. Pode ser amplamente utilizado para a colagem, montagem, impermeabilização, reparação de vidro, cerâmica,azulejos e vários outros materiais. Tem uma excelente aplicação a uma ampla variedade desubstratos porosos, não porosos, materiais e componentes de construção, como: louças sanitárias,vidros, alumínios, telhas, cerâmica, alguns plásticos entre outros.

Massa anti‐vibratória

A massa anti-vibratória, tecnicamente conhecida por bostik prestik fp, é um vedante de cor beigecom certificação SNJF [NF P 30.303] que garante uma vedação total por esmagamento entresuperfícies. A sua composição, moldável, adesiva e de fácil aplicação, mantem uma elasticidadepermanente ao longo do tempo, nunca endurecendo, resistindo aos agentes atmosféricos e atemperaturas extremas. Assegura a estanquidade nos mais diversos materiais, desde elementrospré-fabricados, a construções metalomecânicas, electrodomésticos, entre outros.

Plasticina

É um material de plástico, existente em diversas cores, que reúne várias características especiais,tais como flexibilidade e baixa resistência a altas temperaturas. É na sua maioria utilizada paratrabalhos manuais.   

iv) Estudo da localização dos tubos (casos de juntas em revestimentos cerâmicos) 

De modo a estudar a  influência da  localização dos tubos em revestimentos cerâmicos, foram tidos em conta os vários casos de juntas existentes (Figura 4.28) assim como: 

a) junta em T; b) junta em T invertido; c) junta vertical; d) junta horizontal; e) junta em cruz;  f) corpo do ladrilho. 

Foram realizadas 4 inspecções no paramento MCC no Carregado, num total de 23 ensaios. 

Figura 4.26 ‐ Ensaio comparativo entre massa anti‐vibratória e plasticina (Esq. ‐ Massa a.v., 

Dir. ‐ Plasticina) 

Figura 4.27 ‐ Ensaio comparativo entre silicone transparente e massa anti‐vibratória 

(Esq. ‐ Silicone, Dir. ‐ Massa a.v.)  

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Capítulo 4 

58  

d) Junta horizontal e) Junta em cruz f) Corpo do ladrilho

a) Junta em Tb) Junta em T invertido

c) Junta vertical

 

Figura 4.28 ‐ Casos de juntas ensaiados em ladrilhos cerâmicos 

v) Estudo  de  diferentes  tipos  de  superfícies  (revestimentos  de  argamassas, revestimentos cerâmicos e revestimentos ETICS) 

Foram  analisados  paramentos  in‐situ  em  superfícies  com  revestimentos  de  argamassa  e revestimentos cerâmicos, e ainda placas ETICS em laboratório, pelo que foi possível analisar a diferença, e a  respectiva  influência, provocada nos resultados de cada superfície, no que diz respeito  às médias  registadas,  do  volume  de  água  absorvida  e  respectivos  coeficientes  de variação (Figuras 4.29, 4.30 e 4.31). Utilizaram‐se neste estudo os mesmos ensaios do ponto 4.5.1 no qual se analisou a variabilidade da técnica. 

   

 

Figura 4.29 ‐ Ensaio em superfície de revestimento em argamassa monocamada hidrofugada 

Figura 4.30 ‐ Ensaio em superfície de revestimento cerâmico com junta em T 

Figura 4.31 ‐ Ensaio em placas ETICS

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    Caracterização do trabalho experimental 

    59 

4.5.3. Análise da reprodutibilidade de resultados O  estudo  da  reprodutibilidade  de  resultados  teve  por  objectivo  determinar  se  existe concordância  de  resultados,  ou  existência  de  uma  tendência  de  valores,  em  alturas  de medições diferentes. Nesta análise  realizam‐se ensaios  repetidos  com os  tubos nas mesmas posições  e  nas mesmas  condições  em  dado  paramento,  sem  variar  o  procedimento.  Este estudo  foi  realizado nos paramentos M1 e M3, do Carregado, MCR, do Restelo e nas placas ETICS no Laboratório de Construção, num  total de 7  inspecções e 4 conjuntos de medições, ensaiando 112 tubos de Karsten. 

4.6. Análise estatística utilizada no estudo dos resultados Para  compreender melhor os  resultados de absorção obtidos experimentalmente, estes  são sujeitos  a uma  análise estatística, que  consiste em determinar o  coeficiente de  absorção,  a média,  o  desvio  padrão  e  o  coeficiente  de  variação,  que  de  seguida  serão  resumidamente explicados. 

i) Absorção 

Este parâmetro representa o volume total de água absorvida (ml) pelo paramento durante o tempo  definido  de  ensaio,  ou  seja,  a  absorção  acumulada  dos  valores  registados  em  cada medição. 

ii) Coeficiente de absorção (Cabs) 

O coeficiente de absorção pode ser determinado pela inclinação do gráfico, com a absorção de água nas ordenadas e a raiz quadrada do tempo nas abcissas, ou pela expressão (Equação 3.1) sugerida  por  PROCEQ  [2001]  (citado  por  Flores‐Colen,  2009).  Neste  trabalho  optou‐se  por utilizar a metodologia analítica, através da equação. 

iii) Média (μ) 

A  média  de  uma  campanha  experimental  é  calculada  dividindo  a  soma  das  absorções acumuladas pelo número de  tubos de Karsten  ensaiados  e  representa‐se pelo  símbolo  μ.  É importante  o  seu  cálculo  pois  permite  ter  uma  noção  da  permeabilidade  do  paramento ensaiado [Magalhães e Lima, 2009]. 

iv) Desvio padrão (σ) 

O  desvio  padrão  representa  uma  medida  de  dispersão  usada  com  a  média,  medindo  a variabilidade dos valores à sua volta. No mínimo poderá assumir o valor zero,  indicando que não existe variabilidade e que todos os valores são iguais à média. Representa‐se pelo símbolo σ. [Magalhães e Lima, 2009] 

v) Coeficiente variação (cv) 

Este  coeficiente  é  determinado  pelo  desvio‐padrão  dividido  pela média,  e  representa  uma medida  de  dispersão  que  serve  para  comparar  distribuições  diferentes  [Magalhães  e  Lima, 2009]. Quanto menor  for  o  seu  valor mais  homogéneo  é  o  conjunto  de  dados  a  que  está associado, ou seja, as absorções acumuladas registadas nos ensaios dos tubos de Karsten. 

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Capítulo 4 

60  

vi) Diagrama boxplot 

O  diagrama  boxplot  é  um  gráfico  de  caixa,  formado  pelo  primeiro  e  terceiro  quartil  e  pela mediana,  utilizado  para  avaliar  a  distribuição  dos  dados  (Figura  4.32).  É  bastante  útil  pois resume graficamente, de forma eficiente, um conjunto de dados e permite avaliar a existência de valores extremamente altos ou baixos, podendo  indicar dados  incorrectos. A sua utilidade aumenta quando  se  comparam dois ou mais  conjuntos de dados, pois é possível  identificar facilmente as diferenças ou semelhanças entre estes. 

 

Figura 4.32 ‐ Legenda de um diagrama boxplot 

4.7. Conclusões do capítulo Neste  capítulo,  caracterizou‐se o  trabalho  experimental  realizado  a nível de planeamento  e desenvolvimento. Encontram‐se  sintetizados na Tabela 4.4 os  casos de estudo ensaiados ao longo da campanha experimental realizada, que realizou um total de 188 ensaios de tubo de Karsten.  Foi  analisado  um  total  de  8  paramentos  diferentes  in‐situ,  sendo  a  maioria  de revestimento de argamassa, e ainda 2 placas ETICS em  laboratório. As  inspecções  realizadas decorreram de Março a Julho de 2011, geralmente em condições de tempo seco. 

Tabela 4.4 ‐ Síntese dos paramentos ensaiados 

M4 2 10M5 2 14MCC Ladrilhos cerâmicos 4 23

MZ3 11

MZ6 11

22 188TOTAL

30

1

2 20

2

2

20

20

CarregadoAlvenaria de tijolo

Reboco cimentício pré‐doseado monocamada

EPS1Lab. 

Construção DECivil

Placas EPS

Argamassa de colagem e revestimento de placas isolantes + revestimento orgânico colorido capa fina

Nº de inspecções

Nº de ensaios

2

2

3

22

7

Tipo de revestimento

M1

EPS2Argamassa de colagem e revestimento de placas 

isolantes

CaxiasAlvenaria de pedra

Argamassa tradicional bastarda com ligantes à base 

de cal

MCR ResteloAlvenaria de tijolo

Argamassa tradicional com pastilhas cerâmicas

M2

M3

Paramentos LocalizaçãoTipo de suporte

 

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    Caracterização do trabalho experimental 

    61 

Foi  apresentada  a  metodologia  de  investigação,  onde  se  caracterizaram  os  paramentos ensaiados e os respectivos objectivos a que se destinavam. O material necessário à realização dos  ensaios,  bem  como  o  procedimento  geral  a  seguir  e  as  modificações  necessárias  de algumas  das  suas  etapas,  dependendo  dos  objectivos  em  estudo,  foram  detalhadamente expostos.  A  acompanhar  a  campanha  experimental,  foram  utilizadas  algumas  técnicas auxiliares  de  diagnóstico  que  se  apresentaram  resumidamente,  assim  como  o  humidímetro portátil e o termo‐higrómetro.  

O  plano  de  estudos  realizado  foi  caracterizado  de modo  a  clarificar  as  intenções  de  cada objectivo,  desde  a  análise  da  variabilidade  da  técnica,  dos  parâmetros  de  influência  e  a reprodutibilidade de  resultados.  Por  fim,  apresentou‐se  ainda  a  análise  estatística  a que os resultados obtidos experimentalmente são submetidos. 

A Tabela 4.4 permite concluir que a campanha experimental possibilitou analisar uma grande variedade de situações que  forneceram a  recolha de muita  informação que será analisada e discutida no capítulo seguinte. 

   

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Capítulo 4 

62  

 

 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

  63 

5. Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

5.1. Considerações gerais As campanhas experimentais realizadas in‐situ e em laboratório, descritas no capítulo anterior, permitiram recolher um grande volume de informação relevante do ensaio de absorção à água líquida a baixa pressão com o tubo de Karsten. Neste capítulo, apresenta‐se e analisa‐se toda a informação recolhida, tendo em conta os objectivos em estudo. 

Os objectivos deste capítulo são os seguintes: 

• Avaliar a variabilidade da técnica de ensaio in‐situ do tubo de Karsten; o Determinar a quantidade mínima de ensaios a realizar numa dada superfície; 

• Analisar parâmetros de influência da técnica: o Utilização de tubos de Karsten diferentes; o Condições climáticas distintas (Sol e chuva); o Variação do material de fixação (silicone transparente, massa anti‐vibratória e 

plasticina); o Localização dos tubos (casos de juntas em revestimentos cerâmicos); o Tipos de superfícies (revestimentos de argamassas e de  ladrilhos cerâmicos e 

ainda placas ETICS) 

• Analisar a reprodutibilidade de resultados. 

As  campanhas  experimentais  in‐situ  realizadas  tiveram  lugar na  Estação de  Envelhecimento Natural  de  um  fabricante  de  argamassas  industriais  de  revestimento  no  Carregado,  onde foram  analisados  6  paramentos  num  total  de  10  inspecções  levadas  a  cabo  entre Março  e Julho,  em  Caxias,  onde  se  realizaram  2  experiências  em  2  zonas  distintas  do  mesmo paramento, no mesmo dia em Maio, e no Restelo onde  se  realizaram 2  inspecções em dias consecutivos de Maio. 

Quanto  à  campanha  experimental  em  laboratório,  foram  analisadas  duas  placas  de poliestireno expandido (ETICS) num total de 4 conjuntos de medições em dias consecutivos de Junho,  no  Laboratório  de  Construção  do  Departamento  de  Engenharia  Civil  do  Instituto Superior  Técnico  (DECivil).  Esta  campanha,  por  ter  sido  realizada  sob  um  revestimento diferente  dos  principais  revestimentos  em  estudo  nesta  dissertação,  serve  essencialmente para fins comparativos. 

5.2. Análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten 

5.2.1. Variabilidade nos paramentos analisados De entre todas as inspecções realizadas, foram seleccionadas várias campanhas para analisar a variabilidade da técnica do tubo de Karsten das quais se destacam: 

• 5 inspecções em 3 paramentos, no Carregado; 

• 1 inspecção com ensaios em duas zonas distintas, em Caxias; 

• 2 inspecções na fachada de um edifício, no Restelo; 

• 4 conjuntos de medições em placas ETICS, no LC do DECivil/IST. 

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Capítulo 5 

64  

Os  resultados  parciais  da  absorção  de  água  sob  pressão  (valores  individuais  e  acumulados) através do ensaio do tubo de Karsten, utilizados na análise da variabilidade da técnica podem ser consultados nas Tabelas A.1 ‐ A.7 e A.16 ‐ A.23, do Anexo A. 

Na  Tabela  5.1  encontra‐se  um  resumo  dos  paramentos  ensaiados  e  as  características  dos ensaios realizados, e ainda, dados estatísticos relativos ao volume de água absorvido (média, desvio‐padrão e coeficiente de variação). 

Tabela 5.1 ‐ Resumo dos ensaios realizados com o objectivo de analisar a variabilidade da técnica do tubo de Karsten 

Média (ml)

Desvio Padrão (ml)

CV

11 1,35 0,62 46%11 0,66 0,36 55%4 6,14 2,23 36%3 0,40 0,36 90%10 0,88 0,30 35%10 0,87 0,25 29%10 0,99 0,27 27%

MZ3 5,06 11 2,78 1,59 57%

MZ6 3,52 11 2,41 2,76 114%

10 0,50 0,80 162%

10 0,35 0,17 48%

10 0,35 0,21 59%

10 0,34 0,15 43%

10 0,37 0,17 46%

10 0,41 0,12 29%

Caxias 60

Volume de água absorvida (ml)

M1

Carregado 180

4,08

M2 0,95

M3 8,80

Alvenaria de tijolo

Reboco cimentício pré‐doseado monocamada

Paramentos Localização

Alvenaria de pedra

Argamassa tradicional 

bastarda com ligantes à base de 

cal

Alvenaria de tijolo

Argamassa tradicional com 

pastilhas cerâmicas

Nº de ensaios / inspecção

Tipo de suporte

Tipo de revestimento

Duração do ensaio (min)

Área de estudo 

(m2)

1,16

0,5

EPS2

Placas EPS ETICS

MCR Restelo 180

EPS1

Lab. Construção DECivil

180

 

Ao analisar a Tabela 5.1, os paramentos analisados podem agrupar‐se em 4 grupos distintos tendo em conta a  localização e o tipo de revestimento que apresentam, ou seja: paramentos com revestimentos em reboco pré‐doseado à base de cimento monocamada (M1, M2 e M3 ‐ Carregado); um paramento com revestimento em argamassa tradicional bastarda com ligantes à  base  de  cal  (MZ3  e  MZ6  ‐  Caxias);  um  paramento  com  revestimento  em  argamassa tradicional com pastilhas cerâmicas  (MCR  ‐ Restelo); e duas placas EPS com revestimento de argamassa de colagem e revestimento de placas isolantes (EPS1 e EPS2 ‐ Lab. Construção). 

De seguida, procede‐se à comparação e discussão dos coeficientes de variação dos volumes de água absorvidos dos grupos de paramentos ensaiados, com o auxílio das Figuras 5.1 e 5.2. 

Os  paramentos  M1,  M2  e  M3  do  Carregado,  de  revestimento  em  argamassa  industrial monocamada, ensaiados in‐situ, apresentaram coeficientes de variação entre 27% e 90%. Por outro  lado, também ensaiados  in‐situ, os paramentos MZ3 e MZ6 de Caxias e a fachada MCR do Restelo, ambos de revestimentos em argamassa tradicional, apresentaram coeficientes de variação de 57% e 114%, e 48% e 162% respectivamente. Tais valores, tanto os de argamassa tradicional  como  industrial,  encontram‐se  dentro  dos  intervalos  expectáveis  obtidos  por 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    65 

outros autores  como  Flores‐Colen  [2009], Duarte  [2009] ou Gonçalves  [2010], entre outros. Destes ensaios, pode constatar‐se que os revestimentos de argamassa tradicional apresentam maiores coeficientes de variação que os de argamassa industrial, o que se pode justificar pelo facto destes últimos terem um processo, de formulação e aplicação, mais controlado. 

 

Figura 5.1 ‐ Coeficientes de variação dos volumes de água absorvidos nos paramentos ensaiados 

Por  outro  lado,  as  placas  EPS  de  revestimento  em  argamassa  industrial,  ensaiadas  em laboratório,  apresentaram  coeficientes  de  variação  entre  29%  e  59%.  Tais  resultados  são inferiores aos registados in‐situ, tanto nas argamassas industriais como nas tradicionais, visto o ensaio decorrer sob condições mais controladas. 

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

M1 M1 M2 M2 M3 M3 M3 MZ3 MZ6 MCR MCR EPS1 EPS1 EPS2 EPS2

Absorção de

 água acum

ulad

a (m

l)

Paramentos ensaiados 

Figura 5.2 ‐ Diagrama boxplot demonstrativo da dispersão dos resultados de volumes de água absorvida 

Ao analisar a Figura 5.2, verifica‐se que existe grande dispersão de resultados nos paramentos analisados, com valores altos e baixos, pelo que interessa agrupar os diferentes revestimentos ensaiados nos 4 grupos que foram indicados anteriormente, e tratá‐los individualmente. 

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Capítulo 5 

66  

As  inspecções  realizadas  nos  paramentos  M1,  M2  e  M3,  de  revestimento  em  reboco monocamada,  apresentam  pouca  variação  entre  eles,  à  excepção  da  primeira  inspecção realizada  no  paramento M2  onde  se  verificaram  absorções  anormalmente  elevadas. Nessa inspecção é de referir que a partir da meia hora de ensaio, as absorções dispararam  (Tabela A.3  ‐  Anexo  A)  o  que  pode  ser  justificado  principalmente,  pelo  deficiente  isolamento  da silicone devido à má execução da técnica, verificando‐se pequenas fugas de água à superfície (Figura  5.4),  e  adicionalmente,  pela  eventual  ocorrência  de  microfissuração  superficial  ou interacções entre poros superficiais. Como se pode observar nas Figuras 5.3 e 5.4, no decorrer dos ensaios verificaram‐se perdas de água em redor dos tubos de Karsten. 

 

 

 

Quanto  às experiências  realizadas em Caxias  (MZ3 e MZ6),  verifica‐se enorme dispersão de resultados o que se justifica com o estado de conservação do paramento de revestimento em argamassa  tradicional  bastarda  com  ligante  maioritariamente  à  base  de  cal.  A  presença abundante  de  colonização  biológica  e  de  fissuras  (Figura  5.5)  permite  visualizar  a  falta  de homogeneidade  e  degradação  da  superfície  pelo  que  se  compreende  facilmente  os  valores elevados e a elevada variabilidade (57% e 114%) das absorções medidas. 

 

Figura 5.5 ‐ Ensaio a decorrer no paramento de Caxias 

As  inspecções  realizadas na  fachada de um edifício no Restelo  (MCR), apresentam  reduzida variação  entre  si,  e  valores  reduzidos, menores que os obtidos no Carregado.  Estes  valores baixos  podem  justificar‐se  com  o  tipo  de  revestimento,  uma  vez  que  é  constituído  por argamassa  tradicional  com  pastilhas  cerâmicas  impermeáveis  de  2,5  x  2,5cm  (Figura  5.6), 

Figura 5.3 ‐ Ensaio a decorrer no paramento M2 Figura 5.4 ‐ Ensaio a decorrer do tubo de Karsten III com fuga de água 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    67 

originando  que  a  absorção  se  desse  apenas  pelas  juntas  entre  as  pastilhas  cerâmicas.  Em alguns  casos  de  maiores  absorções,  estas  podem  ser  justificadas  pela  presença  de microfissuração nas juntas pois, embora se tenha tido o cuidado de colocar os tubos em zonas não  fissuradas, existe  tendência ao destacamento da  junta do cerâmico, que é muitas vezes imperceptível a olho nu. 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 5.6 ‐ Ensaio a decorrer no paramento MCR 

 

Figura 5.7 ‐ Ensaio a decorrer na placa EPS1 

Por  fim,  os  resultados  obtidos  em  laboratório  nas  placas  EPS  (Figura  5.7),  apresentaram igualmente valores reduzidos, na mesma ordem de grandeza dos obtidos no Restelo, e baixa dispersão de  resultados, o que permite concluir a  reduzida permeabilidade do  revestimento em  argamassa  tradicional  sobre  placas  ETICS.  É  importante  referir  que  as  condições controladas  que  o  laboratório  proporciona,  bem  como  a  constância  de  aplicação  da argamassa, facilitam a obtenção de menores variações de resultados. 

Resumindo,  foi  possível  constatar  (com  o  auxílio  da  Figura  5.2)  que  existe  uma  menor dispersão  de  resultados  de  água  absorvida  em  laboratório,  nas  placas  EPS,  do  que  os resultados obtidos  in‐situ,  com destaque para  a  elevada dispersão no paramento de Caxias devido  ao  seu mau  estado  de  conservação.  Quanto  à  variabilidade,  verificaram‐se  valores menores  nos  paramentos  analisados  no  Carregado  e  no  LC,  relativamente  aos  resultados verificados  no  Restelo  e  em  Caxias,  ou  seja,  os  muretes  experimentais  de  características conhecidas  em  que  a  aplicação  do  revestimento  é  realizada  com  maior  rigor,  obtiveram menores variabilidades que situações desconhecidas de obra. Tal facto demonstra que o rigor no modo de aplicação dos revestimentos tem influência na variabilidade dos resultados. 

5.2.2. Número mínimo de ensaios a realizar por paramento Com o objectivo de estudar a possibilidade de existir um número mínimo de ensaios a realizar em determinados paramentos, procedeu‐se a uma análise estatística dos dados dos volumes de água absorvida nas  inspecções consideradas anteriormente na análise da variabilidade da técnica. Tal análise estatística consiste em avaliar o número de ensaios por inspecção, em que se registam resultados maiores ou menores a uma certa percentagem do valor médio de água absorvida, e o respectivo coeficiente de variação desses resultados.  

Tendo em conta que os casos de estudo analisam diferentes áreas de superfície, desde os 0,5 m2 nas placas EPS, aos 8,8 m2 dos muros teste do Carregado, e ainda as áreas de uma zona da fachada de um edifício no Restelo (1,2 m2) e de zonas de um paramento em Caxias (3,5 e 5,0 

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Capítulo 5 

68  

m2), este estudo terá como área de referência máxima, para o número mínimo de ensaios a realizar, 10 m2. 

Ao efectuar um estudo estatístico com os intervalos de percentagens de ±20, 30, 40 e 50% do valor médio de água absorvida nas experiências, constata‐se que, embora existam tantos mais valores  no  intervalo  quanto  maior  ele  for,  se  obtêm  conclusões  semelhantes  quanto  à possibilidade de existir um número mínimo de ensaios  a  realizar, pelo que  assim  sendo,  se propõe definir o intervalo de ±20% para discussão.  

Realizou‐se também o estudo estatístico com os intervalos de ±σ, ±2σ e ±3σ do valor médio de água  absorvida,  obtendo  resultados  que  serão  também  analisados  no  que  diz  respeito  à possibilidade de existir um número mínimo de ensaios a realizar. 

Na  Tabela  5.2  apresenta‐se  uma  síntese  do  estudo  realizado  para  determinar  o  número mínimo de ensaios a realizar, com os respectivos intervalos de valores de ±20% da média, bem como  os  ensaios  compreendidos  nesse  intervalo  e  o  coeficiente  de  variação  que  lhes  está associado. 

Tabela 5.2 ‐ Síntese dos ensaios pertencentes ao intervalo de ±20% da média do volume de água absorvida e respectivos coeficientes de variação 

11 46% [1,08 ‐ 1,63] 7 14%11 55% [0,53 ‐ 0,80] 5 13%4 68% [4,91 ‐ 7,37] 1 ‐3 90% [0,32 ‐ 0,48] 1 ‐10 35% [0,70 ‐ 1,06] 5 19%10 29% [0,69 ‐ 1,04] 6 14%10 27% [0,79 ‐ 1,19] 6 11%

MZ3 11 57% [2,23 ‐ 3,34] 0 ‐MZ6 11 114% [1,93 ‐ 2,90] 0 ‐

10 162% [0,40 ‐ 0,59] 0 ‐10 48% [0,28 ‐ 0,42] 2 0%10 59% [0,28 ‐ 0,42] 4 13%10 46% [0,27 ‐ 0,41] 4 15%10 43% [0,30 ‐ 0,44] 4 8%10 29% [0,32 ‐ 0,49] 5 7%141 ‐ ‐ 50 ‐

61% ‐ ‐ 11%

LocalizaçãoCoeficiente variação

Média

Número de ensaios

Intervalo ±20% da média do volume de 

água absorvida

Ensaios no intervalo

Coeficiente variação dos ensaios no intervalo

EPS1Lab. Construção

EPS2

Caxias

MCR

M2

M3

TOTAL

Paramentos

Restelo

M1

Carregado

 

Ao analisar as experiências realizadas no Carregado (paramentos M1 e M3) e no Laboratório de Construção (placas EPS1 e EPS2), ou seja, situações em que existiu constância de aplicação do  revestimento  e  conhecimento  da  constituição  e  características da  superfície  em  análise, pode  concluir‐se  que,  na maioria  dos  casos  em  que  se  realizaram  pelo menos  10  ensaios, sensivelmente metade desses ensaios  se encontram no  intervalo de ±20% da média. Assim sendo, dificilmente se pode concluir quanto a um número mínimo de ensaios a realizar para garantir a fiabilidade da técnica pois apenas metade dos ensaios realizados se encontram no intervalo, o que é um número reduzido.  

Pode concluir‐se que, ao excluir todos os ensaios que registem resultados fora do intervalo dos ±20% da média do volume de água absorvida, o número de ensaios reduz‐se de 141 para 50 e que o coeficiente de variação diminui de 61% para 11%, o que representa reduções excessivas. 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    69 

Para além de  serem dispensados um grande número de ensaios, o que não é desejável em virtude do  tempo dispendido na  sua  realização,  verifica‐se  igualmente que o  coeficiente de variação  apresenta  um  valor  relativamente  pequeno,  tendo  em  conta  a  variabilidade  das técnicas in‐situ.  

Através da análise da Tabela 5.3 verifica‐se que ao aumentar a percentagem do  intervalo de ±20%  para  ±30%,  que  o  número  de  ensaios  no  intervalo,  assim  como  os  respectivos coeficientes  de  variação,  aumentam.  Visto  este  aumento  não  ser  significativo,  obtêm‐se conclusões análogas às do  intervalo de ±20%. O mesmo  se verifica para as percentagens de ±40% e ±50%. Por outro lado, quando o intervalo varia consoante o desvio padrão associado a cada  experiência  verifica‐se  que  aumenta  consideravelmente  o  número  de  ensaios  nos respectivos intervalos, apresentando‐se de seguida tal estudo.  

Tabela 5.3 ‐ Síntese dos ensaios pertencentes aos diversos intervalos estudados e respectivos coeficientes de variação 

Paramentos LocalizaçãoTipo de suporte

Tipo de revestimento

Número de ensaios

Coeficiente de variação

Número de ensaios no intervalo ±20%

Coef. variação ±20%

Número de ensaios no intervalo ±30%

Coef. variação ±30%

M1, M2, M3 CarregadoAlvenaria de tijolo

Argamassa industrial ‐ 

monocamada59 27% ‐ 90% 31 11% ‐ 19% 35 11% ‐ 19%

MZ3, MZ6 CaxiasAlvenaria de pedra

Argamassa tradicional

22 57% e 114% 0 ‐ 6 24% e 24%

MCR ResteloAlvenaria de tijolo

Pastilhas cerâmicas  + arg. 

tradicional20 48% e 162% 2 ‐ 6 0 e 28%

EPS1, EPS2Lab. 

ConstruçãoPlacas EPS

Argamassa industrial

40 29% ‐ 59% 17 7% ‐ 15% 22 13% ‐ 20%

Total 141 50 69

 

A  Tabela  5.4  (analogamente  à  Tabela  5.2)  sintetiza  o  estudo  realizado  para  determinar  o número mínimo de ensaios a realizar, com os respectivos intervalos de valores de ±σ da média, bem como os ensaios compreendidos nesse intervalo e o coeficiente de variação que lhes está associado.  Analisando  a  tabela,  verifica‐se  que  os  coeficientes  de  variação,  dos  ensaios pertencentes  ao  intervalo  de  ±σ,  sofrem  uma  redução  considerável.  Ao  excluir  todos  os registos obtidos fora do  intervalo de ±σ, reduz‐se o número de ensaios de 141 para 105, e o coeficiente de variação de 61 para 41% (Tabela 5.4).  

Os  ensaios  excluídos  são  na  sua maioria,  resultados muito  afastados  da média,  ou  seja,  os máximos  e os mínimos, mais  susceptíveis  a  erros, pelo que  a  sua  eliminação  favorece uma maior fiabilidade da técnica e do diagnóstico em serviço. 

É  de  referir  que  os  intervalos  de  ±σ  apresentam  uma  melhor  adaptação  individual  aos resultados  de  cada  experiência  (devido  às  percentagens  variáveis),  que  os  intervalos  de percentagens fixas. Compreende‐se, assim, a existência de mais ensaios nos seus intervalos. 

O estudo  realizado  com os  intervalos de ±2σ e ±3σ  apresentou  intervalos de  valores muito elevados, pelo que todos os ensaios efectuados, salvo raras excepções, se encontravam dentro 

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Capítulo 5 

70  

dos  limites dos  intervalos,  tornando  a  sua  análise, quanto  ao número mínimo de  ensaios  a realizar, desnecessária. 

Tabela 5.4 ‐ Síntese dos ensaios pertencentes ao intervalo de ±σ da média do volume de água absorvida e respectivos coeficientes de variação 

11 46% [0,73 ‐ 1,97] 9 23%11 55% [0,30 ‐ 1,02] 8 31%4 68% [1,56 ‐ 8,26] 3 27%3 90% [0,04 ‐ 0,76] 2 71%10 35% [0,58 ‐ 1,18] 8 26%10 29% [0,62 ‐ 1,12] 7 15%10 27% [0,72 ‐ 1,26] 8 14%

MZ3 11 57% [1,19 ‐ 4,37] 8 40%MZ6 11 114% [0,00 ‐ 5,17] 9 116%

10 162% [0,00 ‐ 1,30] 8 91%10 48% [0,18 ‐ 0,52] 6 50%10 59% [0,14 ‐ 0,56] 7 35%10 46% [0,20 ‐ 0,54] 8 30%10 43% [0,19 ‐ 0,49] 7 26%10 29% [0,29 ‐ 0,53] 7 16%

TOTAL 141 ‐ ‐ 10561% ‐ ‐ 41%

Paramentos LocalizaçãoEnsaios no intervalo

Coeficiente variação dos ensaios no 

intervalo

M1

CarregadoM2

M3

Média

Caxias

MCR Restelo

EPS1Lab. Construção

EPS2

Coeficiente variação

Intervalo ±σ da média do volume de água 

absorvida

Número de ensaios

 

Ao  analisar  a  Tabela  5.4  no  que  diz  respeito  ao  número  de  ensaios  que  se  encontram  no intervalo, verifica‐se que nas experiências em que se ensaiaram 11 tubos, são aproveitados 9 ou 8, e nas que se ensaiaram 10 tubos, 8 ou 7. Neste contexto, ao contrário do que acontecia no  intervalo de ±20%, em que não se consideravam metade dos ensaios  realizados, não são considerados  (no geral), apenas 2 ou 3 ensaios por  inspecção. Pode concluir‐se então que é necessário realizar um mínimo de 10 ensaios, e que excluindo 2 ou 3 resultados, consoante os valores obtidos no  intervalo de ±σ, garante‐se uma boa avaliação da permeabilidade à água líquida do paramento em análise.  

5.3. Análise de parâmetros de influência Conforme apresentados no Capítulo 3,  são  conhecidos  inúmeros  factores que  influenciam a técnica  de  ensaio  do  tubo  de  Karsten.  Pretende‐se  neste  subcapítulo  analisar  e  discutir  os registos obtidos nas campanhas experimentais realizadas, com o intuito de estudar a influência que diversos parâmetros provocam nos resultados do ensaio. Tais parâmetros, que se prevê irem influenciar a técnica e que se irão desenvolver de seguida, são: 

• utilização de tubos de Karsten diferentes; 

• condições climáticas distintas (sol e chuva); 

• variação  do  material  de  fixação  (silicone  transparente,  massa  anti‐vibratória  e plasticina); 

• localização dos tubos (casos de juntas em revestimentos cerâmicos); 

• tipos  de  superfícies  (revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos  e  ainda placas ETICS). 

Estes  parâmetros  foram  definidos  com  o  objectivo  de  permitir  um  estudo  contínuo  e conhecimento adquirido relativamente à técnica de ensaio in‐situ do tubo de Karsten, pelo que 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    71 

alguns visam ampliar conhecimentos aos estudos  já realizados por outros autores, como é o caso das condições climáticas analisado por Duarte  [2009], a variação do material de  fixação estudado por Gonçalves  [2010] e a análise dos  tipos de  superfícies  investigado por diversos autores; e outros, realizar novos estudos relativos a parâmetros que se prevêem influenciar a técnica, como é o caso da utilização de diferentes tubos e diferentes localizações dos tubos. 

5.3.1. Utilização de tubos de Karsten diferentes De modo a analisar a  influência que possa existir sobre o ensaio do tubo de Karsten, quando da utilização de tubos com características ligeiramente diferentes, no que diz respeito às suas dimensões,  foi  realizada uma  inspecção, no paramento M3 no Carregado, que  consistiu em ensaiar 10  tubos, dispostos aos pares  (tubos 1  ‐  tubos 2), a alturas  idênticas e distanciados entre si por sensivelmente um palmo (Figura 5.8).  

 

Figura 5.8 ‐ Ensaio a decorrer para a análise da influência de tubos de Karsten diferentes ( a) Tubos 1; b) Tubos 2) 

Os  resultados  parciais  da  absorção  de  água  sob  pressão  (valores  individuais  e  acumulados) através do ensaio do tubo de Karsten, utilizados na análise da diferença de tubos podem ser consultados na Tabela A.5, em anexo. 

Como consequência das diferenças de altura que os tubos apresentam, a pressão que a água exerce no centro da base que  fica em contacto com a superfície a analisar, apresenta  ligeira diferença, pois o aumento de pressão é proporcional ao aumento da altura. Conforme referido no capítulo 4, o tubo 1 tem pressão de 940,8 Pa e o tubo 2 de 1078,0 Pa, o que se traduz numa pressão no tubo 2 aproximadamente 13% maior. 

Na Figura 5.9, encontram‐se apresentados os resultados obtidos do volume de água absorvida ao  fim dos 180min de  ensaio, para  cada par de  tubos diferentes  analisados. Ao observar  a figura,  auxiliada  pela  Tabela  5.5  onde  se  encontram  as  diferenças  percentuais  entre  os resultados obtidos, conclui‐se que os tubos 2, ou seja, os tubos com maior altura, absorveram sempre ligeiramente mais água (≈30%, desprezando o ensaio I, onde ocorreu maior volume de água absorvida pelo tubo 1) que os tubos 1, facto que se pode justificar devido à maior pressão exercida pela água na superfície de contacto, devido à maior altura que esta  tem dentro do tubo. 

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Capítulo 5 

72  

1,05

0,55 0,60

1,15

0,600,75

0,850,70

1,50

1,05

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

I II III IV VVolum

e de

 água absorvida (m

l)

Tubos 1

Tubos 2

 

Figura 5.9 ‐ Gráfico comparativo dos resultados dos volumes de água absorvidos 

A Tabela 5.5 realça o facto de os tubos 2 absorverem mais água que os tubos 1, ao expor os respectivos volumes médios de água absorvida, 0,97 e 0,79 ml.  

Tabela 5.5 ‐ Tabela comparativa dos resultados obtidos com os tubos 1 e 2 

Nº do ensaio

Volume de água absorvida pelos Tubos 1 

(ml)

Volume de água absorvida pelos Tubos 2 

(ml)

Diferença percentual dos resultados obtidos (T2/T1)

Diferença percentual média dos resultados 

obtidos

Diferença percentual média dos resultados 

obtidos (S/nºI)I 1,05 0,75 ‐40,0%II 0,55 0,85 35,3%III 0,60 0,70 14,3%IV 1,15 1,50 23,3%V 0,60 1,05 42,9%

Média 0,79 0,97 ‐

28,9%15,2%

 

De seguida, apresenta‐se na Figura 5.10 a relação existente entre os resultados obtidos com os tubos  1  e  2,  para  as  situações  em  que  se  consideram  os  5  pares  de  tubos  ensaiados  e considerando apenas os 4 pares de tubos que registaram maiores absorções nos tubos 2.  

R² = 0,2849

R² = 0,8293

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

0,00 0,50 1,00 1,50

Absorção do

s Tubo

s 2 (m

l)

Absorção dos Tubos  1 (ml)

Com 5 tubos

Com 4 tubos

Linear (Com 5 tubos)

Linear (Com 4 tubos)

 

Figura 5.10 ‐ Relação dos volumes de água absorvida pelos tubos 1 e 2  

Ao analisar a figura, verifica‐se que ao excluir o nº de ensaio I em que o tubo 1 absorve mais água que o tubo 2, caso pontual e contrário do que se esperaria, o coeficiente de correlação aumenta  consideravelmente  de  0,28  para  0,83,  o  que  representa  uma  relação  significativa para tão poucos ensaios realizados. 

Concluindo, este estudo permitiu compreender que a diferença de alturas de água nos tubos é a  única  dimensão  que  influencia  directamente  os  resultados  obtidos,  visto  fazer  variar  a pressão  exercida  pela  água  na  superfície  a  ensaiar.  No  caso  analisado,  uma  diferença 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    73 

percentual  de  pressão  de  cerca  de  13%  traduziu‐se  numa  diferença  percentual média  de volume de água absorvida de aproximadamente 30% com um coeficiente de correlação entre as absorções dos diferentes tubos de 0,83. 

5.3.2. Condições climáticas distintas (sol e chuva) De modo a analisar a influência que as condições climáticas podem provocar no ensaio do tubo de  Karsten,  foram  realizadas  duas  inspecções  no  paramento M5  em  dias  consecutivos. No primeiro  dia,  ensaiaram‐se  7  tubos  dispostos  aleatoriamente  pelo  paramento,  sob  as condições de um dia de sol, como se pode observar na Figura 5.11. Ao  terminar os ensaios, encharcou‐se  com  água  o  paramento  de modo  a  simular  condições  de  chuva  para  o  dia seguinte,  em  que  se  realizaram  ensaios  localizados  nos  mesmos  pontos  do  dia  anterior, permitindo comparar os resultados nas duas situações. 

Os  resultados  parciais  da  absorção  de  água  sob  pressão  (valores  individuais  e  acumulados) através do ensaio do tubo de Karsten, utilizados na análise das condições climáticas distintas podem ser consultados nas Tabelas A.10 e A.11 em anexo. 

Ao analisar a Figura 5.12, que  representa graficamente os volumes  totais de água absorvida por  cada  ensaio nas duas  inspecções  realizadas,  verifica‐se que  as  absorções  registadas  em condições de chuva foram inferiores às absorções em condições de sol, excepto nos tubos I e VII em que se verificaram absorções ligeiramente superiores (0,15 e 0,20 ml, respectivamente, ao fim dos 180 min de ensaio). Pode verificar‐se também que o tubo III registou uma absorção muito menor em condições de “chuva”. 

 

Figura 5.11 ‐ Localização dos tubos de Karsten a ensaiar no paramento M5 

Os  tubos  I  e  VII  que  registaram  absorções  superiores  de  água  em  condições  de  “chuva” encontravam‐se, como se pode visualizar na Figura 5.11, a alturas elevadas, ou seja, onde o paramento  se  encontrava menos  saturado. Neste  contexto,  as  suas  localizações  podem  ser uma causa provável para tais resultados contrários ao expectável, entre outros motivos como a variabilidade da técnica em si. 

Quanto ao tubo  III ter registado uma absorção muito menor em condições de “chuva”, pode eventualmente  ter  ocorrido  uma  maior  redução  da  área  de  contacto  do  tubo  com  o revestimento devido ao excesso de material de fixação. Ao contrário dos casos anteriormente discutidos, visto a diferença  ser  consideravelmente maior optou‐se por  realizar uma análise sem considerar este tubo. 

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Capítulo 5 

74  

0

0,10,2

0,30,4

0,50,6

0,70,8

0,9

I II III IV V VI VII

Volum

e acum

ulado (m

l)

Tubo de Karsten

Absorção de água a baixa pressão ‐Ensaio de Karsten 

Sol

Chuva

 

Figura 5.12 ‐ Gráfico dos volumes de água absorvidos nas inspecções realizadas 

De seguida, apresenta‐se na Tabela 5.6 os valores dos volumes de água absorvida registados nas  inspecções  realizadas ao sol e à “chuva” e as diferenças percentuais entre os  resultados obtidos. 

Tabela 5.6 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento M5 e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos 

Nº do ensaio

Volume de água absorvida ‐ Sol 

(ml)

Volume de água absorvida ‐ Chuva 

(ml)

Diferença percentual dos resultados obtidos 

(Sol/Chuva)

Diferença percentual média dos 

resultados obtidos

Diferença percentual média dos 

resultados obtidos (s/ tubo III)

I 0,70 0,85 17,6%II 0,70 0,55 ‐27,3%III 0,60 0,15 ‐300,0%IV 0,55 0,40 ‐37,5%V 0,85 0,70 ‐21,4%VI 0,75 0,65 ‐15,4%VII 0,55 0,75 26,7%

Média 0,67 0,58 ‐

‐51,0% ‐9,5%

 

Ao  analisar  a  Tabela  5.6,  verifica‐se que  existe  uma  absorção  significativamente  inferior  no caso da inspecção realizada sob condições de “chuva”, o que se traduz numa variação de ‐51% no que diz respeito à média de volumes de água absorvida. Sem contabilizar o registo obtido no tubo III, tal variação reduz‐se consideravelmente para ‐9,5%. 

Individualmente, a maioria dos  tubos absorveram menos água em  condições de  “chuva” do que em condições de sol, registando‐se em média volumes absorvidos de 0,58 e 0,67 ml para os  casos  de  “chuva”  e  sol,  respectivamente.  Pode  então  afirmar‐se  que  as  condições climáticas, a que o paramento se encontrou sujeito, influenciaram directamente os resultados dos ensaios. Em condições de “chuva”, tais absorções menores registadas podem‐se justificar com a saturação superficial dos poros do paramento. 

Embora  seja  fácil  reconhecer  que  as  condições  climáticas  em  que  se  realizam  os  ensaios influenciem os  resultados da  técnica do  tubo de Karsten, estudos  levados a cabo por outros autores, assim como Duarte [2009], Flores‐Colen [2009] e Quintela [2006],  indicam que pode ser  delicado  compreender  o  comportamento,  a  nível  de  permeabilidade  à  água  líquida,  do revestimento com esta técnica. Assim como no estudo efectuado, em que individualmente em 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    75 

duas situações se observaram maiores absorções em condições de “chuva”,  também Duarte [2009] chegou excepcionalmente a resultados em que existia maior absorção em condições de “chuva”. Por outro  lado, Flores‐Colen  [2009] não  registou qualquer absorção de água numa inspecção  que  justificou  com  a  saturação  superficial  dos  poros  do  revestimento  devido  à ocorrência de precipitação na noite anterior. 

Embora se possa afirmar, como se esperaria, que as condições ambientais em que se realiza o ensaio influenciam a técnica do tubo de Karsten, o estudo efectuado deverá ser aprofundado com  maior  rigor,  recomendando‐se  realizar  um  maior  número  de  ensaios.  Seria  benéfico caracterizar  as  condições  em  que  se  realiza  o  ensaio,  medindo  a  humidade  relativa,  a humidade superficial do paramento e a temperatura ambiente, assim como analisar situações em que ocorreu mesmo precipitação em dias anteriores ao invés de proceder à sua simulação.  

5.3.3. Variação do material de fixação (silicone transparente, massa anti‐vibratória e plasticina) De modo a avaliar a  influência que o material de  fixação tem no ensaio do tubo de Karsten, realizaram‐se  ensaios  num  total  de  três  inspecções  nos  paramentos M3  e M4,  com  tubos dispostos aos pares, a alturas  iguais e distanciados entre si por aproximadamente um palmo, diferenciando  apenas  o material  de  fixação.  As  três  inspecções  realizadas  compararam  os materiais de fixação silicone transparente, massa anti‐vibratória e plasticina. As fichas técnicas dos materiais de fixação em análise, excepto a plasticina, podem ser consultadas nos Anexos B.1 e B.2. 

Note‐se que o método original da técnica proposto pelo RILEM [1980] requeria a utilização de um material de  fixação moldável e  impermeável  (putty), assim como a massa anti‐vibratória (por  exemplo),  enquanto  a  especificação do  LNEC  FE  Pa  39.1  [LNEC,  2002b]  a utilização  da silicone ou outro material de fixação. 

Os  resultados  parciais  da  absorção  de  água  sob  pressão  (valores  individuais  e  acumulados) através do ensaio do tubo de Karsten, utilizados na análise da variação do material de fixação podem ser consultados nas Tabelas A.6, A.8 e A.9 em anexo. 

É  de  salientar  que  Gonçalves  [2010]  já  realizou  ensaios  com  o  objectivo  de  determinar  a influência dos materiais de  fixação silicone  transparente e massa anti‐vibratória  (denominou por massa  de  vidraceiro),  determinando  que  a  utilização  da  silicone  transparente  garante menores absorções de água. Duarte [2009] realizou também ensaios com silicone branca como material  de  fixação  concluindo  que  permite  visualizar  com maior  precisão  a  existência  de falhas  na  fixação  do  tubo,  seca  com maior  rapidez  e  permite  uma  limpeza mais  eficaz  dos tubos, em comparação à silicone transparente. 

Na  Tabela  5.7,  encontram‐se  os  valores  totais  de  absorção  registados  ao  fim  de  3h  nas inspecções  realizadas. Pode observar‐se à partida que os  tubos de Karsten que utilizaram a plasticina  como  material  de  fixação  registaram  maiores  absorções  que  os  que  utilizaram silicone  transparente  e  massa  anti‐vibratória,  assim  como  os  de  massa  anti‐vibratória registaram absorções superiores aos de silicone. De seguida, irá ser analisada individualmente cada comparação entre os diferentes materiais de fixação.  

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Capítulo 5 

76  

Tabela 5.7 ‐ Resumo das inspecções realizadas e dos volumes de água absorvidos ao fim de 180 min com os diferentes materiais de fixação 

Volume de água absorvida ‐ Silicone Transparente (ml)

Volume de água absorvida ‐ Plasticina 

(ml)

Volume de água absorvida ‐ Silicone Transparente (ml)

Volume de água absorvida ‐ Massa anti‐vibratória 

(ml)

Volume de água absorvida ‐ Massa anti‐vibratória (ml)

Volume de água absorvida ‐ Plasticina 

(ml)

I 1,05 1,05 1,60 2,65 1,45 2,60

II 0,85 0,75 1,35 2,05 0,90 2,45III 0,90 1,20 1,60 1,75 ‐ ‐IV 0,80 1,10 ‐ ‐ ‐ ‐V 0,40 0,55 ‐ ‐ ‐ ‐

Média 0,80 0,93 1,52 2,15 1,18 2,53

Inspecção nº3 ‐ M4

Nº do ensaio

Inspecção nº1 ‐ M3 Inspecção nº2 ‐ M4

 

i) Silicone transparente X Plasticina 

A Figura 5.13 apresenta graficamente os resultados dos volumes de água absorvida ao fim de 3h dos respectivos ensaios que utilizaram como materiais de fixação a silicone transparente e a plasticina. 

Pode concluir‐se, através da análise da Figura 5.13 e da Tabela 5.8, que os  tubos que  foram fixados  com  plasticina  apresentaram  maiores  absorções,  do  que  os  tubos  fixados  com  a silicone  transparente,  com  absorções  médias  de  0,93  e  0,80  ml  respectivamente.  Tais diferenças percentuais são apresentadas na tabela, e podem ser justificadas através da menor área de  absorção  aquando da utilização da plasticina, devido  ao excesso de material que é necessário aplicar de modo a garantir a fixação em segurança do tubo ao paramento.  

1,05

0,85 0,900,80

0,40

1,05

0,75

1,201,10

0,55

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

I II III IV V

Volum

e de

 água absorvida (m

l)

Silicone Transparente

Plasticina

 

Figura 5.13 ‐ Resultados dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção, no paramento M3 

É  também  de  referir  que  o material  plasticina  apresenta maior  permeabilidade  do  que  a silicone,  verificando‐se  no  final  do  ensaio,  ao  retirar  o  tubo  de  Karsten,  que  o material  se encontrava  húmido  internamente  e  com  alguma  água  na  superfície  de  contacto  com  o revestimento.  

Tabela 5.8 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos 

Nº do ensaioVolume de água absorvida ‐ Silicone Transparente (ml)

Volume de água absorvida ‐ Plasticina (ml)

Diferença percentual dos resultados obtidos (Silicone/Plasticina)

I 1,05 1,05 0,0%II 0,85 0,75 ‐13,3%III 0,90 1,20 25,0%IV 0,80 1,10 27,3%V 0,40 0,55 27,3%

Média 0,80 0,93 ‐  

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    77 

ii) Silicone Transparente X Massa anti‐vibratória 

A Figura 5.14 apresenta graficamente os resultados dos volumes de água absorvida ao fim de 180 min dos respectivos ensaios realizados na 2ª inspecção, que utilizaram como materiais de fixação  a  silicone  transparente  e  a massa  anti‐vibratória. À  semelhança  do  ocorrido  com  a plasticina,  a  massa  anti‐vibratória  também  registou  absorções  superiores  relativamente  à silicone  transparente,  como  se  pode  ver  na  figura  referida. Neste  contexto  e  conforme  se apresenta na Tabela 5.9, as médias de volume de água absorvida foram de 1,52 e 2,15 ml para os  materiais  silicone  transparente  e  massa  anti‐vibratória,  respectivamente.  O  estudo  de Gonçalves  [2010], mencionado anteriormente, permitiu chegar à mesma conclusão de que o material, massa anti‐vibratória não é tão bom vedante quanto a silicone.  

1,601,35

1,60

2,65

2,051,75

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

I II III

Volum

e de

 água absorvida (m

l)

Silicone Transparente

Massa anti‐vibratória

 

Figura 5.14 ‐ Resultados dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção, no paramento M4 

Encontram‐se  expostas  na  Tabela  5.9  as  diferenças  percentuais  entre  os  volumes  de  água registados  com  a  silicone  e  a  massa  anti‐vibratória,  que  apesar  de  serem  superiores  às diferenças registadas entre a silicone e a plasticina não significam que a massa anti‐vibratória tenha um pior desempenho como material de fixação que a plasticina, pelo que se realizou tal comparação numa 3ª inspecção.  

Tabela 5.9 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos 

Nº do ensaioVolume de água 

absorvida ‐ Silicone Transparente (ml)

Volume de água absorvida ‐ Massa anti‐vibratória (ml)

Diferença percentual dos resultados obtidos (Silicone/Massa anti‐

vibratória)

I 1,60 2,65 39,6%II 1,35 2,05 34,1%III 1,60 1,75 8,6%

Média 1,52 2,15 ‐  

iii) Massa anti‐vibratória X Plasticina 

Na Figura 5.15, encontram‐se expostos os volumes de água absorvida no ensaio realizado na 3ª  inspecção, que visou comparar os materiais de  fixação, massa anti‐vibratória e plasticina. Verifica‐se  que  os  tubos  que  utilizaram  plasticina  como  material  de  fixação  absorveram consideravelmente mais água, estando quantificadas tais variações na Tabela 5.10. 

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Capítulo 5 

78  

1,45

0,90

2,602,45

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

I II

Volum

e de

 água absorvida (m

l)

Massa anti‐vibratória

Plasticina

 

Figura 5.15 ‐ Resultados dos volumes de água absorvida na 3ª inspecção, no paramento M4 

Pode concluir‐se que a plasticina não é tão bom vedante como a massa anti‐vibratória, facto que pode ser  justificado com a natureza do material. A plasticina é um material plástico com elevada  flexibilidade  com  uma  resistência  a  elevadas  temperaturas  inferior  à  massa  anti‐vibratória que é um material moldável que mantém uma elasticidade permanente ao longo do tempo, nunca endurecendo [w13; w14]. Embora ambos os materiais absorvam na sua estrutura alguma  água,  verificaram‐se  maiores  alterações  na  consistência  da  plasticina,  no  final  do ensaio, do que na massa anti‐vibratória.  

Tabela 5.10 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na 3ª inspecção e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos 

Nº do ensaioVolume de água 

absorvida ‐ Massa anti‐vibratória (ml)

Volume de água absorvida ‐ 

Plasticina (ml)

Diferença percentual dos resultados obtidos (Massa anti‐

vibratória/Plasticina)

I 1,45 2,60 44,2%II 0,90 2,45 63,3%

Média 1,18 2,53 ‐  

Resumindo,  este  estudo  permitiu  verificar  que  cada  material  tem  as  suas  vantagens  e desvantagens. Por um lado, e tendo em conta a importância de uma boa vedação por parte do material, a silicone transparente apresentou as melhores características de material vedante, sendo  a  plasticina  o  pior.  Por  outro,  a  plasticina  e  a  massa  anti‐vibratória  têm  um procedimento  de  fixação  que  permite  reduzir  o  tempo  dispendido  no  ensaio,  visto  poder iniciar‐se  o  ensaio  logo  após  a  fixação  dos  tubos  enquanto  com  a  silicone  é  necessário aguardar a secagem do material. Quanto à aplicação, principalmente a plasticina, e por vezes a massa  anti‐vibratória,  apresentaram  dificuldades  de  adesão  devido  à  pulverulência  da superfície, tendo  inclusivamente ocorrido alguns ensaios onde se verificaram perdas de água invalidando  os  ensaios.  Em  alguns  casos,  tais  perdas  de  água  pelo  material  de  fixação provocaram  a  queda  e  consequente  quebra  dos  tubos  de  Karsten,  pelo  que  se  recomenda maior cuidado ao utilizar estes materiais. É de referir que a plasticina e a massa anti‐vibratória provocam maior redução da área de absorção do que a silicone transparente.  

5.3.4. Localização dos tubos (casos de juntas em revestimentos cerâmicos) Com o objectivo de analisar a  influência que a  localização dos tubos de Karsten pode ter nos resultados  do  ensaio,  nomeadamente  em  revestimentos  de  ladrilhos  cerâmicos,  foram realizadas  diversas  inspecções  no  paramento  MCC  no  Carregado,  de  modo  a  estudar  a 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    79 

permeabilidade à água  líquida, do  ladrilho cerâmico e dos diversos casos de juntas existentes entre ladrilhos:  

• junta em T; 

• junta em T invertido; 

• junta vertical; 

• junta horizontal; 

• junta em cruz; 

Os  resultados  parciais  da  absorção  de  água  sob  pressão  (valores  individuais  e  acumulados) através do ensaio do tubo de Karsten, utilizados na análise da localização dos tubos podem ser consultados nas Tabelas A.12 ‐ A.15 em anexo. 

Na  Tabela  5.11,  encontram‐se  sintetizados  os  respectivos  casos  de  localizações  dos  tubos analisados e as análises estatísticas dos volumes de água absorvida correspondentes  (média, desvio padrão e coeficiente de variação), bem como o número de ensaios realizados em cada estudo.  Ao  analisar  os  resultados  expostos  nesta  tabela  pode  concluir‐se  que  os  ladrilhos cerâmicos,  que  proporcionam  o  revestimento  do  paramento,  são  impermeáveis,  pois  não registaram qualquer absorção ao longo dos 180 min do ensaio.  

No decorrer das inspecções, constatou‐se que alguns ensaios registaram absorções excessivas e consequentemente volumes de água absorvida muito elevados, que se podem justificar por dois motivos. Primeiro, a silicone transparente utilizada como material de fixação não permite visualizar com a devida precisão a existência de falhas no isolamento dos bordos do tubo, que ocorrem  com  maior  facilidade  neste  tipo  de  revestimentos,  aquando  da  sua  fixação,  e segundo, a presença de microfissuração na argamassa de preenchimento de juntas exteriores conduz  a  perdas  de  água,  que  se  visualizam  no  exterior.  Assim  sendo,  resolveu  não  se considerar  para  a  análise  dos  resultados  tais  ensaios  em  que  se  verificaram  absorções excessivas, pelo que se quantificam na Tabela 5.11 o número de ensaios considerados válidos. 

Tabela 5.11 ‐ Síntese dos volumes de água absorvida nos casos de juntas analisados 

Média (ml)Desvio 

Padrão (ml)Coeficiente de variação

Junta em T 10 5 1,06 0,60 57%Junta em T invertido 3 2 0,45 0,28 62%

Junta vertical 3 3 2,78 1,81 65%Junta horizontal 3 2 3,00 1,34 45%Junta em cruz 3 2 2,55 0,49 19%

Centro do ladrilho 1 1 0 0 ‐

Volume de água absorvida (ml)Localização dos tubos

Nº de ensaios 

realizados

Nº de ensaios válidos

 

A Figura 5.16 demonstra graficamente exemplos, da evolução da absorção de água medida ao longo dos 180 min, de ensaios considerados válidos e não válidos. Verifica‐se que os ensaios considerados não válidos registam absorções finais muito elevadas, o que pode ser justificado com a chegada da água a microfissuras que se encontrem próximas da zona onde se colocaram os  tubos  e/ou  deficiente  isolamento  dos  tubos  ao  paramento.  Os  valores  de  absorções elevadas destes ensaios não permitem que sejam comparáveis com os restantes. 

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Capítulo 5 

80  

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

5 10 15 20 25 30 60 90 120150180

Volum

e de

 água absorvida (m

l)

Tempo (min)

Absorção de água sob baixa pressão

Ensaio não válido

Ensaio não válido

Ensaio válido

Ensaio válido

Ensaio válido

 

Figura 5.16 ‐ Exemplo de um ensaio não considerado devido a absorção excessiva 

Ao analisar os valores médios de volume de água absorvida registados, apresentados na Figura 5.17, verifica‐se que as  juntas horizontais e verticais, ou seja as  juntas unidireccionais, são as que absorvem mais, seguidas pelas  juntas em cruz (multidireccionais) e, por fim, pelas  juntas em T e em T invertido (juntas bidireccionais).  

1,06

0,45

2,783,00

2,55

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,00

Junta em T Junta em T invertido

Junta vertical Junta horizontal

Junta em cruz

Volum

e de

 água absorvida (m

l)

Caso de junta ensaiado

 

Figura 5.17 ‐ Volumes médios de água absorvida registados nos casos de juntas estudados 

Neste contexto, presume‐se que a  tendência ao destacamento da  junta do cerâmico, muitas vezes imperceptível a olho nu, possa justificar tal comportamento de maiores volumes de água absorvida nas  juntas horizontais e verticais, visto ocorrer mais frequentemente nestes casos, assim como nas  juntas em cruz. É de referir também a elevada variabilidade que se verificou em  tais  ensaios,  registando  coeficientes  de  variação  entre  19  e  65%,  existindo  menor variabilidade nas juntas em cruz. 

Devido ao reduzido número de ensaios  realizados, recomenda‐se aprofundar este estudo de forma a obter maior quantidade de informação e tirar conclusões mais fiáveis. 

Quanto a estudos existentes de juntas, Scartezini et al. [2002] analisaram a diferença registada na  absorção  aquando  da  localização  dos  tubos  de  Karsten  no  revestimento  de  argamassa, sobre o bloco de alvenaria ou sobre a junta de assentamento, concluindo que existem maiores absorções sobre as  juntas devido ao seu material cimentício possuir porosidade diferente da existente nos blocos cerâmicos. 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    81 

5.3.5. Tipos de superfícies (revestimentos cerâmicos, argamassas e placas ETICS) Tendo  em  conta  as  diferentes  superfícies  ensaiadas,  pretende  realizar‐se  uma  análise comparativa dos resultados obtidos, no que diz respeito às médias registadas, do volume de água  absorvida  e  respectivos  coeficientes  de  absorção.  Para  o  efeito  foram  escolhidos  os paramentos M1, M2 e M3 do Carregado,  com  revestimentos de  argamassa monocamada  à base de cimento, as zonas MZ3 e MZ6 do paramento ensaiado em Caxias de revestimento em argamassa  tradicional  com  ligantes  à base de  cal,  a  fachada MCR  localizada no Restelo, de revestimento de argamassa tradicional com pastilhas cerâmicas, e ainda as placas ETICS, EPS1 e  EPS2,  utilizadas  em  isolamentos  térmicos  pelo  exterior,  ensaiadas  no  Laboratório  de Construção do DECivil. Escolheram‐se estes paramentos devido às suas superfícies diferentes e por terem sido sujeitos anteriormente, no ponto 5.2.1., à análise das suas variabilidades. 

Encontram‐se  sintetizados  na  Tabela  5.12  as  superfícies  de  revestimentos  diferentes  em estudo, e as suas respectivas características. Os resultados parciais da absorção de água sob pressão podem ser consultados nas Tabelas A.1 ‐ A.7 e A.16 ‐ A.23, em anexo. 

Tabela 5.12 ‐ Resumo dos ensaios realizados com o objectivo de analisar os tipos de superfícies de revestimentos 

Média (ml)Desvio 

Padrão (ml)Média 

(kg/(m2.√h))

Desvio Padrão 

(kg/(m2.√h))11 1,35 0,62 0,28 0,1311 0,66 0,36 0,13 0,084 6,14 2,23 1,03 0,353 0,40 0,36 0,05 0,0510 0,88 0,30 0,20 0,0810 0,87 0,25 0,21 0,0810 0,99 0,27 0,25 0,09

MZ3 11 2,78 1,59 1,86 0,97

MZ6 11 2,41 2,76 1,58 1,74

10 0,50 0,80 0,09 0,1510 0,35 0,17 0,05 0,0210 0,35 0,21 0,09 0,0510 0,34 0,15 0,09 0,0410 0,37 0,17 0,11 0,0410 0,41 0,12 0,12 0,04

EPS1 Lab. Construção DECivil

Placas EPS 180EPS2

Argamassa de colagem e revestimento de placas isolantes

CaxiasAlvenaria de pedra

Argamassa tradicional bastarda com ligantes 

à base de cal60

MCR ResteloAlvenaria de tijolo

Argamassa tradicional com pastilhas 

180

Nº de ensaios / inspecção

Volume de água absorvida  Coeficiente de absorção 

M1

CarregadoAlvenaria de tijolo

Reboco pré‐doseado à base de cimento monocamada

180M2

Paramentos LocalizaçãoTipo de suporte

Tipo de revestimentoDuração do 

ensaio (min)

M3

 

Ao analisar as Figuras 5.18 e 5.19, verifica‐se que a média de volume de água absorvida nos paramentos varia entre 0,34 e 6,14 ml, e que a média dos coeficientes de absorção varia entre 0,05 e 1,86 kg/(m2.√h). Embora estas variações sejam muito elevadas, podem ser  justificadas principalmente pela diferença de  revestimentos, pelo que  interessa analisar  individualmente cada caso, e comparar com outros estudos desenvolvidos em revestimentos semelhantes. 

1,35

0,66

6,14

0,40 0,

88

0,87 0,99

2,78

2,41

0,50

0,35

0,35

0,34

0,37

0,41

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

Volum

e méd

io de água

 absorvida

 (ml)

Paramento ensaiado

 

Figura 5.18 ‐ Valores médios do volume de água absorvida nos paramentos ensaiados 

0,28

0,13

1,03

0,05 0,

20

0,21 0,25

1,86

1,58

0,09

0,05 0,09

0,09

0,11

0,12

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

Coeficiente de

 absorção (kg/(m

2.√h

))

Paramento ensaiado

 

Figura 5.19 ‐ Valores médios dos coeficientes de absorção dos paramentos ensaiados 

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Capítulo 5 

82  

Os  muretes  M1,  M2  e  M3  do  Carregado  apresentaram  intervalos  de  valores  médios  de volumes de água absorvida e coeficientes de absorção de 0,4 ‐ 1,35 ml e 0,05 ‐ 0,28 kg/(m2.√h) respectivamente, sem considerar a primeira  inspecção  realizada no murete M2 que  registou absorções de água elevadas anormais (6,14 ml e 1,03 kg/(m2.√h)). Comparando com estudos anteriormente  realizados  em  revestimentos  de  reboco  pré‐doseado  à  base  de  cimento monocamada, Gonçalves [2010] chegou a resultados muito semelhantes: 0,4 ‐ 1,1 ml e 0,09 ‐ 0,26  kg/(m2.√h)  assim  como Duarte  [2009] que  chegou  a  resultados de 0,86  ‐ 1,71 ml. Tais estudos destes autores foram realizados com a duração de ensaio de 60 min e em  idades de paramento  diferentes,  contudo  pode  afirmar‐se que os  resultados obtidos  estão de  acordo com o que se esperaria e o concluído pelos autores citados. A gama de valores obtidos para as argamassas  industriais pode ser  justificada em parte devido à presença de hidrófugos na sua constituição. 

Em Caxias, nas duas zonas analisadas MZ3 e MZ6, registaram‐se valores médios de volumes de água absorvida e coeficientes de absorção de 2,41  ‐ 2,78 ml e 1,58  ‐ 1,86 kg/(m2.√h) o que, considerando  o  revestimento  em  argamassa  tradicional  bastarda  com  ligante maioritariamente à base de cal,  justifica  facilmente os valores superiores aos  registados nos rebocos não‐tradicionais do Carregado, pois como já foi concluído por diversos autores [Cruz, 2008;  Flores‐Colen, 2009] os  rebocos  tradicionais  apresentam maior permeabilidade  à  água líquida do que os rebocos não‐tradicionais. Ao analisar os resultados obtidos em revestimentos de argamassas não tradicionais à base de cal por Gomes [2009], 2,02 ‐ 2,31 ml e Magalhães et al [2007], 1,2 a >4 ml, conclui‐se que os resultados obtidos foram bastante semelhantes. Estes autores  realizaram  os  seus  ensaios  com  a  duração  de  60 min,  à  semelhança  dos  estudos realizados em Caxias. 

No  Restelo,  a  fachada MCR  analisada  em  duas  inspecções  em  dias  consecutivos  permitiu registar valores médios de volumes de água absorvida e coeficientes de absorção de 0,35 e 0,50 ml, e 0,05 e 0,09 kg/(m2.√h) o que podem ser considerados valores reduzidos. Tais valores levam a concluir que superfícies revestidas por pastilhas cerâmicas, com argamassa tradicional aplicada  nas  juntas  entre  pastilhas,  possuem  índices  de  permeabilidade  à  água  líquida inferiores a  revestimentos de argamassa. Não  foram encontrados estudos de outros autores para comparar resultados. 

Por  último,  as  placas  ETICS  ensaiadas  no  Laboratório  de  Construção  do  DECivil  obtiveram, assim  como  a  fachada MCR,  valores  reduzidos  de médias  de  volumes  de  água  absorvida  e coeficientes  de  absorção,  variando  entre  os  0,34  e  0,41  ml  e  0,09  e  0,12  kg/(m2.√h), respectivamente, com a duração dos ensaios de 180 min. Tais resultados são comparáveis ao obtido por Duarte [2009], que obteve um valor de 0,15 ml, em revestimentos de  isolamento térmico do tipo ETICS, de média de volume de água absorvida ao final de 60 min de ensaio.  

De  seguida,  apresenta‐se  graficamente  na  Figura  5.20  a  evolução  ao  longo  do  tempo  da absorção de água no ensaio do tubo de Karsten, podendo‐se verificar diferenças entre a forma como a absorção de água se desenvolve em cada caso de estudo, sendo que no Carregado e em Caxias segue uma tendência  linear, enquanto no Restelo e no Laboratório de Construção cresce  de  forma  polinomial.  A  evolução  da  absorção  representada  permite  identificar  de imediato  a  maior  absorção  registada  em  Caxias.  Estudos  anteriores  concluíram  também 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    83 

desenvolvimentos das evoluções da absorção de água com tendências  lineares e polinomiais [Flores‐Colen, 2009; Duarte, 2009].  

Esta  análise  realizada  às médias  de  volume  de  água  absorvida  e  coeficientes  de  absorção, permitiu concluir que os diferentes resultados obtidos nos vários tipos de superfícies ensaiadas foram de encontro aos resultados obtidos por outros autores em revestimentos semelhantes.  

Quanto  aos  registos  das médias  de  volume  de  água  absorvida  e  coeficiente  de  absorção obtidos, concluiu‐se que os revestimentos de argamassa tradicional com pastilhas cerâmicas e os  revestimentos  ETICS  registaram  ambos  os  valores  mais  reduzidos,  apresentando  o revestimento de argamassa tradicional bastarda com  ligante maioritariamente à base de cal, os valores mais elevados.  

Neste  contexto,  concluiu‐se  que  é  importante  ter  em  conta  o  tipo  de  superfície  de revestimento na avaliação da sua permeabilidade à água  líquida através da técnica de ensaio do tubo de Karsten, dada a influência deste parâmetro no ensaio. 

R² = 0,9991

R² = 0,9956

R² = 0,9922

R² = 0,9686

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Volume acum

ulado (m

l)

Tempo (min)

Absorção de água a baixa pressão ‐ Ensaio de Karsten

Carregado ‐M1

Caxias ‐MZ6

Restelo ‐MCR

Lab. Civil ‐ EPS

Linear (Carregado ‐M1)

Linear (Caxias ‐MZ6)

Polinomial (Restelo ‐MCR)

Polinomial (Lab. Civil ‐ EPS)

 

Figura 5.20 ‐ Gráfico da evolução da absorção de água no ensaio de tubo de Karsten 

5.4. Análise da reprodutibilidade de resultados De modo a verificar se existe concordância de resultados, ou existência de uma tendência de valores,  foram ensaiados paramentos  repetidamente,  com os  tubos nas mesmas posições e nas mesmas condições, aplicados segundo o mesmo procedimento, variando apenas a altura de medição, ou  seja, a  reprodutibilidade de  resultados  será analisada no que diz  respeito a alturas de medições diferentes. 

Os  paramentos  que  foram  sujeitos  a  ensaios  repetidos,  determinantes  para  o  estudo  da reprodutibilidade de resultados, foram os muros teste M1 e M3 no Carregado, a fachada MCR de  revestimento  cerâmico  do  Restelo,  e  ainda  as  placas  ETICS  ensaiadas  no  laboratório  de 

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Capítulo 5 

84  

construção, ou seja, cinco casos de estudo no total. Na Tabela 5.13, apresenta‐se um resumo destes paramentos com as suas respectivas características. 

Os  resultados  parciais  da  absorção  de  água  sob  pressão  (valores  individuais  e  acumulados) através do ensaio do tubo de Karsten, utilizados na análise da reprodutibilidade de resultados podem ser consultados nas Tabelas A.1, A.2, A.5 ‐ A.7 e A.18 ‐ A.23 em anexo. 

Como se pode observar na Tabela 5.13, foram realizadas duas inspecções nos paramentos M1, MCR, e nas placas EPS1 e EPS2, e  três  inspecções no paramento M3, que de  seguida  serão desenvolvidas com o objectivo de analisar a existência de reprodutibilidade de valores. 

Tabela 5.13 ‐ Resumo das inspecções repetidas nos mesmos paramentos 

Média (ml)Desvio Padrão (ml)

Coeficiente de variação

Média 

(kg/(m2.√h))

Desvio Padrão 

(kg/(m2.√h))

Coeficiente de variação

11 1,35 0,62 46% 0,28 0,13 46%11 0,66 0,36 55% 0,13 0,08 66%10 0,88 0,30 35% 0,20 0,08 40%10 0,87 0,25 29% 0,21 0,08 38%10 0,99 0,27 27% 0,25 0,09 36%10 0,50 0,80 162% 0,09 0,15 161%10 0,35 0,17 48% 0,05 0,02 47%10 0,35 0,21 59% 0,09 0,05 56%10 0,34 0,15 43% 0,09 0,04 43%10 0,37 0,17 46% 0,11 0,04 37%10 0,41 0,12 29% 0,12 0,04 31%

Número de ensaios

Volume de água absorvida (ml) Coeficiente de absorção (kg/(m2.√h))

Carregado 180

Paramentos LocalizaçãoDuração do 

ensaio (min)

Área de estudo 

(m2)

Restelo 180 1,16

EPS1 Laboratório de 

construção180 0,5

EPS2

M1 4,08

M3 8,80

MCR

 

i) Carregado ‐ muro teste M1 

No muro de teste M1, de suporte em alvenaria de tijolo e revestimento em reboco cimentício pré‐doseado monocamada, foram realizadas duas  inspecções com cerca de duas semanas de intervalo, no qual se realizaram 11 ensaios com a duração de 180min, em cada  inspecção. As condições climáticas de ambas as inspecções não se alteraram. 

Na Figura 5.21, pode‐se observar graficamente os resultados, dos volumes de água absorvida acumulada,  registados. Ao analisar esta  figura, observa‐se que, exceptuando os  tubos  IV e X assinalados, os resultados seguem aproximadamente a mesma  tendência, com os valores da 2ª inspecção significativamente inferiores aos da 1ª inspecção. 

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

I II III IV V VI VII VIII IX X XI

Volume de

 águ

a ab

sorvida (m

l)

Tubo de Karsten

Reprodutibilidade M1

1ª Inspecção

2ª Inspecção

 

Figura 5.21 ‐ Volumes de água absorvida aos 180 min no paramento M1  

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    85 

Na  Tabela  5.14,  apresenta‐se  resumidamente  os  valores  de  água  absorvida  acumulada  nas respectivas inspecções realizadas e ainda as diferenças percentuais dos resultados obtidos. Ao analisar a  tabela, observa‐se que a média dos volumes de água absorvida na 1ª  inspecção é ligeiramente  superior  ao  dobro  da  média  absorvida  na  2ª  inspecção,  1,35  e  0,66  ml respectivamente,  e  que  existe  uma  variação  percentual média  de  aproximadamente  135% entre os valores registados nas duas experiências. Sem considerar os valores que apresentam desvios à tendência de repetibilidade dos resultados entre inspecções, ou seja, os valores dos tubos IV e X, a variação percentual diminui para cerca de 110%.  

 

Tabela 5.14 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento M1 e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos 

Nº do ensaio1ª inspecção 

(ml)2ª inspecção 

(ml)

Diferença percentual dos 

resultados obtidos (1ª Insp./ 2ª Insp.)

Diferença percentual média dos resultados 

obtidos

Diferença percentual média dos resultados 

obtidos (s/ nº IV e X)

I 2,85 1,45 ‐96,6%II 1,25 0,35 ‐257,1%III 0,45 0,15 ‐200,0%IV 1,90 0,40 ‐375,0%V 1,30 0,65 ‐100,0%VI 1,15 0,60 ‐91,7%VII 1,15 0,70 ‐64,3%VIII 0,90 0,40 ‐125,0%IX 1,30 0,85 ‐52,9%X 1,60 0,70 ‐128,6%XI 1,05 1,05 0,0%

Média 1,35 0,66 ‐ ‐ ‐

‐109,7%‐135,6%

 

Pela  análise  do  gráfico    da  Figura  5.21,  verifica‐se  que  embora  com  volumes  de  absorção inferiores na 2ª  inspecção,  estes  seguem  a  tendência de  valores  verificada na 1ª  inspecção pelo que se pode concluir que existiu reprodutibilidade de resultados neste caso de estudo. 

 

ii) Carregado ‐ muro teste M3 

No  paramento M3,  de  suporte  em  alvenaria  de  tijolo,  revestido  a  reboco  cimentício  pré‐doseado monocamada,  foram  realizadas  3  inspecções,  ensaiando  10  tubos  de  Karsten  por inspecção em pares de 5 tubos dispostos lado a lado, a alturas iguais e distanciados por cerca de  um  palmo.  Ao  contrário  das  inspecções  realizadas  no  paramento  M1,  houve  ligeiras diferenças nas condições de ensaio das inspecções, variando o material de fixação e os tubos utilizados,  como  se  pode  ver  nas  Figuras  5.22,  5.23  e  5.24.  A  1ª  inspecção  foi  realizada aproximadamente  um  mês  antes  das  outras  duas  inspecções  que  se  realizaram  em  dias consecutivos. 

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Capítulo 5 

86  

 

Figura 5.22 ‐ 1ª inspecção no paramento M3 ‐ 1 par de tubos diferentes 

 

Figura 5.23 ‐ 2ª inspecção no paramento M3 ‐ 1 par de tubos diferentes com diferentes materiais de fixação 

(A‐silicone; B‐plasticina) 

 

Figura 5.24 ‐ 3ª inspecção no paramento M3 ‐ 1 par de tubos com material de fixação plasticina 

Na Figura 5.25, encontram‐se representados graficamente os volumes de água absorvida nos ensaios  realizados  nas  3  inspecções. Nota‐se  novamente  a  existência  de  uma  tendência  na maioria dos valores apesar das diferenças a que foram sujeitos os ensaios. É de referir também que a 2ª e a 3ª inspecção apresentam resultados mais semelhantes entre si, do que com a 1ª inspecção,  o que  se  pode  justificar  pela  proximidade  temporal  em  que  foram  realizadas  as inspecções. 

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

I ‐ A I ‐ B II ‐ A II ‐ B III ‐ A III ‐ B IV ‐ A IV ‐ B V ‐ A V ‐ B

Volume de

 águ

a ab

sorvida (m

l)

Tubo de Karsten

Reprodutibilidade M3

1ª Inspecção

2ª Inspecção

3ª Inspecção

 

Figura 5.25 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min no paramento M3 

De modo  a  complementar  a  análise  gráfica  dos  resultados,  na  Tabela  5.15  encontram‐se sintetizados  os  resultados  das  respectivas  inspecções  realizadas,  bem  como  as  diferenças 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    87 

percentuais  existentes  entre  elas.  As  variações  percentuais  das  inspecções  realizadas demonstram resultados reduzidos, nomeadamente cerca de 10, 12 e 8%, para as comparações entre as  inspecções 1 e 2, 2 e 3, e 1 e 3 respectivamente, o que permite concluir que existiu uma reprodutibilidade dos resultados obtidos. Ao contrário do que aconteceu no paramento M1, não existe individualmente nenhuma variação muito elevada. 

Tabela 5.15 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento M3 e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos 

Nº do ensaio

1ª inspecção 

(ml)

2ª inspecção 

(ml)

3ª inspecção 

(ml)

Diferença percentual dos resultados obtidos (1ª 

Insp./ 2ª Insp.)

Diferença percentual média dos resultados obtidos

Diferença percentual dos resultados obtidos (2ª 

Insp./ 3ª Insp.)

Diferença percentual média dos resultados obtidos

Diferença percentual dos resultados obtidos (1ª 

Insp./ 3ª Insp.)

Diferença percentual média dos resultados obtidos

I ‐ A 1,05 1,05 1,15 0,0% 8,7% 8,7%I ‐ B 0,75 1,05 0,90 28,6% ‐16,7% 16,7%II ‐ A 0,55 0,85 1,05 35,3% 19,0% 47,6%II ‐ B 0,85 0,75 0,90 ‐13,3% 16,7% 5,6%III ‐ A 0,60 0,90 0,95 33,3% 5,3% 36,8%III ‐ B 0,70 1,20 1,15 41,7% ‐4,3% 39,1%IV ‐ A 1,15 0,80 0,75 ‐43,8% ‐6,7% ‐53,3%IV ‐ B 1,50 1,10 1,50 ‐36,4% 26,7% 0,0%V ‐ A 0,60 0,40 0,50 ‐50,0% 20,0% ‐20,0%V ‐ B 1,05 0,55 1,05 ‐90,9% 47,6% 0,0%Média 0,88 0,87 0,99 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐

‐9,5% 11,6% 8,1%

 

Analogamente ao paramento M1, verificou‐se novamente neste paramento a concordância de resultados  das  inspecções  repetidas  com  as  anteriores,  pelo  que  se  conclui  existir reprodutibilidade de resultados neste caso de estudo também. 

iii) Restelo ‐ paramento MCR 

A  fachada  ensaiada  do  edifício  localizado  no  Restelo,  de  suporte  em  alvenaria  de  tijolo  e revestimento  em  argamassa  tradicional  e  pastilhas  cerâmicas,  foi  sujeita  a  duas  inspecções realizadas  em  dias  consecutivos  do mês  de Maio  com  tempo  seco,  ensaiando  10  tubos  de Karsten dispostos aleatoriamente por uma área de cerca de 1,16m2. Ao contrário das outras inspecções  em  que  os  tubos  foram  colocados  nas mesmas  localizações,  neste  caso  foram dispostos  ligeiramente  ao  lado  de  modo  a  evitar  os  resíduos  de  plasticina  da  inspecção anterior. É de referir que devido ao reduzido tamanho das pastilhas cerâmicas (2,5 x 2,5 cm), os tubos foram todos ensaiados sobre juntas em cruz. 

A  Figura  5.26  demonstra  graficamente  os  resultados  obtidos  experimentalmente  nas  duas inspecções  realizadas. Ao analisar a  figura, é de salientar que os volumes de água absorvida foram reduzidos, e que a repetibilidade de resultados que se tem vindo a comprovar não é tão notável  neste  tipo  de  revestimento,  pois  os  tubos  V,  VI,  VII  e  VIII  apresentam  desvios significativos  à  tendência  que  se  esperaria  obter.  Pode  justificar‐se  esta  variação  da repetibilidade dos resultados presumivelmente por dois factores, designadamente o facto de se estar a analisar uma situação de obra, onde a aplicação do revestimento não é tão rigorosa quanto  em  muretes  experimentais,  o  que  pode  influenciar  as  próprias  características  do revestimento,  e  devido  às medições  da  2ª  inspecção  terem  sido  realizadas  ligeiramente  ao lado da localização prévia.  

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Capítulo 5 

88  

 

Figura 5.26 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min no paramento MCR 

Na Tabela 5.16, podem observar‐se os respectivos volumes de água absorvidos nas inspecções realizadas  e  as  diferenças  percentuais  entre  estes.  Considerando  os  10  tubos  ensaiados,  a diferença  percentual  dos  resultados  obtidos  apresenta  um  valor  de  61%,  o  que  se  pode justificar,  por  um  lado,  devido  aos  valores  de  absorções  serem  reduzidos  o  que  implica individualmente  variações  percentuais  elevadas  para  ligeiras  diferenças  de  volumes absorvidos,  e  por  outro,  devido  à  existência  de  quatro  tubos  que  fogem  à  tendência  dos resultados, nomeadamente os tubos V, VI, VII e VIII assinalados na Figura 5.26. 

Presume‐se que os desvios  relativos aos  tubos VII e VIII, que  registaram absorções acima da média, sejam devidos à presença de microfissuração não visível a olho nu. Ao retirar os tubos que  apresentam  desvios  consideráveis  à  tendência,  a  variação  percentual  reduz‐se significativamente para 24%.  

Tabela 5.16 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento MCR e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos 

Nº do ensaio

1ª inspecção 

(ml)

2ª inspecção 

(ml)

Diferença percentual 

dos resultados obtidos (1ª Insp./ 2ª Insp.)

Diferença percentual média dos resultados obtidos

Diferença percentual média dos resultados obtidos (s/ 

nº V, VI, VII e VIII)

I 0,05 0,30 83,3%II 0,30 0,25 ‐20,0%III 0,20 0,15 ‐33,3%IV 0,25 0,15 ‐66,7%V 0,10 0,45 77,8%VI 0,00 0,65 100,0%VII 1,65 0,45 ‐266,7%VIII 2,30 0,30 ‐666,7%IX 0,10 0,55 81,8%X 0,00 0,25 100,0%

Média 0,50 0,35 ‐ ‐ ‐

‐61,0% 24,2%

 

0

0,5

1

1,5

2

2,5

I II III IV V VI VII VIII IX X

Volume de

 águ

a ab

sorvida (m

l)

Tubo de Karsten

Reprodutibilidade MCR

1ª Inspecção

2ª Inspecção

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    89 

Neste caso de estudo, a reprodutibilidade de resultados não se verificou tão explicita, pois ao contrário dos casos anteriormente apresentados, verificaram‐se muitos  resultados desviados da tendência imposta pela 1ª inspecção. 

iv) Laboratório de Construção do DECivil ‐ placas EPS1 e EPS2 

No  Laboratório de Construção,  realizaram‐se dois  conjuntos de medições em  cada uma das duas  placas  de  poliestireno  expandido,  num  total  de  quatro  dias  consecutivos.  Em  cada conjunto  de medições  foram  realizados  10  ensaios  com  os  tubos  dispostos  aleatoriamente pela área de 0,5m2 das placas. Ambas as placas  são  revestidas por argamassa de colagem e revestimento  de  placas  isolantes,  sendo  que  o  que  distingue  a  placa  EPS1  da  EPS2,  é  a particularidade de ter ainda na sua composição revestimento orgânico colorido de capa fina. Após  análise  de  alguns  casos  in‐situ,  esta  situação  permite  avaliar  a  reprodutibilidade  de resultados em condições mais controladas do ambiente de laboratório.  

a) Placa EPS 1 

Ao analisar a Figura 5.27, que  representa graficamente os volumes absorvidos nas medições realizadas na placa EPS1, observa‐se que os resultados seguem a mesma tendência de valores, com pequenos desvios, excepto no  tubo  I. Os volumes de água absorvidos  foram  reduzidos, devido à reduzida permeabilidade à água líquida que este tipo de revestimento garante. 

 

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

I II III IV V VI VII VIII IX X

Volume de

 águ

a ab

sorvida (m

l)

Tubo de Karsten

Reprodutibilidade EPS1

1º conjunto medições

2º conjunto medições

 

Figura 5.27 ‐ Volumes de água absorvida aos 180 min na placa EPS1 

 

Na  Tabela  5.17,  apresenta‐se  resumidamente  os  volumes  de  água  absorvida  nas  duas medições, e verifica‐se que em média se obteve um valor bastante aproximado, com 0,35 e 0,37 ml para o 1º e 2º conjunto de medições, respectivamente. Na tabela encontra‐se também as diferenças percentuais  individuais entre as medições, assim  como a diferença percentual média calculada com os tubos todos, e sem considerar o tubo I. Contabilizando os tubos todos, determinou‐se uma variação percentual de 4% enquanto não  considerando o  tubo  I  se  tem uma diferença de 19,2%.  

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Capítulo 5 

90  

Esta  análise  permitiu  concluir  que  existiu  reprodutibilidade  de  resultados  neste  caso  de estudo, verificando‐se melhor aproximação de resultados entre inspecções em  laboratório do que nos casos in‐situ anteriormente analisados. 

Tabela 5.17 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na placa EPS1 e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos 

Nº do ensaio

1º conjunto 

de medições 

(ml)

2º conjunto 

de medições 

(ml)

Diferença percentual 

dos resultados obtidos

Diferença percentual média dos resultados obtidos

Diferença percentual média dos resultados obtidos (s/ 

nº I)I 0,70 0,30 ‐133,3%II 0,50 0,60 16,7%III 0,55 0,70 21,4%IV 0,35 0,25 ‐40,0%V 0,05 0,20 75,0%VI 0,40 0,30 ‐33,3%VII 0,10 0,20 50,0%VIII 0,40 0,40 0,0%IX 0,15 0,30 50,0%X 0,30 0,45 33,3%

Média 0,35 0,37 ‐ ‐ ‐

4,0% 19,2%

 

b) Placa EPS 2 

Os  resultados  dos  volumes  de  água  absorvida  nas medições  realizadas  na  placa  EPS2  são apresentados na Figura 5.28, onde se podem observar pequenas variações entre os  registos das respectivas medições, à excepção do tubo VIII que demonstra um desvio maior. Tal como na placa EPS1, foram registados volumes reduzidos de água absorvida.  

 

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

I II III IV V VI VII VIII IX X

Volume de

 águ

a ab

sorvida (m

l)

Tubo de Karsten

Reprodutibilidade EPS2

1º conjunto medições

2º conjunto medições

 

Figura 5.28 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min na placa EPS2 

Na Tabela 5.18, apresentam‐se resumidamente os volumes de água absorvida pelos tubos nos dois  conjuntos  de medições  e  as  suas médias,  de  0,34  e  0,41 ml  para  a  1ª  e  2ª medição, respectivamente.  É  de  referir  que  o  tubo  VIII  apresenta  um  desvio maior  à  tendência  dos registos, pelo que se analisou também a variação percentual média sem considerar este tubo. Ao considerar  todos os  tubos chega‐se a uma variação percentual média de 9,5%, enquanto não considerando o tubo VIII se tem uma diferença média inferior de 1,4%. 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    91 

Tabela 5.18 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na placa EPS2 e respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos 

Nº do ensaio

1º conjunto de medições 

(ml)

2º conjunto de medições 

(ml)

Diferença percentual dos resultados obtidos

Diferença percentual média dos resultados 

obtidos

Diferença percentual média dos resultados 

obtidos (s/ nº VIII)

I 0,40 0,40 0,0%II 0,50 0,40 ‐25,0%III 0,35 0,20 ‐75,0%IV 0,25 0,40 37,5%V 0,40 0,35 ‐14,3%VI 0,20 0,35 42,9%VII 0,25 0,30 16,7%VIII 0,10 0,55 81,8%IX 0,35 0,50 30,0%X 0,60 0,60 0,0%

Média 0,34 0,41 ‐ ‐

9,5% 1,4%

 

Esta análise permitiu concluir que existiu também reprodutibilidade de resultados neste caso de estudo. 

v) Síntese das reprodutibilidades analisadas 

A  Tabela  5.19  sintetiza  os  casos  de  estudo  que  foram  realizados  e  analisados  de modo  a estudar a reprodutibilidade de resultados. A tabela demonstra o número de ensaios realizados, e  visto  que  nem  sempre  todos  os  resultados  obtidos  seguiam  a  tendência  de  valores  de inspecções  (ou  conjuntos  de  medições)  anteriores,  eliminando‐se  estes  casos,  demonstra também  o  número  de  ensaios  considerados.  Por  fim,  de  forma  a  sintetizar  as  conclusões obtidas, apresentam‐se as diferenças percentuais médias entre os resultados obtidos, com a totalidade dos ensaios, e apenas com os ensaios que não apresentavam desvios às tendências. 

Tabela 5.19 ‐ Resumo dos casos de estudo da reprodutibilidade e as respectivas diferenças percentuais dos resultados obtidos 

com os ensaios considerados

1ª2ª1ª2ª3ª

ParamentosInspecção ou conjunto de medições

LocalizaçãoTipo de 

revestimentoNúmero de ensaios

M1

Carregado

11

M3 10

MCR Restelo

Argamassa tradicional com 

pastilhas cerâmicas

10

EPS1Laboratório 

de construção

Argamassa industrial de colagem e 

revestimento de placas isolantesEPS2

10

10

9

9

109,7%

9,5% [i1‐i2]

24,2%

19,2%

1,4%

11,6% [i2‐i3]

135,6%

8,1% [i1‐i3]

‐61,0%

4,0%

9,5%

9

10

com todos os ensaios

Diferença percentual média dos resultados obtidos

Reboco cimentício pré‐doseado monocamada

6

Número de ensaios 

considerados

 

Este estudo permitiu  concluir que existe de  facto uma  reprodutibilidade de  resultados, com alguma variação, quando são realizados ensaios repetidos sob as mesmas condições. Conclui‐

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Capítulo 5 

92  

se que os resultados obtidos nas  inspecções repetidas seguem a mesma  tendência registada nas  inspecções  anteriores.  Foram  analisados  diferentes  tipos  de  revestimentos,  obtendo variações  percentuais médias  dos  volumes  absorvidos  entre  inspecções,  desde  os  4%  em placas ETICS ensaiadas em laboratório, aos 61% em revestimentos de ladrilhos cerâmicos.  

Observou‐se  que,  de  entre  os  diversos  tubos  ensaiados  por  paramento,  um  ou  outro apresentavam  desvios  a  essa  tendência,  especulando‐se  que  possa  ter  sido  devido  a maus isolamentos por parte do material de  fixação, tempo entre  inspecções, entre outros factores que provocam a variabilidade nesta técnica de ensaio. 

É  importante  ter  em  conta  a  aplicação  do  revestimento  em  si,  pois  por  um  lado,  tem‐se muretes experimentais (M1 e M3) e placas ETICS (EPS1 e EPS2) concebidas com o propósito de serem sujeites a investigação experimental, e por outro uma situação de obra real (MCR), pelo que  se  assume  que  tenha  existido maior  rigor  e  concordância  na  aplicação  nas  situações experimentais do que em obra. Este facto pode influenciar directamente as características dos produtos que podem  alterar  com  a  aplicação. Neste  sentido,  compreende‐se que  seja mais difícil confirmar a existência de  reprodutibilidade de  resultados em obras  in‐situ, do que em laboratório  ou  em  muretes  experimentais,  recomendando‐se  realizar  mais  campanhas experimentais. 

5.5. Conclusões do capítulo Neste  capítulo,  analisaram‐se  os  resultados  experimentais  obtidos  nas  diversas  inspecções realizadas no trabalho de campo que  incidiu sobre um total de 6 muros testes no Carregado, um  edifício  no  Restelo,  um  paramento  em  Caxias  e  duas  placas  ETICS  no  laboratório  de construção. Realizaram‐se aproximadamente 190 ensaios com o tubo de Karsten, abrangendo revestimentos  de  argamassa  industrial  e  tradicional,  bem  como  revestimentos  cerâmicos  e ainda revestimentos ETICS. Pode observar‐se na Tabela 5.20 uma síntese de todos os ensaios realizados e as respectivas características. 

Foram  analisados  os  resultados  obtidos  com  o  tubo  de  Karsten  de modo  a  investigar  os diversos objectivos propostos, pelo que de seguida se resumem as conclusões obtidas. 

• Variabilidade nos paramentos 

Concluiu‐se que existe uma menor dispersão de resultados obtidos em  laboratório, devido às condições mais  controladas que apresenta, do que  in‐situ,  com destaque para o paramento analisado em Caxias a registar elevada dispersão devido ao seu estado de degradação.  

Visto  terem‐se  registado maiores  variabilidades  em  situações de obra  (Caxias  e Restelo) de características de argamassa e sua aplicação desconhecidas, do que as registadas nos muretes experimentais do Carregado e nas placas ETICS em laboratório, concluiu‐se que a variabilidade é  menor  quando  existe  maior  rigor  de  aplicação  e  conhecimento  das  características  das argamassas de revestimento. Tal permite afirmar que o modo de aplicação dos revestimentos influencia a variabilidade dos resultados. 

 

 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    93 

• Número mínimo de ensaios a realizar por paramento 

O estudo realizado permitiu concluir que é necessário ensaiar no mínimo 10 tubos (para uma área  de  referência máxima  de  10 m2),  excluindo  2  ou  3  resultados,  consoante  os  valores obtidos no  intervalo de ±σ da média do volume de água absorvida, de modo a garantir uma boa avaliação da permeabilidade à água líquida do paramento em análise. 

Tabela 5.20 ‐ Resumo de todos os paramentos e ensaios realizados no trabalho experimental 

Média (ml)

Desvio Padrão (ml)

CVMédia 

(kg/(m2.√h))

Desvio Padrão 

(kg/(m2.√h))CV

11 1,35 0,62 46% 0,28 0,13 46%11 0,66 0,36 55% 0,13 0,08 66%4 6,14 2,23 36% 1,03 0,35 34%3 0,40 0,36 90% 0,05 0,05 94%10 0,88 0,30 35% 0,20 0,08 40%10 0,87 0,25 29% 0,21 0,08 38%10 0,99 0,27 27% 0,25 0,09 36%6 1,83 0,46 25% 0,37 0,10 28%4 1,85 0,81 44% 0,34 0,16 47%7 0,67 0,11 17% 0,13 0,04 31%7 0,58 0,24 41% 0,10 0,05 53%6 2,77 3,35 121% 0,59 0,76 129%7 3,36 3,38 101% 0,56 0,35 62%2 5,20 4,24 82% 0,97 0,78 81%7 5,11 4,61 90% 0,74 0,53 71%

MZ3 5,06 11 2,78 1,59 57% 1,86 0,97 52%

MZ6 3,52 11 2,41 2,76 114% 1,58 1,74 110%

10 0,50 0,80 162% 0,09 0,15 161%

10 0,35 0,17 48% 0,05 0,02 47%

10 0,35 0,21 59% 0,09 0,05 56%

10 0,34 0,15 43% 0,09 0,04 43%

10 0,37 0,17 46% 0,11 0,04 37%

10 0,41 0,12 29% 0,12 0,04 31%

Argamassa tradicional 

bastarda com ligantes à base 

de cal

Argamassa tradicional 

com pastilhas cerâmicas

Reboco cimentício pré‐

doseado monocamada

MCC

MCR

Alvenaria de tijolo

M1

M2

M3

M4

M5

Carregado

Ladrilhos cerâmicos

EPS1

EPS2

Alvenaria de pedra

Alvenaria de tijolo

Placas EPS

Caxias 60

Restelo 180

Argamassa industrial de colagem e 

revestimento de placas isolantes

1,16

Laboratório de 

Construção180 0,5

180

4,08

0,95

8,80

8,80

8,80

8,76

Coeficiente de absorção (kg/(m2.√h))

Paramentos Localização

Duração do 

ensaio (min)

Área de 

estudo 

(m2)

Nº de ensaios

Tipo de suporte

Tipo de revestimento

Volume de água absorvida (ml)

 

• Utilização de tubos de Karsten diferentes 

Este estudo  concluiu que a utilização de  tubos de Karsten  com  alturas diferentes  influencia directamente os resultados, devido à pressão exercida pela água na superfície de contacto ser maior quanto maior a altura. Para os ensaios realizados, uma diferença percentual de 12,7% na pressão traduziu‐se numa diferença percentual média de volume de água absorvida de 28,9% com um coeficiente de correlação associado entre os resultados dos tubos diferentes de 0,83.  

• Condições climáticas distintas (sol e chuva) 

Registaram‐se absorções  inferiores no caso da  inspecção realizada sob condições de “chuva” em  relação  à  inspecção  realizada  no  dia  anterior  sob  condições  de  sol,  o  que  se  deve presumivelmente  à  saturação  superficial  dos  poros  do  paramento.  No  entanto,  devido  à sensibilidade  da  técnica  e  ao  reduzido  número  de  ensaios  realizados,  não  foi  possível quantificar a variação de tal facto. 

 

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Capítulo 5 

94  

• Variação  do  material  de  fixação  (silicone  transparente,  massa  anti‐vibratória  e plasticina) 

Este estudo permitiu verificar que cada material tem as suas vantagens e desvantagens: 

o a  silicone  transparente  apresentou  as melhores  características  de material vedante, sendo a plasticina o pior;  

o a  plasticina  e  a massa  anti‐vibratória  têm  um  procedimento  de  fixação  que permite reduzir o tempo dispendido no ensaio, visto poder iniciar‐se o ensaio logo após a fixação dos tubos enquanto com a silicone é necessário aguardar a secagem do material; 

o a  plasticina  e  a massa  anti‐vibratória  provocam maior  redução  da  área  de absorção do que a silicone transparente. 

Concluiu‐se que é  recomendável a utilização da  silicone  transparente quando  se pretendem resultados  de  maior  fiabilidade  e  rigor,  visto  ser  o  material  de  melhores  características vedantes, e ainda quando o  tempo de ensaio não é  relevante. Para casos em que se deseja reduzir o tempo despendido, é recomendável a utilização da massa anti‐vibratória. Por outro lado,  visto  a  plasticina  não  apresentar  nenhuma  vantagem  quanto  ao material massa  anti‐vibratória  e  ainda  apresentar  dificuldades  acrescidas  na  sua  fixação,  não  se  recomenda futuramente a sua utilização. 

• Localização dos tubos (casos de juntas em revestimentos cerâmicos) 

O  estudo  da  permeabilidade  à  água  líquida  do  ladrilho  cerâmico  concluiu  que  este  era impermeável pois não registou qualquer absorção ao  longo do ensaio. Ao analisar os valores médios de volume de água absorvida  registados nos casos de  juntas estudados, verificou‐se que  as  juntas  horizontais  e  verticais,  ou  seja  as  juntas  unidireccionais,  foram  as  que absorveram mais, seguidas pelas juntas em cruz (multidireccionais), e por fim pelas juntas em T e em T  invertido (juntas bidireccionais). Presumivelmente, a tendência ao destacamento da junta do cerâmico, justifica tal comportamento, visto ocorrer mais frequentemente em juntas horizontais e verticais, e ainda em juntas em cruz, do que em juntas em T e em T invertido. 

• Tipos de superfícies  (revestimentos de argamassa e de  ladrilhos cerâmicos e ainda placas ETICS) 

Os resultados obtidos no que diz respeito às médias registadas, do volume de água absorvida e respectivos coeficientes de absorção, resumem‐se na Tabela 5.21. 

Tais registos foram comparados com os de outros investigadores como Gomes [2009], Flores‐Colen  [2009],  Duarte  [2009]  e  Gonçalves  [2010],  determinando  que  obtiveram  resultados semelhantes nas respectivas superfícies correspondentes analisadas. 

Constataram‐se  absorções menores  nas  placas  ETICS  e  na  fachada  revestida  em  pastilhas cerâmicas ensaiada no Restelo,  seguidas pelos  revestimentos monocamada do Carregado. A argamassa tradicional ensaiada em Caxias registou absorções consideravelmente superiores.  

 

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  Apresentação e discussão dos resultados experimentais 

    95 

Tabela 5.21 ‐ Resumo dos valores médios de volumes de água absorvida e coeficientes de absorção 

Paramentos LocalizaçãoTipo de suporte

Tipo de revestimento

Número de 

ensaios

Valores médios de volumes de água absorvida 

(ml)

Valores médios de coeficientes de absorção 

(kg/m2.√h)

M1, M2, M3 CarregadoAlvenaria de tijolo

Argamassa industrial ‐ 

monocamada59 [0,40 ‐ 1,35] [0,05 ‐ 0,28]

MZ3, MZ6 CaxiasAlvenaria de pedra

Argamassa tradicional

22 [2,41 ‐ 2,78] [1,58 ‐ 1,86]

MCR ResteloAlvenaria de tijolo

Pastilhas cerâmicas  + 

arg. tradicional

20 [0,35 e 0,50] [0,05 e 0,09]

EPS1, EPS2Lab. 

ConstruçãoPlacas EPS

Argamassa industrial

40 [0,34 ‐ 0,41] [0,09 ‐ 0,12]

 

• Análise da reprodutibilidade de resultados 

Nos  diversos  casos  de  estudo  analisados,  concluiu‐se  que  existe  reprodutibilidade  de resultados no que respeita a alturas de medições diferentes, visto que os resultados obtidos nas  inspecções repetidas seguiam a mesma tendência verificada nas  inspecções anteriores. É de  referir que essa  reprodutibilidade não  foi  tão notável em obras  in‐situ,  como em placas ensaiadas  em  laboratório,  ou  como  em  muretes  experimentais  ensaiados  in‐situ, presumivelmente devido às condições de aplicação dos revestimentos. 

 

   

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Capítulo 5 

96  

 

   

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  Conclusões e desenvolvimentos futuros 

  97 

6. Conclusões e desenvolvimentos futuros 

6.1. Considerações gerais O desenvolvimento deste trabalho incidiu sobre o estudo da eficácia da técnica de diagnóstico do  tubo  de  Karsten,  que  permite medir  a  permeabilidade  à  água  líquida  a  baixa  pressão  e avaliar  as  características  em  serviço,  dos  revestimentos  cerâmicos  e  de  argamassas (tradicionais e  industriais), no que  respeita ao  seu desempenho em  serviço  face à acção da água. 

As características de desempenho explicitam as propriedades necessárias a um desempenho em  serviço  admissível,  que  permita  cumprir  as  exigências  funcionais  essenciais.  Neste contexto,  a  avaliação  do  seu  desempenho  realiza‐se  comparando  tais  características  com requisitos de desempenho definidos em documentos normativos.  

É de salientar, que uma das principais causas de diminuição dos níveis de desempenho a que revestimentos  exteriores  se  encontram  sujeitos,  é  a  acção  da  água.  Assim,  a  resistência  à penetração de água em paredes, que se pode dar por infiltração, sob pressão, por capilaridade ou difusão do vapor de água, é uma das características mais  importantes dos  revestimentos exteriores.  Podem‐se  destacar  como  indicadores  de  desempenho  nos  revestimentos  de argamassas,  a  permeabilidade  à  água  sob  pressão,  o  coeficiente  de  capilaridade  e  a permeabilidade ao vapor de água, e nos revestimentos de  ladrilhos cerâmicos a absorção de água  e  a  expansão  por  humidade.  Nesta  dissertação,  a  absorção  de  água  líquida  a  baixa pressão e o respectivo coeficiente de absorção, obtidos através do ensaio de Karsten servem como principais indicadores do comportamento em serviço dos rebocos e ladrilhos em análise face à penetração da água líquida. 

As  campanhas experimentais  realizadas, nomeadamente na EEN no Carregado, num edifício no  Restelo,  num  paramento  em  Caxias  e  em  placas  no  Laboratório  de  Construção,  foram cumpridas tendo em vista os objectivos descritos na  introdução. Os resultados obtidos foram analisados na óptica da avaliação da variabilidade da técnica e da determinação da quantidade mínima de ensaios a realizar, no estudo de vários parâmetros de influência da técnica e ainda na verificação da reprodutibilidade de resultados, conduzindo às conclusões que em seguida se sintetizam. 

6.2. Conclusões gerais O desempenho em serviço dos revestimentos exteriores é aferido através de metodologias de avaliação, da qual fazem parte as técnicas de ensaio in‐situ. Neste contexto, foi abordada neste trabalho a  técnica do  tubo de Karsten, que mede a permeabilidade à água  líquida sob baixa pressão, e que apresentou grande utilidade na avaliação quantitativa desta característica de desempenho em serviço dos revestimentos exteriores. 

O  trabalho  experimental  realizado  foi  principalmente  dedicado  a  inspecções  in‐situ,  com trabalho desenvolvido em laboratório de menor expressão. Deste modo, analisaram‐se in‐situ 6 muros testes no Carregado, um edifício no Restelo e um paramento em Caxias, num total de aproximadamente  150  medições  com  o  tubo  de  Karsten,  enquanto  no  Laboratório  de 

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Capítulo 6 

98  

Construção  do  DECivil  foram  estudadas  duas  placas  ETICS  num  total  de  40 medições  para efeitos comparativos.  

A variabilidade da técnica registou valores entre os 27% e os 162%, dependendo não só dos factores  associados  à  técnica  como  também  aos  casos  de  estudo  analisados  (amostragem estudada). Registaram‐se maiores  variabilidades em  situações de obra  (Caxias e Restelo) de características de argamassa e sua aplicação desconhecidas, do que as registadas nos muretes experimentais  do  Carregado  (argamassas  pré‐doseadas)  e  nas  placas  ETICS  (estudo  em laboratório). 

O estudo relativo ao número mínimo de ensaios a realizar por paramento, para uma área de referência máxima de 10 m2, permitiu  concluir que  a  realização de 10  ensaios, no mínimo, permite obter uma avaliação  fidedigna da permeabilidade à água  líquida do paramento em análise. Ao excluir os resultados obtidos (em geral 2 ou 3) que não se encontram no intervalo de ±σ da média do volume de água absorvida, na sua maioria resultados mais susceptíveis a erros, afastados da média, obtêm‐se menores variabilidades e consequentemente uma maior fiabilidade do diagnóstico em serviço desta técnica. 

Indo ao encontro dos objectivos  inicialmente propostos, no que diz respeito aos parâmetros que  se  previam  influenciar  a  técnica  do  tubo  de  Karsten,  através  do  trabalho  realizado  foi possível concluir que: 

• a pressão exercida pela água na superfície de contacto varia proporcionalmente com a altura  de  água  dentro  do  tubo,  verificando‐se  absorções maiores  quanto maior  for essa pressão;  

• as  condições  climáticas  em  que  se  realizam  os  ensaios  influenciam  os  resultados, registando‐se menores absorções em ensaios realizados sob condições (simuladas) de chuva do que em condições de sol devido à saturação superficial dos poros do reboco;  

• no  que  diz  respeito  aos  materiais  de  fixação,  a  silicone  transparente  apresenta melhores características de material vedante mas maior tempo de realização de ensaio devido à necessidade de  aguardar a  secagem do material; a massa anti‐vibratória é pior vedante do que a  silicone mas melhor do que a plasticina;  tanto a massa anti‐vibratória como a plasticina permitem reduzir o tempo de ensaio, podendo  iniciar‐se logo após a fixação dos tubos, e provocam maior redução da área de absorção do que a  silicone  transparente;  pelo  exposto,  recomenda‐se  a  utilização  da  silicone transparente quando se pretendem resultados mais rigorosos e a utilização da massa anti‐vibratória quando se pretende reduzir o tempo dispendido com o ensaio. No caso da  plasticina,  não  se  recomenda  futuramente  a  sua  utilização  pois  não  possui vantagens relativamente à massa anti‐vibratória e apresenta maiores dificuldades de fixação bem como piores características, como a resistência a elevadas temperaturas e a elasticidade.  

• nos  revestimentos  cerâmicos,  a  água  absorvida não  se dá pelos  ladrilhos  cerâmicos pois  estes  são  impermeáveis  (nos  cerâmicos  ensaiados).  As  juntas  horizontais  e 

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   Conclusões e desenvolvimentos futuros 

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verticais apresentam maiores absorções de água do que as restantes juntas estudadas (em cruz, em T e em T  invertido), presumivelmente devido à sua maior tendência ao destacamento  da  junta  do  cerâmico,  pelo  que  a  localização  dos  tubos  em revestimentos cerâmicos tem influência nos resultados da técnica;  

• as placas ETICS e a  fachada  revestida em pastilhas cerâmicas  registaram as menores absorções  de  água,  seguidas  pelos  revestimentos  cimentícios monocamada;  com  o paramento em argamassa tradicional à base de cal a registar a maior permeabilidade à água  líquida, confirmando a  já esperada  influência dos tipos de revestimento sobre a técnica.  

Na análise de inspecções repetidas, sob as mesmas condições, constatou‐se que os resultados seguiam a mesma  tendência verificada em  inspecções anteriores. Tal permitiu  concluir que, nos  casos  de  estudo  analisados,  existiu  reprodutibilidade  de  resultados  em  alturas  de medições diferentes. Verificou‐se também que essa reprodutibilidade não foi tão notável em obras  in‐situ,  como  em  placas  ETICS  ensaiadas  em  laboratório,  ou  como  em  muretes experimentais ensaiados in‐situ. 

Ao  longo das campanhas experimentais,  identificaram‐se diversos factores que dificultaram o ensaio e a correcta interpretação dos seus resultados, dos quais se destacam: 

• o estado de degradação da superfície, através da presença de anomalias tais como a presença de colonização biológica e fissuração e/ou microfissuração;  

• o  deficiente  isolamento  do  material  de  fixação  devido  à  incorrecta  execução  da técnica; 

• a  redução  da  área  de  contacto  do  tubo  com  o  paramento  devido  ao  excesso  de material de fixação. 

Pelo exposto, o  trabalho desenvolvido permitiu atingir os objectivos delineados e ampliar os estudos e conhecimentos da técnica de ensaio do tubo de Karsten e também do desempenho em serviço dos revestimentos analisados.  

6.3. Desenvolvimentos futuros No  seguimento  dos  resultados  obtidos  neste  trabalho,  é  de  interesse  dar  continuação  e aprofundar  alguns  aspectos  estudados,  bem  como  realizar  algumas  investigações  que permitam  complementar  o  trabalho  desenvolvido,  pelo  que  se  destacam  para desenvolvimento futuro os seguintes pontos: 

• avaliação dos casos de juntas em revestimentos cerâmicos e das condições climáticas em que se realizam os ensaios, com o objectivo de discutir e aprofundar as conclusões obtidas neste estudo; 

• analisar  a  influência  de  outros  materiais,  ou  métodos,  de  fixação  para  além  dos estudados  (silicone  transparente, massa  anti‐vibratória  e  plasticina)  como  a  fixação por vácuo; 

• verificar a  influência da preparação da superfície através da sua  limpeza, que poderá ser feita através de raspagem com lixa e remoção de poeiras com pincel; 

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Capítulo 6 

100  

• realizar  um  maior  número  de  ensaios  em  paramentos  definidos  para,  através  de análise estatística mais detalhada, estudar a variabilidade da técnica com uma amostra maior; caracterizando também os outliers (valores extremos nos resultados). 

   

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A B 

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RILEM  (1993)  ‐  Draft  recommendation  for  in‐situ  concrete  strength  determination  by combined  nondestructive  methods,  RILEM  draft  recommendation,  Materials  and Structures, volume 26, issue 155, pp. 43‐49.  RILEM  (1980)  ‐ Réunion  internationale des  laboratoires d´essais  et de  recherche  sur  les matériaux  et  les  constructions.  Commission  25  ‐  PEM  ‐  protection  et  érosion  des monuments  ‐  Essais  recommandés  pour  mesurer  l´altération  des  pierres  et  évaluer l´efficacité  des méthodes  de  traitement. Matériaux  et  Constructions,  volume  3,  n.º  55, Paris.  Sá; A.  (2005)  ‐ “Durabilidade de cimentos cola em  revestimentos cerâmicos aderentes a fachadas”, Dissertação de Mestrado em Construção de Edifícios, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, Janeiro, 168 p.   Santos,  S.  (2009)  ‐  “Argamassas  pré‐doseadas  para  rebocos  de  edifícios  recentes”, Dissertação  para  obtenção  do  grau  de  Mestre  em  Engenharia  Civil,  Lisboa,  Instituto Superior Técnico, Novembro, 108p.  Scartezini,  L.  M.,  et  al.  (2002)  ‐  Influência  do  preparo  da  base  na  aderência  e  na permeabilidade  à  água dos  revestimentos de  argamassa. Ambiente Construído. 2:2. pp. 85‐92.  Shohet, I. M.; Puterman, M.; Gilboa, E. (2002) ‐ Deterioration patterns of building cladding components  for maintenance management.  Construction Management  and  Economics. 20: pp. 305‐314.  Silva, V. (2004) ‐ “Manual de inspecções e ensaios na reabilitação de edifícios”. Lisboa: IST Press, 437 p.  Silvestre;  J.  (2005)  ‐  “Sistemas  de  apoio  à  inspecção  e  diagnóstico  de  anomalias  em revestimentos  cerâmicos  aderentes”,  Dissertação  de  Mestrado  em  Construção,  IST, Setembro, 190 p.  Sobrinho,  M.  (2008)  ‐  “Estudo  da  ocorrência  de  fungos  e  da  permeabilidade  em revestimentos de argamassa em habitações de interesse social ‐ estudo de caso na cidade de  Pitangueiras/SP.”,  Programa  de  Pós‐Graduação  em  Construção  Civil  da Universidade Federal de São Carlos, Dezembro, 98p.  Sousa;  R.  (2008)  ‐  “Previsão  da  vida  útil  dos  revestimentos  cerâmicos  aderentes  em fachada”, Dissertação de Mestrado em Construção, IST, Outubro, 155 p.  Tavares, M.; Magalhães, A.; Veiga, M.; Aguiar,  J.  (2005)  ‐  “Métodos de diagnóstico para revestimientos de edifícios antiguos.  Importancia  y aplicabilidad de  los ensayos  in  situ”. Boletin PH nº 53. Sevilla: Instituo Andaluz del Patrimonio Histórico.  Veiga,  M.  R.  (1998)  ‐  “Comportamento  de  argamassas  de  revestimento  de  paredes  ‐ Contribuição para o estudo da sua resistência à  fendilhação”, Dissertação para obtenção do grau de Doutor em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Teses e programas de investigação do LNEC, 455 p. 

T V 

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Bibliografia 

106 

Veiga; M. R.  (2001)  ‐  “Revestimentos de paredes:  funções  e  exigências”, Arquitectura  e Vida, n.º 12, Lisboa, Janeiro, pp. 74‐80.  

Veiga, M. R. (2005) ‐ Comportamento de rebocos para edifícios antigos: exigências gerais e requisitos  específicos para  edifícios  antigos,  Seminário  “Sais  solúveis  em  argamassas de edifícios antigos”. Lisboa, LNEC, 14‐15 de Fevereiro. 

Veiga, M.  R.  (2005a)  ‐  “Comportamento  de  revestimentos  de  fachadas  com  base  em ligante mineral. Exigências  funcionais e avaliação do desempenho”.  In: 1º Congresso de Argamassas de Construção, Lisboa, LNEC, Novembro, CD‐ROM. 

Veiga,  M.  R.  (2005b)  ‐  “Argamassas  de  cal  na  conservação  de  edifícios  antigos”; Comunicação apresentada na “Sessão de Conferências sobre Reabilitação de Edifícios da Ordem dos Engenheiros”; LNEC, Junho.

Yveras, Veronica  (2002)  ‐  Performance  indicators  as  a  tool  for  decisions  in  the  building process. Building Physics ‐ 6th Nordic Symposium, Trondheim, Norway, pp. 547‐554. 

Regulamentação/Normalização/Especificação  

• CEN (2001)  ‐ “Adhesives for tiles  ‐ Definitions and specifications” EN 12004. Brussels: Comité Europeén de Normalisation.  

• CEN (2002a) ‐ “Methods of test for mortar for masonry ‐ Part 21: Determination of the compatibility  of  one‐coat  rendering mortars with  subtrates”.  EN  1015‐21.  Brussels: Comité Europeén de Normalisation.  

• CEN  (2002b)  ‐  “Methods of  test  for mortar  for masonry  ‐ Part 18: Determination of water absorption coefficient due to capillary action of hardened mortar”. EN 1015‐18. Brussels: Comité Europeén de Normalisation.  

• CEN  (2003)  ‐  “Ceramic  tiles  ‐  definitions,  classification,  characteristics  and marking” (ISO 13006:1998, modified) EN 14411. Brussels: Comité Europeén de Normalisation.  

• CEN (2003a) ‐ “Specification for mortar for masonry ‐ Part 1: Rendering and plastering mortar.” EN 998‐1. Brussels: Comité Europeén de Normalisation.  

• CEN  (2003b)  ‐  “Specification  for mortar  for masonry  ‐  Part  2: Masonry mortar”  EN 998‐1. Brussels: Comité Europeén de Normalisation.    

• CSA  (2001)  ‐  “Guideline  on  Durability  in  Buildings”,  CSA  S478‐95  (2001).  Toronto: Canadian Standards Association, 112p.  

• CSTB  (1982)  ‐  “Note  dínformation  sur  les  caractéristiques  et  le  comportement  des enduits extérieurs d’imperméabilisation de murs à base de liants hidraulyques”. Cahier 1778. Paris: Centre Scientifique et Technique du Bâtiment, (230): Juin.  

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  Bibliografia 

    107 

• DIN  (2003)  ‐  “Adhesives  for  tiles:  Determination  of  transverse  deformation  for cemetitious adhesives and grouts.” DIN 12002. Berlin: Deutsches Institut für Normung.  

 • Directiva Europeia 89/106/CE, publicada no JOC L 40/12de 11/02/89 e modificada pela 

directiva 93/68/CE, publicada no JOC L 220 de 30/08/93. Transposta para a legislação portuguesa pelos DL 113/93 de 10 de Abril, Portaria nº 565/93, de 2 de  Junho e DL 139/95 de 14 de Junho.  

• ISO (1995) ‐ “Ceramic tiles ‐ Part 10: Determination of moisture expansion” ISO 10545 ‐10. Geneva: International Organization for Standardization  

• ISO (1998) ‐ “Ceramic tiles ‐ Definitions, classification, characteristics and marking.” ISO 13006. Geneva: International Organization for Standardization.  

• ISO (2000) ‐ “Buildings and constructed assets ‐ Service  life planning ‐ Part 1: General Principles.” ISO 15686‐1. Geneva: International Organization for Standardization.  

• LNEC  (1995)  ‐  “Caracterização  de  argamassas  de  reboco  para  edifícios  antigos”. Relatório 254/95 ‐ NCCt. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 53p.  

• LNEC (1995) ‐ Bases para homologação de revestimentos pré‐doseados de gesso para paramentos interiores de paredes. Relatório 196/95 ‐ NCCt, LNEC, Lisboa.  

• LNEC  (1999)  ‐  “Revestimentos  de  paredes.  Caracterização  da  capacidade  de impermeabilização”. FE Pa 38. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil.  

• LNEC  (2002a)  ‐ Ensaios  in‐situ sobre revestimentos de paredes para edifícios antigos. Ensaios preliminares com tubos de Carsten. Lisboa: LNEC. Relatório 238/02 ‐ NCCt.  

• LNEC  (2002b)  ‐  Revestimento  de  paredes.  Ensaio  de  absorção  de  água  sob  baixa pressão. LNEC, Lisboa.  

• LNEC (2005) ‐ “Regras para a concessão de documentos de aplicação a revestimentos pré‐doseados  de  ligante  mineral  com  base  em  cimento  para  paredes”.  Relatório 427/05‐NRI, Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil.  

Sites consultados  

[w1] ‐ www.apfac.pt, consultado em Março/Abril 2011 

[w2] ‐ www.metropoletintas.com.br, consultado em Março/Abril 2011 

[w3] ‐ www.forumdacasa.com, consultado em Março/Abril 2011 

[w4] ‐ www.seutrabalho.com, consultado em Março/Abril 2011 

[w5] ‐ www.topcer.com, consultado em Março/Abril 2011 

[w6] ‐ www.cinca.pt, consultado em Março/Abril 2011 

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Bibliografia 

108 

[w7] ‐ www.revigres.com, consultado em Março/Abril 2011 

[w8] ‐ www.engenhariacivil.com/patologia‐reabilitacao‐revestimentos‐fachada, consultado em Março/Abril 2011 

[w9] ‐ www.weber.com.pt, consultado em Março/Abril 2011 

[w10] ‐ www.guard‐industries.net/es/produits/1‐ProtectGuard, consultado em Março/Abril 2011 

[w11] ‐ www.tintas2000.pt/nm_quemsomos.php?id=180, consultado em Março/Abril 2011 

[w12] ‐ http://pt.wikipedia.org/wiki/Reprodutibilidade, consultado em Maio 2011 

[w13] ‐ http://pt.wikipedia.org/wiki/Plasticina, consultado em Agosto 2011 

[w14] ‐ www.bostik.pt/aplicacoes/prestik_fp_brico.htm, consultado em Agosto 2011 

 

   

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ANEXOS 

   

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A.1 

 

 

 

 

ANEXO A ‐ resultados experimentais 

   

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A.1 

Tabela A.1 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção no paramento M1, Carregado 

 

 

 

Tabela A.2 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção no paramento M1, Carregado 

 

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A.2 

Tabela A.3 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção no paramento M2, Carregado 

 

 

Tabela A.4 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção no paramento M2, Carregado 

 

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A.3 

Tabela A.5 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção no paramento M3, Carregado 

 

 

 

Tabela A.6 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção no paramento M3, Carregado 

 

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A.4 

Tabela A.7 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 3ª inspecção no paramento M3, Carregado 

 

 

 

Tabela A.8 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção no paramento M4, Carregado 

 

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A.5 

Tabela A.9 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção no paramento M4, Carregado 

 

 

Tabela A.10 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção no paramento M5, Carregado 

 

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A.6 

Tabela A.11 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção no paramento M5, Carregado 

 

Tabela A.12 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção no paramento MCC, Carregado 

 

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A.7 

Tabela A.13 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção no paramento MCC, Carregado 

 

Tabela A.14 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 3ª inspecção no paramento MCC, Carregado 

 

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A.8 

Tabela A.15 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 4ª inspecção no paramento MCC, Carregado 

 

 

 

Tabela A.16 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na inspecção ao paramento MZ3, Caxias 

 

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A.9 

Tabela A.17 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na inspecção ao paramento MZ6, Caxias 

 

 

 

 

Tabela A.18 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção ao paramento MCR, Restelo 

 

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A.10 

Tabela A.19 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção ao paramento MCR, Restelo 

 

 

 

Tabela A.20 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida no 1º conjunto de medições na placa EPS1, Laboratório de construção 

 

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A.11 

Tabela A.21 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida no 2º conjunto de medições na placa EPS1, Laboratório de construção 

 

 

 

Tabela A.22 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida no 1º conjunto de medições na placa EPS2, Laboratório de construção 

 

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A.12 

Tabela A.23 ‐ Registos individuais dos volumes de água absorvida no 2º conjunto de medições na placa EPS2, Laboratório de construção 

 

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ANEXO B ‐ fichas técnicas    

B.1

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B.1 

Anexo B.1 ‐ Ficha técnica do material de fixação massa anti‐vibratória 

 

 

 

 

B.1

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Anexo B.2 ‐ Ficha técnica do material de fixação silicone transparente 

 

 

 

B.2

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B.1 

 

 

 

B.3

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B.4

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B.1 

 

 

B.5

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