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Oficina elaborada pela Professora FERNANDA BRUM LOPES - Geografia Cuba e Estados Unidos reatam relações

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Cuba e Estados Unidos reatam relações

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Um pronunciamento histórico, feito ao mesmo tempo pelos presidentes Barack Obama eRaúl Castro, cada qual em seu país, marcou a retomada de relações diplomáticas entre osEstados Unidos e Cuba, rompidas desde 1961.

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Um pronunciamento histórico, feito ao mesmo tempo pelos presidentes Barack Obama eRaúl Castro, cada qual em seu país, marcou a retomada de relações diplomáticas entre osEstados Unidos e Cuba, rompidas desde 1961.

Os EUA são a principal potência econômica, política e militar do planeta. Cuba, seu pequenovizinho, é o único país comunista das Américas.

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O anúncio, feito em 17 de dezembro de 2014, encerrou um ano e meio de negociações secretas,realizadas no Canadá e no Vaticano, com a participação do papa Francisco, e incluiu medidaspara reduzir as restrições a viagens e a remessas de dinheiro para a ilha.

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A nova situação não retira de Cuba o maior peso que tem contra si: o bloqueioeconômico que os EUA impõem desde 1962.

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A nova situação não retira de Cuba o maior peso que tem contra si: o bloqueioeconômico que os EUA impõem desde 1962.

Adotado por lei, precisa da votação noCongresso norte-americano para ser revogado.

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A nova situação não retira de Cuba o maior peso que tem contra si: o bloqueioeconômico que os EUA impõem desde 1962.

Adotado por lei, precisa da votação noCongresso norte-americano para ser revogado.

Para Cuba, essa é a medida fundamental, pois oembargo aumenta sua economia, já quepraticamente impede o comércio comempresas norte-americanas ou associadas aelas.

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A ilha caribenha tem uma longa história de dominação estrangeira, até a revolução de1959.

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Cuba foi colônia espanhola por 400 anos, a partir da chegada de Cristovão Colombo à América.

Localizada em posição estratégica no Caribe, na entrada do Golfo do México, a colônia era umdos principais produtores mundiais de tabaco e cana-de-açúcar.

Em 1860, produzia 1/3 do total mundial de açúcar.

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Dois levantes pela independência fracassaram no século XIX, sob a liderança do poeta José Martí.

O fim do domínio espanhol ocorreu em 1898 e não se deu por mãos cubanas.

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Dois levantes pela independência fracassaram no século XIX, sob a liderança do poeta José Martí.

O fim do domínio espanhol ocorreu em 1898 e não se deu por mãos cubanas.

De olho em seus interesses econômicos – eram os principais compradores do açúcar cubano –,os EUA declararam apoio à independência cubana e entraram em guerra com os espanhóis.

Em três meses, venceram a Guerra Hispano-Americana e implantaram uma ocupação militar emCuba. Com a derrota, a Espanha teve de ceder aos EUA o domínio sobre suas colônias nasAméricas – Cuba e Porto Rico – e na Ásia – Filipinas e Guam.

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Por quatro anos, os EUA assumiram o governo de Cuba. Em 1902, concederam aos cubanos umaindependência formal, mas mantiveram o país sob tutela.

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Em primeiro lugar, encravaram uma base militar em Guantánamo, no leste da ilha, que mantêmaté hoje, a despeito de todas as mudanças ocorridas no país.

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Impuseram também a emenda Platt, assinada um ano antes e anexada à Constituição cubana, que dava aos norte-americanos o direito de intervir na ilha quando julgassem necessário.

Assim, Cuba tornou-se um protetorado norte-americano até 1933. No período, os EUA ocuparam cinco vezes a ilha.

A Emenda Platt foi um dispositivo Constitucional assinado peloSenado norte-americano em 1901, para garantir que os EstadosUnidos pudessem intervir política e militarmente na ilha de Cuba.

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O direito de intervenção acabou em 1934, mas a elite cubana continuou subordinada aosvizinhos do norte.

A Emenda Platt foi um dispositivo Constitucional assinado peloSenado norte-americano em 1901, para garantir que os EstadosUnidos pudessem intervir política e militarmente na ilha de Cuba.

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“É um dever meu evitar, através da independência de Cuba, que os Estados Unidos se estendam (…) sobre outras terras de nossa América. Tudo o que fiz até agora etodo o que faça de agora em diante tem essa finalidade (…) Conheço o monstro porque já vivi em suas entranhas.”Com essas palavras escritas pouco antes de morrer em 1895, José Martí alertava sobre o perigo que o imperialismo norteamericano nascente significava para aspretensões independentistas de Cuba e a vida de conjunto dos povos de Nossa América. O poeta e líder dos patriotas cubanos colocava claramente os EUA como uminimigo a se enfrentar

“Os povos da América são mais livres e prósperos a medida que se separam dos EUA. Jamais houve na América, daindependência aos dias de hoje, assunto que demande mais sensatez, nem que obrigue mais vigilância, nem que peça examemais claro e minucioso, que o convite que os potentes EUA, repletos de produtos invendáveis, e determinados a estender seusdomínios na América, fazem às nações americanas de pode reduzido (…) A América espanhola pode salvar-se da tirania daEspanha e agora, depois de ver com olhos audazes seus antecedentes, causas e fatores do convite, cabe dizer que chegou a horapara a América espanhola de declarar sua segunda independência.”

José Martí

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Cuba viveu anos de ascensão econômica, devido ao bom preço mundial do açúcar, mas seus governantes eram autoritários ecorruptos.

Em 1933, o ex-sargento Fulgêncio Batista tomou o poder. Governou até 1944 com o apoio dos EUA.

Em 1952, com um novo golpe, voltou à Presidência.

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Em 26 de julho de 1953, um grupo de 120 jovens, liderados pelo advogado Fidel Castro, então com 26 anos, atacou o quartel deLa Moncada, segunda mais importante base militar de Cuba à época, iniciando um confronto com Batista.

O ataque fracassou, vários revolucionários morreram e os demais foram presos,como Fidel.

Após sua libertação, dois anos depois, exilou-se no México, onde já estava o irmão Raúl. Lá foi apresentado ao argentino Ernesto“Che” Guevara e, com um grupo de exilados cubanos, começou a articular a volta.

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Em meados de 1955, o grupo, com 82 homens, saiu do México a bordo do iate Granma, com capacidade para menos de 20pessoas.

Na chegada à ilha, em dezembro de 1956, alguns revoltosos morreram em confronto com o Exército e os demais se refugiaramna Serra Maestra, onde viveram por três anos e expandiram o movimento, ganhando adeptos entre camponeses, estudantes,médicos, professores e até militares descontentes com os rumos do país.

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A guerrilha foi tomando cidades do interior cubano e a liderança de Fidel Castro passou a ser reconhecida mais amplamente.

O Exército de Batista tentou conter os rebeldes num ataque à Serra Maestra, mas foi derrotado.

Então, a guerrilha decidiu avançar em direção à capital. Sua marcha coincidiu com uma aguda crise política e uma rebeliãopopular pelo país.

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Em 1º de janeiro de 1959, os guerrilheiros entraram em Havana e Batista fugiu.

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Inicialmente, os revolucionários tentaram montar um governo de coalizão com a oposição moderada a Batista, mas, peladinâmica da situação, com grandes mobilizações populares e ocupações de terras, acabaram assumindo todo o poder, numaradicalização do processo.

O motivo foram os conflitos crescentes com a elite nacional e com os interesses dos norte-americanos, que dominavam osprincipais grupos econômicos atuantes na ilha.

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Nos primeiros tempos da revolução, o Movimento 26 de Julho, como foi batizado o grupo revolucionário, não era comunista, mascomposto de nacionalistas e socialistas.

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Os comunistas cubanos não apoiaram a insurreição contra Batista. Em momentos anteriores, haviam até participado de seugoverno.

Essa posição se explica pela conjuntura da época, a Guerra Fria, com o mundo dividido em esferas de influência entre os EstadosUnidos e União Soviética (URSS), e Cuba muito claramente colocada na região sob o domínio norte-americano.

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O primeiro país que Castro visitou, após tomar o poder, foram os próprios Estados Unidos, em março de 1959, onde se encontroucom o então vice-presidente, Richard Nixon.

A imagem do aperto de mão entre Fidel Castro e Richard Nixon – então recém-vitorioso comandante da derrubada do ditadorcubano Fulgêncio Batista e vice-presidente dos Estados Unidos, respectivamente – é uma prova de que a relação entreamericanos e cubanos pós-revolução chegou a ser amistosa, ainda que por pouco tempo. Era abril de 1959, apenas três mesesdepois de Fidel e seus companheiros de guerrilha tomarem o poder em Havana. O líder cubano recebera um convite paraconhecer Washington e aproveitou para dar as caras na Casa Branca.Desconfiado com as ambições de Fidel, o presidente Dwight D. Eisenhower preferiu deixar a capital durante sua visita eordenou ao vice que se encontrasse com o comandante.

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Cuba só veio a se aproximar politicamente da URSS pela evolução posterior da situação.

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O novo regime cubano implantou a reforma agrária, com a concessão de créditos baratos para os pequenos produtores, eestatizou empresas estrangeiras, na maioria norte-americana.

Milhares de cubanos descontentes deixaram o país – grande parte com destino a Miami, no sul dos EUA, onde passaram aarticular a oposição externa ao governo.

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Crises migratórias estavam longe de ser uma novidade na áspera e tumultuada agenda das relações dos Estados Unidoscom Cuba depois da chegada de Fidel Castro ao poder, em 1959.

A primeira delas eclodiu logo após o triunfo da Revolução e durou até 1962 — período em que partiram rumo aos Estados Unidos cerca de 200 mil pessoas,

quase 3% da população cubana. O êxodo produziu um vertiginoso salto demográfico em Miami, cuja população pulou de 300mil para quase meio milhão de habitantes.

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No auge das primeiras confrontações entre Havana e Washington, a CIA e o arcebispo Coleman Carroll, titular da arquidiocese de Miami,arquitetaram um espantoso plano de transferência massiva de crianças de Cuba para os Estados Unidos, para o qual contaram com o apoio

indispensável da Igreja cubana. Batizada deOperação Peter Pan e inspiradora de livros e filmes, a ação teve início numa noite

de outubro de 1960, com a patética proclamação de um locutor da rádio Swan, estação de ondas médias da CIA instalada na ilha Cisne,

em território hondurenho, para transmitir programas dirigidos a Cuba.

“Mães cubanas! O governo evolucionário está planejando roubar seus filhos!”, gritava oradialista. “Quando fizerem cinco anos, seus filhos serão retirados de suas famílias e sóretornarão aos dezoito anos, transformados em monstros materialistas! Alerta, mães cubanas!Não deixem que o governo roube seus filhos!”

O segundo passo foi dado na manhã seguinte, quando centenas de milhares de panfletos foram espalhados pelo país com otexto de uma falsa lei, redigida nos escritórios da CIA, que estaria para ser posta em vigor “a qualquer momento” pelo governode Cuba.

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Repleto de considerandos e de citações da legislação em vigor, o documento apócrifo era assinado por “Doutor Fidel Castro Ruz,primeiro-ministro” e pelo então presidente da República, Osvaldo Dorticós. A ameaça que iria aterrorizar pais e mães apareciaem três artigos e dois parágrafos:

Artigo 3o — [...] A partir da vigência da presente lei, o pátrio poder das pessoas menores de vinte anos de idade será exercidopelo Estado.

Artigo 4o — [...] Os menores permanecerão sob os cuidados de seus pais até a idade de cinco anos, a partir da qual sua educaçãofísica, mental e cívica será confiada à Organização de Círculos Infantis, os quais serão responsáveis pela guarda e pelo pátriopoder dos referidos menores.

Artigo 5o — [...] Tendo em vista sua educação cultural e capacitação cívica, a partir dos dez anos de idade qualquer menorpoderá ser trasladado para o lugar mais apropriado para a consecução de tais objetivos, sempre tendo em conta os mais altosinteresses da nação.

Parágrafo 1o — A partir da publicação desta lei, fica proibida a saída do território nacional de todas as pessoas menores de idade.

Parágrafo 2o — O descumprimento dos preceitos compreendidos na presente lei será considerado delito contrarrevolucionário,sancionável com pena de prisão de dois a quinze anos, conforme a gravidade do delito.

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O homem escolhido pela arquidiocese para executar o plano era o padre Bryan Walsh, um irlandês cinquentão de 1,90 metro deestatura e físico de pugilista que vivia nos Estados Unidos desde a juventude. Ao chegar a Havana, semanas depois, levando na

bagagem nada menos que quinhentos vistos de entrada nos Estados Unidos em branco, Walsh encontrou

uma sociedade chocada.

Os desmentidos do governo revolucionário não tinham sido suficientes para diminuir aapreensão das famílias cubanas. Além disso, vigários de paróquias de todo o país, especialmente no interior, onde vivia

a população mais simples e desinformada, se encarregaram de difundir a macabra versão de que as crianças separadas dos paisseriam removidas para Moscou e transformadas em alimento enlatado para o consumo da população russa.

Não era a primeira vez que se utilizava para fins políticos história tão medonha e inverossímil.

A anedota segundo a qual comunistas comiam pessoas nascera no fim da Segunda Guerra,quando a máquina de propaganda fascista inundara a Itália de folhetos que afirmavam que ossoldados italianos que se entregassem ao Exército Vermelho seriam mortos, triturados etransformados em comida para saciar a fome que dizimava milhões na Rússia stalinista.

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Naquele final de 1960 a Revolução Cubana já tinha implantado mudanças extremamente radicais no país, como a reformaagrária, a estatização do sistema bancário e a “expropriação forçada” de quase mil indústrias, entre as quais se encontravam cemusinas de açúcar e algumas gigantes como a fábrica de rum Bacardi e a norte-americana DuPont Chemical.

Apesar do caráter revolucionário dessas medidas, quando a Operação Peter Pan foi concebida, Cuba eEstados Unidos ainda mantinham relações normais. Centenas de viajantes cruzavam diariamenteo estreito da Flórida, nos dois sentidos, nos voos que ligavam a capital cubana à Flórida.

E a ponte aérea entre Havana e Miami foi o caminho escolhido pelo padre Walsh para pôr em prática a operação.

Por exigência da CIA, ninguém viajaria acompanhado dos pais. Os quinhentos formulários em branco que o

religioso levara na primeira viagem não seriam suficientes, como se saberia mais tarde, para atender sequer a 5% dos pequenoscandidatos à salvação do inferno comunista. Muitos anos depois, Fidel Castro comentaria o episódio numa entrevista à televisão.

“Nós achávamos que a Revolução deveria ser obra voluntária de um povo livre, enão pusemos nenhum obstáculo às saídas do país”

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Segundo a ONG americana Pedro Pan Group, ao todo foram contrabandeados 14048 menores, de

ambos os sexos, alguns dos quais acabariam por se converter em personagens da vida pública norte-americana, como o senadorrepublicano Mel Martínez, o ex-prefeito de Miami, Tomás Regalado, e os diplomatas Eduardo Aguirre, nomeado embaixador naEspanha pelo presidente George W. Bush, e Hugo Llorens, que era embaixador em Honduras em 2009, quando da deposição dopresidente Manuel Zelaya.

Instalados inicialmente em orfanatos católicos e instituições de caridade, milhares deles jamais voltariam a ver seus pais e mães.No começo de 1962 chegava ao fim a Operação Peter Pan, um dos mais dramáticos e dolorosos episódios da história daRevolução Cubana

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A terceira onda migratória, ocorrida no final de 1966, resultou da decisão do presidente Lyndon Johnson de promulgar a Lei doAjuste Cubano — que nada mais era que a legalização de uma situação existente desde 1959 e que sobrevivia sob o olhar

complacente das autoridades norte-americanas.

Sem paralelo em nenhum outro país, a lei oferecia aos cubanos que chegassem, mesmo por vias ilegais,aos Estados Unidos privilégios não concedidos a estrangeiros de nenhuma outra nacionalidade.

Os benefícios ofertados pelo governo eram um tentador convite à imigração:

-asilo político e documentação de residente permanente, ou seja, autorização para trabalhar e inscrever-se no serviço social,direitos que se estendiam ao cônjuge e aos filhos menores de 21 anos.

Era o oposto do tratamento destinado às hordas de latinos que tentavam entrar nos Estados Unidos pela fronteira do México.

Nos quatro anos seguintes, uma ponte aérea que ligava o balneário de Varadero a Miamitransportou mais de 270 mil cubanos.

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A quarta e mais rumorosa crise teve início na tarde de 1o de abril de 1980, quando seis cubanos invadiram o casarão ondefuncionava a embaixada do Peru em Havana, atirando um ônibus contra a cerca do jardim.

O único obstáculo a impedi-los de entrar, um solitário soldado que dava guarda na porta, foi abatido a tiros: minutos depois, jádentro da casa, os seis eram declarados asilados políticos. Cuba exigiu que todos fossem devolvidos, pois, ao matarem o soldado,haviam se convertido em criminosos comuns.

O embaixador peruano, no entanto, fincou pé: seu país decidira conceder asilo político a eles. A gravidade da situação pôs emconfronto Fidel Castro e o conservador general Francisco Morales Bermúdez, chefe de governo do Peru desde 1975, quandoderrubara o também general e ultranacionalista Juan Velasco Alvarado.

Ao receber como asilados os seis invasores, Morales Bermúdez imaginava ter encurralado Fidel num beco sem saída: seconcedesse os salvo-condutos para que o grupo deixasse Cuba, o governo criaria um grave precedente — para sair do país,bastaria pôr os pés numa embaixada, mesmo que por meios violentos. Negar a autorização significava transformar os seis emmártires e mais uma vez grudar em Cuba o rótulo de país violador de direitos humanos. Além, é claro, de gerar um impassediplomático de consequências imprevisíveis.

O que o general peruano jamais poderia imaginar, porém, era que Fidel reagiria com uma insólitadecisão. A resposta veio numa nota de meia centena de palavras, publicada na primeira página da edição do dia 4 do jornal

Granma, que concluía de forma inusitada:

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Diante da negativa do governo peruano de entregar os delinquentes que provocaram a morte do soldado Pedro Ortiz Cabrera, o

governo cubano se reserva o direito de retirar a guarda de proteção da embaixada. A referida sede, portanto, ficaaberta a todo aquele que quiser sair do país.

O que parecia um incidente isolado se converteu primeiro num tumulto, em seguida numa aglomeração, para culminar, dois dias

depois, com uma multidão de 10 mil pessoas acampada num imóvel residencial de seis dormitórios.

Assustado com a presença da turba que tomou cada centímetro quadrado da casa, o embaixador Edgardo de Habich abandonouo local, levando consigo todo o pessoal diplomático, à exceção de um encarregado de negócios que passou a responder pelalegação.

Duas semanas após a ocupação, e com o enxame de gente ainda dentro da embaixada, o Peru jogou a toalha e admitiu que nãotinha condições de receber, da noite para o dia, 10 mil pessoas.

Diante da timidez demonstrada pela comunidade internacional — o Peru aceitava receber apenas mil pessoas, o Canadáseiscentas e a Costa Rica trezentas — o presidente americano, que disputaria a reeleição em outubro daquele ano, enxergou noepisódio uma boia que poderia salvar sua popularidade do naufrágio.

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Na contramão da moderada diplomacia que adotara com relação a Cuba desde que chegara à Casa Branca, Carter convocou umaentrevista coletiva e anunciou uma bomba.

Com o novo nome de Política dos Braços e Corações Abertos estava ressuscitada a velha Lei do Ajuste — todo cubano queconseguisse chegar aos EUA teria asilo político, status de residente permanente, permissão paratrabalhar e inscrever-se no serviço social etc. etc.

Fidel Castro respondeu no mesmo dia e no mesmo tom: ante as ofertas de Carter, a partirdaquele momento o porto de Mariel, cinquenta quilômetros a oeste de Havana, estava abertopara quem quisesse asilar-se nos Estados Unidos.

A decisão, sublinhou, valia não apenas para os 10 mil inquilinos da embaixada peruana, mas para qualquer um dos 11 milhões decubanos que desejasse partir.

Horas depois os 160 quilômetros de mar que separam o porto de Mariel de Key West estavam salpicados de flotilhas deembarcações de todos os modelos e calados, vindas de vários pontos da Flórida, prontas para transportar os passageiros daquela

que seria a maior onda migratória de toda a história da diáspora cubana. Se Morales Bermúdez se assustou

quando Cuba liberou não seis, mas 10 mil pessoas, o plano da Casa Branca também dera errado. Carter não podia imaginar quenas semanas seguintes 130 mil candidatos à cidadania americana, mais de 1% da população de Cuba, atravessariam o mar doCaribe em direção a Miami.

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O presidente dos Estados Unidos só tomou consciência das dimensões do abacaxi que tinha nas mãos quando a CIA o informoude que cerca de 40 mil marielitos — nome pelo qual ficaram conhecidos os exilados que saíram nesse período — eram doentesmentais e delinquentes comuns, muitos deles condenados a penas altíssimas por tráfico de drogas, latrocínio e estupro.

Os informes eram alarmantes: Cuba estava exportando para os Estados Unidos seus criminosos e doidos.

O governo cubano negou que tivesse forçado quem quer que fosse a deixar o país. Segundo informações difundidas pela radio

bemba, porém, logo após a abertura do porto de Mariel hospícios e presídios de Cuba de fatohaviam sido visitados por funcionários do governo que repetiam aos doentes e aos detentos amesma oferta: quem quisesse emigrar para os Estados Unidos, com todas as vantagensoferecidas por Carter, só precisava fazer a trouxa e chegar ao porto de Mariel.

Muitos anos depois, Max Lesnik, um cubano exilado em Miami que nunca deixou de ser amigo de Cuba, explicitaria o processode seleção daqueles que ficaram conhecidos como os indesejáveis: — Esses loucos estavam nos hospitais psiquiátricos cubanos,

entregues aos cuidados da Revolução. Alguém chegava lá e perguntava para o interno: onde estão os seusparentes? Nos Estados Unidos? Então levem-no para Mariel. A família terá como cuidar dele emMiami. Seja como for, 40 mil pessoas saíram de hospícios e prisões e embarcaram rumo à Flórida. Mais uma vez o problema

mudava de lado e deixava de ser cubano: que destino dar a toda aquela gente? Como assentar 130 mil pessoas e oferecer a elas,da noite para o dia, condições mínimas de sobrevivência?

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Para agravar a situação, a CIA manifestava uma preocupação adicional: Fidel Castro jamais perderia uma oportunidade como aquela para infiltrar nos Estados Unidos, no meio da multidão

de refugiados, algumas dezenas de agentes de inteligência.

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Desde as primeiras medidas da Revolução Cubana, criou-se um fosso entre os cubanos e os norte-americanos, que só cresceu.

Em 1960, os EUA recusaram-se a comprar uma grande quantidade de açúcar de Cuba, que os soviéticos aceitaram trocar porpetróleo a baixo preço.

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Como as filiais cubanas das empresas Standard Oil, Texaco e Shell negaram-se a refinar o petróleo soviético, foram estatizadaspelo governo cubano.

Choques e conflitos desse tipo levaram a Casa Branca adecretar um embargo comercial contra Cuba.

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Em janeiro de 1961, Cuba e EUA romperam relações diplomáticas e, em abril, Washington decidiu jogar uma cartada decisiva,

conhecida como “desembarque na Baía dos Porcos”.

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Dwight Eisenhower, o presidente que antecedeu John Kennedy, já havia previsto que as relações entre a Cuba revolucionária e aUnião Soviética poderiam resultar em problemas.

Eisenhower também havia acionado a Agência Central de Inteligência, a CIA, com o objetivo de derrubar os governos do Irã e daGuatemala.

No final de 1960, a organização traçou um plano para treinar um grupo decubanos, que fugiram para a Guatemala e não concordavam em nada com aspolíticas de Fidel, com a finalidade de que invadissem Cuba e colocasse fimao governo vigente.

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Contudo, neste meio tempo, a troca presidencial aconteceu, e diversos historiadores defendem que Kennedy realmente se viuem um dilema: decidir seguir com o plano ou deixa-lo de lado?

Ao assumir o governo, em janeiro de 1961, resolveu seguir em frente mas com condições específicas. A principal: que tudo fosserealizado com muita discrição e que a participação dos EUA não fosse revelada.

Dwight Eisenhower-REP

John F. Kennedy - DEM

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O presidente Kennedy temia que Fidel pudesse promover uma série de revoluções comunistas na América Latina, representandouma extensão inaceitável e perigosa da influência russa no próprio ‘quintal da América’.

Além disso, Kennedy tinha tomado uma posição muito firme já durante seu período eleitoral, contra Fidel, acusando seu rival,Richard Nixon, de fazer parte de uma administração que nada fez para evitar que os revolucionários tomassem o poder.

Já JFK se comprometeu a tomar medidas a fim de derrubar o regime castristae, como acabou sendo eleito, fez honrar seu compromisso de apoiar a CIA

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Kennedy esperava que a ação ajudasse os EUA a tomar uma iniciativa na Guerra Fria. Mas em vez disso, acabou sendo umdesastre humilhante.

Antes da invasão, um ataque aéreo por bombardeiros, sobre os principais campos aéreos de Cuba, não conseguiu destruir toda aforça aérea de Castro

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Em seguida, Fidel conseguiu mobilizar um contingente de 200 mil homens e, aosaber da invasão, enviou forças consideráveis para a praia frustrando as expectativasde Kennedy.

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Enquanto isso, a operação de JFK recebia outro golpe, quando o presidente cancelou um segundo ataque aéreo em Cuba,temendo que o envolvimento dos EUA fosse revelado ao mundo. Isso possibilitou que Castro usasse aviões que tinham resistidoao ataque aéreo inicial, bem como artilharia de campo, para atacar os exilados cubanos invasores.

Logo o mundo viria a descobrir o papel dos Estados Unidos na trama, que foi revelado pelosjornais.

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A invasão da Baía dos Porcos, também conhecida como La Batalla de Girón, tinha como objetivo derrubar o governo de Fidel.Contudo, as forças armadas cubanas, treinadas e equipadas pelas nações do Bloco Leste, derrotaram os combates, os invasoresforam vencidos e Fidel declarou vitória sobre o ‘imperialismo americano’.

Fidel Castro já esperava um ataque direto à ilha, tendo sido alertado por Che Guevara que presenciara um ataque semelhantedurante a revolução ocorrida na Guatemala.

Através da CIA, o governo estadunidense treinou cerca de 1500 exilados cubanos.

A operação foi lançada com pouco apoio logístico dos EUA e acabou fracassando. Castro, temendo uma novainvasão americana, decidiu apoiar a ideia russa de instalar mísseis nucleares no seupaís, o que levaria a uma nova crise na região, desta vez, de proporções bemmaiores.

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O Movimento 26 de Julho fundiu-se em 1962 com a organização dos comunistas cubanos, formando o Partido Unido daRevolução Socialista, depois renomeado Partido Comunista Cubano. Cuba foi então expulsa da Organização dos EstadosAmericanos (OEA), e ocorreu uma grave crise internacional, quando os EUA descobriram que os soviéticos estavam colocandomísseis atômicos na ilha, que poderiam alcançar facilmente o território norte-americano.

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Em outubro de 1962, satélites norte-americanos encontram uma base de mísseis nucleares instalada em Cuba, e logo descobriu-se que se tratava de uma base soviética

Espionagem aérea: a análise das fotos

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Os russos haviam assegurado aos americanos que otrabalho dos militares soviéticos em Cuba, que haviacomeçado no verão, não era uma ameaça para osEstados Unidos, porque não incluiria mísseis nuclearescapazes de atingir o território estadunidense.

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O cerco a Cuba foi formado, assim com à antiga União Soviética.

Os mísseis em território cubano foram retirados como condição de que os EUA também retirassem seus mísseis da Turquia.

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No sistema de partido único, as eleições presidenciais periódicasrealizadas pela Assembleia Nacional, a cada cinco anos, a partir de1976, não passavam de mera formalidade. O regime cubano, assim,ganhou uma feição fortemente personalista, tornando-se o “regimecastrista”.

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Uma das marcas do regime pós-Batista foi a nacionalização de bens retidos pela Igreja Católica – aliás, os próprios membros daIgreja foram expulsos do país, e a posição filosófica do novo governo cubano passou a ser oficialmente o ateísmo.

A Criação de Adão é um afresco de 280 cm x 570 cm, pintado por Michelangelo Buonarotti por volta de 1511, que figura no teto da Capela Sistina. A cena representa um episódio do Livro do Gênesis no qual Deus cria o primeiro homem: Adão.

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Outra modificação foi o fato de que as escolas particulares passaram a ser proibidas e o Estado socialista assumiuprogressivamente uma maior responsabilidade com as crianças.

Um país pobre, uma educação rica

Livro compara as escolas de Cuba, Brasil e Chile e diz: mesmo em uma democracia, é necessário ter um Estado que se responsabilize pela educação e atue de modo forte para que as melhoras ocorram.

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Um ponto muito debatido e defendido por Fidel envolvia a Reforma Agrária.

Antônio Núñez Jimenez, companheiro de Che Guevara, geógrafo e comandante revolucionário cubano, afirmava que os 75% dasmelhores terras cultiváveis de Cuba eram propriedade de indivíduos estrangeiros ou companhias estrangeiras (principalmenteamericanas). Uma das primeiras políticas do novo governo cubano foi elevar os padrões de vida através da subdivisão de terras,por meio de exploração maiores das cooperativas.

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Cuba começou a expropriar terra e propriedade privada, pela Lei de Reforma Agrária de maio de 1959. Deste modo as fazendasde todos os tamanhos poderiam ser apreendidas pelo governo, como foram.

Propriedades das classes média e alta cubanas também foram nacionalizadas, incluindo as plantações e propriedades da famíliade Castro (Fidel era filho de um rico proprietários de terras espanhol).

Até o final de 1960, o governo revolucionário havia nacionalizado mais de 25 bilhões de dólares em propriedade privada decubanos.

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Muitos agentes do governo de Batista sendo a maioria policiais e soldados, foram levados a julgamento públicos por crimes deguerra, o que inclui o assassinato e tortura.

Grande parte foi condenada à pena de morte por fuzilamento, enquanto outros receberam penas de longos anos na prisão.

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Até o final dos anos 1980, a sobrevivência de Cuba esteve vinculada às relações com a União Soviética, que importava osprodutos cubanos a preços elevados, e fornecia o que Cuba necessitava a preços baixos, ajudando sua economia. Esse apoioseguiu até 1991.

A derrocada da URSS marca o momento em que Cuba mergulha em uma profunda crise econômica, agravada pelo persistentebloqueio norte-americano.

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A população começou então a conviver com desemprego, racionamento de produtos e baixos salários. Para captar dólares, Cubaabriu-se ao turismo externo e facilitou o envio de recursos a cubanos por seus parentes no exterior. No fundo, eram medidaspaliativas, que só retardavam o agravamento dos problemas.

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Houve uma mudança importante com a eleição de Hugo Chávez na Venezuela, em 1998.

Ocorreu uma aproximação progressiva com Cuba, que passou a ser beneficiada por acordos bilaterais.

A Venezuela fornecia a Cuba, a preços subsidiados, boa parte do petróleo consumido pela ilha, em troca de apoio nos setores deeducação e saúde.

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Fidel Castro enfrenta sérios problemas de saúde e, em 2006, passa o poder para seu irmão, Raúl, colaborador estreito desde oinício da guerrilha, nos anos 1950.

Pouco depois, o país adota mudanças em seu regime fechado, como a liberação de acesso a celulares, a autorização para acompra de computadores pessoais e a possibilidade de transferir moradias estatais para indivíduos.

Em 2009, chega ao fim às restrições de viagens e transferências de dinheiro dos EUA para Cuba, medida anunciada por Barack Obama.

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A União Europeia afrouxa as sanções à ilha, em 2008, e Cuba amplia sua parceria econômica com a China.

No ano seguinte, a OEA cancela a suspensão de Cuba, mas sua volta à organização depende de negociações ainda em curso.

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Nos últimos anos, a resposta do regime cubano às dificuldades econômicas tem sido um conjunto de reformas que abre a ilhaaos mecanismos de mercado e ao capital privado.

O governo adota um plano para cortar mais de 1 milhão de empregos no setor público, reduzindo a participação direta do Estadoem áreas como agricultura, pequeno comércio, transporte e construção.

Ao mesmo tempo, libera mais de 200 atividades para a iniciativa privada, autorizada a contratar trabalhadores, e adotamecanismos para atrair capitais estrangeiros.

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Em 2013 (dezembro), durante o funeral de Nelson Mandela, Barack Obama e Raúl Castro trocam um aperto de mão, lançando a especulação sobre uma possível aproximação entre os dois países.

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Não se pode dizer que a situação entre Cuba e EUA se estendeu sem interferências.

Durante os anos de embargo econômico, diversas entidades se mobilizaram para defender o fim da restrição, sem sucesso.A própria ONU tentou intervir dezenas de vezes.

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Em 2005, a Assembleia Geral das Nações Unidas levantava a discussão pela 14° vez, sendo que grande parte dos países integrantes votaram a favor do fim do bloqueio. Os ‘do contra’ foram, Israel, Ilhas Marshall e EUA.

A Assembleia voltou a discutir o tema em 2006, quando aprovou a condenação do bloqueio mais uma vez, com a maioria de votos. A votação se repetiu sucessivamente a cada ano, sendo que EUA e Israel sempre mantiveram suas posturas.

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Representando uma das instituições mais poderosas do mundo, o Papa Francisco acompanhou de perto os trâmites para que asrelações entre os dois países fossem reatadas.

Os quase dois anos de diálogo contaram com a interferência do pontífice, que enviou cartas para Obama e Raúl, pedindo queambos se esforçassem para resolver as questões diplomáticas e humanitárias (o que também incluía a libertação de prisioneiros).

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Nesse contexto, a retomada das relações diplomáticas com os EUA indica que o governo norte-americano está mudando suaestratégia para continuar apostando no fim do sistema comunista em Cuba, com a volta da economia de mercado e a aberturapolítica do regime.

O governo cubano, por sua vez, se vê empurrado a buscar uma inserção mais ativa nas relações econômicas e políticas nocenário global. Quais serão os próximos passos, se o fim do embargo pelos EUA, ou mudanças internas em Cuba, ainda é umahistória em aberto.

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Depois do anúncio da retomada de relações diplomáticas, os Estados Unidos se comprometeram:

-a libertar três espiões cubanos;-diminuir restrições para viagens entre os dois países;-permitir que turistas americanos usem cartões de crédito em Cuba; e-instituir uma embaixada em Havana.

Na prática, Cuba soltou o americano Alan Gross e um cubano acusado de espionar em prol dos EUA, enquanto Raúl Castro se comprometeu a soltar 53 prisioneiros políticos, aumentar o acesso a internet no país e permitir que oficiais das Nações Unidas eda Cruz Vermelha entrem em território cubano.

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Uma das questões que ainda permanecem em aberto é sobre o embargo de fato.

Imagina-se que a reaproximação automaticamente poderá dar fim ao bloqueio, mas existe um equívoco neste raciocínio.

Obama não tem poderes suficientes para encerrar o embargo a Cuba, graças a uma lei do país de 1996 que impossibilita o presidente de alterar a política sem que haja aprovação do Congresso.

A lei Helms-Burton foi aprovada após Cuba derrubar dois aviões particulares que invadiram seu espaço aéreo, e determina que só o legislativo poderia, encerrar o embargo.

(Há uma condição específica: o embargo só será encerrado quando Cuba se transformar em um regime democrático, com eleições livres.)

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Ativistas anti-Castro protestam em Miami, nos Estados Unidos, contra a retomada das relações diplomáticas de Cuba e EUA Alan Diaz/AP Mais

http://noticias.uol.com.br/album/2014/12/17/eua-e-cuba-retomam-relacoes-diplomaticas-apos-mais-de-50-anos.htm

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http://www.humorpolitico.com.br/wp-content/uploads/2014/12/OLIVEIRA-191214-Face-580x399.jpghttp://noticias.bol.uol.com.br/fotos/imagens-do-dia/2014/12/17/aproximacao-diplomatica-entre-eua-e-cuba-inspira-memes-e-piadas-na-internet.htmhttp://www.brasildefato.com.br/node/6900https://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/10/13/a-verdadeira-historia-da-operacao-peter-pan/http://almanaqueabril.com.brhttp://historiaonline.com.brhttp://unoi.com.brhttp://diplomatique.brhttp://cartacapital.com.brhttp://museuvitimasdoscomunistas.com.br/salao/ver/“balseros”-cubanos-ii-–-fio-de-esperancahttp://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/11362/hoje+na+historia+1980++fidel+anuncia+exodo+maritimo+do+porto+de+mariel.shtmlhttp://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,carter-vai-a-cuba-22-anos-apos-crise-que-ajudou-a-derrota-lo,20020509p46351https://guerraearmas.wordpress.com/2011/02/08/ecos-da-guerra-fria-cuba-e-a-crise-dos-misseis/http://www.infoescola.com/historia/crise-dos-misseis-de-1962/http://pt.slideshare.net/fabiofatudatrabalhos/a-crise-dos-misseis-de-cubahttp://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/os-50-anos-de-derrota-dos-eua-na-baia-dos-porcos