curso de direito do consumidor

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Curso de Direto do Consumidor - Código de Defesa do Consumidor Professor Fabrício Bolzan Aulas exibidas nos dias 18, 19, 20, 21 e 22 de agosto de 2008 1ª AULA Temas: Breve Histórico e Relação Jurídica de Consumo Sinopse: Na primeira aula trataremos da evolução histórica do Direito do Consumidor, mais precisamente o porquê da necessidade de lei específica regulamentando o tema. Também cuidaremos da relação jurídica de consumo e a definição de consumidor, fornecedor, produtos e serviços. Por fim, comentaremos um artigo do site infra. INDICAÇÃO DE SITE INSTITUCIONAL: 1ª Aula – Tema: incidência do CDC aos Bancos www.brasilcon.org.br link direto: http://www.brasilcon.org.br/web/artigos/artigosver.asp?id=22 2ª AULA Temas: Direitos Básicos do Consumidor e Princípios do CDC Sinopse: A segunda aula demonstrará que o CDC é realmente uma lei principiológica, na medida em que trabalharemos com os princípios do CDC, além dos Direitos Básicos do Consumidor. Ademais, poderemos responder a seguinte pergunta: SUGESTÃO DE PERGUNTA: Aula 2: "Como eu, consumidor, tenho condições de comprovar que um produto ou serviço é defeituoso? Existe algum instrumento no CDC capaz de facilitar a minha defesa nesse caso?" Entendo que nessa aula caberia ainda: SUGESTÃO DE TEMA PARA MATÉRIA EXTERNA SOBRE DIREITO DO CONSUMIDOR: O que mudou na vida do consumidor nos 18 anos do CDC, principalmente no tocante a importância dos órgãos e entidades de defesa do consumidor como os PROCONs e o BRASILCON

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Page 1: Curso de direito do consumidor

Curso de Direto do Consumidor - Código de Defesa do ConsumidorProfessor Fabrício BolzanAulas exibidas nos dias 18, 19, 20, 21 e 22 de agosto de 2008

1ª AULA

Temas: Breve Histórico e Relação Jurídica de Consumo

Sinopse: Na primeira aula trataremos da evolução histórica do Direito do Consumidor,

mais precisamente o porquê da necessidade de lei específica regulamentando o tema.

Também cuidaremos da relação jurídica de consumo e a definição de consumidor,

fornecedor, produtos e serviços. Por fim, comentaremos um artigo do site infra.

INDICAÇÃO DE SITE INSTITUCIONAL:

1ª Aula – Tema: incidência do CDC aos Bancos

www.brasilcon.org.br

link direto:

http://www.brasilcon.org.br/web/artigos/artigosver.asp?id=22

2ª AULA

Temas: Direitos Básicos do Consumidor e Princípios do CDC

Sinopse: A segunda aula demonstrará que o CDC é realmente uma lei principiológica,

na medida em que trabalharemos com os princípios do CDC, além dos Direitos Básicos

do Consumidor. Ademais, poderemos responder a seguinte pergunta:

SUGESTÃO DE PERGUNTA:

Aula 2: "Como eu, consumidor, tenho condições de comprovar que um produto ou

serviço é defeituoso? Existe algum instrumento no CDC capaz de facilitar a minha

defesa nesse caso?"

Entendo que nessa aula caberia ainda:

SUGESTÃO DE TEMA PARA MATÉRIA EXTERNA SOBRE DIREITO DO

CONSUMIDOR: O que mudou na vida do consumidor nos 18 anos do CDC,

principalmente no tocante a importância dos órgãos e entidades de defesa do

consumidor como os PROCONs e o BRASILCON

Page 2: Curso de direito do consumidor

3ª AULA

Tema: Responsabilidade Civil no CDC

Sinopse: Na terceira aula falaremos da responsabilidade objetiva no CDC e a exceção à

essa regra, ou seja, a responsabilidade subjetiva do profissional liberal. Abordaremos

ainda os prazos decadenciais e o prazo prescricional previstos no CDC. Em última

análise, responderemos a pergunta cuja sugestão segue abaixo:

SUGESTÃO DE PERGUNTA:

Aula 3: "Qual o prazo que tenho para trocar uma TV com problemas? Formulei uma

reclamação por escrito à loja em que comprei a TV e até hoje não recebi resposta."

4ª AULA

Temas: Oferta e Publicidade no CDC

Sinopse: Inicialmente trabalharemos com o conceito de oferta no CDC, bem como

estudaremos suas principais características. Na seqüência, falaremos da publicidade

como principal manifestação da oferta e de suas modalidades, a enganosa e a abusiva.

Por fim, responderemos a pergunta infra:

SUGESTÃO DE PERGUNTA:

Aula 4: "A publicidade das bebidas alcoólicas tem que respeitar o CDC? Faço a

pergunta porque diariamente assisto a publicidade desse produto e acredito que a

advertência 'beba com moderação' não adverte nada."

5ª Aula

Tema: Proteção Contratual no CDC

Sinopse: Na última aula, encerraremos o curso com a proteção contratual e

abordaremos o contrato de adesão, as compras fora do estabelecimento comercial e as

cláusulas abusivas. Sugerimos ainda a leitura de duas súmulas recentes do STJ,

conforme link abaixo:

INDICAÇÃO DE SITE INSTITUCIONAL:

5ª Aula – Tema: Súmulas 356 e 357 do STJ

www.stj.gov.br

Page 3: Curso de direito do consumidor

link direto: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?

tmp.area=398&tmp.texto=88092&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=sú

mula%20357

Histórico

I - Revolução Industrial:

Aumento da população nos grandes centros;

Surgimento de um novo modelo de produção – produção em série, standartização da

produção, homogeneização da produção.

II – Segunda Guerra Mundial – tecnologia de ponta – consolidação do novo modelo

Característica do novo modelo: unilateralidade na produção.

Intervenção Estatal

1- Legislativo;

2- Executivo;

3- Judiciário.

A Proteção do Consumidor na CF/88

Explícita:

Art. 5º, XXXII da CF;

Art. 170, V da CF;

Art. 48 do ADCT.

Relação Jurídica de Consumo

É a relação jurídica existente entre fornecedor e consumidor tendo por objeto a

aquisição de produtos ou utilização de serviços pelo consumidor (Nelson Nery

Jr.)

Page 4: Curso de direito do consumidor

Sujeitos da Relação - Consumidor

CDC traz quatro definições:

I – Consumidor em sentido estrito - artigo 2º, caput, CDC: “a pessoa física ou jurídica

que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.

Sujeitos da Relação - Consumidor

Consumidor Destinatário Final:

1ª) Teoria Finalista;

2ª) Teoria Maximalista.

Posição STJ: Teoria Finalista Atenuada.

REsp 476428 / SC – 19/04/2005

Direito do Consumidor. Recurso especial. Conceito de consumidor. Critério subjetivo

ou finalista. Mitigação. Pessoa Jurídica. Excepcionalidade. Vulnerabilidade.

Mesmo nas relações entre pessoas jurídicas, se da análise da hipótese concreta decorrer

inegável vulnerabilidade entre a pessoa-jurídica consumidora e a fornecedora,

deve-se aplicar o CDC na busca do equilíbrio entre as partes.

Ao consagrar o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a

jurisprudência deste STJ também reconhece a necessidade de, em situações

específicas, abrandar o rigor do critério subjetivo do conceito de consumidor, para

admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre fornecedores e consumidores-

empresários em que fique evidenciada a relação de consumo (Neste sentido REsp

nº 716.877-SP de 22/3/2007).

Posição STJ

Page 5: Curso de direito do consumidor

Ag 686793 – 01.11.2006

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. HIPÓTESE DE CONSUMO

INTERMEDIÁRIO. INAPLICABILIDADE DO CDC. AGRAVO A QUE SE

NEGA PROVIMENTO.

No que tange à definição de consumidor, a Segunda Seção desta Corte, ao julgar, aos

10.11.2004, o REsp nº 541.867/BA, perfilhou-se à orientação doutrinária finalista

ou subjetiva, de sorte que, de regra, o consumidor intermediário, por adquirir

produto ou usufruir de serviço com o fim de, direta ou indiretamente, dinamizar ou

instrumentalizar seu próprio negócio lucrativo, não se enquadra na definição

constante no art. 2º do CDC.

Conceitos de consumidor por equiparação:

II –artigo 2º, parágrafo único, CDC: “equipara-se a consumidor a coletividade de

pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de

consumo”.

III - artigo 17, CDC: “equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento

danoso”.

Protege-se a figura do bystander.

IV - artigo 29, CDC: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam- se aos

consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele

previstas”.

Todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas comerciais e contratuais.

Sujeitos da Relação - Fornecedor

Artigo 3º do CDC: “é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou

estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades

de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,

Page 6: Curso de direito do consumidor

exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de

serviços”.

Posição STJ

REsp 310953 / SP – 10/04/2007

FURTO DE MOTOCICLETA NAS DEPENDÊNCIAS DE CLUBE SÓCIO-

RECREATIVO. ESTACIONAMENTO. INDENIZAÇÃO INDEVIDA.

Inexistindo expressa previsão estatutária, não é a entidade sócio- recreativa, assim

como por igual acontece nos condomínios, responsável pelo furto de veículos

ocorrido em suas dependências, dada a natureza comunitária entre os filiados,

sem caráter lucrativo.

Posição STJ

REsp 650791 / RJ – 06/04/2006

TRIBUTÁRIO. TAXA DE ESGOTO. COBRANÇA INDEVIDA. RELAÇÃO DE

CONSUMO. CONDOMÍNIO.

1. É inaplicável o Código de Defesa de Consumidor às relações entre os condôminos e o

condomínio quanto às despesas de manutenção deste.

2. Existe relação de consumo entre o condomínio de quem é cobrado indevidamente

taxa de esgoto e a concessionária de serviço público.

3. Aplicação do artigo 42 do Código de Defesa de Consumidor que determina o

reembolso em dobro.

Objetos da Relação - Produto

Artigo 3º, §1º, CDC: “é todo bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”.

Objetos da Relação - Serviço

Artigo 3º, §2º, CDC: “é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,

mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e

securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”.

Page 7: Curso de direito do consumidor

Serviço gratuito não está protegido pelo CDC.

Serviço Público

Artigo 22 do CDC: “Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,

permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a

fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,

contínuos”.

Serviço Público e CDC

REsp 647710 / RJ – 20/06/2006

RECURSO ESPECIAL. ACIDENTE EM ESTRADA. ANIMAL NA PISTA.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO

PÚBLICO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRECEDENTES.

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL

DO ESTADO: RESPONSABILIDADE OBJETIVA. PESSOAS JURÍDICAS DE

DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO.

CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO DE

TRANSPORTE COLETIVO. C.F., art. 37, § 6º. I. - A responsabilidade civil das

pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva

relativamente aos usuários do serviço, não se estendendo a pessoas outras que não

ostentem a condição de usuário. Exegese do art. 37, § 6º, da C.F. II. - R.E.

conhecido e provido. (RE 262651 – 16/11/2005).

Serviço Público e CDC

RE 459749 - Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário interposto contra

acórdão prolatado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco que, com

base no princípio da responsabilidade objetiva (CF, art. 37, § 6º), condenara a

recorrente, empresa privada concessionária de serviço público de transporte, ao

pagamento de indenização por dano moral a terceiro não-usuário, atropelado por

veículo da empresa. O Min. Joaquim Barbosa, relator, negou provimento ao

Page 8: Curso de direito do consumidor

recurso por entender que a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito

privado prestadoras de serviço público é objetiva também relativamente aos

terceiros não-usuários do serviço. (30/10/07 - Acordo entre as partes)

Inadimplemento e Interrupção do Serviço Público

Corrente Minoritária – Não pode interromper serviço público essencial:

AgRg no REsp 298017 / MG – 03/04/2001

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ENERGIA

ELÉTRICA. SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL. CORTE DE

FORNECIMENTO. CONSUMIDOR INADIMPLENTE. IMPOSSIBILIDADE.

Esta Corte vem reconhecendo ao consumidor o direito da utilização dos serviços

públicos essenciais ao seu cotidiano, como o fornecimento de energia elétrica, em

razão do princípio da continuidade (CDC, art. 22). O corte de energia, utilizado

pela Companhia para obrigar o usuário ao pagamento de tarifa em atraso,

extrapola os limites da legalidade, existindo outros meios para buscar o

adimplemento do débito.

Inadimplemento e Interrupção do Serviço Público

Corrente Majoritária – Pode interromper serviço público essencial, nos termos do art.

6º, §3º, II, da Lei nº 8987/95.

REsp 871176 / AL - 26/09/2006

ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA

ELÉTRICA.

AUSÊNCIA DE AVISO PRÉVIO. IMPOSSIBILIDADE.

1. A Lei 8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de

serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, prevê, nos incisos I e II

do § 3º do art. 6º, duas hipóteses em que é legítima sua interrupção, em situação de

Page 9: Curso de direito do consumidor

emergência ou após prévio aviso: (a) por razões de ordem técnica ou de segurança das

instalações; (b) por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

2. No caso, o tribunal de origem consignou que os usuários não foram previamente

avisados do corte no fornecimento de energia elétrica, configurando-se ilegal a

suspensão do serviço.

3. Recurso especial a que se nega provimento.

REsp 596320 – 12/12/2006

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SERVIÇO PÚBLICO. FORNECIMENTO DE ÁGUA.

INTERRUPÇÃO. ART. 6, § 3º, INCISO II, DA LEI N.º 8.987/95.

LEGALIDADE.

Inadimplemento e Interrupção

RE-AgR 201630 / DF Relator(a): Min. ELLEN GRACIE

Julgamento: 11/06/2002

EMENTA: Serviço de fornecimento de água. Adicional de tarifa. Legitimidade. Mostra-

se coerente com a jurisprudência do Supremo Tribunal o despacho agravado, ao

apontar que o ajuste de carga de natureza sazonal, aplicável aos fornecimentos de

água pela CAESB, criado para fins de redução de consumo, tem caráter de

contraprestação de serviço e não de tributo. Precedentes: ERE 54.491, RE 85.268,

RE 77.77.162 e ADC 09. Agravo regimental desprovido.

Inadimplemento e Interrupção

Resp 887908/ MS - 14/08/2007

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE

PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N.º 282, DO STF.

CONTRAPRESTAÇÃO PELOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO.

NATUREZA JURÍDICA. NÃO-TRIBUTÁRIA. PREÇO PÚBLICO.

JURISPRUDÊNCIA DO STJ CONTRÁRIA À DO STF. REVISÃO QUE SE

IMPÕE.

(...) 5. A jurisprudência do E. STF uniformizou-se no sentido de considerar a

remuneração paga pelos serviços de água e esgoto como tarifa, afastando,

Page 10: Curso de direito do consumidor

portanto, seu caráter tributário, ainda quando vigente a Constituição anterior (RE

n.º 54.491/PE de 1963).

Inadimplemento e Interrupção

REsp 791713 – 06/12/2005

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO

DE ENERGIA ELÉTRICA. IMPOSSIBILIDADE. INADIMPLEMENTO.

UNIDADES PÚBLICAS ESSENCIAIS.INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA

DOS ARTS. 22 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E 6º, § 3º, II,

DA LEI Nº 8.987/95.

Inadimplemento e Interrupção

REsp 649746 – 21/09/2006 ADMINISTRATIVO. ALEGADA VIOLAÇÃO DOS

ARTS. 6º, § 3º, II, DA LEI 8.987/95,E17, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI

9.427/96. NÃO-OCORRÊNCIA. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA

DESTINADA À ILUMINAÇÃO PÚBLICA. INTERRUPÇÃO.

IMPOSSIBILIDADE. TUTELA DO INTERESSE PÚBLICO MAIOR.

PRECEDENTES.

Inadimplemento e Interrupção

EDcl no AgRg no Ag 466122 / MS-03/05/2005

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO

ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. CORTE DO FORNECIMENTO DE

ENERGIA ELÉTRICA. INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR.

LEGALIDADE.

Não obstante, ressalvo o entendimento de que o corte do fornecimento de serviços

essenciais - água e energia elétrica – como forma de compelir o usuário ao

pagamento de tarifa ou multa, extrapola os limites da legalidade e afronta a

cláusula pétrea de respeito à dignidade humana, porquanto o cidadão se utiliza

dos serviços públicos posto essenciais para a sua vida, curvo-me ao

posicionamento majoritário da Seção.

Page 11: Curso de direito do consumidor

Inadimplemento e Interrupção

EDcl no AgRg no Ag 466122 / MS-03/05/2005

Esses fatos conduzem a conclusão contrária à possibilidade de corte do fornecimento de

serviços essenciais de pessoa física em situação de miserabilidade, em contra-

partida ao corte de pessoa jurídica portentosa, que pode pagar e protela a prestação

da sua obrigação, aproveitando-se dos meios judiciais cabíveis.

Inadimplemento e Interrupção

AgRg no REsp 820665 / RS – 18/05/2006

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. CORTE

NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. CABIMENTO NO CASO

DO ART. 6º, § 3º, II, DA LEI Nº 8.987/95. IMPOSSIBILIDADE DE

SUSPENSÃO DO ABASTECIMENTO NA HIPÓTESE DE EXIGÊNCIA DE

DÉBITO PRETÉRITO. CARACTERIZAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO E

AMEAÇA AO CONSUMIDOR. ART. 42 DO CDC. PRECEDENTES.

Serviço Bancário

Posicionamento da Doutrina

Posicionamento da Jurisprudência:

Súmula 297 do STJ: “O CDC é aplicável às instituições financeiras”;

ADI 2591 / DF – 07/06/2006 – Ajuizada pela CONSIF

Serviço Bancário

ADI 2591 / DF – 07/06/2006

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA

DO CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS DE SUA ABRANGÊNCIA A DEFINIÇÃO

DO CUSTO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E A REMUNERAÇÃO DAS

OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA EXPLORAÇÃO DA

Page 12: Curso de direito do consumidor

INTERMEDIAÇÃO DE DINHEIRO NA ECONOMIA [ART. 3º, § 2º, DO CDC].

MOEDA E TAXA DE JUROS. DEVER-PODER DO BANCO CENTRAL DO

BRASIL. IMPROCEDÊNCIA

Serviço Bancário

REsp 715894 / PR - 26/04/2006

Direito bancário. Contrato de abertura de crédito em conta corrente. Juros

remuneratórios. Previsão em contrato sem a fixação do respectivo montante.

Abusividade, uma vez que o preenchimento do conteúdo da cláusula é deixado ao

arbítrio da instituição financeira (cláusula potestativa pura). Limitação dos juros à

média de mercado (arts. 112 e 113 do CC/02).

Na hipótese de o contrato prever a incidência de juros remuneratórios, porém sem lhe

precisar o montante, está correta a decisão que considera nula tal cláusula porque

fica ao exclusivo arbítrio da instituição financeira o preenchimento de seu

conteúdo. A fixação dos juros, porém, não deve ficar adstrita ao limite de 12% ao

ano, mas deve ser feita segundo a média de mercado nas operações da espécie.

Princípios do CDC e Direitos Básicos do Consumidor

1º) Dignidade da pessoa humana: é garantia fundamental que ilumina todos os demais

princípios e normas do ordenamento jurídico pátrio. Art. 1º, III da CF e art. 4º ,

caput do CDC;

Princípios do CDC e Direitos Básicos do Consumidor

2º) Proteção à vida, saúde e segurança: corolário do princípio da dignidade. Arts. 4º,

caput, 6º, I e 10, do CDC.

Princípios do CDC e Direitos Básicos do Consumidor

3º) Transparência: art. 4º, caput, do CDC.

Dever de informar:

Art. 6º “São direitos básicos do consumidor:

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com

especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e

preço, bem como sobre os riscos que apresentem”;

Page 13: Curso de direito do consumidor

Art. 46 “Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os

consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio

de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a

dificultar a compreensão de seu sentido e alcance”.

Art. 9° “O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à

saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito

da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas

cabíveis em cada caso concreto”.

Princípios do CDC e Direitos Básicos do Consumidor

4º) Harmonia - Art. 4º, caput e III, do CDC.

*Boa-fé objetiva: DEVERES ANEXOS:

I – Informação;

II – Cooperação;

III - Proteção.

*Equilíbrio: O CDC confere uma série de prerrogativas ao consumidor, visando

equilibrar a relação de consumo.

Princípios do CDC e Direitos Básicos do Consumidor

5º) Vulnerabilidade - art. 4º, I, do CDC: o consumidor é a parte mais fraca na relação

jurídica de consumo.

Princípios do CDC e Direitos Básicos do Consumidor

6º) Proteção contra a publicidade enganosa e abusiva;

7º) Proibição das práticas e cláusulas abusivas;

Princípios do CDC e Direitos Básicos do Consumidor

8º) Conservação dos Contratos de Consumo

Page 14: Curso de direito do consumidor

Princípio explícito no art. 51, §2º do CDC:

“A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando

de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a

qualquer das partes”.

Princípio implícito no art. 6º, V, do CDC:

“a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações

desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem

excessivamente onerosas” (Teoria do rompimento da base objetiva do negócio

jurídico).

Posição STJ

REsp 367144 / RJ – 26/02/2002

Direito comercial e econômico. Recurso especial. Contrato de arrendamento mercantil

(leasing). Instituições financeiras. Aplicação do CDC. Reajuste contratual

vinculado à variação cambial do dólar americano.

O Código de Defesa do Consumidor aplica-se aos contratos de arrendamento mercantil.

O abandono do sistema de bandas para cotação da moeda americana, que resultou

em considerável aumento de seu valor perante o real, constitui fato superveniente

capaz de ensejar a revisão do contrato de arrendamento mercantil atrelado ao

dólar, haja vista ter colocado o consumidor em posição de extrema desvantagem.

Princípios do CDC e Direitos Básicos do Consumidor

9º) Responsabilidade Solidária

Art. 7º, parágrafo único, do CDC:

“Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos

danos previstos nas normas de consumo”.

Art. 25, § 1°, do CDC: “Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos

responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores”.

Princípios do CDC e Direitos Básicos do Consumidor

Page 15: Curso de direito do consumidor

10º) Inversão do ônus da prova

Art. 6º, VIII, do CDC:

“a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a

seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação

ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”

Inversão ope judicis

REsp 435572 / RJ - 03/08/2004

PROCESSUAL CIVIL. ACÓRDÃO. OMISSÃO. OCORRÊNCIA. CONSUMIDOR.

ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 6º, VIII DA LEI

Nº 8.078/90.

1 - A inversão ou não do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII da Lei nº 8.078/90,

depende da análise de requisitos básicos (verossimilhança das alegações e

hipossuficiência do consumidor), aferidas com base nos aspectos fático-

probatórios peculiares de cada caso concreto.

REsp 615684 / SP - 28/06/2005

Ação de revisão de contrato bancário. Inversão do ônus da prova. Pagamento das

despesas pela produção da prova. Precedentes da Terceira Turma.

1. Ficou assentado na Terceira Turma que a "inversão do ônus da prova não tem o efeito

de obrigar a parte contrária a arcar com as custas da prova requerida pelo consumidor.

No entanto, sofre as conseqüências processuais advindas de sua não produção" (REsp

n° 443.208/RJ, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 17/3/03; no mesmo sentido:

AgRgREsp n° 542.241/RJ, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 19/4/04; REsp

n° 435.155/MG, de minha relatoria, DJ de 11/5/03; REsp n° 466.604/RJ, Relator o

Ministro Ari Pargendler, DJ de 2/6/03).

2. Recurso especial conhecido e provido, em parte.

Inversão ope legis – Art. 38, do CDC:

“O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária

cabe a quem as patrocina”.

Page 16: Curso de direito do consumidor

Momento da inversão:

I – Despacho da petição inicial;

II – Sentença (regra de julgamento);

III – No saneamento (regra de procedimento).

Posição STJ

REsp 662608 / SP – 12/12/2006

RECURSO ESPECIAL. CDC. APLICABILIDADE ÀS INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS. ENUNCIADO N. 297 DA SÚMULA DO STJ. INVERSÃO DO

ÔNUS DA PROVA (ART. 6º, INCISO VIII, DO CDC). MOMENTO

PROCESSUAL. FASE INSTRUTÓRIA. POSSIBILIDADE.

Mesmo que controverso o tema, dúvida não há quanto ao cabimento da inversão do

ônus da prova ainda na fase instrutória – momento, aliás, logicamente mais

adequado do que na sentença, na medida em que não impõe qualquer surpresa às

partes litigantes -, posicionamento que vem sendo adotado por este Superior

Tribunal, conforme precedentes.

Posição STJ

REsp 422778 / SP – 19/06/2007

Responsabilidade civil. Indenização por danos materiais e compensação por danos

morais. Causa de pedir. Cegueira causada por tampa de refrigerante quando da

abertura da garrafa. Procedente. Obrigação subjetiva de indenizar. Súmula 7/STJ.

Prova de fato negativo. Superação. Possibilidade de prova de afirmativa ou fato

contrário. inversão do ônus da prova em favor do consumidor. regra de

julgamento. Doutrina e jurisprudência.

Conforme posicionamento dominante da doutrina e da jurisprudência, a inversão do

ônus da prova, prevista no inc. VIII, do art. 6.º do CDC é regra de julgamento.

Vencidos os Ministros Castro Filho e Humberto Gomes de Barros.

Princípios do CDC e Direitos Básicos do Consumidor

11º) Efetiva prevenção e reparação de danos

Page 17: Curso de direito do consumidor

Art. 6º, VI, do CDC:

“a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos

e difusos”.

REsp Nº 986.947 – RN - 11 de março de 2008.

DIREITO CIVIL E CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. INCIDÊNCIA DO CDC.

PRÓTESE NECESSÁRIA À CIRURGIA DE ANGIOPLASTIA. ILEGALIDADE DA

EXCLUSÃO DE “STENTS” DA COBERTURA SECURITÁRIA. DANO MORAL

CONFIGURADO. MAJORAÇÃO DOS DANOS MORAIS.

- Conquanto geralmente nos contratos o mero inadimplemento não seja causa para

ocorrência de danos morais, a jurisprudência desta Corte vem reconhecendo o direito ao

ressarcimento dos danos morais advindos da injusta recusa de cobertura de seguro

saúde, pois tal fato agrava a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do

segurado, uma vez que, ao pedir a autorização da seguradora, já se encontra em

condição de dor, de abalo psicológico e com a saúde debilitada.

- A quantia de R$5.000,00, considerando os contornos específicos do litígio, em que se

discute a ilegalidade da recusa de cobrir o valor de “stents” utilizados em angioplastia,

não compensam de forma adequada os danos morais. Condenação majorada.

Recurso especial não conhecido e recurso especial adesivo conhecido e provido.

REsp 628854 / ES - 03/05/2007

RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE

PROCESSO CIVIL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COMPRA DE

VEÍCULO 'ZERO' DEFEITUOSO. DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA. MERO

DISSABOR.

II. Os danos morais surgem em decorrência de uma conduta ilícita ou injusta, que venha

a causar forte sentimento negativo em qualquer pessoa de senso comum, como vexame,

constrangimento, humilhação, dor. Isso, entretanto, não se vislumbra no caso dos autos,

uma vez que os aborrecimentos ficaram limitados à indignação da pessoa, sem qualquer

repercussão no mundo exterior. Recurso especial parcialmente provido.

Responsabilidade no CDC

Page 18: Curso de direito do consumidor

Regra - Responsabilidade Civil Objetiva: É aquela que independe da existência de

culpa.

Elementos a provar: produto defeituoso, eventus damni, relação de causalidade entre

ambos.

REsp 475039 / MS – 27/02/2007

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE

AUTOMOBILÍSTICO. FALHA NO SISTEMA DE TRAVAMENTO DE

FREIOS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CARÁTER

PROCRASTINATÓRIO NÃO VERIFICADO. MULTA AFASTADA. NEXO

CAUSAL VERIFICADO NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. SÚMULA 7 DO

STJ. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE.

Teoria do Risco: a base da responsabilidade civil objetiva. Para essa teoria, toda pessoa

que exerce alguma atividade empresarial cria um risco de dano para terceiros e

deve ser obrigada a repará-lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa.

Responsabilidade no CDC

Diferença entre vício e defeito:

I - Parte da doutrina entende que vício e defeito são expressões distintas:

a) Vício: diz respeito à inadequação dos produtos e serviços para os fins a que se

destinam.

b) Defeito: diz respeito à insegurança de um produto ou um serviço.

O CDC prevê duas modalidades de responsabilidade:

1ª) responsabilidade pelo fato do produto e do serviço;

2ª) responsabilidade por vício do produto e do serviço.

Responsabilidade pelo Fato do Produto

Page 19: Curso de direito do consumidor

Art. 12, do CDC. “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o

importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação

dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,

fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou

acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou

inadequadas sobre sua utilização e riscos”.

Fato do produto: refere-se aos danos causados aos consumidores, os ditos acidentes de

consumo.

Responsabilidade pelo Fato do Produto

Art. 12, § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele

legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre

as quais:

I - sua apresentação;

II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi colocado em circulação.

Art. 12, § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor

qualidade ter sido colocado no mercado.

AgRg no AI nº 693.303/DF - 18 de abril de 2006

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO

ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.

VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. VÍCIO DE INFORMAÇÃO.

ANÁLISE. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07 DO STJ.

III. Ademais, o direito do consumidor se dá em relação à fidedignidade e qualidade do

produto que está comprando, não abrangendo, no caso de aquisição de veículo novo, o

acesso a informações precisas sobre futuros lançamentos da montadora, dado ao sigilo e

Page 20: Curso de direito do consumidor

dinâmica de mercado próprios da indústria automobilística. Indevida, portanto,

indenização, se após a aquisição outro modelo, mais atualizado, veio a ser produzido.

IV. Agravo regimental desprovido.

Responsabilidade pelo Fato do Produto

O comerciante responderá nas hipóteses do art. 13 do CDC:

“O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor,

construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis”.

Direito de regresso:

Art. 13, parágrafo único: “Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá

exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua

participação na causação do evento danoso”.

É vedada a denunciação da lide – art. 88 CDC:

“Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser

ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos

mesmos autos, vedada a denunciação da lide”.

Responsabilidade pelo Fato do Produto

Fundamentos da vedação da denunciação da lide:

I – Traz nova pessoa à lide;

II – Traz nova causa de pedir.

III - Retarda a reparação dos danos sofridos pelo consumidor.

Responsabilidade pelo Fato do Produto

REsp 439233 / SP – 04/10/2007

Page 21: Curso de direito do consumidor

CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS.

TRAVAMENTO DE PORTA DE AGÊNCIA BANCÁRIA. DENUNCIAÇÃO À

LIDE DA EMPRESA DE SEGURANÇA. REJEIÇÃO COM BASE NO ART. 88

DO CDC. VEDAÇÃO RESTRITA A RESPONSABILIDADE DO

COMERCIANTE (CDC, ART. 13). FATO DO SERVIÇO. AUSÊNCIA DE

RESTRIÇÃO COM BASE NA RELAÇÃO CONSUMERISTA. HIPÓTESE,

TODAVIA, QUE DEVE SER APRECIADA À LUZ DA LEI PROCESSUAL

CIVIL (ART. 70, III). ANULAÇÃO DO ACÓRDÃO.

Responsabilidade pelo Fato do Produto

REsp 439233 / SP – 04/10/2007

A vedação à denunciação à lide disposta no art. 88 da Lei n. 8.078/1990 restringe-se à

responsabilidade do comerciante por fato do produto (art. 13), não alcançando o

defeito na prestação de serviços (art. 14), situação, todavia, que não exclui o

exame do caso concreto à luz da norma processual geral de cabimento da

denunciação, prevista no art. 70, III, da lei adjetiva civil.

Responsabilidade pelo Fato do Produto

Excludentes de responsabilidade – art. 12, §3º CDC:

“O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado

quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro”.

Responsabilidade pelo Fato do Serviço

Responsabilidade pelo fato do serviço: art. 14, do CDC:

“O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela

reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação

dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua

fruição e riscos”.

Responsabilidade pelo Fato do Serviço

Serviço defeituoso - art. 14, §1º, do CDC:

Page 22: Curso de direito do consumidor

“O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode

esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.

Responsabilidade pelo Fato do Serviço

Causas excludentes de responsabilidade – art. 14, §3º, do CDC:

“O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro”.

Posição do STJ

REsp 226348 / SP – 19/09/2006

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE

FERROVIÁRIO. 'PINGENTE'. CULPA CONCORRENTE. PRECEDENTES DA

CORTE.

I - É dever da transportadora preservar a integridade física do passageiro e transportá-lo

com segurança até o seu destino.

II - A responsabilidade da companhia de transporte ferroviário não é excluída por viajar

a vítima como "pingente", podendo ser atenuada se demonstrada a culpa

concorrente.

Posição do STJ

REsp 437195 / SP – 19/06/2007

"Neste Superior Tribunal de Justiça, prevalece a orientação jurisprudencial no sentido

de que é civilmente responsável, por culpa concorrente, a concessionária do

transporte ferroviário pelo falecimento de pedestre vítima de atropelamento por

trem em via férrea, porquanto incumbe à empresa que explora essa atividade

cercar e fiscalizar, devidamente, a linha, de modo a impedir sua invasão por

Page 23: Curso de direito do consumidor

terceiros, notadamente em locais urbanos e populosos. Embargos de divergência

não conhecidos. (EREsp 705.859/SP)

Posição do STJ

REsp 142186 / SP - 27/02/2007

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. HOMICÍDIO NO INTERIOR

DE VAGÃO. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR. EXCLUDENTE DE

RESPONSABILIDADE. RECURSO PROVIDO.

1. O fato de terceiro, que não exime de responsabilidade a empresa transportadora, é

aquele que guarda uma relação de conexidade com o transporte.

2. Recurso conhecido e provido.

Posição do STJ

REsp 750418 / RS – 12/09/2006

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. CHEQUES FURTADOS DE AGÊNCIA

BANCÁRIA. USO INDEVIDO POR TERCEIRO. DEVOLUÇÃO

INJUSTIFICADA DE CHEQUES EMITIDOS PELAS CORRENTISTAS.

DANO MORAL. VALOR. MANUTENÇÃO. JUROS MORATÓRIOS.

CÁLCULO.

I. A segurança é prestação essencial à atividade bancária.

II. Não configura caso fortuito ou força maior, para efeito de isenção de

responsabilidade civil, a ação de terceiro que furta, do interior do próprio banco,

talonário de cheques emitido em favor de cliente do estabelecimento.

III. Ressarcimento devido às autoras, pela reparação dos danos morais por elas sofridos

pela circulação de cheques falsos em seus nomes, gerando constrangimentos

sociais, como a devolução indevida de cheques regularmente emitidos pelas

correntistas e injustificadamente devolvidos.

Responsabilidade Profissional Liberal

Exceção à regra – Responsabilidade Subjetiva – art. 14, §4º, do CDC:

“A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a

verificação de culpa”.

Page 24: Curso de direito do consumidor

Razões do tratamento diferenciado:

I - natureza intuito pesonae da atividade;

II – em regra exerce atividade de meio.

A responsabilidade subjetiva não exclui a possibilidade de inversão do ônus da prova.

Posição do STJ

AgRg no REsp 256174 / DF – 04/11/2004

AGRAVO REGIMENTAL. RESPONSABILIDADE MÉDICA. OBRIGAÇÃO DE

MEIO. REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ. INCIDÊNCIA.

1. Segundo doutrina dominante, a relação entre médico e paciente é contratual e encerra,

de modo geral (salvo cirurgias plásticas embelezadoras), obrigação de meio e não

de resultado. Precedente.

Posição do STJ

REsp 258389 / SP – 16/06/2005

CIVIL. INDENIZAÇÃO. MORTE. CULPA. MÉDICOS. AFASTAMENTO.

CONDENAÇÃO. HOSPITAL. RESPONSABILIDADE. OBJETIVA.

IMPOSSIBILIDADE.

1 - A responsabilidade dos hospitais, no que tange à atuação técnico-profissional dos

médicos que neles atuam ou a eles sejam ligados por convênio, é subjetiva, ou

seja, dependente da comprovação de culpa dos prepostos, presumindo-se a dos

preponentes.

Posição do STJ

REsp 629212 / RJ - 15/05/2007

RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSUMIDOR. INFECÇÃO HOSPITALAR.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO HOSPITAL. ART. 14 DO CDC. DANO

MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO.

O hospital responde objetivamente pela infecção hospitalar, pois esta decorre do fato da

internação e não da atividade médica em si. O valor arbitrado a título de danos

morais pelo Tribunal a quo não se revela exagerado ou desproporcional às

Page 25: Curso de direito do consumidor

peculiaridades da espécie, não justificando a excepcional intervenção desta Corte

para revê-lo.

Responsabilidade do Advogado e CDC

REsp 757867 / RS – 21/09/2006

PROCESSUAL - AÇÃO DE ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS - PRESTAÇÃO

DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS - CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

– NÃO APLICAÇÃO - CLÁUSULA ABUSIVA - PACTA SUNT SERVANDA.

- Não incide o CDC nos contratos de prestação de serviços advocatícios. Portanto, não

se pode considerar, simplesmente, abusiva a cláusula contratual que prevê

honorários advocatícios em percentual superior ao usual. Prevalece a regra do

pacta sunt servanda. (contra Resp 364168)

Responsabilidade pelo Vício do Produto

Art. 18, caput, do CDC:

“Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem

solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios

ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim

como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do

recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as

variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição

das partes viciadas”.

Responsabilidade pelo Vício do Produto

Vício de qualidade: aquele que torne o produto impróprio , inadequado , lhe diminua

o valor ou esteja em desacordo com informações da oferta.

Respeitadas as variações decorrentes de sua natureza.

Responsabilidade pelo Vício do Produto

Alternativas ao Consumidor art. 18, do CDC

“§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor

exigir, alternativamente e à sua escolha:

Page 26: Curso de direito do consumidor

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de

eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

Responsabilidade pelo Vício do Produto

Art. 18, § 2°, do CDC:

“Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo

anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos

contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado,

por meio de manifestação expressa do consumidor”.

Responsabilidade pelo Vício do Produto

Art. 18, § 4°, do CDC:

“Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não

sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de

espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de

eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1°

deste artigo”.

Art. 18, § 3°, do CDC:

“O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre

que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder

comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se

tratar de produto essencial”.

Vício de quantidade: É aquele cujo conteúdo líquido é inferior às indicações

constantes do recipiente, embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária.

Respeitadas as variações decorrentes de sua natureza.

Responsabilidade pelo Vício do Produto

Alternativas ao Consumidor art. 19, do CDC

I – abatimento proporcional do preço;

Page 27: Curso de direito do consumidor

II – complementação do peso ou medida;

III – substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo. Se

impossível o §1º prevê a substituição por outro de espécie, marca ou modelo

diversos, mediante complementação se o outro produto for mais caro; ou,

restituição proporcional do valor pago, se o outro produto for mais barato;

IV restituição da quantia paga sem prejuízos das perdas e danos.

Opções conferidas ao consumidor:

Art. 20, do CDC: “O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os

tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles

decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem

publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; Vide §1º

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de

eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço”.

Responsabilidade pelo Vício do Serviço

Art. 20, § 1°, do CDC:

“A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados,

por conta e risco do fornecedor”.

Art. 23, do CDC:

“A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos

e serviços não o exime de responsabilidade”.

Prazos Decadenciais

São duas as espécies de garantia:

1ª) Garantia Legal – art. 24, do CDC:

Page 28: Curso de direito do consumidor

“A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso,

vedada a exoneração contratual do fornecedor”.

A garantia legal refere-se à adequação do produto ou serviço e o consumidor terá os

seguintes prazos para apresentar reclamação (art. 26, do CDC):

a) produtos ou serviços não duráveis (que se extingüem com o uso) : 30 dias;

b) produtos ou serviços duráveis (que não se extinguem com o uso): 90 dias.

Prazos Decadenciais

Início da contagem do prazo decadencial:

I - se for vício de fácil constatação ou aparente – inicia-se a contagem do prazo a partir

da entrega efetiva do produto ou do término da execução do serviço (art. 26, §1º,

do CDC);

II - se o vício for oculto – inicia-se a partir do momento em que ficar evidenciado o

problema (art.26, § 3º, do CDC).

Obs: produto usado também está submetido à garantia legal.

Prazos Decadenciais

Causas que obstam a decadência - art. 26, §2º:

“ Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de

produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser

transmitida de forma inequívoca;

III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

Prazo Prescricional

O prazo prescricional está previsto no art. 27, do CDC:

Page 29: Curso de direito do consumidor

“Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do

produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem

do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria”.

dor, deverão ser utilizados.

Oferta

Oferta, para fins de CDC, é sinônimo de marketing, significando todos os métodos e

técnicas que aproximam o consumidor dos produtos e serviços colocados no

mercado de consumo.

Qualquer dessas técnicas – dentre elas a publicidade – desde que suficientemente

precisa, vinculará o ofertante a cumprir o veiculado na forma prometida.

Características da oferta no CDC:

Art. 30. “Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por

qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços

oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se

utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado”.

Características da oferta no CDC:

I – Abrange toda informação ou publicidade suficientemente precisa;

II – Obriga o fornecedor que a fizer veicular;

III – Integra o contrato que vier a ser celebrado.

Recusa da Oferta

- Recusa do cumprimento da oferta – art. 35 do CDC:

· I - Cumprimento forçado da oferta (o consumidor poderá valer-se dos instrumentos

processuais existentes para concretizar esse direito - art. 84 do CDC caput e seus

parágrafos 3º, 4º e 5º);

· II - Aceitação de outro produto ou serviço equivalente;

· III - Rescisão do contrato com restituição do valor pago, monetariamente atualizado,

mais perdas e danos.

Page 30: Curso de direito do consumidor

Publicidade

Conceito: é toda informação dirigida ao público consumidor com o objetivo de

promover, direta ou indiretamente, produto ou serviço colocado à disposição no

mercado de consumo.

Publicidade X Propaganda:

Publicidade - Princípios

1º) Princípio da identificação imediata da publicidade - art. 36, caput, do CDC:

“A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e

imediatamente, a identifique como tal”.

Por esse princípio é vedada:

I – publicidade dissimulada;

II – publicidade subliminar;

III - publicidade clandestina (merchandising) - Os autores do anteprojeto sugerem a

utilização dos chamados créditos, i.e., a veiculação antecipada de uma informação

comunicando que naquele programa ocorrerá o merchandising.

2º) Princípio da vinculação contratual da publicidade: pode o consumidor exigir o

cumprimento do veiculado na mensagem publicitária, nos termos dos artigos 30 e 35 do

CDC;

3º) Princípio da veracidade da publicidade: art. 37, do CDC que proíbe a publicidade

enganosa;

Page 31: Curso de direito do consumidor

4º) Princípio da não abusividade da publicidade: art. 37 que proíbe a publicidade

abusiva;

5º) Princípio da inversão obrigatória do ônus da prova no tocante à veracidade da

publicidade - art. 38 do CDC:

“O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária

cabe a quem as patrocina”.

6º) Princípio da transparência/da fundamentação da publicidade - art. 36, parágrafo

único, do CDC:

Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá,

em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos,

técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.

7º) Princípio da correção do desvio da publicidade: é a contrapropaganda, prevista nos

arts. 56, XII e 60, caput e parágrafo 1o, todos do CDC.

Art. 60, § 1º, do CDC: “A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma

forma, freqüência e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local,

espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa

ou abusiva”.

Publicidade Enganosa

Art. 37 do CDC: “É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter

publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo

por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,

características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer

outros dados sobre produtos e serviços.

§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar

de informar sobre dado essencial do produto ou serviço”.

Publicidade Abusiva

Page 32: Curso de direito do consumidor

art. 37, §2º, do CDC:

“É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que

incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de

julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja

capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à

sua saúde ou segurança”.

Publicidade Responsabilidade

Do fornecedor anunciante e objetiva

E a responsabilidade da agência e do próprio veículo de comunicação?

Publicidade Responsabilidade

1ª corrente - Antonio Herman: O fornecedor anunciante responde objetivamente, já o

anunciante e o veículo só serão co-responsáveis quando agirem dolosa ou

culposamente – responsabilidade subjetiva;

2ª corrente - Nelson Néry e Rizzatto Nunes: pregam a responsabilidade civil objetiva

também para a agência, o veículo e a celebridade sob argumento de que a

responsabilização de tais sujeitos deve ser realizada nos termos da regra prevista

no CDC.

Posição do STJ

REsp 604172 / SP – 27/03/2007

AÇÃO CIVIL PÚBLICA - CONSUMIDOR - VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO -

EVENTUAL PROPAGANDA OU ANÚNCIO ENGANOSO OU ABUSIVO -

AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE – CDC, ART. 38 - FUNDAMENTOS

CONSTITUCIONAIS.

III - As empresas de comunicação não respondem por publicidade de propostas abusivas

ou enganosas. Tal responsabilidade toca aos fornecedores-anunciantes, que a

patrocinaram (CDC, Arts. 3º e 38). IV - O CDC, quando trata de publicidade,

impõe deveres ao anunciante - não às empresas de comunicação (Art. 3º, CDC).

Page 33: Curso de direito do consumidor

Proteção Contratual

Princípios que regem as relações contratuais:

1º) Rompimento com a tradição privatista do CC;

2º) Princípio da conservação dos contratos;

3º) boa-fé objetiva;

4º) princípio da equivalência e do equilíbrio;

5º) Dever de informar e princípio da transparência;

6º) Interpretação mais favorável ao consumidor – art. 47 do CDC:

“As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao

consumidor”.

7º) Princípio da Vinculação Pré-contratual:

Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-

contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando

inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.

O art. 48 refere-se aos contratos preliminares como o recibo de sinal e os pré-contratos.

Proteção Contratual - STJ

REsp 247344 / MG - 19/02/2001

CIVIL E PROCESSUAL - PROMESSA DE COMPRA E VENDA - IMÓVEL –

INSCRIÇÃO NO REGISTRO IMOBILIÁRIO - ADJUDICAÇÃO - OUTORGA

UXÓRIA – PRECEDENTES DA CORTE.

I - A promessa de venda gera efeitos obrigacionais não dependendo, para sua eficácia e

validade, de ser formalizada em instrumento publico. O direito a adjudicação

compulsória é de caráter pessoal, restrito aos contratantes, não se condicionando a

obligatio faciendi à inscrição no registro de imóveis.

Contrato de Adesão

Conceito - art. 54, caput, do CDC:

Page 34: Curso de direito do consumidor

“Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade

competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou

serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu

conteúdo”.

Características:

a) consumidor não participa da sua elaboração;

b) a inserção de cláusula não desfigura o contrato de adesão (§1º);

c) resolução alternativa de escolha exclusiva do consumidor (§2º);

d) redigidos em termos claros (evitar linguagem técnica,inacessível), com caracteres

ostensivos (evitar letras miúdas, difíceis de serem lidas) e legíveis (EX: contratos

transmitidos via fax, cópia de contrato em papel carbono) para facilitar a sua

compreensão (§3º);

e) cláusulas que limitem o direito do consumidor devem ser redigidas em destaque – cor

diferente, tarja preta em volta da cláusula, fonte gráfica maior, tipo de letra

diferente (itálico) (parágrafo 4º).

Súmula 302 do STJ: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no

tempo a internação hospitalar do segurado.

Contrato de Adesão - STJ

SEGURO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. EMBRIAGUEZ. NEXO DE

CAUSALIDADE. COMPROVAÇÃO. CLÁUSULA LIMITATIVA DO

DIREITO DO CONSUMIDOR. DESTAQUE EM NEGRITO (REsp 774035 /

MG – 21/11/2006).

Page 35: Curso de direito do consumidor

A embriaguez do segurado, por si só, não exclui direito à indenização securitária.

Cláusula restritiva, contida em contrato de adesão, deve ser redigida com destaque

a fim de se permitir, ao consumidor, sua imediata e fácil compreensão. O fato de a

cláusula restritiva estar no meio de outras, em negrito, não é suficiente para se

atender à exigência do Art. 54, § 4º, do CDC. A lei não prevê - e nem o deveria - o

modo como tais cláusulas deverão ser redigidas. Assim, a interpretação do Art. 54

deve ser feita com o espírito protecionista, buscando sua máxima efetividade.

Contrato de Adesão - STJ

Ag 664090 - 20.06.2007 (Agravante - AMIL)

AGRAVO DE INSTRUMENTO - PLANO DE SAÚDE - CLÁUSULA DE

EXCLUSÃO DE COBERTURA PARA TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS -

CONVERSÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO ESPECIAL

- AUTOS SUFICIENTEMENTE INSTRUÍDOS - POSSIBILIDADE - AGRAVO

PROVIDO.

A celeuma instaurada no recurso especial centra-se na alegação de que não há

abusividade na cláusula contratual do plano de saúde em questão, que prevê a

exclusão da cobertura de custos ou ressarcimento para qualquer tipo de

transplante, excetuando-se os de córnea e de rim.

Compras fora do Estabelecimento

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua

assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a

contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do

estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste

artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de

reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.

Abrange a venda:

a) em domicílio;

b) por telefone;

Page 36: Curso de direito do consumidor

c) por correspondência;

d) por meio eletrônico.

Prazo de reflexão ou arrependimento:

a) legal: 07 dias, contados da assinatura do contrato ou do recebimento do produto ou

serviço;

b) convencional: nada impede que esse prazo seja maior, mas nunca poderá ser inferior

a 07 dias.

Posição Jurisprudência

Apelação Cível - Contrato de consumo - Agência de viagens - Pacote de turismo -

Negociação pela Internet - Contrato a distância - Direito de arrependimento -

Aplicabilidade - Formação do contrato - Aperfeiçoa-mento com a aceitação.

Aplica-se à contratação feita por telefone e por meios eletrônicos o art. 49 do Codecon,

concedendo-se ao consumidor um período de reflexão e a possibilidade de se

arrepender, sem ônus, obtendo a devolução integral de eventuais quantias pagas.

(TJMG-ACi nº 1.0024.05.704783-9/002- 6/9/2006)

Cláusulas Abusivas

Rol exemplificativo do art. 51 do CDC:

“São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao

fornecimento de produtos e serviços que:

I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de

qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de

direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa

jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis”;

1) cláusula de não indenizar:

a) proibição absoluta: é nula a cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a

responsabilidade do fornecedor por vício e a que implique renúncia ou disposição

de direito;

Page 37: Curso de direito do consumidor

b) proibição relativa: pode limitar a indenização quando o consumidor for pessoa

jurídica, em situações justificáveis.

II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos

previstos neste código;

III - transfiram responsabilidades a terceiros;

Cláusulas Abusivas - STJ

REsp 783016 / SC – 16/05/2006

CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AGÊNCIA DE TURISMO.

Se vendeu “pacote turístico”, nele incluindo transporte aéreo por meio de vôo fretado, a

agência de turismo responde pela má prestação desse serviço.

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o

consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou

a eqüidade;

Cláusulas Abusivas - STJ

REsp 244847 / SP - 19/05/2005

Plano de Saúde. Cláusula de exclusão. AIDS.

I - A cláusula de contrato de seguro- saúde excludente de tratamento de doenças infecto-

contagiosas, caso da AIDS, é nula porque abusiva.

II - Nos contratos de trato sucessivo aplicam-se as disposições do CDC, ainda mais

quando a adesão da consumidora ocorreu já em sua vigência.

III - Recurso especial conhecido e provido.

Cláusulas Abusivas - STJ

REsp 348343 / SP – 14/02/2006

CONSUMIDOR - CARTÃO DE CRÉDITO - FURTO - RESPONSABILIDADE PELO

USO - CLÁUSULA QUE IMPÕE A COMUNICAÇÃO - NULIDADE -

CDC/ART. 51, IV.

Page 38: Curso de direito do consumidor

- São nulas as cláusulas contratuais que impõem ao consumidor a responsabilidade

absoluta por compras realizadas com cartão de crédito furtado até o momento

(data e hora) da comunicação do furto. Tais avenças de adesão colocam o

consumidor em desvantagem exagerada e militam contra a boa-fé e a eqüidade,

pois as administradoras e os vendedores têm o dever de apurar a regularidade no

uso dos cartões.

VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;

VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;

A doutrina divide-se quanto à viabilidade das cláusulas compromissórias, em razão da

compulsoriedade de sujeição ao juízo arbitral. A maioria aceita o compromisso

arbitral.

VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo

consumidor;

Súmula 60 do STJ: “É nula obrigação cambial assumida por procurador do mutuário

vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste”.

Cláusulas Abusivas - STJ

AgRg no REsp 693775 / RS - 06/09/2005

1. O entendimento da Segunda Seção desta Corte, a partir de 25/6/03, quando do

julgamento do REsp nº 450.453/RS, Relator o Min. Aldir Passarinho Junior, está

assentado no sentido da legalidade da cláusula-mandato e do enquadramento das

empresas administradoras de cartão de crédito como instituições integrantes do

sistema financeiro nacional.

IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o

consumidor;

X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira

unilateral;

Page 39: Curso de direito do consumidor

XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito

seja conferido ao consumidor;

XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem

que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;

XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do

contrato, após sua celebração;

Cláusulas Abusivas - STJ

AUMENTO UNILATERAL DE TARIFA - IMPOSSIBILIDADE - Prestadora de

serviço de telefonia móvel - Elevação de tarifa - Alteração unilateral de contrato -

Impossibilidade .

As cláusulas estipuladas em publicidade da empresa, reconhecida como fornecedora de

serviço pelo CDC, devem ser observadas durante toda a vigência da oferta.

Qualquer alteração unilateral no contrato, como aumento da tarifa em plano de

ligações, é abusiva perante o consumidor. A cobrança mostra-se abusiva e sua

devolução deve ser efetuada em dobro. Recurso improvido. (TJDF - 1ª T. Recusal

dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais; ACi nº 2006.01.1.023497-3-DF; Rel.

Des. Esdras Neves; j. 6/3/2007; v.u.)

Cláusulas Abusivas

Rol exemplificativo do art. 51 do CDC:

XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;

XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor (Lei de

Economia Popular nº 1521/51, Lei dos Crimes contra a Ordem Econômica nº

8137/90, Lei de Plano de Saúde nº 9656/98);

XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.

Page 40: Curso de direito do consumidor