curso preparatÓrio para o exame da oab direito empresarial

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1 DIREITO EMPRESARIAL Prof. Cristiano de Souza CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB DIREITO EMPRESARIAL CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB .............................................................................................. 1 DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................................... 1 Empresa e Empresário ....................................................................................................................................... 3 1. Empresário: conceito (art. 966, CC) ...................................................................................... 3 1.1. Elementos do conceito de empresário previsto no art. 966 do CC ..................................... 3 1.2. Situações Excepcionais: O que a Lei não considera atividade de empresário? .................... 5 1.2.1. Os profissionais intelectuais ............................................................................................................ 5 1.2.2. O exercente de atividade rural ........................................................................................................ 6 1.2.3. As cooperativas................................................................................................................................ 7 1.2.4. As sociedades de advogados ........................................................................................................... 7 Caso Especial: As sociedades por ações (S/A) ........................................................................................... 8 2. Exercício de empresa .......................................................................................................... 8 2.1. Impedimentos legais........................................................................................................................... 8 2.2. Incapacidade ....................................................................................................................................... 9 2.2.1. Exercício excepcional de empresa por incapaz ............................................................................... 9 2.3. Empresário casado ........................................................................................................................... 11 3. Das Obrigações do Empresário .......................................................................................... 12 3. 1. Registro de empresa ...................................................................................................... 12 3.2. A Lei de Registro Público de empresas mercantis (Lei nº 8.934/94) ................................ 13 3.3. Escrituração do empresário ............................................................................................ 13 3.4. Demonstrativos contábeis: ............................................................................................. 16 4. Do Nome empresarial:................................................................................................................................. 16 4.1. Espécies de nome empresarial........................................................................................ 16 4.2. As sociedades empresárias e o nome empresarial .......................................................... 17 4.2.1. Composição da firma individual: ................................................................................................... 17 4.2.2. Composição da firma Social: (resp. ilimitada) ............................................................................... 18 4.2.3. Composição da denominação (resp. limitada) .............................................................................. 18 4.3. Princípios informadores do nome empresarial ................................................................ 19 4.3.1. Princípio da veracidade ou autenticidade ..................................................................................... 19 4.3.2. Princípio da novidade: ................................................................................................................... 20 4.4. A proteção ao nome empresarial na jurisprudência do STJ ............................................. 20

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DIREITO EMPRESARIAL

Prof. Cristiano de Souza

CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB

DIREITO EMPRESARIAL CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB .............................................................................................. 1

DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................................... 1

Empresa e Empresário ....................................................................................................................................... 3

1. Empresário: conceito (art. 966, CC) ...................................................................................... 3

1.1. Elementos do conceito de empresário previsto no art. 966 do CC ..................................... 3

1.2. Situações Excepcionais: O que a Lei não considera atividade de empresário? .................... 5

1.2.1. Os profissionais intelectuais ............................................................................................................ 5

1.2.2. O exercente de atividade rural ........................................................................................................ 6

1.2.3. As cooperativas................................................................................................................................ 7

1.2.4. As sociedades de advogados ........................................................................................................... 7

Caso Especial: As sociedades por ações (S/A) ........................................................................................... 8

2. Exercício de empresa .......................................................................................................... 8

2.1. Impedimentos legais........................................................................................................................... 8

2.2. Incapacidade ....................................................................................................................................... 9

2.2.1. Exercício excepcional de empresa por incapaz ............................................................................... 9

2.3. Empresário casado ........................................................................................................................... 11

3. Das Obrigações do Empresário .......................................................................................... 12

3. 1. Registro de empresa ...................................................................................................... 12

3.2. A Lei de Registro Público de empresas mercantis (Lei nº 8.934/94) ................................ 13

3.3. Escrituração do empresário ............................................................................................ 13

3.4. Demonstrativos contábeis: ............................................................................................. 16

4. Do Nome empresarial: ................................................................................................................................. 16

4.1. Espécies de nome empresarial ........................................................................................ 16

4.2. As sociedades empresárias e o nome empresarial .......................................................... 17

4.2.1. Composição da firma individual: ................................................................................................... 17

4.2.2. Composição da firma Social: (resp. ilimitada) ............................................................................... 18

4.2.3. Composição da denominação (resp. limitada) .............................................................................. 18

4.3. Princípios informadores do nome empresarial ................................................................ 19

4.3.1. Princípio da veracidade ou autenticidade ..................................................................................... 19

4.3.2. Princípio da novidade: ................................................................................................................... 20

4.4. A proteção ao nome empresarial na jurisprudência do STJ ............................................. 20

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DIREITO EMPRESARIAL

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5. Estabelecimento empresarial ...................................................................................................................... 21

5.1. Natureza jurídica do estabelecimento empresarial ......................................................... 21

5.2. O contrato de trespasse (compra e venda do estabelecimento) ...................................... 22

5.2.1. A sucessão empresarial ................................................................................................................. 23

5.2.2. A cláusula de não-concorrência..................................................................................................... 24

5.3. Proteção ao ponto de negócio (locação empresarial) ...................................................... 24

5.4. Estabelecimento como sinônimo de “fundo de comércio” ou “Azienda” ......................... 26

PROPRIEDADE INTELECTUAL ........................................................................................................................... 28

1. Propriedade Industrial ..................................................................................................... 28

2. Bens sujeito ao regime de Patente ................................................................................... 30

2.1. Invenção ...................................................................................................................................... 30

2.2. Modelo de utilidade .................................................................................................................... 32

2.3. Formas de Licença de Exploração de Patente .................................................................. 33

2.3.1 Licença Voluntária .......................................................................................................................... 33

2.3.2 Licença Compulsória (“quebra de patente”) .................................................................................. 33

2.3. Formas de extinção das Patentes (Domínio Público).................................................... 34

3. Bens sujeito ao regime do Registro .................................................................................. 34

3.1. Desenho industrial (design) ......................................................................................................... 34

3.2. Marca ........................................................................................................................................... 35

3.3. Formas de extinção do Registro da Marca ................................................................... 39

4. Aspectos Processuais ....................................................................................................... 41

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Empresa e Empresário

1. Empresário: conceito (art. 966, CC)

Art. 966 CC/02: Considera-se empresário quem exerce

profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou

a circulação de bens ou de serviços.

O conceito do art. 966 do CC/02, se aplica tanto para as Pessoas Físicas

(empresário individual) como também para a Pessoas Jurídicas (sociedade empresária).

TEORIA DA EMPRESA: Teoria italiana = diz que a pessoa física será chamada de

empresário individual e a pessoa jurídica será chamado de empresário coletivo ou sociedade

empresária.

Trata-se de uma análise subjetiva, pois terá que analisar quem é que está

exercendo atividade e qual o tipo de atividade.

OBS: O empresário individual poderá ter CNPJ, mas não é uma Pessoa Jurídica,

porém receberá tratamento tributário específico pela legislação vigente.

OBS: O empresário individual poderá montar um empreendimento sem o auxílio

de terceiros Ex: Lanchonete, Churrascaria, Lanhouse.

OBS: Duas Pessoas Físicas poderão formar juntas uma Pessoa Jurídica na forma de

sociedade empresária. Nesse caso, deixam de ser empresários para serem sócios, quotistas ou

acionistas.

1.1. Elementos do conceito de empresário previsto no art. 966 do CC

Quem é considerado empresário? É todo aquele que profissionalmente exerce uma

atividade econômica e organizada para a produção e circulação de bens ou de serviços. Mas,

para isso é preciso ser/ter:

• Habitualidade: pois é preciso ter continuidade da atividade.

• Atividade econômica: tem que ter finalidade lucrativa.

• Organizada: na concepção do Professor Fábio Ulhoa Coelho, organização é

a reunião de 4 fatores de produção:

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a) mão de obra;

b) matéria prima;

c) capital;

d) tecnologia.

Atenção: Se faltar a reunião de qualquer desses fatores não é empresário

individual nem sociedade empresária, mas sim sociedade simples.

Circulação de bens e de serviços também é atividade empresarial.

Ex.: Banco: tem habitualidade + finalidade lucrativa + matéria prima, capital,

possui organização+ produção de serviços bancários.

STJ: para o STJ prestadora de serviço é sociedade empresária!

OBS: Diferenças entre empresário individual e sociedade empresária.

Quem é que exerce atividade de empresa e/ou empresarial? Tanto o

empresário individual e a sociedade empresária exercem atividade de empresa. Portanto, há

pontos em comum nas disposições geral do direito empresarial que aplicam-se para as duas

classes.

Principais características e diferenças:

Empresário Individual Sociedade Empresária Art. 966. Considera-se empresário quem exerce

profissionalmente atividade econômica organizada

para a produção ou a circulação de bens ou de

serviços.

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as

pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir,

com bens ou serviços, para o exercício de atividade

econômica e a partilha, entre si, dos resultados (+ ou -)

Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à

realização de um ou mais negócios determinados.

1 pessoa 2 ou mais pessoas (mas há exceções!) A PF é o próprio empresário individual A PF é sócio, quotista ou acionista, mas nunca

empresário, pois quem exerce a atividade de empresa é a sociedade empresária.

Responsabilidade solidária e ilimitada. Sistema Misto, dependendo da forma societária.

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1.2. Situações Excepcionais: O que a Lei não considera atividade de

empresário?

1.2.1. Os profissionais intelectuais

Art. 966, parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão

intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de

auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de

empresa.

Atenção:

Não se considera empresário e/ou não exerce atividade empresária: quem exerce

profissão intelectual de natureza cientifica, literária ou artística. São os chamados

profissionais liberais.

Ex.: médico, contador, engenheiro, arquiteto, advogado, cantor, dançarino, ator,

desenhista, artista plástico.

OBS: Essa regra também é aplicada para as Pessoas Jurídicas.

OBS: O importante é presença dos fatores essenciais, pois não será considerada

sociedade empresária só porque possui um nome fantasia, ou mais de um funcionário.

OBS: Ainda, o concurso de auxiliares e colaboradores não torna a atividade em

empresária.

Exceção: Se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Nesse caso,

passará a ser empresário. Ex.: a clínica médica, em regra, não é sociedade empresária. No

entanto, caso a clínica venha a ter uma UTI associado à venda de planos de saúde ou salas de

cirurgia alugada com rol de entrada com cafeteria etc., assim a clínica passou apresentar um

complexo além da atividade intelectual. Nesse caso, essa atividade intelectual é apenas um

componente da atividade passando a constituir um elemento de empresa.

Conclusão: Se a atividade intelectual tornou-se elemento de empresa, esta passa a

ser atividade de empresário.

Nesse sentido, os enunciados do Conselho da Justiça Federal n. 193, 194, 195:

193 – O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está

excluído do conceito de empresa.

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194 – Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a

organização dos fatores da produção for mais importante que a atividade pessoal

desenvolvida.

195 – A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação econômica,

devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza

científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização empresarial.

1.2.2. O exercente de atividade rural

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode,

observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer

inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em

que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário

sujeito a registro.

O CC/02 deu um tratamento especial ao exercente de atividade rural, excluindo-o

da obrigatoriedade de registro na Junta Comercial.

OBS: Atenção, pois é mera faculdade, sendo que poderá ocorrer o registro.

OBS: A regra é que antes de iniciar o exercício da atividade empresarial, tem (leia-

se dever) que registrar na Junta Comercial, seja empresário, ou seja, sociedade empresária.

OBS: Todavia, caso aquele que exerce atividade econômica rural optar por se

registrar, será considerado para todos os efeitos como empresário. Em contrapartida, caso

não se registre não será considerado empresário.

Qual a natureza jurídica desse registro do empresário rural? Constitutiva, e não

declaratória como de ordinário. Nesse sentido o enunciado 202 do CJF:

CJF - 202 – O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é

facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É

inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.

Tratamento análogo foi dado às sociedades que tem por objeto social a exploração

de atividade econômica rural, conforme o disposto no art. 984 do CC/02;

Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de

empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de

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sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no

Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita,

ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária.

1.2.3. As cooperativas

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem

por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art.

967); e, simples, as demais.

Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a

sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.

Pela regra geral é o objeto explorado pela sociedade que define a sua natureza

empresarial ou não, critério material adotado pelo art. 966 do CC/02.

No entanto, por uma opção política, adotou-se o critério legal do art. 982, parágrafo

único do CC/02, para definir a cooperativa como sociedade simples, pouco importando se

exerce uma atividade empresarial de forma organizada e com o intuito de lucro.

1.2.4. As sociedades de advogados

Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de serviço de

advocacia, na forma disciplinada nesta lei e no regulamento geral.

§ 1º A sociedade de advogados adquire personalidade jurídica com o registro

aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base

territorial tiver sede.

Embora o CC/02 não tenha feito menção expressa nesse sentido, mas a Lei n.

8.906/94 – EOAB, dispõe em seu artigo 15, § 1º , que a sociedade de advogados é uma

sociedade de natureza civil – simples.

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Caso Especial: As sociedades por ações (S/A)

LEI 6.404/76. Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim

lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes.

§ 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e

usos do comércio.

Ao passo que toda cooperativa será uma sociedade simples, toda sociedade por

ações é uma sociedade empresária, ainda que não exerça atividade empresarial.

Assim, mesmo que uma S/A não explore atividade econômica de forma organizada

ela será empresária e se submeterá, pois, às regras do regime jurídico empresarial.

OBS: Se uma sociedade que explora atividade econômica rural adotar a forma de

S/A, não se aplicará a regra do art. 984 do CC/02, pois o tipo societário S/A sempre será

empresária e deverá obrigatoriamente ser registrada na Junta Comercial.

2. Exercício de empresa

Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo

da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.

2.1. Impedimentos legais

Há casos previstos expressamente na lei que proíbem a pessoa a exercer a

atividade empresarial.

Casos mais importantes:

• Magistrados - art. 36, inc. I, LC 35/79 – LOMAN

• Membros do MP – art. 44, inc. III, Lei n. 8.625/93

• Servidor Público Federal – art. 117, inc. X, Lei n. 8.112/90

• Militares – art. 29, Lei n. 6.880/80

OBS: A regra para os exemplos citados é que não podem ser empresários

individuais, mas podem ser sócios de uma sociedade empresária, desde que não exerçam a

administração.

OBS: O STJ já decidiu que médicos e farmacêuticos não podem exercer atividades

concomitantes, ou seja, médico não pode ser farmacêutico e vice e versa.

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OBS: As obrigações contraídas por um “empresário” impedido não são nulas. Ao

contrário, elas terão plena validade em relação a terceiros de boa-fé que com ele contratarem.

Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário,

se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.

Ainda, há uma regra supletiva aplicada somente aos administradores de

sociedade prevista no art. 1.011, § 1°, do CC/02.

Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o

cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na

administração de seus próprios negócios.

§ 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os

condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos

públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão,

peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra

as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou

a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.

2.2. Incapacidade

A regra geral é que para o exercício da atividade empresária precisa-se estar em

pleno gozo da capacidade civil. Ocorre que o CC/02 abre duas exceções.

2.2.1. Exercício excepcional de empresa por incapaz

Uma observação a ser feita sobre essas duas exceções é que ambas as

situações excepcionais em que se admite o exercício de empresa por incapaz são para que ele

continue a exercer empresa, mas nunca para que ele inicie o exercício de uma atividade

empresarial = Princípio da Preservação da Empresa.

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido,

continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo

autor de herança.

§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das

circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la,

podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou

representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos

por terceiros.

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1° caso: Incapacidade superveniente do empresário

- Quando ele mesmo iniciou a atividade em plena capacidade civil e no

decorrer do exercício ficou incapaz. O menor irá dar continuidade da atividade empresária.

- Essa regra aplica-se somente para o empresário individual, pois é ele

que exerce pessoalmente a atividade empresária.

2° caso: Atividade empresarial era exercida por outrem, de quem o incapaz adquire

a titularidade do exercício da atividade empresarial por sucessão causa mortis.

- O menor dará continuidade da atividade empresária.

Portanto, o incapaz pode continuar uma empresa antes exercida por seus pais ou

por autor de herança. A empresa já estava em atividade, o menor só irá preservar a empresa.

Requisitos:

a) deve estar representado ou assistido e,

b) precisa de autorização judicial.

Tratando-se de empresário individual o seu patrimônio é um só, não podendo ser

dividido em patrimônio pessoal e patrimônio da atividade empresarial. Princípio da unidade

patrimonial

OBS: Pode-se falar em desconsideração da personalidade jurídica para o

empresário individual? Não, pois ele é pessoa física e seu patrimônio é único.

Tratando-se de regra especial, o legislador procurou proteger o patrimônio que o

incapaz possuía ao tempo da sucessão (causa mortis) ou da interdição (incapacidade

superveniente) no art. 974, §2º, do CC/02.

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido,

continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo

autor de herança.

[...]

§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao

tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela,

devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.

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Pergunta: Menor emancipado pode exercer atividade empresarial? Se ele está

enquadrado em alguma das hipóteses de emancipação ele está em pleno gozo da capacidade

civil, e, portanto pode ser empresário individual.

2.3. Empresário casado

Regra geral prevista no art. 1.647 do CC/02:

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem

autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam

integrar futura meação.

No entanto, há uma regra especial aplicável ao direito empresarial prevista no art.

978 do CC/02.

Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer

que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa

ou gravá-los de ônus real.

Assim, não se aplica a regra geral prevista no art. 1.647 do CC/02 ao direito

empresarial.

OBS: Essa regra especial é aplicável somente ao empresário individual, pois há

outra regra específica para o caso de sociedade empresária!

Portanto, o empresário individual casado no regime de separação comum,

comunhão universal ou separação absoluta podem alienar, gravar o imóvel sem autorização

do cônjuge.

OBS: Quando o único imóvel é usado para moradia e também para o trabalho,

como fica?

R1: se o imóvel está registrado em nome do empresário individual sendo

patrimônio único será considerado bem impenhorável conforme Lei 8.009/90.

R2: se o imóvel estiver em nome da pessoa jurídica, nesse caso poderá ser

penhorado, mesmo que seja o único imóvel do empresário.

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DIREITO EMPRESARIAL

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Ex.: o empresário casado tem um imóvel e na frente coloca uma papelaria, e nos

fundos ele reside com a família.

3. Das Obrigações do Empresário

3. 1. Registro de empresa

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas

Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Lembrando que embora seja uma formalidade legal imposta pela lei ao empresário

individual e a sociedade empresária (com exceção a situação daqueles que exercem atividade

rural) não é requisito para a sua caracterização.

Nesse sentido o enunciado n. 199 do CJF.

199 – A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de

sua regularidade, e não da sua caracterização.

Conseqüências da ausência do registro:

a) Não pode pedir falência de terceiros, mas pode sofrer pedido de falência;

b) Não pode pedir Recuperação Judicial;

c) Não pode participar de processo licitatório;

d) Se for sociedade sem registro a responsabilidade será ilimitada.

Qual a natureza jurídica do registro do empresário comum (diferente do rural)?

Natureza declaratória. Nesses termos o enunciado n. 198 do CJF.

198 – A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua

caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O

empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do

Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis

com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário.

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3.2. A Lei de Registro Público de empresas mercantis (Lei nº 8.934/94)

O registro público de empresas mercantis é tratado pela Lei n. 8.934/94. Essa lei

criou o SINREM (sistema nacional de registro de empresas mercantis), que se subdivide em

dois órgãos:

a) DNRC (departamento nacional de registro de comércio): órgão federal.

É um órgão normatizador e fiscalizador. (NF)

b) Junta comercial: órgão estadual. Cada unidade da federação possui uma junta

comercial.

É um órgão executor. (Exe)

Assim, o registro comercial é realizado na junta comercial, pois é o órgão executor.

OBS: Cabe MS contra ato do presidente da junta comercial? Sim, deve ser ajuizado

onde? A junta comercial possui 2 tipos de subordinação:

a) subordinação administrativa: subordinada a unidade federativa = Estadual.

b) subordinação técnica: está subordinada ao departamento nacional de registro

de comércio = Federal

OBS: O DNRC é órgão federal, assim o M.S. contra ato do presidente da junta

comercial deve ser ajuizado na justiça federal- posição do STF: RE 199.793/RS.

3.3. Escrituração do empresário

Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode

ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.

Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o

lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.

Livro obrigatório comum de acordo com o art. 1.180 do CC/02 é o Diário, que

poderá ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.

SINREM

DNRC

Normatiza e Fiscaliza

JUNTA COMERCIAL

Executa

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DIREITO EMPRESARIAL

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OBS1: A lei (art. 1.179, § 2º, CC/02) dispensou para o pequeno empresário da

escrituração em livros.

Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um

sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de

seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar

anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.

§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere

o art. 970.

O que é pequeno empresário? O art. 68 da LC 123/06 define o pequeno

empresário.

Art. 68. Considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação do disposto nos

arts. 970 e 1.179 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o empresário individual

caracterizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira

receita bruta anual de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais).

OBS: Não confundir pequeno empresário com microempresa e/ou empresa de

pequeno porte. Essas são as principais diferenças:

Até 36 mil/ano = ou < 2.400,00 =<2.400.000,00 Empresário Individual

Pessoa Física será Pequeno empresário

(P.E)

MICRO PEQUENA

Soc. Empresária Mesmo que se enquadre nesse patamar nunca

será P.E. pois Soc. Emp. é P.J.

Soc. Simples Mesmo que se enquadre nesse patamar nunca

será P.E. pois Soc. Emp. é P.J.

OBS: Assim, só pode ser Pequeno Empresário a Pessoa Física (empresário

individual).

OBS: Qual a conseqüência jurídica caso não realize a escrituração? Via de regra não

acontece nada. No entanto, caso venha a pedir falência, recuperação judicial ou

recuperação extrajudicial e não escriturar o livro obrigatório é um crime falimentar. (Art.

178 da Lei 11.101/05)

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DIREITO EMPRESARIAL

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Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença

que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de

recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios:

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime

mais grave.

Qual o princípio que rege a escrituração dos livros?

Princípio da sigilosidade: previsto no art. 1.190 do CC/02 Ressalvados os casos

previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou

ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou

não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.

Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou

tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se

o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas,

as formalidades prescritas em lei.

Regra: Os livros são sigilosos, mas há exceções previstas em lei.

Exceções ao princípio da sigilosidade:

a) exibição parcial dos livros: é admitida em qualquer ação judicial. Súmula 260 –

STF.

b) exibição total: o juiz não pode ordenar em qualquer circunstância, somente nos

casos do art. 1.191 do CC/02:

-sucessão;

-sociedade/ comunhão;

-administração ou gestão à conta de outrem;

-em caso de falência. (na recuperação judicial Não!!!) – Súmula 439 STF.

Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de

escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão,

comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de

falência.

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DIREITO EMPRESARIAL

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c) Autoridades Fazendárias:

Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em

parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da

fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis

especiais.

3.4. Demonstrativos contábeis:

Conforme o CC/02, o empresário deve ter dois tipos de balanço: o patrimonial e o

de resultado econômico:

Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a

situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as

disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo.

Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o

balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas.

Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e

perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na

forma da lei especial.

4. Do Nome empresarial:

É o elemento de identificação do empresário ou da sociedade empresária. Sua

proteção tem previsão constitucional no art. 5º, XXIX da CF:

Art. 5 - XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio

temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à

propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo

em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

4.1. Espécies de nome empresarial

Conforme o art. 1.155 do CC/02 temos duas modalidades de nome empresarial:

1) Firma, que pode ser individual ou social (razão social);

2) Denominação:

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Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de

conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa.

OBS: É o que chamamos de razão social, mas isso só na prática, pois na teoria razão

social é o mesmo que firma social.

OBS: A firma individual é só para o empresário individual. As demais modalidades

são usadas pelas sociedades.

4.2. As sociedades empresárias e o nome empresarial

4.2.1. Composição da firma individual:

Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou

abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do

gênero de atividade.

OBS: É o nome do empresário que pode ser completo ou abreviado.

OBS: Ainda pode se quiser (facultativo) acrescentar uma designação mais precisa

de sua pessoa, ou do gênero de atividade.

Ex.: João da Silva; J. da Silva, J. da Silva o descobridor.

Modalidades

Firma/Razão Denominação

Firma Individual Firma Social Razão Social

Soc. Empresária

Soc. Empresária com

Resp. ilimitada

Resp. Limitada

Exceção: LTDA

Resp. Limitada

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DIREITO EMPRESARIAL

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4.2.2. Composição da firma Social: (resp. ilimitada)

Firma social é o nome ou os nomes dos sócios, podendo ser completo ou abreviado.

OBS: Não pode colocar Cia no inicio do nome empresarial, pois deve estar sempre

no final, pois quando no inicio configura uma sociedade anônima.

Ex.: João da Silva & Cia. (firma social)

Ex: Cia Vale do Rio Doce (S/A)

Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará

sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para

formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua

abreviatura.

4.2.3. Composição da denominação (resp. limitada)

Tanto a denominação quanto firma social como regra teremos o chamado

elemento fantasia.

Ex.: Preto e Branco, Secos e molhados, Adrenalina 100%

OBS:O elemento fantasia pode ser composto com o nome do sócio. Mas somente se

for para homenagear o sócio.

Conforme o art. 1.158, §2º do CC/02 na denominação é obrigatória a designação

do objeto.

Deve colocar o gênero de atividade

Ex.: Marlene produtos de beleza. – será denominação.

Ex: João e Maria = será firma social, pois não tem a denominação do objeto.

OBS: Mas se João e Maria for homenagem aos sócios será denominação.

Regra1: Se aplica firma social quando a sociedade possui sócios com

responsabilidade ilimitada.

Ex.: sociedade em nome coletivo- todos os sócios têm responsabilidade ilimitada,

sendo assim, todos podem figurar no nome empresarial.

Ex: Sociedade em comandita simples - temos 2 categorias de sócios: comanditado e

comanditário: só pode ter o nome do comanditado, pois esses têm responsabilidade ilimitada.

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Regra2: Se a responsabilidade dos sócios é limitada será DENOMINAÇÃO.

Ex.: S/A e Soc. Ltda.

Questão de prova!!!

EXCEÇÃO: art. 1158: A sociedade limitada pode adotar:

a) denominação ou

b) firma social (mesmo que a firma social seja para resp. ilimitada)

CUIDADO: a S/A só poderá adotar denominação.

Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela

palavra final "limitada" ou a sua abreviatura.

§ 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas

físicas, de modo indicativo da relação social.

§ 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela

figurar o nome de um ou mais sócios.

§ 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e

ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da

sociedade.

4.3. Princípios informadores do nome empresarial

4.3.1. Princípio da veracidade ou autenticidade

Impõe que a firma individual ou firma social seja composta a partir do nome do

empresário ou do sócio.

Ex.: A sociedade possui 3 sócios: João da Silva, José Rodrigues e Pedro Abilio. Caso

João da Silva venha a óbito, deve-se, então, retirar o nome deste do nome empresarial.

Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser

conservado na firma social.

OBS: A jurisprudência majoritária tem vedado o nome empresarial que não

corresponde com a verdade dos fatos, pois a regra é que tem que ter correspondência com o

objeto da sociedade.

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DIREITO EMPRESARIAL

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4.3.2. Princípio da novidade:

Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no

mesmo registro.

Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos,

deverá acrescentar designação que o distinga.

4.4. A proteção ao nome empresarial na jurisprudência do STJ

Regra: A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente com o registro

do empresário ou da sociedade empresária na junta comercial.

OBS: Não se deve confundir nome empresarial com marca: nome empresarial

identifica o empresário ou a sociedade empresária. Por outro lado, a marca identifica um

produto ou um serviço.

Ex.: Eny calçados Ltda é denominação= nome empresarial.

Ex: chuteiras Adidas é a marca = identifica o produto.

OBS: A marca para ter proteção deve ser registrada no INPI = órgão federal.

OBS: Já o nome empresarial deve ser registrado na junta comercial = órgão

estadual.

Então, qual o âmbito de proteção do nome empresarial? Estadual.

Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas,

ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do

nome nos limites do respectivo Estado.

Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território

nacional, se registrado na forma da lei especial.

OBS: Ainda não foi editada a lei especial. Portanto, deve-se fazer o registro em

cada unidade federativa para ter a proteção em todo o território nacional.

Muita Atenção: O nome empresarial é alienável? NÃO!!! É inalienável

Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.

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Como isso funciona na prática:

a) Temos o nome empresarial: Ex: João da Silva e Pedro Rodrigues ferreiros Ltda =

inalienável

b) Temos o título de estabelecimento/apelido: Tudo para cavalos = alienável

c) Temos a marca do produto: Ferraduras J.P. = alienável

OBS: O título de estabelecimento/apelido é diferente do nome empresarial e,

juntamente com a marca podem ser alienado, mas o nome empresarial não pode!!!

5. Estabelecimento empresarial

5.1. Natureza jurídica do estabelecimento empresarial

OBS: O conceito de estabelecimento NÃO tem ligação com o imóvel.

Estabelecimento é um conjunto de bens e compõe-se de uma universalidade. Mas

essa universalidade é de fato ou de direito? Tendo em vista o regramento do estabelecimento

estar expresso no art. 1.142 do CC/02 o tornaria uma universalidade de direito, isso é uma

visão moderna.

Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para

exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

OBS: No entanto, a posição majoritária diz que estabelecimento é

universalidade de FATO.

OBS: Será universalidade de direito quando decorre da vontade da lei. Ex: herança

e massa falida.

OBS: Diferente do estabelecimento, que decorre da vontade do empresário ou da

sociedade empresaria, por isso se trata de uma universalidade de fato.

Atenção para não confundir: Quem é sujeito de direito é o empresário individual

ou a sociedade empresária, pois o estabelecimento é apenas o objeto de direito.

Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios

jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.

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OBS: Mas o que está inserido no conceito de bens? No conceito de bens, temos os

bens materiais (móveis, utensílios, mercadorias, maquinário, imóvel, veículos) e os bens

imateriais (ponto comercial, marca, patente, nome empresarial).

Conclusão: O estabelecimento é indispensável para o exercício da atividade

empresarial. No entanto, só vai compor o estabelecimento os bens que estiverem

diretamente ligados a atividade empresarial.

Ex.: um supermercado possui 2 imóveis. O primeiro imóvel é onde está

estabelecido o mercado, já o segundo imóvel está alugado para terceiros e o valor do aluguel é

utilizado para as despesas da chácara dos donos.

Esse segundo imóvel integra o estabelecimento? Não, pois só fazem parte do

estabelecimento os bens que estão DIRETAMENTE RELACIONADOS à atividade empresarial.

Assim, somente o primeiro imóvel faz parte do patrimônio do supermercado.

Assim, na dicção do aludido art. 1.142 do CC/02 estabelecimento é:

a) todo complexo de bens.

a.1) materiais = corpóreos (imóvel, utensílios, mercadorias, maquinários)

a.2) imateriais = incorpóreos (ponto comercial, marca, patente, nome

empresarial) Ver ponto de Dir. Industrial.

b) Organizado

c) Para o exercício da empresa

d) Por empresário ou soc. Empresária.

5.2. O contrato de trespasse (compra e venda do estabelecimento)

Ex.: “A” – alienante vende uma padaria para “B” - adquirente, neste caso

precisamos de um contrato para viabilizar a venda, esse contrato se chama de TRESPASSE.

(contrato de compra e venda de estabelecimento)

OBS: conforme o art. 1.144 do CC/02 para que o contrato de trespasse produza

efeitos perante terceiros, ele tem que ser averbado na junta comercial e publicado na

imprensa oficial. Caso contrário o efeito fica restrito somente entre as partes.

Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento

do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à

Page 23: CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB DIREITO EMPRESARIAL

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margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro

Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.

5.2.1. A sucessão empresarial

Do momento da aquisição todas as dívidas da padaria correm por conta de quem

comprou (adquirente). O adquirente responde pelas dívidas anteriores? Depende, da regra

do art. 1146 do CC/02:

Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos

anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o

devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto

aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

Regra: Responde desde que a dívida esteja regularmente contabilizada responde

de forma solidária. Caso não esteja contabilizada ele não irá responder.

Exceção:

a) dívida trabalhista do art. 448 e 10 da CLT. (integralmente)

b) Se a dívida for tributária do art. 133 do CTN. (integralmente ou subsidiária)

OBS: Há prazo para o alienante responder de forma solidária junto com o

adquirente? Sim, prazo de 01 ano, contado da seguinte forma:

- se a dívida é vencida: conta-se um ano da data da publicação.

- se a dívida é vincenda: conta-se um ano da data do vencimento.

TRESPASSE

A → B

Antes

- efeitos somente entre as

partes

Registro na Junta

e

Publicação

Após

- efeitos entre as partes e

terceiros

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DIREITO EMPRESARIAL

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5.2.2. A cláusula de não-concorrência

Após o trespasse posso fazer concorrência no mesmo local? Antes do CC/02 não

tínhamos nenhuma regra impedindo esse tipo de concorrência.

O que poderia se fazer era colocar uma cláusula de não restabelecimento. Porém,

depois do CC/02 com a redação do art. 1.147 definiu que pode haver a concorrência desde

que prevista em contrato.

OBS: Mas, se o contrato for omisso, temos que aplicar a regra do art. 1.147 do

CC/02.

Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não

pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.

Conclusão: A cláusula de “não restabelecimento” está implícita aos contratos de

trespasse (compra e venda de estabelecimento).

5.3. Proteção ao ponto de negócio (locação empresarial)

Qual a diferença entre freguesia e clientela?

Freguês é aquele que procura o empresário em razão da localização do

empresário.

Já o cliente é aquele que procura o empresário em razão das qualificações

pessoais daquele empresário.

Sendo assim, a localização é muito importante para o empresário. Por isso, o

empresário pode ajuizar uma ação renovatória, prevista na lei n. 8.245/91 (lei do

inquilinato), com a finalidade de renovação compulsória do contrato de locação

empresarial.

Resp. Solidária

Prazo 01 ano

Dívida Vencida

- a contar da publicação

Dívida Vincenda

- a contar do vencimento

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DIREITO EMPRESARIAL

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Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a

renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:

I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo

determinado;

II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos

dos contratos escritos seja de cinco anos;

III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo

mínimo e ininterrupto de três anos.

OBS: Só pode ajuizar essa ação quem preencher os requisitos do art. 51 da lei n.

8.245/95, que são requisitos cumulativos:

a) Contrato escrito e com prazo determinado;

b) O contrato ou a soma ininterrupta dos contratos tem que totalizar prazo

contratual mínimo de 5 anos;

Pergunta: não é requisito da ação renovatória? – prazo do último contrato de 5

anos. Não precisa o último ser de 5 anos, deve somar todos 5 anos.

c) é necessário que o locatário esteja explorando o mesmo ramo de atividade nos

últimos 3 anos.

OBS: Deve estar no mesmo ramo de atividade no prazo mínimo de 3 anos.

OBS: Na contestação da ação renovatória o proprietário pode argüir a exceção de

retomada, as hipóteses estão no art. 52 c/c art. 72 da lei do inquilinato, na seguinte ordem:

Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se:

I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que

importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal

natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade;

II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de

comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o

locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente.

Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará

adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte:

I - não preencher o autor os requisitos estabelecidos nesta lei;

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DIREITO EMPRESARIAL

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II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época

da renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar;

III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições melhores;

IV - não estar obrigado a renovar a locação (incisos I e II do art. 52).

Qual o prazo para ajuizamento de ação renovatória? É um prazo decadencial? Sim,

é decadencial; e está previsto no art. 51, §5º da lei de locação.

OBS: deve-se saber quando foi o início e o fim do contrato de locação.

a) quando estiver faltando 01 ano para o fim do contrato pode ajuizar a ação

renovatória.

b) quando estiver faltando 06 meses, encerrará o prazo para o ajuizamento da

ação renovatória.

OBS: Quanto ao sublocatário do imóvel, cabe Ação Renovatória? SIM

Nesse caso é o próprio sublocatário que será o autor da ação, pois é ele que está no

ponto comercial.

Atenção: Não precisa sem em conjunto com o locatário, portanto, NÃO há

litisconsórcio passivo necessário.

OBS: Mas a Sublocação precisa ser autorizada do proprietário.

OBS: Quando cabe ação renovatória em caso de sublocação? Deve verificar qual a

hipótese que protege o ponto comercial.

1ª alternativa: não cabe;

2ª cabe, mas tem que ajuizar pelo locatário;

3ª cabe, deve ser ajuizada pelo sublocatário;

4ª cabe, mas tem que ser ambos, por litisconsórcio necessário.

5.4. Estabelecimento como sinônimo de “fundo de comércio” ou “Azienda”

Possuímos duas posições para o conceito de “Fundo de comércio”:

a) Posição minoritária: entende que fundo de comércio é diferente de

estabelecimento – Fábio Ulhoa Coelho. Essa mesma corrente entende que tem o

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DIREITO EMPRESARIAL

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“aviamento” ou “goodwill” que é o potencial de lucratividade do

estabelecimento.

b) Posição majoritária: entende que fundo de comércio é a mesma coisa que

estabelecimento também conhecido por “Azienda”.

Estabelecimento Comercial/Fundo

de Comércio ou Azienda

Bens Materiais Bens Imateriais

Ponto Comercial

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DIREITO EMPRESARIAL

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PROPRIEDADE INTELECTUAL

1. Propriedade Industrial

O tema central é a propriedade intelectual que se divide em dois ramos: i) direito

autoral e ii) propriedade industrial. No que tange ao direito empresarial só iremos analisar a

parte da propriedade industrial.

A propriedade industrial encontra ampara constitucional no art. 5º XXIX da

CF/88 e, também, na legislação infraconstitucional na Lei n. 9.279/96.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

[...]

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para

sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas,

aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse

social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

OBS: O privilégio é temporário e tem por finalidade o interesse social e

desenvolvimento tecnológico e econômico do país.

Art. 1º Esta Lei regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.

PROPRIEDADE INTELECTUAL

Direito. Autoral

Tratado pelo CC/02

Propriedade Industrial

Lei 9.279/96 + Art. 5°, XXIX da CF

Bens Móveis protegido:

Invenção e Modelo de Utilidade = Patente

Desenho Industrial e Marca = Registro

Programa de computador não é de

propriedade industrial, mas sim de dir. autoral.

Art. 5°, V, CF.

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DIREITO EMPRESARIAL

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Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu

interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se

mediante:

I - concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;

II - concessão de registro de desenho industrial;

III - concessão de registro de marca;

IV - repressão às falsas indicações geográficas; e

V - repressão à concorrência desleal.

OBS: A finalidade da propriedade industrial é garantir exclusividade de uso.

Quais são os bens protegidos por essa lei? A lei protege os bens móveis.

a) Invenção

b) Modelo de utilidade

c) Desenho industrial

d) Marca.

OBS: Esses 04 bens são INCORPÓREOS e componentes do Estabelecimento

Comercial.

OBS: A própria Lei 9.279/96 elenca no seu art. 10 o que não será tutelado pelo

direito de propriedade industrial.

Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:

I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;

II - concepções puramente abstratas;

III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros,

educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;

IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação

estética;

V - programas de computador em si;

VI - apresentação de informações;

VII - regras de jogo;

Page 30: CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB DIREITO EMPRESARIAL

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DIREITO EMPRESARIAL

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VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos

terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e

IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados

na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de

qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.

Questão de Prova = Programa de computador é protegido pela lei? Não, pois é

protegido pelo CC/02 na disciplina de direito autoral.

Dica Mnemônica:

PIM RDM PIMenta com Ricota De Manhã!

2. Bens sujeito ao regime de Patente

2.1. Invenção

Requisitos para considerar uma Invenção:

a) Novidade: art. 11 da LPI: é aquilo que não está compreendido no estado

(estágio) da técnica. É considerado novo até 12 meses antes do depósito.

b) Atividade Inventiva: art. 13 da LPI- sempre que para um especialista no

assunto não decorra de maneira óbvia ou evidente do estado da técnica. (≠ de

originalidade)

c) Aplicação Industrial: deve ter aplicação em grande escala.

d) Não Impedimento previsto no art. 18 da LPI.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Lei 9.279/96

PATENTE REGISTRO

a) Desenho Industrial

b) Marca

a) Invenção

b) Modelo de utilidade

INPI

Page 31: CURSO PREPARATÓRIO PARA O EXAME DA OAB DIREITO EMPRESARIAL

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DIREITO EMPRESARIAL

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Art. 18. Não são patenteáveis:

I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à

saúde públicas;

II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer

espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os

respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de

transformação do núcleo atômico; e

III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que

atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e

aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são

organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem,

mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma

característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais.

Questão de Prova: Os micro organismos transgênicos pode ser objeto de

Patente, pois não está no rol do art. 18, inc. III da LPI, desde que preenchidos os requisitos.

OBS: Não existe quebra de patente, mas sim Licença Compulsória prevista no art.

71 da LPI, em casos de emergência nacional com o devido interesse público, apresentando

as seguintes características:

a) É temporária;

b) Não exclusiva;

c) Sem prejuízo do proprietário titular.

Questão de Prova: A Licença compulsória é efetivada por Decreto do Poder

Executivo Federal, não é por lei!

Ex: Dec. 6108/07 concedeu licença compulsória no caso dos remédios que são

usados no tratamento da AIDS. Ele não provocou quebra de patente, ocorreu uma licença

compulsória.

Ex: REsp 731101/RJ Min. Relator JOÃO OTÁVIO DE NORONHA - QUARTA TURMA

do STJ decidiram o caso da patente sobre o viagra.

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DIREITO EMPRESARIAL

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Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato

do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não

atenda a essa necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória,

temporária e não exclusiva, para a exploração da patente, sem prejuízo dos direitos

do respectivo titular.

Parágrafo único. O ato de concessão da licença estabelecerá seu prazo de

vigência e a possibilidade de prorrogação.

2.2. Modelo de utilidade

Art. 9º É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte

deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição,

envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua

fabricação.

É o objeto de uso prático, ou parte deste suscetível de aplicação industrial (larga

escala), que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo (já inventado),

que resulte em melhoria funcional no seu uso ou sua fabricação.

Assim, o modelo de utilidade nada mais é do que uma melhoria funcional em um

invento que já existe

Questão de Prova: O que é “invenção anã”? é o modelo de utilidade.

Ex.: Churrasqueira portátil; Lanterna carregável na tomada.

OBS: Regra Comum as modalidades de Patente (Invenção e Modelo de

Utilidade).

A concessão de patente é temporária, mas na sua vigência o seu titular terá

exploração exclusiva do objeto podendo inclusive:

• Ceder por ato oneroso ou gratuito;

• Ceder causa mortis ou inter vivo;

• Conceder Licença de Exploração.

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2.3. Formas de Licença de Exploração de Patente

2.3.1 Licença Voluntária

Art. 61. O titular de patente ou o depositante poderá celebrar contrato de licença

para exploração.

Parágrafo único. O licenciado poderá ser investido pelo titular de todos os

poderes para agir em defesa da patente.

OBS: O contrato de licença deverá ser averbado no INPI para que produza efeitos

em relação a terceiros.

OBS: A averbação produzirá efeitos em relação a terceiros a partir da data de sua

publicação.

2.3.2 Licença Compulsória (“quebra de patente”)

Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se

exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar

abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei, por decisão

administrativa ou judicial.

§ 1º Ensejam, igualmente, licença compulsória:

I - a não exploração do objeto da patente no território brasileiro por falta de

fabricação ou fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do

processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade econômica, quando será

admitida a importação; ou

II - a comercialização que não satisfizer às necessidades do mercado.

Questão de Prova: Casos permitidos pela LPI:

a) Exercício abusivo ou Abuso de Poder Econômico da patente:

• Pode ser declarado administrativamente ou via judicial;

• Pela não exploração após 03 anos da concessão;

• Quando a comercialização na satisfaz o mercado nos 03 primeiros anos.

b) Emergência nacional ou Interesse Público

• Será ato do Poder Executivo Federal (Presidente)

• Será de ofício

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• Será temporário

• Será não exclusivo

Cuidado: No caso de Patente (invenção ou modelo de utilidade) é Licença de

Exploração;

No caso de Registro – Marca é Licença de Uso.

2.3. Formas de extinção das Patentes (Domínio Público)

Art. 78. A patente extingue-se:

I - pela expiração do prazo de vigência;

II - pela renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros;

III - pela caducidade;

IV - pela falta de pagamento da retribuição anual, nos prazos previstos no § 2º

do art. 84 e no art. 87; e

V - pela inobservância do disposto no art. 217.

Parágrafo único. Extinta a patente, o seu objeto cai em domínio público.

Questão de Prova: Após a extinção da patente, esta cairá em Domínio Público.

(Não confundir com as espécies de registro (desenho industrial e marca)).

3. Bens sujeito ao regime do Registro

3.1. Desenho industrial (design)

Art. 95. Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto

ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto,

proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que

possa servir de tipo de fabricação industrial.

É a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental

de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado

visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de

fabricação industrial.

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Ou seja, o desenho industrial nada mais é que o design, o “elemento fútil”, porque

não traz nenhum tipo de utilidade ou melhoria, mas apenas modifica a estética do produto.

OBS: Se houver melhoria será Patente pelo regime de Modelo de Utilidade.

Requisitos para considerar um Desenho Industrial: (NOA)

a) Novidade: art. 96, § 3º da LPI: É considerado novo até 180 antes do depósito.

b) Originalidade: art. 97 da LPI: O desenho industrial é considerado original

quando dele resulte uma configuração visual distintiva, em relação a outros objetos

anteriores.

c) Aplicação Industrial: deve ter aplicação em grande escala.

OBS: Não se considera desenho industrial qualquer obra de caráter puramente

artístico.

3.2. Marca

Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente

perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.

É o sinal distintivo VISUALMENTE PERCEPTÍVEL, não compreendido

nas proibições legais.

Questão de Prova: Sinal sonoro não pode ser registrado como marca.

Ex.: o “plin-plin” da Globo não é marca.

OBS: A marca é o sinal que estabelece a diferença ou identifica um produto ou

serviço.

Requisitos para considerar um sinal como marca:

a) Novidade: É Relativa nas marcas, pois deverá ser observada a novidade dentro

das classes segundo a classificação de produtos ou serviços. Existe uma tabela de classificação

no INPI. É relativa, pois tem mais de um produto com o mesmo sinal em classes diferentes.

Princípio da Especificidade.

b) Não colidência com Marca Notória (de reconhecimento internacional). Ainda

que essa marca não tenha registro, pois a marca notória não depende de registro no INPI para

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ser protegido no país, porque o Brasil é signatário da Convenção da União de Paris. Isto

significa que a marca notória não depende de registro no INPI para ter proteção legal.

No entanto, o INPI não poderá fazer o registro de uma marca notória se este não

for solicitado por seu titular.

Ex.: “MC Ronald’s” não pode ser registrada devido à existência da marca notória

“MC Donald’s”, ainda que não esteja registrada no Brasil.

O Brasil é signatário da Convenção da União de Paris, na qual os países

signatários se comprometeram em proteger a marca notória ainda que não tenha sido

registrada no país.

Art. 6° Os países da União comprometem-se a recusar ou invalidar o registro, quer

administrativamente, se a lei do país o permitir, quer a pedido do interessado e a

proibir o uso de marca de fábrica ou de comércio que constitua reprodução, imitação

ou tradução, suscetíveis de estabelecer confusão, de uma marca que a autoridade

competente do país do registro ou do uso considere que nele é notoriamente

conhecida como sendo já marca de uma pessoa amparada pela presente Convenção,

e utilizada para produtos idênticos ou similares. O mesmo sucederá quando a parte

essencial da marca constitui reprodução de marca notoriamente conhecida ou

imitação suscetível de estabelecer confusão com esta.

Questão de Prova: a marca notória só tem proteção para o seu ramo de

atividade.

OBS: Para ter eficácia ABSOLUTA à proteção, o titular da marca poderá fazer um

pedido administrativo junto ao INPI, para reconhecer aquela marca como Marca de Alto

Renome.

Art. 125. À marca registrada no Brasil considerada de alto renome será assegurada

proteção especial, em todos os ramos de atividade.

MARCA NOTÓRIA ALTO RENOME Reconhecimento internacional entre os

países signatários da Convenção da União de Paris

Reconhecimento nacional;

Relacionado a um determinado ramo de atividade;

Marca que envolve todos os ramos de atividade;

Não precisa de registro para ser protegida.

Precisa de registro.

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c) Ausência de impedimento legal previsto no art. 124.

Art. 124. Não s„o registráveis como marca:

I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais,

públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva

designação, figura ou imitação;

II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente

forma distintiva;

III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos

bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra

liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimento dignos de

respeito e veneração;

IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o

registro pela própria entidade ou órgão público;

V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título

de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão

ou associação com estes sinais distintivos;

VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente

descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele

empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço,

quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de

prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;

VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda;

VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo

peculiar e distintivo;

IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal

que possa falsamente induzir indicação geográfica;

X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza,

qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina;

XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para

garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza;

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XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca

coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154;

XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social,

político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a

imitação suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela autoridade

competente ou entidade promotora do evento;

XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos

Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país;

XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de

terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;

XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular

ou coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;

XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam

protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação,

salvo com consentimento do autor ou titular;

XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação

com o produto ou serviço a distinguir;

XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de

marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico,

semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia;

XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço,

salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente

forma distintiva;

XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento,

ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de efeito técnico;

XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro;

XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o

requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo

titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em país com o qual o

Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se

destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de

causar confusão ou associação com aquela marca alheia.

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Questão de Prova: Não podem ser registrados como marca:

Ex: Brasão, bandeira, monumentos oficiais nacionais ou internacionais;

Ex: Designação ou sigla de entidade de órgão público (estas só podem ser

registradas pelo próprio órgão público);

Ex: sinal que induza à falsa localização geográfica. Ex.: charuto produzido em POA

não pode receber a marca “charuto cubano”.

OBS: Expressão genérica pode ser registrada desde que não tenha relação direta

com o produto ou serviço.

Quais são as Espécies de marca: art. 123:

1) marca de produto ou serviço;

2) Marca de certificação;

3) Marca Coletiva;

Art. 123. Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço

de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa;

II - marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um

produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas,

notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia

empregada; e

III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos

de membros de uma determinada entidade.

3.3. Formas de extinção do Registro da Marca

Art. 142. O registro da marca extingue-se:

I - pela expiração do prazo de vigência;

II - pela renúncia, que poderá ser total ou parcial em relação aos produtos ou

serviços assinalados pela marca;

III - pela caducidade; ou

IV - pela inobservância do disposto no art. 217.

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Art. 143 - Caducará o registro, a requerimento de qualquer pessoa com legítimo

interesse se, decorridos 5 (cinco) anos da sua concessão, na data do requerimento:

I - o uso da marca não tiver sido iniciado no Brasil; ou

II - o uso da marca tiver sido interrompido por mais de 5 (cinco) anos

consecutivos, ou se, no mesmo prazo, a marca tiver sido usada com modificação que

implique alteração de seu caráter distintivo original, tal como constante do

certificado de registro.

a) Expiração do prazo de vigência;

b) Falta de retribuição anual;

c) Caducidade: quando o titular da marca deixa utilizá-la por mais de 05 anos –

STJ. Ex.: jogo do milhão era uma marca de uma empresa mexicana, só que deixou de utilizá-la

por mais de 5 anos e foi utilizada pelo SBT.

d) Renúncia;

e) Inobservância do art. 217: se o titular da propriedade industrial não tem

domicílio no país, e não deixa representante legal no Brasil para receber citações e intimações.

Art. 217. A pessoa domiciliada no exterior deverá constituir e manter procurador

devidamente qualificado e domiciliado no País, com poderes para representá-la

administrativa e judicialmente, inclusive para receber citações.

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“O verdadeiro homem mede a sua força, quando se

defronta com o obstáculo.”

Antoine de Saint-Exupéry

4. Aspectos Processuais

Quadro Mnemônico:

PATENTE REGISTRO INVENSÃO MOD. UTILIDADE DESENHO INDUST. MARCA

Princípios: � Novidade 12 meses � Atividade Inventiva � Aplicação Industrial

Princípios: � Novidade 12 meses � Atividade Inventiva � Aplicação Industrial

Princípios: � Novidade 180 dias � Originalidade � Aplicação Industrial

Princípios: � Especificidade em Classes

Vigência: 20 anos do

depósito

Vigência: 15 anos do depósito

Vigência: 10 anos do depósito

Vigência: 10 anos da Concessão

Vigência mínima:

10 anos Vigência mínima:

7 anos _________ _______

Domínio Público (não prorroga)

Domínio Público (não prorroga)

Prorrogável por 3 X 05 anos = 25 anos

Prorrogável por sucessões de 10

anos Processo Anulação � Admin: 6 meses � Judicial: sem prazo

Processo Anulação � Admin: 6 meses � Judicial: sem prazo

Processo Anulação � Admin: 5 anos � Judicial: sem prazo

Processo Anulação � Admin: 6 meses � Judicial: 5 anos

Bom Estudo!

Prof. Cristiano de Souza Rodrigues