curitiba, 10 de junho de 2016. luiz tarcísio mossato pinto ... · estadual e demandar imediatas...

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Curitiba, 10 de junho de 2016. Luiz Tarcísio Mossato Pinto Presidente do Instituto Ambiental do Paraná Rua Engenheiro Rebouças, 1206 Curitiba PR - CEP 80215-100 Fone: 3213-3700 e-mail: [email protected] Assunto: A GESTÃO PÚBLICA ESTADUAL E AS AMEAÇAS PARA A CONSERVAÇÃO DA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA (FOM) NO PARANÁ PROVIDÊNCIAS EMERGENCIAIS. Prezado Senhor, O presente documento tem a finalidade de assinalar publicamente a preocupação com a gestão estadual e demandar imediatas providências aos gestores dos órgãos ambientais do Governo do Estado do Paraná em relação à conservação da Floresta Ombrófila Mista - Floresta com Araucárias e Campos Naturais no Paraná. Essa iniciativa decorre da evidenciada desestruturação e desarticulação das instâncias públicas responsáveis pela proteção do Patrimônio Natural do Estado, acrescida de um conjunto de iniciativas entendidas como dissonantes da missão dessas instituições, impedindo o atendimento mínimo às medidas emergenciais de conservação dos últimos remanescentes desses ecossistemas no Estado do Paraná. A Floresta com Araucárias serviu ao crescimento urbano-industrial para além da área do ecossistema. A araucária foi a árvore mais importante da economia madeireira do Brasil desde o princípio do século XX até a década de 1970. 1 No Estado do Paraná, entre os anos de 2014 e 2015, desapareceram 1.988 hectares de florestas. Os dados são do Atlas de Remanescentes, divulgado dia 25 de maio pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o INPE. O levantamento considera apenas derrubadas maiores que três hectares – assim, não enxerga o chamado desmate seletivo, em que somente as espécies mais rentáveis são cortadas, resultando no empobrecimento da biodiversidade da área. Estes dados per se denotam obviamente situação de extrema fragilidade ecológica e proclama a proteção de remanescentes naturais como pauta prioritária na agenda paranaense. Atualmente, a Mata Atlântica e a Floresta com Araucárias sobrevivem, em grande parte, graças a esparços fragmentos de áreas naturais com menos de 50 ha (83,4% de todos os fragmentos catalogados por Ribeiro et al), somados a alguns poucos remanescentes maiores. Ainda de acordo com Ribeiro et al (2009), da área original da Mata Atlântica, apenas 1,62% estão protegidos em unidades de conservação. 1 Matéria divulgada na Gazeta do Povo dia 25 de maio de 2016. Paraná é o estado que mais derrubou Mata Atlântica nos últimos 30 anos.

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Curitiba, 10 de junho de 2016.

Luiz Tarcísio Mossato Pinto

Presidente do Instituto Ambiental do Paraná

Rua Engenheiro Rebouças, 1206 Curitiba PR - CEP 80215-100

Fone: 3213-3700

e-mail: [email protected]

Assunto: A GESTÃO PÚBLICA ESTADUAL E AS AMEAÇAS PARA A CONSERVAÇÃO

DA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA (FOM) NO PARANÁ – PROVIDÊNCIAS

EMERGENCIAIS.

Prezado Senhor,

O presente documento tem a finalidade de assinalar publicamente a preocupação com a gestão

estadual e demandar imediatas providências aos gestores dos órgãos ambientais do Governo do

Estado do Paraná em relação à conservação da Floresta Ombrófila Mista - Floresta com Araucárias e

Campos Naturais no Paraná. Essa iniciativa decorre da evidenciada desestruturação e desarticulação

das instâncias públicas responsáveis pela proteção do Patrimônio Natural do Estado, acrescida de um

conjunto de iniciativas entendidas como dissonantes da missão dessas instituições, impedindo o

atendimento mínimo às medidas emergenciais de conservação dos últimos remanescentes desses

ecossistemas no Estado do Paraná.

A Floresta com Araucárias serviu ao crescimento urbano-industrial para além da área do

ecossistema. A araucária foi a árvore mais importante da economia madeireira do Brasil desde o

princípio do século XX até a década de 1970.

1No Estado do Paraná, entre os anos de 2014 e 2015, desapareceram 1.988 hectares de

florestas. Os dados são do Atlas de Remanescentes, divulgado dia 25 de maio pela Fundação SOS

Mata Atlântica em parceria com o INPE. O levantamento considera apenas derrubadas maiores que

três hectares – assim, não enxerga o chamado desmate seletivo, em que somente as espécies mais

rentáveis são cortadas, resultando no empobrecimento da biodiversidade da área.

Estes dados per se denotam obviamente situação de extrema fragilidade ecológica e

proclama a proteção de remanescentes naturais como pauta prioritária na agenda paranaense.

Atualmente, a Mata Atlântica e a Floresta com Araucárias sobrevivem, em grande parte,

graças a esparços fragmentos de áreas naturais com menos de 50 ha (83,4% de todos os fragmentos

catalogados por Ribeiro et al), somados a alguns poucos remanescentes maiores. Ainda de acordo

com Ribeiro et al (2009), da área original da Mata Atlântica, apenas 1,62% estão protegidos em

unidades de conservação.

1

Matéria divulgada na Gazeta do Povo dia 25 de maio de 2016. “Paraná é o estado que mais derrubou Mata Atlântica nos últimos 30 anos”.

Essa realidade traz duas prioridades: zelar pela integridade desses remanescentes e pela

conectividade entre fragmentos.

Não obstante, observa-se, historicamente, uma série manipulações jurídicas-administrativas e

políticas contrárias a práticas conservacionistas, especialmente no Estado do Paraná. Mesmo com

anunciada urgência e tamanha clareza de prioridades, o Governo do Estado do Paraná paradoxalmente

abre precedentes para a continuidade da exploração de áreas naturais de Floresta com Araucária.

O Decreto Federal da Mata Atlântica de 1993, proibindo o corte em todo o bioma da Mata

Atlântica, foi ignorado no Paraná pela pressão de madeireiros, sendo que licenças de corte foram

emitidas até 2006 dentro do conceito de planos de manejo convencionais, cessando-os apenas com a

promulgação da Lei da Mata Atlântica.

Mais recentemente, ao mesmo tempo em que lançava o Programa Bioclima Paraná, com uma

perspectiva compromissada de implantação de uma estratégia de conservação da biodiversidade em

todo o território paranaense, o Governo apoiou integralmente a mudança do Código Florestal Federal

e aprovou uma regulamentação da Lei abrindo brechas para supressão de outras áreas naturais.

Não houve abertura para discussões e aprimoramentos da Lei Estadual e sua regulamentação

e, em contramão às expectativas assumidas em relação ao Programa Bioclima, nenhuma ação

proposta e assumida formalmente pelo Governo foi até aqui implementada.

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que há 24 nos não abre concurso para novos

funcionários, já teve mais de 1300 colaboradores, hoje padece com um corpo de menos de 400

funcionários, boa parte em vias de aposentadoria. Desde o início da atual gestão do Governo do

Estado (2010), o convencional convênio entre o IAP e o BPAmb (Batalhão de Polícia Ambiental-

Força Verde - Polícia Militar do Paraná) não foi mais estabelecido. A decisão pressupôs que

"fiscalizar não é mais uma prática adequada”, um discurso recorrente nos palanques de parte das

lideranças do atual governo. Tal atitude estabelece uma condição de fragilidade extrema e não

justificável em relação a responsabilidade do Governo do Estado do Paraná no que se refere a

proteção do patrimônio natural.

Nas últimas semanas, o IAP sustenta juridicamente que o regramento legal de âmbito federal

que estabelece as listas oficiais de espécies ameaçadas do Brasil não é válido no Estado do Paraná,

refutando a imunidade de corte de espécies da floresta com araucárias e outros ecossistemas naturais

paranaenses. O chamado “Projeto Imbituvão”, com aval do IAP, realiza experimentos científicos de

“manejo florestal sustentável” na região Centro-Sul do Estado, cujas premissas e objetivos não estão

claras para a sociedade civil e comunidade científica, sendo que o corte de araucárias em áreas

naturais remanescentes, no mínimo se apresenta como uma conduta duvidosa que deve ser analisada

à luz do arcabouço legal.

Ainda sobre o IAP: em 2014 foi autorizado o corte de uma área de 693 ha em estágio médio

de regeneração de vegetação, cujo volume de madeira chegava a 50 mil metros cúbicos e mais 13

mil m³ de lenha. Neste mesmo ano, o IAP autorizou o corte de volume de 115.570 m³ de araucária.

Há licenças do IAP para corte de essências nativas plantadas, em 2014, cujo volume de toras liberadas

é de 93.900 m³ aproximadamente, extraída de uma área de 548 ha (171 m³/ha). No ano de 2015 o IAP

autorizou o corte do volume de 89.644 m³ de toras de araucária e mais 36.324 m³ de toras de outras

espécies nativas. Ademais, uma enorme quantidade de “material lenhoso” foi retirado com aval do

IAP. Decorrente desse amplo conjunto de procedimentos, um grande número de denúncias de

licenciamentos supostamente irregulares estão sendo foco investigação de parte da Delegacia

Estadual do Meio Ambiente.

Destaca-se atuais tratativas do Conselho Estadual de Meio Ambiente – CEMA sobre a minuta

de resolução que estabelece regras de incentivo ao plantio florestal para a utilização sustentável da

Araucaria angustifolia plantada, em sua minuta atual, não restringe o plantio de araucárias à áreas já

degradadas ou adequadas ao reflorestamento e interpretamos isso como uma ameaça latente.

Portanto, nossa preocupação transcende os âmbitos técnico e legislativo: as esferas política e

econômica e ingerências de viés setorial têm determinado a tomada de decisão dos órgãos ambientais,

no caso na figura do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Embora tecnicamente estejam disponíveis

boas ferramentas metodológicas conservacionistas não são observadas providências adequadas nessa

direção.

Ao invés disso, nota-se arranjos legais que permitem o avanço da degradação de áreas

naturais. Esse documento representa, portanto, uma tentativa de ajustes de engrenagens; um alerta

para que a gestão estadual do Paraná considere o conhecimento técnico-científico e adote

imediatamente uma conduta prudente - da capacidade de tomar decisões baseadas na racionalidade e

no princípio da precaução.

Ressaltamos as seguintes demandas que no nosso entendimento necessitam de um

posicionamento imediato das instâncias executivas do poder público estadual:

1. As áreas nativas remanescentes de Floresta com Araucárias - incluindo as em estágio inicial

e médio - devem ser manejadas buscando necessariamente a restauração ecológica, a proteção da

biodiversidade e integridade ecossistêmica;

2. A aplicação de mecanismos de pagamento por serviços ambientais e ecossistêmicos

(PSA/PSE), já anunciadas como uma ação assumida pelo Governo do Estado, deve ser utilizada, em

escala suficiente e com garantias de longo prazo, para estimular a execução de ações de conservação

de remanescentes naturais privados;

3. É necessário estabelecer uma rediscussão dos termos do Código Florestal do Paraná e de

sua regulamentação, de forma a transformar a compensação de Reserva Legal em um instrumento de

PSA em grande escala;

4. Volta imediata do convênio com BPAmb/IAP e uma retomada às ações rotineiras e

criticamente necessárias de combate à caça, ao extrativimo, ao desmatamento e a outras ações de

degradação generalizada dos ambientes naturais no Estado do Paraná, em especial a Floresta com

Araucárias e os Campos Naturais associados. Novos contingentes para os órgãos ambientais, já

anteriormente compromissados, devem ser efetivados;

5. Os esforços dos órgãos ambientais do Estado do Paraná devem estar voltados para ações

condizentes com diretrizes de conservação de Patrimônio Natural e que as seguidas iniciativas de

licenciamento de corte de espécies arbóreas nativas, notadamente na Floresta com Araucária, sejam

imediatamente cessadas;

6. Apuração e, em caso de comprovação, aplicação das prerrogativas legais em relação à

práticas ilegais de servidores, gestores e representantes de cargos públicos envolvidos em

irregularidades e abuso de poder.

Pela gravidade do acima exposto, esperamos receber um posicionamento formal e em curto

prazo em nome das instituições que representam a área de meio ambiente do Governo do Estado em

relação às providências acima expostas.

Respeitosamente,

Elenise Angelotti Bastos Sipinski

CPF: 722.516.209-82

Victorio Viezzer, 651 - Vista Alegre

CEP: 80810-340, Curitiba - PR

Assinam conjuntamente esse documento:

Instituições

REDE NACIONAL PRO UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA

FUNDAÇÃO SOS-MATA ATLÂNTICA

INSTITUTO MATER NATURA

SOCIEDADE DE PESQUISA EM VIDA SELVAGEM E EDUCAÇÃO AMBIENTAL (SPVS)

BRAZIL FOUNDATION

INSTITUTO RÃ BUGIO

INSTITUTO HOMEM PANTANEIRO

ASSOCIAÇÃO MAR BRASIL

TERRA BRASILIS

ASSOCIAÇÃO DE PROPRIETÁRIOS DE ÁREAS VERDES (APAVE)

SINDIVET - PR

INSTITUTO DE PESQUISAS CANANÉIA (IPEC)

SOCIEDADE CHAUÁ

NATURAL PARTNERS

INSTITUTO AUGUSTO CARNEIRO

AMBRA - ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DA BACIA DO RIO DAS ANTAS

ARECI - ASSOCIAÇÃO REGIONAL DE ENGENHEIROS CIVIS DE IRATI

FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA DO BRASIL

STCP

GAMBÁ

OBSERVATÓRIO DE CONSERVAÇÃO COSTEIRA (OC2)

INSTITUTO ESPAÇO SILVESTRE

ESCOLA DE CRIATIVIDADE

ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO MEIO AMBIENTE

QUITUTES BUENA VIBRA

HESSEX ALONE

GIG 44

PROJETO TAMAR / FUNDAÇÃO PRÓ-TAMAR

GRUPO UNIVERSITÁRIO DE PESQUISAS ESPELEOLÓGICAS (GUPE - UEPG)

ASSOCIAÇÃO DE PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DA VIDA (APREMAVI)

Pessoas Físicas

Íris Bigarella

Fabio Feldmann

José Carlos Carvalho

José Pedro de Oliveira Costa

Ricardo Miranda de Britez

Ricardo Ribeiro Rodrigues - ESALQ/USP

Peter Crawshaw Jr

Miguel Serediuk Milano - Permian

Fabio Olmos - Permian

Joésio Siqueira - STCP

José Truda Palazzo Jr. – Instituto Augusto Carneiro

João de Deus Medeiros - UFSC

Rafael Loyola - Universidade Federal de Goiás

André Virmond Lima Bittencourt - UFPr

Teresa Bracher – Instituto Acaia

José Milton Andriguetto Filho, UFPr

João de Deus Medeiros - RMA

Márcia Marques - UFPr

Marcia Hirota - SOS Mata Atlântica

Mario Mantovani - SOS Mata Atlântica

José Alvaro da Silva Carneiro

Cezar Amin Pasqualin - Presidente do SINDIVET – PR

Eduardo Vedor de Paula - UFPr

Manuela Maluf Santos – FGV – GVCes

Clayton Lino - RBMA

Celso Carneiro

Sônia Rigueira – Terra Brasilis

Pablo Hoffman – Sociedade Chauá

Renato Cunha - Gambá

Júnior Garcia - UFPr

Eloy F. Casagrande Jr - Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Luppe Ale

Gunther Furtado

Gláucia Seixas – Fundação Neotrópica do Brasil

João Guimarães – FFI

James Allen – FFI

Fabiana Orreda

Dagoberto Waydzik - ARECI

Mônica de Roure – Brazil Foundation

Angelo Rabelo, Instituto Homem Pantaneiro

Germano Woehl Jr – Instituto Rã Bugio

Elza Nishimura Woehl – Instituto Rã Bugio

Robson Odeli Espíndola Hack – Institutos Lactec

Pedro Scherer – MHNCI

William Dent – Natural Partners

Bianca Ingberman – IPEC

Roberto Fusco – IPEC

Paulo Pizzi – Mater Natura

Dailey Fischer – Mater Natura

Angela Kuczach – REDE Pró-UCS

Maurício Savi - SMMA

Renato Rizzaro – RPPN Rio das Furnas

Gabriela Giovanka – RPPN Rio das Furnas

Jean Sigel – Escola de Criatividade

Luciane Akemi – Tao Way

Jaime Martinez – Projeto Charão/AMA

Juliano Dobis – Mar Brasil

Tamara van Kaick – UTFPr

Celso Seger – ADEA

Mário Orsi - UEL

Sérgio Augusto Machado – Fundação Praia Vermelha

Vanessa Kanaan – Instituto Espaço Silvestre

Angelo Guimarães Simão – Associação dos Proprietários de Áreas Verdes (APAVE)

Terezinha Vareschi - Associação dos Proprietários de Áreas Verdes (APAVE)

Júlio Cézar Siqueira - Fazenda Ribeirão das Pedras - Bocaiúva do Sul

Mauricio Dziedzic – Universidade Positivo

Caio Afonso Kim - Banda Hessex Alone e GIG 44

Bianca De Gennaro Blanco - Quitutes Buena Vibra

Ricardo Aguiar Borges - UFPr

Alessandra Xavier de Oliveira - SPVS

Clóvis Ricardo Schrappe Borges - SPVS

Marcelo Bosco Pinto - SPVS

Felipe do Vale - SPVS

Luiz Eduardo Adriano Eiffer - SPVS

Solange Regina Latenek - SPVS

Fernando Esteban Monteiro de Oliveira - SPVS

Rômulo Cícero da Silvia - SPVS

Mônica Rosa Aguiar Borges - SPVS

Eliane Paula Santana - SPVS

Elenise Bastos Sipinski - SPVS

André Zecchin - SPVS

Josué de Oliveira Ribas - Sítio Conquista - Palmeira

Pedro Opuchkevich Júnior - Sítio São José - Prudentópolis

Cosme Pereira dos Santos - Fazenda do Salto - Castro

Fabiano Rosas Rocha - Ponta Grossa - Fazenda Santa Mônica e Fazenda Santa Luzia

Jane Brocco Budny - Sítio Paiol e Sítio Rio da Bomba - Cerro Azul

Ricardo Paulo Mandelli - Fazenda Conquista - Palmeira

Luiz Augusto Macedo Mestre - Fazenda Arapongas - Lapa

Aristides Tadeu Gianello - RPPN Uru - Lapa

Arildo Dirceu Cordeiro - Cerro Das Flores - Bocaiúva do Sul

Roger Hilbert Loose - Fazenda Salto Cotia - Ponta Grossa

Daniela Aguiar Borges - Textilaria

Rui Rocha -Instituto Floresta Viva Sul da Bahia

Carlos Manoel Amaral Soares

Professor Mário Sérgio de Melo - Universidade Estadual de Ponta Grossa

Prof. Dr. Isonel Sandino Meneguzzo - Universidade Estadual de Ponta Grossa

Bárbara Cristina Leite - Turismóloga

Marta Regina Barrotto do Carmo - Departamento de Biologia Geral - Universidade Estadual de Ponta

Grossa

Laís Luana Massuqueto - Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas - GUPE.

Jaqueline Correa Farias – Bióloga

Maria Ligia Cassol-Pinto - Departamento de Geociências- UEPG -Laboratório de Geografia Física-

LaGeF

Jasmine Cardozo Moreira - Coordenadora do Laboratório de Turismo em Áreas Naturais da UEPG

Rosemeri Segecin Moro – Departamento de Biologia – UEPG

Tiaro Katu Pereira – Biólogo

Emerson Antonio de Oliveira - Observatório de Conservação Costeira

Prof. Dr. Isonel Sandino Meneguzzo -Universidade Estadual de Ponta Grossa Departamento de

Geociências

Professor Mário Sérgio de Melo - UEPG

Prof. Gilson Burigo - UEPG

Henrique Simão Pontes - Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (GUPE)

Átila Cristian Santana - UEPG

Olavo Martins Ayres - UEPG

Leandro Baptista - Universidade Estadual do Centro Oeste.

Lia Maris Orth Ritter Antiqueira - Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Elisana Milan, Doutoranda em Geografia - Universidade Estadual de Ponta Grossa

Dra. Carla Suertegaray Fontana - pesquisador da PUCRS e membro da Igré-Associação Sócio

Ambientalista

MÁRCIO REPENNING, biólogo -PPG Zoologia, Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS

Ana Cláudia Folmann - Assessora na Fundação Municipal de Turismo de Ponta Grossa e doutoranda

em Geografia - UEPG

Solange Burgardt - Laboratório de Turismo da UEPG

Milton Pukall

Ameaças à Floresta com Araucárias no Estado do Paraná:

considerações sobre os atuais direcionamentos da gestão ambiental

estadual

Curitiba, junho de 2016

1. Introdução

O presente documento tem a finalidade de apresentar informações acerca do status de

conservação da Floresta com Araucárias no Estado do Paraná sob uma análise da conduta da gestão

ambiental estadual. Essa iniciativa decorre da evidenciada desestruturação e desarticulação das

instâncias públicas responsáveis pela proteção do Patrimônio Natural do Estado, acrescida de um

conjunto de iniciativas entendidas como dissonantes da missão dessas instituições, impedindo o

atendimento mínimo às medidas emergenciais de conservação dos últimos remanescentes dos

ecossistemas naturais do Estado do Paraná.

1.1. Histórico

A imponente Floresta com Araucárias - ou Floresta Ombrófila Mista, de acordo com a

terminologia do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), é pertencente ao bioma da Mata Atlântica

brasileira. A Floresta com Araucárias ocupava até o século XIX cerca de 200.000 km², na maior parte

dos planaltos dos três estados sul-brasileiros marcado distintivamente das demais regiões florestais

do país pela presença da Araucaria angustifolia, uma das duas únicas espécies nativas de coníferas

do Brasil. Uma árvore com uma beleza característica, que impressiona e impressionou vários

naturalistas estrangeiros. Além da araucária, a imbuia Ocotea porosa, a canela lageana Ocotea

pulchella, a erva-mate Ilex paraguariensis, o butiá Butia eriospatha, a bracatinga Mimosa scabrella,

o xaxim Dicksonia sellowiana e tantas outras contribuem para a caracterização desse ecossistema

(CARVALHO, 2010).

A devastação da Floresta com Araucárias se deu principalmente entre 1870 e 1970,

determinantemente por ação da 2 indústria madeireira, além de outros contribuintes, como as

atividades agropecuárias e o uso da lenha. A Floresta com Araucárias serviu ao crescimento urbano-

industrial para além da área do ecossistema. A araucária foi a árvore mais importante da economia

madeireira do Brasil desde o princípio do século XX até a década de 1970, quando as florestas nativas

foram praticamente esgotadas e houve o início dos plantios sistemáticos de essências não nativas,

especialmente do gênero Pinus. Como consequência, parte da indústria madeireira sulina migrou para

a região amazônica.

Inegavelmente, estudar o processo histórico de uma dada região é estudar um processo de

desmate de amplas coberturas vegetais. O progresso e avanço científico promovidos pela sociedade

humana hegemônica nos últimos 10.000 anos se deu em paralelo e, em grande medida, às custas de

uma tremenda transformação dos ambientes naturais. Hoje, o conhecimento científico denuncia tais

transformações enquanto mudanças ambientais positivas já podem ser elencadas e conectadas a

progressos tecnológicos, como a diminuição da poluição do ar em grandes cidades européias e dos

EUA, em comparação com o início do século XX; a recuperação recente da camada de ozônio pela

diminuição no uso de CFCs; ou aumento da cobertura florestal na Europa e nos EUA desde o início

do século XX (CARVALHO, 2010).

2 Destaca-se a importância da empresa estadunidense Southern Brazil Lumber and Colonization, conhecida também como Lumber. A

Lumber era uma empresa subsidiária da Brazil Railway, foi a maior madeireira da América do Sul, contou com tecnologia de ponta

para os padrões da época e teve papel destacado na venda de madeira de araucária para a Argentina, Uruguai, São Paulo e Rio de

Janeiro. Nesse sentido a Lumber e outras centenas de serrarias menores colaboraram para a grande expansão de metrópoles como

Buenos Aires, Montevideu, São Paulo e Rio de Janeiro ao longo do século XX (CARVALHO, 2010).

1.2. Situação atual

Muito embora o último grande ciclo econômico que consta nas referências tenha sido no

século passado, o desmatamento não cessou e continua a descaracterizar as florestas. Em termos de

Mata Atlântica, a Fundação SOS Mata Atlântica e o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)

esforçam-se para monitorar os avanços do desmatamento ano a ano e divulgar os dados em um 3atlas.

Os procedimentos metodológicos adotados na extração de informações dessas imagens são

exatamente os mesmos anualmente de forma a garantir a comparação entre os resultados e sua

consistência.

4No Estado do Paraná, entre os anos de 2014 e 2015, desapareceram 1.988 hectares de

florestas. Os dados são do Atlas de Remanescentes, divulgado dia 25 de maio pela Fundação SOS

Mata Atlântica em parceria com o INPE. O levantamento considera apenas derrubadas maiores que

3 hectares – assim, não enxerga o chamado desmate seletivo, em que somente as espécies mais

rentáveis são cortadas, resultando no empobrecimento da biodiversidade da área.

Atualmente, a Mata Atlântica e a Floresta com Araucárias sobrevivem graças a esparços

fragmentos de áreas naturais com menos de 50 ha (83,4% de todos os fragmentos catalogados por

Ribeiro et al), somados a alguns poucos remanescentes maiores (RIBEIRO, 2009). Ainda de acordo

com Ribeiro et al (2009), da área original da Mata Atlântica, apenas 1,62% estão protegidos em

unidades de conservação.

Na Floresta com Araucárias, 164.651 ha estão protegidos por unidades de conservação, o que

corresponde a 0,65% da área original do ecossistema (nos três estados sul brasileiros). No Estado do

Paraná, maior detentor original dessa floresta, restam menos de 0,8% de remanescentes naturais em

estágio avançado de regeneração, boa parte disso ainda não contemplado por unidades de

conservação.

Castella e Britez (2001), no âmbito do projeto de Conservação e Uso Sustentável da

Biodiversidade Brasileira (FUPEF/PROBIO), chegaram a conclusões alarmantes sobre sua situação

em relação a conservação da biodiversidade da região (Figura 01). Cita-se, por exemplo, a extinção

das florestas originais no ecótono com a Floresta Estacional Semidecidual, das regiões Norte e Oeste

do Paraná, que se caracterizava pela mescla destas duas formações em solos mais férteis, com árvores

que atingiam cerca de 40 a 50 metros de altura.

3 Além de relatórios e análises técnicas.

4 Matéria divulgada na Gazeta do Povo dia 25 de maio de 2016. “Paraná é o estado que mais derrubou Mata Atlântica nos últimos 30 anos”.

Infelizmente as gerações atuais não têm mais a oportunidade de conhecer esse ecótono

original por simplesmente ter desaparecido. Soma-se a isto a extinção absoluta das florestas

primárias. Segundo estes dados, a Floresta com Araucárias é considerada uma das ecorregiões mais

degradadas da América Latina (BRITEZ, 2007). Essa realidade traz duas prioridades: zelar pela

integridade dos poucos remanescentes e pela conectividade entre os principais fragmentos.

2. Discussão

Além do contexto histórico, observa-se uma série manipulações jurídicas-administrativas e

políticas contrárias a práticas conservacionistas, especialmente no Estado do Paraná. Mesmo com

anunciada urgência e tamanha clareza de prioridades, o Governo do Estado do Paraná, paradoxalmente, seguidamente abre precedentes para a continuidade da exploração de áreas naturais

de Floresta com Araucária.

O Decreto Federal da Mata Atlântica de 1993, proibindo o corte em todo o bioma da Mata

Atlântica, foi ignorado no Paraná pela pressão de madeireiros, sendo que licenças de corte foram

emitidas até 2006 dentro do conceito de planos de manejo convencionais, cessando-os apenas com a

promulgação da Lei da Mata Atlântica.

Mais recentemente, ao mesmo tempo em que lançava o Programa Bioclima Paraná, com uma

perspectiva compromissada de implantação de uma estratégia de conservação da biodiversidade em

Figura 01. Remanescentes da Floresta com Araucárias, segundo Castella e Britez (2001).

todo o território paranaense, o Governo apoiou integralmente a mudança do Código Florestal Federal

e aprovou uma regulamentação da Lei abrindo brechas para supressão de outras áreas naturais.

Não houve abertura para discussões e aprimoramentos da Lei Estadual e, em contramão às

expectativas assumidas em relação ao Programa Bioclima, nenhuma ação proposta e assumida

formalmente pelo Governo foi até aqui implementada.

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que há 24 nos não abre concurso para novos

funcionários, já teve mais de 1300 colaboradores, hoje padece com um corpo de menos de 400

funcionários, boa parte em vias de aposentadoria. Desde o início da atual gestão do Governo do

Estado (2010), o convencional convênio entre o IAP e o BPAmb (Batalhão de Polícia Ambiental-

Força Verde - Polícia Militar do Paraná) não foi mais estabelecido. A decisão pressupôs que

"fiscalizar não é mais uma prática adequada”, um discurso recorrente nos palanques de parte das

lideranças do atual governo. Tal atitude estabelece uma condição de fragilidade extrema e não

justificável em relação a responsabilidade do Governo do Estado do Paraná no que se refere a

proteção do patrimônio natural.

Nas últimas semanas, o IAP sustenta juridicamente que o regramento legal de âmbito federal

que estabelece as listas oficiais de espécies ameaçadas do Brasil não é válido no Estado do Paraná,

refutando a imunidade de corte de espécies da floresta com araucárias e outros ecossistemas naturais

paranaenses. O chamado “Projeto Imbituvão”, com aval do IAP, realiza experimentos científicos de

“manejo florestal sustentável” na região centro-sul do estado, cujas premissas e objetivos não estão

claras para a sociedade civil e comunidade científica, sendo que o corte de araucárias em áreas

naturais remanescentes, no mínimo se apresenta como uma conduta duvidosa que deve ser analisada

à luz do arcabouço legal.

Ainda sobre o IAP: em 2014 foi autorizado o corte de uma área de 693 ha em estágio médio

de regeneração de vegetação, cujo volume de madeira chegava a 50 mil metros cúbicos e mais 13

mil m³ de lenha. Neste mesmo ano, o IAP autorizou o corte de volume de 115.570 m³ de araucária.

Há licenças do IAP para corte de essências nativas plantadas, em 2014, cujo volume de toras liberadas

é de 93.900 m³ aproximadamente, extraída de uma área de 548 ha (171 m³/ha). No ano de 2015 o

IAP autorizou o corte do volume de 89.644 m³ de toras de araucária e mais 36.324 m³ de toras de

outras espécies nativas. Ademais, uma enorme quantidade de “material lenhoso” foi retirado com

aval do IAP. Decorrente desse amplo conjunto de procedimentos, um grande número de denúncias

de licenciamentos supostamente irregulares está sendo foco investigação de parte da Delegacia

Estadual do Meio Ambiente.

Destaca-se atuais tratativas do Conselho Estadual de Meio Ambiente – CEMA sobre

resolução que estabelece regras de incentivo ao plantio florestal para a utilização sustentável da

Araucaria angustifolia plantada, não restringindo o plantio de araucárias à áreas já degradadas ou

adequadas ao reflorestamento e interpretamos isso como uma ameaça latente.

Portanto, nossa preocupação transcende os âmbitos técnico e legislativo para as esferas

política e econômica, supondo-se de haver ingerências de viés setorial, determinado a tomada de

decisão dos órgãos ambientais, no caso especificamente ao IAP. Embora tecnicamente estejam

disponíveis ferramentas metodológicas conservacionistas não são observadas providências

adequadas nessa direção. Ao invés disso, nota-se arranjos legais que permitem o avanço da

degradação de áreas naturais.

O presente documento representa, portanto, uma tentativa de ajustes de engrenagens; um

alerta para que a gestão estadual do Paraná considere o conhecimento técnico-científico, inclusive do

corpo técnico do IAP, e adote imediatamente uma conduta prudente - da capacidade de tomar decisões

baseadas na racionalidade e no princípio da precaução.

2.3. Providências emergenciais demandadas:

Ressaltamos as seguintes demandas que necessitam de um posicionamento imediato das

instâncias executivas do poder público estadual:

1. As áreas nativas remanescentes de Floresta com Araucárias - incluindo as em estágio inicial

e médio - devem ser manejadas buscando necessariamente a restauração ecológica, a proteção da

biodiversidade e integridade ecossistêmica;

2. A aplicação de mecanismos de pagamento por serviços ambientais e ecossistêmicos

(PSA/PSE), já anunciadas como uma ação assumida pelo Governo do Estado, deve ser utilizada, em

escala suficiente e com garantias de longo prazo, para estimular a execução de ações de conservação

de remanescentes naturais privados;

3. É necessário estabelecer uma rediscussão dos termos do Código Florestal do Paraná e de

sua regulamentação, de forma a transformar a compensação de Reserva Legal em um instrumento de

PSA em grande escala;

4. Volta imediata do convênio com BPAmb/IAP e uma retomada às ações rotineiras e

criticamente necessárias de combate à caça, ao extrativimo, ao desmatamento e a outras ações de

degradação generalizada dos ambientes naturais no Estado do Paraná, em especial a Floresta com

Araucárias e os Campos Naturais associados. Novos contingentes para os órgãos ambientais, já

anteriormente compromissados, devem ser efetivados;

5. Os esforços dos órgãos ambientais do Estado do Paraná devem estar voltados para ações

condizentes com diretrizes de conservação de Patrimônio Natural e que as seguidas iniciativas de

licenciamento de corte de espécies arbóreas nativas, notadamente na Floresta com Araucária, sejam

imediatamente cessadas;

6. Apuração e, em caso de comprovação, aplicação das prerrogativas legais em relação à

práticas ilegais de servidores, gestores e representantes de cargos públicos envolvidos em

irregularidades e abuso de poder.

3. Conclusões

Diante do exposto, evidencia-se a prioridade absoluta no pronto estabelecimento de ações que

redirecionem os órgãos ambientais para sua função primeira: zelar pelo patrimônio natural

paranaense.

Entendemos que, nas atuais condições, não há estrutura física e de pessoal para

implementação e, principalmente, fiscalização e monitoramento das ações previstas na Resolução do

CEMA e em outras propostas dúbias de incentivo à exploração em curso.

O Estado do Paraná, através da Secretaria de Meio Ambiente e sua autarquia vinculada (IAP)

devem empreender esforços para fazer cumprir a legislação existente, especialmente em termos de

implementação e ampliação de suas Unidades de Conservação públicas, priorizando a aplicação de

recursos para fomentar a ampliação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, para a efetiva

implementação e cadastramento das propriedades rurais privadas no Cadastro Ambiental Rural

(CAR) e implementação imediata dos respectivos Planos de Recuperação Ambiental previstos pelo

CAR.

Por fim, é prioritário fortalecer e estruturar o quadro e infraestrutura do IAP para

aprimoramento e intensificação das ações de fiscalização ambiental, visando coibir os ilícitos contra

a flora e fauna no Estado, iniciando-se pela imediata celebração de novo convênio com a Polícia

Militar Ambiental também é ação que deve ser implementada de imediato, com inclusão na lei

orçamentária estadual para realização de concurso público ainda em 2016.

4. Referências Bibliográficas

BRITEZ, 2007. Britez, Ricardo Miranda de. Aspectos ambientais a serem considerados na

restauração da Floresta com Araucária no Estado do Paraná. Pesquisa Florestal Brasileira (PFB):

Brazilian Journal of Forestry Research, n.55 (2007).

CARVALHO, 2010. Carvalho, Miguel Mundstock Xavier de. UMA GRADE EMPRESA EM MEIO

À FLORESTA: A HISTÓRIA DA DEVASTAÇÃO DA FLORESTA COM ARAUCÁRIA E A

SOUTHER BRAZIL LUMBER AD COLOIZATIO (1870-1970). Tese submetida ao Programa de

PósGraduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para a

obtenção do Título de Doutor em História. Florianópolis, 2010.

RIBEIRO, Milton Cezar et al. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the re-

maining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation. n.142, 2009.

SOS MATA ATLÂNTICA, 2014: Atlas da Mata Atlântica > Dados mais recentes. Disponível em:

https://www.sosma.org.br/projeto/atlas-da-mata-atlantica/dados-mais-recentes/. último acesso em 23 de

maio de 2016.