custo - uma abordagem simplificada

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CUSTO: UMA ABORDAGEM SIMPLIFICADA O estudo da contabilidade, seja qual for a sua ramificação (comercial, bancária, pública, de custos, entre outros), fica mais fácil quando é obedecida a seqüência gradativa e lógica que a disciplina exige. Vejamos um exemplo bem simplificado de custos, utilizando uma receita caseira de doce de abóbora. Ingredientes: 8 kg de abóboras .................... $ 32,00 1,5 kg de açúcar ....................... $ 3,00 150 grs de côco ralado ............. $ 2,00 6 grs de cravo da índia ............. $ 1,00 3 xícaras de água ..................... $ 0,00 Total ....................................... $ 38,00 Tempo de preparo no fogão: 2 horas e meia Tempo de trabalho: 4 horas Rendimento: 5 kg aproximadamen te Pergunta-se: Qual é o custo desse doce? Quando você vai a uma confeitaria e compra um doce, o custo desse doce, para você, é o preço pago por ele. Entretanto, no nosso exemplo de fabricação do doce, o seu custo corresponde apenas aos gastos com a compra dos ingredientes? É evidente que não, pois para fazer o doce de abóbora, além dos ingredientes, foram utilizados: cozinha, mesa, faca, panela, fogão, colher, água, gás e energia elétrica. Dessa forma, tanto os ingredientes utilizados como os demais elementos que concorreram para que o doce de abóbora fosse feito tem CUSTO e precisam ser considerados. Pelo que foi exposto até aqui, você pode concluir que o Custo de Fabricação ou Custo de Produção apresentam duas partes: PARTE DIRETA: Composta pelos gastos de aquisição dos ingredientes utilizados integralmente na fabricação (tecnicamente conhecidos por Materiais Diretos = MD ou Matérias-Prima = MP) mais o custo das horas de trabalho (tecnicamente conhecidos por Mão-de-obra Direta = MOD). A soma desses gastos também é denominada CUSTO DIRETO, pois suas quantidades e seus valores são facilmente identificados em relação ao produto. Portanto, no exemplo do doce de abóbora, pode-se concluir que os MD ou MP = $ 38,00 (soma dos ingrediente: abóbora = $ 32,00; açúcar = $ 3,00; côco ralado = $ 2,00 e cravo da índia = $ 1,00) e a MOD = $ 4,00 (a confeiteira ganha $ 1,00 por hora de trabalho, e trabalhou 4 horas para fazer o doce). PARTE INDIRETA: Co mposta pelos gastos com ou tr os elem en tos que conc or reram indiretamente na fabricação do doce, como: aluguel, IPTU, depreciação, gás e energia elétrica (tecnicamente conhecidos por Custos Indiretos de Fabricação = CIF). O Custo Direto de produção é fácil de ser conhecido, pois geralmente corresponde aos valores integralmente gastos na compra dos materiais utilizados, mais a Mão-de-obra das pessoas que trabalharam diretamente na produção/fabricação. Por outro lado, para se conhecer o valor dos Custos Indiretos de Fabricação de cada produto, deve-se estabelecer regras e efetuar cálculos para que os referidos custos sejam adequadamente atribuídos a cada produto. Os Custos Indiretos de Fabricação são assim denominados porque não correspondem a gastos realizados

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8/3/2019 CUSTO - Uma Abordagem Simplificada

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CUSTO: UMA ABORDAGEM SIMPLIFICADA

O estudo da contabilidade, seja qual for a sua ramificação (comercial, bancária, pública, decustos, entre outros), fica mais fácil quando é obedecida a seqüência gradativa e lógica que adisciplina exige.

Vejamos um exemplo bem simplificado de custos, utilizando uma receita caseira de doce deabóbora.

Ingredientes:

8 kg de abóboras .................... $ 32,001,5 kg de açúcar ....................... $ 3,00150 grs de côco ralado ............. $ 2,006 grs de cravo da índia ............. $ 1,003 xícaras de água ..................... $ 0,00Total ....................................... $ 38,00

Tempo de preparo no fogão: 2 horas e meiaTempo de trabalho: 4 horasRendimento: 5 kg aproximadamente

Pergunta-se: Qual é o custo desse doce?

Quando você vai a uma confeitaria e compra um doce, o custo desse doce, para você, é o preçopago por ele. Entretanto, no nosso exemplo de fabricação do doce, o seu custo correspondeapenas aos gastos com a compra dos ingredientes? É evidente que não, pois para fazer o docede abóbora, além dos ingredientes, foram utilizados: cozinha, mesa, faca, panela, fogão, colher,

água, gás e energia elétrica. Dessa forma, tanto os ingredientes utilizados como os demaiselementos que concorreram para que o doce de abóbora fosse feito tem CUSTO e precisam ser considerados. Pelo que foi exposto até aqui, você pode concluir que o Custo de Fabricação ouCusto de Produção apresentam duas partes:

PARTE DIRETA: Composta pelos gastos de aquisição dos ingredientes utilizados integralmentena fabricação (tecnicamente conhecidos por Materiais Diretos = MD ou Matérias-Prima = MP)mais o custo das horas de trabalho (tecnicamente conhecidos por Mão-de-obra Direta = MOD).A soma desses gastos também é denominada CUSTO DIRETO, pois suas quantidades e seusvalores são facilmente identificados em relação ao produto.Portanto, no exemplo do doce de abóbora, pode-se concluir que os MD ou MP = $ 38,00 (soma

dos ingrediente: abóbora = $ 32,00; açúcar = $ 3,00; côco ralado = $ 2,00 e cravo da índia = $1,00) e a MOD = $ 4,00 (a confeiteira ganha $ 1,00 por hora de trabalho, e trabalhou 4 horaspara fazer o doce).

PARTE INDIRETA: Composta pelos gastos com outros elementos que concorreramindiretamente na fabricação do doce, como: aluguel, IPTU, depreciação, gás e energia elétrica(tecnicamente conhecidos por Custos Indiretos de Fabricação = CIF).O Custo Direto de produção é fácil de ser conhecido, pois geralmente corresponde aos valoresintegralmente gastos na compra dos materiais utilizados, mais a Mão-de-obra das pessoas quetrabalharam diretamente na produção/fabricação. Por outro lado, para se conhecer o valor dosCustos Indiretos de Fabricação de cada produto, deve-se estabelecer regras e efetuar cálculos

para que os referidos custos sejam adequadamente atribuídos a cada produto. Os CustosIndiretos de Fabricação são assim denominados porque não correspondem a gastos realizados

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especificamente para esse ou aquele produto. Na empresa industrial, eles beneficiam toda aprodução do período. O gasto com aluguel, por exemplo, é indispensável para que a empresapossa existir, porém não está ligado a um ou outro produto; assim, o seu custo deve ser atribuído através de algum critério para todos os produtos que foram fabricados pela indústrianaquele período. No nosso exemplo, embora não seja uma empresa, para conhecer o Custo de

Produção real do doce, precisa incluir uma parcela do aluguel. Tecnicamente, a distribuiçãoproporcional que se faz para atribuir a este ou aquele produto o valor dos Custos Indiretos deFabricação, denomina-se RATEIO. Para se efetuar o rateio (distribuição), há necessidade de seadotar algum critério, seja ele estimado ou atribuído. Esse critério é denominado BASE DERATEIO.

Veja a seguir, com base no exemplo em questão, alguns critérios que podem ser usados comobase para ratear o valor dos Custos Indiretos:

Aluguel/IPTU: critério (base) para rateio = horas de trabalho.Considerando que se paga $ 240,00 por mês de aluguel (IPTU incluído), o valor a ser 

considerado como Custo Indireto de Fabricação (CIF) é obtido do cálculo: $ 240,00 / 30 dias = $8,00 por dia => $ 8,00 eqüivale a 8 horas, assim para 4 horas = $ 4,00

Utensílios: critério (base) para rateio = horas de trabalho. Os utensílios utilizados para fazer o doce – mesa, panela, fogão, faca, entre outros – não seconsomem durante um processo de fabricação. Eles tem tempo de vida útil maior, podendo ser utilizados na fabricação de muitos quilos de doce, durante alguns anos. O critério para incluir noCusto de Produção (CP) o valor do gasto na aquisição desses bens é a DEPRECIAÇÃO.Através da depreciação, considera-se como Custo do período uma parcela do valor gasto naaquisição dos bens duráveis, em razão do tempo de vida útil estimado para o referido bem.Suponha-se que o fogão, a mesa e os demais utensílios utilizados correspondam à depreciaçãode $ 720,00 por ano, eqüivalendo à depreciação mensal de $ 60,00. Sabendo-se que foramgastos 4 horas para se fazer o doce, o valor da depreciação proporcional ao número de horasgastas será de $ 1,00 (equivalente a meio dia de trabalho), representado pelo seguinte cálculo:$ 60,00 / 30 dias = $ 2,00 por dia $ 2,00 Gás: critério eqüivale a 8 horas, portanto para 4 horaseqüivale a $ 1,00 (base) para rateio = horas de trabalho. Suponha-se que, por um botijão degás de 13 quilos, tenha sido pago $ 26,00 e que, para consumir todo o gás contido no botijão,sejam necessárias 26 horas de trabalho. Logo, para cada hora de trabalho de gás consumidogasta-se $ 1,00. Se, para fazer o doce de abóbora o fogão ficou ligado durante 2 horas e meia, ocusto do gás consumido é dado por: Energia Elétrica: critério (base) para rateio = 2,5 horas x $

1,00 = $ 2,50 horas de trabalho. Considerando que, durante o mês, foram gastos $ 60,00 comenergia elétrica e sabendo que a casa tem 5 cômodos, os quais consomem energia elétrica emquantidades proporcionais, podemos estabelecer que a energia elétrica gasta por dia na cozinhacorresponde a: $ 60,00 / 5 cômodos = $ 12,00 mensais por Cômodo. Logo, $ 12,00 / 30 dias = $0,40 por dia. Assim, se $ 0,40 corresponde a 8 horas, para 4 horas corresponde $ 0,20. Agorapode-se concluir que, para fazer o doce de abóbora, concorreram os seguintes itens:a) Material Direto $ 38,00;

b) Mão-de-obra Direta $ 4,00;

c) Custos Indiretos de Fabricação: Aluguel/IPTU $ 4,00. Depreciação $ 1,00 . Gás $ 2,50 .

Energia Elétrica $ 0,20 $ 7,70

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Total = Custo de Produção (CP) $ 49,70

Após todos os cálculos acima, pode-se dizer que os 5 Kg de doce de abóbora custaram $ 49,70,assim, conclui-se que o custo de produção (CP) é composto por três elementos: Material Direto(MD) + Mão-de-obra Direta (MOD) + Custo Indireto de Fabricação (CIF)