curso para jornalistas: questões fiscais -...
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Curso para Jornalistas: Questões FiscaisVilma da Conceição Pinto*
17 de Março de 2017
* Vilma da Conceição Pinto é Economista, Pesquisadora da FGV/IBRE. Especialista em Política Fiscal.
Sumário
Orçamento Público e objetivos da Política Fiscal
Principais indicadores fiscais no Brasil
Indicadores Alternativos para entender o dilema fiscal
Questões fiscais relevantes: o atual debate
Teto para os gastos primários (EC 95/16)
Crise dos Governos Regionais
O que é o Orçamento Público?
Fonte: SOF/MP.
É um instrumento de planejamento governamental em que
constam as despesas da administração pública para um ano,
em equilíbrio com a arrecadação das receitas previstas. É o
documento onde o governo reúne todas as receitas
arrecadadas e programa o que de fato vai ser feito com esses
recursos.
Etapas do Processo orçamentário
Fonte: SOF/MP.
PPA: Plano Plurianual
LDO: Lei de Diretrizes Orçamentárias
LOA: Lei Orçamentária Anual
DPOF: Decreto de Programação Orçamentária e Financeira
Etapas do Processo orçamentário
Fonte: SOF/MP.
PPA: estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e
metas da administração pública federal para as despesas de capital e
outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada.
LDO: compreende metas e prioridades, orienta a elaboração da LOA,
dispõe sobre as alterações na legislação tributária, e estabelece a
política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
LOA: compreende o orçamento fiscal, da seguridade social e de
investimento.
Conceitos Fiscais: O Que é Política Fiscal?
Política Fiscal é a gestão das receitas e das despesas do
governo com o intuito de se atingir um determinado objetivo
de política econômica. Normalmente esse objetivo consiste
em minorar oscilações da atividade econômica, manter a
estabilidade dos preços e criar condições sustentáveis de
endividamento público.
Fonte: ENAP.
Conceitos Fiscais: Objetivos da Política Fiscal.
“O objetivo primordial da política fiscal do governo é promover a gestão equilibrada
dos recursos públicos de forma a assegurar a manutenção da estabilidade
econômica, o crescimento sustentado, a distribuição da renda e prover
adequadamente o acesso aos serviços públicos.
Para isso, atuando em linha com as políticas monetária, creditícia e cambial, o
governo procura criar as condições futuras necessárias para a queda gradual do
endividamento público líquido e bruto em relação ao PIB, a redução da estrutura a
termo da taxa de juros, a melhora do perfil da dívida pública e o fortalecimento dos
programas sociais”
Fonte: Anexo V.1 do PLDO 2017
Como está Organizado o Setor Público
Setor Público Consolidado
Governo Geral
Governo Federal
Tesouro Nacional
INSS
Governo Estaduais
Governos Municipais
Atividades Empresariais
Empresas Não Financeiras*
Empresas Financeiras
Banco Central
(Monetária)
Empresas não Monetárias
Fonte: BCB.
Principais indicadores e Conceitos
Fonte: Felipe Salto.
Principais indicadores e Conceitos
Fonte: BCB.
Resultado pelo critério “abaixo da linha”: Por esse critério, o resultado fiscal do setor
público é medido pela variação do estoque do endividamento líquido do setor público não-
financeiro, ou seja, pelo financiamento concedido pelo sistema financeiro e pelos setores
privado e externo ao setor público não-financeiro.
Resultado pelo critério “acima da linha”: Esse critério permite conhecer os fatores que
levaram ao resultado. Isso é realizado por meio da análise das receitas e despesas do
setor público.
Em princípio, os dois critérios são equivalentes, e deveriam chegar aos mesmos números.
Entretanto, podem ocorrer discrepâncias estatísticas em decorrência de questões
específicas relacionadas à abrangência e/ou período da compilação.
Principais indicadores e Conceitos
Fonte: Boletim Macro IBRE nov/11.
Restos a Pagar: Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas não
pagas até 31 de dezembro, estando a sua execução condicionada aos limites fixados à
conta das fontes de recursos correspondentes, com base na legislação vigente.
Principais indicadores e Conceitos
Fonte: BCB.
-6,00
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
nov/
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Necessidade de Financiamento do Setor Público ConsolidadoAcumulado em 12 meses em % do PIB
Nominal Juros Primário
Principais indicadores e Conceitos
Fonte: BCB.
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
nov/
02
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Deficit NominalAcumulado em 12 meses em % do PIB
Nominal
Principais indicadores e Conceitos
Fonte: BCB.
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
55,0
60,0
65,0
70,0
75,0
dez/
06
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16
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Dívida Líquida e BrutaEm % do PIB
DLSP DLGG DBGG
Principais indicadores e Conceitos
Fonte: LOA.
15,0
16,0
17,0
18,0
19,0
20,0
21,0
nov/
02
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16
Receitas e Despesas Primárias do Governo CentralAcumulado em 12 meses em % do PIB
Receita Líquida Despesa Total
Indicadores Alternativos
Fonte: STN | RFB | BCB. Elaboração FGV/IBRE
01-1716,0%
01-1719,4%
14,0%
15,0%
16,0%
17,0%
18,0%
19,0%
20,0%
12-9
8
06-9
9
12-9
9
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0
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0
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1
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1
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2
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2
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3
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3
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4
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4
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5
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5
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6
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7
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7
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8
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8
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9
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0
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0
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1
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1
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2
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2
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3
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3
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5
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5
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6
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6
Evolução das Receitas e Despesas RecorrentesValores acumulado em 12 meses em % do PIB
Receitas Líquidas Recorrentes Despesas Primárias Recorrentes
Indicadores Alternativos
Fonte: STN | RFB | BCB. Elaboração FGV/IBRE
01-174,1%
01-1710,2%
01-175,1%
3,0%
4,0%
5,0%
6,0%
7,0%
8,0%
9,0%
10,0%
11,0%
12-9
8
06-9
9
12-9
9
06-0
0
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0
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1
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1
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2
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2
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3
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3
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4
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4
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5
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5
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6
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6
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7
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7
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8
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8
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9
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9
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0
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0
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1
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1
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2
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2
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3
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3
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4
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4
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5
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5
06-1
6
12-1
6
Composição das Despesas RecorrentesValores acumulado em 12 meses em % do PIB
Gastos com Pessoal Transferências de Renda Demais Despesas
Indicadores Alternativos
Fonte: STN | RFB | BCB. Elaboração FGV/IBRE
01-17-8,7%
-15,0%
-10,0%
-5,0%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
12-9
8
07-9
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02-0
0
09-0
0
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3
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5
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0
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0
03-1
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2
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2
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4
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5
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5
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6
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7
Receitas Líquidas RecorrentesTaxa de Crescimento Real – Médias Móveis de 12 meses
Indicadores Alternativos
Fonte: STN | RFB | BCB. Elaboração FGV/IBRE
-0,5%
3,2% 3,2%
3,7% 3,7%
3,2% 3,2% 3,3%
1,9%
2,6%2,9%
2,2%
1,7%
-0,6%
-1,9%
-2,5%-2,7%
-2,2%
-5,0%
-4,0%
-3,0%
-2,0%
-1,0%
0,0%
1,0%
2,0%
3,0%
4,0%
5,0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017E 2018E
Resultado Primário do Setor Publico ConsolidadoValores em % do PIB
Primário Recorrente Gov. Central Necessidade de Contingenciamento Não Recorrente
Primário das Empresas Estatais Governos Regionais Primário do Setor Público Consolidado
Indicadores Alternativos
Fonte: STN | RFB | BCB. Elaboração FGV/IBRE
Resultado Fiscal Estrutural
em % do PIB
Indicadores Alternativos
Fonte: STN | RFB | BCB. Elaboração FGV/IBRE
Impulso Fiscal
Diferenças em pontos do PIB
Novo Regime Fiscal – EC 95/16
O que é o Novo Regime Fiscal?
Despesa primária total não poderá ter crescimento real a partir de 2017; a PEC limitará, pela primeira
vez, o crescimento do gasto público e contribuirá para o necessário ajuste estrutural das contas
públicas;
Os gastos totais da União, incluídos os Poderes Legislativo (inclusive o TCU) e Judiciário, além de
Ministério Público da União e Defensoria Pública da União, serão reajustados com base na inflação
oficial (IPCA) do ano anterior;
A despesa primária total inclui os pagamentos de restos a pagar referentes a despesas primárias;
Qual sua vigência
20 anos com possibilidade de revisão da regra de fixação do limite a partir do 10º ano de vigência;
No primeiro ano de vigência (2017), o limite dos gastos totais equivalerá à despesa paga do ano anterior
corrigida por 7,2%;
Novo Regime Fiscal – EC 95/16
Fonte: STN.
A Emenda Constitucional nº 95 (EC 95), de 15 de dezembro de 2016,
estabeleceu o Novo Regime Fiscal - NRF no âmbito dos Orçamentos Fiscal
e da Seguridade Social da União, o qual vigorará por vinte exercícios
financeiros. O NRF fixa limites individualizados para o Poder Executivo,
para os órgãos dos Demais Poderes, Ministério Público da União – MPU e
Defensoria Pública da União –DPU, para as despesas primárias dos
órgãos integrantes daqueles orçamentos e estabelece, nos termos do § 1º
do art. 107, o método para sua apuração.
Novo Regime Fiscal – EC 95/16
Fonte: STN.
A Emenda Constitucional nº 95 (EC 95), de 15 de dezembro de 2016,
estabeleceu o Novo Regime Fiscal - NRF no âmbito dos Orçamentos Fiscal
e da Seguridade Social da União, o qual vigorará por vinte exercícios
financeiros. O NRF fixa limites individualizados para o Poder Executivo,
para os órgãos dos Demais Poderes, Ministério Público da União – MPU e
Defensoria Pública da União –DPU, para as despesas primárias dos
órgãos integrantes daqueles orçamentos e estabelece, nos termos do § 1º
do art. 107, o método para sua apuração.
Novo Regime Fiscal – EC 95/16
Fonte: STN.
Crise dos Governos Estaduais
Fonte: JRA.
Receitas: concentradas regional e setorialmente, carga e renúncia
muito diferenciada por UF
Despesas de Pessoal: gastos com inativos explicam muito da crise;
(surpreendente) ranking de gastos com pessoal ativo e só do Executivo
Endividamento Público: evolução no longo prazo da dívida estadual
positiva, com inflexão na virada da década e (surpreendente)
desempenho comparado com a União
Crise dos Governos EstaduaisICMS Estadual – variação real recente
Crise dos Governos EstaduaisICMS Estadual – variação real recente
Crise dos Governos EstaduaisDívida Estadual - limite LRF/Senado: 2016
Crise dos Governos EstaduaisEndividamento Estadual x Garantia Federal – 2006/2015
Crise dos Governos Estaduais Crise estrutural dos estados na federação brasileira
o receitas: ICMS obsoleto e guerra fiscal, FPE base esvaziada, FUNDEB, guerra do
óleo, convênios e crédito decrescentes
o despesas: previdência própria explosiva, política de pessoal sem limite
Cenário conjuntural mais adverso possível: pior recessão
Traços agravantes específicos do RJ
o royalties e participações em petróleo: dependência excessiva e imprudente
o intensas receitas extraordinárias (antecipação, crédito, depósito judicial, olímpiadas)
o previdência própria: 45% da folha e mais de 50% dos servidores
o outros poderes: tamanho superior a dos estados vizinhos
Pacote de austeridade (abandonado) e ajuda federal via empréstimos (inclusive para
antecipação de privatização)
Fonte: JRA.