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Relações Estados Unidos - América Latina Especialização em Jornalismo Internacional - PUC SP Professor Reginaldo Nasser

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Aula de agosto/2010 do prof. Reginaldo Nasser - PUC/Cogeae (Jornalismo Internacional

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Relações Estados Unidos - América Latina

Especialização em Jornalismo Internacional - PUC SPProfessor Reginaldo Nasser

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SISTEMA INTERNACIONALSISTEMA INTERNACIONALSuperpotência Vigilante Superpotência Vigilante

Intervenções norte-americanas durante o séculoIntervenções norte-americanas durante o século

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Prof Reginaldo Mattar Nasser

Professor e coordenador do curso de RI da PUC(SP)

Professor do programa de pós graduação San Thiago Dantas ( Unesp, Unicamp, PUC) Área

de pesquisa e docência: Política Internacional Contemporânea, Geopolítica

do Oriente Médio, Política Externa dos EUA, Política Externa Brasileira

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PERCEPÇÃO

“...as d ife re nças fre q ue nte s e a ltame nte sig nificativas hav id as e ntre a mane ira pe la q ual as naçõe s se e ncaram umas às outras e a sua mane ira

e fe tiva de se r... costuma have r g rande s d ive rg ê ncias e ntre a

p e rce pção q ue se te m d a re a lid ade e a re a lid ad e me sma, no campo d a po lítica mund ia l, e d e q ue e ssa inte g ra lid ade a fe ta tod os os aspe ctos das

re laçõe s inte rnacionais” “até ce rto ponto as re laçõe s inte rnacionais são

e fe tivame nte o q ue as p e ssoas acre d itam q ue e las se jam; ou q ue sob ce rtas cond içõe s o s home ns re ag e m não às co isas re ais, mas às ficçõe s q ue

e le s p róp rio s criaram e m to rno d e las.” – Stoessinger O Poder das Nações p .577-78

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PODER

Q uando fa lamos de pod e r nos re fe rimos ao contro le do home m sob re as me nte s e as açõe s d e outros home ns. Por pode r po lítico e nte nde mos as mútuas re laçõe s

de contro le e ntre o s d e positário s d a auto ridad e púb lica e e ntre e ste s últimos e o s home ns e m g e ra l. O pod e r po lítico

é uma re lação p sico lóg ica e ntre q ue m e xe rce e aq ue le s sob re os q uais se

e xe rce .

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EstadoÉ uma instituição jurídico-política que detém o

monopólio legítimo dos meios de violência dentro de um determinado território ( Max

Weber)“um home m caminha pe la e strad a com o p roduto d e se u trab alho e é ab ord ad o por

um g rupo d e home ns q ue o coag e m a e ntre g ar parte d o se u p roduto .

N e sse ato , o q ue faz e sse g rupo se r q ualificad o como funcionários do Estad o e não um b and o

d e lad rõe s? ( San Thomas d e Aq uino)É A BUSCA DO BEM CO M UM

Page 7: EUA x Am. Latina 1

, Sistema sociedade e ordem sistema internacional se fo rma q uando do is ou mais

e stados tê m suficie nte contato e ntre si, com suficie nte impacto re cíp roco nas suas de cisõe s d e ta l fo rma q ue se cond uz am, pe lo me nos a té ce rto

ponto como parte s de um tod o . sociedade internacional q uand o um g rupo d e

e stados, conscie nte s de ce rto s va lo re s e inte re sse s comuns, fo rma uma socie d ade no se ntid o de se

consid e rare m lig ad os, no se u re lacioname nto , por um conjunto comum de re g ras, e participare m d e

instituiçõe s comuns. Ordem Internacional quando q ue re mos re fe rir-nos a um pad rão ou d isposição das ativ id ade s inte rnacionais q ue suste ntam os ob je tivos

e le me ntare s, ou unive rsais d e uma socie d ad e d e e stad os.

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1) Guerra: O Conflito como interação básica

• O conflito é uma situação em que os atores têm interesses incompatíveis que levam a opor-se, seja pela posse de bens escassos ou pela realização de valores incompatíveis, levando até ao uso da força(guerra) para alcançar seus objetivos. A Guerra é, então, a situação de conflito entre dois ou mais Estados em que chega a ocasiões extremas de emprego das forcas armadas do conflito.

• A Guerra não representa, pois, de modo algum, uma relação de homem para homem, mas uma relação de Estado para Estado, na qual os particulares só acidentalmente se tornam inimigos, não os sendo nem como homens nem como cidadãos, mas como soldados, e não como membros da pátria, mas como seus defensores.” (Rousseau, Do Contrato Social)

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2) A Cooperação como interação básica: a Integração

• Da mesma maneira que a guerra é a forma extrema do conflito, pode-se dizer que a integração é a forma extrema da cooperação.

• A idéia de cooperação, para alguns autores, é vista como uma superação da imagem anárquica das relações internacionais.

• As condições que favorecem o estabelecimento de relações de cooperação são: 1) a existência de interesses, objetivos e necessidades similares ou complementares entre as partes 2) distribuição eqüitativa de custos, riscos e benefícios entre as partes 3) A confiança em que a outra parte cumprirá suas obrigações 4) as interações tem que levar em conta os termos de reciprocidade e confiança mútua.

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Dinâmica do SISTEMA INTERNACIONALa) Definição

A dinâmica estudará as redes de interação entre os atores de um sistema, tendo como variáveis fundamentais a intensidade (que traduz o volume de interações durante um período determinado) e o binômio conflito-cooperação.

b) Tipos e intensidade das interações Interações Internacionais – São os processos politicamente relevantes de comunicação e intercâmbio entre os atores no Sistema Internacional. .

•Níveis de Interação 1) Guerra1) Guerra 2) Conflito2) Conflito 3) Cooperação3) Cooperação 4)Integração4)Integração

Nível máximo de discórdia

Incompatibilidade de interesses

Coordenação de de interesses a partir da percepção de

problemas comunsUso da força

Nulo nível de Nulo nível de discórdia

Interesse Supra-Nacional

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SISTEMA INTERNACIONAL

Estrutura do S.I.

a) Sistema Unipolar ou Imperiala) Sistema Unipolar ou Imperial

Uma única potência estabelece a agenda, dita as normas e controla as fontes de poder. Ou seja, a potência hegemônica reúne em suas mãos poder de coerção e impõe seu sistema de valores..

Potência Potência ImperialImperial

Outros EstadosOutros EstadosMAPAS

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SISTEMA INTERNACIONALSISTEMA INTERNACIONAL

Estrutura do S.I.

b) Sistema Bipolarb) Sistema Bipolar

O sistema bipolar está determinado pelo equilíbrio entre duas potências que gozam de capacidades equivalentes e superiores aos dos Estados restantes no S.I.. O sistema bipolar pode ser homogêneo ou heterogêneo. No caso deste último, cabe aos outros estados estabelecer alianças com um dos lados. O exemplo deste modelo foi o equilíbrio bipolar durante a Guerra Fria.

PotênciaPotência

Outros EstadosOutros Estados

Potência

MAPAS

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SISTEMA INTERNACIONALSISTEMA INTERNACIONALEstrutura do S.I.Estrutura do S.I.

a) a) Sistema Multipolar

O O sistema multipolar está determinado pelo equilíbrio entre várias potências. São potências com capacidades aproximadamente equivalentes de tal maneira que o poder coercitivo está mais dividido que o sistema bipolar. Pode-se citar como exemplo de equilíbrio multipolar heterogêneo o sistema europeu dos anos década de 1930 ( liberalismo, socialismo e fascismo) e como equilíbrio multipolar homogêneo o sistema europeu de Estados simbolizado pelo Congresso de Viena.

Potências

MAPAS

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Introdução - Método

A posição contextualista de Skinner – método para a compreensão da política e da história:

Em “As Fundações do Pensamento Político Moderno”, Quentin Skinner nos define seu método (o “contextualismo”) diante do que afirma serem as limitações do tradicional método “textualista”: “Uma insatisfação que sinto diante do tradicional método “textualista” é que embora seus expoentes em geral afirmassem estar escrevendo uma história da teoria política, raras vezes o que nos apresentaram pôde ser considerado, de fato, história. Com razão a historiografia recente chegou ao lugar comum de que, se temos em mira compreender sociedades anteriores a nossa, precisamos recuperar suas ‘mentalités’ de dentro, da forma mais empática possível.” (SKINNER, 2006. Pág. 11).

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Introdução - O foco no Estado

Foco analítico no Estado Nacional:

“... são duas as razões básicas para se utilizar o Estado Nacional como a unidade básica de análise. Uma é metodológica: o Estado é um modelo consistente para a comparação histórica. a segunda razão é subistantiva: governos estabelecem políticas econômIcas, governos impõem regras e regulações , governos moldam os contextos dos comportamentos internacionais, governos promovem guerras e acordam a paz. O papel do Estado passa por mudanças, seu impacto pode ter declinado em certas áreas, porém ele ainda não é irrelevante”. (SMITH, 2000. Pág. 3).

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Introdução – As línguas na América Latina

Verde – EspanholAmarelo – PortuguêsAzul - Francês

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Relações Estados Unidos e América Latina - Apresentam uma regularidade histórica:

“(...) as relações entre os Estados Unidos e a América Latina apresentam recorrentes regularidades. Em outras palavras, as dinâmicas das relações hemisféricas revelam uma lógica subjacente. As relações interamericanas não são produtos de idéias estranhas, acaso ou acidente. Nem foram resultado de caprichos individuais ou idiossincrasias pessoais. Elas responderam a interações de interesses nacionais e regionais, conforme interpretado dentro da lógica processual dos contextos internacionais” (SMITH, 2000. Pág. 2).

Introdução - Regularidade

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A Importância dos Estados Unidos para o Estudo da América Latina:

“Desde o principio do século XIX, os Estados Unidos foram mais poderosos e mais ricos do que seus vizinhos latino-americanos. A natureza e o grau desta assimetria variaram sobre o tempo, mas foi uma realidade patente e persistente. Por estes meios, entre outras coisas, foi com que os Estados Unidos asseguraram quase sempre as vantagens: neste contexto, houve pouca negociação entre iguais, e a soberania das nações Latinas esteve sob a ameaça constante. Neste contexto nos parece impossível descrever a participação dos Estados Unidos na região a não ser como o resultado de um “redemoinho”, como resultado de sua autoridade. Durante toda a história recente, os Estados Unidos tiveram muita liberdade de ação entre os países Latino Americanos. E é precisamente por este motivo que o estudo das relações entre Estados Unidos e a América Latina transformaram-se uma meditação a respeito do caráter e da conduta dos Estados Unidos: ela proporciona a oportunidade para que nos examinemos como os Estados Unidos resolveram aplicar e exercer seu poder no passar do tempo”. (SMITH, 2000. Pág. 5).

Introdução - A importância dos Estados Unidos

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A Importância dos Estados Unidos para o Estudo da América Latina:

“É simplesmente impossível compreender a política norte-americana contemporânea em relação a Cuba, por exemplo, sem notar que o Estado da Flórida, lar de mais de um milhão de cubano-americanos, possui 25 votos no colégio eleitoral, o quarto maior prêmio da corrida eleitoral norte-americana. Também não se pode compreender a invasão do Panamá, em 1989, sem fazer referência ao que em Washington ficou conhecido como "fator covardia" — a idéia de que um novo presidente precisava provar que não era fraco nem indeciso, quando comparado ao seu predecessor”. (SCHOULTZ, 2000. Pág. v).

Introdução - A importância dos Estados Unidos

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Introdução - A análise de Lars Schoultz

A análise de Lars Schoultz como ponto de partida:

“O objetivo de Schoultz é encontrar a “explicação lógica subjacente” para tais afirmações negativas. Para ele, existe nos Estados Unidos uma crença na inferioridade dos latino-americanos: enquanto os norte-americanos são descritos como civilizados, protestantes, anglo-saxões e “brancos”, a América Latina, por sua vez, é desqualificada como católica, latina, mestiça e subdesenvolvida. Segundo o autor, essa perspectiva continua a influenciar as ações norte-americanas e tem por objetivo proteger os interesses norte-americanos na região”. (Mary Junqueira in SCHOULTZ, 2000. Pág. i).

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Introdução - O “mindset” Americano

O conceito de mindset de Schoultz:

“À medida em que fui ampliando meu enfoque sobre o último quarto de século, aos poucos foi se tornando óbvio (ao menos para mim) que existe uma macroexplicação "doméstica" subjacente para tudo: o software mental utilizado pelos cidadãos e funcionários governamentais norte-americanos para pensar a América Latina, os latino-americanos e a própria cultura latino-americana. Nas páginas que seguem, defendo a idéia de que existe, nas mentes dos norte-americanos, uma estrutura mental que determina os contornos básicos da política dos Estados Unidos” (SCHOULTZ, 2000. Pág. v)

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A visão de mundo dos políticos Estadunidenses:

“Para Schoultz, tal estigma tem suas origens nos textos e pronunciamentos do diplomata e primeiro Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Quincy Adams (1767-1848), que inaugurou o que o autor chama de “um poderoso mindset”, uma espécie de estrutura mental que dirige o olhar norte-americano, informa como pensar a América Latina e interpretar a cultura latino-americana. Dispositivo que faz com que, ao se pensar em algum país da América Latina, revele-se em primeiro lugar uma imagem negativa das sociedades da região. Adams, ainda criança, afirmava sobre os latino-americanos: “Eles são vagabundos, sujos grosseiros e, em suma, eu posso compará-los a nada mais do que um bando de porcos”. Segundo Schoultz, John Quincy Adams fora influenciado pelo seu pai, John Adams, que já havia afirmado que “o povo da América Latina é o mais ignorante, o mais fanático e o mais supersticioso de todos os católicos romanos na cristandade”. (Mary Junqueira in SCHOULTZ, 2000. Pág. i)

Introdução - O “mindset” Americano

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Introdução - Os três períodos das relações EUA - América Latina

O momento Imperial e a lógica do Balanço do Poder (1790 - 1930):

“O primeiro período dos anos de 1790 a 1930 quando prevalecia o regime correspondente à lógica do Balanço de Poder e rivalidade multilaterais. Imperialismo - a busca por terra, mão de obra e recursos, provocou rivalidade entre as maiores potências Européias e definiu a relação entre metrópoles e domínios coloniais. Esta foi a lógica que moldou a “Grande Guerra da metade do século XVIII” culminando na Guerra dos Sete Anos; esta foi a lógica que determinou as regras dos movimentos internacionais das potências através do século XIX e começo do século XX. Os Estados Unidos entraram nesta competição logo após obter a independência. Líderes norte-americanos procurariam extender seu domínio territorial a custo das recentes colonias Européias, no sentido de prevenir que outros poderes desafiassem sua expansão, e para estabelecer uma esfera de incontestável influência no hemisfério ocidental. Com efeito, o recém formado Estados Unidos estava agindo pela lógica das Guerras do século XVIII” (SMITH, 2000. Pág. 5).

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O momento da Guerra Fria e a razão bipolar (1940 - 1980):

“O segundo período duraram de finais dos anos de 1940 até os anos de 1980, correspondendo ao período da Guerra Fria. A lógica prevalecente deste regime refletiu a preeminência da rivalidade bilateral entre os EUA e as URSS em escala global, intensificada por uma capacidade mútua de destruição nuclear. A Guerra Fria alterou as bases das relações inter-americanas, elevando o conceito de “segurança nacional” para o topo da agenda dos Estados Unidos, e tornando a América Latina (e outras áreas do terceiro mundo) em um campo de batalha entre as potências e um prêmio no conflito entre o comunismo e capitalismo, leste e oeste, União Soviética e Estados Unidos. A doutrina de “contenção” levaram os Estados Unidos a extender e consolidar esta supremacia política pelo Hemisfério. Pelo início dos anos 1950, Washington baixou doutrinas políticas regionais de acordo com os termos da lógica bipolar e eles persistiram através dos anos de 1980” (SMITH, 2000. Pág. 6).

Introdução - Os três períodos das relações EUA - América Latina

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O momento pós Guerra Fria e a época de incertezas (1990 em até os dias de hoje):

“O terceiro período é a era contemporânea do pós Guerra Fria. A definição característica deste período, em meu julgamento, é a ausência de uma claras regras do jogo. Os Estados Unidos tornaram-se o unido super-poder militar do mundo, especialmente após o colapso Soviético, e a Guerra do Golfo de 1991, onde os Estados Unidos tomar vantagem do “momento Unipolar”. Ao mesmo tempo, o poder relativo dos Estados Unidos parece estar declinando no campo econômico, onde surgem o Japão e a Europa fomentando uma competição multilateral. A distribuição do poder militar não apresenta uma relação clara com a distribuição de poder econômico. Esta conjuntura, criou incertezas. Isto também desencorajou, e até mesmo preveniu, a articulação de uma clara e coerente “grande estratégia”. (SMITH, 2000. Pág. 6).

Introdução - Os três períodos das relações EUA - América Latina