curso de pÓs-graduaÇÃo lato...

52
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA HABILIDADES METALINGUÍSTICAS E ALFABETIZAÇÃO ESPÍRITO SANTO

Upload: buitu

Post on 07-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

APOSTILA HABILIDADES METALINGUÍSTICAS E

ALFABETIZAÇÃO

ESPÍRITO SANTO

Page 2: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

2

LINGUAGEM

http://4.bp.blogspot.com/-si_KL5bgJn0/UHhWNRSDUKI/AAAAAAAAAu8/osOOIJETUjA/s1600/linguagem.jpg

O termo linguagem durante muito tempo, pensou-se que ela era uma invenção

cultural, o que diferenciava o homem dos outros animais. Mesmo sendo considerado ainda

um diferencial entre homens e animais a linguagem não é exatamente um produto da cultura,

é uma habilidade que desenvolvemos por instintos. Mesmo sem instrução formal ou esforço

consciente, ainda bebês aprendemos a falar. Com o passar do tempo, essa habilidade vai

se desenvolvendo e, sem percebermos, logo passamos da produção de palavras soltas à

produção de textos cada vez mais complexos.

Nosso universo social é repleto de símbolos. São placas, textos, objetos, gestos,

imagens, etc. É por meio da linguagem que conseguimos relacionar esses símbolos para

interagir com nossos semelhantes, refletir sobre a realidade, transmitir valores,

conhecimento... Enfim, relacionando símbolos, produzimos sentido.

Page 3: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

3

ALGUMAS DEFINIÇÕES DE LINGUAGEM

Herculano de Carvalho (Teoria da Linguagem): Uma atividade simultaneamente

cognoscitiva e manifestativa, realizada pela manifestação de um sistema de duplos sinais,

que apresentam fisicamente como objetos sonoros produzidos pelo aparelho fonador do

homem.

https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSq231JSEJktq_pBi6Yw_v1z7uwzWInciIuST-K5kBy1cKqCW6A

Sapir (Lenguaje): Um método exclusivamente humano e não-instintivo de comunicar

ideias, emoções e desejos por meio de um sistema de símbolos produzidos de maneira

deliberada. Estes símbolos são antes de tudo auditivos, e são produzidos pelos chamados

“órgãos da fala”.

Marouzeau (Lexique de la terminologie linguistique): Tout système de signes apte à

servir de moyen de communication entre les individus. (...) Le langage auditif, fondé

essentiellement sur l’usage de la voix (...).

L. Carreter (Dicionário de términos filológicos): 1. Facultad que el hombre posee de

poder comunicar sus pensamientos. 2. Cualquier sistema que sirve al hombre para el

ejercicio de dicha facultad. (...) El lenguaje auditivo, correlativo de la facultad de hablar (por

lo que se llama también lenguaje hablado o articulado) (...)

Page 4: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

4

Mattoso Câmara (Dicionário de Filologia e Gramática): Faculdade que tem o homem

de exprimir seus estados mentais por meio de um sistema de sons vocais chamado língua

José Oiticica (Manual de análise léxica e sintática):

Linguagem é a manifestação do pensamento ou do sentimento.

Fala é a linguagem por sinais auditivos fisiológicos (voz e consonâncias).

Mímica é a linguagem por sinais visuais gesticulados.

Semafórica é a linguagem por sinais auditivos ou visuais, mecânicos (apito,

corneta, poste semafórico, etc.).

Língua é um sistema de linguagem.

Linguística é o estudo dos fatos da linguagem.

Gramática é a exposição dos fatos de uma língua.

A linguagem se divide em não verbal e verbal.

LINGUAGEM NÃO VERBAL

Utiliza imagens para realizar a comunicação.

Exemplos: sinais de trânsito, placas de sinalização, gestos, etc. Observe que uma placa de

transito comunica algo mesmo sem utilizar palavras. Assim, essa placa de trânsito é um

exemplo de texto não verbal.

https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcReaZbQnMiQxCo56-fImpM_oVT_OygN4ri0e4awoJyqXFcMVzdf8w

Page 5: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

5

NOÇÕES CONCEITUAIS, CARACTERÍSTICAS E TIPOLOGIA DA

COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL

Muito antes de aprenderem a comunicar com as palavras, os nossos ancestrais

recorriam à linguagem corporal como forma de expressão. Os seres humanos primitivos

comunicavam através dos seus corpos, gestos e sons, meios que dispunham para um

entendimento mútuo, portanto a comunicação ocorria através de canais não-verbais.

Antes disso, a linguagem corporal e os sons produzidos pela garganta eram as

principais formas de transmissão de emoções e sentimentos humanos – e continuam sendo

até hoje, embora a excessiva atenção dada às palavras faça com que sejamos

profundamente desinformados a respeito da linguagem do corpo e da importância que ela

tem em nossas vidas (Allan e Pease 2004: 16 e 17).

Henry H.Calero, na sua obra “The Power of Non verbal Communication” também faz

referência à extrema importância atribuída à comunicação verbal, em detrimento da

comunicação não-verbal referindo que “we are excessively sensitized to words and have

very few terms for characterizing nonverbal behavior” (Calero 2005: 3). Tal como as nuvens

que cobrem o sol, também a comunicação verbal faz o mesmo à linguagem do corpo.

https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQgLa_DB6fwSs8UwISz_Y0ghd8c5Jdsc135hxq95LMKOTXkxqQg

Tal é o facto que a preocupação científica pela comunicação não-verbal é ainda muito

recente. Apenas em 1950 é que se começou a aprofundar verdadeiramente este campo. No

entanto, existem alguns autores e obras anteriores a esta data que estabelecem conexões

entre a cultura e a comunicação não-verbal (Darwin, 1872; Efron, 1941) ou entre a

personalidade e as formas do corpo (Kretschmer, 1925; Sheldon, 1940). Entre 1950 e 1960

Page 6: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

6

surgem as primeiras tipologias: Birdwhishtell (1952) introduziu a cinésica, área que estuda

os movimentos corporais e os gestos, Hall (1952) batizou como “proxémica” a investigação

sobre o uso do espaço.

Só a partir de 1960 é que o interesse pela comunicação não-verbal aumenta de forma

considerável. Hess (1975), Argyle e Cook (1976) dão início a um novo campo de estudo: o

comportamento e a comunicação do olhar; Roach e Eicher (1969) investigam a comunicação

não-verbal do vestuário e dos artefatos; Montagu (1971) aborda o estudo da conduta táctil;

Hall (1972) e Weiner (1966, 1967) analisam o valor comunicativo dos odores; Ekman e

Friesen (1969) aprofundam o estudo acerca das origens e natureza da comunicação não-

verbal; por sua vez Mehrabian (1971) investiga como os indivíduos interpretam os sinais

não-verbais da comunicação.

De considerar ainda que, se tivermos presentes os estudos de Mehrabian e

Birdwhistell – que defendem que numa comunicação normal entre duas pessoas apenas 7%

da mensagem é verbal (apenas palavras), enquanto os restantes 93% é não verbal (Ver

figura 1) – podemos constatar que, de facto, se tem deixado um pouco de lado os estudos

de uma linguagem também amplamente significativa. Verifica-se assim, que a comunicação

não-verbal é fortemente responsável pela eficácia de um determinado ato comunicativo.

Ilustração1: A importância das mensagens não-verbais na percepção de Mehrabian (Monteiro et al. 2008: 59)

© Produção Gráfica Pessoal

Entende-se por comunicação não-verbal toda a comunicação que é realizada com a

ausência das palavras, nomeadamente através de sinais que produzimos, de gestos que

Page 7: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

7

fazemos, de imagens que criamos, etc. Segundo Calero, “our senses of touch, taste, seeing,

hearing, smells, signs, symbols, colors, facial expression, gestures, and intuition are the

primary sources of the nonverbal messages we receive” (Calero 2005:1).

Na visão de Lusting e Koester “a comunicação não-verbal é um processo de

multicanais que é, usualmente, realizado espontaneamente. Envolve um conjunto sutil de

comportamentos não linguísticos que são representados subconscientemente” (Lusting e

Koester citado por Ribeiro e Guimarães 2009: 6).

https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSV7qX98ohaeRQbI7ubo-

Wynxe3XTiUKufSKGW56eEyPSVODTQTBA

Sendo inconsciente e espontânea a comunicação não-verbal pode assim estar

presente em todos os momentos das relações pessoais, até a decisão de não falar, por

exemplo numa conversa, é uma mensagem, e considerada não-verbal. Como explica

Gaiarsa “cada modo de estar em silêncio pode significar tanto quanto uma declaração verbal”

(Gaiarsa 2002: 1).

Por outro lado, para além de ser usada, em grande parte, involuntariamente, ela pode

também ser usada de forma propositada e estratégica. Conforme os estudos realizados por

Allan e Barbara Pease, por detrás dos sorrisos, gestos, expressões faciais é possível

identificar a verdadeira intenção de uma pessoa, uma vez que detectamos muitas das vezes

incoerência entre a mensagem verbal e não-verbal. Portanto, todo o nosso corpo fala. Ele

manifesta e expressa diversas mensagens, não apenas à base de palavras, mas através de

expressões faciais (olhos, lábios), gestos com as mãos, postura física, ritmo do corpo

Page 8: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

8

(caminhar, correr), transparecendo e comunicando, muitas das vezes informações

importantes sobre um determinado indivíduo sem sequer recorrer ao uso das palavras. “A

expressão verbal nem sempre possui a clareza das palavras, mas é carregada de

significado” (Beirão et al. 2008: 21).

http://www.jornaldastribos.com.br/wp-content/uploads/2013/08/arvore.jpg

De facto, os sinais não-verbais tornam a comunicação verbal mais autêntica, mais

rica e significativa. Eles são os principais meios de expressão e comunicação das emoções,

atuando como uma bomba de escape para os nossos sentimentos - “Not only do people

unconsciously use words to conceal their feelings, they also unknowingly reveal what they

feel through their body language - especially during times when they are under stress” (Calero

2005: 4).

Allan e Barbara Pease na obra “Linguagem corporal” apresentam alguns exemplos

acerca de como a linguagem corporal transmite para o exterior o estado emocional de uma

pessoa, e de como um simples gesto pode ser um indicador valioso de uma emoção que se

esteja a experimentar no momento.

Um homem preocupado com o facto de estar a ganhar peso poderá beliscar uma

prega de pele sob o queixo; uma mulher que se apercebeu de ter ganho uns quilinhos

nas coxas poderá alisar o vestido ao longo das pernas; a pessoa que se sente

receosa ou defensiva poderá cruzar os braços, as pernas, ou ambos (Allan e Pease

2009: 3).

Page 9: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

9

A comunicação não-verbal também aumenta o feedback, dado que ela pode ser

usada para acentuar, complementar, contradizer, regular ou substituir a comunicação verbal.

De acordo com Lusting e Koester “as expressões não-verbais são usadas para acentuar

uma mensagem verbal ao destacar uma palavra ou frase em específico, do mesmo modo,

como na adição dos itálicos nos discursos escritos” (Lusting e Koester citado por Ribeiro e

Guimarães 2009: 4).

http://1.bp.blogspot.com/-UTouTEVsuCA/TrXhiLjN7XI/AAAAAAAAAIU/UFzSDXVhBMA/s1600/Palavras.jpg

Benitez acrescenta que ela também é usada para esclarecer, explicar, reforçar e

repetir as mensagens orais, complementando-as, ao confirmar, por exemplo, o conteúdo de

enunciado verbal. É o caso de mover a cabeça para a direita e para a esquerda quando

queremos expressar negação acompanhando o enunciado “Não, não, não é nada disso”

(Benitez 2009: 5).

Substituir a comunicação verbal pode também ser uma das funcionalidades da

comunicação não-verbal. Isto acontece mediante gestos manuais como, por exemplo, pedir

a alguém que se aproxime, que nos traga a conta ou até para indicar o agrado/desagrado

perante alguma coisa. “Uma mulher pode lançar a um homem um “olhar à matadora”, que

lhe transmitirá uma mensagem muito clara, sem ela ter sequer de abrir a boca” (Allan e

Pease 2009: 31).

Page 10: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

10

Portanto, a comunicação não-verbal assume, de facto, extrema importância para

enriquecer as mensagens orais, complementando-as. Ela é até considerada, segundo

alguns especialistas, mais sincera do que as palavras. “Body language is an outlet for your

feelings is more reliable than verbal communication and may even contradict verbal

expressions” (Alessandra 2006: 2).

LINGUAGEM VERBAL

Comunica por meio de palavras escritas ou faladas.

Exemplos: uma carta, um relatório, uma conversa pelo telefone, etc. Nesse exemplo,

mesmo sendo uma placa de trânsito, observamos o uso da linguagem verbal. A informação

foi passada por meio de palavras.

https://afalu.files.wordpress.com/2015/01/afasia.jpg

Page 11: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

11

ALGUNS TERMOS NECESSÁRIOS: A CONTRIBUIÇÃO

PRIMEIRA DE KARL BÜHLER OUTRAS ESCOLAS

Em conformidade com os estudos de Hjelmslev sobre as funções da linguagem,

podemos entender que haja uma “dependência” intrínseca entre duas unidades linguísticas,

de tal sorte que, se se estabelecer, em uma delas, determinada “mudança” (cf. Mattoso),

provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o centro de

enfoque de uma certa mensagem, há de variar, consequentemente, o significado (daí

podermos chamar as funções de “covariações significativas”, cf. Dinneen) daquela

mensagem.

https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSGVCMEaL29RR0hAq82w0mP92pjT59VykRakVSk-BGJ7FAQ725f

Karl Bühler - Teoria da Linguagem -, antes baseado na parole do que na langue,

supõe a existência de um “Organon”, depreendido, assim digamos, do circuito emissor-

receptor, concluindo pelas três funções básicas, expressas pela substância fônica, de que

se serviria o falante:

1- Expressão

2- Apelo (atuação social) e

3- Representação mental.

Page 12: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

12

A função de apelo é decorrência natural do fato de o emissor estar-se dirigindo

obrigatoriamente a outra(s) pessoa(s) - como demonstramos, não nos parece ser esta a

função primordial da linguagem. O Autor ressalta a importância, para isso, dos

demonstrativos (al. Zeigend, “gestos verbais”, cf. Kainz, ou também denominados index,

elementos de espacialização), cuja função é “mostrativa” (cf. Mattoso), em cotejo com os

signos de nomeação (al. Nennend ou também ícones, elementos de definição; os conectivos

seriam, em tal nomenclatura, elementos índice-icônicos - menção ao memorável artigo de

Mônica Rector Toledo Silva, de onde retiramos a nomenclatura, e seus conceitos, acima

exposta, “Classes de palavras e categorias semânticas”, Estudo de Linguística e língua

portuguesa, Série Letras e Artes, 05/74, Cadernos da PUC/RJ), além dos imperativos, e

mesmo das orações optativas etc.

Seria uma forma exclusiva de manifestação humana a função representativa (na

medida em que o apelo e a expressividade cabem igualmente às demais espécies), que,

portanto, exerce inequívocas influências sobre as demais funções. É o que Conseguiu

chamou de “saber extralinguístico”, isto é, uma “competência” que abarcaria, além dos

mecanismos próprios para a formulação de uma língua, também a capacidade de um recorte

necessário, - e mais ou menos amplo, - do ambiente biossocial, ou, de acordo com Cassirer,

do “mundo dos objetos” (seria interessante comparar-se, aqui, este trabalho às

Investigações Filosóficas de Wittgenstein, onde o objeto e seu nome ganham, ao

comparar-se este com aquele, matizes de todo novos).

https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT8lboWtrdp-k6EO4cgkGFC8_UfNSUHT8PFllN3g6Hz-dzJ2GI4Ug

Linguistas como Lyons veem na reflexividade da língua, isto é, na faculdade de poder

falar sobre si mesma - i.é., a função metalinguística - o fator de supremacia da linguagem

(humana). Por fim, tanto para Mattoso Câmara quanto para Cassirer e Bühler, estaria ali, na

Page 13: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

13

função representativa, a diferença capital entre a linguagem dos homens e as formas de

comunicação dos animais: há, naquela, por meio de duas articulações (cf. Martinet), um

signo linguístico (cf. Saussure) que apresenta caracteres de permanência em relação ao

significado e à divisibilidade (q.v. também nosso capítulo II).

O campo da normatividade gramatical estudaria a língua enquanto veículo

representativo, ao passo que à estilística caberia a perquirição dos “valores” (na acepção de

Guiraud e Bréal, não na de Saussure e Bally) psíquicos (expressivos e emotivos) e apelativos

do signo. Em nosso capítulo V, mostramos como se unem, para a consecução de um ideal

artístico, essas duas vertentes, por assim dizer, complementares.

https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQO9KlaljcmyVSpWIQ9bdbETzG1J_QLXXn9BVvYscuv79X75qsl

Dessa forma, em síntese, assim dispôs Bühler:

Função representativa (representação mental): engloba a forma como

transmitiremos a outrem a nossa compreensão (nosso recorte particular) do mundo.

Função de exteriorização psíquica (manifestação): expedientes de que dispomos a

fim de veicularmos nossos estados emocionais ou psíquicos.

Função apelativa (apelo): como atuamos sobre o próximo na vida que

compartilhamos linguisticamente.

O próprio Bühler alteraria, mais tarde, conforme leciona Antônio Gomes Penna

(“Comunicação e Linguagem”, Rio de janeiro/Lisboa, Fundo de Cultura, 1970), assim:

funções simbólica, de sintoma e de sinal.

Page 14: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

14

Roman Jakobson parte dos enfoques de Bühler, adotando, todavia, denominações

diferentes; quais sejam: 1) função referencial, denotativa ou cognitiva (a representativa), 2)

função emotiva ou expressiva (a de manifestação) e 3) função conativa (ou apelativa).

Acrescenta: 4) função fática, 5) função metalinguística e 6) função poética. Estas três

últimas, estaremos abordando-as melhor no capítulo IV. Faremos, em tal capítulo, arrazoado

das funções segundo Jakobson, sendo nossos exemplos, - posto que um tanto ou quanto

incipientes e acanhados, - bastantes à ilustração do quanto nos dispusemos abordar.

https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRtee1K2BioF1135nDFWqYhdZbhiJRHrlPvMNDsaStadbShC0m1

Convém ressaltar outros esquemas apresentados, como o de Ogden e Richards - O

significado de significado -, assim disposto quanto às funções:

a) Simbolização da referência;

b) Expressão de atitude em face do ouvinte;

c) Expressão de atitude em face do referente;

d) Promoção dos efeitos pretendidos;

e) Apoio de referência.

Halliday contribui com a seguinte nomenclatura:

Ideacional: relação com experiências que o indivíduo tem do mundo;

Interpessoal: manutenção das relações pessoais;

Textual: estabelecimento de vínculos da linguagem com ela própria.

Page 15: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

15

Martinet propõe a função comunicativa como o topo das demais de que se municia a

língua. Quanto aos grupos que, de propósito ou não, restringem seus campos comunicativos

a seus membros, utilizando, para tanto, jargões ou calões, Martinet aponta a função críptica,

com este fito, além de mencionar outras como a mágica (de ritos secretos ou envolvendo

tabus) e a lúdica etc.

https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSM3a8eZSVxW-RE5x-_TUz1iKISMqP-ZaNUzFcAniBwDdl_rT8mMg

A COMPLEMENTAÇÃO DE JAKOBSON A BÜHLER

EXEMPLÁRIO DA LITERATURA

José Lemos Monteiro, em artigo intitulado “O percurso da estilística” (in Língua,

Linguística e Literatura. Eduerj, RJ, 1998, Org. André Valente), assim nos diz:

Ao analisar as funções da linguagem, Jakobson ampliou o modelo proposto por

Bühler, estabelecendo a mais três funções, uma das quais denominou de poética.

Mas para Jakobson, “o estudo linguístico da função poética deve ultrapassar os

limites da poesia e, por outro lado, a análise linguística da poesia não pode

circunscrever-se à função poética”. Daí porque os recursos ou procedimentos que

divisa nas mensagens literárias aparecem também na linguagem da publicidade ou

Page 16: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

16

em qualquer manifestação linguística em que, de uma forma ou de outra, o usuário

exerça um domínio sobre a língua quando a emprega para fins expressivos.

Vamos, agora, passar à síntese orgânica das funções da linguagem segundo Roman

Jakobson, abordando aquelas em que Bühler, em princípio, não tocou: a fática, a

metalinguística e a poética.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo_legenda/573c398c80664d41dec4f1eb44c4faa6.jpg

Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se necessário o estudo

dos elementos da comunicação.

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

Emissor - emite, codifica a mensagem;

Receptor - recebe, decodifica a mensagem;

Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;

Código - conjunto de signos usados na transmissão e recepção da mensagem;

Page 17: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

17

Referente - contexto relacionado a emissor e receptor;

Canal - meio pelo qual circula a mensagem;

Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência

sobre a comunicação.

https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQgLa_DB6fwSs8UwISz_Y0ghd8c5Jdsc135hxq95LMKOTXkxqQg

Função emotiva (ou expressiva)

Centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece a 1ª

pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias,

poesias líricas e cartas de amor.

Função referencial (ou denotativa)

Centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informações da

realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular. Linguagem

usada nas notícias de jornal e livros científicos.

Page 18: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

18

Função apelativa (ou conativa)

Centraliza-se no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento do receptor.

Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa,

além dos vocativos e imperativos. Usada nos discursos, sermões e propagandas que se

dirigem diretamente ao consumidor.

https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcReaZbQnMiQxCo56-fImpM_oVT_OygN4ri0e4awoJyqXFcMVzdf8w

Função fática

Centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o

receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem das falas telefônicas, saudações e

similares.

Esta função tem como escopo o estabelecimento de contato - geralmente o primeiro

- entre interlocutores. O termo foi proposto por Malinowski. Faz, grosso modo, que

permaneçam abertas as possibilidades de manutenção do intercâmbio comunicativo, quer

seja abrindo-o, quer seja encerrando-o. O estudo da função fática surgiu com a observação

da linguagem dos deficientes, sendo também de proveniência da investigação da linguagem

infantil. É muito encontrada na literatura, sobretudo na dramaturgia, em que, por

necessidade, não raro, de se porem à frente do texto situações plausíveis de contatos do

Page 19: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

19

dia-a-dia, põem-se, pois, aquelas fórmulas - às vezes fossilizadas - de manejo hábil do

estabelecimento do contato de que há pouco falamos.

Sinal Fechado

Paulinho da Viola

Olá, como vai? Eu vou indo, e você, tudo bem? Tudo bem, eu vou indo, correndo, pegar meu lugar no futuro, e você? Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono

tranquilo, quem sabe? Quanto tempo... Pois é, quanto tempo... Me perdoe a pressa é a alma dos nossos negócios... Oh! não tem de quê. Eu também só ando a cem, Quando é que você telefona, Precisamos nos ver por aí. Pra semana, prometo, talvez nos vejamos, quem sabe? Quanto tempo... Pois é, quanto tempo...

Função poética

Centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor.

Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas

combinações. É a linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música, em

algumas propagandas etc.

Situa-se na mensagem, fazendo com que esta como que se volte para si mesma.

Passa-se a ter em vista cada signo daí retirado, lidando-se, portanto, não apenas com a

transmissão pura e simples daquela mensagem, senão que, também, com a arrumação

Page 20: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

20

daqueles signos, com uma escolha mais cuidada, mesmo em termos fônicos: visa à

integralidade da dicotomia significante-significado.

Passamos a exegese estilística de poema de João Cabral de Melo Neto, por cuja

habilidade se deram inúmeros recursos expressivos - sendo evidenciados os “valores” (cf.

Saussure) assumidos pelo signo linguístico, tanto no eixo paradigmático quanto no

sintagmático.

Intitulamos tal capítulo com o próprio título do poema por nós colimado.

É ele, como dito algumas vezes, a tentativa de argumentarmos que a estilística

depende da gramática, tanto quanto, num processo anterior de análise, a gramática

dependeu da estilística (ainda que então não definida às claras como disciplina) para firmar

as bases sobre as quais se sustém.

https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRD0RZTA2o-3OIbJioODMRtog4sMmFUaxIcSSb4AYQQCe2HMAGcVQ

Função metalinguística

Centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala

da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os

dicionários são repositórios de metalinguagem. Obs.: Em um mesmo texto podem aparecer

Page 21: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

21

várias funções da linguagem. O importante é saber qual a função predominante no texto,

para então defini-lo.

Centra-se no código, buscando decifrá-lo. Sua ocorrência maior é quando se faz

menção a uma palavra, seja para saber-lhe o significado, seja para utilizá-la no discurso

direto (ou indireto livre) etc. Tudo o que serve para dar explicações a respeito de um código

proferido é função metalinguística.

Ao Conde de Ericeira D. Luiz de Menezes, Pedindo Louvores ao Poeta não lhe Achando ele Préstimo Algum

Gregório de Matos

Um soneto começo em vosso gabo; Contemos esta regra por primeira, Já lá vão duas, e esta é a terceira, Já este quartetinho está no cabo. Na quinta torce agora a porca o rabo: A sexta vá também desta maneira, Na sétima entro já com grã canseira, E saio dos quartetos muito brabo.

Agora nos tercetos que direi? Direi que vós, Senhor, a mim me honrais, Gabando-vos a vós, e eu fico um Rei. Nesta vida um soneto já ditei, Se desta agora

escapo, nunca mais; Louvado seja Deus que

o acabei.

Page 22: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

22

EXPRESSÃO ORAL

https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT6IQi7YvKnurE99-SoF1-Mauy0vrqQieC3_Z14poaulTgGNwc1pw

A Expressão Oral é uma das formas pelas quais se opera a transmissão de ideias,

aliás, sendo a mais comum. É também a forma em que as pessoas mais erram em termos

de eficiência da comunicação. Trata-se da mensagem falada. Podemos dividir a palavra

falada, ou expressão oral, em alguns tópicos principais, os quais estudaremos com mais

detalhes em seguida.

DICÇÃO

A dicção, que consiste na “maneira de dizer ou falar com a articulação e modulação

corretas” é algo que deve receber especial dedicação por parte daqueles que desejam se

expressar melhor, pois a dicção, quando alcançada pelo Orador, torna a sua expressão oral

mais compreensível, e:

a) Aumenta a eficiência da argumentação do orador (pelo simples fato de que ele será bem

mais compreendido);

b) Cansa menos a plateia;

c) Melhora a imagem do orador perante seus ouvintes.

Page 23: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

23

No que diz respeito ao último item (“c”), não é preciso muito para explicá-lo, vez que

há aqueles cuja dicção é tão deficiente que passam, muitas vezes, como despreparados, o

que nem sempre corresponde à realidade, pois existem pessoas que, a despeito de muito

cultas, possuem problemas terríveis de dicção.

A questão é, enquanto cultura é algo que pode levar muito tempo para ser percebida

(na convivência profissional, política etc.), a má dicção leva apenas alguns segundos. Ora,

e o que os ouvintes associam a uma expressão oral má, em geral, é uma formação cultural

deficiente ou inferioridade intelectual.

Portanto, uma pessoa com má dicção terá, consequentemente, problemas no que

respeita à sua argumentação, pois encontrará barreiras à persuasão da plateia a que se

dirige. E isto se dá em razão de ter a sua autoridade diminuída em face da associação que,

como dito acima, os ouvintes fazem entre o intelecto e a expressão oral.

http://www.convictiva.com.br/2015/wp-content/uploads/2013/12/linguagem.jpg

ERROS MAIS COMUNS

a) troca de “pr” por “p + vogal + r”. Ex.: precisa por “percisa”.

b) omissão do “r” final ou vogal final. Ex.: Ao invés de vou buscar, usar “Vô buscá”.

Page 24: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

24

c) supressão de vogais internas: Ex.: leiteiro por “leitero”.

d) erro de colocação de consoantes. Ex.: iogurte por “iorgute”.

e) troca de consoantes. Ex.: Salsicha por “chalsicha” ou “chalchicha”.

VÍCIOS

Existem diversos vícios relativos ao vocabulário que, se não evitados, podem

comprometer a mensagem do orador e, até, sua própria imagem.

http://www.robertoavila.com.br/arquivos/images/elementos.gif

Page 25: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

25

Dentre os principais há que destacar-se:

Uso de palavrão ou gíria

Um dos mais tolos enganos que um orador pode cometer é imaginar que, ao usar

gírias ou palavrões irá se aproximar, ganhar intimidade com seus ouvintes. Pelo contrário, a

experiência demonstra que o uso de tal “recurso” apenas diminui o respeito e a credibilidade

em relação ao orador.

Obscuridade

Trata-se do uso inapropriado de termos (geralmente por não se saber o real

significado da palavra empregada) ou má colocação das palavras.

Cacofonia

Diz respeito à construção frasal de má sonoridade.

Ex.: “..um por cada...”, “...na boca dela”, “...gosto da cor vinho”, “...da vez passada”.

Vejamos um belo exemplo: “O Sr. Oscar Neiro irritou-se por ver na bocadela a cor vinho

na vez passada”.

Pleonasmo

É a redundância dos termos. Ex.: “subir para cima”, “descer para baixo”.

Chavões

O uso de chavões serve apenas como indicativo da falta de preparo do orador. É

necessário evitá-los ao máximo.

Ex.: “...o futebol é uma caixinha de surpresas...”

Page 26: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

26

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRNIglrtTM0PgLiQqkgCUfTA8M232Uakuoo6ud_raYfFFuC8Ye5Hw

Interpretar um texto não é simplesmente saber o que se passa na cabeça do autor

quando ele escreve seu texto. É antes inferir. Se eu disser: “Levei minha filha caçula ao

parque.”, pode-se inferir que tenho mais de uma filha. Ou seja, inferir é retirar informações

implícitas e explícitas do texto. Há de se tomar cuidado, entretanto, como o que chamamos

de “conhecimento de mundo”, que nada mais é do que aquilo que todos carregamos

conosco, fruto do que aprendemos na escola, com os amigos, vendo televisão, enfim,

vivendo. Isso porque, muitas vezes, uma questão leva o candidato a responder não o que

está no texto, mas exatamente aquilo em que ele acredita.

Contudo não basta retirar informações de um texto para responder corretamente as

questões ou entendimento do texto. É necessário saber de onde tirá-las. Para tanto, temos

que ter conhecimento da estrutura textual e por quais processos se passa um texto até seu

formato final de dissertação, narração ou descrição.

Tudo o que dizemos ou escrevemos em uma situação comunicativa é chamado de

enunciado. Na fala, os enunciados são delimitados pela entonação e, na escrita, pela

pontuação. Podemos identificar três tipos de enunciados a frase, a oração e o período.

Page 27: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

27

FRASE

O enunciado “Você de novo! ” está repleto de sentido, por isso é chamado de frase.

Para construir uma frase, o enunciado não precisa ser extenso. Desde que tenha sentido

completo em um contexto específico, uma simples palavra pode funcionar como frase.

Assim, as frases podem apresentar verbo ou não.

ORAÇÃO

Chama-se oração o enunciado construído necessariamente com um ou mais verbos.

Veja alguns exemplos:

Fiquem parados!

Estamos esperando a hora do almoço.

https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSrP15Z65QOey6QEWPl5vPOdBgyc-lY8NTGhuNoLUMiagnI9rzL

Page 28: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

28

PERÍODO

Período é um enunciado construído de uma ou mais orações. Se o período apresenta

apenas uma oração, é chamado simples. O período é composto quando é formado por mais

de uma oração.

Exemplo: Chegamos / todavia estava muito cedo.

http://1.bp.blogspot.com/-xpNL9sQK6eo/T81FM4IW-JI/AAAAAAAACIQ/47y0SELDEyI/s1600/capoliglota.jpg

PARÁGRAFO

Os períodos se organizam em parágrafos. Mas, diferente do período, o parágrafo não

é uma organização essencialmente sintática. Ele tem uma função estética e também

estrutural.

O parágrafo é identificado no texto pelo seu início afastado da margem do papel, o

que facilita tanto ao escritor como ao leitor, percebê-lo de forma isolada para que de modo

analítico, capte as ideias principais do texto e posteriormente, sintetizá-las compreendendo

então o texto num todo. Ele avisa o leitor de que está começando outro bloco de ideias,

relacionado com o anterior e o posterior, se houver.

Page 29: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

29

O parágrafo é recurso visual, pois o nosso pensamento não é organizado na forma

de parágrafos. Mas na hora de redigir, precisamos organizá-lo numa linguagem comum a

nós e ao nosso leitor.

PARÁGRAFO NARRATIVO

O parágrafo narrativo deve transmitir fielmente a intenção da narração. Ele tem como

matéria o fato, ou seja, qualquer acontecimento de que o homem participe direta ou

indiretamente. O relato de um episódio é composto por elementos como, enredo,

personagens, ação, tempo, espaço, causa, consequência, foco narrativo, clímax e desfecho.

Estes podem aparecer em sua totalidade ou parcialmente dentro de um parágrafo narrativo.

É certo que todos os elementos nem sempre estarão contidos em um só parágrafo,

sendo assim presentes em outras unidades da narração, contudo há a possibilidade de estes

serem observados num mesmo parágrafo, devido a capacidade do autor e sua perícia na

utilização dos recursos de linguagem a ele disponibilizados.

O parágrafo narrativo tem como núcleo o incidente, o fato ocorrido, nele também,

geralmente, não se tem o tópico frasal explicito, pois este está diluído implicitamente no

ordenamento da narração.

Page 30: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

30

https://santiagopaes.files.wordpress.com/2015/02/charge-portugues.jpg

PARÁGRAFO DESCRITIVO

É aquele que descreve o objeto, ser, paisagem ou até mesmo um sentimento. Tal

descrição se dá pela apresentação das características predominantes e pelo detalhamento

destas. É, portanto o objeto matéria da descrição.

Uma descrição perfeitamente realizada, não se mostra pelas minúcias descritivas do

objeto. A descrição deve apresentar o ângulo do qual será feita a descrição, não só o físico,

mas também a atitude da observação.

QUALIDADE DO TEXTO

COESÃO

Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo

encadeamento semântico delas, criando, assim, uma trama semântica a que damos o nome

Page 31: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

31

de textualidade. O encadeamento semântico que produz a textualidade chama-se coesão,

mais especificamente, dizendo que se trata de uma maneira de recuperar, em uma sentença

B, um termo presente em uma sentença A.

Damos o nome de coesão a todos aqueles processos que permitem, no texto, retomar

explicitamente a informação anterior e articulá-la com a que se segue. Temos vários

mecanismos de coesão:

Coesão gramatical

Coesão temporoaspetual

TIPOS DE COESÃO:

1- COESÃO GRAMATICAL

1.1. COESÃO FRÁSICA: envolve os mecanismos que unem os diversos constituintes

de uma frase simples, de modo torná-la coesa:

Ordenação das palavras e das funções sintáticas na frase;

Concordância em género e número das palavras;

Coesão interfrásica

Coesão referencial :

cadeia de refer ê ncia

Coesão frásica

Coesão lexical

COESÃO

Page 32: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

32

Observância das regências de nomes, verbos, …

Presença dos complementos exigidos pelo verbo ou pelo nome.

E: A adoção de políticas educativas conducentes ao sucesso dos alunos é a

principal preocupação da Escola.

(Note-se a correta ordenação das palavras na frase, tendo em conta as funções que

elas desempenham; o respeito pelas regras de concordância em número entre o sujeito e o

verbo e em género e número entre nomes e adjetivos/ determinantes; o respeito pela

regência do nome adoção (preposição de), do adjetivo conducente (preposição a)).

https://profstellerdepaula.files.wordpress.com/2015/01/conotac3a7c3a3o.jpg

1.2. COESÃO INTERFRÁSICA: designa os mecanismos de sequencialização que

marcam diversos tipos de interdependência semântica entre as frases que ocorrem num

texto. Basicamente, a conexão interfrásica é assegurada pelos conectores, que podem ser

conjunções ou advérbios conectivos, ou pela pontuação.

Exemplo:

a) Madalena estava pensativa, quer dizer, meditava profundamente sobre os

versos de Camões. (quer dizer – articulador explicativo)

b) Resumidamente, a coesão é fundamental à construção do texto.

(resumidamente – articulador ou conector de confirmação/ resumo)

Page 33: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

33

1.3. COESÃO TEMPOROASPETUAL: designa os processos que asseguram

compatibilidade semântica ao nível da localização temporal e da ordenação temporal relativa

das situações textualmente representadas.

A utilização correlativa dos tempos verbais é um dos mecanismos que

garante a coesão temporal: se se pretende representar uma situação passada

que se sobrepõe temporalmente a uma outra, também ela pertencente à

esfera do passado, é necessário recorrer a uma forma de Imperfeito do

Indicativo e a uma forma de Pretérito Perfeito Simples:

a) Quando o João nasceu, a Ana tinha cinco anos.

a’) * Quando o João nasceu, a Ana teve cinco anos. (inaceitável)

http://2.bp.blogspot.com/-d-

qqzheUSVU/UHNqWzx_OgI/AAAAAAAAAC0/5Ppvb8XSQAo/s1600/Polissemia.GIF

Os advérbios adjuntos de tempo devem igualmente ser compatíveis com os

tempos verbais selecionados:

a) Amanhã, vou ao cinema.

a’) *Amanhã, fui ao cinema. (inaceitável)

Page 34: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

34

Para que a coesão temporal seja assegurada, é ainda necessário

compatibilizar os valores aspectuais das expressões predicativas com o

valor semântico dos conectores de valor temporal utilizados.

a) Enquanto o João arrumava a cozinha, a irmã atendeu cinco telefonemas.

a’) *Enquanto o João atingiu a meta, a irmã desmaiou. (inaceitável)

Saliente-se, por fim, que a ordenação textual linear dos eventos

representados deve corresponder à ordem pela qual ocorreram no mundo, ou

seja, a descrição de eventos anteriores deve preceder a descrição de eventos

posteriores:

a) Entrou na livraria e comprou o último Saramago.

a’) * Comprou o último Saramago e entrou na livraria. (inaceitável)

http://3.bp.blogspot.com/-ZI--0Y2IntY/Toc8Pyz7k6I/AAAAAAAAAac/Hk6Q8laxeH4/s1600/desenho.png

1.4. COESÃO REFERENCIAL: cadeia de referência: quando num texto há um ou

mais fragmentos textuais sem referência autónoma, cuja interpretação depende do valor

Page 35: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

35

referencial de uma expressão presente no discurso anterior (anáfora) ou subsequente

(catáfora) estamos perante uma cadeia de referência.

Exemplo:

a) O Pedro lidera a turma. Os colegas apoiam-no incondicionalmente e estão do

lado dele em todas as situações.

(Aqui, a expressão nominal O Pedro e os pronomes pessoais o e ele formam uma

cadeia de referência, dado que o referente das formas pronominais é estabelecido pela

expressão nominal, presente no contexto verbal. As três estruturas sublinhadas reenviam

para o mesmo referente, ou seja, para a mesma entidade do mundo, logo, são cor

referentes.)

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000000442/md.0000003181.jpg

COESÃO COM RECURSO À ANÁFORA

Fala-se de anáfora quando a interpretação de uma expressão (habitualmente

designada por termo anafórico) depende da interpretação de uma outra expressão

presente no contexto verbal (o antecedente) - mais concretamente, o termo anafórico

retoma, total ou parcialmente, o valor referencial do antecedente.

Page 36: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

36

Ex.

O Pedro lidera a turma. Os colegas apoiam-no incondicionalmente e estão do lado

dele em todas as situações.

COESÃO COM RECURSO À CATÁFORA

Processo semelhante à anáfora, mas em que os termos cor referentes aparecem

antes do elemento linguístico que indica o referente do discurso

Ex.

Quando o começamos a ler, encontramos algumas dificuldades, mas depois

prendemo-nos ao Sermão de Santo António aos Peixes.

https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT6G5njoElFhZ5qgrlYnoFIKlBFuCXjPh7zVWI1vnlvvjr_4PSgGw

ELIPSE

Numa cadeia de referência, o termo anafórico pode não estar lexicalmente realizado.

Fala-se de elipse para designar essa categoria vazia referencialmente dependente, cuja

interpretação convoca necessariamente um antecedente.

Page 37: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

37

a) Maria chegou junto da mãe e [ ]deu-lhe um beijo.

(Verifica-se, aqui, a elipse do sujeito da segunda frase, mas esse sujeito continua a

ser interpretado anaforicamente, por retoma do valor referencial do antecedente Maria.)

CORREFERÊNCIA NÃO ANAFÓRICA

Quando duas expressões remetem para a mesma referência, sem que uma fique

dependente da outra do ponto de vista referencial.

Ex.

O Padre António Vieira escreveu muitos e belos sermões, mas a Inquisição

conseguiu calar este “Imperador da Língua Portuguesa”. (Embora os dois segmentos

sublinhados sejam cor referentes, porque designam a mesma entidade, são autónomos no

sentido que assumem.)

2. COESÃO LEXICAL

Mecanismo de coesão textual que envolve:

A repetição da mesma unidade lexical ao longo do texto - repetição/

reiteração

Ex. “…e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos

vossos professores de vos motivarem. Falei da responsabilidade dos vossos

pais de vos manterem no bom caminho… Falei da responsabilidade do vosso

governo… na responsabilidade de cada um de vocês…”

A substituição de uma unidade lexical por outras que com ela mantém

relações semânticas de:

1- Hierarquia (hiponímia, hiperonímia)

Page 38: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

38

Ex. A escola, a autarquia, o governo, as famílias são instituições

responsáveis pela educação.

2- Inclusão (holonímia, meronímia)

Ex. A escola é um espaço de aprendizagem; as salas de aula estão

bem equipadas.

3- Equivalência (sinonímia)

Ex. Os alunos participaram ativamente na campanha para a

Associação de Estudantes, o que mostra a capacidade de entrega dos

discentes.

4- Oposição (antonímia)

Ex. O sucesso de cada um depende da sua capacidade de assumir as

suas responsabilidades, caso contrário, será condenado ao fracasso.

DOCUMENTOS OFICIAIS

Além dos critérios exigidos numa boa redação, a correspondência oficial traz

particularidades que mostraremos dentro de cada modelo.

OFÍCIO

É a correspondência trocada entre órgãos públicos e outros organismos de governo

ou entre eles e os cidadãos ou entidades civis. Suas características são:

O papel utilizado: ofício (de 22 cm x 32 cm), em geral com timbre. Abaixo do timbre

vem a indicação do número do ofício seguido de uma barra oblíqua e dos algarismos finais

do ano em curso. Na mesma linha de numeração, à direita, localidade e data, abaixo, à

esquerda do papel, depois do espaço de separação, vem à indicação do remetente, do

destinatário e do assunto (ementa). A invocação vem depois do espaço de separação e é

sempre impessoal, o texto do ofício vem a seguir, o fecho do ofício vem a seguir. O fecho do

ofício vem separado do texto por espaço. Contém a despedida com votos de amizade e

respeito, deixando-se espaço de separação, coloca-se sob uma linha o nome do remetente,

indicando-se embaixo o cargo que ocupa com letras maiúsculas. A assinatura será feita

Page 39: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

39

sobre a linha. Na parte inferior do papel, à esquerda, são escritos o nome e o endereço do

destinatário. Ao pé da folha, à esquerda, aparecem às iniciais do redator e as do datilógrafo

ou digitador, separadas por uma barra. Os ofícios são digitados com cópia para os arquivos

da entidade que expede. O ofício quando posto em envelope, deverá ser dobrado em forma

de z.

REQUERIMENTO

Petição por escrito, segundo as formalidades legais. É uma solicitação que se faz a

uma autoridade. Constam do requerimento: invocação (cargo da autoridade a que se

destina, precedido do tratamento conveniente, por extenso); nome e identificação do

requerente (nacionalidade, estado civil, endereço, número da Cédula de Identidade e do

CPF, além daqueles que o assunto exija); exposição do que se deseja e justificativa; fecho;

data; assinatura.

Observação: Entre o endereço e o texto – 14 espaços, quando digitados, 7 linhas, quando

manuscritos em papel pautado, ou 7 centímetros, quando manuscrito em papel sem pauta.

O fecho ou a conclusão, geralmente é imutável e se faz em duas linhas: Nestes

termos, Pede deferimento.

MEMORANDO

Definição e finalidade o Memorando é a modalidade de comunicação entre unidades

administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível

ou em nível diferente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminente interna.

Page 40: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

40

https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQqMd_oIp-iQ_z2Tl0YLREHnGNh5LdXKi9T8wUZS18UhKfqFH3-

Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a exposição de

projetos, ideias, diretrizes etc. a serem adotados por determinado setor do serviço público.

Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão

deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar

desnecessário aumento do número de comunicações, os despachos ao memorando devem

ser dados no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação.

Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplificado, assegurando

maior transparência à tomada de decisões, e permitindo que se historie o andamento da

matéria tratada no memorando.

HABILIDADES METALINGÜÍSTICAS E ALFABETIZAÇÃO

Tfouni (1988) distingue dois termos envolvidos no processo da aquisição a leitura e

da escrita: Alfabetização e Letramento: “Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da

escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-

históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade” (Tfouni, 1988 apud

Soares, 2002, P.3).

Page 41: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

41

A alfabetização compreende a aprendizagem da leitura e escrita, e é um importante

objeto do conhecimento humano. A criança que não aprende a ler e escrever, desde cedo

fica excluída do sistema escolar e posteriormente tem suas possibilidades de entrada no

mercado de trabalho, limitadas. No entanto, tem se argumentado que a mera aprendizagem

do código escrito, ou alfabetização, sem que o aprendiz se torne letrado não permite que

este indivíduo se insira verdadeiramente em uma sociedade letrada como a nossa (Soares,

2002). Assim, discussões que permearam o ensino da língua escrita na década de 80 e 90

tenderam a desvalorizar o papel da alfabetização e dissociá-lo do processo de letramento.

Nossa posição é que este tipo de abordagem pouco contribui para a melhoria do

ensino da língua escrita e precisa ser revista. Soares (1998, 2005) nos lembra que “o ideal

seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais

da leitura e escrita, de forma que o indivíduo se torne ao mesmo tempo, alfabetizado e

letrado” (Soares, 2005, P.47).

O domínio da alfabetização acontece de forma gradual. O sistema de representações

fonológicas e ortográficas da língua é construída de forma dinâmica pelo aprendiz (Ferreiro,

1985; Read, 1986). Entender os processos de aquisição da alfabetização é importante para

que possamos pensar em práticas pedagógicas mais eficazes que possam prevenir os

problemas escolares, e em última análise possam alfabetizar letrando.

Nas últimas três décadas a atenção dos pesquisadores interessados na alfabetização

se voltou para o papel das habilidades metalinguísticas na alfabetização. Consciência

metalinguística pode ser definida como a cognição sobre a linguagem e a auto regulação

das atividades psicolinguísticas. Isso implica que o sujeito reflita sobre a linguagem como

um objeto independente do significado que veicula; e também que o sujeito manipule

intencionalmente as estrutura da linguagem (Correa, 2004).

Gombert (2003) e Gombert e Demont (2004) defendem que algum grau de

consciência metalinguística é necessário para que se possa aprender a ler e a escrever, no

entanto a habilidade verdadeiramente metalinguística dependeria de aprendizagens

explícitas, principalmente da aprendizagem da leitura e da escrita, mais frequentemente de

natureza escolar.

Page 42: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

42

Vários estudos mostraram que as capacidades metalinguísticas se instalam

paralelamente à aprendizagem da leitura e escrita. De fato, para que a criança aprenda

tarefas linguísticas formais, é preciso que ela desenvolva uma consciência explícita das

estruturas linguísticas, para que assim possam manipulá-las intencionalmente.

Dentre as habilidades metalinguísticas três são identificadas como facilitadoras da

alfabetização: a consciência fonológica, a consciência sintática e a consciência morfológica.

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E ALFABETIZAÇÃO

http://1.bp.blogspot.com/-zyowrXPxrys/ViEFx-vwa6I/AAAAAAAAA3M/-Tw1hZPcIpo/s1600/imagemcurso.jpg

A consciência fonológica é a capacidade de refletir e manipular os sons que compõem

as palavras (Cardoso-Martins, 1995). Ela ajuda na alfabetização, pois facilita a aquisição das

correspondências letra-som, que são utilizadas na decodificação, e que assim são

necessárias à aquisição do princípio alfabético. A decodificação facilita o reconhecimento de

palavras que por sua vez facilita o processo de compreensão do texto (Tunmer, 1990; Rego,

1995).

O papel facilitador da consciência fonológica na aprendizagem da leitura e da escrita

vem sendo confirmado por numerosas pesquisas realizadas com indivíduos de diversas

idades, diversos níveis de instrução e falantes de diferentes ortografias. (Goswami & Bryant,

1990, para uma revisão).

Page 43: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

43

A consciência fonológica e a escrita se desenvolvem paralelamente, a consciência

fonológica contribuindo nos estágios iniciais do processo de alfabetização e por outro lado,

a alfabetização levando ao processamento de aspectos fonológicos mais complexos como

a análise fonêmica, que deriva do domínio da alfabetização.

CONSCIÊNCIA SINTÁTICA E ALFABETIZAÇÃO

https://ericasitta.files.wordpress.com/2015/08/dic3a1logo.jpg

A consciência sintática é a capacidade de refletir sobre os aspectos sintáticos das

sentenças, e envolve o controle deliberado da aplicação dos aspectos sintático-semântico

da língua, também chamada de informação contextual. Ajudaria na leitura e na escrita

porque ao reconhecer e controlar deliberadamente tais aspectos, a criança usa estas

informações contextuais como pistas, tanto na leitura para reconhecer as palavras no texto

que não conseguem decifrar ou compreender, como na escrita. No caso da escrita as pistas

contextuais parecem ajudar a criança a decidir sobre a grafia das palavras com ortografia

ambígua ou com mesma origem semântica. Um exemplo, seria a de palavras como

Page 44: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

44

“conserto” e “concerto”. Estas palavras serão grafadas corretamente pela criança somente

se esta usar as pistas contextuais (Rego & Buarque, 1997; Mota, 1996; Correa, 2005; Rego,

1995).

Ao contrário do que acontece na consciência fonológica poucos estudos têm

investigado o desenvolvimento da consciência sintática e sua relação com a alfabetização.

Rego & Bryant (1993) acharam uma relação causal entre a consciência sintática e a leitura

de crianças inglesas em processo de alfabetização. Plaza & Cohen (2003) investigaram a

contribuição da consciência fonológica, consciência sintática e velocidade de nomeação

para a alfabetização de crianças em processo de alfabetização falantes do francês. O

resultado deste estudo mostrou que as medidas de consciência sintática contribuíram de

forma independente para as medias de leitura e escrita, mesmo depois de controlarem o

efeito da consciência fonológica e velocidade e nomeação.

https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSVmw7qQtWanMZGLrGG5If0mnSmIK7sXgbXL1nshcSsRvZw9o5J

No português o papel da consciência sintática na alfabetização precisa ser mais bem

explorado. Em um estudo com crianças brasileiras, Rego (1995) identificou a consciência

sintática como facilitador da leitura das crianças entrevistadas. Em um outro estudo,

Guimarães (2003) investigou a relação entre consciência sintática e consciência fonológica

e o desenvolvimento da leitura e escrita em crianças com dificuldades de aprendizagem

cursando a terceira e quarta série do ensino fundamental. A autora não achou diferença

entre a performance de crianças com dificuldades de alfabetização e os controles de mesma

habilidade de escrita, mas mais jovens em idade. No entanto, as crianças de terceira e quarta

Page 45: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

45

série sem dificuldades de leitura tiveram performance superior à das crianças com

dificuldade e a das mais jovens. Estes resultados sugerem que embora não pareça haver

um déficit específico da leitura das crianças com dificuldades de aprendizagem no que diz

respeito à consciência sintática, a escolarização tem um papel no desenvolvimento desta

habilidade.

No entanto, Mota e cols. (em preparação) acharam correlações significativas e

positivas entre as tarefas de consciência sintática realizadas por crianças de primeira e

segunda série do ensino fundamental e medidas de leitura e escrita. Estes resultados

apontam para importância de conhecermos melhor como a consciência sintática contribui

para a alfabetização numa língua regular como o português.

CONSCIÊNCIA MORFOLÓGICA E ALFABETIZAÇÃO

Além da consciência sintática e fonológica uma terceira habilidade que tem sido

investigada em relação a sua contribuição com a alfabetização é a consciência morfológica.

A consciência morfológica diz respeito à reflexão e manipulação intencional da

estrutura morfológica da língua (Carlisle, 2000). Dessa forma, a consciência morfológica se

refere à reflexão sobre o processo de formação das palavras. A investigação sobre o

desenvolvimento da consciência morfológica tem incidido sobre a sensibilidade da criança

aos processos de derivação lexical (morfologia derivacional) ou aos processos de flexão das

palavras (morfologia flexional) de forma separada. De fato Deacon & Bryant (2005)

mostraram que as crianças reagem de forma diferente a estes dois tipos de morfema.

Na morfologia derivacional, investiga-se a habilidade para a manipulação do

acréscimo de prefixos e/ou sufixos na formação de palavras, ou ainda, na decomposição de

palavras derivadas em palavras primitivas. De particular importância aqui é a criança

entender que apesar de possíveis extensões de sentido (Laroca 2005), em geral, as palavras

derivadas mantêm sua relação semântica e a grafia das palavras que a originaram.

Page 46: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

46

A morfologia flexional investiga a sensibilidade às flexões de gênero e de número dos

substantivos e adjetivos e as flexões de modo-tempo e número-pessoa dos verbos. Neste

caso, informações semânticas e sintáticas interagem. Existem regras claras para grafar as

flexões. Por exemplo, no caso da palavra “cobrisse”, que é escrita com “ss” e não “c” pois se

trata de um morfema que indica o tempo condicional.

Uma série de estudos que visavam explorar a relação entre a consciência morfológica

e a alfabetização demonstram que a consciência Morfológica está associada ao

desempenho na leitura de palavras isoladas e na compreensão de leitura (Carlisle, 1995,

2000; Carlisle & Fleming, 2003; Deacon & Kirby, 2004; Nagy, Berninger & Abbot, 2006), e

também ao desempenho da escrita (Carlisle, 1988; 1996; Deacon & Bryant, 2005; Nunes,

Bindman & Bryant, 1997).

https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSaDxVAvOd1F4jbABE_je5mBn1S59MOPZvORaFSbaK_kClraJVV

Os estudos citados foram realizados em crianças de língua inglesa. A argumentação

principal para explicar a relação encontrada entre o processamento morfológico e a

alfabetização no inglês diz respeito à natureza da ortografia inglesa. O princípio alfabético é

o de que letras devem ser mapeadas perfeitamente aos sons das palavras, mas as línguas

alfabéticas variam quando ao grau de correspondência entre as letras e os sons da fala. No

inglês essas relações são mais opacas do que em ortografias como o português ou

espanhol. Muitas das irregularidades encontradas no inglês podem ser explicadas pela

Page 47: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

47

estrutura morfológica das palavras. Por isso o processamento das palavras ao nível do

morfema pode ajudar as crianças a ler e escrever.

No entanto, não é só no inglês que tem se observado um efeito facilitador da estrutura

morfológica no desenvolvimento da leitura. No francês, Colé, Marec-Breton, Royer e

Gombert (2003) investigaram o papel da consciência morfológica na leitura e encontraram

resultados semelhantes aos estudos de língua inglesa. Embora o francês seja uma língua

mais regular que o inglês ainda assim, em muitos casos, sobre tudo no caso das flexões, há

muita ambigüidade. È possível que em línguas com ortografias mais regulares como o

português ou o espanhol o mesmo fenômeno não ocorra.

Alguma evidência de que o processamento morfológico influencia a escrita no

português foi encontrada por Mota (1996). Em um estudo com crianças de segunda a quarta

série, a autora mostrou que a partir da segunda série as crianças são capazes de utilizar

regras gramaticais para decidir a grafia de palavras flexionadas. Em um outro estudo, Mota

& cols. (2000) mostraram que adolescentes com baixa escolaridade demonstravam a

capacidade de processar os morfemas das palavras. Mota & cols (2002) também

observaram que as crianças de primeira série com os melhores escores nos testes de

Consciência Morfológica eram as crianças que escreviam melhor pseudo-palavras com

ortografia ambígua (ex., “muge”-“mugidor”).

Um problema metodológico que vem sendo levantado quando se estuda Consciência

Morfológica é até que ponto a consciência morfológica contribui de forma independente da

consciência fonológica para aquisição da leitura. Palavras morfologicamente semelhantes

são também fonologicamente semelhantes e, portanto, é possível que a contribuição

encontrada em estudos como de Carlisle (2000), que não controlou para o efeito da

Consciência Fonológica, seja parte de uma habilidade metalinguística geral e não específica.

Para investigar se a Consciência Morfológica contribui para a leitura

independentemente da Consciência Fonológica, Deacon & Kirby (2004) realizaram um

estudo longitudinal que durou quatro anos. Os autores investigando a morfologia flexional

mostraram que a Consciência Morfológica contribui para os escores de leitura em todas as

tarefas apresentadas (leitura de palavras simples, pseudo-palavras e compreensão da

Page 48: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

48

leitura) independente da contribuição da Consciência Fonológica. Resultados semelhantes

foram encontrados por Naggy, Abbot & Berninger (2006).

Em conclusão, como no caso a consciência sintática mais estudos precisam ser

realizados para investigar a relação da consciência morfológica e a leitura e escrita no

português. Sendo o português uma língua com correspondências letra e som transparentes

é de fundamental importância que essa relação seja estudada independentemente da

contribuição a consciência fonológica.

a) atividade epilinguística – é o exercício de reflexão sobre o texto lido/escrito e da

operação sobre ele a fim de explorá-lo em suas diferentes possibilidades. Dizendo em outras

palavras, é a reflexão que quem escreve ou lê faz enquanto escreve ou lê, para compreender

ou atribuir sentidos ao texto, verificar sua lógica, coesão, coerência, adequação das

categorias gramaticais e ortografia, seja como leitor que precisa entender o que lê, seja como

autor que deseja que seu leitor entenda o que escreve;

b) atividade linguística – o próprio ato de ler e escrever;

c) atividade metalinguística – capacidade de falar sobre a linguagem, descrevê-la

e analisá-la como objeto de estudo (a gramática convencional).

BIBLIOGRAFIA

BRADLEY, L. & BRYANT, P. (1985). Children´s reading problem. Oxford: Basil Blackwells.

CARDOSO-MARTINS, C. Consciência fonológica e alfabetização. Petrópolis: Vozes, 1995.

CAPOVILLA & CAPOVILLA (1997). O desenvolvimento da consciência fonológica durante a

alfabetização. Temas sobre o Desenvolvimento, v. 35, n. 6, pp15-21.

Page 49: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

49

CARLISLE, J. (1988). Knowledge of derivational morphology and spelling ability in fourth, six,

and eight graders. Applied Psycholinguistics, 9, pp. 247-266.

CARLISLE, J. (1995). Morphological awareness and early reading achievement. Em L.

Feldman (org.) Morphological aspects of language processing. Hillsdale: Lawrence Erlbaum

Associates.

CARLISLE, J. (1996). An exploratory study of morphological errors in children`s written

stories. Reading and Writing: An Interdisciplinary Journal, 8, pp.61-72.

CARLISLE, J. (2000). Awareness of the structure and meaning of morphologically complex

words: impact on reading. Reading and Writing: an Interdisciplinary Journal, 12,p.169-190.

CARLISLE, J. & FLEMING, J. (2003). Lexical processing of morphologically complex words

in the elementary years). Scientific Studies of Reading,7(3), pp. 239-253.

COLÉ, MAREC-BRETON, ROYER & GOMBERT (2003). Morphologie des mots et

apprentissage de la lecture. Reeducation Orthophonic, 213, p. 57-60.

CORREA, J. (2004). A avaliação da consciência sintática na criança: uma análise

metodológica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 20 (1), pp. 69-75.

Page 50: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

50

DEACON, S. & BRYANT, P. (2005). What young children do and do not know about the

spelling of inflections and derivations. Developmental Science, 8(6), pp. 583-594.

DEACON, S. & KIRBY, J. (2004). Morphological Awareness: Just “more phonological”? the

roles of morphological and phonological awareness in reading development. Applied

Psycholinguistics, 25, p. 223-238.

FERREIRO, E. (1985). Reflexões sobre a alfabetização. 2. Ed. São Paulo: Cortez.

GOMBERT, J. (1992). Metalinguistic Development. Hertfordshire: Harverster Whesheaf.

GOMBERT, J. (2003). Atividades metalingüística e aquisição da leitura. Em Maluf (org).

Metalinguagem e Aquisição da escrita. São Paulo: Casa do Psicólogo.

GOSWAMI, U. & BRYANT, P. (1990). Phonological Skills and Learning to Read. London:

Lawrence Erlbaun Associates.

GUIMARÃES, S. R. (2003). Dificuldades no desenvolvimento da lecto-escrita: o papel das

habilidades metalingüísticas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 19 (1), pp.33-45.

LAROCA, M. (2005). Manual de morfologia do português. Campinas: Pontes; Juiz de Fora:

Editora da UFJF.

Page 51: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

51

MOTA, M. (1996). Children´s role of grammatical rules in spelling. Tese de doutorado não

publicada, departamento de Psicologia Experimental, Universidade de Oxford, Inglaterra.

MOTA, M, ANDRADE, C., HENRIQUE, D, MACEDO, S., ATALAIA, K., STEPHAN, F.,

FERREIRA, D. (2002). Consciência Sintática e desenvolvimento Ortográfico (trabalho

completo). Em: Encontros Psicopedagógicos, anais do IV Seminário de Psicopedagogia da

UERJ, v., pp.35 – 39. Rio de Janeiro: Curso de Especialização em Psicopedagogia da UERJ.

MOTA, M & GUARALDO, C. Consciência Fonológica e Alfabetização: Teoria, Investigação

e Implicações Pedagógicas. Encontros Psicopedagógicos - anais do IV seminário do Instituto

de psicologia da UERJ, pp 39-46, Rio de Janeiro, 2002.

NAGY, W., BERNINGER, V. & ABBOT, R. (2006). Contributions of morphology beyond

phonology to literacy outcome of upper elementary and middle-school students. Journal of

Educational Psychology, 98(1), pp.134-147.

NUNES, T,. BINDMAN, M. & BRYANT, P. (1997). Morphological strategies: developmental

stages and processes. Developmental Psychology, 33(4), p. 637-649.

READ, C. Children’s Creative Spelling. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1986.

REGO, L. & BRYANT, P. (1993). The connections between phonological, syntactic and

semantic skills and children’s reading and spelling. European Journal of psychology, 3, pp

235- 246.

Page 52: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico20829.pdf · provocar-se-á mudança de similar envergadura na outra. Assim, se variamos o

52

PLAZA, M. & COHEN, H. (2003). The interaction between phonological processing, syntactic

awareness, and naming speed in the reading and spelling performance of first-grade children.

Brain and Cognition, 53, pp. 257-292.

REGO, L. & BRYANT, P. (1993). The connections between phonological, syntactic and

semantic skills and children’s reading and spelling. European Journal of psychology, 3, pp

235- 246.

REGO, L. (1995). Diferenças individuais na aprendizagem inicial da leitura: papel

desempenhado por fatores metalingüísticos. Psicologia: teoria e pesquisa,11(1), pp. 51-60.

REGO, L. & BUARQUE, L. (1997). Consciência sintática, consciência fonológica e aquisição

de regras ortográficas. Psicologia: Reflexão e Crítica, 10(2), pp. 199-217.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.

(Coleção Linguagem e Educação).

SOARES, M. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educação e

Sociedade, 81, Campinas, Dezembro 2002.

TUNMER, W. The role of language prediction skills in beginning reading. New Zealand

Journal of Educational Studies, v. 25, n. 2, pp. 95-112, 1990.