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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL JÉSSICA CAROLINE PRADO PINTO MODELOS DE TRATAMENTO DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA A DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE ADOLESCENTES São Paulo 2017

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Page 1: CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO ... · dependentes de drogas. Através desta pesquisa bibliográfica foi possível constatar-se que os adolescentes precisam de métodos

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA

COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

JÉSSICA CAROLINE PRADO PINTO

MODELOS DE TRATAMENTO DA TERAPIA

COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA A

DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE ADOLESCENTES

São Paulo

2017

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JÉSSICA CAROLINE PRADO PINTO

MODELOS DE TRATAMENTO DA TERAPIA

COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA A

DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE ADOLESCENTES

Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu

Área de concentração: Terapia Cognitivo-

Comportamental

Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho A.

Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher M.

São Paulo

2017

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Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a

fonte.

Pinto, Jéssica Caroline Prado Modelos de Tratamento na Terapia – Cognitivo Comportamental

para Dependência Química entre Adolescentes. Jéssica Caroline Prado Pinto, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana

Melcher Martins – São Paulo, 2017. 51 f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins

1 Modelos de tratamento na Terapia Cognitivo-Comportamental, 2. Dependência Química entre Adolescentes. I. Pinto, Jéssica Caroline Prado. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.

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JÉSSICA CAROLINE PRADO PINTO

MODELOS DE TRATAMENTO DA TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE ADOLESCENTES.

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em

Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das

exigências para obtenção do título de Especialista

em Terapia Cognitivo-Comportamental

BANCA EXAMINADORA

Parecer: ____________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

Parecer: ____________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

São Paulo, ___ de ___________ de _____

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pacientes, com eles me motivei a me aprimorar a cada

dia mais na minha profissão para poder contribuir de forma eficiente e significativa para

uma qualidade de vida melhor das pessoas que me necessitam do meu trabalho. Sem

eles essa inspiração de vida, que pra mim se chama psicologia, não existiria.

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AGRADECIMENTO

Agradeço aos meus colegas e professores do curso de Especialização Cognitivo-

Comportamental do CETCC pelos dois anos repletos de aprendizado e conhecimento

que me tornaram uma profissional especializada na minha abordagem de preferência.

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RESUMO

O trabalho trata das dificuldades do tratamento de dependência química em

adolescentes e como a Terapia Cognitivo Comportamental pode atuar no tratamento e

ajudar a superar tais dificuldades. É um trabalho de revisão bibliográfica que pretende

explorar mais sobre as dificuldades no tratamento de adolescentes com problemas de

uso e abuso de substancias psicoativas e mostrar que se necessita de formas exclusivas

para essa população de 10 a 20 anos, ressaltando os benefícios que a Terapia Cognitivo

Comportamental pode trazer para o tratamento desse público específico e diferenciado,

visto que precisam de técnicas mais dinâmicas, e diferenciadas do público adulto com a

mesma doença. Utilizou-se para a validação da pesquisa bibliográfica três artigos que

discutem sobre como a Terapia Cognitiva Comportamental pode ajudar os adolescentes

dependentes de drogas. Através desta pesquisa bibliográfica foi possível constatar-se

que os adolescentes precisam de métodos exclusivos de tratamento e devem ser

diferentes dos métodos para os adultos, para que possa superar as principais

dificuldades de tratamento encontradas e dessa forma conseguir maior aderência ao

tratamento.

Palavras Chave: Dependência Química, Adolescentes, Tratamento e suas dificuldades,

Crenças Distorcidas, Terapia Cognitivo Comportamental.

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ABSTRACT

The work focus on difficulties of the chemical dependency treatment on teen agers and

how the cognitive behavioral therapy can act on the treatment and help to overcome its

difficulties. It is a work of revising biography that pretends to explore more about the

difficulties on the treatment of teenagers with problems with abuse and use of physical

actives substances and show that exclusive treatments are needed for this population

between 10 and 20 years old, reassuring what the Cognitive behavioral therapy can do

for the treatment of this specific and unique public, taking in consideration that more

dynamic and unique techniques are needed with the adult public with the same disease.

Three articles where used for the validation of the biographical research that discuss

about the Cognitive behavioral therapy and how it can help drug-addicted teenagers.

Through this biographical research was possible to verify that teenagers need specific

treatments and must be different from the adult treatments to overcome the principal

difficulties acquiring more integration to the treatment.

Keywords: Chemical Dependency, Teenagers, Treatments and its difficulties, Distorted

Believes, Cognitive behavioral therapy.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................08

2. OBJETIVO.................................................................................................................12

3.METODOLOGIA.......................................................................................................13

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................14

4.1. A EVOLUÇÃO DA DROGA NA SOCIEDADE ................................................... 15

4.1.1 Definições de Dependência Química .................................................................... 17

4.1.2.O Ínício da Utilização das Drogas na Civilização ................................................. 18

4. 1.3 A Utilização das Drogas na Sociedade Atual ....................................................... 18

4.1.4 As Drogas e os Tratamentos Psicológicos para a Dependência de Substâncias ... 23

4.2.1. Por que o Adolescente Usa Drogas?..................................................................... 21

4.2.2. Quando o Adolescente Torna-se Dependente Químico? ...................................... 25

4.2.3. Como a TCC Pode Contribuir no Tratamento dos Adolescentes ......................... 29

4.3. ESTUDOS DE CASOS QUE COMPROVAM A EFICÁCIA DA TCC ................ 32

4.3.1. Avaliação e Intervenção Breve em Adolescentes Usuários de Drogas ................ 33

4.3.2. Efeitos da Entrevista Motivacional em Adolescentes Infratores: ......................... 35

4.3.3. Desenvolvimento de um Jogo Terapêutico para Prevenção da Recaída e

Motivação para Mudança em Jovens Usuários de Drogas.................................... 39

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 43

REFERÊNCIAS.............................................................................................................44

ANEXO...........................................................................................................................51

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1. INTRODUÇÃO

Neste estudo foi feita uma revisão bibliográfica sobre o tratamento da

dependência química entre adolescentes, tendo como base teórica os tratamentos

propostos pela Terapia Cognitivo-Comportamental. A faixa etária para este trabalho

está de acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde que define essa fase

da adolescência compreendendo os indivíduos dos dez aos vinte anos de idade. Para

Lima (2008) a fase que corresponde à adolescência tem como características mudanças

físicas, sociais e psicológicas, essas particularidades da fase da adolescência tendem a

deixar o jovem vulnerável às drogas, pois nessa fase o adolescente está exposto à várias

condições adversas, como: influência de amigos, busca pelo desconhecido, curiosidade,

fuga das dificuldades, contradições dos valores estabelecidos entre os pais, entre outros.

Deste modo, o adolescente está exposto a uma ampla gama de fatores de risco podendo

ser estes a própria característica do individuo, meio social, condições estruturais e

socioculturais.

A adolescência é uma fase de rápidas mudanças biológicas,

representando, no plano do desenvolvimento psicológico, um período

de experimentação de novas posturas e novos comportamentos.

Nesse contexto, dá-se o início do consumo de substâncias psicoativas

(álcool, drogas e tabaco). A maioria dos adolescentes interromperá o

consumo dessas substâncias, conforme for assumindo outros papéis na

vida adulta (o consumo de tabaco constitui exceção, tendendo a

permanecer na idade adulta). (...) Há, ainda, indivíduos que

progrediram do consumo habitualmente experimental dessa fase para

padrões mais graves de abuso e dependência, que pode envolver

múltiplas drogas. (SCIVOLETTO, 1998, p. 125)

Segundo Feijó & Oliveira (2001) o grande número de pessoas nos centros

urbanos, a agressividade expressa na mídia de forma indiscriminada, a sexualidade

aflorada na época da adolescência, a busca do prazer sem limites e a sociedade com a

cultura mais permissiva, constituem fatores que, somados às características da própria

adolescência e suas modificações hormonais, constituem o caldeirão de fatores onde se

desenvolvem os jovens para a vida adulta.

O adolescente vive o presente, busca realizações imediatas, e os

efeitos das drogas vão ao encontro desse perfil proporcionando o

“prazer”, passivo e imediato. Atualmente o fácil acesso, o baixo custo

das drogas e a aceitação do uso de algumas substâncias como a

maconha, tornam quase inevitáveis o acesso dos adolescentes a elas e

a à oportunidade de experimentação. (BESSA, BOARATI &

SCICOLETTO 2011, p. 363)

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Diante desse turbilhão de sensações que o jovem experiência, quando ele usa

pela primeira vez a droga não se atenta aos problemas que essa substância pode causar e

apenas se interessa na sensação de extroversão, sociabilidade, euforia entre outras

sensações de bem estar que a droga vai lhe proporcionar, porém o adolescente, como

acima, está exposto a fatores de risco e esses fatores de risco somados ao uso de drogas

podem os tornar dependentes químicos. Segundo Andretta & Oliveira (2005) a

dependência química é uma das doenças psiquiátricas mais freqüentes da atualidade e

representa um grave problema de saúde pública, sendo crescente a preocupação dos

profissionais de saúde com a eficácia dos tratamentos propostos.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V-

TR):

“a dependência de substâncias químicas pode ser definida como a

presença de um conjunto de sintomas cognitivos, comportamentais e

físicos indicativos de que o indivíduo continua utilizando uma

substância, apesar de problemas significativos a ela relacionados.”(p

108)

Mas, traçar um diagnóstico de dependência ou abuso de substâncias entre

crianças e adolescentes é um desafio, visto que esta terminologia foi definida para

adultos, existindo poucas evidencias, visto que a fase em si é posta como problemática,

desafiadora e eles tendem a mentir aos adultos e minimizam o uso, até mesmo negando,

e ...

“devido às grandes mudanças que ocorrem na adolescência, muitas

vezes a família e a escola podem interpretar determinados

comportamentos problemáticos como uma fase que logo passará,

levando em certos casos, a uma tolerância exagerada diante de atitudes

inadequadas, desvalorizando os sinais que podem indicar o uso de

substancias.” (BESSA BOARATTI & SCICOLETTO, 2011, p.360).

Atualmente se considera que os indivíduos que apresentam problemas com

droga compõem estes grupos heterogêneos e necessitam de tratamentos diferentes. Isso

acontece porque a dependência química resulta da interação de vários aspectos da vida

do indivíduo: biológico, psicológico e social. Desse modo, as intervenções devem ser

diferenciadas para cada indivíduo e devem considerar todos os aspectos envolvidos.

De acordo com Milby (1998):

...existem inúmeras modalidades de tratamento e elas podem ser

divididas da seguinte forma: As abordagens médico- farmacológicas

que estão ligadas a hospitalização dos dependentes para a

desintoxicação e tratamentos relacionados a dependência; Abordagens

psicossociais que incluem psicoterapias de todas as abordagens;

Abordagem socioculturais que incluem as comunidades

terapêuticas.(p 32)

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Mesmo havendo tantas alternativas para esse tipo de tratamento a adesão dos

dependentes químicos é baixa. Szupszynski& Oliveira (2008) apud Callaghanet al.

(2005) afirmam que o número de desistências no tratamento da adicção tem sido cada

vez mais preocupante.

Diante desse fato, cresce a preocupação dos profissionais de saúde em relação à

dependência química entre adolescentes, pois a adicção, como dita anteriormente,

compromete a vida do individuo em toda a sua esfera, causando assim, prejuízos nos

seus relacionamentos pessoais, familiares, amorosos, comprometendo também sua

saúde psicológica e física. Diante de todos esses malefícios que a dependência pode

causar a um indivíduo dependente de substâncias psicoativas a Técnica Cognitivo-

Comportamental (TCC) surge com a proposta de reestruturar cognitivamente e

comportamentalmente esse indivíduo.

O presente trabalho pretende discorrer sobre os benefícios das Técnicas

Cognitivo-Comportamentais no tratamento com dependentes químicos que segundo

Rangé&Marlatt (2008) é uma abordagem que tem sido aplicada com sucesso em

problemas de adicção.

A TCC compreende essa problemática através da teoria de aprendizagem social,

em que a aquisição de novos comportamentos e crenças é resultante das experiências

prévias do individuo. No caso dos dependentes químicos, muitas vezes esses

pensamentos estão distorcidos ou supervalorizados, contribuindo assim para a

manutenção dos comportamentos de uso. O objetivo da TCC é auxiliar o paciente na

mudança de padrões de comportamentos antigos, possibilitando a modificação das

distorções cognitivas e crenças disfuncionais, que podem contribuir com a cessação do

uso (ANDRETTA & OLIVEIRA, 2008).

O tratamento de dependência química despertou interesse no autor pelo fato de

estar inserida em uma sociedade cujo tema já virou uma questão de saúde pública e

também pelo fato de conviver com uma pessoa da família que já fez uso de tais

substâncias e acabou por prejudicar sua vida, deixando de lado família, profissão, saúde,

lazer tudo em troca dos poucos minutos que a droga lhe proporcionava prazer.

Atualmente trabalho há seis anos na área de reabilitação de dependentes químicos em

instituições psiquiátricas e pude aplicar as técnicas Cognitivo-Comportamentais como

instrumento base para a motivação e aderência dos pacientes no seu processo de

recuperação.

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O tema Dependência Química tem se mostrado uma problemática voltada à

Saúde Pública, na qual muitas medidas do governo têm sido tomadas mostrando a

preocupação com essa situação. Deste modo, o presente trabalho pretende contribuir

para as intervenções possíveis frente a essa problemática. A literatura tem mostrado que

as propostas da Terapia Cognitivo-Comportamental têm oferecido maior eficácia frente

a essa demanda por se tratar de técnicas que viabilizam ajustes e ações de níveis

comportamentais capazes de reabilitar o paciente em suas condutas sociais.

No que se refere à Terapia Cognitivo-Comportamental seu objetivo é

reestruturar as cognições disfuncionais e dar flexibilidade cognitiva no momento de

avaliar situações específicas. Ela visa à resolução de problemas focais, objetivando, em

última análise, dotar o paciente de estratégias cognitivas para perceber e responder ao

real de forma funcional (Beck, 1997).

Pretende-se, então, com essa pesquisa, aprofundar o conhecimento nos métodos

e técnicas da abordagem Cognitivo-Comportamental no tratamento com dependentes

químicos adolescentes, colaborando assim com os profissionais da área da saúde e

estudiosos, com mais um estudo sobre as técnicas mais eficazes para esse tipo de

transtorno.

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2. OBJETIVO

Colaborar com um estudo para a atuação dos Psicólogos e outros profissionais

da área da saúde no tratamento com dependentes químicos adolescentes, destacando os

métodos mais eficazes para o tratamento dessa doença com base na Terapia Cognitivo-

Comportamental.

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3. METODOLOGIA

Essa pesquisa terá como metodologia empírica e utilizará como o tipo de

procedimento metodológico a revisão bibliográfica do ano de 1983 até os mais recentes

artigos de 2017 sobre a Dependência Química entre adolescentes e o tratamento baseado

na Terapia Cognitivo-Comportamental para dependência química. Serão utilizados para

a coleta de informações sites como: Lilacs, Scielo, BVS- psi, Pepsic, e outros mais na

área de saúde, todos com credibilidade científica assim como bibliografias do tema em

questão e relacionados.

Critérios de inclusão são os textos, livros e artigos nacionais, que contêm o tema

da dependência química, adolescência e Terapia Cognitivo-Comportamental no

tratamento da dependência química.

Critérios de exclusão foram os textos, livros e artigos relacionados ao tema que

não tinham credibilidade científica

Palavras-chave em português e inglês: Dependência Química, Adolescentes,

Tratamento e suas dificuldades, Crenças Distorcidas, Terapia Cognitivo

Comportamental.

Chemical Dependency, Teenagers, Treatments and its difficulties, Distorted

Believes, Cognitive behavioral therapy.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a compreensão da Dependência química serão utilizados alguns autores que

estudaram tal fenômeno em diversas vertentes: Figlie, Bordin& Laranjeira (2004)

colaboram nesse trabalho com a definição da dependência química através de uma

totalidade do ser humano e como esse transtorno afeta as esferas biopsicossocial do

indivíduo.

A Organização Mundial da Saúde (1993) auxilia nas diretrizes de classificação

de um adicto. Aricó&Bettarello( 1988); Lopes (2006); Bergeret& Leblanc (1991);

Milby (1988) contribuem com os aspectos históricos da utilização das drogas na

sociedade, assim como, Silva & Veloso destacam alguns aspectos de utilização da

drogas na idade média, quando ópio começou a ser utilizado pela medicina.

Morães (2005), Niel (2011) e Melo & Rocha (2008) falam sobre a relação das

drogas na atualidade, sobre a simbologia que elas atingem no mercado de consumo,

Noto (1997) destaca outros problemas sociais que são provenientes da utilização das

drogas, Holmgren colabora com essa temática trazendo o assunto sobre drogas e

direção, assunto o qual é carente de pesquisas no Brasil.

Sobre as drogas e os tratamentos psicológicos, Olievenstein (1983), Holmgrenet

al (2005), Noto &Galduróz (1999), Nassifi (2003), Kaplan, Sadock (1997), Beck

(1997), Figlie, Bordin& Laranjeira (2010), Rangé (2001) e Sales &Figlie (2011), quem

trarão luz ao trabalho, esclarecendo sobre as diversas formas de tratamento psicológicos

para dependência química.

A base teórica dos modelos de tratamento e técnicas cognitivas comportamentais

para dependentes químicos, será segundo os autores James Prochaska e colaboradores

(modelo transteórico de mudança de comportamento desenvolvido em 1979), Albert

Ellis (a terapia racional emotiva, 1997),Marlatt e Gordon (modelo de prevenção de

recaídas, 1993),Laranjeira (Aconselhamento em Dependência química,2010), Miller e

Rollnick (entrevista motivacional. 2001), além de Assumpção Jr & Kuczynski (1998)

que dissertarão sobre adolescência.

No segundo capítulo Laranjeira (2010), Moraes, Chalem&Figlie (2010),Bee

(1997), Justino (2007), Freitas (2002), Scivoletto (2004), Lemos e Fonseca (2011),

Bessa, Borati&Scivoletto (2011), Silva (2011) e Sant’anna& Ferreira (2010) tentarão

explicar sobre o motivo que os adolescentes usam drogas.

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Mas quando o é que o adolescente se torna dependente químico, quem irá

esclarecer é o DSM-V, APA (2015), Laranjeira et al (2010), o Estatuto da Criança e

Adolescente (ECA), Sant’anna e Ferreira (2010) e Silva (2011).

No terceiro capitulo serão estudados três artigos a fim de contribuir e confirmar

a teoria exposta, são eles: (1) Oliveira, M. S. Avaliação e intervenção breve em

adolescentes usuários de drogas, 2005; (2) ANDRETTA, I. e OLIVEIRA, M. S.

Efeitos da entrevista motivacional em adolescentes infratores, 2008; (3) Williams,

A. V.; Meyer, E. &Pechansky, F. Desenvolvimento de um Jogo Terapêutico para

Prevenção da Recaída e Motivação para Mudança em Jovens Usuários de Drogas,

2007; além dos artigos serão utilizados os autores acima citados.

4.1. A EVOLUÇÃO DA DROGA NA SOCIEDADE

4.1.1 Definições de Dependência Química

A dependência química pode ser vista a partir do aspecto biopsicossocial do

indivíduo, isso quer dizer que essa doença atinge as esferas fisiológicas,

comportamentais e cognitivas do individuo. Pode-se então classificar como dependente

químico a pessoa que coloca como prioridade o uso da substância psicoativa, deixando

de lado outros comportamentos que antes tinham mais valor. (LARANJEIRA, 2004)

O dependente químico coloca como prioridade a obtenção da droga de consumo,

gastando a maior parte do seu tempo em atividades para consegui-las, como dirigir

longas distâncias, furtar objetos dentro de casa, em casos mais graves acontecem os

furtos na rua, todas essas características é conhecida como estreitamento de repertório

na vida de uma adicto e caracterizam já como a dependência em si.

Estreitamento de ou empobrecimento de repertório é a perda das

referencias internas e externas que norteiam o consumo. À medida que

a dependência avança, as referências voltam-se exclusivamente ao

alívio dos sintomas de abstinência, em detrimento do consumo ligado

a eventos sociais. Além disso, passa a ocorrer em locais onde sua

presença é incompatível, como o local de trabalho. (RIBEIRO &

MARQUES, 2010, p. 102)

A esfera do convívio social do adicto é extremamente prejudicada, pois segundo

a American Psycologic Association (APA) (2002): importantes atividades sociais,

ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas, em virtude do uso das

drogas.

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A principal característica dessa doença é a vontade frequentemente forte,

algumas vezes incontrolável, de utilizar as drogas de consumo, podendo ser

medicamentos prescritos, álcool, tabaco ou substâncias psicoativas (ORGANIZAÇÃO

MUNDIAL DA SAÚDE – OMS, 2002).

Para se diagnosticar a dependência química o Código Internacional das Doenças

(CID-10) apud APA (2002) aponta seis diretrizes e, quando três ou mais estão

presentes, um diagnóstico de dependência química é confirmado, sendo elas: forte

desejo ou senso de compulsão para consumir a substância; dificuldade em controlar o

comportamento de consumir a substância em termos de seu início, término ou níveis de

consumo; uma síndrome de abstinência quando o uso da substância cessou ou foi

reduzido; evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes são requeridas para

alcançar efeitos originais; abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos

em favor do uso de substâncias psicoativas; persistência no uso da substância, a

despeito de evidência clara de consequências manifestamente nocivas.

Observado três ou mais desses aspectos acima o indivíduo estará

doente e precisando de ajuda, segundo a Lei 9656, a

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE define a dependência

química como uma doença. Assim também foi classificada pela

Associação Americana de Medicina, Associação Americana de

Psiquiatria, Associação Americana de Saúde Pública, Associação

Americana de Hospitais, Associação Americana de Psicologia,

Associação Nacional de Assistentes Sociais, Organização Mundial de

Saúde e o Colégio Americano de Médicos (OMS, pg 58).

“A dependência química deve ser tratada simultaneamente como uma doença

médica crônica e como um problema social.” OMS (2001, pg. 61). Não basta, portanto,

identificar as consequências e motivos que levaram o indivíduo a drogadição, e sim, o

indivíduo deve ser observado na sua totalidade, isso quer dizer que é importante a

combinação adequada dos tipos de ambientes terapêuticos, das intervenções e das

características dos serviços, com os problemas e as necessidades particulares de cada

indivíduo, não tratando apenas da adicção, mas também das variáveis encobertas

atuantes, como: questões psicológicas, financeiras, sociais, vocacionais, comorbidades

psiquiátricas e etc.., para que se possa oferecer outros referenciais e subsídios que geram

mudanças de comportamento em relação à síndrome.

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4.1.2.O Início da Utilização das Drogas na Civilização

O problema das drogas e tóxicos não é uma criação do século XX, apesar de que

foi nessa época em que alcançou maior desenvolvimento. Pode-se afirmar que as drogas

acompanham o homem desde tempos bem remotos.

Nos primórdios tinha por fim fazer com que os primatas suportassem a

adversidade do meio e condições extremas como fadiga e fome.

Posteriormente algumas religiões utilizaramas drogas como uma fonte

de contato com o sobrenatural. No século XIX as drogas surgem com

a proposta de medicamentos promissores. (ARICÓ &

BERTARELLO, 1988, pg 91).

Sendo assim, de acordo com Martins & Correa (2004) o consumo de drogas

existe desde a antiguidade, através de religiões e culturas, que exploravam seus efeitos

de formas diferentes, cada qual com sua finalidade. Lopes (2006, s/ pg.) cita que:

há milênios o homem conhece plantas como a iboga, uma droga

vegetal. O historiador grego Heródoto anotou, em 450 a.C., que a

Cannabis sativa, planta da maconha, era queimada em saunas para dar

barato em freqüentadores. “O banho de vapor dava um gozo tão

intenso que arrancava gritos de alegria.” No fim do século 19, muitos

desses produtos viraram, em laboratórios, drogas sintetizadas. Foram

estudadas por cientistas e médicos, como Sigmund Freud.

Nas culturas primitivas as plantas alucinógenas foram descobertas e foram

consideradas como “plantas divinas”, isto é, quando sentiam o efeito da planta, que era

sensações desconhecidas no cotidiano, acreditavam que estavam recebendo mensagens

dos Deuses, pois as substâncias causavam alucinações, as quais os povos desconheciam

a origem e julgavam divinas. Dessa forma, povos e culturas utilizavam em seus rituais

tais plantas alucinógenas para poderem entrar em contato com a força da natureza e suas

divindades (BERGERET &LEBLANC,1991).

Outra forma de utilização das drogas aconteceu na idade média dentro das

esferas da medicina, de acordo com os autores Silva & Veloso (2002 s/ pg.):

a idade média tinha como base da medicina as adivinhações e as

receitas mais pareciam fórmulas mágicas, o ópio era a base principal

dos remédios para aliviar a dor. Abu Ali al Hussein Abdallah Ibn- O

Avicena- considerado o maior médico desse período, descrevia em seu

livro “ Canon of Medicine”, remédios que misturavam o ópio com

nozes, eufórbia e alcaçus.

Dessa forma as drogas foram inseridas em nossa cultura desde os primórdios

com diferentes utilizações, a proibição começou apenas no século XX, segundo Lopes

(2006), primeiramente nos Estados Unidos em 1948 e posteriormente em 1961 em

demais Países, inclusive no Brasil após uma convenção da ONU sobre o tema.

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4. 1.3 A Utilização das Drogas na Sociedade Atual

Na década de 1970 houve grandes consumos de heroína sob a forma injetável,

mas o aparecimento da AIDS na década de 1980 no Brasil e em diversos países da

Europa começaram movimentos no sentido de minimizar danos e riscos decorrentes do

uso de drogas. E a partir desse movimento as drogas começaram a mudar podendo ser

destacadas as estratégias de distribuição de metadona em diversos países, evitando-se,

assim, o uso injetável, diminuindo a transmissão de doenças, os riscos de overdose,

embolias e endocardites, aumentando a sobrevida dos pacientes e diminuindo os custos

de saúde para os cofres públicos. A esse conjunto de práticas e estratégias com o

objetivo de minimizar danos e riscos decorrentes do uso de drogas para aqueles que não

querem ou não conseguem se abster do uso é dado o nome de Redução de Danos

(NIEL, 2011).

A partir da década de 1980, houve a invenção do crack, um derivado

mais barato da cocaína, como forma de aproveitar o sobressalente de

menor qualidade de sua depuração, observou-se também uma grande

migração de usuários de drogas injetáveis para o uso de crack, pelo

medo da contaminação com o vírus da AIDS.Com o passar dos anos,

vê-se uma rápida expansão do uso dessa droga ao redor do mundo,

falando-se atualmente de uma “epidemia de crack”, o que configura

um grave problema de saúde pública. Tanto isso é verdade que tem

sido verificada a migração para o crack de usuários de outras drogas e

o rápido desenvolvimento de dependência com pouco tempo de uso

entre pessoas de todas as idades e classes sociais. (MELO & ROCHA,

2008 s/pg.)

A partir da década de 1990 ocorreu o que se conhece por “drogas sintéticas”. No

Brasil, o álcool continua sendo um grave problema de saúde pública e com grande

impacto para a economia. Mas não devemos descartar a marginalidade que o Crack só

faz aumentar, assim como, os índices de violências que antes eram vistos somente em

grandes cidades, mas espalhou-se de forma a ser epidêmico e fazendo com que a

preocupação no tratamento da doença de dependência química aumente.

Nos dias atuais, a indústria do tráfico de drogas é a entidade que

movimenta as maiores cifras no mercado mundial. Além disso, a falta

de perspectiva de futuro dos jovens, a ânsia por experiências cada vez

mais intensas, o isolamento e a perda de vínculos afetivos e sociais

acabam por contribuir para uma sensação de vazio existencial que

propicia o uso de drogas como estratégia de enfrentamento dessas

dificuldades (NIEL, 2011, p. 142).

Dessa forma, torna-se imprescindíveis formas de tratamento que visem essas

modificações comportamentais principalmente para a população mais jovem que são os

mais propensos ao estilo de vida e de prazer que a droga representa.

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19

4.1.4 As Drogas e os Tratamentos Psicológicos para a Dependência de Substâncias

Com a definição de que a dependência química é doença, começam a surgir, no

início do século XIX, diferentes modelos para o tratamento do abuso de substâncias

psicoativas, visando à abstinência da droga ou a diminuição dos índices de recidiva.

Assim, a dependência química começou a ser definida a partir do século XX como uma

doença, que possui uma causa ligada a alterações do funcionamento cerebral,

manifestada por meio de sinais e sintomas específicos. Inicialmente, surgiram conceitos

baseados em descrições psicopatológicas, buscando uma definição que servisse a todos

os pacientes dependentes de substâncias psicoativas (OLIEVENSTEIN, 1983).

Um problema social causado pelas drogas são os acidentes de trânsito que

acontecem com maior frequência com pessoas que estão sob o efeito do álcool e/ou de

drogas psicotrópicas. Holmgrenet al (2005) apud Ponce e Leyton (2008, p. 3) citam que:

“apesar do álcool ser a substância psicoativa mais encontrada em vítimas fatais de

acidente de trânsito, outras drogas, lícitas ou ilícitas (...) têm sido frequentemente

detectadas.”

As drogas se destacam em relação tráfico e, segundo o Drug Enforcement, o

Brasil é a principal rota de tráfico de cocaína da América Latina, fato que traz prejuízos

para o nosso país em aspetos sociais como a disseminação da Aids e da Violência

(NOTO & GALDURÓZ, 1999).

As drogas atualmente são divididas em três grandes categorias, sendo elas:

O primeiro grupo são as depressoras, que diminuem a atividade cerebral

– a pessoa fica devagar, ou seja, seu ritmo cerebral é diminuído. Aqui

encontram-se o álcool, os soníferos ou hipnóticos (barbitúricos, alguns

benzodiazepínicos); os ansiolíticos (calmantes, como

benzodiazepínicos), os opiáceos ou narcóticos (morfina, heroína,

codeína ou meperidina) e os inalantes ou solventes (colas, tintas ou

removedores).

No segundo grupo estão as estimulantes, que fazem com que a pessoa

fique acelerada. Os estimulantes incluem a cocaína e os anorexígenos

(destacam-se as anfetaminas).

O terceiro grupo é o das perturbadoras, que alteram o funcionamento

cerebral. No grupo dos perturbadores estão a mescalina (do cacto

mexicano), o tetraidrocanabinol (da maconha), a psilocibina (de certos

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cogumelos), plantas como lírio e substâncias sintéticas como a

dietilamida do ácido lisérgico (LSD25) e o ecstasy (NASSIFI, 2003).

Com o conceito de que a dependência química é uma doença começam a surgir

algumas contribuições no tratamento desta. A psicologia é utilizada em suas principais

vertentes. Mas em termos de eficácia a que possui mais aprovação é a Terapia cognitiva

comportamental.

Na perspectiva psicanalítica, o alcoolismo ou qualquer outra dependência

química, se apresenta como um sintoma expresso através de comportamento de caráter

compulsivo. O sintoma nada mais é do que simbolização fracassada do desejo

inconsciente e do conflito subjacente (KAPLAN, SADOCK, 1997).

Já a abordagem humanista tem uma visão espiritual, humanística, estética,

holística e poética focaliza na pessoa, que tem como objetivo aprofundar sua

perspectiva de vida de tal maneira que a utilização de substâncias psicoativas não seja

de muita relevância. O tratamento nessa abordagem tem como propósito ajudar o

dependente químico a perceber que o problema não é o relacionamento com os outros

problemas ou pessoas, mas seu relacionamento com a substância psicoativa (BURNS,

1998).

No que se refere à Terapia Cognitiva Comportamental, seu objetivo é

reestruturar as cognições disfuncionais e dar flexibilidade cognitiva no momento de

avaliar situações específicas, como as exemplificadas acima. Ela visa à resolução de

problemas focais, objetivando, em ultima análise, dotar o paciente de estratégias

cognitivas para perceber e responder ao real de forma funcional (BECK, 1997).

A terapia cognitiva baseia-se numa contínua formulação do paciente e

de seus problemas em termos cognitivos. Conceitua as dificuldades

em nível de pensamento, emoção e comportamento; identifica fatores

precipitantes e levanta hipóteses sobre eventos-chave do

desenvolvimento de padrões duradouros de interpretação. Requer uma

aliança terapêutica sólida, que inclui cordialidade, empatia, atenção,

respeito genuíno e competência. Tem um sentido didático: visa

ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção da

recaída. Ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus

pensamentos e crenças disfuncionais por meio de questionamento

socrático. Utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamento,

humor e comportamento. (FIGLIE, BORDIN & LARANJEIRA, 2010,

p. 220).

Considerando a urgência de resultados no tratamento da dependência química de

adolescentes, a TCC, é um das formas que podem ser indicada, pois a plasticidade

cerebral do adolescente está muito vulnerável e os prejuízos cognitivos mantidos pelo

uso de substâncias psicoativas podem ser irrecuperáveis (BECK, 1997).

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De acordo com Rangé (2001) a TCC trata-se de métodos de tratamento para

problemas de natureza emocional, nos quais uma pessoa treinada, mediante a utilização

dos meios psicológicos estabelece, deliberadamente, uma relação profissional com a

pessoa que busca ajuda, visando remover ou modificar sintomas existentes, retardar seu

aparecimento, corrigir padrões disfuncionais de relações interpessoais, bem como

promover o crescimento e desenvolvimento da personalidade.

Há outra vertente da Psicologia que trata a dependência química, é a entrevista

motivacional, ela é e pode ser utilizada por terapeutas cognitivos, mas é considerada

pelos próprios criadores como sendo uma abordagem transteórica, ou seja, que não se

limita a uma teoria. A principal ferramenta é a empatia, que é muito utilizada na

abordagem humanista, mas ela segue critérios e etapas de tratamento assim como a

TCC, é importante salientar que a união da TCC com a Entrevista Motivacional, faz

com que encontrem maiores resultados principalmente no tratamento de adolescentes (

MILLER & ROLLNICK, 2011).

A entrevista motivacional (EM) consiste em uma abordagem de

aconselhamento utilizada na promoção da mudança de comportamento

a favor de um estilo de vida saudável. Desenvolvida inicialmente por

William Miller e Stephen Rollnick na década de 1990. Essa

abordagem psicológica difere de tantas outras, sobretudo por enfatizar

a importância do estilo pessoal do terapeuta sobre a motivação de seu

cliente em relação ao processo de mudança a ser realizado. (SALES &

FIGLIE, 2011, p. 267).

Diante de todas as evidencias mostradas no presente capítulo, é indiscutível que

o tema de tratamento da dependência química seja abordado na visão da TCC em

conjunto com a EM, será exposto no capitulo seguinte quais as dificuldades do

tratamento em dependência química, principalmente no que tange aos adolescentes, e

como a TCC poderá colaborar para que haja maior sucesso.

4.2. DIFICULDADES NO TRATAMENTO DE ADOLESCENTES E COMO A

TCC PODE AJUDAR

4.2.1. Por que o Adolescente Usa Drogas?

O aspecto biopsicossocial e a correlação entre o desenvolvimento não pode ser

descartado quando se busca saber por que o adolescente usa drogas. Visto que há o que

chamam de “crise do adolescente”, que é uma fase onde existem muitos conflitos, ele

busca sua identidade que não é mais a de uma criança e nem mesmo ainda a de adulto.

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Essa busca de um “lugar” na sociedade gera conflitos psicológicos e além disso, há as

alterações hormonais comum a essa fase. Diante desse turbilhão de perturbações o

adolescente ainda deseja buscar seu lugar na sociedade, e necessita de um sentimento de

pertencimento grupal. Então o desenvolvimento que em si nessa fase gera conflitos, e

adicionando hormônios, e as pessoas que ele (adolescente) irá acompanhar e fazer as

escolhas de pertencimento geram os aspectos biopsicossociais que influenciam o uso de

drogas na adolescência (MORAES, CHALEM & FIGLIE 2010).

Levando-se em consideração que o adolescente passa por um período de

transformações, onde se sente incompreendido pela família, a sociedade o anula de certa

forma, pois ainda não é um adulto e nem mais uma criança, fazendo com que muitos

desejem sumir do mundo. E a partir do uso de drogas, o adolescente que se sente

deslocado na sociedade encontra nas drogas algo que lhe dá prazer, juntamente com um

sentimento (falso, porém é o que sentem) de poder, realização, esquecimento dos

problemas (com falsa ilusão de solução), dessa forma acomete-se a realização pessoal.

O parágrafo acima é bem explicado no trecho do texto de Bessa, Boarati & Scivoletto

(2011, p. 363):

Para conquistar a própria identidade, sua autoconfiança e na busca de

sua independência, o adolescente saudável experimenta diferentes

comportamentos e atitudes. (...) A escolha do uso experimental ou do

uso regular dessas substâncias se dá sob a influência de vários fatores

presentes em seu desenvolvimento (...) A curiosidade natural dos

adolescentes é um dos fatores de maior influência na experimentação

de álcool e drogas, ao lado de fatores externos, como opinião dos

amigos e facilidade de obtenção.

De acordo com Laranjeira, et al, (2010, p. 228) há o modelo cognitivo de

desenvolvimento do transtorno de abuso e dependência de substancias psicoativas que

demonstra exatamente o que esta sendo explicado acima, descrito na figura 1.

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Figura 1: Modelo cognitivo de desenvolvimento do transtorno de abuso e dependência de substancias

psicoativas (Laranjeira, 2010, p. 228).

Esse modelo demonstra bem a influência biopsicossocial, pois as experiências

durante o desenvolvimento e exposição com comportamentos aditivos, podem levar ao

uso continuado e fazer com que o adolescente torne-se um dependente de substancias de

acordo com as crenças que terá em conjunto no decorrer de sua formação e de seu uso.

Além dos aspectos biopsicossociais é importante lembrar sobre a fase da

adolescência que por si é onde ele tenta se autoafirmar como indivíduo e acaba

transgredindo regras de conduta.

A “panelinha”, turma ou grupo do adolescente forma, assim, uma base

segura da qual o jovem pode se movimentar na direção de uma

solução singular ao processo de identidade. Em última análise, cada

adolescente precisa atingir uma visão integrada de si, o que inclui seus

próprios padrões de crenças, metas profissionais e relações (BEE,

1997, p. 353).

De acordo com o que Bee (1997) fala sobre essa fase em que o adolescente irá

atingir uma visão integrada de si, e consolidará as crenças, fica evidente que o fator

grupal (a “panelinha”) é de grande influencia nessa formação, e coloca o fator social

como uma grande possibilidade de experimentação de drogas, ou seja, se o grupo em

que o adolescente busca apoio e sua individualidade usa drogas é possível que haja uma

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exposição ao consumo, mas o que irá determinar, provavelmente, são as crenças que já

desenvolveu nesse percurso até chegar na experimentação, e essas é que irão reforçar ou

não o uso continuado.

Para um adolescente, o seu grupo de pares é o lugar onde, através de

comportamentos padronizados, ele busca certa segurança e um

aumento de sua autoestima. O espírito de grupo lhe dá a gratificante

sensação de ser alguém. Alguém até certo ponto importante, por que

acentua a diferença do tratamento recebido pelo grupo familiar. É um

espaço protegido em que os aspectos geradores de angústia são

atuados e respeitados pelos companheiros, pois todos vivem os

mesmos conflitos (FREITAS, 2002 pp.37-8).

Dessa forma a curiosidade e apoio aos conflitos nessa fase serão divididos com o

grupo de amigos, não solicitando ajuda para grupo familiar, o que pode isolar o jovem

da sua família e conseqüentemente não compartilhar sobre sua vida, dúvidas e

angústias.

As pessoas voltam-se tão intensamente para os companheiros da

mesma faixa etária, ou pares, em busca de apoio, orientação,

autoestima e identidade. Valorizando as opiniões uns dos outros como,

os adolescentes em específico passam muito tempo na companhia uns

dos outros. Em geral eles aderem aos padrões do grupo. As pressões

são especialmente fortes no início da adolescência e começam a ter

um ligeiro declínio. Enquanto os pais, como superiores tendem a

comunicar seus julgamentos, os amigos tendem a interagir como

iguais. (...) por meio das interações os amigos ajudam-se mutuamente

a examinar pensamentos e sentimentos confusos ou perturbadores.

(DAVIDOFF, 2001, p. 467).

Não é de se admirar que um grupo onde o aceita, discute sobre seus problemas,

os entendem, possa influenciar na experimentação de drogas. Há também algumas

evidencias sobre a relação entre a propaganda.

Babor e cols (2003) apud Justino (2007, p.10) sustentam:

Há evidências concretas da relação entre a propaganda e o aumento do

consumo de bebidas alcoólicas. Os indivíduos, principalmente jovens,

mais expostos à promoção de bebidas acabam tendo uma visão mais

positiva do típico consumidor de álcool, bem como alimentam atitudes

mais favoráveis em relação ao beber, maiores expectativas de beber

quando adulto ou, por fim, bebem mais frequentemente.

Bessa, Boarati&Scivoletto (2011, p. 363-364) ainda trazem que:

“A influência dos modismos é de particular importância sobre os

adolescentes. A moda reflete a tendência do momento, e os

adolescentes são particularmente vulneráveis a essas influências. Eles

estão saindo da infância e começando a ganhar autonomia (...) a moda

irá influenciar na escolha do estilo, salientando-se a pressão da turma,

os modelos e os ídolos (...). Nos dias atuais, o uso indiscriminado de

medicamentos, como remédios para relaxar, melhorar o desempenho

sexual, medicações para dormir, dentre outros, dão ao jovem a

impressão de que, para qualquer problema, há sempre uma alternativa

química que não requer grandes esforços, de ação rápida, ou seja,

resposta consoante com o imediatismo característico da juventude.”

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Há ainda os medicamentos psicotrópicos, onde o consumo de anfetaminas

também obtém pouca importância. Segundo Lemos e Fonseca (2011, p. 205):

Nessa classe de substâncias estimulantes encontram-se duas formas de

abuso, a instrumental e a recreacional, que facilmente conduzem a

dependência. Essas formas de abuso estão associadas a padrões de

comportamento que são tolerados pela grande parcela da população e

estimulados em meios de comunicação: o Padrão estético de beleza

magra e a diversão nas baladas rave (“coisas da juventude”).

A família também pode ser um fator de risco, onde estimula de forma até mesmo

cultural o uso do álcool, ou criticam os filhos por estarem acima do peso. Além de haver

o fator genético que não pode ser descartado, visto que filhos de pais dependentes

apresentam quatro vezes mais chances de se tornarem dependentes (BESSA, BOARATI

& SCIVOLETTO, 2011).

4.2.2. Quando o Adolescente Torna-se Dependente Químico?

O diagnóstico para adolescentes por si já é um fator difícil, visto que ele ainda

está em fase que não é recomendado que se feche um diagnóstico, mas em relação a

dependência química muitos dos comportamentos adictivos se confundem com o da

adolescência, como transgredir regras, ficar mais fechado no “seu canto”, valorizar mais

as amizades que os pais, esses são fatores que são comum à fase e que podem dar

indícios aos pais que o filho faz uso de substâncias psicoativas, ou seja é bem confuso,

mas outros critérios podem ser levados em consideração como os do DSM-V e do

CID10.

O DSM-V descreve para dependência de substâncias onze critérios como padrão

de consumo problemático de uma substância, levando a um prejuízo clinicamente,

ocorrendo dentro de um período de doze meses (APA, 2013):

1-) A substância é geralmente consumida em maiores quantidades ou por um período

mais longo do que o pretendido.

2-) Existe um desejo persistente ou esforço sem êxito para reduzir ou controlar a

utilização da substância.

3-) Uma grande quantidade de tempo é gasto em atividades necessárias para obter a

substância, ou se recuperar de seus efeitos.

4-) Está presente um forte desejo ou vontade de usar a substância.

5-) O uso recorrente da substância, resulta em um fracasso em cumprir obrigações

importantes relativas ao seu papel no trabalho, escola ou em casa.

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6-) Permanece o uso continuo da substância, apesar da presença de problemas sociais ou

interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados pelos efeitos do seu

uso.

7-) Atividades sociais, ocupacionais ou recreativas importantes são abandonadas ou

reduzidas em virtude do uso da substância.

8-) Há utilização recorrente da substância em situações nas quais é fisicamente perigosa.

9-) A utilização da substância é continuada apesar do conhecimento de ter um problema

físico ou psicológico persistente ou recorrente que é provável que tenha sido causado ou

exacerbado pela substância.

10-) Tolerância, tal como definido por qualquer uma das seguintes características:

a- A necessidade de quantidades progressivamente maiores de substâncias para

adquirir a intoxicação ou o efeito desejado.

b- Um efeito marcadamente reduzido com o uso contínuo da mesma quantidade

da substância.

11-) Retirada, manifestada por um dos seguintes procedimentos:

a- A síndrome característica retirada para essa substância (conforme

especificado no DSM-5 para cada substância.)

b- A substância (ou uma substância relacionada) é utilizada para aliviar ou

evitar sintomas de abstinência.

Uma das coisas que preocupam em seguir um diagnóstico do DSM-V é que ele

pede que sejam observados os quesitos anteriores por 12 meses, e isso por si já é um

diagnóstico tardio para o tratamento da dependência química, pois quanto mais tardio o

inicio do tratamento, mais difícil é (como já visto nos capítulos anteriores). Outro

problema é que os diagnósticos especificados são para adultos e não há um critério de

diagnóstico em dependência química para adolescentes, o que dificulta o diagnóstico

entre adolescentes. Seguindo o DSM-V, eles dificilmente apresentam sintomas físicos

de dependência, apresentando tolerância exacerbada e sintomas de abstinência

minorados. Há uma imensa necessidade de programas de tratamento especialmente

desenvolvidos para faixas etárias mais jovens, uma vez que as necessidades desta

população são diferentes das dos adultos (BESSA, BOARATI & SCIVOLETTO, 2011).

Os critérios de avaliação e diagnóstico do CID-10 (1997), diferem muito do

DSM-V (2013) e é importante ressaltar que ambos pedem observação dos critérios por

12 meses, seria necessário uma reformulação no que concerne ao tópico da dependência

química, mas esta discussão entraria em outro trabalho, acerca do que confere aos

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adolescentes é possível que se faça um critério específico a eles e isto dificultaria menos

a avaliação, intervenção e tratamento.

Laranjeira, et al (2010), discute

outra singularidade a ser observada é a pouca eficácia demonstrada

por tratamentos voltados para adultos quando aplicados aos

adolescentes. Estes vivem intensamente o presente, não se apegam às

coisas do passado, tampouco sentem qualquer nostalgia por esse

tempo. Estratégias que tentem mostrar ao usuário/ dependente como

era melhor a vida sem a droga não causam, no adolescente, a

repercussão esperada, até porque, em muitos casos, poucas

experiências agradáveis são lembradas.

Mesmo quando diagnosticado com o abuso ou a dependência não há quase

adesão ao tratamento dos adolescentes e poucos terminam o tempo proposto de

tratamento, é um fato já visto na maioria dos estudos referentes a essa população

especifica. É necessário que o adolescente ressignifique sua identidade e reaprenda a ter

prazer em outras atividades, tudo isso para um adolescente é complicado, visto que ele

mal tem identidade e está em busca de uma, e ainda assim precisará de ressignificação,

quanto ao prazer em outras atividades e dizer a ele que se lembre de coisas boas, poucas

aconteceram em sua vida sem o uso. “São tarefas árduas e aparentemente impossíveis

para um adolescente em início de tratamento.” (LARANJEIRA et al, 2010, p. 390)

Por se tratar de uma população com características próprias, o

tratamento para o adolescente usuário abusivo ou dependente de

drogas deverá ser adaptado às suas peculiaridades, diferenciando-se do

tratamento de adultos. O respeito à essas particularidades torna-se

imprescindível para a evolução satisfatória da intervenção, bem como

a importância do papel familiar e escolar como coadjuvantes no

tratamento. (MORAES, CHALEM & FIGLIE, 2010, p. 379)

Sem dúvida há a necessidade de tratamentos específicos para adolescentes e

novas abordagens que aumentem o vínculo dos adolescentes ao tratamento assim como

já há pesquisas em que a Entrevista Motivacional aumenta a aderência terapêutica

utilizando-se em conjunto com ferramentas da TCC.

A Entrevista Motivacional (EM) consiste em uma abordagem

desenvolvida para ser utilizada por qualquer profissional e agrega

valor devido a poder ser utilizada em toda e qualquer fase do

tratamento. Todo profissional que seja treinado a utilizar essa

abordagem estará propiciando ao dependente químico um ambiente

seguro, acolhedor e estimulante para que ele possa se sentir

encorajado a mudar. (SALES & FIGLIE, 2011, p. 267).

Dessa forma, a EM pode propiciar ao adolescente um ambiente que ele procura

nas drogas, onde ele se sinta acolhido, aceito, e não seja criticado, talvez seja uma das

condições com que faça que o adolescente tenha maior adesão terapêutica dentro dessa

abordagem, mas ela principalmente no caso dos jovens é necessária que se faça uso

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constante das ferramentas da TCC, principalmente o RPD (Registro de Pensamentos

Disfuncionais).

Segundo Laranjeira et al (2010) uma das modalidades de tratamento é a

Hospitalar em Regime de Internação, nesse caso, é possível ter controle sobre o

comportamento e oferece certa garantia de que estará longe das drogas assim como de

comportamentos impulsivos.

é recomendada em casos em que a vida do adolescente ou de pessoas

próximas esteja em risco, além da possibilidade de complicações

clínicas (decorrentes ou não dos sintomas de abstinência) e

comorbidades e insucesso em tratamentos ambulatoriais anteriores.

(LARANJEIRA et al, 2010, p.390)

Em relação aos adolescentes ainda há que considerar os estatutos da criança e

adolescentes, que não aceita qualquer internação, e nem mesmo que esta seja conjunta

com adultos.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artº12,

recomenda que os adolescentes sejam internados com

acompanhamento de um familiar ou responsável, em tempo integral.

Os autores ainda observam que uma unidade psiquiátrica designada

para adultos não é ambiente recomendado para internação de um

adolescente usuário de drogas. (JUSTINO, 2007, p. 12)

Outra modalidade de tratamento é a Ambulatorial,

indicado para casos em que não existam complicações físicas e/ou

psiquiátricas agudas, haja o desejo de abstinência e exista interesse e o

envolvimento familiar. Um diferencial desse modelo é o não

afastamento do adolescente de suas atividades rotineiras, embora em

alguns casos seja necessário. (LARANJEIRA et al, 2010, p.390)

Em conjunto com os tratamentos ambulatoriais são indicados frequência em

grupos de AA e NA (Alcoólicos Anônimos – AA e Narcóticos Anônimos - NA), assim

como participação em terapias de aconselhamento, terapias individuais com psicólogos,

CAPS-AD, entre outros recursos, que demonstram eficácias no tratamento em

dependência química.

Os AA destinam-se a alcoólicos, os NA são para dependentes químicos e são

organizados por pessoas que encontram-se em abstinência do uso, são reuniões que

visam ajuda mútua e a superação das dificuldades para quem deseja obter a abstinência.

O Amor exigente e Nar-Anon (grupo para familiares de dependentes químicos –

narcóticos anônimos) são para familiares de dependentes e são organizados por

familiares que passaram pela experiência de ter um dependente químico em casa. Para

os adolescentes existe o ALATEEN (grupo para familiares de dependentes químicos

adolescentes) (SANT’ANNA & FERREIRA, 2010)

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Há também as Comunidades Terapêuticas, que é uma internação normalmente

mais prolongada e com rotinas e regras rígidas, promovem e visam à mudança dos

comportamentos adictivos, assim como a abstinência das drogas. O tratamento inclui

aconselhamento por dependentes recuperados, assim como grupos de prevenção à

recaída, reuniões de NA, estratégias de enfrentamento, terapia individual e em grupo,

consulta com psiquiatras entre outros. Cada indivíduo tem suas responsabilidades no

trabalho diário e laborterapia (terapia através do trabalho) incluindo neste a manutenção

do local, que faz parte do processo educativo, resgatando valores e regras

(LARANJEIRA, 2010).

O tempo de internação dos adolescentes deve ser menor em Comunidades

Terapêuticas. Os adolescentes possuem outras necessidades que diferem das

necessidades dos adultos, como mais ênfase no estudo e na educação do que no trabalho

e mais envolvimento da família o que envolve o trabalho de uma psicopedagoga ou

pedagoga dentro da equipe multidisciplinar que existe na Comunidade.

De acordo com Laranjeira (2010, p. 391) o tratamento em Comunidades

Terapêuticas é:

apropriado para casos em que existam comorbidades psiquiátricas

graves (desde que a comunidade disponha de médicos),

comportamentos antissociais, problemas familiares, ausência de

resposta ao tratamento ambulatorial e necessidade de períodos de

internação maiores que os oferecidos pelos hospitais.

Mas é necessário mais esforços da política publica para os adolescentes usuários

de drogas, até mesmo no que concerne às políticas preventivas, que estas são as que

demonstram mais resultados em abstinência de drogas, pois uma política de prevenção

ao uso bem elaborada já deixaria muitos jovens longe desse mal que atinge as famílias

independente da cidade ou classe social.

4.2.3. Como a TCC Pode Contribuir no Tratamento dos Adolescentes

Diante o exposto nos tópicos 4.2.1 e 4.2.2, há muitas dificuldades no tratamento

dos adolescentes que vão desde as políticas públicas, até mesmo às crenças que

envolvem o uso por essa população. É fato que muitos adolescentes que iniciam o uso,

alguns abandonam na vida adulta e que outros irão ser dependentes, e esse risco é muito

grande. É necessária intervenção breve, ou seja, logo no início onde o adolescente ainda

não sofreu grandes perdas devido ao uso das drogas, e como a Terapia Cognitivo

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Comportamental é a que mostrou mais resultados no tratamento em Dependência

química, como visto no início do atual trabalho, será tratado diretamente de como ela

vai atuar e como pode-se intervir com a TCC com os adolescentes.

A Terapia Cognitiva baseia-se na tríade:“cognição, emoção e comportamento”

esta implica no funcionamento normal do ser humano.Tem como base a observação das

distorções cognitivas (uma situação não é o que ela é, mas sim, o que pensa-se referente

a tal situação- pensamentos automáticos) que são muito incidentes em diferentes

transtornos. De maneira simplista poderia dizer que o objetivo da terapia é corrigir as

distorções do pensamento (WRITE, BASCO & THASE, 2008).

Na TCC, os terapeutas incentivam o desenvolvimento e a aplicação de

processos conscientes adaptativos de pensamento, como o pensamento

racional e a solução de problemas. O terapeuta também dedica

bastante esforço para ajudar os pacientes a reconhecer e mudar o

pensamento patológico em dois níveis de processamento de

informações relativamente autônomo: pensamentos automáticos e

esquemas. (WRITE,BASCO & THASE, 2008, p. 19).

Há uma interação recíproca de pensamentos, sentimentos, comportamentos,

fisiologia e ambiente. As emoções podem influenciar os processos cognitivos e os

comportamentos também podem influenciar a avaliação de uma situação pela

modificação da própria situação. A mudança em qualquer um desses quesitos pode

iniciar modificações nos demais. (SOUZA E CANDIDO, 2009)

Na TCC o terapeuta irá ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta, ou seja,

serão ensinados as técnicas e os recursos para que ele próprio faça descobertas, onde irá

observar criticamente suas distorções, diminuindo assim, suas resistências e

estimulando o desenvolvimento de habilidades necessárias para futuramente analisar

por si mesmo seus problemas (WRITE,BASCO & THASE, 2008).

Segundo Beck (1964), não é a situação (ou o contexto) que determina

o que as pessoas sentem, mas o modo como elas interpretam (e

pensam) os fatos em uma determinada situação. E, na medida em que

se depara com novas situações, o pensamento tenta extrair as

padronizações percebidas de cada acontecimento, transformando as

similaridades detectadas em padrões gerais de interpretação. (ABREU

& GUILHIARDI, 2004, p.278).

A verificação dos pensamentos automáticos e esquemas é

constantemente analisada em conjunto terapeuta e paciente, pois a base de crenças

disfuncionais, inclusive a cerca do uso das drogas, se dá através destes, a premissa que a

TCC vai trabalhar é que se mudar o pensamento automático frente às diversas situações

que envolvem o uso de drogas, provavelmente irá modificar o comportamento, dessa

forma o indivíduo não usará drogas frente a diversas situações que usaria, adquirindo

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31

então estratégias de enfrentamento dos problemas. Quanto maior a habilidade de

enfrentamento, menor a chance de recaídas.

Pensamentos automáticos são cognições que passam rapidamente por

nossas mentes quando estamos em meio a situações. (...) Esquemas

são crenças nucleares que agem como matrizes ou regras subjacentes

para o processamento de informações. Eles servem a uma função

crucial aos seres humanos, que lhes permite selecionar, filtrar,

codificar e atribuir significados às informações vindas do meio

ambiente. (WRITE,BASCO & THASE, 2008, p. 19)

O modelo cognitivo do abuso de substâncias demonstrado neste capítulo

exemplifica bem como a TCC pode agir diretamente nos adolescentes para ajudar na

abstinência, por exemplo:

...um jovem que se sinta inseguro ou socialmente inadequado pode

estar vulnerável à pressão dos colegas para se engajar no uso, a fim de

evitar ser ridicularizado ou rejeitado. Indivíduos guiados por uma

crença de perfeccionismo podem estar vulneráveis ao suposto “poder”

de determinadas drogas, como cafeína, nicotina, cocaína ou

anfetaminas e acreditam que podem melhorar suas habilidades,

indivíduos que não se acreditam habilitados a lidar com sentimentos

dolorosos ou situações difíceis são mais vulneráveis a substancias de

efeitos ansiolíticos, como o álcool, os calmantes e a maconha. Com o

uso continuado, as crenças relacionadas às drogas tornam-se mais

arraigadas, salientes e acessíveis. Conforme são ativadas por um

número sempre crescente de estímulos, vão se tornando mais e mais

disponíveis e automáticas. Os indivíduos dependentes se envolvem em

um círculo vicioso de uso de drogas e crenças reforçadoras, como uma

espiral ascendente em termos de gravidade e cronicidade dos

comportamentos de abuso e dependência. (FIGLIE, BORDIM E

LARANJEIRA, 2010, p. 228).

Por esse motivo a intervenção logo no início do uso de um adolescente irá

acarretar em maior sucesso no tratamento. Algumas ferramentas devem ser sempre

utilizadas a começar pelo relacionamento colaborativo, onde o adolescente deve sentir-

se seguro e acolhido pelo terapeuta, para que dessa forma possam ser trabalhadas

crenças e regras condicionadas a respeito do uso. Mas o terapeuta deve sempre ser

cauteloso a respeito de buscar situações na vida do adolescente no passado, pois o

adolescente que inicia o uso em drogas, provavelmente tem uma visão distorcida dos

acontecimentos passados, ou realmente eles foram ruins, mas deve-se sempre colocar o

paciente pensando no futuro como ele será e como pode ser com e sem o uso de

substancias. Essa ponte ao futuro pode ser estabelecida ainda na agenda, com o item

como pauta de primeira sessão a identificação de problemas e estabelecimento de metas,

mas sempre mantendo uma postura colaborativa e não impositiva. É de suma

importância que se pergunte ao paciente o que ele espera da terapia e suas expectativas,

pois, a maioria dos adolescentes não consegue enxergar problemas no uso de

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substancias, então psicoeducações a respeito das consequências das drogas são

importantes para que o paciente compreenda os riscos que corre e como a terapia poderá

ajudá-lo, mas sempre acautelando-se de não impor ao paciente o que o terapeuta pensa

das drogas, mas aconselhando-o (BORDIN, ZANELATTO, FIGLIE & LARANJEIRA,

2010).

Segundo passo na terapia será identificar as crenças relacionadas ao uso e

crenças de controle assim como as distorções cognitivas. Será necessário “educar” o

paciente ao modelo cognitivo para que ele também compreenda e possa modificar estas

estruturas (BORDIN, ZANELATTO, FIGLIE E LARANJEIRA, 2010).

A identificação e a descrição das distorções cognitivas comuns

associadas a exemplos concretos da vida do paciente são altamente

eficazes para a compreensão do modelo cognitivo e para intervenções

adequadas. Distorções cognitivas típicas são erros sistemáticos de

processamento que mantém a crença do paciente na validade de seus

conceitos negativos, apesar da presença de evidencias contraditórias

(FIGLIE, BORDIN & LARANJEIRA, 2010, p. 237).

Após esses passos a terapia deve trabalhar com a reestruturação

cognitiva, fazendo com que o paciente possa pensar diferente frente às diversas

situações e adquirir estratégias de enfrentamento para os problemas, estratégias estas

que não sejam compatíveis com o uso de drogas. (BORDIN, ZANELATTP, FIGLIE &

LARANEJIRA, 2010)

Essas são as principais ferramentas e as que devem alicerçar o tratamento

com os adolescentes, mas existem inúmeras coisas que possam ser feitas e colaboram

diretamente como o tratamento deles. É importante ressaltar o role play, o método da

escada, utilizar cartões de enfrentamento, resolução de problemas, monitoramento de

atividades e agendamento, e a maior parte do tempo deve-se utilizar o RPD (Registro de

Pensamentos Disfuncionais).

No próximo tópico serão apresentados 3 artigos que irão justificar e

apontar a eficácia da TCC no tratamento com os adolescentes.

4.3. ESTUDOS DE CASOS QUE COMPROVAM A EFICÁCIA DA TCC

O presente item se propõe a fazer uma revisão literária de três artigos1

encontrados na internet cujo critério de busca foi pesquisa de campo com adolescentes

usuários de drogas, são eles:

1 Anexo cada artigo na íntegra.

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Oliveira, M. S. Avaliação e intervenção breve em adolescentes

usuários de drogas, 2005; disponível

em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-

56872005000100008&script=sci_arttext

ANDRETTA, I. e OLIVEIRA, M. S. Efeitos da entrevista

motivacional em adolescentes infratores, 2008; disponível em:

http://www.scielosp.org/pdf/estpsi/v25n1/a05v25n1.pdf

Williams, A. V.; Meyer, E. &Pechansky, F. Desenvolvimento de um

Jogo Terapêutico para Prevenção da Recaída e Motivação para

Mudança em Jovens Usuários de Drogas, 2007; disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/ptp/v23n4/06.pdf

Estes artigos pretendem reforçar a ideia exposta nos capítulos anteriores assim

como, mostrar a eficácia da TCC na atuação e intervenção com adolescentes usuários de

drogas.

4.3.1. Avaliação e Intervenção Breve em Adolescentes Usuários de Drogas

(OLIVEIRA, 2005)

O presente item se propõe a fazer um breve resumo do artigo acima citado e

confrontar dados com os autores citados em capítulos anteriores a fim de validar e

comprovar o que foi proposto na pesquisa.

Esse artigo refere-se a uma pesquisa com 39 adolescentes com média de idade

de 16 anos que participaram de um projeto piloto na PUCRS, “Projeto de Atenção

Especial ao Adolescente Infrator Usuário de Drogas”. Foi escolhida a Entrevista

Motivacional (EM) como base para atendimento psicoterápico em Intervenção Breve

(IB), para conseguir sensibilizar os adolescentes usuários de Substâncias Psicoativas

(SPAs) em relação aos seus comportamentos problemas e também para conscientização

ao uso das drogas.

Houve avaliação na escala URICA (McConnaughy, DiClemente,

Prochaska&Velicer, 1983), onde 84% deles encontrava-se em estágio de pré-

contemplação, ou seja, não percebiam problemas relacionados ao uso de SPAs.

28 dos adolescentes acompanhados completaram com sucesso

atendimento. Apresentaram mudanças significativas: diminuição do

estágio de pré-contemplação, uma maior conscientização da forma

destrutiva do seu estilo de vida causado pelo uso de drogas, como a

maconha, cocaína, o crack e o tabaco, e nas crenças cognitivas

relacionadas ao uso de drogas. (p.7)

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O artigo ainda explica que é importante que haja capacitação dos profissionais

nessa abordagem para que possa haver maior êxito com essa população. Em estudos

foram averiguados que somente 50% passavam da primeira consulta em outras

abordagens, e desses 70% não terminavam o tratamento, sendo assim, provou-se a

eficácia da EM nessa população. Mostrando que além da adesão ao tratamento ser

significativamente maior, há também mudanças e reflexões acerca dos comportamentos

adictivos, assim como o uso de SPAs em si.

Um dos assuntos já abordado anteriormente nesse trabalho foi justamente a

dificuldade de aderência ao tratamento pelos adolescentes que foi trazido por Laranjeira

[et Al], (2010), Moraes, Chalem & Figlie, (2010), Sales & Figlie (2011), e o artigo

citado nesse item demonstra exatamente essa dificuldade superada com técnicas de

entrevista motivacional com adolescentes e obtém êxito, principalmente no que se refere

ao acolhimento, pois o adolescente não quer ser confrontado como dito em capítulos

anteriores por Sales & Figlie (2011). A seguir retirou-se um trecho da entrevista

motivacional com uma adolescente de Miller & Rollnick (2001, p. 219) onde GT é a

terapeuta e LS a adolescente submetida a primeira sessão de entrevista motivacional

para exemplificar o que foi feito com os adolescentes do Projeto citado anteriormente:

GT: Bom dia, Lisa. Obrigada por vir à unidade de dependências. Diga,

o que posso fazer por você?

LS: Não sei. Eu nã pedi para vir aqui.

GT: Quem pediu que você ciesse?

LS: Não sei. Minha assistente social, provavelmente.

GT: E qual ela acha que é o problema?

LS: Ficar fora no fim de semana. Não saber onde eu estou.

GT: E por que ela pediu que você viesse até aqui?

LS: Porque ela acha que eu bebo demais.

GT: E o que você acha do seu consumo de bebida?

LS: (dá de ombros)

GT: Talvez você possa me falar sobre seu hábito de beber para que eu

possa ter alguma ideia de porque isso é um problema para sua

assistente social, mas também para que possamos ver se isso é ou não

um problema para você.

O que se pode perceber nesse trecho é que a terapeuta coloca-se em posição de

acolhimento e concordância com o que o paciente diz, mas que ao mesmo tempo a faz

pensar. Essa postura do terapeuta foi sugerida por Laranjeira [et Al.] (2010 e 2011),

assim como por Bordin, Zanelatto, Figlie& Laranjeira, (2010), como pode-se perceber

no trecho a seguir da conversa:

LS: Sexta-feira ao meio dia, quando saímos vamos para o bar.

GT: você sai com pessoas do trabalho.

LS: É o que estou dizendo. Eu não bebo sozinha. Bebo com meus

amigos; então, se eu tenho um problema, eles também têm.

GT: você poderia continuar a descrever o final de semana?

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LS: nós ficamos no bar até fechas, às 3 horas, e então pegamos uma

garrafa de cidra e levamos para a casa da minha amiga. A mãe dela

trabalha.

GT: e aí vocês passam a tarde bebendo.

LS: É, e de noite nós vamos a outros bares e clubes.

GT: Então, você bebe até tarde da noite.

LS: É. Nós pegamos uma saideira e vamos para a casa de alguém

depois.

GT: OK, Lisa, estou formando um quadro bem claro da maneira como

você bebe nas sextas-feiras. Você diz que sai direto do trabalho e bebe

durante toda a tarde, e as vezes por toda a noite. Deve ser difícil para

você se lembrar do quanto bebe. Você tem ideia?

Nesse trecho que dá sequencia ao anterior, percebe-se claramente que em

momento nenhum a terapeuta reprovou os comportamentos de Lisa, dessa forma a

menina sente-se a vontade em confiar e contar o que faz, essa característica da terapia é

descrita por Sales e Figlie (2011), quando descreve o que é a EM. Assim se dará todo o

tempo da EM, não se julgará, nem mesmo acusará a paciente de beber demais, fará com

que ela perceba por si, como é o sugerido no item 4.2.3 do presente trabalho em relação

às dificuldades no tratamento de adolescentes, que é o relacionamento colaborativo.

...o termo mais frequente usado para descrever o relacionamento

terapêutico na TCC é empirismo colaborativo. (...) O terapeuta

envolve o paciente em um processo altamente colaborativo no qual

existe uma responsabilidade compartilhada pelo estabelecimento de

metas e agendas, por dar e receber feedback e por colocar em prática

os métodos de TCC na vida cotidiana. (WRITE, BASCO &

THASE, 2008, p. 35)

Dessa forma, de acordo com o trabalho avaliado, a EM está em pleno acordo

com o que a TCC aplica nos relacionamentos terapêuticos, provando mais uma vez que

as ferramentas da TCC juntamente com a técnica da entrevista motivacional será de

fundamental importância para a aderência e evolução terapêutica dos jovens usuários de

substâncias psicoativas.

4.3.2. Efeitos da Entrevista Motivacional em Adolescentes Infratores (ANDRETTA

e OLIVEIRA, 2008):

O presente item se propõe a fazer um breve resumo do artigo acima citado e

confrontar dados com os autores citados em itens anteriores, a fim de validar e

comprovar o que foi proposto na pesquisa.

Este artigo remete a uma pesquisa com 50 adolescentes usuários de drogas com

idade média de 16,3 anos, todos encaminhados pelo sistema de justiça por terem

cometido algum delito. Eles estavam cumprindo pena em regime aberto e com medida

socioeducativa na cidade de Porto Alegre. O estudo teve como objetivo avaliar as

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mudanças dos estágios motivacionais, no consumo de drogas e nas crenças acerca do

uso de SPAs.

Foram utilizados na primeira fase do estudo para avaliação dos pacientes um

protocolo de levantamento de dados sócio demográficos, entrevista semiestruturada com

perguntas sobre todos os critérios do DSM-IV para estabelecer-se um diagnóstico de

comorbidades e transtornos disruptivos, e seguiu-se a investigação com a escala

URICA, para verificação dos estágios motivacionais para mudança de comportamentos,

Inventário de Depressão de Beck (BDI) e Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), para

avaliar sintomas de ansiedade e depressão; Inventário de Crenças de Beck, a fim de

identificar as crenças associadas ao uso de SPAs e por fim utilizou-se de um Screening

Toxicológico para comparar os resultados obtidos no exame com os relatos do sujeito.

Após a fase de avaliação os adolescentes que teve duração em média de 3

sessões, começou-se as 6 sessões estruturadas em EM:

1ª sessão: devolutiva, feedback da avaliação inicial, a fim de informar prejuízos

ocasionados pelas drogas.

2ª sessão: utilizaram-se folhetos em psicoeducação sobre uso de drogas e seus

efeitos, além de aplicar a Técnica da Balança Decisional.

3ª sessão: Plano de Metas, para identificar possíveis obstáculos ao êxito e como

superar, além do Treinamento de Situações de Risco para obter habilidades para

situações inesperadas evitando possíveis recaídas com aumento de repertório de

comportamentos.

4ª sessão: aumentar as atividades prazerosas e o suporte social, pois em cada

atividade que gostaria de fazer mencionava as pessoas que poderia contar e pedir ajuda.

5ª sessão: fechamento e avaliação do processo com feedbacks de ambas as

partes, encaminhamento se necessário e planejamento de situações de risco.

6ª sessão: Follow-up após 15 dias de reavaliação com outro profissional que

desconhecia os resultados do processo anterior a fim de cegar os resultados.

Em todas as sessões o terapeuta poderia utilizar-se ou não do RPD (registro de

pensamentos disfuncionais), ficando a critério dele para verificar e modificar certas

crenças acerca da droga.

Foi possível perceber que nesse processo estruturado onde se utilizou as

ferramentas da TCC com estrutura da EM em sessões, que houve adesão ao tratamento

de 56%, visto que os índices se referem à 70% de abandono. A abstinência de crack e

cocaína foi 100% após fim do processo e de maconha foi em 58% dos casos e 50% de

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tabaco, índices confirmados com exames toxicológicos confrontados com as entrevistas

que tiveram confiabilidade de 100%.

Em relação ao numero de crenças, houve diminuição significativa, refletindo em

novas estratégias de enfrentamento. "Talvez o diferencial da técnica em adolescentes:

mostrar prejuízos sem confrontar, deixando a liberdade de escolha do adolescente

prevalecer, e isso, por si só, conduz à intenção de mudança.”(p. 51).

O que pode perceber frente a este artigo é que novamente a eficácia da EM está

sendo constatada, como mostrado neste trabalho no artigo anterior e nos capítulos

anteriores, mas a fundamental diferença desse artigo com o anterior é que foram

explicitadas as ferramentas da TCC que foram utilizadas e a eficácia destas quanto a

mudança de crenças, estratégias de enfrentamento e entendimento com psicoeducação

dos seus comportamentos nocivos.

Conforme Wright, Basco &Thase, (2008); Bordin, Zanelatto, Figlie& Laranjeira,

(2010); Abreu &Guilhardi, (2004) e Figlie, Bordin e Laranjeira, (2010), a reestruturação

cognitiva, a modificação de pensamentos automáticos, ressignificação de crenças são

fundamentais para adquirir estratégias de enfrentamento à situações de risco.

Segundo Zanelatto (2011, p. 256):

o RPD tem o objetivo de auxiliar os pacientes a examinar seu relato de

uso de drogas, seus pensamentos e suas crenças de forma sistemática.

Esse registro também ajuda o terapeuta a entender qual o processo de

pensamento do paciente. (...) um segundo objetivo para o exercício é o

fornecimento de informação necessária para educar o paciente no

modelo cognitivo e torná-lo capaz de conceber que o uso ou a

abstinência se fará em um processo de decisão, das quais deverá ter o

controle.

Essa ferramenta foi utilizada em todas ou quase todas as sessões desse estudo, o

que possibilitou uma resposta rápida ao tratamento com índice de abstinência

relativamente alto e ao final, na avaliação de crenças que diminuíram, talvez o RPD

também tenha sua colaboração.

Quanto ao relacionamento colaborativo, acredita-se que isso foi essencial à

aderência e a possibilitação da instrumentalização das técnicas aos pacientes. Conforme

Bordin, Zanelatto, Figlie& Laranjeira, (2010) e Sales &Figlie, (2011), este tipo de

relacionamento é o que possibilita o acesso ao adolescente, pois ele quer decidir e não

quer críticas.

A Entrevista Motivacional (EM) consiste em uma abordagem

desenvolvida para ser utilizada por qualquer profissional e agrega

valor devido a poder ser utilizada em toda e qualquer fase do

tratamento. Todo profissional que seja treinado a utilizar essa

abordagem estará propiciando ao dependente químico um ambiente

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seguro, acolhedor e estimulante para que ele possa se sentir

encorajado a mudar. (SALES & FIGLIE, 2011, p. 267).

Sendo assim, o ambiente proporcionado nessa pesquisa para o adolescente

infrator, foi propício e estimulante, pois o acolheu, não houve críticas o que por fim o

encorajou a mudarem.

A técnica da balança decisória utilizada na segunda sessão provavelmente

provocou um desejo e incentivo na decisão do adolescente em mudar o estilo de vida,

pois Wright, Basco &Thase, (2008, p. 151) explicam que:

a comparação das vantagens e desvantagens de um esquema tem

vários benefícios em potencial. É possível observar toda a gama de

efeitos do esquema, e a exploração desses diferentes efeitos pode

estimular ideias criativas para mudança.

Ao mesmo tempo é possível dizer que o plano de metas e o treinamento de

situações de risco trabalhadas na terceira sessão foram sequências importantes à balança

decisória, pois estas ferramentas iriam manter e possibilitariam a vivencia com amigos e

pressão destes ao uso de drogas com estratégias já pré-estabelecidas em sessão.

Segundo Zanelatto (2011) a identificação de situações de alto risco e o

desenvolvimento de um plano de enfrentamento (plano de metas) visam identificar e

possibilitar um trabalho em situações de alto risco para uma possível recaída. É

necessário revisar as estratégias de funcionamento do passado e o atual funcionamento,

treinar o paciente para a antecipação de eventos futuros desencadeadores de recaída, e

desenvolver um plano pessoal de enfrentamento. Por isso a importância dessa sessão

após a balança decisória, pois um paciente que percebe que precisa mudar precisa de

ferramentas para que essa mudança aconteça, pois só o desejo não vai bastar quando

sentir a pressão dos amigos ao oferecer a droga, ou em alguns casos, até mesmo da

família.

Ao se fazer uso do aumento de atividades prazerosas, faz com que o adolescente

obtenha um aumento no seu repertório de atividades, que é fundamental para manter-se

em abstinência, pois o uso de SPAs continuado faz com que haja um estreitamento no

repertório, segundo Laranjeira [et al] (2010, p. 9):

estreitamento de repertório: conforme a dependência avança, os

estímulos relacionam-se crescentemente com o alívio ou a evitação da

abstinência. Logo, o repertório pessoal torna-se cada vez mais

restritivo, com padrões cada vez mais fixos: o indivíduo passa a

ingerir a mesma bebida ou droga, nos mesmos horários e nas mesmas

condições; as companhias, o estado de humor, ou as circunstancias

vão se tornando cada vez menos relevantes.

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Ao serem sugeridas ao adolescente atividades como esportes e outras atividades

que ele gostaria de realizar, a pesquisa ainda propôs que ele pensasse em alguém para

dar suporte a essa atividade escolhida e como poderia conseguir praticá-la

constantemente em sua vida. Foi dado ao jovem um aumento do repertório que iria

ajudá-lo a manter-se abstinente por mais tempo e reforçaria a possibilidade de sentir

prazer em outras situações.

É possível que o êxito da pesquisa se tenha se dado pela somatória das técnicas

cognitivo-comportamental com a EM, e isso resultou em aderência e dados positivos ao

que se refere à mudança de comportamento. Mas uma crítica a pesquisa cabe aqui, pois

deveria ter sido dado a continuidade em sessões de followup para que a mudança

pudesse ocorrer de forma mais permanente e prevenindo possíveis recaídas.

4.3.3. Desenvolvimento de um Jogo Terapêutico para Prevenção da Recaída e

Motivação para Mudança em Jovens Usuários de Drogas (WILLIAMS, MEYER

& PECHANSKY, 2007):

O presente item se propõe a fazer um breve resumo do artigo acima citado e

confrontar dados com os autores citados em capítulos anteriores a fim de validar e

comprovar o que foi proposto na pesquisa.

O artigo trata de um estudo feito na cidade de Porto Alegre sobre uma técnica

denominada “Jogo da Escolha”, voltada para adolescentes usuários de drogas. Esta

técnica obteve a participação de diversos profissionais da área da saúde, até mesmo por

se tratar de um assunto que muitos pesquisadores e clínicos têm interesse em

desenvolver, visto que é preocupante o número de adolescentes que se envolvem com

SPAs e a falta de instrumentação para essa população.

Por se tratar de adolescentes, que não se ocupam da mesma atividade por muito

tempo e ainda por terem uma fantasia onipotente de que estão acima e a salvo de

qualquer tipo de risco, procurou-se desenvolver algo dinâmico e interativo que

possibilitasse trabalhar estratégias de enfrentamento e mudança das crenças que os

jovens usuários possuem, assim como o manejo de situações de risco, para que então o

paciente aumentasse seu repertório de habilidades e consequentemente sua auto eficácia

majorará.

O jogo em si é composto de 28 cartas, onde 14 são assertivas positivas e

refletem pensamentos e as ações utilizadas na tentativa de resistir ao uso de drogas,

reforçando vantagens para manter-se abstinente; as outras 14 são assertivas negativas

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mostram crenças facilitadoras e mantenedoras do uso de SPAs. Os profissionais

envolvidos no projeto do Jogo da Escolha após análise das cartas perceberam que seria

possível trabalhar as seguintes habilidades (p.410):

resolução de problemas e tomada de decisão;Desenvolvimento de

estratégias de enfrentamento;Aumento da autoeficácia;Aumento da

autoestima;Aumento da tolerância à frustração;Reflexão a respeito da

autoimagem;Reflexão sobre as vantagens e desvantagens relacionadas

ao uso de drogas;Reflexão sobre a sensação de controle sobre o uso de

drogas;Diminuição dos pensamentos dicotomizados;Questionamento

de crenças e pensamentos automáticos sobre o uso de drogas;Aumento

do automonitoramento;Identificação de estratégias de enfrentamento;

Manejo da pressão social e desenvolvimento da capacidade de recusa

para a oferta da droga;Manejo da fissura;Controle da

impulsividade;Aquisição da responsabilidade pelo seu problema.

A melhor maneira de aplicar a técnica também foi avaliada no estudo e

chegou-se a conclusão de que em 3 sessões o jogo teria melhor desempenho que em

uma, pois o paciente teria melhores chances de refletir a respeito das cartas assertivas

positivas, assim como maiores chances de obter diversas técnicas de enfrentamento

frente às cartas assertivas negativas.

O estudo também recomenda a técnica para aplicadores com experiência na área

de saúde e que trabalhem com dependência química, com treino nas ferramentas de

TCC, assim como em Entrevista Motivacional, para que não haja confrontação com o

paciente, mas estimule a autoeficácia e expresse empatia frente às objeções do paciente.

Como se pode perceber o artigo vai de encontro com o que foi escrito

anteriormente, pois fala da dificuldade de tratamento com adolescentes como descrito

por Bessa, Boarati & Scivoletto, (2011) e a dificuldade de métodos exclusivos para

adolescentes, como descrito por Laranjeira et al (2010).

O texto mostra que o jogo é capaz de trabalhar várias técnicas da TCC (desde

que sejam empregadas por profissionais capacitados) como a resolução de problemas e

tomada de decisão, desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, técnicas de treino

em habilidades sociais expostas no jogo de forma dinâmica com adolescente.

situações de alto risco são consideradas estímulos precipitadores do

início do uso de substâncias após um tempo de abstinência, e

habilidades de enfrentamento podem ser ferramentas comportamentais

ou cognitivas usadas pelo indivíduo com o objetivo de restaurar o

equilíbrio frente as situações de risco ou aquelas em que o indivíduo

se sinta em desvantagem ou pouco eficaz. (...) o treinamento dessas

habilidades permite que individuo se mostre capaz de apresentar uma

resposta adaptável a uma situação com a qual se defronte.

(ZANELATTO & SAKIYAMA, 2011, p. 291)

Conforme os autores acima citaram, o jogo pode ajudar na prevenção a recaída,

visto que ao aumentar a autoeficácia, autoestima, tolerância a frustração, vantagens e

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desvantagens do uso, assim como outras habilidades citadas no artigo, que nada mais

são do que a técnica de prevenção à recaída (PR) proposta por Marlatt e Gordon (1985).

Bordin, Jungerman, Figlie&Laranjeira (2010, p. 292) falam que esta técnica de PR é:

Essencialmente, mudar um hábito autodestrutivo e manter essa

mudança. (...) As intervenções específicas consistem na identificação

de situações de alto risco para um determinado indivíduo no

desenvolvimento de estratégias para lidar efetivamente com essas

situações e em mudanças cognitivas e emocionais associadas.

O que se pode perceber é que a premissa básica da TCC onde diz que a situação

não é o que ela é realmente mas sim o que pensa frente a ela (pensamento automático), é

aplicada o tempo todo no tratamento, visto que ao modificar o que o paciente pensa

frente às situações de risco, confirma-se que o “comportamento de uso ou abuso de

substâncias é aprendido” (BORDIN, JUNGERMAN, FIGLIE & LARANJEIRA, 2010,

p. 293). Sendo assim, é possível obter excelentes resultados com as técnicas cognitivas

comportamentais e com o Jogo da Escolha no tratamento da dependência com os

adolescentes.

É evidente que o jogo é uma ferramenta auxiliar no tratamento dessa doença,

visto que ajudará a deixar as sessões mais dinâmicas, não podendo ser usada como

ferramenta única de intervenção e deve ser acoplada a outras técnicas, assim como,

muitas das ferramentas citadas que poderiam ser desenvolvidas com o jogo, podem ser

depois mais amplamente exploradas como, por exemplo, o automonitoramento, que

pode ser utilizada em forma de diários que o adolescente leva para casa e pode ser

juntamente aplicado com a régua do prazer a fim de que perceba em outras atividades

prazer e modifique sua rotina.

Automonitoramento (AM) é o ato de observar e registrar de forma

sistemática a ocorrência de algum comportamento (privado ou

público) emitido pela própria pessoa e de eventos ambientais

associados. Pode auxiliar na descoberta das causas do comportamento

–problema. Além disso, fornece dados para análise funcional,

delimitação dos objetivos da intervenção, bem como o planejamento

desta e avaliação dos resultados. (ZANELATTO, 2011, p. 257)

Como se pode perceber é que o jogo aplicado juntamente com as

ferramentas da TCC é um aliado muito forte no tratamento dos adolescentes

dependentes e abusadores de SPAs. É possível que se consiga, não só diminuição nos

pensamentos dicotômicos como citados no artigo, mas em vários pensamentos

disfuncionais. Dessa forma buscando reestruturação e ressignificação cognitiva como

proposto por Wright, Basco &Thase, (2008) e Abreu &Guilhardi, (2004).

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Segundo Wright, Basco &Thase, (2008, p. 116):

depois de aprender no tratamento como reconhecer os pensamentos

automáticos negativos e como corrigir as distorções cognitivas, os

pacientes podem começar a aplicar esse conhecimento para

conceitualizar e enfrentar seus problemas.

No que se refere às técnicas de resolução de problemas, é importante ressaltar

que devem ser explorados os problemas cotidianos, por isso não se prender só as cartas

que mostrarão sobre os problemas do uso de drogas. Segundo Bordin, Serra, Figlie&

Laranjeira (2010, p. 243):

em associação aos problemas com álcool e drogas, os pacientes

apresentam muitas outras classes de problemas na vida real, (..)

estudos indicam que portadores de várias classes de transtornos,

especialmente dependentes químicos, apresentam um déficit em

habilidade de resolução de problemas e frequentemente se beneficiam

ao desenvolver habilidades para especificar um problema, gerar

estratégias alternativas de solução, selecionar uma dentre várias

alternativas, implementá-la e avaliar sua eficácia.

Cada caso é um caso, e é fundamental avaliar o paciente e trabalhar com

ele os problemas que não consegue ver solução, a fim de que ele estabeleça as situações

de alto risco assim como aumente sua autoeficácia.

Cabe aqui neste artigo, uma critica frente à falta de divulgação de onde tal

material pode ser adquirido, visto que por se tratar de um material de apoio importante,

e por faltarem técnicas para jovens usuários de SPAs. Ficou a pergunta, esse estudo

acabou por tornar-se disponível para os profissionais de saúde?

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5 CONCLUSÃO

O presente trabalho conseguiu mostrar que existem diferentes modelos de

tratamento da Terapia Cognitiva Comportamental para a Dependência Química entre

adolescentes, pois mostrou diversas técnicas que possibilitam e melhoram o tratamento

de jovens usuários. É importante dizer que não existe um modelo único de tratamento e

que as ferramentas devem ser usadas em conjunto. O treino nas técnicas de Terapia

cognitivo comportamental assim como em Entrevista Motivacional são fatores chave e

fundamentais para o sucesso no tratamento com essa população.

Apesar de não focar nas técnica de 12 passos que são oferecidos pelo AA ou

NA, há quem pare de usar drogas com intermédio exclusivo desses grupos de apoio.

Quanto mais informação e capacitação o profissional que busca essa área tiver, melhor o

resultado e sucesso no tratamento da dependência química e, em especifico com essa

população, que se demonstrou tão particularmente diferente da população adulta com a

mesma doença.

Mostra-se necessário que o profissional que deseja atuar na área de dependência

química busque conhecimento e prática, assim como seja uma pessoa dinâmica, pois o

trabalho com adolescentes deve ser dinâmico e não pode configurar na mesma tarefa

por muito tempo, pois haverá evasão deste grupo, assim como falta de adesão

terapêutica.

É possível que o trabalho demonstre aos profissionais interessados uma

motivação de pesquisas em técnicas exclusivas aos adolescentes, pois como visto, o

mercado é carente nestas ferramentas e o adolescente necessita dessa diferenciação em

seu tratamento.

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Termo de Responsabilidade Autoral

Eu JÉSSICA CAROLINE PRADO PINTO, afirmo que o presente

trabalho e suas devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente

informado da responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental,

sob o título “MODELOS DE TRATAMENTO COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE

ADOLESCENTES”, isentando, mediante o presente termo, o Centro de

Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador e

coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à

"Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as

responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a

confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

_______________________

Assinatura do (a) Aluno (a)