curso impresso licitação e contratos administrativos

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5/26/2018 CursoImpressoLicitaoeContratosAdministrativos-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/curso-impresso-licitacao-e-contratos-administrativos 1/228  Guia do estudante- Calendário CALENDÁRIO DO CURSO DE LICITAÇAO E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS DATA EVENTO 15/03/2011 Ambientação na plataforma e apresentação pessoal no fórum.  21/03/2011 Abertura 1º FÓRUM DE DISCUSSÃO 04/04/2011 Prazo final para envio das avaliações das unidades I II e III Módulo I 25/04/2011 Prazo final para envio das avaliações das unidades IV e V do Módulo I 29/04/2011 Encerramento do 1º FÓRUM DE DISCUSSÃO 02/05/2011 Prazo final para envio da avaliação final do Módulo I 09/05/2011 Abertura 2º FÓRUM DE DISCUSSÃO 23/05/2001 Prazo final para envio das avaliações das unidades I II e III do Módulo II 06/06/2011 Prazo final para envio das avaliações das unidades IV e V do Módulo II Page 1 sur 228 Trilhas - ILB - Educação a distância 15/03/2011 http://www17.senado.gov.br/composer/print/view/all/true

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  • Guia do estudante- Calendrio

    CALENDRIO DO CURSO DE LICITAAO E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

    DATA EVENTO

    15/03/2011 Ambientao na plataforma e apresentao pessoal no frum.

    21/03/2011 Abertura 1 FRUM DE DISCUSSO

    04/04/2011 Prazo final para envio das avaliaes das unidades I II e III Mdulo I

    25/04/2011 Prazo final para envio das avaliaes das unidades IV e V do Mdulo I

    29/04/2011 Encerramento do 1 FRUM DE DISCUSSO

    02/05/2011 Prazo final para envio da avaliao final do Mdulo I

    09/05/2011 Abertura 2 FRUM DE DISCUSSO

    23/05/2001 Prazo final para envio das avaliaes das unidades I II e III do Mdulo II

    06/06/2011 Prazo final para envio das avaliaes das unidades IV e V do Mdulo II

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  • Processo avaliativo Em nosso curso, utilizaremos os seguintes critrios avaliativos:

    10/06/2011 Encerramento do 2 FRUM DE DISCUSSO

    20/06/2011 Prazo final para envio da avaliao final do Mdulo II

    28/06/2011 Prazo Final para entrega das notas

    30/06/2011 Encerramento do curso

    Mdulo I Mdulo II

    AVALIAES Pontos AVALIAES Pontos

    1 Avaliao:

    Dissertativa

    (Unidade I)

    4,5

    1 Avaliao:

    Dissertativa

    (Unidade I)

    7,5

    2 Avaliao:

    Dissertativa

    (Unidade II)

    4,5

    2 Avaliao:

    Dissertativa

    (Unidade II)

    3,0

    3 Avaliao:

    Dissertativa

    (Unidade III)

    6,0

    3 Avaliao:

    Dissertativa

    (Unidade III)

    4,5

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  • A participao nos fruns obrigatria, e a pontuao correspondente integra a nota, juntamente com as avaliaes. Assim:

    - a nota mxima possvel 100 pontos.

    - a nota mnima para aprovao 70 pontos.

    Observao: O no cumprimento dessas atividades, nos prazos determinados pelo tutor, implicar o cancelamento de sua matrcula e consequente impedimento por 6 meses de nova pr-matrcula nos cursos do ILB.

    Certificao eletrnica

    4 Avaliao:

    Dissertativa

    (Unidade IV)

    4,5

    4 Avaliao:

    Dissertativa

    (Unidade IV)

    4,5

    5 Avaliao:

    Dissertativa

    (Unidade V)

    4,5

    5 Avaliao:

    Dissertativa

    (Unidade V)

    4,5

    6 Avaliao :

    Dissertativa

    (Avaliao do Mdulo I)

    25,0

    6 Avaliao :

    Dissertativa

    (Avaliao do Mdulo I)

    25,0

    1 Frum de Discusso

    1,0 2 Frum de Discusso

    1,0

    Totais parciais de cada mdulo:

    50 50

    TOTAL GERAL 100 pontos

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  • Conseguindo desempenho suficiente nas atividades programadas, voc estar apto CERTIFICAO, a ser expedida pelo prprio aluno, por meio do cone Emitir certificado, que surgir aps a concluso do curso. O ILB no fornece autenticao digital ou quaisquer outras comprovaes alm do certificado e da declarao emitidos eletronicamente e impressos pelo prprio aluno.

    Unidade 1 - Conceitos bsicos

    Apresentao

    Nesta unidade, teremos nosso primeiro contato com a licitao, definida como um processo administrativo, ou seja, sequncia de atos tendentes a um ato final conclusivo. Veremos, igualmente, quem estar submetido ao dever de licitar equem estar obrigado a adotar esse procedimento como requisito necessrio celebrao de qualquer contrato administrativo. Portanto, estudaremos a licitao como o antecedente necessrio ao contrato.

    Veremos tambm, nesta primeira unidade e pela primeira vez, a Lei n 8.666/93, que estabelece as normas gerais sobre as licitaes e os contratos administrativos.

    Estudaremos, ainda, os princpios da licitao. O perfeito conhecimento desses princpios, por parte do administrador e dos licitantes, de fundamental importncia para a correta realizao de uma licitao. Quem lida com a administrao, seja agente pblico ou particular, sabe que sempre surgem situaes para as quais a lei no apresenta soluo clara. Nesses casos, no havendo norma jurdica que resolva ou elucide o problema ou a pretenso do licitante, o administrador fica obrigado a apresentar uma soluo. A melhor alternativa passa pela correta utilizao dos princpios da licitao.

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  • Objetivos da unidade

    O aluno ter a viso geral de o que a licitao e qual o seu mbito de aplicao, bem como ir aprender os principais conceitos relacionados ao assunto. Com isso, estar apto a trabalhar com as particularidades e detalhes da licitao, a serem examinados nas demais unidades deste mdulo.

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    1. Noes Gerais

    A atuao da administrao pblica diferente da atuao dos particulares? Em que aspectos? O primeiro aspecto que deve ser enfatizado diz respeito forma de agir da administrao pblica, que totalmente distinta da atuao dos particulares. O regime jurdico aplicado aos particulares totalmente distinto do regime jurdico da administrao pblica. Os particulares esto livres para praticar qualquer ato ou desenvolver qualquer atividade, desde que a lei no proba. Essa regra consta expressamente na Constituio Federal, em seu art. 5, inciso II: ningum ser obrigado a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei. A administrao pblica, ao contrrio, tem toda a sua atuao vinculada no apenas ao princpio da legalidade, mas a todos os demais princpios indicados na Constituio Federal, art. 37, caput, in verbis:

    Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia (...).

    A licitao atividade-fim? Para que serve a licitao, qual seu objetivo?

    A licitao uma atividade-meio. Esse procedimento feito tendo em vista a celebrao de um futuro contrato. Assim, a administrao deve, como regra, antes de celebrar qualquer contrato, proceder devida licitao. Existe, portanto, grande distino entre a forma administrativa de agir e a dos particulares.

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  • Em que aspectos o direito privado se diferencia do direito pblico? No mbito do direito privado, se uma pessoa resolve, por exemplo, construir uma casa, pode escolher livremente o arquiteto que ir definir o seu projeto, o engenheiro ou a empresa de engenharia responsvel pela execuo da obra, o material e o fornecedor para compr-lo. Durante a execuo da obra, o projeto poder ser alterado, redefinido ou sofrer qualquer mudana, at mesmo ser abandonado. Isso tudo regido pelo direito privado, porque estamos lidando com interesses disponveis do particular. Ainda que ele queira escolher uma forma mais onerosa de construir, o problema dizrespeito somente a ele e a mais ningum. J com a administrao, a situao totalmente distinta. O agente pblico, responsvel pela gesto dos recursos, tem toda a sua atuao definida em lei. Somente pode praticar os atos expressamente amparados por lei e nos limites do texto legal. Ademais, toda sua conduta tem deestar necessariamente vinculada realizao do interesse pblico. A indisponibilidade do interesse pblico o princpio bsico de toda e qualqueratividade administrativa. O que significa dizer que a administrao est vinculada ao princpio da legalidade?

    Sendo a licitao uma atividade administrativa, est regida, portanto, pelos princpios da administrao pblica indicados no dispositivo constitucional (art. 37). Dentre eles destacamos o da legalidade. O dever de licitar uma decorrncia direta de um dispositivo constitucional. O art. 37, inciso XXI, da Constituio Federal, dispe que ressalvados os casos especificados na legislao, as obras, servios, compras e alienaes sero contratados mediante processo de licitao pblica que assegure igualdade de condies a todos os concorrentes (...). Assim, sempre anteriormente administrao contratar a realizao de uma obra, a compra de produtos, servios ou a alienao de bens deve agir rigorosamente de acordo com os dispositivos legais. No caso de uma obra, por exemplo, devem ser definidos o projeto bsico e o projeto executivo, realizando licitao para que seja realizada. O contrato no pode ser alterado durante sua execuo, salvo nas hipteses e dentro dos limites especificados em lei.

    Observa-se, assim, como a atuao da administrao se distingue da dos particulares.

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    Por que to importante conhecer as normas relativas licitao?

    Como a administrao necessita sempre adquirir bens, contratar a prestao de servios e realizar obras, importantssimo conhecer a legislao que disciplina a licitao. Os princpios da administrao norteiam tambm posteriormente os termos do contrato. A partir do princpio de que o administrador no est aplicando recursos particulares, mas pblicos, a legislao procura vincular toda a sua atuao. A administrao cercada de exigncias, conforme dispe o art. 3 da Lei n 8.666/93, conhecida como Lei de Licitaes:

    Art. 3. A licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais

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  • vantajosa para a administrao(...).

    Questo para reflexo

    Se o poder pblico pudesse praticar qualquer ato, se no houvesse limites atuao dos administradores pblicos, como seria a nossa vida? Qual a segurana que restaria ao cidado comum diante da ausncia de limites do poder do Estado? Por essa razo, no se pode falar em direito administrativo nas monarquias absolutas. Somente com a separao dos poderes do Estado em Legislativo, Judicirio e Executivo foi possvel admitir a existncia do direito administrativo. Surge a ideia de que o poder limita o prprio poder. Voc gostaria de viver em um Estado em que no existissem normas preestabelecidas? Os Estados totalitrios se caracterizam pela inexistncia de normas limitando a atuao do Estado. A existncia de um Poder Legislativo, que aprova as leis, e de um Poder Judicirio, que as aplica, deve ser sempre valorizada e fortalecida, para o bem da democracia. O que voc, como cidado, pode fazer para fortalecer a democracia em que todos gostaramos de viver?

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    2. Legislao aplicvel s licitaes

    Quem pode legislar sobre licitaes e contratos administrativos? A Constituio Federal, em seu art. 22, inciso XXVII, confere Unio competncia privativa para legislar sobre normas gerais relativas a licitaes e contratos administrativos. O texto constitucional dispe nos seguintes termos:

    Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre:

    XXVII - normas gerais de licitao e contratao, em todas as modalidades, para as administraes pblicas diretas, autrquicas e fundacionais da Unio, estados, Distrito Federal e municpios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para asempresas pblicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, 1, III;

    A fim de dar cumprimento determinao constitucional, o Congresso Nacional aprovou a Lei n 8.666/93, que estabelece normas gerais que

    devem ser seguidas por toda a administrao pblica federal, estadual e municipal. bem verdade que a Emenda Constitucional n 19 deu nova redao ao inciso XXVII do art. 22, acima transcrito. Desse modo, deve ser editada

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  • uma legislao complementar sobre licitaes e contratos para as empresas pblicas e sociedades de economia mista que explorem atividades econmicas. O objetivo , indiscutivelmente, buscar regras menos rgidas para as empresas estatais que exploram atividade econmica. At o momento essa lei ainda no foi aprovada. Assim, enquanto no for elaborada essa nova legislao, todas as entidades da administrao pblica direta, autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas e sociedades de economia mista de todas as esferas de governo (federal, estadual ou municipal) devem seguir as regras contidas na Lei n 8.666/93.

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    O que so as normas gerais sobre licitaes e contratos? Por que importante definir o que so normas gerais? Pelo fato de essa questo gerar inmeras controvrsias e disputas judiciais. A Lei n 8.666/93, em seu art. 1, determina que todas as suas normas tm carter geral. Essa discusso tem-se mostrado importante porque a Unio somente pode interferir nas licitaes e nos contratos a serem celebrados por estados e municpios por meio de normas gerais. Estados e municpios s tm competncia legal para elaborar normas especiais. No so poucas as ocasies em que possvel verificar alguns estados acusando a Unio de, a pretexto de elaborar normas gerais, ter invadido sua competncia, definindo normas especiais. A maior dificuldade tem sido, na prtica, distinguir normas gerais e especiais nas licitaes.

    Qual o mbito de aplicao da Lei n 8.666/93?

    As regras contidas na Lei n 8.666/93 so aplicveis administrao pblica direta e indireta de todos os poderes da Unio, estados, municpios e Distrito Federal. Essa constatao define e delimita o campo de aplicao do presente curso. Portanto, os procedimentos, as regras e os princpios contidos na Lei n 8.666/93 devem ser utilizados por todas as entidades e rgos do conjunto da administrao pblica, em qualquer esfera de governo, federal, estadual e municipal.

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    3. Princpios da licitao

    3.1. Consideraes gerais Por que se faz a licitao? Chamamos a ateno para a importncia do art. 3 da Lei n 8.666/93. Nele, alm de serem definidos os princpios da licitao, especificada a sua finalidade. Estabelece o dispositivo legal que a licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a administrao (sendo) processada e julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos da legalidade, da

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  • impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, do julgamento objetivo e dos que lhe so correlatos. Destacamos: a licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a administrao (...). Esse o ponto de partida de todo o nosso estudo. Devemos ainda estabelecer ao aluno que a licitao deve ser entendida como um procedimento administrativo. Ao falar-se em procedimento administrativo est-se fazendo referncia a uma srie de ato preparatrios do ato final objetivado pela administrao (Di Pietro, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 9 edio, Atlas, pg. 254).

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    Quando deve ser feita a licitao? Como ela deve ser processada? A Constituio Federal, em seu art. 37, inciso XXI, determina que a celebrao de qualquer contrato administrativo, ressalvadas as hipteses previstas em lei que sero estudadas na prxima unidade , deve ser precedida de uma srie de atos praticados pela administrao e pelas pessoas fsicas ou jurdicas (os licitantes) interessadas. A administrao ir, assim, elaborar um edital enunciando suas necessidades de adquirir mveis de escritrio, medicamentos, prestao de servios etc. O edital ser publicado e os interessados apresentaro suas propostas administrao licitante, que sero classificadas e julgadas. Esse procedimento e esses atos encadeados constituem a licitao que deve, sempre, preceder a celebrao de qualquer contrato a ser firmado pela administrao pblica. O que significa dizer que a licitao obrigatria? Significa afirmar que qualquer unidade administrativa, candidata a adquirir ou alienar bens, contratar a prestao de servios ou a execuo de uma obra deve, antes de celebrar o contrato, proceder realizao da licitao. Executar todos os procedimentos previstos pela legislao para colher,classificar, julgar e aprovar propostas condizentes ao seu objetivo. A licitao, portanto, obrigatria. Essa a regra. As excees hipteses em que o administrador est autorizado a contratar diretamente, semproceder licitao esto expressamente mencionadas na Lei n 8.666/93.

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    Deixar de realizar a licitao sem a expressa autorizao legal pode levar a processos administrativos, como o reconhecimento pelos tribunais competentes de irregularidades nas contas apresentadas, alm de constituir crime previsto na Lei n 8.666/93:

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  • Art. 89. Dispensar ou inexigir licitao fora das hipteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes dispensa ou inexigibilidade: Pena - deteno, de 3 (trs) a 5 (cinco) anos, e multa. Pargrafo nico. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumao da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o poder pblico.

    Mesmo a dispensa de licitao ou a caracterizao de sua inexigibilidade devem ser pertinentes e fundamentadas, ressalta o pargrafo nico do artigo citado. Qual o verdadeiro objetivo da licitao? A finalidade da licitao buscar a proposta mais vantajosa para a administrao pblica. A Lei de Licitaes define critrios que devem ser utilizados no julgamento das propostas, escalonando as vantagens e classificando-as segundo os interesses da administrao pblica.

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    Alm da obteno da proposta mais vantajosa, a licitao tem outro objetivo? Qual? Alm de um resultado vantajoso, a licitao, determina o mesmo art. 3, deve respeitar o princpio da isonomia. Todos que se credenciarem a participar do processo licitatrio devem receber o mesmo tratamento. evidente que a administrao deve buscar nas propostas apresentadas pelos licitantes aquela que melhor realize seus interesses. Porm, a busca desse fim no autoriza a violao de garantias individuais ou o tratamento favorecido a determinada empresa ou particular, em detrimento dos demais interessados em participar do procedimento que resulta na celebrao do futuro contrato. Qual o efetivo alcance do princpio que veda tratamentos diferenciados? A lei, ao afirmar que a licitao objetiva a realizao do princpio da isonomia, procura evitar tratamento discriminatrio injustificado. A lei no procura impor formalismos exagerados ou que no possam ser justificados pelas peculiaridades de determinado contrato. A esse respeito vale ressaltar os ensinamentos de Maral Justen Filho. Em sua obra Comentrios lei de Licitaes e Contratos Administrativos (editora Dialtica, 5 edio, pg. 57), afirma que a vedao discriminao injustificada no importa proibio de superar defeitos menores, irregularidades irrelevantes e outros problemas encontradios na atividade diria de seleo de propostas. Afirma ainda o autor que no cabvel excluir propostas mais vantajosas ou potencialmente satisfatrias apenas por apresentarem defeitos irrelevantes ou porque o princpio da isonomia imporia tratamento de extremo rigor.

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  • Em concluso, qual o objetivo da licitao? A licitao, portanto, visa escolha de propostas mais vantajosas. Mas, para tanto, deve realizar tratamento no discriminatrio entre os licitantes, respeitando o princpio da isonomia. Qual o efetivo significado de se dizer que a licitao uma atuao administrativa?

    Antes de prosseguirmos no estudo dos princpios da licitao, devemos observar que a licitao uma atuao no mbito administrativo e, como tal, subordina e vincula a administrao pblica a todos os seus princpios gerais. Assim, alm da isonomia, a Lei n 8.666/93 menciona em seu art. 3diversos outros princpios que devem ser utilizados para orientar a administrao na realizao de suas licitaes. Alguns desses princpios so especficos da licitao (julgamento objetivo, vinculao ao instrumento convocatrio). Outros, porm, so os princpios gerais que vinculam toda e qualquer ao da administrao pblica. Analisaremos, a seguir, cada um dos princpios a que o administrador est vinculado ao realizar uma licitao.

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    Para refletir

    Considerando que o direito administrativo restringe a atuao dos administradores e, nesse contexto, so elaboradas as normas sobre licitaes, imagine como seriam celebrados os contratos administrativos se a lei no tivesse obrigado a administrao a seguir parmetros de tratamento isonmico entre os particulares? Podemos at concluir que a obrigao de seguir os procedimentos licitatrios provoca, em vrias situaes, o aumento do preo dos contratos celebrados pela administrao e onera os cofres pblicos. Se o administrador tivesse ampla liberdade de contratar, ele poderia obter, bem verdade, maiores vantagens econmicas ou financeiras para o Estado. Por outro lado, essa ampla e irrestrita liberdade de contratar, caso existisse, no poderia tornar-se fonte inesgotvel de abusos e conluiosentre administradores e alguns poucos particulares? A existncia da legislao sobre licitao, que no perfeita, objetiva resguardar no apenas o interesse pblico, na medida em que os recursos pblicos devem ser aplicados em observncia aos preceitos legais, mas o prprio interesse da grande maioria dos que gostariam de colaborar com a administrao, fornecendo-lhe bens, servios etc. No fosse a legislao sobre licitao, a grande maioria das empresas e profissionais acabaria por ser excluda, em decorrncia de fatores pessoais e subjetivos dos contratos administrativos. O desafio que apresentamos aos nossos alunos o seguinte: o que pode ser feito para flexibilizar o formalismo da legislao sobre licitao sem que isso constitua fonte, ainda maior, para conluios e fraudes?

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  • 3.2. Supremacia e indisponibilidade do interesse pblico O que significa falar em supremacia e indisponibilidade do interesse pblico? Comoisso afeta uma licitao? Antes mesmo de constiturem princpios do processo licitatrio, a indisponibilidade e asupremacia do interesse pblico caracterizam o prprio direito administrativo, que rege as licitaes e os contratos administrativos, objetos deste curso. No direito administrativo, ao

    contrrio do direito privado em que as partes so tratadas em igualdade de condies, d-se tratamento mais favorecido administrao, que deve representar e sempre buscar a realizao do interesse pblico. A administrao assume a posio de supremacia, justamente por representar interesse pblico. Em um Estado de Direito, como no Brasil, em nome do interesse pblico, no sero suprimidos os interesses individuais. Porm, verificando-se algum confronto entre o interesse pblico e o privado, o primeiro deve prevalecer. Como exemplos dessa supremacia podemos citar, no caso doscontratos administrativos, a possibilidade de a administrao, unilateralmente, rescindir contrato, alterar clusulas contratuais, fiscalizar e aplicar multas aos contratos. A celebrao do contrato somente se materializa com o consentimento da pessoa a ser contratada. Mas, uma vez assinado o contrato, a administrao contratante assume uma posio de supremacia em face do particular. Isto no significa que a administrao ter ampla e irrestrita liberdade de alterar ou modificar o contrato. As alteraes unilaterais a serem realizadas nos contratos devem sempre restringir-se aos limites definidos na Lei de Licitaes. Qual a consequncia da violao da finalidade pblica do ato? O desrespeito ao princpio da supremacia e indisponibilidade do interesse pblico caracteriza desvio de finalidade e pode levar nulidade do ato licitatrio. Ao receber do ordenamento jurdico os poderes referentes realizao de contratos, a administrao pblica deve priorizar o interesse pblico. No pode e no deve buscar favorecimentos pessoais ou perseguies. O administrador no representa interesses pessoais, mas aqueles da comunidade.

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    3.3. Legalidade

    A legalidade que vincula a atuao administrativa a mesma que vale para os particulares?

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  • O ato licitatrio uma ao administrativa - portanto, alguns dos princpios aplicveis licitao so igualmente aplicveis a toda a atuao administrativa. o caso do princpio da legalidade. No mbito da administrao pblica, no se deve confundir a legalidade estrita, que lhe aplicvel, com o igualmente denominado princpio da legalidade inscrito no art. 5, inciso II, da Constituio Federal, que determina que ningum ser obrigado a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei. Para a administrao, a legalidade deve antes ser entendida como a impossibilidade de a administrao praticar qualquer ato, salvo se tiver expressa autorizao legal. Assim, no campo do direito privado, um particular pode praticar qualquer ato, exercer qualquer atividade, exceto se alguma lei proibir a sua prtica. No campo do direito administrativo, a administrao somente pode praticar os atos autorizados em lei. Se no existir lei autorizando o administrador a praticar determinado ato, ele est proibido deexerc-lo, e, se ainda assim o fizer, o ato ser nulo. Qual o alcance do princpio da legalidade no mbito de uma licitao? No mbito das licitaes, so encontradas diversas manifestaes desse princpio. A Lei n 8.666/93 define, por exemplo, as modalidades de licitao concorrncia, tomada de preos, convite, concurso e leilo e o seu processamento. Cabe ressaltar a modalidade denominada Prego, instituda pela Medida Provisria n 2.026, de 4/5/2000, convertida na Lei n 10.520, de 17/7/2002. Assim, se um administrador realiza uma licitao, no pode, simplesmente, criar uma modalidade de licitao no permitida por lei. Nem pode fazer uma combinao de duas modalidades existentes para criar uma nova. O mesmo deve ser dito em relao aos critrios que sero utilizados para julgar as propostas. Esses so estabelecidos na Lei deLicitaes, e o administrador no pode criar outros critrios distintos dos previstos em lei para julgar propostas. A Lei n 8.666/93 indica em seu art. 22 as modalidades de licitao admitidas e, no 8 desse mesmo artigo, veda a criao de nova modalidade ou combinao das modalidades de licitao existentes.

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    3.4. Impessoalidade

    O que se deve entender pelo princpio da impessoalidade? Esse princpio, assim como o da legalidade, est expressamente mencionado no art. 37 da Constituio Federal. A impessoalidade deve ser compreendida como a proibio de direcionamento da licitao a pessoas, empresas ou grupos. A licitao deve ser impessoal, dirigida a todos, em igualdade de condies. O processo licitatrio no pode visar o privilgio ou a excluso de pessoas ou empresas, de modo que os administrados sejam tratados sem discriminao. A impessoalidade impede qualquer tipo de tratamento diferenciado?

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  • A impessoalidade, que alguns autores entendem ser sinnimo de isonomia, no deve ser aplicada de forma a ferir o prprio interesse pblico. Em determinadas situaes, no entanto, circunstncias ou fatores especficos devem ser considerados. assim que, por exemplo, a legislao admite que se contrate determinado tcnico ou empresa em decorrncia de sua notria especializao. Trata-se da hiptese de inexigibilidade de licitao assunto que ser melhor estudado adiante. Pela impessoalidade no se deve entender que todos devem ser sempre tratados de forma absolutamente idntica. Em face das peculiaridades do contrato, a lei autoriza a imposio de requisitos de qualificao tcnica, econmica etc. Assim, quem no preencher os requisitos de qualificao expressamente mencionados no edital, ser inabilitado na licitao. Essas exigncias de qualificao, no entanto, no vo permitir que o administrador possa utiliz-las de modo a dirigir a licitao. As exigncias de qualificao tcnica ou econmico-financeira devem ser definidas no edital a partir da necessidade do objeto do contrato a ser licitado. Do contrrio, impor exigncias descabidas para direcionar a licitao implicaria em violao, desse princpio e, ainda, do da moralidade. A impessoalidade aplicada apenas no momento da apresentao das propostas pelos licitantes ou tambm alcana a fase dejulgamento de propostas? Outro princpio, o do julgamento objetivo, a ser estudado adiante, nada mais do que uma aplicao direta da impessoalidade no julgamento das propostas.

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    3.5. Moralidade ou probidade

    Ainda que determinada prtica no viole a lei, pode ser uma atitude ilegtima? Pela anlise realizada em relao aos princpios j mencionados, verificamos que o administrador deve sempre praticar atos em estrita conformidade com a lei. Da mesma forma, no pode dispensar tratamento que favorea ou prejudique qualquer dos licitantes. Ainda que sua conduta esteja de acordo com a lei, o administrador no pode agir de modo a ofender a tica e a moral. Conforme bem ensina Maral Justen Filho (obra citada, pg. 65), a moralidade soma-se legalidade. Assim, uma conduta compatvel com a lei, mas imoral, ser invlida. A moralidade somente aplicvel aps o incio da licitao? A moralidade tem de estar presente em toda e qualquer atuao do administrador, inclusive na prpria origem da licitao, que deve ser realizada em face de uma efetiva necessidade da administrao. Cabe lembrar que o administrador gerencia recursos pblicos e deve utiliz-los de modo a cumprir o interesse pblico. Como a celebrao de contratos implica na realizao de despesas, a necessidade de licitar deve ser considerada

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  • luz da moralidade, assim como da eficincia e economicidade.

    A moralidade vincula apenas a administrao ou alcana tambm os particulares? Como j mencionado, esse princpio o da moralidade vincula tanto a conduta do administrador quanto a dos particulares que participam do processo de contratao. a moralidade que impede, por exemplo, a realizao de conluio entre os licitantes. A lei prev o conluio como crime.

    Para refletir?

    Conforme examinaremos na prxima unidade referente s hipteses de dispensa e inexigibilidade de licitao , os contratos de pequeno valor, por exemplo, podem ser celebrados sem que o administrador seja obrigado a realizar a licitao. Seria, no entanto, moralmente correto se um determinado administrador, para pequenos servios, compras etc., contratasse apenas seus familiares ou suas empresas, j que no est obrigado a licitar? Ainda que a licitao, nesse exemplo, no seja obrigatria, poderia ser considerada moralmente correta a contratao de parentes de administradores?

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    3.6. Motivao

    O que significa dizer que os atos administrativos devem ser motivados? A fundamentao ou motivao administrativa princpio que condiz com o prprio Estado de Direito. No se admite, vista dos valores que aliceram a atuao do Estado, a existncia de decises sigilosas, desmotivadas, decises que possam constituir impedimento ao exerccio de controle sobre a ao administrativa. Devemos sempre lembrar que o administrador, quando exerce seus poderes, age em nome do povo, uma vez que todos os poderes dele emanam. O administrador deve, portanto, dizer por que adotou tal ou qual deciso. O que se deve entender, ento, por fundamentar? O administrador deve motivar seus atos indicando, em primeiro lugar, os fundamentos de direito que legitimam a sua atuao. Ainda deve fazer acorrelao lgica entre os eventos e os fatos que justificam a prtica de determinado ato e demonstrar, pela motivao, a relao entre os

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  • motivos da prtica do ato e a soluo adotada. Que informaes devem constar na motivao? A motivao deve conter, assim, a indicao: 1. dos motivos que o levaram a praticar o ato; 2. da finalidade que se busca com a prtica do ato; e 3. da fundamentao legal.

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    A motivao alcana as licitaes?

    Especificamente no que se relaciona licitao, devemos lembrar que a Lei n 8.666/93, em seu art. 38, determina que o procedimento da licitao ser iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorizao respectiva, a indicao sucinta de seu objeto e do recurso prprio para a despesa, e ao qual sero juntados oportunamente (..). A lei indica que a licitao tem incio com o processo administrativo e exige que o administrador indique, em sua justificao, os motivos que o levaram a realizar a licitao e especifique o objeto a ser licitado.

    A motivao no seria apenas mais uma burocracia desnecessria?

    A motivao tem-se demonstrado, no poucas vezes, til ao administrador. Diversas acusaes de direcionamento ou favorecimento em licitaes so facilmente contestadas e perfeitamente explicadas pela motivao. Caso contrrio, se no tivesse o administrador justificado por que licitou, por que imps determinada exigncia de qualificao tcnica ou econmico-financeira ou por que exigiu determinada especificao no produto ou servio, a licitao seria, certamente, considerada fraudulenta, e o responsvel por sua realizao mereceria punio administrativa e penal. Em matria de motivao ou justificao de licitao, melhor pecar por excesso do que por omisso. At porque excesso de motivao nenhum mal poderia causar a seu responsvel.

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    3.7. Publicidade

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  • O que o princpio da publicidade? Qual o seu alcance?

    A publicidade um princpio prprio do Estado de Direito.

    A administrao deve manter plena transparncia de seus atos. A divulgao do que ocorre no mbito da administrao condio indispensvel realizao de outro princpio, o da moralidade. Ademais, a eficcia dos atos administrativos fica condicionada sua publicidade.

    A esse respeito recomenda-se a leitura do pargrafo nico do art. 61 da Lei n 8.666/93, que dispe que a publicao resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na Imprensa Oficial, que condio indispensvel para sua eficcia, ser providenciada pela administrao at o quinto dia til do ms seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem nus, ressalvado o disposto no art. 26 dessa lei.

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    Publicidade o mesmo que publicao de atos?

    No se deve confundir publicao com publicidade. Esta no deve ser confundida com a mera publicao de atos em rgo oficial (Dirio Oficial). A publicidade significa a possibilidade de o cidado obter da administrao o acesso informao. A publicao apenas uma das formas de se dar divulgao a atos administrativos. Em matria de licitao e contratos administrativos, diversos dispositivos legais disciplinam a aplicao desse princpio.

    A respeito do dever de dar publicidade aos atos vinculados a uma licitao, especialmente interessante a regra relativa realizao do convite uma das modalidades de licitao. Ainda que a administrao possa escolher os convidados do processo licitatrio, o instrumento convocatrio no precisa ser objeto de publicao em rgo de divulgao oficial, devendo ser afixado no quadro de avisos da repartio para permitir que outros interessados, no convidados, participem do certame. Essa regra representa a plena realizao dos princpios da publicidade e da moralidade. Vide 3 do art. 22 da Lei n 8.666/93. A nica exceo ao princpio da publicidade, em matria de licitao, diz respeito ao contedo das propostas apresentadas pelos licitantes expresso em sigilo do contedo das propostas. O contedo das propostas apresentadas somente pode ser conhecido no momento processual em que se procede ao seu julgamento. At ento, ningum pode conhecer o seu contedo.

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    3.8. Vinculao ao instrumento convocatrio

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  • O que significa falar em vinculao ao instrumento convocatrio?

    A primeira observao que devemos apresentar a de que o instrumento convocatrio um edital ou um convite, conforme a modalidade de licitao a matriz do futuro contrato e funciona como uma lei entre as partes. Alm desse princpio ser mencionado no art. 3 da Lei de Licitaes, , tambm, enfatizado no art. 41 da mesma lei, que dispe: a administrao no pode descumprir as normas e condies do edital, ao qual se acha estritamente vinculada.

    A vinculao ao instrumento convocatrio vincula apenas a administrao?

    Ainda que o mencionado artigo faa referncia apenas administrao, evidente que vale para todos, inclusive para aqueles que participam da licitao. interessante verificar a esse respeito a regra contida no art. 41, 2, da Lei de Licitaes, que fixa prazo para o licitante impugnar os termos do edital. Expirado o prazo previsto, cessa o direito de impugnao. Portanto, o participante da licitao no pode, por exemplo, esperar ser inabilitado ou desclassificado para, somente ento, querer impugnar a regra contida no edital que levaria sua excluso.

    O princpio da vinculao ao instrumento convocatrio impede qualquer alterao do edital ou do convite?

    No. Na hiptese de alterao do contedo das propostas, a lei prev, expressamente, a obrigatoriedade de nova divulgao do instrumento convocatrio (edital ou convite), nos mesmos termos em que se deu a divulgao anterior, e a reabertura de novo prazo para apresentao de propostas. Portanto, segundo esse princpio, o edital ou o convite no so imutveis. Havendo a real e efetiva necessidade de retificao no edital, inclusive no contedo das propostas, a administrao pode faz-lo.

    Art. 21. (...) 4. Qualquer modificao no edital exige divulgao pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido. Exceto quando, inquestionavelmente, a alterao no efetar a formulao das propostas.

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    Para refletir

    Imagine se a administrao pudesse publicar edital para licitar o objeto A e, aps concluda a licitao, fosse celebrado o contrato para a execuo do objeto B? Seria a porta aberta para a fraude e o conluio entre administradores e particulares, que poderiam, de antemo, acertar as mudanas de modo a que a proposta da empresa j estivesse dirigida ao verdadeiro objeto da licitao e do futuro contrato, conhecido somente pelos envolvidos.

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  • Em face desse tipo de fraude, assim como de muitas outras verificadas em licitaes e contratos, os rgos de controle esto preparados para, sozinhos, evitar e coibir esses abusos? Os rgos de controle da atuao pblica podem exercer com sucesso tamanha tarefa sem a efetiva participao da populao? Se voc, cidado consciente de seus direitos e sabedor de seus deveres, adotasse a postura de um efetivo fiscal da lei, as fraudes, os desvios, as apropriaes, os favorecimentos, os abusos no poderiam ser reduzidos em nosso pas? Saiba que a Constituio Federal pe sua disposio o instrumento jurdico da Ao Popular, que permite a qualquer cidado exercer controle sobre a probidade da atuao administrativa.

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    3.9. Julgamento objetivo

    O que significa falar em julgamento objetivo?

    A Lei n 8.666/93 procura, sempre que possvel, estabelecer critrios objetivos de atuao administrativa, retirando do administrador toda a subjetividade possvel. Define, ento, os critrios para julgamento de propostas apresentadas em licitaes. Em seu art. 44, so estabelecidas as regras gerais relativas ao julgamento objetivo, nos seguintes termos:

    Art. 44. No julgamento das propostas, a Comisso levar em considerao os critrios objetivos definidos no edital ou convite, os quais no devem contrariar as normas e princpios estabelecidos por esta lei.

    Esses critrios so definidos a partir do tipo de licitao a ser adotado vide art. 45. Ali so especificados todos os critrios para julgamento: menor preo, melhor tcnica, tcnica e preo e maior lance ou oferta.

    lcito estabelecer critrios objetivos de julgamento aps iniciada a licitao?

    Falar em julgamento objetivo significa exigir que, alm das finalidades da licitao, os critrios de julgamento estejam previamente definidos noedital. No seria possvel comisso de licitao, por exemplo, estipular critrios para julgar as propostas apresentadas, durante a realizao docertame.

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    Considerando-se que o julgamento deve ser objetivo, caso haja empate entre licitantes, como a administrao deve proceder para desempatar suas propostas?

    Em nome do princpio do julgamento objetivo, os critrios para desempate de propostas so apenas aqueles previstos em lei. Em seu artigo 3, pargrafo 2, a Lei n 8.666/93 estabelece critrios de desempate, assegurando preferncia s propostas apresentadas por empresa brasileira, em detrimento de empresas estrangeiras. Prioriza, ainda, os produtos confeccionados no pas, queles fabricados no exterior. A lei (art. 3, 2) estabelece que:

    em igualdade de condies, como critrio de desempate, ser assegurada preferncia, sucessivamente, aos bens e servios: I - produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional;

    II - produzidos no pas;

    III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras;

    IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no Pas.

    Se ainda assim, aps aplicado o critrio acima indicado, persistir o empate, ser obrigatria a adoo do sorteio como nica possibilidade de desempate, conforme o disposto no art. 45, 2, todos da Lei n 8.666/93, que dispe nos seguintes termos:

    Art. 45. (...)

    2. No caso de empate entre duas ou mais propostas, e aps obedecido o disposto no 2 do art. 3 desta lei, a classificaose far, obrigatoriamente, por sorteio, em ato pblico, para o qual todos os licitantes sero convocados, vedado qualquer outro processo.

    Por exemplo, se os participantes de licitao do tipo menor preo apresentarem propostas para o fornecimento de veculos utilitrios (empresa A kombi, e empresa B topic) ambas pelo mesmo preo, ser considerada vencedora da licitao a proposta apresentada pela empresa A prevalecendo as prioridades para o produto fabricado no pas. Ao contrrio, se em outra licitao fossem apresentadas propostas por duas empresas (empresa X Escora e empresa Y Gol), e ambas indicassem o mesmo preo, sendo ambos os produtos produzidos no pas, o nicocritrio que poderia ser utilizado para desempatar seria o sorteio.

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    A administrao pode criar qualquer critrio de julgamento, desde que siga parmetros objetivos?

    O julgamento das propostas ser melhor estudado na unidade seguinte, em que trataremos dos tipos de licitao. Apenas para melhor esclarecer possveis dvidas, a regra que a licitao deve ser sempre julgada pelo critrio do menor preo licitao do tipo menor preo. A Lei n8.666/93 indica em que hipteses possvel a adoo de outro tipo de licitao (tcnica ou tcnica e preo).

    A administrao no poderia ser prejudicada se somente o preo for o critrio bsico para julgamento de propostas? Como fazer para que a administrao no contrate produtos ou servios de m qualidade?

    Os responsveis pela elaborao dos editais devem detalhar e especificar muito bem o objeto a ser licitado. Como exemplo, imagine que determinado rgo queira adquirir carteiras escolares e, na descrio do objeto a ser licitado, indique apenas que a carteira deve ter braos. Como o tipo de licitao para aquisio de produtos o de menor preo, esse o nico e exclusivo critrio a ser utilizado para escolha da melhor proposta. Ainda que outras propostas apresentem produtos de qualidade muito superior, se o produto da empresa que apresentar o menor preo preencher os requisitos do edital, a administrao est obrigada a contrat-la e no pode considerar os demais critrios de qualidade. Portanto, da mais alta importncia para a boa gesto dos gastos pblicos dar especial ateno elaborao do edital, em especial no que concerne descrio do produto ou servio que se busca contratar.

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    3.10. Adjudicao compulsria O que a adjudicao compulsria? Qual o seu alcance?

    Na questo anterior, a administrao no poderia contratar empresa diferente daquela vencedora da licitao pelo menor preo. Essa afirmao, que merece ser melhor analisada, decorre do princpio da adjudicao compulsria. De acordo com esse princpio, a administrao no poderia, aps concluda a licitao e escolhido o licitante vencedor, atribuir o objeto da licitao a outrem, que no aquele que venceu a licitao. A administrao no poderia contratar o objeto licitado de outra empresa ou pessoa. Nas prximas unidades iremos estudar como a licitao processada. Veremos que, no caso de uma concorrncia, devem ser obedecidas algumas etapas bsicas: publicao de edital, fixao de prazo para apresentao de propostas, habilitao de empresas e julgamento de

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  • propostas. Concluda essa etapa, os autos da licitao devem ser encaminhados autoridade competente da unidade administrativa para suahomologao, adjudicao do objeto licitado ao vencedor e, finalmente, para a celebrao do contrato. A homologao deve ser feita em confirmao aos atos j praticados, salvo se ocorrerem motivos supervenientes que justifiquem sua revogao ou vcio em seu processamento, o que obrigaria a sua anulao (vide art. 49 da Lei n 8.666/93). A adjudicao compulsria do objeto da licitao obriga a administrao a celebrar o contrato?

    Essa uma dvida que geralmente surge. A resposta no. Hely Lopes Meireles (Direito Administrativo Brasileiro, editora Malheiros), criadordesse princpio, adverte que o direito do licitante o de que lhe seja adjudicado o objeto, e no o de ser celebrado o contrato. Nesses termos, aps concluda a licitao, o direito que est assegurado ao licitante vencedor, em decorrncia desse princpio, apenas o de impedir que a administrao, no prazo de validade da licitao, contrate qualquer outra empresa, tenha essa empresa participado ou no da licitao.

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    E se aps a concluso da licitao surgir proposta mais vantajosa, a administrao no poderia desprezar a licitao e contratar com esse terceiro?

    No muito remota a hiptese de, aps a concluso da licitao para a aquisio de um produto que teve o preo unitrio de R$ 10,00, surgir outra empresa, participante ou no da licitao, disposta a entregar o mesmo produto por preo mais reduzido. Essa hiptese, apesar de se apresentar economicamente mais vantajosa para a administrao, violaria diretamente os princpios da adjudicao compulsria e o da isonomia. A esse respeito, recomendamos a leitura do art. 50 da Lei n 8.666/93, que determina que a administrao no poder celebrar o contrato com preterio da ordem de classificao das propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatrio, sob pena de nulidade.

    O princpio da adjudicao compulsria deve ser entendido no sentido de que, se a licitao for concluda, o que pressupe a sua homologao pela autoridade competente, somente pode ser contratada a empresa vencedora na licitao. Assim, se administrao desejar celebrar o contrato,deve convocar a licitante vencedora para assin-lo, nos termos do edital. Porm, caso a administrao no queira mais celebrar o contrato, o licitante vencedor no ter direito subjetivo contratao. Essa hiptese de realizar a licitao e no celebrar o contrato , no entanto, apesar de possvel, seria totalmente antieconmica e violaria o princpio da eficincia. Que sentido faz a administrao realizar uma licitao, que lhe custa caro, e, aps a sua concluso, simplesmente no querer contratar? Porm, toda atitude do administrador, desde que muito bem justificada, pode impedir uma futura alegao de irregularidade.

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    4. Consideraes finais

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  • Nesta unidade, tivemos nosso primeiro contato com a licitao. Vimos que alm de ser um processo administrativo, a licitao uma sequncia de atos tendentes prtica de um ato final conclusivo. Aprendemos que todos os rgos e entidades integrantes da administrao pblica, inclusive as empresas pblicas e sociedades de economia mista, esto obrigados a realizar licitao antes da celebrao de qualquer contrato. A licitao deve ser vista, portanto, como o antecedente necessrio do contrato.

    J sabemos que a Lei n 8.666/93 estabelece as normas gerais sobre as licitaes e os contratos administrativos. Ressaltamos que a competncia daUnio para estabelecer as normas gerais sobre licitaes no impede, por exemplo, determinado estado ou municpio de estabelecer, em lei prpria, normas especiais para suas licitaes, desde que no sejam conflitantes com as regras contidas na Lei n 8.666/93.

    Pudemos estudar tambm os princpios da licitao. O perfeito conhecimento desses princpios pelo administrador e pelos licitantes de fundamental importncia para a correta realizao de uma licitao. Alm disso, sempre surgem situaes para as quais a lei no apresenta soluo clara. Nesses casos, no havendo norma jurdica que resolva ou elucide certo problema ou determinada pretenso de licitante, e estando o administrador obrigado a apresentar soluo para o problema, a melhor forma de resolv-lo a correta utilizao dos princpios da licitao. Em casos como esse, descreva claramente a situao ou o problema que lhe apresentado e motive a sua deciso utilizando para tanto os princpios aqui estudados. Muitassituaes podem ser facilmente esclarecidas pela aplicao direta de princpios como o da eficincia, o da igualdade, o do julgamento objetivo e o da vinculao ao instrumento convocatrio.

    Autoavaliao - Mdulo I - Unidade 1

    Pelo menu lateral, acesse Avaliaes e realize o exerccio de autoavaliao da unidade, que ser corrigido pelo prprio sistema.

    Avaliao - Mdulo I - Unidade 1 Pelo menu lateral, acesse Trabalhos/Redaes e responda s questes de avaliao da Unidade 1 do Mdulo I.

    Assista o vdeo

    Unidade 2 - Obrigatoriedade da Licitao - Contratao sem Licitao

    Apresentao Esta unidade se dedica a examinar a determinao constitucional de obrigatoriedade da licitao. Para a administrao pblica proceder aquisio ou

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  • alienao de bens, contratao de servios ou execuo de obras, torna-se expressamente necessria a realizao de licitao. Contratar sem licitao, fora das hipteses previstas em lei, configura ofensa grave ordem jurdica, a ser punida, inclusive, por meio da instaurao do devido processo penal.

    A partir dos procedimentos licitatrios, a administrao convoca os interessados em fornecer os bens ou servios que se busca contratar.

    Ser observado, no entanto, que o prprio texto constitucional, que obriga a realizao da licitao, permite que a lei estabelea situaes em que o contrato pode ser celebrado diretamente, sem licitao. Essas so, portanto, as situaes excepcionais que constituem objeto de estudo nesta unidade e que somente podem ocorrer se estiverem previstas em lei.

    Objetivos da unidade

    O aluno identificar as regras da obrigatoriedade da licitao, bem como as situaes em que, excepcionalmente, a contratao poder ser feita sem licitao

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    1. Noes Gerais

    a lei que exige que se faa licitao, ou o dever de licitar decorre da prpria Constituio Federal?

    A Constituio Federal, em seu art. 37, XXI, exige que as obras, servios, compras e alienaes sejam contratados mediante a realizao prvia de licitao. Essa a regra a que nos referimos diversas vezes na unidade anterior. considerada to importante a obrigatoriedade da realizao da licitao que alguns autores elevam essa regra categoria de princpio da administrao pblica. O dever de licitar decorre, portanto, da prpria Constituio Federal, que dispe nos seguintes termos:

    Art. 37. (...) XXX ressalvados os casos especificados na legislao, as obras, servios, compras e alienaes sero contratados mediante processo de licitao pblica que assegure igualdade de condies a todos os concorrentes, com clusulas que estabeleam obrigaes de pagamento, mantidas as condies efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitir as exigncias de qualificao tcnica e econmica indispensveis garantia do cumprimento das obrigaes.

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  • Considerando-se que a obrigao de licitar decorre do prprio texto constitucional, a lei pode admitir a contratao sem licitao?

    O texto constitucional permite algumas concluses: 1. a licitao obrigatria; e 2. a legislao pode estabelecer situaes facultando administrao contratar sem licitar.

    Vale ainda ressaltar que a tcnica de redao adotada no texto constitucional denominada por alguns estudiosos do direito constitucional de norma de eficcia contida (Jos Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional). A peculiaridade desse dispositivo consiste no fato de que, apesar de a Constituio estabelecer a regra de obrigatoriedade de licitao, tambm prev hipteses em que pode ocorrer a contratao sem licitao ressalvados os casos especificados na legislao, as obras, servios, compras e alienaes sero contratados mediante processo de licitao pblica (...).

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    Qual a consequncia para o administrador do descumprimento do dever de licitar?

    O administrador incorre em crime (Lei n 8.666/93, art. 89) e pode responder administrativamente se celebrar contrato sem a devida licitao prvia ou mesmo realiz-la fora das hipteses autorizadas em lei. Suas contas podem ser julgadas por irregularidade, o que implicaria na aplicao de multa e na inelegibilidade para cargos pblicos, nos termos da Lei Complementar n 64/90. Nesse caso, o administrador pode ser, tambm, responsabilizado civilmente e condenado a ressarcir o poder pblico, usando o seu patrimnio pessoal, caso a contratao sem licitao tenha causado prejuzo ao errio.

    Quais rgos e entidades pblicas esto submetidos ao dever de licitar? Esto obrigados a realizar licitao todos os rgos e entidades integrantes da administrao pblica: entidades da administrao pblica direta, autarquias, fundos especiais, fundaes pblicas, empresas pblicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Unio, estados, Distrito Federal e municpios. O mbito de aplicao da Lei n 8.666/93 definido em seu art. 1, pargrafo nico, que dispe nos seguintes termos:

    Art. 1. (...) Pargrafo nico. Subordinam-se ao regime desta lei, alm dos rgos da administrao direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundaes pblicas, as empresas pblicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Unio, estados, Distrito Federal e municpios."

    O art. 119 da Lei de Licitaes determina a edio de regulamentos prprios, disciplinadores da sua aplicao no mbito das entidades da administrao indireta autarquias, fundaes pblicas, sociedades de economia mista e empresas pblicas.

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    Finalmente, os servios sociais autnomos (SESI, SESC, SENAC, SENAI) no se subordinam mais Lei n 8.666/93. O Tribunal de Contas da Unio decidiu (Deciso Plenria n 907/97, ata 53/97) que essas entidades colaboram com o Estado e devem manter a prestao de contas, mas esto desobrigadas de seguir os critrios da Lei de Licitaes. Devem elaborar e publicar regulamentos prprios, definindo as regras relativas aos contratos que venham a ser celebrados. A deciso do TCU foi proferida nos seguintes termos:

    "O Tribunal Pleno, diante das razes expostas pelo relator, DECIDE: 1. conhecer da presente denncia para, no mrito, consider-la improcedente (...) Por no estarem includos na lista de entidades enumeradas no pargrafo nico do art. 1 da Lei n 8.666/93, os servios sociais autnomos no esto sujeitos observncia dos estritos procedimentos na referida lei e sim aos seus regulamentos prprios devidamente publicados.

    Assista ao vdeo

    Para refletir

    A obrigatoriedade da realizao da licitao, como antecedente necessrio do contrato administrativo, decorre diretamente de dispositivo constitucional. Isso basta para que o aluno tenha uma noo da importncia do tema de nosso estudo. Alguns poderiam entender que as regras sobre licitao apenas geram burocracia e criam problemas para os administradores. Considere, porm, que o objetivo dessas regras coibir a malversao de recursos pblicos. Ora, se apesar de todo o formalismo de que a lei procura cercar-se ainda so inmeros os casos de fraudes a licitaes, imagine se todo e qualquer administrador tivesse absoluta liberdade para escolher as pessoas que iriam ser contratadas pela administrao. Seria a porta aberta para a fraude. O administrador deve, assim, preocupar-se com a observncia dos formalismos legais, considerando a economicidade e a eficincia de seus atos. Querer seguir o formalismo exagerado em detrimento da economicidade pode causar tantos prejuzos s economias pblicas quanto uma fraude. O grande mrito do administrador saber observar os procedimentos legais sem se descuidar da economicidade e eficincia de seus atos.

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    2. Contratao sem licitao

    Licitao dispensada, licitao dispensvel, dispensa de licitao e licitao inexigvel. tudo a mesma coisa ou h distines entre esses conceitos? O que significa falar em contratao direta?

    Na sistemtica da Lei n 8.666/93 h situaes em que so utilizadas as expresses licitao dispensada (art. 17), licitao dispensvel (art. 24), e, finalmente, licitao inexigvel (art. 25). Essas seriam as situaes de carter excepcional mencionadas em lei em que seria possvel a contratao direta, isto , a contratao sem licitao. Apenas para fins didticos, convm esclarecer a distino entre os conceitos de licitao dispensada, dispensvel e inexigvel. Em primeiro lugar, devemos explicar que as licitaes dispensada e dispensvel so modalidades de dispensa de licitao. Dispomos, assim, de dois conceitos bsicos que merecem ser distinguidos:

    a) dispensa de licitao; e b) inexigibilidade de licitao.

    Qual a diferena bsica entre dispensa e inexigibilidade de licitao? A diferena bsica entre essas duas situaes reside na possibilidade ou no de competio. Na dispensa existe a possibilidade de competio, o que permite a realizao de licitao. Na inexigibilidade no h competio, porque s existe um objeto ou uma pessoa que atenda s necessidades da administrao; a licitao , portanto, invivel (Maria Silvia di Pietro, obra citada, pg. 265).

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    Para melhor esclarecer, tomemos duas situaes previstas em lei: uma de dispensa e outra de inexigibilidade.

    Um exemplo de dispensa de licitao seria a contratao de obra de pequeno valor (art. 24, I). Imaginemos determinada prefeitura que pretenda realizar uma pequena obra orada em R$ 10.000,00. Em face de seu valor, a lei dispensa o administrador do dever de licitar, conferindo-lhe autorizao para contratar diretamente uma empresa ou uma pessoa. Apesar de a lei autorizar a contratao direta, pode existir competio nesse mercado e existir mais de uma empresa ou profissional interessados em realizar a obra. Mesmo assim, a dispensa de licitao ocorre por causa do pequeno valor do contrato.

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  • Hiptese diversa seria, por exemplo, a aquisio de produto oferecido exclusivamente por um fornecedor. Imaginemos que determinado administrador necessite adquirir um aparelho fabricado somente por uma empresa. Qual seria a finalidade da licitao nesse caso? A licitao realizada para que a administrao possa escolher a melhor dentre vrias propostas. Se j se sabe que apenas uma empresa tem condies de apresentar proposta, a realizao da licitao implicaria uma despesa desnecessria. Essa hiptese, de fornecedor exclusivo (art. 25, I), indica bem a ausncia de competio que caracteriza a inexigibilidade de licitao.

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    Sendo a licitao dispensvel e a licitao dispensada modalidades de dispensa, qual a diferena entre essas duas hipteses de contratao direta? Verificamos, assim, a distino entre dispensa e inexigibilidade. Cumpre, ainda, distinguir entre licitao dispensvel (art. 24) e licitao dispensada (art. 17) ambas modalidades de dispensa. Vimos que a dispensa se caracteriza pela viabilidade de competio. Em alguns casos, como no exemplo citado obra no valor de R$ 10.000,00 , o administrador, ainda que no esteja obrigado a licitar, se quiser, pode faz-lo. Isto , ainda que o pequeno valor autorize a contratao direta, o administrador tem a liberdade, ou discricionariedade, de realizar, caso deseje, a licitao. Essa seria, portanto, uma licitao dispensvel (art.24). Outras hipteses escapam discricionariedade do administrador, que fica impedido de licitar. Assim ocorre nos casos tratados nos incisos I e II do art. 17. A alienao de bens da administrao pblica fica subordinada existncia de interesse pblico devidamente justificado, devendo ser precedida de avaliao, alm de obedecer a regras especficas. Ainda que existam pessoas dispostas a celebrar contrato com a administrao (por exemplo, um computador no utilizado poderia ser doado a uma instituio), a licitao no pode ser realizada. O administrador, mesmo se quisesse, no poderia realizar a licitao. No existe, nas hipteses de licitao dispensada, a liberdade de o administrador querer licitar.

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    A regra do art. 17, inciso I, alnea a, e inciso II, alnea a, entretanto, somente valida para a administrao pblica federal, no sendo aplicvel nos mbitos estadual e municipal. Para melhor entender essa restrio de doao de bens mveis e imveis entre rgos ou entidades da administrao pblica devemos observar o julgamento da ADIN n 927-3-SP (Ao Direta de Inconstitucionalidade) pelo Supremo Tribunal Federal. Em avaliao liminar, o STF considerou

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  • inconstitucional o dispositivo que trata de doao, posto que a lei somente permite a sua realizao entre rgos ou entidades da administrao pblica. O Tribunal entendeu que a Unio no poderia disciplinar as doaes de estados e municpios (assunto objeto de norma especial) e considerou o ato uma invaso da competncia de outras unidades da federao. Essa deciso do STF importante porque delimita o debate, j referido neste curso, sobre a competncia da Unio de legislar somente sobre normas gerais das licitaes e dos contratos administrativos.

    Portanto, a ttulo de concluso desta questo, cabe observar a distino bsica entre licitao dispensada e dispensvel: nesta, o administrador pode, se assim o desejar, realizar a licitao; na licitao dispensada, o administrador simplesmente no tem a opo de licitar. O administrador, no entanto, nas hipteses de licitao dispensvel, deve examinar a relao custo-benefcio da realizao da licitao, considerando, inclusive, o princpio da eficincia da administrao.

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    necessrio que sempre seja devidamente justificada a contratao sem licitao? A Lei de Licitaes exige que o administrador sempre justifique a contratao sem licitao. Essa obrigao de motivar qualquer contratao direta est prevista no art. 26, que dispe nos seguintes termos:

    Art. 26. As dispensas previstas nos 2 e 4 do art. 17 e nos incisos III a XX do art. 24, as situaes de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do pargrafo nico do art. 8 desta lei devero ser comunicados dentro de trs dias autoridade superior para ratificao e publicao na imprensa oficial no prazo de cinco dias, como condio para eficcia dos atos. Pargrafo nico. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, ser instrudo, no que couber, com os seguintes elementos: I - caracterizao da situao emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso; II - razo da escolha do fornecedor ou executante; III - justificativa do preo; IV - documento de aprovao dos projetos de pesquisa aos quais os bens sero alocados.

    Para refletir

    Sabemos que a regra proceder licitao como antecedente necessrio do contrato administrativo. A licitao realiza diversos princpios

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  • constitucionais da administrao pblica, sobretudo o da impessoalidade, o da moralidade e o da eficincia. A realizao de uma licitao, no entanto, alm de demandar tempo, custa caro administrao. Desse modo, seria totalmente impensvel querer que a administrao tivesse de realizar licitao sempre que pretendesse celebrar qualquer contrato. Cabe, assim, ao legislador indicar em que situaes o administrador pode celebrar contratos sem a realizao da respectiva licitao. Em nome da eficincia que se espera da administrao, cada vez mais a legislao procura afastar-se de formalismos desnecessrios em nome da obteno de vantagens econmicas. O que no se pode conceber a administrao sendo sempre obrigada a contratar por preos sempre superiores aos praticados pelo setor privado. Qual o motivo de a administrao ver-se, quase sempre, obrigada a pagar preos superiores aos do mercado se ela normalmenteadquire em grandes quantidades? Ser que a pura simplificao dos procedimentos licitatrios bastaria para coibir esses abusos com o dinheiro pblico? Eis uma importante questo para a reflexo: o que poderia ser feito na legislao para coibir fraudes emlicitaes?

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    3. Dispensa

    Quais so as hipteses de licitao dispensada?

    Conforme expresso no item anterior, a licitao dispensada, que constitui modalidade de dispensa de licitao, encontra seu fundamento nos incisos I e II do art. 17 da Lei de Licitaes. Neles so indicadas as situaes que escapam discricionariedade de o administrador realizar ou no a licitao. Nessas hipteses de licitao dispensada, o administrador deve proceder contratao direta em face das prprias peculiaridades do contrato a ser celebrado.

    Em que hipteses a administrao pode alienar bens? Que condies devem ser atendidas?

    A administrao que for alienar bens, sejam eles mveis ou imveis, sempre deve providenciar a sua avaliao prvia. A alienao est condicionada existncia do interesse pblico vide art. 17, caput.

    Alm das exigncias aplicveis aos bens mveis, feita alguma outra em se tratando de bens imveis?

    Para a alienao de bens imveis a lei vai ainda exigir (art. 17, I) autorizao legislativa para rgos da administrao direta e entidades autrquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, depender de avaliao prvia e de licitao na modalidade de concorrncia.

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  • Em relao a bens imveis, quando a licitao dispensada?

    Essas hipteses esto previstas na parte final do inciso I do art. 17, que determina que a licitao para alienao de imveis pode ser dispensada nos seguintes casos:

    a) dao em pagamento; b) doao, permitida exclusivamente para outro rgo ou entidade da administrao pblica, de qualquer esfera de governo; c) permuta, por outro imvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta lei; d) investidura; e) venda a outro rgo ou entidade da administrao pblica, de qualquer esfera de governo; f) alienao, aforamento, concesso de direito real de uso, locao ou permisso de uso de bens imveis construdos e destinados ou efetivamente utilizados no mbito de programas habitacionais ou de regularizao fundiria de interesse social desenvolvidos por rgos ou entidades da administrao pblica; g) Procedimentos de legitimao de posse de que trata o art. 29 da Lei n 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberao dos rgos da Administrao Pblica em cuja competncia legal inclua-se tal atribuio."

    Dao em pagamento uma forma de pagamento de dvida. Verifica-se quando o devedor, em lugar de pagar sua dvida em dinheiro, entrega um bem para quitao do dbito. Dao em pagamento poderia tambm ser conceituada como o pagamento de dvida por meio distinto do contratado. Nessa hiptese, o poder pblico teria uma dvida com um particular e, ao invs de pag-la em espcie, transfere um bem disponvel, que no esteja sendo utilizado para a prestao de servios pblicos. No cabe, assim, a licitao, porque o credor j est definido e a administrao est efetuando o pagamento de dvida certa a um credor certo.

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    Existe alguma peculiaridade relacionada doao de imvel? Sobre doao de imveis (alnea b citada acima), o 1 do art. 17 determina que cessadas as razes que justificaram a sua doao, revertero ao patrimnio da pessoa jurdica doadora, vedada a sua alienao pelo beneficirio. A partir desse dispositivo, pode-se concluir que o administrador deve justificar o motivo pelo qual promove a doao do bem, e, uma vez cessada a causa ou o motivo que a justificou, o imvel deve ser devolvido ao rgo doador. Essa regra impede que o beneficirio da doao possa alienar o imvel doado. Se a ele no for dada adestinao que justificou a doao, a administrao que realizou a doao deve promover o retorno do bem. Uma das hipteses de dispensa da licitao a de investidura. No art. 17, 3, a prpria lei define investidura nos seguintes termos:

    Art. 17. (...) 3. Entende-se por investidura, para os fins desta lei. I - a alienao aos proprietrios de imveis lindeiros de rea remanescente ou resultante de obra pblica, rea esta que se tornarinaproveitvel isoladamente, por preo nunca inferior ao da avaliao e desde que esse no ultrapasse a 50% (cinquenta por cento) do valor constante da alnea a do inciso II do art. 23 desta lei;

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  • II - a alienao, aos legtimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao poder pblico, de imveis para fins residenciais construdos emncleos urbanos anexos a usinas hidreltricas, desde que considerados dispensveis na fase de operao dessas unidades e no integrem a categoria de bens reversveis ao final da concesso.

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    E em relao aos bens mveis, quando a licitao dispensada? A Lei de Licitaes, em seu art. 17, II, exige a realizao de avaliao prvia sempre que bens mveis vierem a ser alienados, sendo dispensada a licitao nos seguintes casos:

    a) doao, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, aps avaliao de sua oportunidade e convenincia socioeconmica, relativamente escolha de outra forma de alienao; b) permuta, permitida exclusivamente entre rgos ou entidades da administrao pblica; c) venda de aes, que podero ser negociadas em bolsa, observada a legislao especfica; d) venda de ttulos, na forma da legislao pertinente; e) venda de bens produzidos ou comercializados por rgos ou entidades da administrao pblica, em virtude de suas finalidades; f) venda de materiais e equipamentos para outros rgos ou entidades da administrao pblica, sem utilizao previsvel por quem deles dispe.

    A licitao dispensada est sempre relacionada alienao de bens? Feitas essas consideraes acerca da licitao dispensada, podemos concluir que essas hipteses de contratao direta esto sempre relacionadas alienao de bens mveis ou imveis. Passaremos a tratar das hipteses de contratao direta mais frequentemente verificadas no mbito da administrao, como a licitao dispensvel.

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    O administrador pode, por analogia, criar outras hipteses de licitao dispensvel alm daquelas expressamente indicadas no art.24?

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  • O art. 24 da Lei de Licitaes prev as hipteses em que o administrador pode deixar de realizar a licitao. Nesse artigo da lei soindicadas vrias situaes que legitimam a contratao direta sem licitao. da mais alta importncia observar que as hipteses previstas nesse dispositivo no podem ser ampliadas pelo administrador. uma lista fechada que no admite, a pretexto de interpretaes extensivas ou analogias, a criao de hipteses no autorizadas pelo legislador.

    As hipteses de licitao dispensvel podem ser subdivididas?

    As hipteses de licitao dispensvel podem ser divididas em quatro categorias (conforme ensinamentos de Maria Silva Zanella di Pietro, obracitada, pg. 266), em razo dos critrios indicados a seguir:

    a) o valor; b) as situaes excepcionais; c) o objeto; e d) a pessoa.

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    Quais os limites para contratar sem a realizao de licitao? Em razo do valor, dispensvel a licitao para obras e servios de engenharia cujos custos sejam de at R$ 15.000,00 (quinze mil reais), desde que no se refiram a parcelas de uma mesma obra ou servio ou ainda de obras e servios da mesma natureza e no mesmo local, de forma que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente. Tambm se dispensa a licitao no caso de compras e outros servios que no ultrapassem R$ 8.000,00 (oito mil reais), desde que no se refiram a parcelas de um mesmo servio ou compra de maior vulto que possa ser realizada de uma s vez. Os valores acima indicados encontram-se definidos na Lei n 8.666/93. Nada impede, porm, que estados ou municpios, por meio de leis prprias, estabeleam limites mais reduzidos. No podem, no entanto, jamais fixar valores mais elevados. O legislador se preocupou em conceituar obra, servio e compra (art. 6, incisos I, II e III) cada uma, modalidade de contrato. Assim, para os fins da lei de licitaes e contratos, deve-se entender por:

    I - Obra - toda construo, reforma, fabricao, recuperao ou ampliao, realizada por execuo direta ou indireta; II - Servio - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a administrao, tais como: demolio, conserto, instalao, montagem, operao, conservao, reparao, adaptao, manuteno, transporte, locao de bens,publicidade, seguro ou trabalhos tcnico-profissionais; III - Compra - toda aquisio remunerada de bens para fornecimento de uma s vez ou parceladamente.

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    Por que o pequeno valor do contrato constitui fundamento para desobrigar a realizao da licitao? Nesses casos, o legislador pode entender que, em razo do pequeno valor, no se justifica a realizao de licitao. sabido que o processo licitatrio gera nus para a administrao, de modo que o custo de sua realizao no justificaria os benefcios que sua execuo traria. Por outro lado, apesar de no haver obrigatoriedade da licitao, recomendvel que o administrador faa um levantamento de preos para garantir que os valores pagos a seu fornecedor sejam compatveis com o mercado. A pesquisa feita pelo administrador deve ser anexada aos autos do processo de dispensa de licitao. Sendo o pequeno valor fundamento para a contratao direta, por que o administrador no fraciona todos os seus contratos de modo que as parcelas possam ser todas contratadas sem licitao? A Lei de Licitaes explcita a esse respeito e no deixa margem a dvidas sobre a impossibilidade do fracionamento ou do desmembramento de partes de uma mesma obra, compra ou servio para enquadr-lo nos limites de dispensa. O fracionamento, entretanto, no totalmente vedado. O que se probe, a rigor, o fracionamento com o intuito de evitar a licitao exigida pela legislao.

    O art. 23, 5, da Lei de Licitaes trata da questo do fracionamento:

    Art. 23. (...) 5. vedada a utilizao da modalidade de convite ou tomada de preos, conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou servio, ou ainda para obras e servios da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatrio de seus valores caracterizar o caso de tomada de preos ou concorrncia, respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza especfica que possam ser executadas porpessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou servio.

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    Existe algum tratamento especial relativo a empresas pblicas, a sociedades de economia mista ou a alguma outra entidadeadministrativa que legitime a contratao sem licitao? Os valores indicados nos incisos I e II do art. 24, j citados, so duplicados quando se tratar de sociedade de economia mista ou empresa pblica, assim como de fundao ou autarquia, qualificadas como Agncias Executivas. Assim, para todo e qualquer rgo ou entidade da administrao, a licitao dispensvel se os valores forem inferiores a R$ 8.000,00 e a R$ 15.000,00 para os contratos respectivamente indicados no incisos I e II do art. 24. Para as entidades listadas no pargrafo nico do art. 24 (vide dispositivo legal), os limites inferiores para a dispensa de licitao

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  • passam a ser, para os mesmos contratos, de R$ 16.000,00 e R$ 30.000,00, respectivamente. Existem situaes especiais que justifiquem a dispensa de licitao? Quais so? Em razo de situaes excepcionais, de emergncia ou de calamidade pblica, por exemplo, a lei dispensa a licitao. A motivao da dispensa est na razo direta dos prejuzos administrao ou comunidade que uma demora do procedimento de licitao pode acarretar em situaes especiais. Nesses casos, a licitao incompatvel com a urgncia na execuo do contrato. Os casos de emergncia ou de calamidade pblica esto previstos no inciso IV do art. 24. A lei dispensa a licitao em casos de guerra ou grave perturbao da ordem (art. 24, III).

    Assista o vdeo

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    O que vem a ser licitao frustrada ou deserta? Frustrada a licitao, que condies devem estar presentes para que seja celebrado o futuro contrato sem licitao? Caracteriza, tambm, uma situao excepcional aquela em que no acudirem interessados licitao anterior e essa, justificadamente, no puder ser repetida sem prejuzo para a administrao, mantidas, nesse caso, todas as condies preestabelecidas (art. 24, V). Essa hiptese usualmente denominada de licitao deserta ou frustrada. Portanto, uma licitao deserta aquela que no foi realizada por total falta de interesse do mercado, pois nenhum pretendente apresentou proposta. Para uma licitao deserta justificar a contratao direta necessrio que o contrato a ser celebrado siga os exatos termos do edital da primeira licitao. Explicando melhor: o edital de licitao contm a descrio do objeto a ser contratado, portanto, a contratao sem licitao s pode ser feita mantidas as caractersticas do edital. Se a administrao entender que tais detalhes so efetivamente desnecessrios e os retirar do edital, deve fazer nova licitao. Lembramos que a contratao sem licitao, fora das hipteses autorizadas em lei, enseja a responsabilizao penal, administrativa e civil do administrador. Licitao fracassada a mesma coisa que licitao frustrada? A licitao fracassada tambm autoriza a contratao direta? Como bem observa Maria Sylvia Zanella di Pietro (obra citada. pg. 268), a licitao deserta no se confunde com a licitao fracassada. Na licitao caracterizada como deserta ningum chegou a apresentar documentao para participar da licitao. Na fracassada, houve manifestao de interesse, foram apresentadas propostas, porm, todas foram inabilitadas ou desclassificadas, no restando nenhuma proposio que pudesse ser aproveitada pela administrao. A licitao fracassada est especificada no inciso VII do art. 24.

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    Quais condies devem estar presentes para que a ocorrncia de licitao fracassada autorize a contratao direta? Maral Justen Filho (obra citada, pg. 227) afirma que a contratao sem licitao autorizada pelo inciso VII do art. 24 pressupe a verificao de trs condies: - a primeira reside na apresentao de propostas inadmissveis; - a segunda reside no insucesso da providncia do art. 48, 3; - a terceira seria a existncia de particular interessado disposto a contratar pelo preo adequado. O art. 48, 3, dispe nos seguintes termos:

    Art. 48. (...)

    3. Quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas as propostas forem desclassificadas, a administrao poder fixar aos licitantes o prazo de oito dias teis para a apresentao de nova documentao ou de outras propostas escoimadas das causas referidas neste artigo, facultada, no caso de convite, a reduo deste prazo para trs dias teis.

    Assim, uma licitao fracassada autoriza a contratao sem licitao quando, aps a inabilitao ou desclassificao de todos os licitantes, a administrao oferea aos licitantes excludos chance de apresentar novas propostas, e nenhum aceite.

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    Se for iniciada a execuo do contrato e seu objeto no for concludo, o remanescente pode ser contratado sem uma nova licitao? Em que condies pode ser feita essa contratao sem licitao? A contratao de remanescente de obra, servio ou fornecimento, em consequncia de resciso contratual ( possvel) desde que atendida a ordem de classificao da licitao anterior e aceitas as mesmas condies oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preo, devidamente corrigido (art. 24, XI). Para elucidar essa questo, imaginemos, por exemplo, que tenha sido realizada licitao para fornecimento de caf, e as propostas classificadasforam: Empresa A preo R$ 2,00; Empresa B preo R$ 3,00;

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  • Empresa C preo 5,00. O fornecimento deveria ocorrer no perodo de um ano, nos termos fixados no edital. Aps 3 meses do incio da execuo do contrato, em decorrncia de constantes e sistemticos atrasos, o contrato celebrado pela administrao com a empresa A foi rescindido. A administrao, querendo, poderia proceder nova licitao. Pode, no entanto, preferir convocar as empresas B e C, nessa ordem, para saber se tm interesse em contratar o remanescente do fornecimento. Se qualquer delas aceitar, o novo contrato deve ser celebrado nos mesmos termos do contrato rescindido, inclusive quanto ao preo: R$ 2,00. A administrao no pode, no entanto, obrig-las a contratar por preos que no tenham apresentado e no tenham constado em suas propostas. H outras situaes especiais que justifiquem a contratao sem licitao? Outras hipteses de contratao direta admitidas pela legislao ocorrem em situaes excepcionais: - quando a Unio intervm no domnio econmico para regular preos ou normalizar o abastecimento (art. 24, VI); - quando h possibilidade de comprometimento da segurana nacional (art. 24, IX); - para a aquisio de bens ou servios nos termos de acordo internacional especfico aprovado pelo Congresso Nacional (art. 24, XIV); e - nas compras ou contrataes de servios para abastecimento de navios, embarcaes, unidades areas ou tropas e seus meios de deslocamento, quando em estada eventual de curta durao em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentao operacional (art. 24, XVIII).

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    O prprio objeto do contrato pode justificar a contratao sem licitao? Quais seriam essas hipteses? Em razo do objeto, a lei torna dispensvel a realizao de licitao, em primeiro lugar, para a compra ou locao de imvel destinado ao atendimento das finalidades precpuas da administrao, cujas necessidades de instalao e localizao condicionem a sua escolha, desde que o preo seja compatvel com o valor do mercado (art. 24, X). igualmente dispensvel a licitao, em decorrncia de seu objeto, nas compras de hortifrutigranjeiros, po e outros gneros perecveis, no tempo necessrio para a realizao dos processos licitatrios correspondentes, realizadas diretamente com base no preo do dia (art. 24, XII). Nessa hiptese, por se tratar de contrato de compra, ainda que no seja realizada a licitao, devem ser obedecidas as regras relativas a esse contrato constantes nos arts. 14 a 16 (indicao de recursos oramentrios, divulgao mensal da lista de compras realizadas e outras). O inciso XV do mesmo art. 24 prev a dispensa da licitao para a aquisio ou restaurao de obras de arte e objetos histricos, de autenticidade certificada, desde que compatveis ou inerentes s finalidades do rgo ou entidade. Pode ser observado que esse dispositivocontm duas hipteses: aquisio e restaurao. Quanto ltima, a Constituio Federal (art. 216, 1) disciplina, inclusive como obrigao do poder pblico, a preservao do patrimnio cultural brasileiro. Relativamente compra, que tambm se enquadra como forma de preservao do

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  • patrimnio artstico, histrico ou cultural, deve ser perfeitamente demonstrado o interesse pblico na aquisio daquela obra de arte ou daquele objeto histrico, de modo que no sejam infringidos os princpios da impessoalidade e da moralidade. Assim, por mais que determinado administrador aprecie a produo artstica de seu filho, filha ou cnjuge, por exemplo, seria difcil, luz dos princpios da administrao, explicar que grande quantidade de peas artsticas tenham sido adquiridas, sem licitao, de parentes do administrador.

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    Em contrato para aquisio de bens foi indicado que ocorreria a perda da garantia de fbrica se no fossem adquiridas peas originais de reposio. Se houver a necessidade de compra dessas peas, a licitao deve ser feita? No segundo mdulo deste curso, em que sero estudados os contratos administrativos, analisaremos que, nas compras, os fornecedores so obrigados a assegurar um prazo de garantia dos produtos fornecidos. Nesses termos, muitas vezes, para no perder a garantia relativa assistncia tcnica do produto, torna-se obrigatria a compra de determinadas peas de reposio. Nesses casos, o inciso XVII do art. 24 determina que dispensvel a licitao para a aquisio de componentes ou peas de origem nacional ou estrangeira, necessrios manuteno de equipamentos durante o perodo de garantia tcnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condio de exclusividade for indispensvel para a vigncia da garantia. As Foras Armadas possuem algum tratamento especial para a aquisio de bens ou materiais? Existe ainda algum tratamentofavorecido quando a aquisio de bens for realizada em funo de pesquisas cientficas? A compra de bens ou materiais para as Foras Armadas, com exceo de materiais de uso pessoal e administrativo (art. 24, XIX), pode ser objeto de dispensa de licitao. Tambm se inclui nesse caso a aquisio de bens destinados exclusivamente pesquisa cientfica e tecnolgica com recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituies oficiais credenciadas pelo CNPq (art. 24, XXI).

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    Em funo de peculiaridades da pessoa que contratada, a licitao pode ser dispensvel? A licitao , finalmente, dispensvel em razo da pessoa. Sob esse fundamento, a contratao pode ser efetuada, em primeiro lugar, sem a realizao de licitao, visando :

    aquisio, por pessoa jurdica de direito pblico interno, de bens produzidos ou servios prestad