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Curso de capacitação em licenciamento de atividades rurais para profissionais das secretarias municipais de meio ambiente
CONTEÚDO JURÍDICO
Estela Neves de Souza Albuquerque
Novembro de 2013
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 2
SUMÁRIO:
PARTE 1 -‐ Introdução a Legislação Ambiental 3
Proteção ao Meio Ambiente na Constituição Federal 3
Principais aspectos da Política Nacional do Meio Ambiente quanto ao
Licenciamento Ambiental
7
Resolução CONAMA 237/97 12
Principais princípios jurídicos aplicáveis 16
Principais aspectos da Política Estadual do Meio Ambiente: 22
PARTE 2 -‐ Competência municipal para o licenciamento 28
Competência do município para o licenciamento: atividades de impacto local e
delegação (CF/88, Resolução CONAMA nº 237/97 e LC nº 140/2011):
28
Legislação Estadual: Resolução COEMA nº 079/2009, Lei nº 7.389/2010 e IN
SEMA nº 05/2013 – procedimentos para habilitação atual e novas possibilidades
34
PARTE 3 -‐ Normas jurídicas para LAR: Passo a passo para emitir parecer
jurídico
41
Legislação estadual aplicável na análise do licenciamento ambiental rural –
simplificação dos procedimentos – atividades consolidadas:
41
Passo a passo para análise jurídica e emissão de parecer 51
Referências bibliográficas 85
ANEXO I -‐ Tabela de Competências dos Entes Federativos -‐ LC nº 140/2011 86
ANEXO II -‐ Tabela Exemplificativa de Divergência entre a Resolução COEMA nº
079/2009 e a Lei Estadual nº 7.389/2010
91
ANEXO III -‐ MODELO DE TCA – ANEXO I DA IN SEMA Nº 14/2011 93
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 3
Curso de capacitação em licenciamento ambiental rural para profissionais das
secretarias municipais de meio ambiente1
PARTE 1 -‐ Introdução a Legislação Ambiental
01. Proteção ao Meio Ambiente na Constituição Federal:
A principal base formal do direito ambiental é a Constituição Federal. As cartas
constitucionais brasileiras anteriores não previam de forma completa a proteção ao meio
ambiente, mas tão somente inseridas em dispositivos esparsos e relacionados a assuntos
diversos, como a proteção à saúde pública, sendo o enfoque predominante a infraestrutura
da atividade econômica, sem grandes preocupações com a conservação dos recursos naturais.
A proteção ao meio ambiente ganhou expressiva importância através da edição
da Lei nº 6.938/81, que dispõem acerca da Política Nacional de Meio Ambiente, trazendo à
tona os novos anseios e preocupações sociais em relação à problemática, e mostrando ao
legislador constituinte originário o novo prisma que deveria ser contemplado quando da
reforma constitucional, conferindo tutela autônoma de tão importante conceito jurídico.
Assim, na CF/88 foi contemplado capítulo próprio e autônomo acerca da tutela
ao meio ambiente, sem prejuízo de referência à mesma em diversos outros dispositivos do
texto constitucional.
TÍTULO VIII
Da Ordem Social
(...)
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-‐se ao Poder Público e
1 Conteúdo Jurídico produzido pela consultora Estela Neves de Souza Albuquerque para o curso de
Licenciamento de Atividade Rural promovido pelo Programa Municípios Verdes em novembro de 2013 e fevereiro
de 2014, no âmbito do projeto IMAZON/CLUA.
2 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 15ª edição. São Paulo: Atlas, 2013.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 4
à coletividade o dever de defendê-‐lo e preservá-‐lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º -‐ Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I -‐ preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico
das espécies e ecossistemas;
II -‐ preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III -‐ definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes
a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção; -‐ UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
IV -‐ exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade; -‐ LICENCIAMENTO AMBIENTAL – EIA/RIMA
V -‐ controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI -‐ promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente; -‐ EDUCAÇÃO AMBIENTAL
VII -‐ proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais
a crueldade.
§ 2º -‐ Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
forma da lei.
§ 3º -‐ As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. – RESPONSABILIDADE
AMBIENTAL (ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL)
§ 4º -‐ A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-‐Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-‐se-‐á, na
forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente,
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º -‐ São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º -‐ As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em
lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
Pela leitura do dispositivo acima em análise sistemática com diversos outros
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 5
previstos no novo texto constitucional, podemos afirmar que houve uma mudança do
enfoque dado à proteção do meio ambiente.
A carta constitucional continua conferindo tratamento especial ao
desenvolvimento econômico e às atividades produtivas, mas agora também com o uso
adequado e racional dos recursos ambientais, garantindo a qualidade de vida para as atuais e
futuras gerações. Trazendo o conceito tão difundido de desenvolvimento sustentável.
O renomado autor Paulo Bessa Antunes in Direito Ambiental2 destaca que:
“A fruição de um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado foi erigida em
direito fundamental pela ordem jurídica constitucional vigente. Esse fato, sem dúvida,
pode se revelar um notável campo para a construção de um sistema de garantias da
qualidade de vida dos cidadãos e de desenvolvimento econômico que se faça com
respeito ao meio ambiente.
(...)
A Lei fundamental reconhece que os problemas ambientais são de vital importância para
a nossa sociedade, seja porque são necessários para a atividade econômica, seja porque
considera a preservação de valores cuja mensuração é extremamente complexa. Vê-‐se,
com clareza, que há, no contexto constitucional, um sistema de proteção ao Meio
Ambiente que ultrapassa as meras disposições esparsas. Aqui reside a diferença
fundamental entre a Constituição de 1988 e as demais que a precederam. (...) A norma
constitucional ambiental é parte integrante de um complexo mais amplo e podemos
dizer, sem risco de errar, que ela faz interseção entre as normas de natureza econômica
e aquelas destinadas à proteção dos direitos individuais. (...)”
Vejamos, exemplificativamente, alguns dispositivos, localizados fora do
Capítulo VI, referentes à proteção do meio ambiente:
-‐ Função Social da Propriedade:
Art. 5º. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-‐se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: 2 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 15ª edição. São Paulo: Atlas, 2013.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 6
(...)
XXIII -‐ a propriedade atenderá a sua função social;
(...)
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e
justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja
utilização será definida em lei.
(...)
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:
I -‐ aproveitamento racional e adequado;
II -‐ utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
III -‐ observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV -‐ exploração que favoreça o bem-‐estar dos proprietários e dos trabalhadores.
-‐ Ordem Econômica:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
I -‐ soberania nacional;
II -‐ propriedade privada;
III -‐ função social da propriedade;
IV -‐ livre concorrência;
V -‐ defesa do consumidor;
VI -‐ defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação;
(...)
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo
este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
(...)
§ 3º -‐ O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas,
levando, em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-‐social dos
garimpeiros.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 7
Importante destacar, ainda, o papel de cada um dos poderes da República no
desempenho da função de proteção ao meio ambiente.
Ao Poder Executivo compete a definição de usos possíveis dos recursos, através
do estabelecimento e execução de políticas setoriais. Podemos citar como exemplo o previsto
nos artigos 23, 176, 182, 200, 216, 231, entre outros.
O Poder Legislativo atua diretamente na elaboração de leis específicas
contendo as diretrizes e linhas gerais a serem observadas na gestão e proteção ao meio
ambiente e, exerce o controle das atividades desenvolvidas pelo Poder Executivo. Aqui
merece destaque o previsto no art. 22, incisos IV, X, XII e XXVI, art. 24, VI, VII e VIII.
Já ao Poder Judiciário compete a revisão dos atos praticados pelo Poder
Executivo, bem como o controle de constitucionalidade das normas emanadas do Poder
Legislativo.
Diante desse contexto, urge a necessidade de controle pelo Estado das
atividades e empreendimentos geradores de impactos ambientais, mesmo que de forma
potencial, compatibilizando e buscando medidas para sua minimização, sem comprometer o
desenvolvimento econômico.
02. Principais aspectos da Política Nacional do Meio Ambiente quanto ao Licenciamento
Ambiental:
A Política Nacional do Meio Ambiente foi instituída pela Lei nº 6.938/1981 tem
como objetivo primordial a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico,
aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana3.
3 Art. 5º -‐ As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a
ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a
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O artigo 4º da Lei elenca tais objetivos:
Art. 4º. A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I -‐ à compatibilização do desenvolvimento econômico-‐social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II -‐ à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao
equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios;
III -‐ ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas
relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV -‐ ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o
uso racional de recursos ambientais;
V -‐ à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e
informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade
de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
VI -‐ à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização
racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio
ecológico propício à vida;
VII -‐ à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos.
Paulo de Bessa Antunes destaca:
“Por política ambiental devem ser entendidos todos os movimentos articulados pelo
poder público com vistas a estabelecer os mecanismos capazes de promover a
utilização de recursos ambientais de forma a mais eficiente possível, considerando
como elementos primordiais a capacidade de suporte do meio ambiente, a conservação
dos recursos naturais renováveis e não renováveis.
(...)
A política ambiental é ação eminentemente executiva, muito embora não seja a ela
limitada. (....)”
preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no art. 2º
desta Lei.
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Nesse prisma, a PNMA tem como princípios orientadores (art. 2º):
a. A ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, tendo em vista o uso
coletivo;
b. A racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
c. O planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
d. A proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
e. O controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
f. Os incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a
proteção dos recursos ambientais;
g. O acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
h. A recuperação de áreas degradadas;
i. A proteção de áreas ameaçadas de degradação;
j. A educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-‐la para participação ativa na defesa do meio
ambiente.
A PNMA refere-‐se ao conjunto de elementos destinados ao alcance do
desenvolvimento sustentável, ou seja, compatibilizando o desenvolvimento do país, através
de suas atividades econômicas e empreendimentos, com o uso racional e adequado dos
recursos naturais. Para o alcance de tais objetivos, são elencados os seguintes instrumentos:
Art. 9º (...)
I -‐ o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II -‐ o zoneamento ambiental;
III -‐ a avaliação de impactos ambientais;
IV -‐ o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V -‐ os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de
tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI -‐ a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público
federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante
interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII -‐ o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente
VIII -‐ o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
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IX -‐ as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X -‐ a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis -‐
IBAMA;
XI -‐ a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-‐se o
Poder Público a produzí-‐las, quando inexistentes;
XII -‐ o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou
utilizadoras dos recursos ambientais.
XIII -‐ instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro
ambiental e outros.
O licenciamento ambiental surge, assim, como instrumento de execução dos
princípios, objetivos e diretrizes da PNMA, constituindo-‐se como uma das principais formas de
manifestação do exercício do poder de polícia do Estado sobre as atividades ou
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais4.
-‐ SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA
O SISNAMA é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e Municípios e, das fundações instituídas pelo Poder Público,
que são responsáveis pela gestão, proteção e melhoria da qualidade do meio ambiente.
A PNMA estruturou o SISNAMA da seguinte forma:
a. Órgão superior: Conselho de Governo. É o órgão integrante da Presidência da
República, com a função de assessorar o Presidente na formulação da política nacional
e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais.
b. Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),
com finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de 4 Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental
dependerão de prévio licenciamento ambiental.
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políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no
âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio
ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. Possui,
portanto, poder eminentemente regulamentar. A competência do CONAMA encontra-‐
se estabelecida no art. 8º da PNMA, no entanto, também atua como órgão consultivo
e deliberativo do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), conforme art.
6º, I da Lei nº 9.985/2000.
c. Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, correspondente à extinta Secretaria do
Meio Ambiente da Presidência da República (Lei nº 8490/92), com a finalidade de
planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional
e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente.
d. Órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis -‐ IBAMA (Lei nº 7.735/1989) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade -‐ Instituto Chico Mendes (Lei nº 11.516/2007), com a finalidade de
executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente, de acordo com as respectivas competências;
e. Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de
programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a
degradação ambiental. Atualmente possuem a maior parte da competência para o
controle ambiental (licenciamento). No âmbito do Estado do Pará, tal órgão é a
Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA/PA.
f. Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e
fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. Tais órgãos podem
elaborar normas supletivas e complementares, desde que respeitadas as normas e
padrões federais e estaduais.
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03. Resolução CONAMA 237/97:
Em 19.12.1997 foi editada a Resolução CONAMA nº 237/97 dispondo acerca do
procedimento e critérios para o licenciamento ambiental5, obrigatório para a localização,
construção, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras e, para empreendimentos capazes, sob qualquer forma
de causar degradação ambiental.
A referida resolução trouxe em seu Anexo 1 relação de empreendimentos ou
atividades sujeitas ao licenciamento ambiental, de natureza meramente exemplificativa, ou
seja, não elencando todos aqueles cujo procedimento seja obrigatório. O §2º do art. 2º
determina que ao órgão ambiental competente cabe a definição dos critérios de exigibilidade,
o detalhamento e a complementação do anexo 1, conforme as especificidades, os riscos
ambientais, o porte e outras características do empreendimento ou atividade.
Além disso, define em seu art. 1º:
Art. 1º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
I -‐ Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva
ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas
técnicas aplicáveis ao caso.
II -‐ Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente,
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser
5 Art. 2º A localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental
competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.
§ 1º Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendimentos e as atividades relacionadas no anexo 1, parte
integrante desta Resolução.
§ 2º Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de exigibilidade, o detalhamento e a complementação do
anexo 1, levando em consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do
empreendimento ou atividade.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 13
obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar
e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma,
possam causar degradação ambiental.
III -‐ Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos
ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma
atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença
requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental,
relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de
recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
IV– Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental que afete
diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de
dois ou mais Estados.
Como vimos anteriormente, o licenciamento ambiental é um dos instrumentos
da PNMA, sendo que o Decreto nº 99.274/90, ao regulamentar a Lei nº 6.938/81, estabeleceu
três fases do procedimento, conforme as diferentes etapas da atividade. São elas: licença
prévia, licença de instalação e licença de operação (art. 19 do Decreto).
No mesmo sentido, prevê a Resolução CONAMA em seu art. 8º:
a. Licença Prévia (LP) -‐ concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade
aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos
básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;
b. Licença de Instalação (LI) -‐ autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as
especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de
controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;
c. Licença de Operação (LO) -‐ autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do
efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.
Importante asseverar que as licenças acima poderão ser emitidas de forma
isolada ou sucessivamente conforme a natureza, características e fase do empreendimento ou
atividade. Em alguns casos não há necessidade concreta de que uma ou outra licença seja
emitida, cabendo ao órgão ambiental avaliar tal circunstância.
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Ademais, conforme as características da atividade a ser autorizada, outros
instrumentos jurídicos poderão ser criados, exemplo disso no âmbito do Estado do Pará é a
Licença Ambiental Rural – LAR, a Autorização de Funcionamento – AF, a Autorização de
Funcionamento de Atividade Rural – AFAR, a Autorização de Uso de Matéria Prima – AUMP,
entre outros.
Quanto aos prazos a Resolução CONAMA dispõe em seu artigo 18:
LP
No mínimo, o estabelecido pelo
cronograma de elaboração dos planos,
programas e projetos do empreendimento
e, no máximo 5 (cinco) anos.
LI
No mínimo, o estabelecido no cronograma
de instalação do empreendimento, não
podendo ser superior a 6 (seis) anos.
LO No mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo,
10 (dez) anos.
No âmbito do Estado do Pará tais prazos estão previstos no Decreto nº
1120/2008, da seguinte forma:
LP Mínimo de 3 anos6
LI Mínimo de 3 anos
LO Mínimo de 4 anos7
6 Art. 2º O prazo de validade da Licença Prévia e da Licença de Instalação poderá ser inferior ao mínimo estipulado nos incisos
I e II, do art. 1º, se o cronograma estabelecido para elaboração dos projetos relativos ao empreendi mento ou atividade, ou
para sua instalação, for de duração menor. 7Art. 2º (...)
Parágrafo único. O prazo de validade de Licença de Operação poderá ser inferior ao mínimo estipulado no inciso III do art. 1o,
mediante decisão motivada após avaliação do desempenho ambiental da atividade ou do empreendimento.
(...)
Art. 5º A SEMA poderá estabelecer prazo de validade específico para a Licença de Operação de empreendimentos ou
atividades que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificação em prazos inferiores.
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O prazo de validade da LO é automaticamente prorrogado até manifestação
final do órgão ambiental quando o requerimento de sua renovação for realizado com a
antecedência mínima de 120 dias antes de seu término8.
Em que pese a existência de tais prazos, as licenças podem ser suspensas ou
canceladas caso não sejam apresentados os relatórios anuais de atividades e recolhida a
correspondente taxa administrativa anual. Vejamos os termos do Decreto Estadual acerca do
assunto:
Art. 7o A manutenção da validade das Licenças de Instalação e Operação, ficam
condicionadas à apresentação de Relatório de Informação Ambiental, informações
complementares exigidas pela SEMA, além do recolhimento de taxa administrativa
anual referente a atividade licenciada, que será correspondente aos mesmos valores
estabelecidos pela Lei Estadual n° 6.724, de 2005, proporcional ao ano em exercício.
Parágrafo único. A não apresentação do Relatório de Informação Ambiental, bem como
o não recolhimento de taxa administrativa anual referente a atividade licenciada,
implicará na suspensão ou cancelamento imediato das Licenças de Instalação e
Operação, bem como a instauração de procedimento administrativo.
De acordo com a Resolução CONAMA podem, ainda, ser modificadas as
condicionantes e as medidas de adequação e controle, bem como suspensas ou canceladas as
licenças concedidas nos seguintes casos: (i) violação ou inadequação de quaisquer
condicionantes ou normas legais; (ii) omissão ou falsa descrição de informações relevantes
Art. 6º Na renovação da Licença de Operação de uma atividade ou empreendimento, a SEMA, mediante decisão motivada,
poderá aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade ou
empreendimento no período de vigência anterior, respeitado o limite estabelecido no art. 1º. 8Resolução CONAMA 237/97:
Art. 18 (...)
§ 4º A renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento deverá ser requerida com antecedência
mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este
automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente.
Decreto Estadual nº 1120/2008:
Art. 9º Requerida a renovação de Licença Ambiental com antecedência mínima de 120 dias da expiração de seu prazo de
validade, fica este prazo automaticamente prorrogado, até a manifestação definitiva do setor de Licenciamento a SEMA.
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que subsidiaram a expedição da licença; ou (iii) superveniência de graves riscos ambientais e
de saúde.
Por fim, quanto à competência para o licenciamento elencadas nos artigos 4º
(IBAMA), 5º (órgão ambiental estadual) e 6º (órgão ambiental municipal) será tratada em
tópico específico, desde já ressaltando que de acordo com o previsto no art. 7º os
empreendimentos e atividades somente podem ser licenciados em um único nível de
competência, evitando-‐se conflitos de atribuições.
04. Principais princípios jurídicos aplicáveis:
Tendo por base o exposto até o momento, já podemos identificar alguns dos
principais princípios jurídicos aplicáveis quanto a proteção ao meio ambiente.
O renomado doutrinador Edis Milaré9 ao tratar do assunto destaca que: “A
palavra princípio, em sua raiz latina, significa “aquilo que se torna primeiro” (primum capere),
designando início, começo, ponto de partida. Princípios de uma ciência, segundo José Cretella
Júnior, “são as proposições básicas, fundamentais, típicas, que condicionam todas as
estruturas subsequentes”. Ou como averba Celso Antonio Bandeira de Mello, princípio é, por
definição, “mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição
fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-‐lhes o espírito e servindo de
critério para sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico
(...) Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório,
mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou
inconstitucionalidade (...)””
Vejamos os principais princípios quanto a gestão ambiental:
9 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: a gestão ambiental em foco. Doutrina, Jurisprudência. Glossário – 6ª ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2009.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 17
a. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
Previsto expressamente na Constituição Federal (art. 225), refere-‐se a viabilizar
o desenvolvimento que atenda às necessidades atuais da sociedade, sem que se comprometa
a qualidade de vida das futuras gerações.
Isso porque os recursos naturais não são inesgotáveis, devendo o exercício das
atividades econômicas estar atento a esta circunstância, de forma que a economia esteja em
plena harmonia com o meio ambiente. Almeja-‐se a coexistência destes, sem que o
desenvolvimento econômico inviabilize um meio ambiente ecologicamente equilibrado e vice
versa.
O texto constitucional em seu art. 170, VI traz exatamente essa ideia:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
(..)
VI -‐ defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação;
O exercício da grande maioria das atividades econômicas gera, mesmo que
indiretamente, impactos ambientais, buscando-‐se, assim, formas de minimização destes,
através, por exemplo, de compensações, adoção de novas técnicas menos degradantes,
investimento em novas tecnologias, entre outras.
b. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO:
Há intensa discussão doutrinária quanto aos princípios da precaução e da
prevenção, sendo que alguns juristas defendem a coexistência de ambos, enquanto outros
entendem estes como faces de um só princípio.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 18
Edis Milaré, ao qual nos filiamos, interpreta-‐os como dois princípios distintos,
iniciando a interpretação da seguinte forma:
“Prevenção é substantivo do verbo prevenir (do latim prae = antes e venire = vir,
chegar), e significa ato ou efeito de antecipar-‐se, chegar antes; induz uma conotação de
generalidade, simples antecipação no tempo, é verdade, mas com intuito conhecido.
Precaução, é substantivo do verbo precaver-‐se (do latim prae = antes e cavere = tomar
cuidado), e sugere cuidados antecipados com o desconhecido, cautela para que uma
atitude ou ação não venha a concretizar-‐se ou a resultar em efeitos indesejáveis.
(...)
De maneira sintética, podemos dizer que a prevenção trata-‐se de riscos ou
impactos já conhecidos pela ciência, ao passo que a precaução se
destina a gerir riscos ou impactos desconhecidos. Em outros termos,
enquanto a prevenção trabalha com o risco certo, a precaução vai além e se preocupa
com o risco incerto. Ou ainda, a prevenção se dá em relação ao perigo concreto, ao
passo que a precaução envolve perigo abstrato.”
Nesse contexto, a adoção do princípio da precaução se dá quando o gestor está
diante de uma situação cujas informações científicas são insuficientes, inconclusivas ou
incertas, havendo indicações quanto aos possíveis efeitos negativos em decorrência da
atividade (sobre o meio ambiente, à saúde ou à proteção vegetal), que possam ser
potencialmente perigosos e incompatíveis com o nível de proteção almejado.
Milaré ressalta que “procura instituir procedimentos capazes de embasar uma
decisão racional na fase de incertezas e controvérsias, de forma a diminuir os custos da
experimentação”.
Desde a Conferência de Estocolmo (1972) o referido princípio tem recebido
tratamento especial, constando como um dos princípios fundamentais da ECO 92: “Para
proteger o meio ambiente medidas de precaução devem ser largamente aplicadas pelos
Estados, segundo suas capacidades. Em caso de riscos de graves danos ou irreversíveis, a
ausência de certeza científica absoluta não deve servir de pretexto para procrastinar a
adoção de medidas efetivas visando prevenir a degradação do meio ambiente.”
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 19
c. PRINCÍPIO DE PREVENÇÃO:
Como delineado no item anterior, a prevenção se refere a riscos certos,
determinados, os quais já são conhecidos e previstos, ou seja, quando se tem plena certeza
dos impactos a serem gerados por determinadas atividades ou empreendimentos,
embasando a análise e os procedimentos a serem tomados pelo órgão ambiental quando
postos para sua manifestação, incluindo-‐se deferimento ou indeferimento, medidas
mitigadoras, condicionantes, etc.
Visa, assim, impedir a ocorrência de danos ambientais, com a adoção e
imposição de medidas acautelatórias.
Exemplos de aplicabilidade do princípio da prevenção, sob o prisma do Estado,
podemos mencionar o licenciamento, as sanções administrativas, a fiscalização, entre outros.
d. PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR:
Refere-‐se a imputação ao poluidor dos custos e ônus sociais da poluição por ele
gerada. Segundo Cristiane Derani in Direito Ambiental Econômico “durante o processo
produtivo, além do produto a ser comercializado, são produzidas externalidades negativas.
São chamadas externalidades negativas porque, embora resultante da produção, são
recebidas pela coletividade, ao contrário do lucro, que é percebido pelo produtor privado. Daí
a expressão ‘privatização de lucros e socialização de perdas’ quando identificadas as
externalidades negativas. Com a aplicação do princípio do poluidor pagador, procura-‐se
corrigir este custo adicionado à sociedade, impondo-‐se sua internalização. Por isso, este
princípio também é conhecido como o princípio da responsabilidade”.
Tal princípio possui dois elementos distintos: (i) a busca de meios para evitar a
ocorrência de danos ambientais (elemento preventivo) e, (ii) a reparação do dano, quando
efetivamente ocorrer (elemento repressivo).
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 20
Assim, deve o empreendedor a obrigação de arcar com os custos decorrentes
dos meios de prevenção de danos ao meio ambiente que sua atividade por ventura possa
gerar. Da mesma forma, que na hipótese de ocorrência de danos decorrentes da atividade
desenvolvida, será o poluidor responsável pela sua reparação.
Importante asseverar que não se trata aqui de tolerância à poluição ou
degradação ao meio ambiente, mediante o pagamento de um preço, visa, sim, evitar a
ocorrência do dano.
O §3º do art. 225 da CF/88 prevê que: “As condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” (responsabilidade
civil objetiva).
Da mesma forma, o art. 4º, VII da Lei nº 6.938/81 ao tratar dos objetivos da PNMA:
“à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos.”
e. PRINCÍPIO DO USUÁRIO PAGADOR:
Trata-‐se da possibilidade de pagamento por serviços ecológicos, como forma de
incentivo à conservação. Convencionou-‐se chamar de Pagamento por Serviços Ambientais –
PSA como incentivo para aqueles que garantem a produção e a oferta do serviço e/ou
produto obtido direta ou indiretamente da natureza.
Edis Milaré destaca acerca do princípio em comento que “com ou sem tarifas e
taxas, os usuários de recursos naturais arcam com custos, ou seja, pagam sempre pelo uso
direto desses recursos ou pelos serviços destinados a garantir a qualidade ambiental e o
equilíbrio ecológico”.
f. PRINCÍPIO DO PROTETOR RECEBEDOR:
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 21
Até o momento vimos que àquele que polui ou faz uso dos recursos naturais é
responsabilizado, inclusive financeiramente.
No entanto, não era conferido qualquer benefício àquele que preservasse o
meio ambiente, o que somente foi introduzido explicitamente através da Lei nº 12305/2010,
que dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A referida Lei assim dispõe:
Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
(...)
II -‐ o poluidor-‐pagador e o protetor-‐recebedor;
Desta forma, o princípio em tela surge para valorizar e estimular a proteção ao
meio ambiente. Exemplo da aplicação do mesmo é a instituição de Cotas de Reserva
Ambiental – CRA’s, estimulando a preservação de áreas de florestas, a emissão de Créditos de
Reposição Florestal, entre outros.
g. PRINCÍPIO DE PARTICIPAÇÃO POPULAR:
O art. 225 da Carta Maior consagrou a proteção ao meio ambiente como dever
do Estado e da sociedade civil, ou seja prevendo uma atuação conjunta.
Para efetivação de tal atuação conjunta podemos destacar duas facetas: a
informação e a educação ambiental. A primeira possui amparo nos arts. 6º e 10 da PNMA. A
segunda, possui amparo diretamente no art. 225, §1º, VI da CF/88.
Em 27.04.1999 foi promulgada a Lei nº 9.795 que versa acerca da Política
Nacional de Educação Ambiental e, define educação ambiental como o processo por meio do
qual o indivíduo e a coletividade constrói valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes
e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 22
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Podemos citar como forma de participação popular, a participação da
coletividade em audiências públicas visando o licenciamento de empreendimentos e
atividades de significativo impacto ambiental, a representatividade da sociedade civil em
Conselhos de Meio Ambiente, a exemplo do COEMA no âmbito do Estado do Pará, entre
outros.
05. Principais aspectos da Política Estadual do Meio Ambiente:
No âmbito do Estado do Pará foi editada em 9 de maio de 1995 a Lei nº 5.88710
que dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente, que se assemelha em vários aspectos
à PNMA.
Passemos à leitura e comentários quanto aos principais aspectos:
-‐ PRINCÍPIOS:
Art. 2° – São princípios básicos da Política Estadual do Meio Ambiente, consideradas as
peculiaridades locais, geográficas, econômicas e sociais, os seguintes:
I – todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; -‐ PRINCÍPIO DO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
II – o Estado e a coletividade têm o dever de proteger e defender o meio ambiente,
conservando-‐o para a atual e futuras gerações, com vistas ao desenvolvimento sócio-‐
econômico; -‐ PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DA PARTICIPAÇÃO
POPULAR
10 Art. 1° – A Política Estadual do Meio Ambiente é o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos de ação, medidas e
diretrizes fixadas nesta Lei, para o fim de preservar, conservar, proteger, defender o meio ambiente natural e recuperar e
melhorar o meio ambiente antrópico, artificial e do trabalho, atendidas as peculiaridades regionais e locais, em harmonia
com o desenvolvimento econômico-‐social, visando assegurar a qualidade ambiental propícia à vida.
Parágrafo Único – As normas da Política Estadual do Meio Ambiente serão obrigatoriamente observadas na definição de
qualquer política, programa ou projeto, público ou privado, no território do Estado, como garantia do direito da
coletividade ao meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 23
III – o desenvolvimento econômico-‐social tem por fim a valorização da vida e emprego,
que devem ser assegurados de forma saudável e produtiva, em harmonia com a
natureza, através de diretrizes que colimem o aproveitamento dos recursos naturais de
forma ecologicamente equilibrada, porém economicamente viável e eficiente, para ser
socialmente justa e útil; -‐ PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
IV – o combate à pobreza e à marginalização e a redução das desigualdades sociais e
regionais são condições fundamentais para o desenvolvimento sustentável; -‐ PRINCÍPIO
DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
V – a utilização do solo urbano e rural deve ser ordenada de modo a compatibilizar a sua
ocupação com as condições exigidas para a conservação e melhoria da qualidade
ambiental; -‐ PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
VI – deve ser garantida a participação popular nas decisões relacionadas ao meio
ambiente; -‐ PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR
VII – o direito de acesso às informações ambientais deve ser assegurado a todos; -‐
PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR
VIII – o respeito aos povos indígenas, às formas tradicionais de organização social e às
suas necessidades de reprodução física e cultural e melhoria de condição de vida, nos
termos da Constituição Federal e da legislação aplicável, em consonância com os
interesses da comunidade regional em geral, SÃO FATORES INDISPENSÁVEIS NA
ORDENAÇÃO, PROTEÇÃO E DEFESA DO MEIO AMBIENTE.
-‐ OBJETIVOS:
Art. 3° – São objetivos da Política Estadual do Meio ambiente:
I – promover e alcançar o desenvolvimento econômico-‐social, compatibilizando-‐o,
respeitadas as peculiaridades, limitações e carências locais, com a conservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, com vistas ao efetivo alcance de
condições de vida satisfatórias e o bem-‐estar da coletividade; -‐ PRINCÍPIO DO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
II – definir as áreas prioritárias da ação governamental relativa à questão ambiental,
atendendo aos interesses da coletividade; – FUNÇÃO NORMATIVA
III – estabelecer critérios e padrões de qualidade para o uso e manejo dos recursos
ambientais, adequando-‐os continuamente às inovações tecnológicas e às alterações
decorrentes de ação antrópica ou natural; -‐ PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL – FUNÇÃO NORMATIVA
IV – garantir a preservação da biodiversidade do patrimônio natural e contribuir para o
seu conhecimento científico; -‐ PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 24
V – criar e implementar instrumentos e meios de preservação e controle do meio
ambiente; -‐ PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – FUNÇÃO NORMATIVA
VI – fixar, na forma e nos limites da lei, a contribuição dos usuários pela utilização dos
recursos naturais públicos, com finalidades econômicas; – PRINCÍPIO DO USUÁRIO
PAGADOR
VII – promover o desenvolvimento de pesquisas e a geração e difusão de tecnologias
regionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; -‐ PRINCÍPIO DO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
VIII – estabelecer os meios indispensáveis à efetiva imposição ao degradador público ou
privado de obrigação de recuperar e indenizar os danos causados ao meio ambiente,
sem prejuízo das sanções penais e administrativas cabíveis. – PRINCÍPIO DO POLUIDOR
PAGADOR
-‐ LICENCIAMENTO AMBIENTAL (ATIVIDADES AGROSILVIPASTORIS):
O licenciamento ambiental, da mesma forma que na PNMA, surge como
instrumento do desenvolvimento dos objetivos, princípios e diretrizes da Política Estadual de
Meio Ambiente.
Vejamos abaixo os principais dispositivos:
Capítulo VI – DAS ATIVIDADES AGROSSILVIPASTORIS
Art. 48 – As atividades a que se refere este capítulo somente poderão ser desenvolvidas
com a observância dos seguintes princípios:
I – a utilização de agrotóxicos e fertilizantes deverá ser feita de forma restrita,
observando-‐se as normas do receituário agronômico e as condições do solo;
II – as estradas ou caminhos necessários à implantação das atividades de que trata este
artigo, deverão ser construídas adotando as convenientes estruturas de drenagem,
utilizando-‐se critérios adequados, de forma a evitar erosão;
III – nas áreas onde já se realizam atividades agrossilvipastoris sua continuidade fica
condicionada à adoção de sistema de manejo adequado, ou outras modalidades
permitidas pela legislação nacional ou oriundas de pesquisas técnicas compatíveis,
aprovados pelo órgão ambiental, e desde que sua localização não implique na
desestabilização das encostas e maciços adjacentes;
IV – a irrigação somente poderá ser utilizada de modo a não comprometer o solo e os
mananciais de abastecimento público;
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 25
V – o Poder Público estimulará a prática ou o uso de sistemas agrossilvipastoris,
sustentáveis ecologicamente;
VI – o Poder Público fomentará a pecuária somente em áreas selecionadas,
preferencialmente através do zoneamento ecológico-‐econômico e na falta deste, por
estudos técnico-‐científicos aprovados pelo órgão ambiental;
Art. 49 – É vedado o uso de desfolhantes na agricultura, ressalvados os casos licenciados
pelo órgão ambiental, bem como o uso de anabolizantes na pecuária;
Parágrafo Único – A inobservância do disposto nos incisos deste artigo, impede a
concessão de qualquer benefício junto às instituições financeiras do Estado ou implica
na anulação dos que já tenham sido concedidos.
Art. 50 – É vedado o licenciamento de projetos agrossilvipastoris, nos seguintes casos:
I – quando implicarem no desmatamento de espaços territoriais especialmente
protegidos;
II – quando resultarem em degradação irreversível dos solos e mananciais;
III – em áreas que correspondam a ecossistemas frágeis, cientificamente
diagnosticados como tais.
Art. 51 – Os projetos de manejo florestal para fim de exploração racional de madeiras,
serão fiscalizados pelo órgão competente de 6 (seis) em 6 (seis) meses.
(...)
Capítulo IV – DO MONITORAMENTO
Art. 85 – O monitoramento ambiental consiste no acompanhamento da qualidade dos
recursos ambientais, com o objetivo de:
I – aferir o atendimento aos padrões de qualidade ambiental;
II – controlar o uso dos recursos ambientais;
III – avaliar o efeito de políticas, planos e programas de gestão ambiental e de
desenvolvimento econômico e social;
IV – acompanhar o estágio populacional de espécies da flora e fauna, especialmente as
ameaçadas de extinção;
V – subsidiar medidas preventivas e ações emergenciais em casos de acidentes ou
episódios críticos de poluição.
Art. 86 – As obras e atividades sujeitas ao licenciamento ambiental ficam obrigados ao
automonitoramento, sem prejuízo do monitoramento procedido pelo Poder Público.
Parágrafo Único – O Poder Público poderá dispensar, temporariamente, o
automonitoramento das indústrias que comprovarem insuficiência técnica e financeira.
(...)
Art. 93 – A construção, instalação, ampliação, reforma e funcionamento de
empreendimentos e atividades utilizadoras e exploradoras de recursos naturais,
considerados efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como, os capazes de causar
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 26
significativa degradação ambiental, sob qualquer forma, dependerão de prévio
licenciamento do órgão ambiental.
Parágrafo Único – O licenciamento de que trata o caput desse artigo será precedido de
estudos que comprovem, dentre outros requisitos, os seguintes:
I – os reflexos socioeconômicos às comunidades locais, considerados os efetivos e
comprovados riscos de poluição do meio ambiente e de significativa degradação
ambiental, comparados com os benefícios resultantes para a vida e o desenvolvimento
material e intelectual da sociedade;
II – as consequências diretas ou indiretas sobre outras atividades praticadas na região,
inclusive de subsistência.
Art. 94 – Para efeito do disposto no artigo anterior, o licenciamento obedecerá às
seguintes etapas:
I – Licença Prévia (LP) – emitida na fase preliminar da atividade, devendo resultar da
análise dos requisitos básicos a serem atendidos quanto a sua localização, instalação e
operação, observadas as diretrizes do zoneamento ecológico-‐econômico, sem prejuízo
de atendimento ao disposto nos planos de uso e ocupação do solo;
II – Licença de Instalação (LI) – emitida após a fase anterior, a qual autoriza a
implantação da atividade, de acordo com as especificações constantes do projeto
executivo aprovado;
III – Licença de Operação (LO) – emitida após a fase anterior, a qual autoriza a operação
da atividade e o funcionamento de seus equipamentos de controle ambiental, de acordo
com o previsto nas Licença Prévia e de Instalação.
§ 1° – A Licença Prévia poderá ser dispensada no caso de ampliação de atividades.
§ 2° – As Licenças Prévia, de Instalação e de Operação, serão expedidas por tempo certo,
a ser determinado pelo órgão ambiental, não podendo em nenhum caso ser superior a
5 (cinco) anos.
§ 3° – A Licença de Operação será renovada ao final de cada período de sua validade.
Art. 95 – Os pedidos de licenciamento e a respectiva concessão ou renovação serão
publicados no Diário Oficial do Estado, bem como no jornal de maior circulação local, às
expensas do interessado.
Art. 96 – É vedada a concessão de licenciamento ambiental antes de efetivadas as
exigências acatadas pelo Poder Público, em audiências públicas.
-‐ SISEMA:
A lei em comento criou, ainda, o Sistema Estadual de Meio Ambiente – SISEMA,
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 27
com o objetivo de implementar a PEMA e, fiscalizar sua execução.
O SISEMA, de acordo com o previsto no art. 8º, é composto pelos seguintes
órgãos:
a. Órgão normativo, consultivo e deliberativo: Conselho Estadual do Meio Ambiente –
COEMA, o qual já tinha criação prevista na Constituição do Estado do Pará11, e fora
inicialmente instituído pela Lei nº 5610/1990, revogada pela Lei nº 5.752/1993, com as
alterações implementadas pela Lei nº 7.026/2007.
b. Órgão central executor: Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente
– SECTAM, atual Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA/PA (Lei nº
5.752/1993, com as alterações implementadas pela Lei nº 7.026/2007), com a função
de planejar, coordenar, executar, supervisionar e controlar a Política Estadual do Meio
Ambiente;
c. Órgãos setoriais12: órgãos ou entidades da Administração Pública Estadual, direta e
indireta, bem como as Fundações instituídas pelo Poder Público que atuam na 11 Art. 255. Compete ao Estado a defesa, conservação, preservação e controle do meio ambiente, cabendo-‐lhe:
(...)
VIII -‐ criar um conselho específico, de atuação colegiada, que contará com a participação de representantes do Poder
Público e, majoritariamente, da sociedade civil organizada, especialmente através de entidades voltadas para a questão
ambiental, na forma da lei, que terá, dentre outras, as seguintes competências:
a) acompanhar, avaliar, controlar e fiscalizar o meio ambiente;
b) opinar, obrigatoriamente, sobre a política estadual do meio ambiente, oferecendo subsídios à definição de mecanismos e
medidas que permitam a utilização atual e futura dos recursos hídricos, minerais, pedológicos, florestais e faunísticos, bem
como o controle da qualidade da água, do ar e do solo, como suporte do desenvolvimento sócio-‐econômico;
c) assessorar o Poder Público em matérias e questões relativas ao meio ambiente;
d) emitir parecer prévio sobre projetos públicos ou privados, que apresentem aspectos potencialmente poluidores ou
causadores de significativa degradação do meio ambiente como tal caracterizados na lei. 12 Art. 9° – Integram obrigatoriamente o SISEMA, como órgãos ou entidades setoriais ou locais, na forma do artigo anterior,
aqueles que atuam:
I – na pesquisa e no desenvolvimento científico e tecnológico;
II – no fomento e apoio ao manejo florestal e pedológico e às atividades agrícolas e pecuárias, inclusive e principalmente, na
difusão de tecnologias ambientalmente idôneas;
III – no fomento e apoio à exploração dos recursos minerais através de tecnologias não poluentes ou degradadoras;
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 28
elaboração e execução de programas e projetos relativos à proteção de qualidade
ambiental ou que tenham por finalidade disciplinar o uso dos recursos ambientais;
d. Órgãos locais: organismos ou entidades municipais responsáveis pela gestão
ambiental nas suas respectivas jurisdições.
ORGANOGRAMA DO SISEMA
IV – na exploração e utilização dos recursos hídricos, minerais, florestais, agropastorais e industriais, através de tecnologias
disponíveis aceitáveis;
V – na saúde e educação das populações, bem como no saneamento básico.
ESTADO DO PARÁ
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE
Conselho Estadual de
Meio Ambiente COEMA
Polícias Militar e Civil (BPA e DEMA)
Instituições Estaduais (SAGRI, SEICOM, SESPA,
ITERPA, ETC...)
Secretarias Municipais de Meio Ambiente
Conselhos Municipais de Meio Ambiente – CONDEMA’S
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 29
PARTE 2 -‐ Competência municipal para o licenciamento
01. Competência do município para o licenciamento: atividades de impacto local e
delegação (CF/88, Resolução CONAMA nº 237/97 e LC nº 140/2011):
Tema complexo e amplamente difundido na atualidade é a repartição de
competências entre os entes da Federação.
Vladimir Passos de Freitas, ao abordar o tema, discorre: “em que pesem as
dificuldades para discernir o que é interesse nacional, regional ou local, assunto ainda pouco
enfrentado pela doutrina e pelos Tribunais, o certo é que a repartição de poderes atende mais
aos interesses da coletividade” 13 e, arremata, “a prática vem revelando extrema dificuldade
em separar a competência dos entes políticos nos casos concretos. Há -‐ é inegável – disputa de
poder entre os órgãos ambientais, fazendo com que, normalmente, mais de um atribua a si a
mesma competência legislativa e material.”14
Ao nosso sentir, a definição das competências entre os entes é de fundamental
importância para que a função de proteção ao meio ambiente, aqui envolvendo a gestão dos
recursos, o licenciamento e a fiscalização, possa ser exercida de maneira efetiva e eficaz,
evitando-‐se conflitos e situações de invasão de atribuições, gerando insegurança jurídica
principalmente ao administrado.
A Constituição Federal quanto às competências relacionadas à gestão e
proteção do meio ambiente e, quanto à competência legislativa, prevê:
CF/88:
COMPETÊNCIA MATERIAL (EXECUTIVA):
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
(...)
VI -‐ proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
13 FREITAS, Vladimir Passos de. Direito Administrativo e Meio Ambiente. Curitiba: Juruá, 1993. 14 FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a Efetividade das Normas Ambientais. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 30
VII -‐ preservar as florestas, a fauna e a flora;
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
V -‐ águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
(...)
XII -‐ jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
(...)
XXVI -‐ atividades nucleares de qualquer natureza;
(...)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
(...)
VI -‐ florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII -‐ proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
(...)
§ 1º -‐ No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-‐se-‐á a
estabelecer normas gerais.
§ 2º -‐ A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§ 3º -‐ Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
(...)
Art. 30. Compete aos Municípios:
I -‐ legislar sobre assuntos de interesse local;
II -‐ suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
Pela leitura dos dispositivos podemos concluir que parte dos assuntos
relacionados ao meio ambiente são de competência legislativa privativa da União (art. 22), a
qual pode ser delegada aos Estados mediante Lei Complementar.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 31
Já o art. 24 define as matérias cuja competência legislativa é concorrente entre
todos os entes da federação, cabendo à União editar normas de caráter geral e, aos Estados e
Municípios, de forma suplementar, legislar quanto às especificidades.
No que se refere à competência executiva, objeto de maior polêmica face a
falta de definição clara de como seria exercida, estão os três níveis de governo habilitados a
licenciar e fiscalizar empreendimentos e atividades, bem como exercer a gestão do meio
ambiente.
A primeira tentativa de dirimir tal questão veio através da Resolução CONAMA
nº 237/97 que definiu as competências de cada ente pela esteira do conceito de impacto
nacional regional, estadual e local, nos seguintes termos:
Art. 4º Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis -‐ IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambiental a que se
refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e
atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:
I -‐ localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar
territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas
ou em unidades de conservação do domínio da União.
II -‐ localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;
III -‐ cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de
um ou mais Estados;
IV -‐ destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor
material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer
de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear
-‐ CNEN;
V -‐ bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação
específica.
(...)
§ 2º O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar aos Estados o
licenciamento de atividade com significativo impacto ambiental de âmbito regional,
uniformizando, quando possível, as exigências.
Art. 5º Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o licenciamento
ambiental dos empreendimentos e atividades:
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 32
I -‐ localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de
conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;
II -‐ localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de
preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro
de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou
municipais;
III -‐ cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais
Municípios;
IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou
convênio.
(...)
Art. 6º Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da
União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas
que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.
Desta feita, compete ao órgão ambiental municipal o licenciamento de
empreendimentos e atividades de impacto local (que se circunscreve aos lindes territoriais do
Município) e daqueles que lhe forem delegados pelo Estado por instrumento legal ou
convênio, ressaltando-‐se que para tanto deve ter implementado o Conselho de Meio
Ambiente, com caráter deliberativo e assegurada a participação social e, possuir em seus
quadros ou à sua disposição profissionais legalmente habilitados15.
Vale destacar a grande importância do exercício da gestão ambiental pelo
Município, posto que são os entes que tem melhores condições de conhecer os problemas
ambientais locais, identificando-‐os com maior facilidade, e entender as políticas a serem
criadas para a implementação desenvolvimento sustentável, considerando a particularidade
de cada atividade desempenhada no âmbito de seu território.
15 Art. 20. Os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias, deverão ter implementados os Conselhos de
Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social e, ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição
profissionais legalmente habilitados.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 33
Além disso, há maiores chances de conscientização da população local,
envolvendo-‐a diretamente na gestão ambiental a ser exercida, para que assuma
compromissos junto com a Administração Pública, trazendo inúmeros benefícios à
municipalidade.
Por fim, quanto a esse aspecto, em 09.12.2011 foi publicada a Lei
Complementar nº 140/2011, fixando normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do
parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício
da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do
meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das
florestas, da fauna e da flora16.
A lei em comento fixou as competências de cada um dos entes federativos em
seus artigos 7º, 8º e 9º (tabela em anexo), bem como contemplou a possibilidade de
delegação entre os mesmos, através da celebração de convênio:
Art. 5º O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações
administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário
da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações
administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.
Parágrafo único. Considera-‐se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto
no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados
e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas.
16 Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da
competência comum a que se refere esta Lei Complementar:
I -‐ proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada,
democrática e eficiente;
II -‐ garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando a dignidade da
pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais;
III -‐ harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de
forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente;
IV -‐ garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 34
Ficou prevista também a forma de atuação supletiva e subsidiária na forma
abaixo especificada:
-‐ ATUAÇÃO SUPLETIVA (art. 15): ocorre quando um dos entes substitui o ente federativo
originariamente detentor das atribuições. Pode ocorrer da seguinte forma:
a. A União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais quando
inexistir órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou
no Distrito Federal, até que os mesmos sejam criados;
b. O Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais quando inexistir
órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, até que
os mesmos sejam criados; e
c. A União deve desempenhar as ações administrativas quando inexistir órgão
ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, até
a criação dos mesmos em um daqueles entes federativos.
-‐ ATUAÇÃO SUBSIDIÁRIA (art. 16): é a ação do ente da Federação que visa a auxiliar no
desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo
ente federativo originariamente detentor das atribuições definidas na LC 140/2011. Esta
atuação poderá se dar através de apoio técnico, científico, administrativo ou financeiro, sem
prejuízo de outras formas de cooperação.
02. Legislação Estadual: Resolução COEMA nº 079/2009, Lei nº 7.389/2010 e IN SEMA nº
05/2013 – procedimentos para habilitação atual e novas possibilidades:
No Estado do Pará, antes da edição da LC nº 140/2011, já eram adotados
procedimentos específicos quanto a descentralização das competências do licenciamento.
Como vimos a Resolução CONAMA nº 237/97, visando dar solução aos conflitos
de competência então existentes, previu ser de competência dos Municípios o licenciamento
de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e aqueles que lhe fossem
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 35
delegados pelo Estado por instrumento legal ou convênio, desde que, claro, cumprisse os
requisitos para o exercício da gestão ambiental.
Ocorre que inexistia até então qualquer instrumento legal que definisse quais
seriam as atividades de impacto ambiental local, cuja competência seria originariamente dos
Municípios.
Diante desse problema, a SEMA/PA, à época SECTAM, passou a avaliar,
conforme solicitação de cada ente municipal, o cumprimento dos requisitos previstos na
Resolução CONAMA nº 237/97, delegado caso a caso a competência de licenciamento através
da celebração de Termos de Gestão Ambiental Descentralizada/Compartilhada, sendo que em
alguns casos, quando verificado que o Município ainda não detinha capacidade técnico-‐
operacional, firmava previamente Termos de Cooperação visando capacitação,
aparelhamento, etc.
Ressalte-‐se que, atualmente, ainda subsistem alguns municípios que exercem a
gestão ambiental com base nos referidos termos de gestão ambiental
descentralizada/compartilhada17. São eles:
Em 2009, foi editada a Resolução COEMA nº 079/2009 (alterada pela Resolução
COEMA nº 089/2011) dispondo sobre o Programa Estadual de Gestão Ambiental
Compartilhada, com fins ao fortalecimento da gestão ambiental, mediante normas de
cooperação entre os Sistemas Estadual e Municipal de Meio Ambiente, e definindo as
17 Informação extraída do site da SEMA/PA: www.sema.pa.gov.br
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 36
atividades de impacto ambiental local para fins do exercício da competência do licenciamento
ambiental municipal.
Vejamos, assim, comparativamente, os requisitos previstos para o exercício da gestão
ambiental:
Resolução CONAMA nº 237/97 Resolução COEMA nº 079/2009
REQUISITOS EXPLÍCITOS: (art. 20)
Ø Conselho Municipal de Meio Ambiente, com
caráter deliberativo e com a participação da
sociedade civil;
Ø Possuir em seus quadros ou a sua disposição
profissionais legalmente habilitados;
REQUISITOS IMPLÍCITOS:
Ø Possuir unidade administrativa municipal, com o
fim de desempenhar as funções inerentes ao
poder de policia administrativa ambiental;
Ø Possuir arcabouço legal para gestão ambiental
(Política Municipal de Meio Ambiente);
Ø Possuir instrumentos de gestão, tais como:
Licenças Ambientais (LP, LI e LO); Autos de
Infração, Termos de Notificação e demais
instrumentos necessários à execução das ações
de Licenciamento, Fiscalização e Monitoramento
Ambiental;
Ø Fundo Municipal de Meio Ambiente (lei específica),
como forma de assegurar a aplicação oriunda dos
recursos arrecadados.
Ø Possuir legislação própria disciplinando o
licenciamento ambiental e as sanções
administrativas pelo seu descumprimento;
Ø Ter implantado o Fundo Municipal de Meio
Ambiente;
Ø Ter implantado e em funcionamento o Conselho
Municipal de Meio Ambiente, com caráter
deliberativo, tendo em sua composição, no
mínimo, 50% de entidades representantes da
sociedade civil organizada;
Ø Possuir nos quadros do órgão municipal do meio
ambiente, ou a disposição do mesmo,
profissionais legalmente habilitados para a
realização do licenciamento ambiental, exigindo a
devida Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART), ou conselho profissional;
Ø Possuir servidores municipais com competência e
habilidade para exercício da fiscalização
ambiental;
Ø Possuir Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano, no caso de Município com população
superior a 20.000 habitantes, ou Lei de Diretrizes
Urbanas, no caso de Município com população
igual ou inferior a 20.000 habitantes;
Ø Possuir plano ambiental18, aprovado pelo
Conselho Municipal de Meio Ambiente, de acordo
com as características locais e regionais19.
18 Trata-‐se de plano que apresenta um panorama geral do Município, mostrando sua realidade bem como os problemas
ambientais, levantados através de pesquisa de campo por equipe técnica especializada, tendo como parâmetros:
ü Histórico do Município;
ü Aspectos físiográficos (Solo, Clima, geologia, relevo, vegetação e Hidrografia);
ü Aspectos sócio-‐econômicos (Agricultura, pecuária, população, setores produtivos e outros);
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 37
A resolução em seu anexo relaciona todas as atividades que seriam
consideradas de impacto local, conforme porte do empreendimento, para fins de
licenciamento ambiental municipal, após o procedimento de habilitação do Município.
O procedimento de habilitação refere-‐se à verificação pela SEMA/PA do
cumprimento dos requisitos para o exercício da gestão ambiental.
Importante destacar que a Resolução do COEMA também prevê a possibilidade
de delegação, para além do porte definido como de impacto local, nos casos em que o
Município detenha capacidade técnica operacional20.
De acordo com informações constantes no site da SEMA/PA atualmente 48
Municípios possuem a Habilitação para Gestão Ambiental – HGAM com fulcro na Resolução
COEMA nº 079/2009 (em anexo).
Entretanto, em 01.04.2010 foi editada a Lei Estadual nº 7.389/2010 definindo
no âmbito do Estado do Pará as atividades e empreendimentos de impacto ambiental local,
que em muitos aspectos conflita com a tabela definida através da Resolução COEMA nº
079/2009 (tabela exemplificativa em anexo).
A existência do conflito deixa os municípios que detém a habilitação e os
empreendedores em situação de insegurança jurídica, posto que não possuem certeza jurídica
quanto a qual norma seguir, face a ausência de interpretação uniforme pela própria Secretaria
ü Gestão compartilhada do meio ambiente;
ü Definições das prioridades estratégicas;
ü Instrumento de execução da Política Municipal de Meio Ambiente;
ü Programas prioritários; 19 Os três últimos requisitos podem ser condicionados para cumprimento pelo Município durante o processo de gestão
ambiental compartilhada. 20 Art. 4º. Quando a ampliação dos empreendimentos e atividades já licenciados pelo órgão municipal de meio ambiente
ultrapassarem os impactos locais, indicados no Anexo Único, a competência do licenciamento ambiental será exercida pelo
Estado, podendo esta retornar a ser executada pelo Município quando da aquisição de condições técnicas por delegação de
competência do Órgão Estadual de Meio Ambiente.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 38
de Estado de Meio Ambiente – SEMA/PA. Nossa interpretação é de que a definição aplicável
de impacto local, naquilo que conflitar, seria a da Lei nº 7.389/2010, por critério de
superioridade de norma (lei sobrepõe resolução) e por critério temporal (lei editada em 2010
e resolução em 2009).
Assim, as atividades ou empreendimentos que por ventura constem na HGAM
acima dos limites postos na Lei nº 7.389/2010 devem ser interpretados como uma forma de
delegação de competências, posto que reconhecidamente transferidos do Estado ao
Município por meio da habilitação, as quais estão em plena vigência.
A Diretoria de Planejamento Ambiental da SEMA/PA, ao que nos parece, adota
a mesma interpretação, tendo em vista que ao relacionar no site institucional os 48
municípios que possuem a HGAM, informa: “Obs.: podem licenciar as atividades que constam
no Anexo único da Resolução 079/2009-‐COEMA e do Anexo I da Lei Estadual nº 7.389/2010
(observando os limites lá estabelecidos para a esfera municipal).”
Por fim, em 06.06.2013 foi publicada a Instrução Normativa SEMA nº 05/2013
que versa acerca do procedimento para celebração de Convênio de Delegação de
Competência entre a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Municípios do Estado do Pará,
visando a delegação de atividades e/ou empreendimentos a serem licenciados e respectivo
controle e fiscalização ambiental, de atribuição originária do Estado, na forma da Lei
Complementar nº 140/2011.
Para solicitar a delegação, devem ser apresentados os seguintes documentos
pelo Município (art. 3º):
a) Cópia da carteira de identidade, Cadastro de Pessoas Físicas -‐ CPF, Termo
de Posse e Diploma do Prefeito e Secretário de Meio Ambiente Municipal;
b) Cópia do Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas -‐ CNPJ;
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 39
c) Declaração assinada pelo Prefeito e Secretário de Meio Ambiente
Municipal, na qual declaram que Município preenche os requisitos
contidos no Art.5º da Lei Complementar 140/2011 (órgão ambiental
capacitado e conselho de meio ambiente) e que observarão as normas
estaduais, inclusive do COEMA e o termo de referência da SEMA para o
licenciamento;
d) Ofício solicitando a formalização do Convênio de Delegação de
Competência para o Licenciamento Ambiental com a identificação da (s)
atividade (s) e/ou empreendimento (s), quando a iniciativa for municipal.
O trâmite do pedido ocorre da seguinte forma:
A diretoria responsável pelo licenciamento, após a celebração da delegação,
será encarregada da análise dos relatórios apresentados e, à DIPLAN compete acompanhar a
apresentação dos relatórios semestrais pelo Município para fins de consolidação,
preferencialmente de forma eletrônica, dos dados referentes às delegações firmadas e seu
andamento.
Diretoria de Planejamento –
DIPLAN para ciência
Ofício solicitando delegação
Gerência da Central de Atendimento -‐
GECAT
Diretoria responsável pelo licenciamento da atividade que se pretende delegação para avaliação dos documentos e análise técnica
Consultoria Jurídica – CONJUR para análise e elaboração da
minuta do instrumento
Gabinete do Secretário para celebração do instrumento de delegação, caso seja técnica e
juridicamente viável
Gerência de Convênios – GECON para tombamento
e publicação Diretoria responsável pelo licenciamento
para ciência
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 40
A delegação prevista na IN ora em comento não prevê a transferência de
recursos financeiros e, o Município ao celebrá-‐la obriga-‐se a adotar o termo de referência da
SEMA/PA para a definição dos estudos ambientais necessários ao início do licenciamento
ambiental.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 41
PARTE 3 -‐ Normas jurídicas para LAR: Passo a passo para emitir parecer jurídico
01. Legislação estadual aplicável na análise do licenciamento ambiental rural –
simplificação dos procedimentos – atividades consolidadas:
a. LINHAS GERAIS SOBRE LAR E CAR:
O licenciamento ambiental rural encontra-‐se disciplinado no Estado do Pará
através do Decreto nº 857/200421 (Dispõe sobre o licenciamento ambiental, no território sob
jurisdição do Estado do Pará, das atividades que discrimina), com a redação dada pelo Decreto nº
2.593/2006.
O Decreto em tela prevê, em termos gerais:
Art. 2º O licenciamento ambiental de imóveis rurais e atividades agrossilvipastoris
localizadas em zona rural será realizado por intermédio da Licença de Atividade Rural -‐
LAR-‐PA.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-‐se por:
(...)
II -‐ atividades agrossilvipastoris: as relativas à agricultura, à aqüicultura, à pecuária, à
silvicultura e demais formas de exploração e manejo da fauna e da flora;
(...)
IV -‐ Licença de Atividade Rural-‐PA: instrumento de controle prévio da realização de
atividade agrossilvipastoril, em suas fases de planejamento, implantação e operação.
Art. 3º O licenciamento de atividade rural será realizado obedecendo à seguinte ordem:
I -‐ cadastramento dos imóveis rurais através do Cadastro Ambiental Rural -‐ CAR-‐PA;
II -‐ Emissão da Licença de Atividade Rural -‐ LAR-‐PA.
§ 1º O Cadastro Ambiental Rural -‐ CAR-‐PA, instrumento de identificação do imóvel rural,
emitido pela SECTAM-‐PA, matriculado com número em ordem sequencial, que constará
em todas as licenças, autorizações e demais documentos emitidos para a regularização
ambiental do imóvel rural, será vinculado a esta independentemente de transferência
de propriedade, posse e domínio.
21 Art. 1º O licenciamento ambiental, de competência da Secretaria Executiva de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio
Ambiente -‐ SECTAM-‐PA, de imóveis rurais, atividades agrossilvipastoris e projetos de assentamento de reforma agrária
obedecerá ao disposto neste Decreto.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 42
§ 2º Não será concedido licenciamento de qualquer natureza para o imóvel rural que
não esteja matriculada no Cadastro Ambiental Rural -‐ CAR-‐PA.
§ 3º Após a emissão do CAR-‐PA, será emitida a LAR-‐PA.
§ 4º Poderá ser concedido o CAR-‐PA à propriedade que não exerça qualquer atividade
rural, sendo que, neste caso, não será emitida a LAR-‐PA.
Art. 4º No CAR-‐PA constarão os dados essenciais do imóvel rural, a Área Total -‐ AT, a
Área de Preservação Permanente -‐ APP, a Área de Reserva Legal -‐ ARL e Área para Uso
Alternativo do Solo -‐ AUAS, além dos nomes e da qualificação dos detentores do imóvel
rural, da posse ou do domínio, as coordenadas geográficas e demais dados exigidos pela
legislação complementar.
Parágrafo único. O CAR-‐PA será emitido uma única vez para cada imóvel rural.
Art. 5º Na LAR-‐PA será indicada individualmente a atividade desenvolvida no imóvel
rural, e serão emitidas tantas licenças quantas forem as atividades diversas.
O CAR – Cadastro Ambiental Rural surge, assim, como instrumento prévio e
obrigatório para o licenciamento, de qualquer natureza, de atividades realizadas em imóveis
rurais, não autorizando, no entanto, o exercício das mesmas.
Importante mencionar que o CAR é um dos instrumentos da Política Estadual
de Florestas e da Política Estadual de Meio Ambiente, possuindo regramento próprio através
do Decreto nº 1148/200822.
22 Art. 1° O Cadastro Ambiental Rural -‐ CAR-‐PA como um dos instrumentos da Política Estadual de Florestas e do Meio
Ambiente, obriga o cadastro de todo imóvel rural localizado no Estado do Pará, mesmo aquele que não exerça qualquer
atividade rural economicamente produtiva.
Parágrafo único. O imóvel rural que não estiver inscrito no CAR-‐PA, será considerado irregular ambientalmente, estando
sujeito às sanções administrativas, penais e civis.
Art. 2° Não será concedido licenciamento de qualquer natureza para o imóvel rural que não esteja matriculado no CAR-‐PA.
Art. 3° No CAR-‐PA constarão os dados essenciais do imóvel rural: a Área Total -‐ APRT, a Área de Preservação Permanente -‐
APP, a proposta de Área de Reserva Legal -‐ ARL, a Área para Uso Alternativo do Solo -‐ AUAS, além dos nomes e da
qualificação dos detentores do imóvel rural, da posse ou do domínio, as coordenadas geográficas e demais dados exigidos
pelo Órgão Ambiental do Estado.
§ 1° Constatado no ato da inscrição Área de Preservação Permanente -‐ APP e/ou Área de Reserva Legal a ser recomposta, a
exigência será obrigatoriamente expressa no CAR-‐ PA, discriminada e georreferenciada, ficando o proprietário rural obrigado
a recompô-‐la.
§ 2° Os critérios e procedimentos para efetivação do CAR-‐PA, aprovação e recomposição de Área de Preservação Permanente
e Área de Reserva Legal serão estabelecidos em ato normativo do Órgão Ambiental do Estado.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 43
Inicialmente, para obter o CAR, o interessado necessitava protocolar pedido
específico na SEMA/PA, juntando diversos documentos, sendo que esta ia emitindo-‐os um a
um, mediante análise por técnico habilitado, fato este que gerou uma enorme demanda ao
órgão ambiental estadual e acabou por sobrestar o trâmite de vários pedidos de
licenciamento ambiental em imóveis rurais, que somente poderiam prosseguir mediante a
apresentação do CAR.
Verificou-‐se que tal procedimento não atendia os fins a que se destina o CAR,
sendo que o mesmo passou por diversas modificações visando aperfeiçoa-‐lo e simplifica-‐lo.
O CAR hoje é considerado o primeiro instrumento para dar início à
regularização ambiental e fundiária23 de imóveis rurais, ganhando importância cada vez
maior, sendo exigido inclusive para fins de financiamentos bancários. O Estado do Pará, dada
a grande importância do instrumento, desenvolveu várias parcerias visando estimular cada
vez mais produtores rurais a aderirem ao CAR. No caso de pequenas propriedades, celebrou
parcerias, por exemplo, com a EMATER, INCRA, entre outros, para que fosse elaborado CAR
dos imóveis.
Atualmente, o procedimento para inscrição do imóvel rural no CAR encontra-‐se
disciplinado através da IN SEMA nº 09/2011 e IN SEMA nº 05/2012, sendo esta última para o
caso de projetos de assentamento e reforma agrária, federais e estaduais.
§ 3° Aprovada a área da Reserva Legal o Órgão Ambiental do Estado fará constar no CAR-‐PA esta informação, com as
coordenadas e especificações necessárias e informará o cadastrado, para efeito de averbação à margem da inscrição de
matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente.
Art. 4° O CAR-‐PA não autoriza qualquer atividade econômica no imóvel rural, exploração florestal, supressão de vegetação,
nem se constitui em prova da posse ou propriedade para fins de regularização fundiária. 23 IN ITERPA nº 04/2010:
Art. 10.
III -‐ Além dos documentos listados nos incisos anteriores, o requerente da regularização deverá instruir seu pedido com os
seguintes documentos obrigatórios:
(...)
d) comprovante de inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA);
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 44
A IN SEMA nº 09/2011, em seu art. 2º, define o CAR como o registro eletrônico
dos imóveis rurais junto a SEMA, o qual é feito através do Sistema Integrado de
Monitoramento e Licenciamento Ambiental – SIMLAM, que, a partir da apresentação por
parte do usuário, da delimitação georreferenciada da área total do imóvel, irá gerar de forma
automática, através dos dados já existentes no seu banco de dados, a delimitação de Área de
Preservação Permanente – APP e áreas desmatadas que porventura ocorrerem no interior
dessas áreas de APRTD e APPD. Esses dados objetivam a regularização ambiental e ao
ordenamento ambiental.
Trata-‐se, portanto, de ato declaratório, sendo que após a inserção de tais
dados24, será disponibilizado arquivo para impressão do certificado contendo inscrição com o
número gerado em ordem sequencial, que será vinculada ao imóvel rural, independente de
transferência de propriedade, posse, domínio ou ocupação, além de todos os dados cadastrais
e geoprocessados.
Quanto à delimitação da proposta de área de reserva legal e de uso alternativo
do solo, a instrução normativa no §1º do art. 3º prevê a possibilidade de que sejam feitas
somente quando do pedido de licenciamento ambiental rural.
A alteração nos dados cadastrados no CAR desse ser comunicada à SEMA/PA
para fins de atualização, sendo que no caso de desmembramento o cadastro da nova área
será realizado após a atualização dos dados do imóvel originário.
A IN nº 09/2011 também dispõe acerca do procedimento para obtenção de 24 Art. 4º. A inscrição no CAR-‐PA será realizada mediante o fornecimento das seguintes informações, divididas nos módulos:
I – Pessoa: Poderá ser Física (CPF, RG, etc.) ou Jurídica (CNPJ, Insc. Estadual, etc.);
II – Empreendimento: dados básicos, área total e localização geográfica (coordenada de referência);
III – Mapa Digital:
a) Sistema de Projeção e DATUM: referência horizontal SAD-‐69, WGS-‐84 ou SIRGAS; e
b) Coordenadas de dois pontos extremos do imóvel (definição de área de abrangência);
IV -‐ Projeto Digital:
a) Importação dos dados do empreendimento e mapa digital já informados e processos;
b) Finalização e envio do projeto digital para geração do comprovante e título do CAR provisório e mapa digital.
Art. 6°. As alterações dos dados cadastrais originais declarados no CAR-‐PA, deverão ser imediatamente comunicados à SEMA.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 45
LAR, elencando para instrução dos pedidos a obrigatoriedade de atendimento das seguintes
exigências documentais:
Para imóveis rurais até 150 há Para imóveis rurais acima de 150 há
a. Requerimento (modelo SEMA);
b. Cadastro Ambiental Rural – CAR;
c. Declaração de Informação Ambiental – DIA,
formulário padronizado modelo SEMA com firma
reconhecida em cartório;
d. Documento de identificação individual e/ou
coletiva (RG,CPF,Título de Eleitor, etc.);
e. Documento de propriedade com a respectiva
certidão de autenticidade ou Declaração de
posse em áreas alteradas, passíveis de
regularização a critério dos órgãos fundiários;
f. Documento que comprove a averbação da Área
de Reserva Legal;
g. Termo de Compromisso de averbação da Área de
Reserva Legal, quando se tratar de Posse, modelo
SEMA;
h. Declaração de manutenção de Áreas de
Preservação Permanente, modelo SEMA;
i. Contrato de arrendamento ou comodato,
quando for o caso;
j. Projeto Técnico de implantação e/ou
regularização da atividade, devidamente
elaborado por técnico habilitado com a
respectiva ART e CTDAM;
k. Procuração com poderes específicos para o
pleito, quando for o caso;
a. Requerimento (modelo SEMA);
b. Toda documentação para imóveis até 150 ha:
c. Mapa de localização/situação geográfica com
vias de acesso, em formato digital (Arquivo
shape);
d. Mapa da propriedade discriminando cobertura
vegetal, recursos hídricos, benfeitorias e infra-‐
estrutura, Área de Preservação Permanente -‐
APP, proposta para Área de Reserva Legal – ARL,
Área para Uso Alternativo do Solo – AUAS e Área
Desmatada -‐ AD e outras áreas em formato
digital (Arquivo shape).
Em 22.09.2011, visando simplificar os procedimentos de licenciamento
ambiental rural para as atividades agrossilvopastoris realizadas em áreas alteradas e/ ou
subutilizadas fora da área de reserva legal e área de preservação permanente, e com o fito de
estimular a regularização ambiental, foi editado o Decreto nº 216.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 46
O Decreto nº 216 define a LAR como sendo o instrumento de controle,
monitoramento e comprovação da regularidade ambiental das atividades nos imóveis rurais
no Estado do Pará, principalmente quanto à manutenção ou processo de regularização das
áreas de preservação permanente e de reserva legal (art. 6º), prevendo em seu §4º a
possibilidade do órgão ambiental impor condicionantes, concedendo prazo para apresentação
de projetos técnicos ou documentos necessários ao processo de regularização ambiental e
limitando o exercício da atividade, bem como em seu §5º as hipóteses de modificação de
condicionantes, medidas de controle e adequação e, casos de suspensão ou cancelamento da
LAR25.
-‐ PROCEDIMENTO DE REGULARIZAÇÃO:
O Decreto nº 216/2011 e a IN SEMA nº 14/2011, com as alterações da IN SEMA
nº 11/2012, preveem o trâmite do processo de regularização ambiental das atividades
agrosilvipastoris da seguinte forma26:
25 § 5º A SEMA, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação,
suspender ou cancelar a LAR-‐PA, quando ocorrer:
I -‐ violação ou inadequação de quaisquer dos condicionantes ou das normas legais;
II -‐ omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença;
III -‐ superveniência de graves riscos ambientais e de saúde pública; 26 IN SEMA nº 14/2011
Art. 1º -‐ A regularização e o licenciamento ambiental das atividades agrossilvopastoris realizadas em áreas alteradas e/ ou
subutilizadas fora da área de Reserva Legal -‐ RL e Área de Preservação Permanente -‐ APP nos imóveis rurais no Estado do
Pará será feita por meio dos seguintes procedimentos:
I -‐ ingresso dos imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural -‐ CAR-‐PA;
II – assinatura do Termo de Compromisso Ambiental – TCA pelo produtor rural;
III – emissão pela SEMA da Autorização de Funcionamento – AF;
IV – requerimento para emissão da Licença de Atividade Rural -‐ LAR-‐PA.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 47
1ª Etapa: SIMLAM Técnico
O Termo de Compromisso Ambiental – TCA é documento firmado pelo
produtor rural, de forma declaratória, para fins de obtenção de Autorização de
Funcionamento, contemplando (art. 8º do Decreto nº 216/2011):
a. O compromisso de regularização das áreas de preservação permanente e de reserva
legal, quando esta condição estiver indicada no CAR-‐PA ou constatada posteriormente
pela SEMA, de acordo com os prazos e termos técnicos fixados pela SEMA;
b. O compromisso de solicitação da LAR-‐PA, nos seguintes prazos:
a.1. Imóveis rurais acima de 3.000 mil hectares: até 30 de novembro de 2012;
a.2. Imóveis rurais acima de 500 hectares até 3.000 mil hectares: até 31 de julho
de 2013;
a.3. Imóveis rurais até 500 hectares: até 28 de fevereiro de 2014.
c. Outros compromissos necessários, fixados pela SEMA em razão da natureza, porte ou
característica da atividade a ser desenvolvida no imóvel rural;
O TCA, disponibilizado no SIMLAM Técnico, deve ser preenchido e assinado
pelo produtor rural, com a indicação da atividade produtiva a ser autorizada no imóvel rural, o
reconhecimento em cartório e posterior protocolo junto à SEMA (modelo em anexo).
Destaque-‐se que os compromissos assumidos no TCA serão considerados como
condicionantes da AFAR, de forma que seu descumprimento ou a ocorrência de
desmatamentos ilegais no imóvel rural, bem como descumprimento da legislação ambiental,
Inscrição do imóvel no CAR
Celebração do Termo de Compromisso Ambiental
-‐ TCA
Encaminhamento do TCA à SEMA/PA
Emissão da Autorização de Funcionamento –
AFAR com prazo de 365 dias
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 48
acarretarão sua suspensão.
A AFAR não será emitida quando ausentes as informações previstas na IN
14/2011 e, quando o imóvel incidir em Terras Indígenas, Áreas Militares, Áreas de Floresta
Pública do Tipo A, e outras áreas já declaradas ou a serem declaradas de interesse do Poder
Público, Unidades de Conservação de Proteção Integral e Uso Sustentável, exceto a Área de
Proteção Ambiental – APA (art. 7º).
2ª Etapa: Licenciamento Ambiental Rural
Nos tópicos a seguir iremos nos deter ao procedimento de análise jurídica, elencando
os documentos necessários e algumas dificuldades e situações recorrentes.
-‐ DA ATIVIDADE DE SILVICULTURA:
O Decreto Estadual nº 216/2011 destinou capítulo específico ao licenciamento
ambiental da atividade de silvicultura exercida fora das áreas de APP e ARL, prevendo a
dispensa da necessidade de apresentação de projeto e de vistoria prévia para o exercício da
mesma:
Art. 16. O plantio, a condução e a colheita de espécies florestais, nativas ou exóticas,
com a finalidade de produção e corte, em áreas de cultivo agrícola e pecuária,
alteradas, subutilizadas ou abandonadas, localizadas fora das áreas de preservação
permanente e de reserva legal, são isentas de apresentação de projeto e de vistoria
prévia, nos termos da legislação vigente do art. 12 da Lei nº 4.771/1965 (Código
Florestal).
(...)
Requerimento da LAR (prazo de 120 dias
antes do venc. da AFAR)
Setor de sensoriamento remoto
Análise Jurídica
Setor de Licenciamento Ambiental
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 49
Art. 18. Os produtores rurais solicitarão a emissão da LAR-‐PA para a atividade do plantio
ou da colheita florestal, seguindo os procedimentos constantes do art. 9º deste decreto
e demais normas técnicas da SEMA.
Parágrafo único. Para fins do disposto no inciso VI do art. 9º deste Decreto, o
interessado deverá apresentar Relatório Ambiental Simplificado -‐ RAS, conforme
modelo estabelecido pela SEMA.
Art. 19. Os produtores rurais, quando da colheita e comercialização dos produtos in
natura, oriundos de florestas plantadas, nativas ou exóticas, localizadas fora das áreas
de preservação permanente e de reserva legal, deverão apresentar à SEMA:
I -‐ Declaração de Corte e Colheita -‐ DCC de espécies florestais plantadas, nativas ou
exóticas, conforme modelo a ser estabelecido pela SEMA, devidamente preenchida,
contendo, no mínimo, as seguintes informações e documentos:
a) nome e endereço do produtor rural e do imóvel rural;
b) dados do imóvel rural incluindo a numeração, o registro no Cadastro Ambiental Rural
-‐ CAR-‐PA e da Licença de Atividade Rural -‐ LAR vinculada ao plantio florestal ou seu
protocolo de requerimento;
c) área total e quantidade de árvores ou exemplares plantados de cada espécie, nome
científico e popular das espécies, e a data ou ano do plantio;
d) carta-‐imagem contendo a localização do imóvel rural, das áreas de preservação
permanente e da reserva legal, bem como a área do plantio florestal, objeto de
exploração, corte ou supressão;
e) fotografias da área para subsidiar a comprovação de que se trata de espécies
florestais plantadas.
II -‐ Anotação de Responsabilidade Técnica -‐ ART, firmada por profissional habilitado,
atestando as informações apresentadas na Declaração de Corte e Colheita -‐ DCC de
espécies florestais plantadas, nativas ou exóticas.
§ 1º As informações prestadas pelo produtor rural são de caráter declaratório e não
ensejam o pagamento de taxas.
§ 2º Ficam isentos de prestar as informações previstas no caput deste artigo os
produtores que realizarem a colheita ou o corte eventual de florestas plantadas para
uso ou consumo no próprio imóvel rural, sem propósito comercial direto, desde que os
produtos florestais não necessitem de transporte em vias públicas.
A exceção ao previsto nos artigos transcritos está disciplinada no art. 20.
Vejamos:
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 50
a. Os plantios florestais realizados dentro da área de Reserva legal e Área de Preservação
Permanente;
b. Aqueles destinados à geração de créditos ou vinculados à reposição florestal;
c. Os plantios de espécies florestais nativas plantadas, constantes da Lista Oficial de
Espécies Ameaçadas de Extinção ou protegidas por lei, mesmo quando localizados fora
das áreas de preservação permanente e de reserva legal.
d. Aqueles cuja finalidade da colheita seja a fabricação de carvão vegetal.
Os demais procedimentos para elaboração e apresentação da competente
Declaração de Corte e Colheita – DCC encontram-‐se disciplinados na IN SEMA nº 15/2011.
Importante destacar que o procedimento previsto encontra guarida na Lei nº
12.651/2012 (Novo Código Florestal), ao prever:
Art. 35.
(...)
§ 2o É livre a extração de lenha e demais produtos de florestas plantadas nas áreas
não consideradas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal.
§ 3o O corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em área de uso alternativo
do solo serão permitidos independentemente de autorização prévia, devendo o
plantio ou reflorestamento estar previamente cadastrado no órgão ambiental
competente e a exploração ser previamente declarada nele para fins de controle de
origem.
-‐ PRINCIPAIS NORMATIVAS ESTADUAIS ACERCA DE OUTRAS ATIVIDADES
RURAIS:
ATIVIDADE NORMATIVA
Manejo Florestal IN SEMA nº 05/2011
IN SEMA nº 03/2012 (dispensa certidão de
autenticidade para imóveis até 100 há)
Supressão Vegetal IN SEMA nº 06/2011
Reflorestamento e cultura do dendê em áreas IN SEMA nº 08/2011
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 51
alteradas e/ou subutilizadas fora da Reserva Legal e
das Áreas de Preservação Permanentes
Reflorestamento, plantios de culturas industriais de
ciclo-‐longo, frutíferas de porte arbóreo e sistemas
agroflorestais
Portaria SEMA nº 890/2011
Limpeza de Açaizais IN SEMA nº 53/2010, com alterações da IN 06/2012
Queima Controlada IN SEMA nº 51/2010
Atividades agrosilvopastoris, executadas dentro das
áreas de uso alternativo do solo, consideradas como
sendo de baixo impacto ambiental.
Decreto Estadual nº 2.436/2010
IN SEMA nº 50/2010
02. Passo a passo para análise jurídica e emissão de parecer:
-‐ ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DE INSTRUÇÃO DO PROCESSO:
O primeiro aspecto a ser analisado quando da apreciação dos pedidos de
licenciamento ambiental é a correta instrução do processo, ou seja, se foram apresentados
todos os documentos elencados na legislação.
In casu, no que se refere à atividade ora analisada a IN SEMA nº 14/2011
elenca:
Documentos para Instrução do Pedido de Licenciamento Ambiental
(Decreto nº 216/2011 e IN SEMA nº 14/2011)
Para Imóveis até 4 módulos fiscais Para imóveis acima de 4 módulos ficais
1.1.Requerimento Padrão da SEMA;
1.2.Declaração de Informação Ambiental – DIA;
1.3.Termo de Compromisso de Controle Ambiental –
TCA;
1.4.Relatório ambiental simplificado – RAS assinada
por profissional habilitado da EMATER ou de
Prefeituras;
1.5.Copia de Autorização de Funcionamento de
Atividade Rural – AFAR para a atividade desenvolvida
ou a ser implantada no imóvel rural, quando houver;
1.1.Requerimento Padrão da SEMA
1.2.Declaração de Informação Ambiental – DIA
1.3.Termo de Compromisso de Controle Ambiental –
TCA
1.4. Relatório ambiental simplificado – RAS
acompanhado da Anotação de Responsabilidade
Técnica – ART e o Cadastro Técnico de Atividade de
Defesa Ambiental – CTDAM do elaborador, nos termos
da Resolução Confea nº 218 de 29/06/1973;
1.5.Copia de Autorização de Funcionamento de
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 52
1.6.Cópias autenticadas dos documentos de
identificação pessoal ou cópias simples acompanhadas
dos originais para conferência do:
·∙ Detentor da Propriedade Rural;
·∙ Representante Legal, quando houver;
1.7.Procuração autenticada em cartório atualizada e
com poderes específicos para o pleito, quando for o
caso;
1.8.Comprovação da propriedade, posse ou ocupação
mansa e pacífica do imóvel rural através dos seguintes
documentos:
1.8.1.No caso de propriedade:
·∙ Certidão atualizada do registro de imóveis,
acompanhada do Certificado de Cadastro de Imóvel
Rural – CCIR ou do protocolo do pedido junto ao
INCRA;
·∙ Declaração emitida pelo órgão fundiário ou pela
Prefeitura do Município onde estiver localizado o
imóvel rural, atestando a ocupação superior a 05
(cinco) anos, conforme modelo padrão estabelecido
pelo órgão fundiário, após a vistoria;
1.9.Comprovante do Cadastro Ambiental Rural – CAR,
efetivado via “on line”;
1.10.Comprovante de pagamento do DAE (Documento
de Arrecadação Estadual) de acordo com o Porte e
Grau Poluidor da atividade licenciada, conforme anexo
I da Resolução COEMA n.º 085/2010;
1.11. Projeto técnico de regularização das áreas de
preservação permanente e/ou de reserva legal
acompanhado da Anotação de Responsabilidade
Técnica – ART e do Cadastro Técnico de Atividade de
Defesa Ambiental – CTDAM do elaborador de acordo
com os parágrafos 1º e 2º do art.10 do Decreto 216 de
22/09/2011, quando for o caso.
1.12.Publicação no Diário oficial do Estado do Pará e
em jornal local de grande circulação (Resolução
CONAMA/006 de 24 de janeiro de 1996).
Atividade Rural – AFAR para a atividade desenvolvida
ou a ser implantada no imóvel rural, quando houver;
1.6.Cópias autenticadas dos documentos de
identificação pessoal ou cópias simples acompanhadas
dos originais para conferência do:
·∙ Titular da Propriedade Rural ou da posse;
·∙ Responsável Técnico;
·∙ Representante Legal.
1.7.CNPJ e IE do Empreendimento (Pessoa Jurídica)
1.8.Procuração autenticada em cartório atualizada e
com poderes específicos para o pleito, quando for o
caso.
1.9.Comprovante do Cadastro Ambiental Rural – CAR,
efetivado via “on line”.
1.10.Comprovante de pagamento do DAE (Documento
de Arrecadação Estadual) de acordo com o Porte e
Grau Poluidor da atividade licenciada, conforme anexo
I da Resolução COEMA n.º 085/2010.
1.11. Comprovante de pagamento do Imposto
Territorial Rural – ITR (Atualizado).
1.12.Comprovação da propriedade, posse ou
ocupação mansa e pacífica do imóvel rural através dos
seguintes documentos:
1.12.1.No caso de propriedade:
·∙ Certidão atualizada do registro de imóveis,
acompanhada do Certificado de Cadastro de Imóvel
Rural – CCIR ou do protocolo do pedido junto ao
INCRA;
1.12.2. No caso de posse ou ocupação mansa e
pacífica ou de propriedade rural cuja matrícula esteja
bloqueada ou cancelada pelo Poder Judiciário:
·∙ Declaração emitida pelo órgão fundiário ou pela
Prefeitura do Município onde estiver localizado o
imóvel rural, atestando a ocupação superior a 05
(cinco) anos, conforme modelo padrão estabelecido
pelo órgão fundiário, após a vistoria;
·∙1.13.Copia do ato constitutivo, estatuto social em
vigor registrado em cartório, no caso das sociedades
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 53
comerciais e no caso das sociedades por ações,
documento de eleição e termo de posse de seus
administrados. (Pessoa Jurídica).
1.14.Projeto técnico de regularização das áreas de
preservação permanente e/ou de reserva legal
acompanhado da Anotação de Responsabilidade
Técnica – ART e do Cadastro Técnico de Atividade de
Defesa Ambiental – CTDAM do elaborador de acordo
com os parágrafos 1º e 2º do art.10 do Decreto 216 de
22/09/2011, quando for o caso.
1.15.Publicação no Diário oficial do Estado do Pará e
em jornal local de grande circulação (Resolução
CONAMA/006 de 24 de janeiro de 1996).
Passemos, a avaliar alguns aspectos importantes quanto a tais documentos:
-‐ Requerimento Padrão: trata-‐se de formulário contendo todas as informações do requerente,
procurador, e responsável técnico, em especial para contato, bem como esclarecimentos
quanto ao licenciamento da atividade requerida. Ao analisar tal documento deve-‐se ter
atenção nas informações preenchidas, endereço para notificações, se as atividades requeridas
para licenciamento condizem com o projeto apresentado e, se está assinado por pessoa
legitimada (requerente ou seu procurador) e com firma reconhecida. Em âmbito estadual foi
instituída inicialmente por meio da IN SEMA nº 03/2006, sendo mantida como exigência para
todas as formas de licenciamento e sua renovação e nos procedimentos de inscrição no
CEPROF/SISFLORA.
-‐ Declaração de Informações Ambientais -‐ DIA: trata-‐se de declaração firmada pelo
responsável pelo empreendimento assumindo a responsabilidade (civil e criminal) pelas
informações prestadas no âmbito do processo de licenciamento. Caso seja firmada por
procurador, deve ser apresentado o instrumento de procuração. Devem, ainda, ser anexados
RG e CPF do subscritor em cópia autenticada e, ter a firma reconhecida. Em âmbito estadual
foi instituída inicialmente por meio da IN SEMA nº 03/2006, sendo mantida como exigência
para todas as formas de licenciamento e sua renovação.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 54
-‐ Termo de Compromisso Ambiental – TCA: abordado no tópico anterior. Para sua análise
devem ser observadas as informações nele contidas, comparando-‐se se foi firmado por
pessoa legitimada (proprietário do imóvel ou seu procurador, com poderes para tanto),
devendo estar com firma reconhecida, se os dados do imóvel estão corretamente preenchidos
(em especial número da matrícula ou da declaração de posse), se o número do CAR informado
corresponde com o vigente, bem como as informações quanto ao percentual destinado à
reserva legal e aos passivos de reserva legal e APP. Por fim, deve ser conferido se as
obrigações assumidas foram devidamente cumpridas, em especial quanto aos prazos para
requerimento do licenciamento.
-‐ Relatório Ambiental Simplificado – RAS: documento de conteúdo técnico, devendo, portanto
ser avaliado pelo setor de licenciamento ambiental. Importante observar se foram informados
corretamente os dados do imóvel, inclusive quanto a área, se as atividades condizem com o
contido no requerimento padrão e DIA e, se foi subscrito por pessoa com habilitação técnica
para tanto, conforme Resolução CONFEA nº 218/73. Tal documento técnico deve estar
acompanhado da correspondente Anotação de Responsabilidade Técnica – ART e do CTDAM.
Na ART importante observar se o responsável tem habilitação técnica para
elaboração do projeto para a atividade pretendida, qual a atividade contratada (elaboração
do projeto e execução/supervisão) e se está devidamente assinada.
O CTDAM, instituído no art. 112, §1º da Lei Estadual nº 5.887/95 e
regulamentado no Decreto Estadual nº 5.741/2002, é o cadastro obrigatório de pessoas físicas
ou jurídicas prestadoras de serviços relativos às atividades de controle do meio ambiente.
Para sua análise deve ser observada a data de validade, ou seja, se ainda está em vigência e,
se o mesmo se refere ao profissional contratado para elaboração do RAS e
execução/supervisão da atividade.
-‐ Autorização de Funcionamento de Atividade Rural – AFAR: trata-‐se de autorização de
funcionamento emitida no site do órgão ambiental estadual na 1ª etapa de regularização da
atividade, tendo validade de 365 dias. Deve ser verificado se a AFAR refere-‐se ao mesmo
imóvel e atividade objeto do pedido de licenciamento, inclusive quanto ao número do CAR.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 55
Deve, ainda, ser verificado seu status, se ativa ou suspensa, e se as condicionantes foram
devidamente cumpridas.
-‐ Documentos pessoais do requerente, procurador e do responsável técnico (RG e CPF): tais
documentos devem ser juntados em cópia autenticada, ou sendo cópia simples, o original
deve ser apresentado para fins de conferência. A maioria dos órgãos ou entidades, através de
seu setor de protocolo, possuem carimbo de “confere com o original”. No caso de pessoas
jurídicas, os documentos a serem apresentados são de seu sócio administrador, responsável
por representar a empresa.
-‐ Documentos da pessoa jurídica: devem ser apresentados para instrução do processo: (i)
cópia autenticada do ato constitutivo ou estatuto social em vigor registrado em cartório no
caso das sociedades comerciais. Caso já tenha sido alterado o contrato social originário,
devem ser apresentadas todas as alterações, podendo ser substituída por consolidação do
contrato social; (ii) no caso das sociedades por ações também deve ser juntada cópia
autenticada do documento de eleição e termo de posse de seus administradores; (iii)
comprovante de inscrição estadual atualizado (menos de 30 dias de emissão); (iv) cartão de
inscrição no CNPJ atualizado (menos de 30 dias de emissão). Nesses últimos dois documentos
deve ser conferido se a atividade a ser licenciada está contemplada nas atividades
cadastradas, bem como a situação da empresa, que deve estar ativa.
-‐ Procuração: não há na norma em estudo exigência que a mesma seja pública, podendo ser
particular, desde que com firma do subscritor devidamente reconhecida. Deve ser
apresentada em via original ou cópia autenticada. Em sua análise deve ser verificado se
constitui poderes para atuação perante o órgão e, caso os documentos como requerimento
padrão, DIA, TCA, entre outros, estejam subscritos pelo procurador, deve, ainda, ser
verificado se a mesma atribui poderes específicos para tanto, inclusive para firmar
compromisso.
-‐ CAR: em relação ao CAR deve ser verificado se é o mesmo mencionado nos demais
documentos juntados ao processo, e se as informações quanto ao imóvel e, proprietário estão
corretas. Além disso, deve ser conferido se o mesmo ainda é o CAR vigente (ativo). No tópico
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 56
seguinte abordaremos as demais questões que devem ser avaliadas no CAR: APRT, APP, RL,
passivos e sobreposições.
-‐ Documento de Arrecadação Estadual – DAE: refere-‐se ao comprovante de pagamento da
taxa de licenciamento ambiental de acordo com o porte e grau poluidor da atividade a ser
licenciada. No âmbito do Estado do Pará os valores encontram-‐se estabelecidos na Resolução
COEMA nº 085/2010, com suas posteriores alterações, e são destinados ao Fundo Estadual de
Meio Ambiente – FEMA (art. 148 da Lei nº 5.887/95). Nos municípios, a taxa de licenciamento
deve estar criada através de lei (geralmente na própria lei de taxas do ente), prevendo sua
destinação.
-‐ Comprovante de pagamento do Imposto Territorial Rural – ITR: instituído através da Lei nº
5.172/1966 (Código Tributário Nacional). Trata-‐se de imposto, de competência da União,
devido sobre a propriedade territorial rural, cujo fato gerador é a propriedade, o domínio útil
ou a posse de imóvel localizado fora da zona urbana do Município. Deve ser conferido se o
comprovante apresentado se refere ao mesmo proprietário/possuidor e ao mesmo imóvel.
-‐ Comprovação da propriedade, posse ou ocupação mansa e pacífica do imóvel rural: a
comprovação da situação fundiária do imóvel se dá por meio da apresentação dos seguintes
documentos:
a. No caso de propriedade: certidão atualizada do registro de imóveis (menos de 30
dias), em original ou cópia autenticada. Na certidão deve ser verificada a
titularidade do imóvel e o tamanho da área registrada, a fim de comparar com as
demais informações constantes no processo. Além disso, devem ser apuradas a
existência de averbação da reserva legal (percentual e localização), bem como se
houve a execução de manejo florestal (averbação de Termo de Responsabilidade de
Manutenção de Floresta Manejada – TRMFM).
No que se refere à reserva legal, analisaremos no tópico seguinte.
Caso exista projeto de manejo florestal, deve ser solicitado ao setor de
sensoriamento remoto que verifique se a atividade pretendida encontra-‐se
sobrepondo à área manejada, a fim de verificar-‐se a ocorrência de descumprimento
do TRMFM.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 57
Há controvérsias jurídicas quanto a exigência de averbação dos contratos de
comodato e/ou arredamento quando celebrados. A Lei nº 6.015/73 (Lei de
Registros Públicos) não faz expressamente essa exigência. No entanto, a SEMA/PA
exige a averbação quando o imóvel rural encontra-‐se sob arrendamento ou
comodato. A PGE/PA formulou consulta à Corregedoria de Justiça a fim de obter
posicionamento conclusivo, tendo em vista que alguns cartórios estão se recusando
a proceder a averbação. Tal exigência é feita pela SEMA/PA ante a preocupação de
que um mesmo imóvel seja arrendado a mais de uma pessoa, gerando
licenciamentos diversos para um mesmo imóvel, principalmente na seara das
atividades florestais. Ao nosso sentir, a segurança pretendida pode ser obtida
através de outras formas, como, por exemplo, incluindo essa informação no CAR do
imóvel.
A certidão de registro do imóvel deve ser acompanhada do Certificado de Cadastro
de Imóvel Rural – CCIR atualizado ou do protocolo do pedido junto ao INCRA,
documento este obrigatório conforme Lei nº 4.504/64 (Estatuto da Terra) e Lei nº
5.868/72 (Sistema Nacional de Cadastro Rural – SNCR). O último CCIR
disponibilizado pelo INCRA aos imóveis rurais se refere ao período de
2006/2007/2008/2009.
b. No caso de posse ou ocupação mansa e pacífica ou de propriedade rural cuja
matrícula esteja bloqueada ou cancelada pelo Poder Judiciário27: original ou cópia
autenticada de declaração emitida pelo órgão fundiário ou pela Prefeitura do
Município onde estiver localizado o imóvel rural, atestando a ocupação superior a 27 Decreto nº 216/2011:
Art. 9º. (...)
§ 1º Tratando-‐se de propriedade rural cuja matrícula esteja bloqueada ou cancelada pelo Poder Judiciário, a SEMA
dispensará ao imóvel o mesmo tratamento concedido às áreas de posse ou ocupação mansa e pacífica, exigindo a
documentação prevista na alínea b do inciso VII deste artigo.
IN SEMA nº 14/2011:
Art. 9º. (...)
§ 1º -‐ Tratando-‐se de propriedade rural cuja matrícula esteja bloqueada ou cancelada pelo Poder Judiciário, a SEMA
dispensará ao imóvel o mesmo tratamento concedido às áreas de posse ou ocupação mansa e pacífica, exigindo a
documentação prevista no Anexo III.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 58
05 (cinco) anos, conforme modelo padrão estabelecido pelo órgão fundiário, após
a vistoria. Para análise de tal documento devem ser conferidos os dados do imóvel
e do possuidor.
O art. 9º do Decreto nº 216/2011 faculta ao órgão ambiental exigir também
comprovante do pedido de regularização fundiária junto ao órgão competente,
podendo conceder o prazo de até 180 dias para apresentação, que deverá constar
como condicionante da LAR.
Importante destacar que os documentos referentes à comprovação da
propriedade ou da posse podem ser substituídos por outros instrumentos previstos na
legislação fundiária federal ou estadual, tais como a concessão de direito real de uso, a licença
ou autorização de ocupação, a autorização de uso, contrato de alienação de terras públicas,
contrato de promessa de compra e venda, dentre outros (art. 9º.§ 3º do Decreto nº 216/2011
e art. 9º, §4º da IN SEMA nº 14/2011).
-‐ Publicação no Diário oficial do Estado do Pará e em jornal local de grande circulação: trata-‐se
de exigência consubstanciada no princípio da publicidade e da participação e controle
popular, visando dar conhecimento público tanto dos pedidos de licenciamento como da
concessão dos mesmos. Na Resolução CONAMA nº 06/2006 são estabelecidos os modelos de
publicação.
Ressalte-‐se que a Instrução Normativa SEMA nº 10/2012 previu a possibilidade
de que, os pedidos de licenciamento ambiental das atividades rurais, sua renovação e a
respectiva concessão, seja através da AFAR ou da LAR, sejam publicados em meio eletrônico
de comunicação mantido pelo órgão ambiental, preferencialmente por intermédio do
SIMLAM Público.
Por fim, em caso de assentamentos rurais, de acordo com a IN SEMA nº
14/2011, devem ser apresentados os seguintes documentos:
a. Relação de beneficiários do INCRA ou do ITERPA constando o nome dos assentados,
número do lote e respectivo RG e CPF.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 59
b. Ato ou portaria de criação do assentamento.
c. Termo de Compromisso de Controle Ambiental – TCA.
d. Cópia do ato Constitutivo do estatuto Social devidamente registrado em cartório.
e. Ata da assembleia que elegeu a Diretoria da associação ou Cooperativa para exercício
atual, registrado em cartório.
f. Croqui da propriedade contendo: área total da propriedade, Área de reserva legal – RL,
área de preservação permanente – APP, área já desmatada contendo o seu uso do
solo.
g. Publicação no Diário oficial do Estado do Pará e em jornal local de grande circulação
(Resolução CONAMA/006 de 24 de janeiro de 1996): fazemos remissão aos
comentários já realizados anteriormente, tendo por base o previsto na IN SEMA nº
10/2012.
A Resolução CONAMA nº 387/2006 previa os procedimentos para o
licenciamento ambiental em assentamentos da reforma agrária, estabelecendo a necessidade
prévia de licenciamento do assentamento através da Licença de Instalação e Operação – LIO
para possibilitar, somente posteriormente, o licenciamento das atividades desenvolvidas na
área.
Entretanto, em 16.07.2013 foi editada a Resolução CONAMA nº 458/2013,
revogando a anterior e, estabelecendo procedimentos para o licenciamento ambiental de
atividades agrossilvipastoris e de empreendimentos de infraestrutura, passíveis de
licenciamento, realizados em assentamentos de reforma agrária.
A Resolução simplificou de forma significativa o procedimento, a fim de
permitir a regularização ambiental das atividades desenvolvidas no âmbito dos projetos de
assentamento. Merecem destaque os dispositivos a seguir:
Art. 3º (...)
§ 1º Os empreendimentos de infraestrutura e as atividades agrossilvipastoris serão
licenciados mediante procedimentos simplificados constituídos pelos órgãos
ambientais considerando como referência o contido no Anexo.
§ 2º O procedimento de licenciamento simplificado deverá ser requerido:
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 60
I -‐ pelos beneficiários do programa de reforma agrária responsáveis pelas atividades
agrossilvipastoris, individual ou coletivamente, com apoio do poder público; e
II -‐ pelo responsável pelo empreendimento de infraestrutura.
(...).
§ 4º Caso o órgão ambiental competente identifique potencial impacto ambiental
significativo deverá exigir o procedimento ordinário de licenciamento.
(...)
Art. 5º O procedimento a que se refere o art. 4o dar-‐se-‐á com a assinatura do TCA, pelo
órgão fundiário e pelo assentado responsável pela atividade agrossilvipastoril ou
empreendimento de infraestrutura, junto ao órgão ambiental competente e posterior
requerimento de licenciamento ambiental simplificado.
Parágrafo único. A partir da apresentação do TCA e dentro do seu período de vigência,
fica autorizada a continuidade das atividades agrossilvipastoris e a manutenção da
infraestrutura existente.
Art. 6º Fica assegurada a participação dos beneficiários de assentamentos de reforma
agrária para acompanhar o processo de licenciamento de empreendimentos de
infraestrutura e das atividades agrossilvipastoris passíveis de licenciamento, mantendo
interlocução permanente com o órgão ambiental competente e com o órgão fundiário.
Assim, pelos termos da nova Resolução, a assinatura do TCA e a condução do
processo de licenciamento dar-‐se-‐á pelo assentado beneficiário, em conjunto com o órgão
fundiário.
-‐ ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES QUANTO À ÁREA DO IMÓVEL RURAL:
O setor técnico, aqui compreendido como setor de sensoriamento remoto e
como setor de licenciamento ambiental propriamente dito (análise do RAS e vistoria),
desenvolve papel fundamental e, as informações por ele geradas são determinantes na
análise de diversos aspectos jurídicos.
Essencialmente, devem constar na análise a ser realizada pelo setor de
sensoriamento remoto:
-‐ Incidências da área em terras indígenas, assentamentos e unidades de
conservação ou em sua zona de amortecimento;
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 61
-‐ Incidências em florestas públicas (Tipo A e Tipo B);
-‐ Localização do imóvel em relação ao Zoneamento Ecológico Econômico;
-‐ Análise temporal das alterações ocorridas, tendo como marco principal a data
de 22.07.2008;
-‐ Localização da área requerida na área do imóvel, se em sua área de uso
alternativo do solo ou de reserva legal e, incidência de APP;
-‐ Análise do CAR: APRT cadastrada e constante nos documentos do imóvel, APP,
ARL (percentual e localização), passivos e sobreposições;
-‐ Áreas consolidadas e necessidade de limpeza.
Passemos, assim, à análise do procedimento em cada situação.
a. Incidências da área em terras indígenas, quilombolas, assentamentos e
unidades de conservação ou em sua zona de amortecimento:
Um dos aspectos a serem avaliados pelo setor de sensoriamento remoto é a
sobreposição da área do imóvel e, principalmente, da atividade com terras indígenas,
quilombolas, assentamentos e unidades de conservação.
Nos dois primeiros casos deverá ser aplicado o procedimento previsto na
Portaria Interministerial nº 419/2011 que regulamenta a atuação da Fundação Nacional do
Índio-‐FUNAI, da Fundação Cultural Palmares-‐FCP, do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional-‐IPHAN e do Ministério da Saúde, incumbidos da elaboração de parecer em
processo de licenciamento ambiental de competência federal, a cargo do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-‐IBAMA, podendo ser utilizada por
analogia.
O art. 3º da Portaria prevê:
Art. 3º (...)
§ 2º Para fins do disposto no caput deste artigo, presume-‐se a interferência:
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 62
I -‐ em terra indígena, quando a atividade ou empreendimento submetido ao
licenciamento ambiental localizar-‐se em terra indígena ou apresentar elementos que
possam gerar dano sócio-‐ambiental direto no interior da terra indígena, respeitados os
limites do Anexo II;
II -‐ quando a atividade ou empreendimento submetido ao licenciamento ambiental
localizar-‐se em terra quilombola ou apresentar elementos que possam gerar dano
sócio-‐ambiental direto no interior da terra quilombola, respeitados os limites do
Anexo II;
III -‐ quando a área de influência direta da atividade ou empreendimento submetido ao
licenciamento ambiental localizar-‐se numa área onde for constatada ocorrência de
bens culturais acautelados;
IV -‐ quando a atividade ou empreendimento localizar-‐se em municípios pertencentes às
áreas de risco ou endêmicas para malária.
Conforme art. 6º da Portaria, a manifestação conclusiva de tais órgãos acerca
do estudo ambiental deverá se dar nos prazos de até 90 (noventa) dias no caso de EIA/RIMA e
de até 30 (trinta dias) nos demais casos, a contar da data do recebimento da solicitação,
considerando:
ü Fundação Nacional do Índio-‐FUNAI -‐ Avaliação dos impactos provocados pela atividade
ou empreendimento em terras indígenas, bem como apreciação da adequação das
propostas de medidas de controle e de mitigação decorrentes desses impactos.
ü Fundação Cultural Palmares -‐ Avaliação dos impactos provocados pela atividade ou
empreendimento em terra quilombola, bem como apreciação da adequação das
propostas de medidas de controle e de mitigação decorrentes desses impactos.
ü Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-‐ IPHAN -‐ Avaliação acerca da
existência de bens acautelados identificados na área de influência direta da atividade
ou empreendimento, bem como apreciação da adequação das propostas apresentadas
para o resgate.
ü Ministério da Saúde -‐ Avaliação e recomendação acerca dos impactos sobre os fatores
de risco para a ocorrência de casos de malária, no caso de atividade ou
empreendimento localizado em áreas endêmicas de malária. O Ministério da Saúde
deverá definir os municípios pertencentes às áreas de risco ou endêmicas para
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 63
malária, com atualização anual a ser disponibilizada em seu sítio oficial na rede
mundial de computadores.
A ausência de manifestação dos órgãos e entidades envolvidos, no prazo
estabelecido, não implicará prejuízo ao andamento do processo de licenciamento ambiental,
nem para a expedição da respectiva licença.
Ressalte-‐se, ainda, que os mesmos poderão exigir uma única vez, mediante
decisão motivada, esclarecimentos, detalhamento ou complementação de informações, com
base no termo de referência específico, a serem entregues pelo empreendedor no prazo de
até 60 (sessenta) dias no caso de EIA/RIMA e 20 (vinte) dias nos demais casos.
A manifestação dos órgãos e entidades envolvidos deverá ser conclusiva,
apontando a existência de eventuais óbices ao prosseguimento do processo de licenciamento
e indicando as medidas ou condicionantes consideradas necessárias para superá-‐los (art. 6º,
§7º da Portaria).
No caso de assentamentos, o procedimento para o licenciamento foi exposto
no tópico anterior, devendo o processo ser instruído pelo beneficiário em conjunto com o
órgão fundiário. Na hipótese do requerente não ser beneficiário, deverá ser consultado o
órgão fundiário quanto à existência física da sobreposição, ou ser o mesmo notificado para
apresentar documento oficial do órgão fundiário comprovando a exclusão da área de seu
imóvel rural da área do assentamento.
Quanto à incidência da área em unidades de conservação ou sua zona de
amortecimento deve ser seguido o procedimento previsto na Resolução CONAMA nº
378/2010 e na IN ICMBio nº 05/2009.
As unidades de conservação que admitem a permanência de propriedades
privadas em seu interior são: monumento natural (desde que possível compatibilizar os
objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos
proprietários), refúgio da vida silvestre (nas mesmas condições da anterior), área de proteção
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 64
ambiental – APA (sendo que podem ser estabelecidas restrições e normas para a utilização da
propriedade), área de relevante interesse ecológico e, reserva particular do patrimônio
natural – RPPN (somente permitida pesquisa e visitação com objetivos turísticos, recreativos e
educacionais). As demais são de posse e domínio público, sendo que as propriedades privadas
por ventura existentes são desapropriadas.
A Resolução do CONAMA prevê:
Art. 1º O licenciamento de empreendimentos de significativo impacto ambiental que
possam afetar Unidade de Conservação (UC) específica ou sua Zona de Amortecimento
(ZA), assim considerados pelo órgão ambiental licenciador, com fundamento em Estudo
de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), só
poderá ser concedido após autorização do órgão responsável pela administração da
UC ou, no caso das Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), pelo órgão
responsável pela sua criação.
(...)
Art. 5º Nos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos não sujeitos a
EIA/RIMA o órgão ambiental licenciador deverá dar ciência ao órgão responsável pela
administração da UC, quando o empreendimento:
I – puder causar impacto direto em UC;
II – estiver localizado na sua ZA;
III – estiver localizado no limite de até 2 mil metros da UC, cuja ZA não tenha sido
estabelecida no prazo de até 5 anos a partir da data da publicação desta Resolução.
§ 1º Os órgãos licenciadores deverão disponibilizar na rede mundial de computadores as
informações sobre os processos de licenciamento em curso.
§ 2º Nos casos das Áreas Urbanas Consolidadas, das APAs e RPPNs, não se aplicará o
disposto no inciso III.
§ 3º Nos casos de RPPN, o órgão licenciador deverá dar ciência ao órgão responsável
pela sua criação e ao proprietário.
Pela leitura dos dispositivos podemos aduzir que tão somente será necessária a
autorização prévia na hipótese de tratar-‐se de empreendimento ou atividade sujeito a
EIA/RIMA, sendo que nos demais casos deverá o órgão gestor ser oficiado, nos termos do art.
5º acima transcrito.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 65
A IN ICMBio nº 05/2009 trata acerca do procedimento de autorização, quando
necessária, a qual restringe-‐se à análise de impactos ambientais potenciais ou efetivos sobre
as unidades de conservação federais, sem prejuízo das demais análises e avaliações de
competência do órgão ambiental licenciador.
Caso a incidência ocorra em unidades de conservação estaduais ou municipais,
o órgão a ser consultado serão a SEMA, através da DIAP – Diretoria de Áreas Protegidas, e o
órgão gestor municipal, respectivamente.
-‐ Incidências em florestas públicas (Tipo A e Tipo B):
Situação comumente enfrentada é sobreposição de imóveis rurais com áreas
supostamente de floresta pública. Isso porque não há nos órgãos fundiários um registro ou
cadastro de todas as áreas tituladas e, que, portanto, deixaram de ser públicas.
Ocorre que em março de 2006 foi criado o Serviço Florestal Brasileiro – SFB,
através da Lei nº 11.284, responsável pelo gerenciamento das florestas públicas e do Cadastro
Nacional de Florestas Públicas – CNFP.
Em 2007 foi editada a Resolução SFB nº 02/2007, que define:
Art. 6o No estágio de identificação, será comunicada ao órgão competente a inclusão no
CFPU das seguintes florestas:
I -‐ Floresta Pública A (FPA), que indica que a floresta possui dominialidade pública e
uma destinação específica;
II -‐ Floresta Pública B (FPB), que indica que a floresta possui dominialidade pública, mas
ainda não foi destinada à utilização pela sociedade, por usuários de serviços ou bens
públicos ou por beneficiários diretos de atividades públicas;
III -‐ Floresta Pública C (FPC) são as florestas com definição de propriedade não
identificada pelo Serviço Florestal Brasileiro.
Parágrafo único. A inclusão de FPC no CFPU será comunicada, por meio de ofício, ao
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra, à Secretaria do Patrimônio
da União – SPU e aos órgãos de terra estaduais.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 66
Na mesma norma há o procedimento para exclusão do referido Cadastro:
Art. 16. A floresta pública inscrita no CFPU poderá ter situação cadastral:
I -‐ ativa;
II -‐ inativa.
§ 1o A floresta pública será inscrita no CFPU com situação cadastral ativa e passará à
situação inativa nos seguintes casos:
I -‐ quando houver o reconhecimento de direito de propriedade privada anterior à Lei
no 11.284, de 2 de março de 2006;
II -‐ quando ocorrer a transferência ou o reconhecimento de propriedade a outro ente da
federação.
(...)
§ 3º Nas situações descritas nos incisos I e II, do § 1º, deste artigo, a alteração da
situação cadastral somente ocorrerá:
I -‐ de ofício, quando esta for alterada nos sistemas de gestão da informação fundiária
coordenados pelo órgão fundiário federal competente;
II -‐ excepcionalmente, quando do recebimento de comunicação da autoridade máxima
do órgão fundiário federal competente, ou de autoridade a quem tenha delegado
expressamente essa atribuição, que deverá conter o memorial descritivo da área objeto
de inativação, com as coordenadas geográficas no Sistema Geodésico Brasileiro,
acompanhado do arquivo em meio digital em formato de dados geográficos espaciais,
conforme padrão previsto no Decreto nº 6.666, de 27 de novembro de 2008.
Desta forma, a floresta pública tipo A, chamadas destinadas, possuem um fim
específico, ou seja, serão as unidades de conservação, por exemplo, devendo, assim ser
consultado o SFB acerca da situação e da possibilidade de licenciamento.
Já as florestas públicas tipo B, são aquelas que ainda não foram destinadas ao
usuário (particular). É aonde ocorre a maior incidência de propriedades, face a não
comunicação do órgão fundiário ao SFB de que a área já passou para a dominialidade privada,
face a regularização fundiária.
Nesse caso, conforme acima transcrito, deve ser o interessado notificado para
que apresente, no mínimo, protocolo junto ao órgão fundiário originário (ITERPA ou INCRA,
conforme o caso) solicitando que sejam tomadas as devidas providências a fim de passar a área do
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 67
imóvel para a situação de inativa no Cadastro Nacional de Florestas Públicas – CNFP.
-‐ Localização do imóvel em relação ao Zoneamento Ecológico Econômico –
Percentual de Reserva Legal:
A informação quanto a localização do imóvel rural em relação ao zoneamento
ecológico econômico -‐ ZEE é de fundamental importância para que possa ser definido o
percentual mínimo a ser destinado para a formação da área de reserva legal.
Apenas para contextualizar, importante elucidar que o ZEE é instrumento da
Política Nacional do Meio Ambiente (art. 9º, II da Lei nº 6.938/81), regulamentado pelo
Decreto Federal nº 4.297/2002, tendo como objetivo viabilizar o desenvolvimento sustentável
a partir da compatibilização do desenvolvimento socioeconômico com a conservação
ambiental. O ZEE consiste, assim, na delimitação de zonas ambientais e atribuição de usos e
atividades compatíveis segundo as características de cada uma delas.
Desta forma, o ZEE leva em consideração uma análise detalhada e integrada da
região, considerando os impactos decorrentes da ação humana e a capacidade de suporte do
meio ambiente, propondo diretrizes específicas para cada unidade territorial (zona)
identificada.
Tal como exposto no decreto federal nº 4.297/2002:
Art. 2º O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido
na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e
padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos
recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o
desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.
Art. 3º O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos
agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que,
direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do
capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 68
Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das atividades econômicas, levará em
conta a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas,
estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território e
determinando, quando for o caso, inclusive a relocalização de atividades incompatíveis
com suas diretrizes gerais.
O zoneamento ecológico-‐econômico é competência compartilhada das três
esferas governamentais: a União, os Estados e os Municípios. Nesse contexto, a Lei
Complementar nº 140/2011 define que constitui ação administrativa da União a elaboração
do ZEE de âmbito nacional e regional (art. 7º, IX), dos Estados elaborar o ZEE de âmbito
estadual (art. 8º, IX), e dos Municípios a elaboração do plano diretor, observando os ZEE’s
existentes nas demais esferas (art. 9º, IX).
No âmbito do Estado do Pará o macrozoneamento encontra-‐se instituído
através da Lei nº 6.745/2005, que determina:
Art. 3º O Poder Público utilizará o Macrozoneamento Ecológico-‐Econômico como base
do planejamento estadual na elaboração e fixação de políticas, programas e projetos,
visando à ordenação do território e à melhoria da qualidade de vida das populações
urbanas e rurais.
§ 1° As Políticas Públicas Estaduais e Municipais deverão ser ajustadas às conclusões e
definições do Macrozoneamento Ecológico-‐Econômico.
§ 2° O uso das terras, águas, ecossistemas, biodiversidade, sítios arqueológicos,
cavidades naturais e estruturas geológicas que constituem o território estadual fica
sujeito às disposições estabelecidas nesta Lei e na legislação em vigor.
Como vimos, portanto, o zoneamento ecológico-‐econômico direciona diversas
ações de preservação e desenvolvimento de âmbito nacional e regional, tais como: os Planos
de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento, o Plano Nacional sobre Mudança do
Clima (PNMC), o Programa de Regularização Fundiária da Amazônia Legal (Terra Legal), entre
outros.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 69
No entanto, a importância do ZEE na análise ora tratada refere-‐se à
possibilidade de redução ou ampliação da reserva legal, prevista expressamente na Lei nº
12.651/2012 (Novo Código Florestal), conforme artigos abaixo:
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título
de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação
Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel,
excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei:
I -‐ localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
(...)
§ 4o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público poderá reduzir a Reserva Legal
para até 50% (cinquenta por cento), para fins de recomposição, quando o Município
tiver mais de 50% (cinquenta por cento) da área ocupada por unidades de conservação
da natureza de domínio público e por terras indígenas homologadas.
§ 5o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido o Conselho
Estadual de Meio Ambiente, poderá reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta
por cento), quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-‐Econômico aprovado e mais
de 65% (sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado por unidades de
conservação da natureza de domínio público, devidamente regularizadas, e por terras
indígenas homologadas.
(...)
Art. 13. Quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-‐Econômico -‐ ZEE estadual,
realizado segundo metodologia unificada, o poder público federal poderá:
I -‐ reduzir, exclusivamente para fins de regularização, mediante
recomposição, regeneração ou compensação da Reserva Legal de
imóveis com área rural consolidada, situados em área de floresta
localizada na Amazônia Legal, para até 50% (cinquenta por cento) da
propriedade, excluídas as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e dos
recursos hídricos e os corredores ecológicos;
II -‐ ampliar as áreas de Reserva Legal em até 50% (cinquenta por cento) dos percentuais
previstos nesta Lei, para cumprimento de metas nacionais de proteção à biodiversidade
ou de redução de emissão de gases de efeito estufa.
Pois bem, nesse contexto, no Estado do Pará existem duas regiões cuja reserva
legal foi reduzida para fins exclusivos de regularização, mediante aprovação do ZEE, são elas:
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 70
ZEE da BR 163 e BR 230 (Lei Estadual nº 7.243/2009 e Decreto Presidencial nº 7.130/201028) e
ZEE da Zona Leste e Calha Norte (Lei Estadual nº 7.398/2010 e Decreto Presidencial de
24.04.1329).
A Lei nº 7398/2010 prevê a redução do percentual destinado à RL nos seguintes
casos:
Art. 8º Nos imóveis rurais situados nas áreas de uso consolidado e/ou a consolidar,
delimitadas no Mapa de Gestão do Território deste ZEE fica indicado o
redimensionamento, para fins de recomposição, da reserva legal para até 50% da
propriedade, nos termos da legislação em vigor, mediante os seguintes requisitos:
I -‐ apresentação de proposta de regularização ambiental do imóvel junto ao órgão
estadual de meio ambiente e o seu ingresso no Cadastro Ambiental Rural, na forma a
ser estipulada por ato do Poder Executivo;
II -‐ celebração de compromisso de recuperação ou regeneração integral das Áreas de
Preservação Permanente, na forma a ser estipulada por ato do Poder Executivo;
III -‐ regularização da Reserva Legal nos prazos e termos da legislação em vigor.
(...)
§ 2º O disposto neste artigo e nos seus parágrafos é aplicável também às posses rurais
passíveis de regularização fundiária mediante a assinatura de termo de compromisso
junto ao órgão ambiental estadual.
§ 3º O disposto no caput deste artigo somente se aplica aos imóveis rurais com
passivo ambiental adquirido antes de 31 de dezembro de 2006.
Desta forma, estando o imóvel rural localizado nessas regiões, a reserva legal, 28 Art. 1o Fica adotada a Recomendação no 10, de 26 de junho de 2009, do Conselho Nacional do Meio Ambiente -‐ CONAMA,
que autoriza a redução, para fins de recomposição, da área de reserva legal, para até cinquenta por cento, dos imóveis
situados nas Áreas Produtivas (Zonas de Consolidação e Expansão), definidas no art. 5o, inciso I, da Lei Estadual no 7.243,
de 9 de janeiro de 2009, do Estado do Pará, que dispõe sobre o Zoneamento Ecológico-‐Econômico da área de influência das
rodovias BR-‐163 (Cuiabá/Santarém) e BR-‐230 (Transamazônica) -‐ Zona Oeste. 29 Art. 1º Fica autorizada a redução da área de Reserva Legal para até cinquenta por cento da área de imóvel situado nas
Zonas de Consolidação I, II e III, definidas no inciso I do caput do art. 4o da Lei Estadual nº 7.398, de 16 de abril de 2010, do
Estado do Pará, que dispõe sobre o Zoneamento Ecológico-‐Econômico da Zona Leste e Calha Norte do Estado do Pará.
Parágrafo único. A redução da área de Reserva Legal de que trata o caput tem por finalidade exclusiva a regularização,
mediante recomposição, regeneração ou compensação, devendo ser excluídas da redução as áreas prioritárias para
conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e os corredores ecológicos.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 71
para fins de regularização, em uma de suas formas, será de 50%, desde que esteja situado na
zona de uso consolidado ou a consolidar, esteja realizando a regularização ambiental, ingresse
no CAR, se comprometa a regularizar os passivos de APP e RL e, desde que o passivo
ambiental tenha sido adquirido em data anterior a 31.12.2006.
Importante asseverar que, inovando o previsto na Lei nº 4.771/65, o novo
código florestal trouxe a possibilidade de que os proprietários ou possuidores de imóveis
situados na área do ZEE que possuam reserva legal conservada e averbada em percentuais
acima de 50%, possam instituir servidão ambiental sobre a área excedente, bem como Cota
de Reserva Ambiental – CRA (art. 13, §1º).
Ademais, o ZEE constitui um dos fatores a serem levados em consideração para
fins de localização da área de reserva legal:
Art. 14. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em
consideração os seguintes estudos e critérios:
(...)
II -‐ o Zoneamento Ecológico-‐Econômico
-‐ Análise temporal das alterações ocorridas:
No item anterior já vimos que o primeiro marco temporal a ser avaliado pelo
setor de sensoriamento remoto refere-‐se a 31.12.2006, caso o imóvel rural esteja situado na
área do ZEE em que houve redução do percentual destinado à reserva legal.
Isso porque somente se o passivo existente tiver sido adquirido até essa data é
que será aplicável a redução.
Já o Decreto Estadual nº 216/2011 prevê:
Art. 11. Para fins de confirmação do CAR-‐PA e emissão da LAR-‐PA, a SEMA analisará as
imagens de satélite referentes ao imóvel rural objeto do licenciamento, a partir de 1º de
janeiro de 2007.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 72
(...)
§ 2º Durante este período, constatada a supressão de vegetação nativa sem autorização
do órgão ambiental competente, o produtor rural não será autuado pela SEMA, desde
que tenha firmado ou firme o termo de compromisso para recuperação ambiental da
área irregularmente desmatada, seguindo as mesmas diretrizes contidas no Decreto
Federal nº 7.029/2009, que institui o Programa Mais Ambiente.
§ 3º Caso o produtor rural já tenha sido autuado pela SEMA em razão da supressão de
vegetação nativa de forma irregular, no período acima ou em datas anteriores, poderá
ter a exigibilidade da multa suspensa, desde que apresente o termo de compromisso
para recuperação ambiental da área irregularmente alterada, na forma do parágrafo
primeiro deste artigo, exceto nos casos de processos com julgamento definitivo na
esfera administrativa.
§ 4º Quando necessário, o prazo para apresentação do projeto técnico de recuperação
ambiental decorrente do termo de compromisso deverá ser afixado como condicionante
da LAR-‐PA.
§ 5º Cumpridos integralmente os prazos e condições estabelecidos no termo de
compromisso, as multas aplicáveis ou aplicadas em decorrência das infrações serão
consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da
qualidade do meio ambiente, nos termos do § 4º do art. 72 da Lei nº 9.605/1998.
§ 6º Os procedimentos contidos neste artigo não impedem a detecção e a
responsabilização, a qualquer tempo, de novas infrações ambientais cometidas nos
imóveis rurais licenciados ou em processo de licenciamento.
Diante dos artigos transcritos resta cristalino que a legislação estadual
estabeleceu o marco temporal de 1º de janeiro de 2007, na mesma esteira de raciocínio da Lei
do ZEE. As alterações existentes na área do imóvel que tenham sido realizadas sem a devida
autorização não geram ao proprietário ou possuidor qualquer autuação desde que firme
termo de compromisso para recuperação ambiental da área, sendo que, na hipótese de já ter
sofrido autuação, a penalidade será considerada como convertida em serviços de
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, depois de cumprido o
termo.
No entanto, a Lei Federal nº 12.651/2012 ao definir área rural consolidada
estabeleceu o marco temporal de 22.07.2008. Vejamos:
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 73
Art. 3º
(...)
IV -‐ área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a
22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris,
admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio;
Para a área rural considerada como consolidada estabeleceu:
Art. 59. A União, os Estados e o Distrito Federal deverão, no prazo de 1 (um) ano,
contado a partir da data da publicação desta Lei, prorrogável por uma única vez, por
igual período, por ato do Chefe do Poder Executivo, implantar Programas de
Regularização Ambiental -‐ PRAs de posses e propriedades rurais, com o objetivo de
adequá-‐las aos termos deste Capítulo.
(...)
§ 2o A inscrição do imóvel rural no CAR é condição obrigatória para a adesão ao PRA,
devendo esta adesão ser requerida pelo interessado no prazo de 1 (um) ano, contado a
partir da implantação a que se refere o caput, prorrogável por uma única vez, por igual
período, por ato do Chefe do Poder Executivo.
§ 3o Com base no requerimento de adesão ao PRA, o órgão competente integrante do
SISNAMA convocará o proprietário ou possuidor para assinar o termo de compromisso,
que constituirá título executivo extrajudicial.
§ 4o No período entre a publicação desta Lei e a implantação do PRA em cada Estado e
no Distrito Federal, bem como após a adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver
sendo cumprido o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser
autuado por infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão
irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de
uso restrito.
§ 5o A partir da assinatura do termo de compromisso, serão suspensas as sanções
decorrentes das infrações mencionadas no § 4o deste artigo e, cumpridas as obrigações
estabelecidas no PRA ou no termo de compromisso para a regularização ambiental das
exigências desta Lei, nos prazos e condições neles estabelecidos, as multas referidas
neste artigo serão consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria
e recuperação da qualidade do meio ambiente, regularizando o uso de áreas rurais
consolidadas conforme definido no PRA.
Verificamos, portanto, que em verdade o raciocínio do legislador foi o mesmo
consubstanciado no Decreto Estadual nº 216/2010, sendo que a grande diferença se refere à
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 74
data estabelecida como marco temporal, 22.07.2008, data da promulgação do Decreto nº
6.514/2008, que versa acerca das infrações administrativas ambientais.
Quando da promulgação da Lei nº 12.651/2012 muitos consideraram que
estava sendo introduzida uma forma de anistia às infrações administrativas referentes à
desmatamentos ilegais ocorridos em data anterior à 22.07.2008.
Essa não nos parece ser a melhor interpretação. Não há anistia, o que há é a
faculdade de aderir ao criado Programa de Regularização Ambiental, optando-‐se por
recompor o meio ambiente ou compensar a degradação, ao invés de sofrer as sanções
pecuniárias. Caso não haja adesão ao PRA por parte do requerente do licenciamento, e tenha
sido realizada alteração não autorizada em data anterior a 22.07.2008, sofrerá ele as sanções
previstas na legislação pátria.
-‐ Análise do CAR: APRT cadastrada e constante nos documentos do imóvel, APP,
ARL (percentual e localização), passivos e sobreposições:
Ao analisar o CAR do imóvel rural, o setor de sensoriamento avaliará diversos
aspectos. O primeiro deles é referente ao tamanho da área cadastrada, tendo como base a
documentação fundiária apresentada (certidão de registro de imóveis ou declaração de
posse).
Havendo diferença a maior, ou seja, estando a área cadastrada
(georreferenciada) maior do que a constante nos documentos fundiários, será admitida desde
que respeitado o limite de 10%, e que não acarrete qualquer tipo de prejuízo ao meio
ambiente (art. 12 do Decreto nº 216/2011). Há ainda, a possibilidade de emissão da LAR, de
forma conjunta ou separada, quando ocorrência de divergência acima do limite de tolerância,
conferindo à porção excedente o mesmo tratamento dado às áreas de posse ou ocupação
mansa e pacífica.
Observe-‐se que a diferença a menor será emitida a LAR tendo como base
somente a área física do imóvel (declarada no CAR).
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 75
Na hipótese de ocorrência de sobreposição com outro imóvel rural, será aceita
a diferença de até 5% em relação ao total da área do imóvel rural, mediante a apresentação
de declaração de reconhecimento de limites – DRL entre os confinantes (art. 13 do Decreto
216/2011). Caso a diferença seja a maior, deverá ser sanada pelo requerente do
licenciamento ambiental, retificando-‐se, caso necessário, os documentos pertinentes, em
especial o CAR.
Além disso, deve ser verificada a existência de áreas de preservação
permanente na área do imóvel rural.
As APP’s são áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-‐
estar das populações humanas. As áreas definidas como de preservação permanentes
encontram-‐se definidas no art. 4º e 6º (declaradas pelo Poder Público) da Lei nº 12.651/2012.
As atividades permitidas na APP estão assim dispostas:
Art. 4º. (...)
§ 5o É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural familiar, de que trata o
inciso V do art. 3o desta Lei, o plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante de
ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos,
desde que não implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, seja conservada
a qualidade da água e do solo e seja protegida a fauna silvestre.
§ 6o Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas áreas de
que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática da aquicultura e a
infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que:
I -‐ sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de recursos hídricos,
garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com norma dos Conselhos Estaduais
de Meio Ambiente;
II -‐ esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gestão de recursos
hídricos;
III -‐ seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente;
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 76
IV -‐ o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural -‐ CAR.
V -‐ não implique novas supressões de vegetação nativa.
Art. 8o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação
Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou
de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.
§ 1o A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas
somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.
§ 2o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação
Permanente de que tratam os incisos VI e VII do caput do art. 4o poderá ser autorizada,
excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja
comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em
projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas
ocupadas por população de baixa renda.
§ 3o É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em
caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa
civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.
§ 4o Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções
ou supressões de vegetação nativa, além das previstas nesta Lei.
Art. 61-‐A. Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada, exclusivamente, a
continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em
áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008.
(...)
Art. 61-‐B. Aos proprietários e possuidores dos imóveis rurais que, em 22 de julho de
2008, detinham até 10 (dez) módulos fiscais e desenvolviam atividades agrossilvipastoris
nas áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente é garantido que a
exigência de recomposição, nos termos desta Lei, somadas todas as Áreas de
Preservação Permanente do imóvel, não ultrapassará:
I -‐ 10% (dez por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área de até 2
(dois) módulos fiscais;
II -‐ 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área superior
a 2 (dois) e de até 4 (quatro) módulos fiscais;
As APP’s conservadas ou em processo de recuperação poderão ser computadas
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 77
na ARL desde que não implique na conversão em novas áreas para uso alternativo do solo30 e
desde que tenha sido requerida a inclusão do imóvel no CAR (art. 15). No caso d
Quanto à localização da ARL, a Lei nº 12.651/2012 prevê que deverá ser
aprovada pelo órgão ambiental competente levando em consideração os seguintes critérios:
a. o plano de bacia hidrográfica;
b. o Zoneamento Ecológico-‐Econômico
c. a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de
Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área
legalmente protegida;
d. as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e
e. as áreas de maior fragilidade ambiental.
A revogada Lei nº 4.771/65 previa a necessidade de averbação da área
destinada à reserva legal. Em decorrência disso, a SEMA/PA estabeleceu o procedimento de
emissão de Termo de Delimitação da Reserva Legal pelo setor de sensoriamento remoto,
contendo todas as coordenadas de localização da mesma, sendo este averbado à margem da
matrícula do imóvel.
Pelo previsto na Lei nº 12.651/2012, a inscrição no CAR substitui a necessidade
de averbação da reserva legal à margem da matrícula do imóvel, pressupondo que no CAR
teria constante a exata localização da mesma. No entanto, no âmbito do Estado do Pará, esta
ainda não é a nossa realidade. No CAR atual somente é possível vislumbrar de forma visual a
localização da reserva legal, sem que constem as coordenadas de localização da mesma, fato
este que motivou a SEMA a permanecer com o mesmo procedimento anteriormente adotado.
30 § 4o É dispensada a aplicação do inciso I do caput deste artigo, quando as Áreas de Preservação Permanente conservadas
ou em processo de recuperação, somadas às demais florestas e outras formas de vegetação nativa existentes em imóvel,
ultrapassarem:
I -‐ 80% (oitenta por cento) do imóvel rural localizado em áreas de floresta na Amazônia Legal;
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 78
Na posse, a reserva legal e sua localização são asseguradas por meio da
celebração de termo de compromisso entre o possuidor e o órgão competente.
Pois bem, analisado o percentual e a localização da reserva legal, o setor de
sensoriamento remoto identificará a existência de passivos de APP e de RL.
O Novo Código Florestal:
Art. 66. O proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha, em 22 de julho de
2008, área de Reserva Legal em extensão inferior ao estabelecido no art. 12, poderá
regularizar sua situação, independentemente da adesão ao PRA, adotando as seguintes
alternativas, isolada ou conjuntamente:
I -‐ recompor a Reserva Legal;
II -‐ permitir a regeneração natural da vegetação na área de Reserva Legal;
III -‐ compensar a Reserva Legal.
Forma de Regularização Requisitos / Observações
RECOMPOSIÇÃO
a. Atendimento dos requisitos estabelecidos pelo órgão do SISNAMA;
b. Concluída no prazo de até 20 anos (1/10 da área a cada dois anos);
c. Plantio intercalado de espécies nativas com exóticas ou frutíferas,
com os seguintes parâmetros:
I -‐ o plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as
espécies nativas de ocorrência regional;
II -‐ a área recomposta com espécies exóticas não poderá exceder
a 50% (cinquenta por cento) da área total a ser recuperada.
OBS: Os proprietários ou possuidores terão direito à exploração
econômica da reserva legal.
REGENERAÇÃO NATURAL X
COMPENSAÇÃO
a. Inscrição no CAR;
b. Que as áreas sejam equivalentes em extensão à área da Reserva
Legal a ser compensada;
c. Que as áreas estejam localizadas no mesmo bioma da área de
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 79
Reserva Legal a ser compensada;
d. Se fora do Estado, estar localizadas em áreas identificadas como
prioritárias31 pela União ou pelos Estados.
e. Não haja conversão em novas áreas para uso alternativo do solo;
Aquisição de Cota de Reserva
Ambiental -‐ CRA
Conceito:
Trata-‐se de título nominativo representativo de área com vegetação
nativa, existente ou em processo de recuperação, podendo se dar:
I -‐ sob regime de servidão ambiental, instituída na forma do art. 9o-‐A da
Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981;
II -‐ correspondente à área de Reserva Legal instituída voluntariamente
sobre a vegetação que exceder os percentuais exigidos no art. 12 desta
Lei;
III -‐ protegida na forma de Reserva Particular do Patrimônio Natural -‐
RPPN, nos termos do art. 21 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000;
IV -‐ existente em propriedade rural localizada no interior de Unidade de
Conservação de domínio público que ainda não tenha sido
desapropriada.
Procedimento:
31 A definição de áreas prioritárias buscará favorecer, entre outros, a recuperação de bacias hidrográficas excessivamente
desmatadas, a criação de corredores ecológicos, a conservação de grandes áreas protegidas e a conservação ou recuperação
de ecossistemas ou espécies ameaçados.
Requerimento do interessado
com documentos instrutórios
Inscrição no CAR
Laudo Comprobatório emitido pelo
órgão ambiental ou entidade
credenciada
Análise pelo órgão
ambiental competente do
SISNAMA
Deferimento
Indeferimento
Emissão da CRA
No prazo de 30 dias, registro em bolsas de
mercadorias de âmbito nacional ou em sistemas de registro e de
liquidação financeira de ativos autorizados pelo Banco Central
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 80
Documentos instrutórios do pedido:
a. Certidão atualizada da matrícula do imóvel expedida pelo registro de
imóveis competente;
b. Cédula de identidade do proprietário, quando se tratar de pessoa
física;
c. Ato de designação de responsável, quando se tratar de pessoa
jurídica;
d. Certidão negativa de débitos do Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural -‐ ITR;
e. Memorial descritivo do imóvel, com a indicação da área a ser
vinculada ao título, contendo pelo menos um ponto de amarração
georreferenciado relativo ao perímetro do imóvel e um ponto de
amarração georreferenciado relativo à Reserva Legal.
Dados constantes na CRA:
a. O número da CRA no sistema único de controle;
b. O nome do proprietário rural da área vinculada ao título;
c. A dimensão e a localização exata da área vinculada ao título, com
memorial descritivo contendo pelo menos um ponto de amarração
georreferenciado;
d. O bioma correspondente à área vinculada ao título;
e. A classificação da área em uma das condições previstas no art. 46.
Averbação:
O vínculo de área à CRA será averbado na matrícula do respectivo imóvel
no registro de imóveis competente.
Competência para emissão, cancelamento e transferência:
É do órgão federal (IBAMA), podendo ser delegada ao órgão estadual,
desde que garantida a implementação de sistema único de controle.
Restrição:
A CRA não pode ser emitida com base em vegetação nativa localizada em
área de RPPN instituída em sobreposição à Reserva Legal do imóvel.
Condições:
Cada CRA corresponderá a 1 (um) hectare:
a. de área com vegetação nativa primária ou com vegetação
secundária em qualquer estágio de regeneração ou
recomposição;
b. de áreas de recomposição mediante reflorestamento com
espécies nativas.
O estágio sucessional ou o tempo de recomposição ou regeneração da
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 81
vegetação nativa será avaliado pelo órgão ambiental estadual
competente com base em declaração do proprietário e vistoria de campo.
Não poderá ser emitida pelo órgão ambiental competente quando a
regeneração ou recomposição da área forem improváveis ou inviáveis.
Transferência:
A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou
a pessoa jurídica de direito público ou privado, mediante termo assinado
pelo titular da CRA e pelo adquirente, só produzindo efeito quando
registrado no sistema único de controle.
A utilização de CRA para compensação da Reserva Legal será averbada na
matrícula do imóvel no qual se situa a área vinculada ao título e na do
imóvel beneficiário da compensação.
Cancelamento: art. 50
-‐ por solicitação do proprietário rural, em caso de desistência de
manter áreas nas condições previstas nos incisos I e II do art. 44;
II -‐ automaticamente, em razão de término do prazo da servidão
ambiental;
III -‐ por decisão do órgão competente do SISNAMA, no caso de
degradação da vegetação nativa da área vinculada à CRA cujos custos e
prazo de recuperação ambiental inviabilizem a continuidade do vínculo
entre a área e o título.
O cancelamento da CRA utilizada para fins de compensação de Reserva
Legal só pode ser efetivado se assegurada Reserva Legal para o imóvel no
qual a compensação foi aplicada.
O cancelamento da CRA nos termos do item III independe da aplicação
das devidas sanções administrativas e penais decorrentes de infração à
legislação ambiental, nos termos da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de
1998.
O cancelamento da CRA deve ser averbado na matrícula do imóvel no
qual se situa a área vinculada ao título e do imóvel no qual a
compensação foi aplicada.
Arrendamento de área sob regime
de servidão ambiental ou Reserva
Legal
Art. 9ºA da Lei nº 6.938/81:
“O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode,
por instrumento público ou particular ou por termo administrativo
firmado perante órgão integrante do SISNAMA, limitar o uso de toda a
sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar
os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental.
§ 1o O instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental deve
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 82
incluir, no mínimo, os seguintes itens:
I -‐ memorial descritivo da área da servidão ambiental, contendo pelo
menos um ponto de amarração georreferenciado;
II -‐ objeto da servidão ambiental;
III -‐ direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor;
IV -‐ prazo durante o qual a área permanecerá como servidão ambiental.
§ 2o A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação
Permanente e à Reserva Legal mínima exigida.
§ 3o A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob
servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a
Reserva Legal.
§ 4o Devem ser objeto de averbação na matrícula do imóvel no registro
de imóveis competente:
I -‐ o instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental;
II -‐ o contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão
ambiental.
§ 5o Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão ambiental
deve ser averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos.
§ 6o É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a
alteração da destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a
qualquer título, de desmembramento ou de retificação dos limites do
imóvel.
§ 7o As áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão florestal,
nos termos do art. 44-‐A da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965,
passam a ser consideradas, pelo efeito desta Lei, como de servidão
ambiental.”
“Art. 9o-‐B. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita,
temporária ou perpétua.
§ 1o O prazo mínimo da servidão ambiental temporária é de 15
(quinze) anos.
§ 2o A servidão ambiental perpétua equivale, para fins creditícios,
tributários e de acesso aos recursos de fundos públicos, à Reserva
Particular do Patrimônio Natural -‐ RPPN, definida no art. 21 da Lei no
9.985, de 18 de julho de 2000.
§ 3o O detentor da servidão ambiental poderá aliená-‐la, cedê-‐la ou
transferi-‐la, total ou parcialmente, por prazo determinado ou em caráter
definitivo, em favor de outro proprietário ou de entidade pública ou
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 83
privada que tenha a conservação ambiental como fim social.”
Doação ao poder público de área
localizada no interior de Unidade de
Conservação de domínio público
pendente de regularização fundiária
Poderá ser feita mediante concessão de direito real de uso ou doação,
por parte da pessoa jurídica de direito público proprietária de imóvel
rural que não detém Reserva Legal em extensão suficiente, ao órgão
público responsável pela Unidade de Conservação de área localizada no
interior de Unidade de Conservação de domínio público, a ser criada ou
pendente de regularização fundiária.
Cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Legal, em imóvel de mesma titularidade ou
adquirida em imóvel de terceiro, com vegetação nativa estabelecida, em regeneração ou recomposição, desde
que localizada no mesmo bioma.
CONDOMÍNIO
Previsão: art. 16 da Lei nº 12.651/2012 e Decreto Estadual nº 333/2012
Possibilidade: entre propriedades rurais
Competência para aprovação:
Órgão estadual (SEMA) ou órgão municipal mediante delegação.
Exigências:
a. Observância do percentual mínimo de cada imóvel;
b. Celebração de instrumento público ou particular entre os
titulares dos imóveis rurais, a ser apresentado perante o órgão
ambiental competente, acompanhado de laudo técnico que
demonstre a correspondência entre a totalidade da Reserva
Legal do condomínio e a soma do percentual mínimo exigível de
todos os imóveis que dele fizerem parte, em área equivalente
em extensão e importância ecológica.
Averbação:
Após a análise e aprovação da Reserva Legal em regime de condomínio
pelo órgão ambiental competente, cada imóvel rural deverá averbar o
condomínio e o compromisso de manutenção da Reserva Legal à margem
da matrícula do imóvel junto ao Registro de Imóveis competente.
-‐ Áreas consolidadas e necessidade de limpeza:
Por fim, o setor de sensoriamento remoto deve verificar se a área onde serão
desenvolvidas as atividades objeto do licenciamento são áreas consolidadas.
O Decreto nº 216/2011 prevê:
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 84
Art. 27. Nas áreas consolidadas, localizadas fora de reserva legal e área de preservação
permanente, ficam dispensadas de autorização de desmatamento ou qualquer outro
tipo de autorização as operações de limpeza e reforma de pastagem e de culturas
agrícolas.
Art. 28. Nas áreas abandonadas do imóvel rural, que estiverem recobertas por
vegetação nativa, a implantação de atividades agropecuárias deverá obedecer as
normas técnicas expedidas pela SEMA ou pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente -‐
COEMA.
E, ainda a IN SEMA nº 14/2011:
Art. 23. Nas áreas consolidadas, localizadas fora de reserva legal e área de preservação
permanente com menos de 50 (cinquenta) indivíduos lenhosos por hectare que
apresentem Diâmetro a Altura do Peito – DAP abaixo de 10 cm, ficam dispensadas de
autorização de limpeza e reforma de pastagem e de culturas agrícolas.
Art. 24. Nas áreas abandonadas do imóvel rural, que estiverem recobertas por
vegetação nativa, a implantação de atividades agrossilvopastoris deverá obedecer as
normas técnicas expedidas pela SEMA ou pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente -‐
COEMA.
Assim, com base nas informações do setor de sensoriamento remoto e da
vistoria em campo, será verificado o enquadramento no previsto no art. 23 acima transcrito,
sendo dispensada a emissão de autorização de limpeza e reforma de pastagem e culturas
agrícolas.
No âmbito do Estado do Pará ainda não existem as normas técnicas
mencionadas no art. 24, definindo os estágios sucessionais e os procedimentos que devem ser
adotados em cada caso, fato este que corrobora o entendimento de que deve ser requerido
junto ao órgão estadual de meio ambiente a autorização para supressão, quando não tratar-‐
se de área consolidada enquadrada nos termos dos artigos supra, caso em que tal autorização
é dispensada.
Conteúdo Jurídico – Curso Licenciamento de Atividade Rural – Programa Municípios Verdes 85
Referência Bibliográfica
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 15ª edição. São Paulo: Atlas, 2013. MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: a gestão ambiental em foco. Doutrina, Jurisprudência. Glossário – 6ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.
FREITAS, Vladimir Passos de. Direito Administrativo e Meio Ambiente. Curitiba: Juruá, 1993.
FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a Efetividade das Normas Ambientais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
ANEXO I -‐ Tabela de Competências dos Entes Federativos -‐ LC nº 140/2011
União – Art. 7º Estados – Art. 8º Municípios – Art. 9º I -‐ formular, executar e fazer cumprir, em âmbito nacional, a Política Nacional do Meio Ambiente; II -‐ exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições; III -‐ promover ações relacionadas à Política Nacional do Meio Ambiente nos âmbitos nacional e internacional; IV -‐ promover a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental; V -‐ articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio à Política Nacional do Meio Ambiente; VI -‐ promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; VII -‐ promover a articulação da Política Nacional do Meio Ambiente com as de Recursos Hídricos, Desenvolvimento Regional, Ordenamento Territorial e outras; VIII -‐ organizar e manter, com a colaboração dos órgãos e entidades da administração pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (SINIMA); IX -‐ elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional;
I -‐ executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Nacional do Meio Ambiente e demais políticas nacionais relacionadas à proteção ambiental; II -‐ exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições; III -‐ formular, executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Estadual de Meio Ambiente; IV -‐ promover, no âmbito estadual, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental; V -‐ articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente; VI -‐ promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; VII -‐ organizar e manter, com a colaboração dos órgãos municipais competentes, o Sistema Estadual de Informações sobre Meio Ambiente; VIII -‐ prestar informações à União para a formação e atualização do SINIMA; IX -‐ elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual, em conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional; X -‐ definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;
I -‐ executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, as Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente e demais políticas nacionais e estaduais relacionadas à proteção do meio ambiente; II -‐ exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições; III -‐ formular, executar e fazer cumprir a Política Municipal de Meio Ambiente; IV -‐ promover, no Município, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal, relacionados à proteção e à gestão ambiental; V -‐ articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional, Estadual e Municipal de Meio Ambiente; VI -‐ promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; VII -‐ organizar e manter o Sistema Municipal de Informações sobre Meio Ambiente; VIII -‐ prestar informações aos Estados e à União para a formação e atualização dos Sistemas Estadual e Nacional de Informações sobre Meio Ambiente; IX -‐ elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos ambientais; X -‐ definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;
X -‐ definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos; XI -‐ promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; XII -‐ controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei; XIII -‐ exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida à União; XIV -‐ promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva; c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; f) de caráter militar, excetuando-‐se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999; g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir,
XI -‐ promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; XII -‐ controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei; XIII -‐ exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida aos Estados; XIV -‐ promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º; XV -‐ promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); XVI -‐ aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em: a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do art. 7º; e c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Estado; XVII -‐ elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção no respectivo
XI -‐ promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; XII -‐ controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei; XIII -‐ exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida ao Município; XIV -‐ observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos: a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); XV -‐ observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, aprovar: a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em florestas públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em
beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); ou h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento; XV -‐ aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em: a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de conservação instituídas pela União, exceto em APAs; e b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela União; XVI -‐ elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e de espécies sobre-‐explotadas no território nacional, mediante laudos e estudos técnico-‐científicos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ; XVII -‐ controlar a introdução no País de espécies exóticas potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas; XVIII -‐ aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos;
território, mediante laudos e estudos técnico-‐científicos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ; XVIII -‐ controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa científica, ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7º; XIX -‐ aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre; XX -‐ exercer o controle ambiental da pesca em âmbito estadual; e XXI -‐ exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre de produtos perigosos, ressalvado o disposto no inciso XXV do art. 7º.
empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município.
XIX -‐ controlar a exportação de componentes da biodiversidade brasileira na forma de espécimes silvestres da flora, microorganismos e da fauna, partes ou produtos deles derivados; XX -‐ controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas; XXI -‐ proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação prevista no inciso XVI; XXII -‐ exercer o controle ambiental da pesca em âmbito nacional ou regional; XXIII -‐ gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais; XXIV -‐ exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo de produtos perigosos; e XXV -‐ exercer o controle ambiental sobre o transporte interestadual, fluvial ou terrestre, de produtos perigosos.
ANEXO II -‐ Tabela Exemplificativa de Divergência entre a Resolução COEMA nº 079/2009 e a Lei Estadual nº 7.389/2010
Resolução COEMA nº 079/2009 Lei Estadual nº 7.389/2010
CNAE Denominação
Denominação
PORTE DO EMPREENDIMENTO
Município
Município
Município
Unidade Micro Pequena Média
0151-‐2/01-‐00
Criação de bovinos para corte
Bovinocultura AUH = 300
0151-‐2/03-‐00
Criação de bovinos, exceto para corte e leite
Bovinocultura AUH = 300
0210-‐1/07
Reflorestamento com abate de árvores
AUH = 300
TIPOLOGIA UNID. PORTE
POTENCIAL
DEGRADAO
R/POLUIDO
R
01. AGROSILVIPASTORIL
0105 –
Bovinocultura
e
Bubalinocultur
a
AUH ≤ 200 II
0121 –
Reflorestamen
to/
Agricultura/Pe
cuária
AUH ≤ 1.000 I
ANEXO III
MODELO DE TCA – ANEXO I DA IN SEMA Nº 14/2011
TERMO DE COMPROMISSO AMBIENTAL – TCA
TCA Nº ______/20___
Pelo presente instrumento de TERMO DE COMPROMISSO AMBIENTAL – TCA, o Sr.___________________________ _________, doravante
denominado de COMPROMISSÁRIO, brasileiro, estado civil, profissão___________ com CPF nº________________, RG nº___________ ,
residente à______________ , nº_________, bairro___________, município_______________, possuidor/proprietário do imóvel rural
denominado, no município de__________ , CEP localizado à __________, com uma área total de ______ha, desenvolvendo a(s) atividade(s) de
______,
nos termos do Art.8º do Decreto Estadual n. 216/2011 e da Instrução Normativa n. 14/2011, firma o presente TERMO DE COMPROMISSO
AMBIENTAL pelo qual me obrigo, sob as penas da lei, a REGULARIZAR a área de reserva legal e a área de preservação permanente-‐ APP, na
forma indicada pelo Cadastro Ambiental Rural – CAR ou a que for constatada posteriormente pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente –
SEMA, de acordo com o parâmetros definidos na legislação federal e estadual em vigor. Firmo ainda o compromisso de solicitação da Licença
de Atividade Rural-‐LAR para a(s) atividade(s) de reflorestamento/ agropecuária/agricultura, no prazo de validade da Autorização de
Funcionamento, podendo o prazo de solicitação ser antecipado tendo em vista os prazos previstos no termo de compromisso constantes do
termo de compromisso firmado entre os produtores rurais e o Ministério Público Federal devidamente registrado em cartório competente e na
forma estabelecida pelas cláusulas abaixo:
CLÁUSULA PRIMEIRA – DO TERMO DE COMPROMISSO DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL
Tem como objeto comprometer-‐se a proceder ao Licenciamento de Atividade Rural -‐ LAR das atividades de
REFLORESTAMENTO/AGROPECUÁRIA/AGRICULTURA em áreas alteradas e/ou subutilizadas, desde que fora da reserva legal (ARL) e área de
preservação permanente (APP) em sua área rural, comprometendo-‐se, ainda, a obedecer fielmente a legislação vigente e todas as etapas da
Licença de Atividade Rural -‐ LAR, dando sempre por verdade o declarado e compromissado no processo de licenciamento.
CLÁUSULA SEGUNDA – DO INADIMPLEMENTO
O não cumprimento parcial ou integral das obrigações assumidas neste Termo se configurará como desrespeito à legislação ambiental e
sujeitará o COMPROMISSÁRIO às sanções legais aplicáveis à matéria, sem prejuízos das cominações civis, penais e administrativas, por quebra
de compromisso, ficando assegurado à Secretaria de Estado e Meio Ambiente -‐ SEMA, monitorar e fiscalizar, a qualquer tempo, o
cumprimento das obrigações assumidas, sem prejuízo de suas prerrogativas, como decorrência da aplicação da legislação ambiental, sob pena
de revogação da autorização concedida, o imediato embargo da área, além da aplicação de multa pecuniária no valor de R$ 1.000,00 (um mil
reais) por hectare, nos termos da Lei Estadual Paraense nº 5.887/95.
O presente TERMO DE COMPROMISSO AMBIENTAL, depois de lido e acatado, é assinado em 02 (duas) vias de igual teor, perante duas
testemunhas, para que surta os devidos efeitos legais.
Belém, Estado do Pará, ____de________________ de 20____.
________________________________________
COMPROMISSÁRIO
1ª Testemunha: _________________________________________ CPF:
2ª Testemunha: _________________________________________ CPF: