curso direito empresarial para xxi exame oab

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Aula 00 Direito Empresarial p/ XXI Exame de Ordem- OAB Professor: Gabriel Rabelo 00000000000 - DEMO

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    Direito Empresarial p/ XXI Exame de Ordem- OAB

    Professor: Gabriel Rabelo

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  • Direito Empresarial XXI Exame da OAB Teoria e exerccios comentados

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    SUMRIO

    1 APRESENTAO ........................................................................................................ 1 2 A ATIVIDADE EMPRESARIAL. ...................................................................................... 7 2.1 ORIGEM E EVOLUO HISTRICA, AUTONOMIA, FONTES E CARACTERSTICAS. TEORIA DOS ATOS DO COMRCIO, TEORIA DA EMPRESA. ............................................................... 7 3 FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL ............................................................................ 8 4 AUTONOMIA DO DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................... 9 5 EMPRESRIO (ART. 966 DO CDIGO CIVIL) ................................................................. 9 6 EXCEES AO REGIME EMPRESARIAL ....................................................................... 11 6.1 PARGRAFO NICO DO ARTIGO 966 PROFISSIONAIS LIBERAIS ............................. 11 6.2 SOCIEDADES COOPERATIVAS ............................................................................... 14 6.3 SOCIEDADES DE ADVOGADOS .............................................................................. 14 6.4 LEI 13.247/2016 SOCIEDADE UNIPESSOAL DE ADVOGADOS .................................. 15 6.5 PESSOAS FSICAS E JURDICAS QUE EXPLOREM A ATIVIDADE RURAL ....................... 18 7 REGISTRO .............................................................................................................. 19 8 CAPACIDADE E IMPEDIMENTO .................................................................................. 22 8.1 PONTO AVANADO MENOR EMANCIPADO ............................................................. 28 9 EMPRESRIO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA ...................................... 32 10 SOCIEDADE DE SCIOS CASADOS, ENTRE SI OU COM TERCEIROS ........................... 39 11 EMPRESRIO CASADO .......................................................................................... 39 12 EMPRESA X EMPRESRIO X ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL .................................. 41 13 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL ......................................................................... 43 13.1 DEFINIO ......................................................................................................... 44 13.2 CUIDADOS A SEREM LEVADOS PARA A PROVA ........................................................ 44 13.3 NATUREZA JURDICA DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL ..................................... 45 13.4 ALIENAO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL (TRESPASSE) ............................... 46 13.5 CLUSULA DE NO-RESTABELECIMENTO ................................................................ 48 13.6 CONTRATOS ANTERIORES NO TRESPASSE .............................................................. 49 13.7 AVIAMENTO ........................................................................................................ 50 14 RESUMO DIREITO EMPRESARIAL AULA 00 ......................................................... 54 15 QUESTES COMENTADAS ..................................................................................... 57 16 GABARITO DAS QUESTES COMENTADAS NESTA AULA ............................................ 62

    1 APRESENTAO Ol, meus amigos. Como esto?! Hoje, damos incio, aqui no Estratgia Concursos, sua preparao em Direito Empresarial para o XXI Exame de Ordem, a ser realizado na data provvel de 27 de novembro de 2016. Antes de iniciar o nosso curso, gostaramos de dar uma rpida palavrinha acerca do Exame da OAB, que, sem dvida, um passo importantssimo na carreira de vocs! E, por ser um passo importante, merece receber grande ateno. A prova da OAB vem se tornando cada vez mais difcil com o passar do tempo. Analisando-se todos os exames j organizados pela Fundao Getlio

    AULA 00: AULA DEMONSTRATIVA

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    Vargas a conhecida FGV, a mdia histrica de aprovao de 17,5% dos inscritos. Ou seja, a cada 10.000 inscritos, apenas 1.750 so aprovados. uma mdia muito baixa. Mas por que tanta gente no consegue a aprovao? H uma srie de razes que explica isso. No entanto, consideramos que os 3 (trs) principais problemas dos alunos so os seguintes: a) No ter o hbito de leitura: As provas da FGV esto apresentando textos cada vez mais longos, exigindo que o candidato tenha se acostumado a ler durante a sua preparao. No dia da prova objetiva, voc vai ficar 5 horas em intensa leitura. Se, durante a sua preparao, voc no tiver lido bastante, dificilmente conseguir identificar as pegadinhas da banca. b) No conhecer a banca examinadora: muito comum que o candidato estude sem foco e perca muito tempo com assuntos pouco ou quase nunca cobrados pela FGV no Exame de Ordem. Chega o dia da prova e cai tudo diferente do que voc tinha estudado. c) No resolver questes de provas anteriores: As questes da FGV tm um estilo bastante peculiar de cobrana. Muitas delas, so casos prticos, que exigem, alm do conhecimento terico, uma adequada interpretao do futuro advogado. A metodologia do Estratgia Concursos se direciona a combater exatamente esses 3 (trs) grandes problemas. Nos cursos do Estratgia para a OAB, voc ter acesso a: a) Teoria Resumida (baseada em estatsticas): Os professores do Estratgia Concursos explicaro a teoria apenas na medida do necessrio para que voc consiga resolver todas as provas da OAB. Nem mais nem menos! Foco a nossa palavra de ordem! Voc s vai ler aquilo que for essencial para a sua prova! b) Resoluo de todas as questes das provas da OAB aplicadas pela FGV: Em nossos cursos, os professores iro comentar todas as provas anteriores da OAB. Voc ter a oportunidade de praticar bastante c) Frum de dvidas, no qual voc ter acesso direto ao professor. d) Videoaulas especficas para o Exame da OAB: teremos vdeos especficos e objetivos para a realizao da prova de vocs. Sero 4 a 5 horas de aulas em vdeo gravadas para a OAB! As aulas esto sendo gravadas e sero disponibilizadas o mais breve possvel. Para que voc tenha uma noo de como o nosso curso ser construdo, apresentamos a seguir o Raio-X da OAB em Direito Empresarial. Essa anlise foi feita a partir de um exame detalhado de todos os exames da OAB aplicados pela FGV, que nos indica as seguintes estatsticas de cobrana de questes (por assunto):

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    Assuntos N. de questes

    Direito Societrio 42

    Cooperativas 1

    EIRELI 3

    Empresrio 7

    Escriturao 1

    Estabelecimento Empresarial 4

    Locao de shopping center 1

    Operaes societrias 1

    Registro 2

    Sociedade em comum 1

    Sociedade em conta de participao 3

    Sociedade Limitada 7

    Sociedades Annimas 8

    Sociedades Simples 2

    Subsidiria Integral 1

    Contratos Mercantis 7

    Agncia 1

    Alienao Fiduciria 1

    Arrendamento Mercantil 1

    Comisso 1

    Factoring 1

    Hedge 1

    Franquia 1

    Direito Falimentar 16

    Falncia 10

    Recuperao Extrajudicial 1

    Recuperao Judicial 5

    Ttulos de crdito 18

    Aceite 1

    Aval 1

    Cheque 5

    Conceitos Gerais 2

    Debntures 1

    Duplicatas 1

    Endosso 1

    Letra de cmbio 2

    Nota Promissria 3

    Protesto 1

    Propriedade Industrial 5

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    Assuntos N. de questes

    Desenho Industrial 1

    Inveno/Modelo de Utilidade 2

    Marcas 1

    Arbitragem 1

    Total 88

    Em termos percentuais, temos o seguinte:

    Assuntos N. de questes Percentual

    Direito Societrio 42 48%

    Contratos Mercantis 7 8%

    Direito Falimentar 16 18%

    Ttulos de crdito 18 20% Propriedade Industrial

    5 6%

    Total 88 100%

    Vejam, portanto, que metade das nossas questes so relativas ao direito societrio. Ser o tpico ao qual daremos maior nfase neste curso, indubitavelmente. Antes de comearmos, permita-me uma breve apresentao. Meu nome Gabriel Rabelo, sou Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado do Rio de Janeiro, tendo tambm, dentre outros, exercido o cargo de Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado do Esprito Santo. Sou professor colaborador de direito empresarial e contabilidade no stio do Estratgia. Ministro, tambm, contabilidade e direito empresarial em cursos presenciais preparatrios para concursos em Vitria e, em videoaula, no Eu Vou Passar. Sou autor dos livros 1.001 Questes Comentadas de Direito Empresarial FCC e 1.001 Questes Comentadas de Direito Administrativo ESAF, este ltimo em co-autoria com a professora Elaine Marsula, ambos publicados pela Editora Mtodo. Alm disso, publiquei, com o professor Luciano Rosa, um livro de Contabilidade, chamado Contabilidade avanada facilitada para concursos tambm pela Editora Mtodo Teoria e Questes. Nossas aulas, sero assim divididas:

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    AULA DATA CONTEDO

    Aula 0 30.07.16

    1 Do Direito de Empresa. 1.1 Do conceito de Empresa. 1.2 Do Empresrio. 1.3 Da caracterizao e da inscrio. 1.4 Da capacidade. 1.6 Da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada. 4 Do Estabelecimento. 4.1 Disposies gerais. 4.2 Clientela e aviamento.

    Aula 1 10.08.16

    5 Dos Institutos Complementares: 5.1 Registro Pblico de Empresas Mercantis, 5.2 Nome empresarial, 5.3 Dos prepostos e 5.4 Da escriturao.2 Da Sociedade. 2.1 Disposies gerais. 2.2 Da sociedade no personificada. 2.3 Da sociedade em comum. 2.4 Da sociedade em conta de participao. 2.5 Da sociedade personificada. 2.7 Da distino entre sociedade empresria e no empresria. 2.9 Das sociedades de pessoas. 2.10 Da sociedade simples. 2.11 Da sociedade em nome coletivo. 2.12 Da sociedade em comandita simples. 2.13 Da sociedade limitada.

    Aula 2 18.08.16

    2 Da Sociedade. 2.1 Disposies gerais. 2.2 Da sociedade no personificada. 2.3 Da sociedade em comum. 2.4 Da sociedade em conta de participao. 2.5 Da sociedade personificada. 2.7 Da distino entre sociedade empresria e no empresria. 2.9 Das sociedades de pessoas. 2.10 Da sociedade simples. 2.11 Da sociedade em nome coletivo. 2.12 Da sociedade em comandita simples. 2.13 Da sociedade limitada. 2.15 Da sociedade cooperativa.

    Aula 3 26.08.16

    3.2 Da nacionalidade da sociedade e da sociedade dependente de autorizao. 6 Das Sociedades por Aes. 6.1 Lei n. 6.404/1976. 7 Dos Valores Mobilirios. 7.1 Do Mercado de Valores Mobilirios. 7.2 Da Comisso de Valores Mobilirios. 2.6 Desconsiderao da personalidade jurdica da sociedade empresria 2.8 Sociedade de Propsito Especfico (SPE) 2.14 Da sociedade em comandita por aes. 2.16 Das sociedades coligadas. 3 Da liquidao da sociedade. 3.1 Da transformao, da incorporao, da fuso e da ciso das sociedades.

    Aula 04 03.09.16 8 Da Recuperao Judicial, Extrajudicial e da Falncia do Empresrio e da Sociedade Empresria. 9 Dos Contratos Empresariais.

    Aula 5 11.09.16 10 Dos Ttulos de Crdito.

    Aula 6 20.09.16

    12 Da Propriedade Intelectual. 12.1 Das Patentes. 12.2 Dos Desenhos Industriais. 12.3 Das Marcas. 12.4 Das Indicaes Geogrficas. 12.5 Da Concorrncia Desleal. 12.6 Da Transferncia de Tecnologia e da Franquia. 13 Da proteo da propriedade intelectual de programa de computador Lei n 9.609/1998. 14. Defesa da Concorrncia. Lei n. 12.529/2011. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrncia. Infraes da Ordem Econmica. Controle de Concentraes.

    Aula 7 29.09.16 Contratos mercantis.

    Portanto, pessoal, por enquanto isso! Vamos comear a falar um pouco sobre o direito empresarial? Forte abrao. Gabriel Rabelo Sigam nossas redes sociais para mais dicas:

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    Facebook: https://www.facebook.com/gabrielrabelo87 YouTube: https://www.youtube.com/user/GabrielRabelo Periscope: gabrielrabelo87 SONHAR GRANDE E SONHAR PEQUENO D O MESMO TRABALHO! (JORGE PAULO LEMANN)

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    2 A ATIVIDADE EMPRESARIAL. 2.1 ORIGEM E EVOLUO HISTRICA, AUTONOMIA, FONTES E CARACTERSTICAS. TEORIA DOS ATOS DO COMRCIO, TEORIA DA EMPRESA. Pressuposto bsico para se estudar qualquer disciplina saber do que ela trata. E no direito empresarial isso ganha outro fator de relevncia: as bancas exploram seu conceito e evoluo em provas. Inicialmente, voc deve saber o que direito empresarial. E o que , professor?! Podemos defini-lo, em sntese, como o regime jurdico especial de direito privado destinado regulao das atividades econmicas e dos seus agentes produtivos. O direito empresarial tem origem na Idade Mdia, com o surgimento da necessidade de normas que sistematizassem as transaes realizadas pelos comerciantes poca. Em sua criao, os prprios comerciantes ditavam as normas que seriam aplicveis s relaes, era um direito feito pelas prprias partes, assim vigendo por longo perodo. Em uma segunda fase, j com a criao de Monarquias, no incio do sculo XIX, houve a criao do Cdigo Napolenico, que, bipartindo o direito privado em civil e comercial, criou a teoria dos atos do comrcio. De acordo com a teoria dos atos do comrcio, sempre que algum praticava atividade econmica que o direito considerava ato de comrcio, submeter-se-ia s obrigaes do Cdigo Comercial, a ele se sujeitando. A caracterizao de uma pessoa como comerciante era feita com base em uma lista de atividades. Funcionava basicamente assim: X praticava atividade de venda de mercadorias, logo estava coberto por um manto jurdico, que era o regime do direito comercial, gozando de uma srie de privilgios que lhe seriam garantidos, como concordata, celebrao de contratos mercantis, etc. Ocorre que muitas atividades importantes, como a prestao de servios e as atividades rurais, no se encontravam na lista, o que, em certo momento, tornou inaplicvel a teoria dos atos de comrcio, j difundida mundo afora. Como um prestador de servio poderia olhar para o vizinho que vendia mercadorias e, ambos exercendo atividades econmicas, seriam submetidos a tratamento to diferenciado? A teoria perdurou at a segunda guerra mundial, quando, na Itlia, revolucionariamente, surge a unificao do direito privado, com a criao da teoria da empresa. E o que vem a ser? Segundo a teoria da empresa, o direito empresarial no mais regularia a atividade de setores especficos. A forma de produzir ou circular bens ou servios, a forma empresarial, que seria agora levada em

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    considerao. A partir daquele momento, no se olharia mais para quem era x ou quem era y, mas, sim, para o modo como estes sujeitos organizavam seu trabalho. Em regra, todo aquele que organizasse seu negcio profissionalmente, para produzir ou circular bens ou servios poderia usufruir das benesses trazida pelo Direito Empresarial. O Cdigo Comercial brasileiro de 1850 fora fortemente influenciado pela teoria dos atos do comrcio. Todavia, leis esparsas anteriores ao Novo Cdigo Civil de 2002 j previam a utilizao da teoria da empresa, como o Cdigo de Defesa do Consumidor, juntamente de doutrina e jurisprudncia. O CC 2002 veio ao mundo apenas aniquilar a teoria dos atos do comrcio de nosso ordenamento. Por esse motivo, torna-se, hoje, mais exata a denominao direito empresarial, no lugar do j consagrado nome direito comercial (embora ambas sejam aceitas doutrinariamente). A expresso comerciante designava determinadas categorias que estavam sob o manto das regras da teoria dos atos do comrcio. J o termo empresrio deveras mais moderno e abrangente. Importante: o Cdigo Civil de 2002 no adotou a teoria dos atos de comrcio, mas, sim, a teoria da empresa.

    Empresrio no quem exerce a atividade X ou Y, mas, sim, quem exerce atividade econmica profissionalmente organizada para a produo ou circulao de bens e servios (Cdigo Civil, art. 966).

    3 FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL A principal fonte do direito empresarial, como no poderia deixar de ser, a lei. O direito empresarial pauta-se, em primeirssimo lugar, em nossa Constituio Federal. Em seguida, temos outros textos normativos, como o Cdigo Civil de 2002, o Cdigo Comercial de 1.850 (parte no revogada, sobre comrcio martimo), e diversas leis esparsas, tais como a Lei de Falncias e Recuperao Judicial (11.101/2005), a lei que regula o exerccio do comrcio pelos micro e pequenos empresrios (Lei Complementar 123/2006), Lei das Sociedades Annimas (Lei 6.404/76), Lei do Cheque, entre outras diversas.

    Ademais, como fonte secundria do Direito Comercial, temos os usos e costumes. Alguns doutrinadores negam jurisprudncia e doutrina o status de fontes. Entretanto, no se pode olvidar da importncia destes instrumentos evoluo do direito empresarial.

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    4 AUTONOMIA DO DIREITO EMPRESARIAL O direito do comrcio tem hoje seu regulamento tratado, em boa parte, no Cdigo Civil de 2002. Muitos tm propalado que o direito civil e empresarial teriam se unificado, formando o que doutrinadores denominam de direito privado. Tal assertiva deve ser analisada com cuidado. Primeiro, por que a Constituio Federal prev a distino entre ambos: Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrrio, martimo, aeronutico, espacial e do trabalho; Segundo, por que, embora o Cdigo Civil tenha abordado relativa parte do Direito Empresarial em seu bojo Livro II, no h esgotamento da matria ali. O direito empresarial tem uma vasta legislao esparsa. Por fim, defendemos a autonomia do direito empresarial tambm pelo fato de ele guardar caractersticas distintas, que o diferenciam de qualquer outro ramo do direito. 5 EMPRESRIO (ART. 966 DO CDIGO CIVIL) J sabemos um pouco sobre a evoluo do direito empresarial (passando da teoria dos atos de comrcio para a teoria da empresa, da figura do comerciante para a do empresrio). Pois bem, o conceito de empresrio est esculpido no Cdigo Civil, em seu artigo 966, e sua importncia para o nosso certame dispensa comentrios. Vejamos: Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. So estes, pois, os requisitos para que algum seja classificado como empresrio:

    Requisitos

    Empresrio

    Atividade econmica

    Organizao

    Produo ou circulao de bens ou servios

    Capacidade/no impedimento

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    1) Profissionalismo: O negcio no pode ser praticado em carter eventual, mas deve ser feito rotineiramente, assumindo-o o empresrio como seu ofcio. Assim, uma pessoa que vende o seu nico carro a um terceiro no ser caracterizada como empresria por este motivo. 2) Organizao: A pessoa deve praticar a atividade de forma organizada, dispondo do chamado estabelecimento empresarial, que o conjunto de bens mveis e imveis, corpreos e incorpreos, utilizados para o exerccio da atividade. 3) Atividade econmica: Vejam que o Cdigo arrolou tanto a circulao de bens como a prestao de servios, entre outras. 4) Capacidade e no impedimento: veremos mais frente este conceito. Por ora, devemos saber que a pessoa para ser empresria dever ser considerada como capaz de direitos e obrigaes. Tambm no poder ser impedida por lei de exercer o empresariado. Portanto, uma pessoa que exerce a atividade de venda de carros, possui uma garagem e l pratica organizadamente essa atividade econmica, ser considerada empresria. Todavia, quando eu, Gabriel, resolvo vender meu fusca 1972, estarei excludo do regime empresarial, posto que apenas o fiz esporadicamente, sem levar a operao como profisso. Basicamente isso. Caso eu resolva abrir uma concessionria para vender veculos, estarei enquadrado no conceito de empresrio individual. O negcio estar em meu nome e assumirei os riscos do empreendimento, mesmo que haja o concurso de colaboradores (empregados, gerentes, contabilistas, etc.). Quem responder pelo sucesso (ou pelo insucesso) da atividade serei eu. Hiptese diferente, todavia, ocorre quando duas ou mais pessoas se renem para explorar juntas um empreendimento. Suponha-se que Gabriel e Jos decidem formar uma pessoa jurdica, chamada Carro Bom Sociedade LTDA. Neste caso, quem recebe os ganhos, quem efetua as vendas, quem contrai obrigaes, a pessoa jurdica (e no Gabriel e Jos). Foi criada uma pessoa (diferente da dos scios) para que o negcio fosse explorado. E essa pessoa (que tambm obedece aos requisitos estabelecidos no artigo 966) chamada de sociedade empresria. Portanto, neste caso, no so os scios que respondem pelas atividades empresariais, mas, a pessoa jurdica. E qual a diferena entre os institutos?! Basicamente a seguinte:

    EMPRESRIO INDIVIDUAL SOCIEDADE EMPRESRIA

    Pessoa fsica Pessoa jurdica (no se confunde com os scios - estes mantm relao com a sociedade)

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    Patrimnio pessoal confunde-se com o empresarial. No h separao.

    Patrimnio prprio, diferente do dos scios.

    A pessoa fsica responde pelos direitos e obrigaes. Responsabilidade pessoal do empresrio.

    A pessoa jurdica responde pelos direitos e obrigaes. No h responsabilidade pessoal dos scios, em regra.

    Esta distino entre o empresrio individual e a sociedade deve estar clara na mente do candidato. O CESPE, acertadamente, cobrou este item no concurso para Procurador da AGU, em 2013, com o seguinte item (correto): O empresrio individual a prpria pessoa fsica ou natural, respondendo os seus bens pelas obrigaes que ele assumir, seja civis, seja comerciais. Esta regra comporta exceo, o empresrio individual de responsabilidade limitada, visto a seguir. 6 EXCEES AO REGIME EMPRESARIAL Meus amigos, o Cdigo Civil estabelece que aquele que exerce atividade organizada de modo profissional para a produo ou circulao de bens ou servios considerado empresrio. Mas devemos nos perguntar: esta regra comporta exceo?! A resposta deve ser afirmativa. Existem determinadas pessoas (fsicas e jurdicas) que mesmo exercendo atividades econmicas organizadas no estaro sob o manto do regime empresarial. As excees so, em sntese, as seguintes: 6.1 PARGRAFO NICO DO ARTIGO 966 PROFISSIONAIS LIBERAIS O artigo 966, pargrafo nico, do CC traz uma importante ressalva... Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. Pargrafo nico. No se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa.

    Excees ao regime empresarial

    Excees

    Profissionais intelectuais Ainda que com auxiliares

    Salvo se constituir elemento de empresa

    Profissionais de natureza cientfica Profissionais de natureza literria Profissionais de natureza artstica

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    Com base no dispositivo acima, ressalvadas esto, via de regra, as atividades intelectuais que possuam natureza intelectual, cientfica, literria ou artstica, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa. Como assim, professor? Explique-se melhor esse ponto. Um mdico que trabalhe sozinho, que tenha uma clientela que freqenta sua clnica a fim de prestigiar o bom trabalho por ele realizado, no ser considerado empresrio, por conta do que ordena o artigo 966, pargrafo nico, embora possua todos os elementos contidos na questo: explorao profissional da atividade, individual, direta, habitual e com fins lucrativos de uma atividade econmica. O mesmo vale para dentistas, arquitetos, artistas, uma vez que prestam servios de natureza intelectual, cientfica, literria ou artstica. Todavia, o hospital de grande porte onde esse mesmo mdico trabalha como plantonista, ambiente cujos pacientes no sabem sequer de sua existncia, no vo l por sua causa, mas, sim, por que o exerccio da profisso (a medicina) constitui elemento da empresa (hospital), ser considerado sociedade empresria. Portanto, no se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa. Tal regra se aplica no s s pessoas que exploram a atividade sozinhas. Se dois ou mais dentistas, por exemplo, se reunirem para formar um consultrio, no sero, igualmente, considerados empresrios. Tal sociedade ser chamada de sociedade simples. A sociedade empresria aquela que se enquadra no artigo 966 do Cdigo Civil, j citado. A sociedade simples tem critrio residual, isto , ser aquela que no se enquadrar no conceito de sociedade empresria. E por que h este nome?! Pois, de acordo com o prprio Cdigo Civil: Art. 982. Salvo as excees expressas, considera-se empresria a sociedade que tem por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.

    1. (FGV/Exame/OAB/2014) Alfredo Chaves exerce, em carter profissional, atividade intelectual de natureza literria, com auxiliares. O exerccio da profisso constitui elemento de empresa. No h registro da atividade por parte de Alfredo Chaves em nenhum rgo pblico.

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    Com base nessas informaes e nas disposies do Cdigo Civil, assinale a afirmativa correta. A) Alfredo Chaves no empresrio, porque exerce atividade intelectual de natureza literria. B) Alfredo Chaves no empresrio, porque no possui registro em nenhum rgo pblico. C) Alfredo Chaves empresrio, independentemente da falta de inscrio na Junta Comercial. D) Alfredo Chaves empresrio, porque exerce atividade no organizada em carter profissional. Comentrios Neste caso, temos a hiptese clara de exceo ao artigo 966, pargrafo nico do Cdigo Civil. Seno vejamos. Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. Pargrafo nico. No se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa. Portanto, como toda a atividade de Alfredo feito com o intuito empresarial, dever ele ser considerado empresrio. Ora, o Cdigo Civil diz que em regra os profissionais liberais no so empresrios. Todavia, se essa atividade feita com o escopo empresarial, como dissemos na diferena entre um mdico que trabalha sozinho e um grande hospital, ento estamos frente ao caso de se enquadrar como empresrio individual (Alfredo, por exemplo, que trabalha sem scios) ou sociedade empresria (se duas ou mais pessoas resolverem explorar determinado empreendimento em conjunto). Agora, comentemos as assertivas. A) Alfredo Chaves no empresrio, porque exerce atividade intelectual de natureza literria. O item est incorreto, pois o exerccio da profisso constitui elemento de empresa. B) Alfredo Chaves no empresrio, porque no possui registro em nenhum rgo pblico.

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    O item est incorreto. Veremos na aula seguinte que o registro uma condio de regularidade para o empresrio. Entretanto, o registro no requisito para que uma pessoa seja reconhecida como empresrio. Tanto que no est arrolado no artigo 966, caput, do Cdigo Civil. Gravem, o registro uma condio de regularidade. Alfredo empresrio, independente do registro. C) Alfredo Chaves empresrio, independentemente da falta de inscrio na Junta Comercial. Este o nosso gabarito. D) Alfredo Chaves empresrio, porque exerce atividade no organizada em carter profissional. Item incorreto. Ele empresrio, pois pratica o exerccio da empresa, conforme meno expressa do enunciado. Gabarito C. 6.2 SOCIEDADES COOPERATIVAS Estamos frisando que o importa para que uma pessoa fsica ou jurdica seja considerada empresria a organizao dos fatores de produo para explorar o objeto de modo lucrativo.

    Muito embora as cooperativas tenham todas as qualificaes para atenderem ao disposto no artigo 966, deixam de ser sociedades empresrias por fora de disposio expressa no Cdigo Civil. Art. 982, Par. nico. Independentemente de seu objeto, considera-se empresria a sociedade por aes; e, simples, a cooperativa.

    6.3 SOCIEDADES DE ADVOGADOS Grave-se o seguinte para a prova: o Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei 8.906/1994) dispe que a sociedade de advogados sempre sociedade simples, isto , que explora o seu objetivo de forma no empresarial. Ademais, o registro para sua constituio feito na prpria OAB, como se depreende do dispositivo a seguir do diploma legal citado acima:

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    Art. 15. 1 A sociedade de advogados adquire personalidade jurdica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. 6.4 LEI 13.247/2016 SOCIEDADE UNIPESSOAL DE ADVOGADOS Basicamente, essa lei criou a chamada sociedade unipessoal de advocacia, o que pretende trazer ganhos de tributao e as mesmas vantagens das sociedades de advogados para aqueles que no desejam constituir sociedade. Cabe lembrar que a Lei Complementar n. 147/2014 incluiu as sociedades de advogados como pessoas jurdicas que podem ser beneficiadas pelo Simples Nacional. Todavia, aqueles advogados que trabalhavam sozinhos no poderiam usufruir deste regime benfico de tributao, da Lei Complementar 123, problema que ir se resolver com a criao da sociedade unipessoal de advocacia. E quais so os possveis ganhos para os advogados com a edio desta Lei 13.247? Principalmente... - Possibilidade de reduo da carga tributria, pois o advogado deixar de recolher tributo como pessoa fsica e passar a arcar com uma tributao equivalente das sociedades. - Formalizao de empregos, j que, com o registro das sociedades unipessoais de advocacia, muitos empregados destes advogados tero seus empregos formalizados. - Haver possibilidade de separar a responsabilidade pessoal da profissional, pela limitao do valor das quotas. Existem basicamente dois tipos societrios: as sociedades empresrias e as sociedades simples. Sabemos que a sociedade empresria aquela que explora o seu objeto conforme o artigo 966 do Cdigo Civil: Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. Art. 982. Salvo as excees expressas, considera-se empresria a sociedade que tem por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Pois bem! Por fora do disposto no Estatuto da OAB (Lei n. 8.906, de 4 de julho de 1994), as sociedades de advogados so sempre consideradas sociedades simples, aplicando-se-lhes o regime prprio previsto na lei citada. Segundo a referida Lei (em sua redao anterior):

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    Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestao de servio de advocacia, na forma disciplinada nesta lei e no regulamento geral. 1 A sociedade de advogados adquire personalidade jurdica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. 2 Aplica-se sociedade de advogados o Cdigo de tica e Disciplina, no que couber. Agora, com as mudanas da Lei 13.247/2016, a legislao passa a ter a seguinte redao: Estatuto da OAB Com as alteraes da Lei 13.247/2016. Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestao de servios de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. (Redao dada pela Lei n 13.247, de 2016) 1o A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem personalidade jurdica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. (Redao dada pela Lei n 13.247, de 2016) 2o Aplica-se sociedade de advogados e sociedade unipessoal de advocacia o Cdigo de tica e Disciplina, no que couber. (Redao dada pela Lei n 13.247, de 2016) 4o Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma rea territorial do respectivo Conselho Seccional. (Redao dada pela Lei n 13.247, de 2016) 5o O ato de constituio de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os scios, inclusive o titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados inscrio suplementar. (Redao dada pela Lei n 13.247, de 2016) 7o A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentrao por um advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das razes que motivaram tal concentrao. (Includo pela Lei n 13.247, de 2016) Principais pontos do artigo 15:

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    - Agora, h possibilidade de constituio da sociedade unipessoal de advocacia, ou seja, no h mais necessidade de scios. O nome de sociedade para um s soa estranho, mas como est disposto na lei. - O registro da sociedade de advogados e da sociedade unipessoal de advocacia deve ser feito na OAB, quando adquiriro personalidade jurdica. - Um advogado no pode estar: a) em mais de uma sociedade de advogados. b) em mais de uma sociedade unipessoal de advocacia. c) em uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia. Ateno: as regras so vlidas para sede ou filial na mesma rea territorial do Conselho Seccional. - H possibilidade de constituio de filial para a sociedade individual de advocacia. - Se tnhamos uma sociedade de advogados e, por qualquer motivo, h concentrao de quotas em um nico advogado, pode haver transformao em sociedade individual de advocacia. Estatuto da OAB Com as alteraes da Lei 13.247/2016. Art. 16. No so admitidas a registro nem podem funcionar todas as espcies de sociedades de advogados que apresentem forma ou caractersticas de sociedade empresria, que adotem denominao de fantasia, que realizem atividades estranhas advocacia, que incluam como scio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa no inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar. (Redao dada pela Lei n 13.247, de 2016) 4o A denominao da sociedade unipessoal de advocacia deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com a expresso Sociedade Individual de Advocacia. (Includo pela Lei n 13.247, de 2016) Portanto, o caput do artigo 16 probe o registro de sociedades de advogados que: - Apresentem formas ou caractersticas de sociedades empresrias. - Adotem denominao de fantasia (o que a Lei quer dizer, na verdade no se pode utilizar denominao social ou nome de fantasia). - Realizem atividades estranhas advocacia. - Incluam como scio (no caso de sociedade de advogados) ou titular (no caso de sociedade unipessoal de advocacia) pessoa no inscrita como advogado ou proibida de advogar. - O nome utilizado pela sociedade unipessoal de advocacia o nome do titular + sociedade individual de advocacia.

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    Por fim, temos o artigo 17, que trata da responsabilidade da sociedade de advogados e agora, tambm, da sociedade unipessoal de advocacia. Vejamos: Estatuto da OAB Com as alteraes da Lei 13.247/2016. Art. 17. Alm da sociedade, o scio e o titular da sociedade individual de advocacia respondem subsidiria e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ao ou omisso no exerccio da advocacia, sem prejuzo da responsabilidade disciplinar em que possam incorrer. (Redao dada pela Lei n 13.247, de 2016) Portanto, assim como na sociedade de advogados, a sociedade individual de advocacia ter responsabilidade ilimitada pelos danos causados aos clientes, seja pela ao, seja pela omisso no exerccio da advocacia. Segundo o Conselho Federal da OAB a sociedade individual acabar por igualar os advogados a todos os outros profissionais do mercado, que, no exerccio de suas atividades, podem escolher organizar-se em sociedades limitadas, de modo a separar a responsabilidade pessoal da profissional, limitando-a no valor de suas cotas. E no se diga que a responsabilidade limitada reduziria o zelo, a tica e a qualidade na prestao dos servios advocatcios. Tais padres continuariam garantidos, pois o projeto de lei prev a aplicao, tambm para as sociedades individuais, da regra prevista no art. 17 do Estatuto da OAB, acima citado, que impe responsabilidade pessoal e ilimitada por aes ou omisses no exerccio da profisso, sem prejuzo da responsabilidade disciplinar. 6.5 PESSOAS FSICAS E JURDICAS QUE EXPLOREM A ATIVIDADE RURAL H, por fim, uma ltima exceo a pessoas que, inobstante exeram atividade econmica, atendendo a todos os requisitos do artigo 966 do Cdigo Civil, no so tidas como empresrias. So as pessoas fsicas e jurdicas que explorem atividade rural. Seno vejamos: Art. 971. O empresrio, cuja atividade rural constitua sua principal profisso, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus pargrafos, requerer inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficar equiparado, para todos os efeitos, ao empresrio sujeito a registro. E... Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio rural e seja constituda, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresria, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que,

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    depois de inscrita, ficar equiparada, para todos os efeitos, sociedade empresria. Assim, em regra, aquele que exerce atividade econmica rural no est sujeito ao regime jurdico empresarial, salvo se expressamente fizer opo, mediante registro na Junta Comercial (onde se registram os empresrios). Temos, de tudo o que vimos at aqui, o seguinte:

    Empresrio individual ou sociedade empresria

    Regra geral: Todo aquele que exerce atividade econmica organizada, de modo profissional, habitual, para a produo ou circulao de bens ou servios (CC, art. 966).

    Excees (pessoas que mesmo explorando atividade econmica no esto sob o manto empresarial)

    Profissionais liberais e sociedades liberais (CC, art. 966, pargrafo nico) Sociedade de advogados (Estatuto da OAB) Sociedade cooperativa (CC, art. 982, pargrafo nico) Aqueles que exercem atividades rurais (pessoas fsicas e jurdicas) - (CC, art. 971 e 984)

    7 REGISTRO Empresrio: Aquele que exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. Pergunto a vocs, caros alunos, falou-se aqui, em algum momento, no registro do empresrio como requisito para caracterizao como tal? A resposta deve ser um sonoro no! Contudo, o Cdigo Civil estabeleceu que:

    Art. 967. obrigatria a inscrio do empresrio no registro pblico de empresas mercantis da respectiva sede, antes do incio de sua atividade.

    O que podemos concluir disso? O registro obrigao legal a todos os empresrios imposta. No obstante, um empresrio que no o faa no deixar de s-lo por este motivo. Encontrar-se-, to-somente, em situao irregular. - O registro tem natureza declaratria. - O registro no tem natureza constitutiva. Algumas consequncias advm da no providncia do registro, como exemplo: 1) A vedao de requerer para si recuperao judicial ou extrajudicial;

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    2) A responsabilidade pessoal e ilimitada dos scios. Ademais, poder ser requerida a falncia do empresrio irregular. Decretando-a, incorrer o empresrio irregular em ilcito penal, previsto no artigo 178 da Lei de Falncia, cuja sano deteno, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato no constituir crime mais grave. Repita-se: a inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis no requisito previsto no artigo 966, mas obrigao imposta aos empresrios no artigo 967, um empresrio que no o faa no deixar de s-lo por este motivo.

    O empresrio individual e a sociedade empresria devem se registrar no Registro Pblico de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais. J os outros tipos societrios devem proceder ao registro no Registro Civil de Pessoas Jurdicas. De acordo com o Cdigo Civil:

    Art. 1.150. O empresrio e a sociedade empresria vinculam-se ao Registro Pblico de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurdicas, o qual dever obedecer s normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresria. Para o empresrio individual prega o Novo Cdigo que: Art. 968. A inscrio do empresrio far-se- mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domiclio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autgrafa que poder ser substituda pela assinatura autenticada com certificao digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do 1o do art. 4o da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; (Redao dada pela Lei Complementar n 147, de 2014) III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa. Ademais, essa inscrio seguir uma ordem. Se hoje registrado o empresrio de nmero 1.000, amanh ser o de n. 1.001. Alm disso, quaisquer alteraes que houver na configurao deste empresrio devem ser averbadas, isto , anotada, na Junta Comercial. Neste sentido so os pargrafos 1 e 2 do artigo 968.

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    1o Com as indicaes estabelecidas neste artigo, a inscrio ser tomada por termo no livro prprio do Registro Pblico de Empresas Mercantis, e obedecer a nmero de ordem contnuo para todos os empresrios inscritos. 2o margem da inscrio, e com as mesmas formalidades, sero averbadas quaisquer modificaes nela ocorrentes. Por fim, imagine-se que da venda do fusca 1972 deste humilde colega que vos dirige a fala surge uma viso incrvel de negcios e eu decida trazer uma concessionria Lamborghini para Vitria/ES. A venda de carros foi um sucesso, decido, ento, expandir o meu negcio e levarei uma concessionria tambm para So Paulo. Veja o teor do artigo 969 do Cdigo Civil: Art. 969. O empresrio que instituir sucursal, filial ou agncia, em lugar sujeito jurisdio de outro Registro Pblico de Empresas Mercantis, neste dever tambm inscrev-la, com a prova da inscrio originria. Pargrafo nico. Em qualquer caso, a constituio do estabelecimento secundrio dever ser averbada no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede. o seguinte. Se determinado empresrio/sociedade empresria tem sede no Esprito Santo, seu registro dever ser feito na Junta Comercial do Esprito Santo. Todavia, com planos de expanso, deseja instalar uma filial em So Paulo. Dever, assim, proceder ao registro de uma nova inscrio em So Paulo referente filial, provando nesta, em SP, a existncia da matriz no Esprito Santo. Outrossim, dever tambm averbar a constituio da filial em SP no registro do Esprito Santo. Esta questo caiu na prova para Auditor Fiscal da SEFAZ/ES, certame realizado pelo CESPE (item incorreto): (Auditor Fiscal da Receita Estadual do ES/Cespe) Considere que antes do incio de sua atividade, determinado empresrio procedeu inscrio no registro pblico de empresas mercantis da respectiva sede, situada no estado do Esprito Santo. Aps dois anos de atividade, e considerando o crescimento da empresa, decidiu abrir filial no estado de So Paulo. Nessa situao, o empresrio no precisa inscrever-se junto ao registro pblico da nova jurisdio, bastando, para a abertura de filial, a prova da inscrio originria. Ateno! Pessoal, em que pese o Cdigo Civil utilizar os termos sucursal, filial ou agncia, utilizamos esses termos quase como sinnimos, parar tratar de uma unidade que seja dependente da matriz.

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    Vamos dar mais um exemplo, utilizando-nos de uma questo subjetiva da prova do Exame da OAB (2 fase): (FGV/Exame/OAB/2010/2 fase) Diogo exerce o comrcio de equipamentos eletrnicos, por meio de estabelecimento instalado no Centro do Rio de Janeiro. Observe-se que Diogo no se registrou como empresrio perante a Junta Comercial. Com base nesse cenrio, responda: a) So vlidos os negcios jurdicos de compra e venda realizados por Diogo no curso de sua atividade? b) Quais os principais efeitos da ausncia de registro de Diogo como empresrio? Comentrios: A questo exige basicamente conhecimentos dos seguintes dispositivos do Cdigo Civil: Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. Diogo atende a todos os requisitos para que seja enquadrado como tal! Art. 967. obrigatria a inscrio do empresrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do incio de sua atividade. Vejam que Diogo no fez o respectivo registro. E agora? Bom, ainda ser considerado empresrio. A falta do registro competente no o desnatura como tal. O registro tem natureza declaratria. Mas, e a, professor? Diogo ser considerado irregular! E quais so as consequncias para tanto? - Primeiramente, os negcios jurdicos praticados por ele sero vlidos. No poder um empresrio irregular se beneficiar de sua prpria torpeza. - Segundo, alguns efeitos advm da falta de registro, tais como a impossibilidade de requerer a falncia de devedor seu, a impossibilidade de requerer para si, a recuperao judicial ou extrajudicial, a impossibilidade de participar de procedimentos licitatrios. 8 CAPACIDADE E IMPEDIMENTO Falaremos agora sobre a capacidade e impedimento para o exerccio da empresa...

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    Segundo o artigo 972 do Cdigo Civil, podem exercer a atividade de empresrio os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e no forem legalmente impedidos.

    Art. 972. Podem exercer a atividade de empresrio os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e no forem legalmente impedidos.

    Atente-se que no basta o pleno gozo da capacidade civil - que, em regra, se d aos 18 anos, quando a pessoa se torna capaz para todos os atos da vida civil - necessrio, tambm, que no seja o empresrio pessoa legalmente impedida, como so os magistrados, militares, servidores pblicos federais. Adendo j cobrado em prova! Inexiste, no ordenamento jurdico, proibio a que o analfabeto exera a atividade empresarial. Todavia, se o empresrio analfabeto, deve possuir procurador constitudo, com poderes especficos, por instrumento pblico. Frise-se: deve o empresrio atender cumulativamente os dois requisitos: no ser impedido e estar no pleno gozo da capacidade civil. A regra o pleno gozo da capacidade civil. Porm, existem casos em que o incapaz poder continuar e nunca dar incio a atividade empresarial, adquirindo status de empresrio. So as seguintes situaes: 1) Incapacidade superveniente. Determinada pessoa era capaz e, aps determinado acontecimento, torna-se incapaz para os atos da vida civil. 2) Falecimento ou ausncia dos pais. Ressalve-se que em ambos os casos exigida autorizao judicial. Alm disso, exige-se que o incapaz seja representado ou assistido, conforme seja absoluta ou relativa a incapacidade. Art. 974. Poder o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herana. 1o Nos casos deste artigo, preceder autorizao judicial, aps exame das circunstncias e dos riscos da empresa, bem como da convenincia em continu-la, podendo a autorizao ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuzo dos direitos adquiridos por terceiros. Estas regras citadas acima valem to-somente para o caso do exerccio do empresariado como empresrio individual. o empresrio individual, enquanto pessoa fsica, que deve ser capaz e no estar impedido. Situao distinta ocorre

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    quando esta pessoa pretende ser scia de sociedade empresria. Explicaremos a seguir.

    Artigo 974 - Vlida para o empresrio individual Regra Capacidade

    Exceo Incapacidade superveniente Falecimento ou ausncia dos pais ou autor da herana

    Condies

    Autorizao judicial Anlise de riscos Revogvel a qualquer tempo Devidamente representado ou assistido

    Mas, e se, porventura, aquele que abriu uma panificadora, como empresrio individual, sendo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, for pego, mesmo estando na situao de impedido. O que ocorre? A resposta est no artigo 973 do Cdigo Civil. Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade prpria de empresrio, se a exercer, responder pelas obrigaes contradas. Com efeito, aquele que exerce a atividade empresarial, estando impedido, dever responder pelas obrigaes que contrair. uma questo de isonomia para aqueles que exercem suas atividades de modo regular. Caso no houvesse responsabilidade, estar-se-ia premiando o cometimento de ilegalidades no exerccio do comrcio. Esse artigo 973 extremamente cobrado em provas! Decorem. Pois bem. Voltando ao assunto. Dissemos que o empresrio, alm de capaz, no pode ser impedido por lei de atuar como tal. Esta regra vlida para o empresrio individual. Dissemos que quando duas ou mais pessoas pretendem explorar atividade empresarial em conjunto formam uma pessoa jurdica, que ser autnoma, juridicamente falando ( ela quem ser sujeito dos direitos e obrigaes). As pessoas que formaram essa pessoa jurdica so apenas scios desta sociedade. Pois bem, mas poder um incapaz ser scio de uma sociedade empresarial?! Vejam que, neste caso, no ele (o incapaz) quem exercer os atos empresariais, mas, sim, a pessoa jurdica. A resposta para tanto tinha apenas sede doutrinria e jurisprudencial. Contudo, no ano de 2011, ganhou conotao legal e se encontra no Cdigo Civil, introduzido pela Lei 12.399/2011, cujo teor prescreve: Art. 974. 3o O Registro Pblico de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais dever registrar contratos ou alteraes contratuais de sociedade

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    que envolva scio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: (Includo pela Lei n 12.399, de 2011) I o scio incapaz no pode exercer a administrao da sociedade; (Includo pela Lei n 12.399, de 2011) II o capital social deve ser totalmente integralizado; (Includo pela Lei n 12.399, de 2011) III o scio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (Includo pela Lei n 12.399, de 2011) Portanto, um incapaz pode ser scio de sociedade empresria, desde que: - no seja administrador desta sociedade; - o capital social esteja totalmente integralizado; - haja assistncia ou representao, conforme a incapacidade seja, respectivamente, relativa ou absoluta. Ateno! importante salientar que esta hiptese prevista no artigo 974, pargrafo terceiro vale para a sociedade empresria, enquanto que o caput, pargrafo primeiro e segundo valem para o empresrio individual. No caso de sociedade, no h necessidade de autorizao judicial, inclusive, caso um scio venha se tornar incapaz. O registro pode at mesmo ser inicial, j com um scio incapaz. Para o empresrio individual esta regra no vlida, devendo a incapacidade ser superveniente. Vamos outra questo discursiva inteligente explorada pela FGV que vai elucidar este ponto. (FGV/Exame/OAB/2012) Pedro, 25 anos, Bruno, 17 anos, e Joo, 30 anos, celebraram o contrato social da sociedade XPTO Comrcio Eletrnico Ltda., integralizando 100% do capital social. Posteriormente, Joo interditado e declarado incapaz, mediante sentena judicial transitada em julgado. Os scios desejam realizar alterao contratual para aumentar o capital social da sociedade. A) Joo poder permanecer na sociedade? Em caso positivo, quais condies devem ser respeitadas? B) Quais critrios legais a Junta Comercial deve seguir para que o registro da alterao contratual seja aprovado? Comentrios: Joo, mesmo tornando-se incapaz, poder permanecer na sociedade. Conforme prega o artigo 974, pargrafo terceiro, do Cdigo Civil:

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    Art. 974. 3o O Registro Pblico de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais dever registrar contratos ou alteraes contratuais de sociedade que envolva scio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: (Includo pela Lei n 12.399, de 2011) I o scio incapaz no pode exercer a administrao da sociedade; (Includo pela Lei n 12.399, de 2011) II o capital social deve ser totalmente integralizado; (Includo pela Lei n 12.399, de 2011) III o scio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (Includo pela Lei n 12.399, de 2011) Ateno: no se aplicam nesta hiptese o artigo 974 caput, pargrafo primeiro e segundo, j que estes dizem respeito ao empresrio individual e, na questo, estamos frente a uma sociedade. Assim, a continuidade de Joo como scio est condicionada somente ao artigo 974, pargrafo terceiro. Vejam que este artigo dispensa a necessidade de autorizao judicial. Deve-se anotar, ainda, que caso a incapacidade seja relativa, o scio ser assistido. Caso a incapacidade seja absoluta, o scio ser representado. Esse tema foi cobrado no XX Exame da OAB, realizado recentemente pela FGV. Vamos ver? (FGV/Exame OAB XX/2016) Maria, empresria individual, teve sua interdio decretada pelo juiz a pedido de seu pai, Jos, em razo de causa permanente que a impede de exprimir sua vontade para os atos da vida civil. Sabendo-se que Jos, servidor pblico federal na ativa, foi nomeada curador de Maria, assinale a afirmativa correta. a) possvel a concesso de autorizao judicial para o prosseguimento da empresa de Maria; porm, diante do impedimento de Jos para exercer atividade de empresrio, este nomear, com a aprovao do juiz, um ou mais gerentes. b) A interdio de Maria por incapacidade traz como efeito imediato a extino da empresa, cabendo a Jos, na condio de pai e curador, promover a liquidao do estabelecimento. c) possvel a concesso de autorizao judicial para o prosseguimento da empresa de Maria antes exercida por ela enquanto capaz, devendo seu pai, Jos, como curador e representante, assumir o exerccio da empresa. d) Poder ser concedida autorizao judicial para o prosseguimento da empresa de Maria, porm ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que Maria j

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    possua ao tempo da interdio, tanto os afetados quanto os estranhos ao acervo daquela. Comentrios: a) possvel a concesso de autorizao judicial para o prosseguimento da empresa de Maria; porm, diante do impedimento de Jos para exercer atividade de empresrio, este nomear, com a aprovao do juiz, um ou mais gerentes. Este o nosso gabarito. Segundo o Cdigo Civil: Art. 972. Podem exercer a atividade de empresrio os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e no forem legalmente impedidos. Art. 974. Poder o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herana. Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposio de lei, no puder exercer atividade de empresrio, nomear, com a aprovao do juiz, um ou mais gerentes. b) A interdio de Maria por incapacidade traz como efeito imediato a extino da empresa, cabendo a Jos, na condio de pai e curador, promover a liquidao do estabelecimento. Item incorreto. J vimos que o artigo 974 do Cdigo Civil permite a continuao da empresa. c) possvel a concesso de autorizao judicial para o prosseguimento da empresa de Maria antes exercida por ela enquanto capaz, devendo seu pai, Jos, como curador e representante, assumir o exerccio da empresa. Jos, por ser servidor pblico federal na ativa, est impedido de continuar a empresa antes exercida por Maria. d) Poder ser concedida autorizao judicial para o prosseguimento da empresa de Maria, porm ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que Maria j possua ao tempo da interdio, tanto os afetados quanto os estranhos ao acervo daquela. Item incorreto. Art. 974. 2o No ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz j possua, ao tempo da sucesso ou da interdio, desde que

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    estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvar que conceder a autorizao. Gabarito A. 8.1 PONTO AVANADO MENOR EMANCIPADO J vimos que segundo o Cdigo Civil: Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. E tambm: Art. 972. Podem exercer a atividade de empresrio os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e no forem legalmente impedidos. Vamos para a questo da capacidade civil. Segundo o CC: Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada prtica de todos os atos da vida civil. Portanto, uma pessoa se torna capaz aos 18 anos. Contudo, em algumas hipteses, a incapacidade pode cessar para o menor. Art. 5. Pargrafo nico. Cessar, para os menores, a incapacidade: I - Pela concesso dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento pblico, independentemente de homologao judicial, ou por sentena do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - Pelo casamento; III - Pelo exerccio de emprego pblico efetivo; IV - Pela colao de grau em curso de ensino superior; V - Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existncia de relao de emprego, desde que, em funo deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia prpria. O menor emancipado est em pleno gozo da capacidade civil, podendo, assim, exercer a empresa tal como o maior de 18. Todavia, se o menor no for emancipado, no h possibilidade de dar incio atividade empresarial. Anotem! Vamos ver como isso cobrado na OAB?

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    2. (FGV/Exame/OAB/2011) Em relao incapacidade e proibio para o exerccio da empresa, assinale a alternativa correta. (a) Caso a pessoa proibida de exercer a atividade de empresrio praticar tal atividade, dever responder pelas obrigaes contradas, podendo at ser declarada falida. (b) Aquele que tenha impedimento legal para ser empresrio est impedido de ser scio ou acionista de uma sociedade empresria. (c) Entre as pessoas impedidas de exercer a empresa est o incapaz, que no poder exercer tal atividade. (d) Por se tratar de matria de ordem pblica e considerando que a continuao da empresa interessa a toda a sociedade, quer em razo da arrecadao de impostos, quer em razo da gerao de empregos, caso a pessoa proibida de exercer a atividade empresarial o faa, poder requerer a recuperao judicial. Comentrios Comentemos item a item... (a) Caso a pessoa proibida de exercer a atividade de empresrio praticar tal atividade, dever responder pelas obrigaes contradas, podendo at ser declarada falida. Este o nosso gabarito. Reproduz exatamente o excerto do artigo 973 do Cdigo Civil, a seguir: Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade prpria de empresrio, se a exercer, responder pelas obrigaes contradas. Ademais, sobre a parte final do item podendo at ser decretada falida, estamos falando sobre um tpico que ser visto adiante. A falncia ocorre com a quebra do empresrio, isto , quando no ter mais o negcio capacidade para arcar com as suas obrigaes. Um empresrio irregular, por qualquer que seja o motivo, poder ser decretado falido. Todavia, por no ser constitudo com todos os requisitos previstos legalmente, no poder requerer a falncia de empresrios outros que o devam. (b) Aquele que tenha impedimento legal para ser empresrio est impedido de ser scio ou acionista de uma sociedade empresria.

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    Este item est incorreto. Os impedimentos para o empresariado esto previstos nas mais diversas legislaes especiais (estatuto dos militares, Lei 8.112/1990, entre outros). Todavia, podemos dizer que a regra dessas legislaes que um servidor, um auditor fiscal, por exemplo, no poder ser empresrio individual, isto , no poder, por si s, abrir um negcio em que contrate pessoas, atenda ao pblico, venda mercadorias, estabelea obrigaes empresariais diversas. Entretanto, poder ser scio quotista de uma entidade. O scio quotista no exerce atividades de administrao na entidade, participando, geralmente, apenas dos resultados obtidos ou de atribuies previstas em lei (que no impliquem administrar). Portanto, gravem! Uma pessoa impedida no poder ser empresrio individual ou scio gerente (caso estejamos frente a uma sociedade). Contudo, em regra, as diversas legislaes especiais permitem que esta pessoa seja acionista ou scio de uma sociedade. (c) Entre as pessoas impedidas de exercer a empresa est o incapaz, que no poder exercer tal atividade. Este item est igualmente incorreto. Falamos no presente tpico sobre a capacidade e o impedimento. Ambos so coisas distintas. A capacidade, to estudada no direito civil, diz respeito possibilidade de exercer os direitos da vida civil enquanto pessoa. Por exemplo, uma pessoa menor de 16 anos incapaz de exercer o empresariado (no poder ser empresrio), pois no tem condies de gerir um negcio de maneira segura. O mesmo vale para uma pessoa com enfermidade ou doena mental. O impedimento diferente. A pessoa pode ser capaz para os atos da vida civil (um militar, por exemplo), mas est impedida de ser empresrio por conta de proibio legal. V-se, portanto, claramente a diferena entre os institutos. (d) Por se tratar de matria de ordem pblica e considerando que a continuao da empresa interessa a toda a sociedade, quer em razo da arrecadao de impostos, quer em razo da gerao de empregos, caso a pessoa proibida de exercer a atividade empresarial o faa, poder requerer a recuperao judicial. Pessoal, o cerne deste item est em saber o que a recuperao judicial? Esse assunto ser estudado mais frente. Por ora, gravem que um instituto pelo qual o empresrio, face a dificuldades econmico-financeiras, socorre-se ao Poder Judicirio para tentar reorganizar as sua vida, sem que isso explique o fim de sociedade. Como o prprio nome sugere, o empresrio (empresrio individual ou sociedade empresria) vai se recupera judicialmente. A falncia,

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    recuperao judicial e recuperao extrajudicial so institutos que esto previstos na Lei 11.101/2005. Veja o que diz a Lei 11.101 sobre os requisitos para se requerer a recuperao judicial: Art. 48. Poder requerer recuperao judicial o devedor que, no momento do pedido, exera regularmente suas atividades h mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I No ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentena transitada em julgado, as responsabilidades da decorrentes; II No ter, h menos de 5 (cinco) anos, obtido concesso de recuperao judicial; III - No ter, h menos de 5 (cinco) anos, obtido concesso de recuperao judicial com base no plano especial de que trata a Seo V deste Captulo; (Redao dada pela Lei Complementar n 147, de 2014) IV No ter sido condenado ou no ter, como administrador ou scio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. Portanto, nota-se claramente que o devedor deve ser regular h mais de 2 anos para que possa requerer a recuperao judicial. Gabarito A. 3. (FGV/Exame/OAB/2014) Olmpio Noronha servidor pblico militar ativo e, concomitantemente, exerce pessoalmente atividade econmica organizada sem ter sua firma inscrita na Junta Comercial. Em relao s obrigaes assumidas por Olmpio Noronha, assinale a alternativa correta. A) So vlidas tanto as obrigaes assumidas no exerccio da empresa quanto estranhas a essa atividade e por elas Olmpio Noronha responder ilimitadamente. B) So nulas todas as obrigaes assumidas, porque Olmpio Noronha no pode ser empresrio concomitantemente com o servio pblico militar. C) So vlidas apenas as obrigaes estranhas ao exerccio da empresa, pelas quais Olmpio Noronha responder ilimitadamente; as demais so nulas. D) So vlidas apenas as obrigaes relacionadas ao exerccio da empresa e por elas Olmpio Noronha responder limitadamente; as demais so anulveis. Comentrios Nunca demais repetir os artigos da lei que caem no concurso. Vocs j devem conhecer o artigo 972, segundo o qual:

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    Art. 972. Podem exercer a atividade de empresrio os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e no forem legalmente impedidos. Ora, no cuidou o texto supra de proibir este ou aquele, no exerccio do empresariado. Pelo contrrio, as proibies esto difundidas em leis esparsas. Nesta hiptese, Olmpio legalmente impedido. O militar est proibido de se enquadrar como empresrio. Segundo a Lei 6.880/80 (Estatuto do Militar): Art. 29. Ao militar da ativa vedado comerciar ou tomar parte na administrao ou gerncia de sociedade ou dela ser scio ou participar, exceto como acionista ou quotista, em sociedade annima ou por quotas de responsabilidade limitada. Todavia, tendo exercido o empresariado, no poderia se beneficiar de sua prpria torpeza, devendo responder pelas obrigaes que contraiu enquanto praticava o comrcio. Gabarito A. 9 EMPRESRIO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA O empresrio individual de responsabilidade limitada - EIRELI, institudo com a Lei 12.441/2011, que modificou o Cdigo Civil. E o que vem a ser o EIRELI?! A definio do que o empresrio individual de responsabilidade limitada consta do artigo 980-A do Cdigo Civil. Definio: A empresa individual de responsabilidade limitada ser constituda por uma nica pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que no ser inferior a 100 (cem) vezes o maior salrio-mnimo vigente no Pas. Portanto, trata-se de uma nica pessoa cujo capital social no ser inferior a 100 vezes o salrio mnimo vigente no pas. Esse capital deve estar devidamente integralizado. O empresrio individual de responsabilidade limitada no responder com a totalidade de seu patrimnio pessoal pelas obrigaes sociais, mas apenas com aquilo que afetar s atividades empresariais. Outro aspecto importante que a Lei 12.441 conferiu personalidade jurdica ao EIRELI. O empresrio individual cuja responsabilidade no limitada no possui personalidade jurdica. Grave-se!

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    Empresrio individual simples no possui personalidade jurdica, responsabilidade ilimitada. Empresrio individual de responsabilidade limitada possui personalidade jurdica, responsabilidade limitada. Cada pessoa somente poder figurar em uma nica empresa da modalidade EIRELI. O nome empresarial poder ser firma ou denominao social, acrescido da expresso EIRELI. Ademais, caso tenhamos, por exemplo, Joo e Maria como scios de uma sociedade limitada, e Maria venha a falecer, Joo poder optar por transformar essa sociedade em uma empresa individual de responsabilidade limitada. Ainda, segundo o CJF (enunciados da Jornada de Direito Comercial 2012): 3. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada EIRELI no sociedade unipessoal, mas um novo ente, distinto da pessoa do empresrio e da sociedade empresria. V-se, pois, que o EIRELI no sociedade unipessoal. Trata-se, apenas, de um novo ente, que no se confunde com o empresrio, eis que no responde com o patrimnio pessoal, nem com a sociedade, eis que formada por apenas uma pessoa. Segundo o Cdigo Civil: Art. 44. So pessoas jurdicas de direito privado: VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Includo pela Lei n 12.441, de 2011) (Vigncia) Portanto, ateno! O EIRELI uma nova espcie de empresrio, a saber, uma pessoa que, sozinha, resolve explorar determinada atividade, a quem o Cdigo Civil atribui personalidade jurdica. Difere: - Da sociedade empresria: em que os scios formam um ente para explorar o objeto social, sendo a responsabilidade diferente para cada tipo societrio previsto no Cdigo Civil (se for sociedade limitada, annima, comandita simples, etc). - Do empresrio individual: em que a pessoa natural explora determinada atividade, respondendo ilimitadamente pelas obrigaes que contrair (patrimnio pessoal). Nesse sentido vai o Enunciado n 469 do Conselho de Justia Federal, que diz:

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    469 Arts. 44 e 980-A: A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) no sociedade, mas novo ente jurdico personificado. Por fim, h basicamente trs institutos que podem confundir o concurseiro na hora de resolver questes, a saber, o microempreendedor individual, o empresrio individual de responsabilidade limitada e o empresrio individual propriamente dito. - Microempreendedor individual - MEI: Previsto no LC 123. Empresrio individual. S pode ter 1 funcionrio. Paga uma quantia fixa de tributos. Est no Simples. Receita de at 60.000,00. - Empresrio individual: No h restrio de valor, mas, se quiser ser microempresa ou empresa de pequeno porte, dever estar nos limites previstos na Lei Complementar 123/2006, de R$ 360.000,00 e R$ 3.600.000,00, respectivamente. Responde com seus bens de maneira ilimitada. - Empresrio individual de responsabilidade limitada - EIRELI: empresrio individual, mas deve ter capital social mnimo integralizado de 100 salrios mnimos. Isso, em 2015, d R$ 78.800. Veja que um limite maior do que o MEI suporta. Responsabilidade limitada. As principais caractersticas do EIRELI so:

    Pessoal, vamos exemplificar a figura do EIRELI. Em 2013, Maria, cozinheira, tem como fonte de renda a produo e venda de refeies para os moradores de seu bairro. Para a produo das refeies, Maria precisa comprar grande quantidade de alimentos e, por vezes, para tanto, necessita contrair emprstimos. Com o dinheiro que economizou ao longo de anos de trabalho, Maria montou uma cozinha industrial em um galpo que comprou em seu nome, avaliada em R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). Maria tambm acabou de adquirir sua casa prpria e est preocupada em separar a sua atividade empresarial, exercida no galpo, de seu patrimnio pessoal.

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    Nesse sentido, com base na legislao pertinente, responda, de forma fundamentada, aos itens a seguir. A) Qual seria o instituto jurdico mais adequado a ser constitudo por Maria para o exerccio de sua atividade empresarial de modo a garantir a separao patrimonial sem, no entanto, associar-se a ningum? B) Como Maria poderia realizar a referida diviso? Comentrios: Vamos l! Obviamente, a melhor maneira para que Maria possa exercer a sua atividade, sem arriscar os seus bens pessoais e responder de maneira ilimitada, o Empresrio Individual de Responsabilidade Limitada EIRELI. Se ela quer garantir a separao do patrimnio pessoal do empresarial, essa ser a melhor forma. Repetimos. No EIRELI os bens afetados atividade empresarial so distintos do patrimnio pessoal. O artigo 980-A do Cdigo Civil exige que o valor seja no mnimo 100 vezes superior ao salrio mnimo vigente, exigncia esta atendida poca de 2013 (salrio mnimo R$ 678,00). Este valor deve estar devidamente integralizado. Ademais, como Maria est preocupada em separar sua casa prpria da atividade empresarial que ser exercida no galpo onde montou sua cozinha industrial, ela poderia realizar a integralizao do capital da EIRELI com a cozinha indutrial, avaliada R$ 80.000, 00 (oitenta mil reais), portanto em valor superior a 100 (cem) vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas. Desta forma, a cozinha industrial passaria a compor o patrimnio da pessoa jurdica e serviria sua atividade empresria, resguardando a casa no patrimnio pessoal da instituidora.

    4. (FGV/Exame/OAB/2012) Jos decidiu constituir uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) para atuar no municpio X e consultou um advogado para obter esclarecimentos sobre a administrao da EIRELI. Assinale a alternativa que apresenta a informao correta dada pelo advogado. A) A designao de administrador no scio depende do voto favorvel de 2/3 (dois teros) do capital social, se este no estiver integralizado. B) A administrao atribuda pelo contrato a qualquer dos scios da EIRELI no se estende de pleno direito aos que posteriormente adquirirem essa qualidade.

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    C) O administrador da EIRELI, seja o prprio instituidor ou terceiro, responde por culpa no desempenho de suas atribuies perante terceiros prejudicados. D) O titular da EIRELI poder usar a firma ou denominao, sendo vedado seu uso pelo terceiro, ainda que seja designado administrador. Comentrios Comentemos item a item... A) A designao de administrador no scio depende do voto favorvel de 2/3 (dois teros) do capital social, se este no estiver integralizado. B) A administrao atribuda pelo contrato a qualquer dos scios da EIRELI no se estende de pleno direito aos que posteriormente adquirirem essa qualidade. Essas duas alternativas devem ser descartadas de plano, meus amigos. Mas por qu? Ora, no direito empresarial, o empresrio pode ser tanto empresrio individual (quando sozinho decide montar um negcio, assumindo os riscos) como sociedade empresria (quando dois ou mais scios se renem para explorar determinado empreendimento, criando um ente para tanto no caso, a prpria sociedade). O empresrio individual de responsabilidade limitada EIRELI uma espcie de empresrio individual. E as regras previstas nos itens A e B da questo em comento so aplicveis s sociedades empresrias. Ora, incabvel se falar, pois, na sua aplicao para os EIRELIs. Ok? Fcil a compreenso? C) O administrador da EIRELI, seja o prprio instituidor ou terceiro, responde por culpa no desempenho de suas atribuies perante terceiros prejudicados. O artigo 980-A, pargrafo sexto, prega que: 6 Aplicam-se empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas. Tudo bem? Portanto, havendo omisso no que atine aos EIRELIs, buscamos as respostas no captulo das sociedades limitadas, o que faz sentido, j que vige para o EIRELI a limitao da responsabilidade pelas dvidas sociais. Agora, na parte tocante s sociedades limitadas, no h essa previso de responsabilidade por culpa no desempenho das atribuies. Esse item encontra-se na parte que diz respeito s sociedades simples (isso tudo ser estudado mais adiante), com a seguinte redao: Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funes.

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    Agora, uma pergunta interessante. Seria isso aplicvel s sociedades limitadas e, consequentemente, ao EIRELI? Sim! Por qu? Pois, no Cdigo Civil, temos a seguinte lio: Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omisses deste Captulo, pelas normas da sociedade simples. Com efeito, podemos concluir que o administrador da EIRELI, seja o prprio instituidor ou terceiro, responde por culpa no desempenho de suas atribuies perante terceiros prejudicados. Lembrando que o empresrio individual pode ter empregados, gerente, administrador, contador. D) O titular da EIRELI poder usar a firma ou denominao, sendo vedado seu uso pelo terceiro, ainda que seja designado administrador. O item est incorreto. A resposta para este item sai por utilizao das regras das limitadas. O artigo 1.064 do Cdigo Civil prega que: Art. 1.064. O uso da firma ou denominao social privativo dos administradores que tenham os necessrios poderes. Isso quer dizer que um administrador poder se utilizar do nome do empresrio para contrair direitos e obrigaes em nome deste, desde que tenha os necessrios poderes. Gabarito C. 5. (FGV/Exame/OAB/2014) Almino Jos consultou seu advogado com o intuito de constituir uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada EIRELI. Com base na legislao aplicvel EIRELI, assinale a opo que apresenta a resposta correta dada pelo advogado. A) O administrador da EIRELI dever ser nomeado no ato constitutivo e ser apenas o scio, seu cnjuge ou parente at o 3 grau dessas pessoas. B) O ato constitutivo da EIRELI dever ser arquivado no Registro Civil de Pessoas Jurdicas, independentemente do objeto. C) As deliberaes infringentes da lei que Almino Jos vier a tomar acarretaro sua responsabilidade ilimitada pelas obrigaes da pessoa jurdica. D) Caso a receita bruta anual da EIRELI seja inferior a R$ 100.000,00 (cem mil reais), ser possvel enquadrar microempreendedor individual (MEI).

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    Comentrios A) O administrador da EIRELI dever ser nomeado no ato constitutivo e ser apenas o scio, seu cnjuge ou parente at o 3 grau dessas pessoas. Item que deve ser respondido prontamente partindo do fato de que na figura do Empresrio Individual de Responsabilidade Limitada EIRELI no existem scios. um nico empresrio individual (isso mesmo, como o nome sugere). Portanto, assim como na questo anterior, o gabarito est incorreto. B) O ato constitutivo da EIRELI dever ser arquivado no Registro Civil de Pessoas Jurdicas, independentemente do objeto. O item est incorreto. Veremos na aula seguinte que o registro feito do seguinte modo: - Caso estamos frente a uma das hipteses de empresrio previstas no Cdigo Civil: Registro na Junta Comercial. - Casos no estejamos, ou seja, caso o objeto seja no empresarial: Registro no Registro Civil de Pessoas Jurdicas. Por enquanto, gravem desta maneira. C) As deliberaes infringentes da lei que Almino Jos vier a tomar acarretaro sua responsabilidade ilimitada pelas obrigaes da pessoa jurdica. Segundo o Cdigo Civil: Art. 1.080. As deliberaes infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram. Portanto, se as deliberaes forem infringentes, responder Almino Jos de maneira ilimitada. D) Caso a receita bruta anual da EIRELI seja inferior a R$ 100.000,00 (cem mil reais), ser possvel enquadrar microempreendedor individual (MEI). O item est incorreto. O microempreendedor individua (MEI) ser estudado adiante, mas serve para empresrios com receita bruta inferior a R$ 60.000,00 por ano. Item, pois, incorreto. Gabarito C.

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    10 SOCIEDADE DE SCIOS CASADOS, ENTRE SI OU COM TERCEIROS Vimos que o empresrio previsto no artigo 966 do Cdigo Civil pode ser tanto empresrio individual (pessoa fsica que, por sua conta e risco, assume as atividades sozinho) ou sociedade empresria (quando dois ou mais scios o fazem por meio da criao de uma pessoa jurdica). Pois bem. Pode acontecer, e comum, que duas pessoas casadas resolvam instituir sociedade juntos. Porm, antes da constituio, h uma regra no Cdigo Civil a ser observada. Vamos direto ao dispositivo legal: Art. 977. Faculta-se aos cnjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que no tenham casado no regime da comunho universal de bens, ou no da separao obrigatria. No basta, porm, a simples exposio do dispositivo. Vamos interpret-lo. O artigo em comento se refere possibilidade de os cnjuges formarem sociedade. Portanto, em primeiro lugar, no se trata da possibilidade de virem os cnjuges a serem empresrios individuais, mas, sim, de formarem sociedade, entre si ou com terceiros. Portanto, se eu, Gabriel, sou casado com Joana, sob o regime de comunho universal, poderei tranquilamente explorar abrir uma lanchonete e explorar o empreendimento sozinho, sem ter Joana como scio. Todavia, se quisermos eu e Joana iniciarmos o negcio juntos, como scios, incidiremos na vedao do artigo 977. Outra hiptese, plenamente possvel, que eu, Gabriel, e Joo (terceiro) celebremos uma sociedade. No poderemos, porm, eu, Joo e Joana participarmos, pois incidiremos nas proibies do art. 977.

    Cnjuges (Comunho universal