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HISTÓRIA DO CONFLITO ENTRE CUBA E EUA “Viví en el monstruo y le conozco las entrañas; y mi honda es la de David.” José Martí Assim como a disputa entre Roma e Cartago teve início em algum momento da História, o mesmo se deu entre Cuba e os EUA. Ao contrário do que imagina a maioria das pessoas, o conflito tem sua origem já no século XIX, evoluindo até os dias atuais. Infelizmente, a grande imprensa, fazendo o jogo da desinformação, não permite que a população de um modo geral tenha acesso aos fatos e às versões dos mesmos, passando apenas a visão hegemônica imposta pela potência do norte. Trata-se, na verdade, da mesma política que no final do século XIX levou à ocupação de Porto Rico, Filipinas e Havaí. Entretanto, por fatores históricos e condições objetivas e subjetivas, a cruzada dos Estados Unidos contra Cuba tem sido eivada de falhas e equívocos, protraindo-se a disputa ao longo dos séculos. As violações, por parte dos Estados Unidos, do Direito Internacional, dos Direitos Humanos e das mais diversas convenções e tratados que regem as relações entre os Estados e protegem os indivíduos não são esporádicas e nem recentes. Trata-se de uma política deliberada, baseada na lógica do conflito com Cuba. Inicia-se a cronologia no século XVIII, quando Cuba começa a ocupar o centro das atenções dos EUA, chegando aos dias atuais. 1767 Já por volta de uma década antes de as 13 colônias inglesas terem declarado a sua independência, Benjamin Franklin escreve sobre a necessidade de que o Vale do Mississipi “ seja colonizado, para ser usado contra Cuba ou México”.

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Page 1: Histórico do conflito Cuba - EUA - geocities.ws · 1783 23 de junho - John Adams, segundo Presidente dos Estados Unidos, em carta dirigida a Robert R. Livingston, um dos redatores

HISTÓRIA DO CONFLITO ENTRE CUBA E EUA

“Viví en el monstruo y le conozco las entrañas;

y mi honda es la de David.”

José Martí

Assim como a disputa entre Roma e Cartago teve início em algum momento da

História, o mesmo se deu entre Cuba e os EUA. Ao contrário do que imagina a maioria

das pessoas, o conflito tem sua origem já no século XIX, evoluindo até os dias atuais.

Infelizmente, a grande imprensa, fazendo o jogo da desinformação, não permite que a

população de um modo geral tenha acesso aos fatos e às versões dos mesmos,

passando apenas a visão hegemônica imposta pela potência do norte. Trata-se, na

verdade, da mesma política que no final do século XIX levou à ocupação de Porto Rico,

Filipinas e Havaí. Entretanto, por fatores históricos e condições objetivas e subjetivas, a

cruzada dos Estados Unidos contra Cuba tem sido eivada de falhas e equívocos,

protraindo-se a disputa ao longo dos séculos. As violações, por parte dos Estados

Unidos, do Direito Internacional, dos Direitos Humanos e das mais diversas

convenções e tratados que regem as relações entre os Estados e protegem os

indivíduos não são esporádicas e nem recentes. Trata-se de uma política deliberada,

baseada na lógica do conflito com Cuba.

Inicia-se a cronologia no século XVIII, quando Cuba começa a ocupar o centro

das atenções dos EUA, chegando aos dias atuais.

1767

Já por volta de uma década antes de as 13 colônias inglesas terem declarado a

sua independência, Benjamin Franklin escreve sobre a necessidade de que o Vale do

Mississipi “ seja colonizado, para ser usado contra Cuba ou México”.

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1783

23 de junho - John Adams, segundo Presidente dos Estados Unidos, em carta

dirigida a Robert R. Livingston, um dos redatores da Declaração de Independência

Norte-americana, afirma categoricamente:

...é quase impossível resistir à convicção de que a anexação de Cuba à República Federal é indispensável para a continuação da União e a manutenção de sua integridade (Martínez, 1999).

1805

Em uma nota ao Ministro da Inglaterra em Washington, o presidente Thomas

Jefferson emitiu as primeiras declarações com caráter oficial, expressando o seu

interesse em se apoderar de Cuba: “... Em caso de guerra entre a Inglaterra e

Espanha, os Estados Unidos se apoderariam de Cuba por necessidades estratégicas

para a defesa da Louisiana e da Flórida” (Pérez, 1999: p. 6).

1810

Chega a Cuba uma agente especial dos Estados Unidos para estabelecer

contatos com elementos anexionistas e realizar atividades de conspiração. Nesse

mesmo ano, o presidente norte-americano James Madison orienta o seu Ministro em

Londres, William Picknoy, a dar conhecimento à administração daquele país que:

A posição de Cuba causa nos Estados Unidos um interesse tão profundo nos destinos da Ilha, que ainda que não quiséssemos nos imiscuir, não poderíamos assistir conformados à sua queda em poder de qualquer governo europeu (op. cit.: p. 6).

1822

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O agente comercial de Washington em Havana estimula a idéia da anexação de

Cuba em carta dirigida ao senador C. A. Rodney.

1823

Sob a presidência de James Monroe, o integrante de seu gabinete, John C.

Calhoun, defende o critério de anexar a Ilha e obtém o apoio do ex-presidente

Jefferson, que diz : “...Confesso francamente ter sido sempre da opinião de que Cuba

seria a aquisição mais interessante que poderia ser feita em nosso sistema de Estados

“ (op. cit.: p. 6).

28 de abril – O secretário de Estado John Quincy Adams (posteriormente

presidente) envia instruções por escrito ao Ministro dos Estados Unidos na Espanha,

onde diz :

Estas ilhas, Cuba e Porto Rico, por sua posição, são apêndices naturais do continente norte-americano, e uma delas, a Ilha de Cuba, quase à vista de nossas costas, vem a ser, por uma infinidade de razões, de importância transcendental para os interesses políticos e comerciais de nossa União. Quando se pensa no provável curso dos acontecimentos nos próximos 50 anos, é quase impossível resistir à convicção de que a anexação de Cuba à nossa República Federativa será indispensável para a continuação da União e a manutenção de sua integridade (op. cit.).

1825

27 de abril - Forças do México e da Colômbia trabalham para arrancar Cuba do

jugo da Espanha, levando o secretário de Estado norte-americano, Henry Clay, a ditar

uma instrução na qual manifesta que “[...] Os Estados Unidos preferem que Cuba e

Porto Rico permaneçam dependentes da Espanha” (op. cit.: p. 7).

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1826

22 de junho a 15 de julho – Realização do Congresso do Panamá convocado

por Simón Bolívar. Antes dessa reunião, o governo dos Estados Unidos anunciou que

se oporia a qualquer acordo que fosse adotado em relação à Independência de Cuba.

Referindo-se a esse fato, o General José Antonio Paéz, que seria o chefe da

planejada força independentista, anotou em suas memórias: “O Governo de

Washington, digo isto com pena, se opôs de todas as maneiras à independência de

Cuba” (op.cit.: p.9).

O senador John Holmes diz no Senado norte-americano:

Podemos permitir que as ilhas de Cuba e Porto Rico passem para as mãos desses homens embriagados com a liberdade que acabam de adquirir? Como deve ser a nossa política? Cuba e Porto Rico devem ficar como estão (op. cit.: p. 8).

1840

O secretário de Estado do presidente Van Buren diz à Espanha, através de seu

Encarregado de Negócios em Madrid, que:

o senhor está autorizado a assegurar ao governo espanhol que, caso seja efetuada qualquer tentativa, onde quer que ocorra, para arrancar da Espanha essa porção (Cuba) de seu território, pode contar com os recursos militares e navais dos Estados Unidos para ajudar a sua ação, assim como para recuperar a ilha afim de mantê-la em seu poder (op. cit.).

1857

Após as tentativas dos presidentes Polk, em 1848, e Pierce, em 1953, de

comprar Cuba da Espanha, o mandatário Buchanan desenvolveu a sua campanha

eleitoral, a partir de 1854, tendo a compra de Cuba como principal ponto de sua

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plataforma. Tal pretensão foi expressa da seguinte maneira em seu Manifesto de

Ostende:

[...] Os Estados Unidos devem comprar Cuba, devido a sua proximidade

de nossas costas porque pertence naturalmente a esse grupo de

Estados dos quais a União foi uma maternidade providencial, e porque

a União jamais poderá descansar enquanto Cuba não estiver dentro de

suas fronteiras (op. cit.).

1869

O presidente norte-americano, Ulisses Grant, afirma que não seria reconhecida

a beligerância cubana e autoriza a venda de canhoneiras à Espanha.?

Esta posição é criticada por Carlos Manuel de Céspedes em carta ao presidente

Grant:

Se por exigências de humanidade e civilização todas as nações estão obrigadas a se interessar por Cuba, pedindo a regularização da guerra que mantém contra a Espanha, os Estados Unidos têm que respeitar o dever que lhe impõem os princípios políticos que professam, proclamam e difundem (op. cit.:).

1871

Outubro – O presidente Grant emite uma declaração, qualificando as pessoas

que trabalham pela independência de Cuba, textualmente, de “delinqüentes”.

1889

16 de maio – O jornal norte-americano “The Manufacturer” publica um artigo,

respondido por José Martí, no qual se lê:

Há muito que dizer em favor de nossa aquisição da ilha....

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A nação que a possuir terá o domínio exclusivo dos canais interoceânicos...

Apossar-nos da ilha, seria estender os limites de nossa produção, de subtropical a todo o trópico (op. cit.: p. 10).

14 de dezembro – José Martí, em carta a Gonzalo de Quesada, diz:

Sobre nossa terra, Gonzalo, há outro plano mais tenebroso que o que até agora conhecemos para forçar a ilha, precipitá-la à guerra, para ter pretexto de intervenção nela, e, com o crédito de mediador e garantidor, ficar com ela (op. cit.).

1895

1° de janeiro – As autoridades norte-americanas confiscaram as armas

compradas centavo por centavo pela emigração cubana, que José Martí enviaria para

Cuba na expedição de Fernandina. Poucos dias depois, eram confiscados também os

armamentos que deveriam ser levados em outras duas embarcações, “Amadís” e o

“Baracoa”. Os Estados Unidos, assim, aliavam mais uma vez à Espanha para impedir a

independência de Cuba.

1897

24 de dezembro – Em carta enviada ao Tenente-General, N. A. Miles, sob cuja

direção se realizavam as operações militares em Cuba, J.C. Brenckenridge,

subsecretário do Departamento de Guerra dos Estados Unidos escreve:

Querido senhor: Esta secretaria, em comum acordo com a de Negócios Estrangeiros e a da Marinha, considera-se obrigada a implementar as instruções relativas a organização militar da próxima campanha nas Antilhas, [...]

Está claro que a anexação imediata à nossa federação de elementos tão perturbadores e tão numerosos seria uma loucura, e antes de levá-la a cabo devemos sanear esse país, ainda que seja aplicando o meio que a divina Providência aplicou à Sodoma e Gomorra.

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Deve ser destruído a ferro e fogo tudo o que estiver ao alcance dos nossos canhões ; deve ser levado ao extremo o bloqueio, para que a fome e a peste, sua constante companheira, dizimem a sua população pacífica e enfraqueçam o seu exército; e o exército aliado deverá ser empregado constantemente em explorações e nas linhas de frente, para que o inimigo sofra ininterruptamente o peso da guerra entre dois fogos, e ao aliado serão encomendadas, precisamente, todas as ações perigosas e desesperadas.

Resumindo: nossa política deve se basear sempre no apoio ao mais fraco contra o mais forte, até que ambos sejam exterminados, para que possamos anexar a Pérola das Antilhas (op. cit.).

1898

15 de fevereiro - Explosão do encouraçado Maine, da Marinha norte-americana,

na baía de Havana.

Final de março – Enviada pelo presidente norte-americano, Mc Kinley, uma

Resolução Conjunta ao Congresso, que representa, virtualmente, uma declaração de

guerra à Espanha.

18 de abril – O Congresso norte-americano, sem consultar as legítimas

autoridades civis e militares que representavam o povo de Cuba em armas, autoriza a

intervenção armada na Guerra Hispano-Cubana.

21 de abril – Declaração de guerra dos Estados Unidos à Espanha.

Abril - julho – Bombardeio norte-americano contra os portos de Matanzas,

Cárdenas, Baracoa, Manzanillo e Santa Cruz del Sur, sem justificativa militar alguma, já

que não havia concentração de forças espanholas nesses locais.

16 de julho – Capitulação das tropas espanholas.

17 de julho – As tropas norte-americanas, comandadas pelo general Shafter,

penetram na cidade de Santiago de Cuba, ocupando-a. Na Casa do Governo é içada a

bandeira norte-americana, não a cubana, enquanto que o general Calixto García, à

frente dos heróicos soldados cubanos, é impedido de entrar na cidade.

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10 de dezembro – Assinatura do Tratado de Paris, pelo qual a Espanha renuncia

a Cuba, consagrando-se, assim, a ocupação da ilha pelos Estados Unidos com o

objetivo de “proteger vidas e fazendas”. A Espanha e os Estados Unidos põem-se de

acordo para evitar que os representantes do povo cubano, que haviam lutado durante

30 anos, participem da assinatura do tratado, não sendo concedida aos mesmos

qualquer participação no Governo após a retirada das tropas espanholas.

1899

1° de janeiro – O general norte-americano John R. Brooke toma posse como

interventor militar em Cuba. A ocupação dura 4 anos.

5 de dezembro – O presidente McKinley, em sua mensagem ao Congresso

norte-americano, declara: “Cuba ficará ligada a nós por laços de intimidade e força”.

1900

25 de julho – É publicada na Gazeta Oficial a Ordem n° 301, emitida pelo

Governador Militar da Ilha, relativa a “Convocatória e Organização da Convenção

Constituinte de Cuba”. A Ordem

determina uma eleição geral para eleger Delegados à Convenção, para redigir a Constituição, e como parte dela prover e acordar com o Governo dos Estados Unidos o que diz respeito às relações que terão que existir entre aquele Governo e o Governo de Cuba (op. cit.: p. 12). (grifo nosso)

1901

21 de fevereiro – É aprovada a Constituição da República de Cuba.

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12 de junho – Com a ameaça de continuar ocupando o país, os Estados Unidos

obrigam os delegados da Convenção a incorporar, por 16 votos a 11,como apêndice à

Constituição, a Emenda Platt, aprovada pelo Congresso norte-americano dentro da Lei

sobre Créditos do Exército. Dita emenda é o principal referencial da Lei Helms-Burton.

O Governador Militar, general Wood, ao ser aprovada a Emenda Platt, declara que “foi

deixado muito pouca ou nenhuma independência para Cuba com a Emenda Platt e a

única coisa indicada (a se fazer) é buscar uma anexação” (Pérez, op. cit.: p. 13).

31 de dezembro – Primeiras eleições para presidente de Cuba, nas quais o

governo norte-americano, através de seu Governador Militar, intervêm aberta e

descaradamente, manipulando-as em favor de seu candidato Estrada Palma. Não é

permitido aos representantes do candidato opositor, Bartolomé Masó, participar da

Junta Central de Escrutínio e os funcionários governamentais são pressionados a

apoiar e auxiliar Estrada Palma. Assim são avalizadas todas as fraudes cometidas nas

referidas eleições.

1902

11 de dezembro – Assinado o Tratado de Reciprocidade Comercial com os

Estados Unidos, que dá a estes ampla vantagem no comércio, além de estimular a

monoprodução de açúcar.

1903

16 de fevereiro – Cuba assina o Tratado de Arrendamento de Bases Navais e de

Carvão com os Estados Unidos. Estes ocupam duas bases: Guantânamo e Baía

Honda. Posteriormente renunciam a última em troca da ampliação dos limites da Baía

de Guantánamo.

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11 de maio – Assinado o Tratado Permanente que determina as relações entre a

República de Cuba e os Estados Unidos e dá cumprimento ao artigo 8 da Emenda

Platt, servindo de instrumento para a manutenção de sua vigência.

23 de maio – Ratificado pelos Congressos cubano e norte-americano o Tratado

Permanente das relações entre a República de Cuba e os Estados Unidos da América.

1906

20 de maio – Reeleito em escrutínio fraudulento o presidente Tomás Estrada

Palma, com apoio dos Estados Unidos.

29 de setembro – O comissário norte-americano, William H. Taft, assume os

destinos do país, o que acontecerá em várias outras ocasiões, lançando-se mão da

Emenda Platt para ingerir nos assuntos internos de Cuba. O fato ocorre após a

renúncia do presidente Estrada Palma em conseqüência dos levantes dos liberais.

Cerca de 5 mil marines desembarcam em Havana.

Outubro – Nomeado pelo presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt,

o Sr Charles Magoon, agente no Panamá, para ocupar o governo de Cuba. Magoon

permanecerá no cargo até janeiro de 1909.

1917

Levante dos liberais contra a eleição fraudulenta que conduziu Mario García

Menocal à presidência da República de Cuba com o apoio dos Estados Unidos.

Tropas norte-americanas desembarcam em vários pontos do país para apoiar o

governo eleito e seus navios de guerra bloqueiam os portos cubanos. As tropas

permanecerão em Cuba por cinco anos.

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1922

Março – Designado um enviado pessoal do presidente norte-americano perante

o governo cubano, o Sr. Enoch H. Crowder, que adota o sistema de memorandos para

transmitir notificações ao então presidente de Cuba , Alfredo Zayas. São transcritos

abaixo duas das mais significativas.

No memorando n° 3, que se refere a emendas constitucionais, o Sr. Crowder

diz:

Tendo em vista o que aqui está sendo dito, tenho a honra de solicitar que as emendas específicas, propostas pela Comissão, sejam facilitadas para mim no tempo oportuno, a fim de que sejam estudadas e apreciadas pelo meu governo e este possa contestar por meu intermédio à Vossa Excelência, expondo a sua opinião se o considerar conveniente, antes da aprovação de qualquer lei pelo Congresso cubano (op. cit.: p. 14) .

No memorando n° 8, o enviado pessoal do governo norte-americano comunica

ao presidente cubano:

Vê-se, portanto, que as acusações de corrupção feitas contra o Governo de Cuba e que, em grande parte, são originárias de Cuba, mas que tiveram uma ampla circulação em ambos os países, têm sido de modo geral tão escandalosas que chegaram a minar o crédito da nação e a constituir uma mancha na honra da República.

Tendo em vista o exposto, o meu Governo estima que se deve atuar com urgência para retificar a situação e essa atuação será: 1) A imediata destituição do cargo de todo e qualquer dignatário sobre o qual se souber que vem fazendo gastos acima de suas rendas (op. cit.: p. 10).

1933

12 de agosto – Derrubado por um levante popular o presidente Gerardo

Machado, apoiado pelos Estados Unidos.

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1934

Criada nos Estados Unidos a Lei de Cotas Açucareiras (Lei Costigan-Jones) que

regula a entrada de açúcar dos países produtores no mercado norte-americano,

através de um sistema de cotas, protegendo assim os produtores norte-americanos e

controlando o mercado do açúcar.

15 de janeiro – Golpe de Estado apoiado pelos Estados Unidos nas pessoas do

embaixador Welles e do representante do Chefe de Estado de Washington, Jefferson

Caffery, leva ao poder Carlos Mendieta.

31de maio – Renovado o Tratado Permanente das relações entre a República

de Cuba e os Estados Unidos da América, não reconhecido pelo governo anterior ao

golpe.

1952

10 de março – A apenas 82 dias das eleições para a Presidência da ilha, o

candidato pelo Partido Acción Unitária, Fulgêncio Batista, dá um golpe de Estado,

sendo reconhecido imediatamente pelo governo dos Estados Unidos. Esse ditador,

principal responsável pela morte de mais de 20 mil cubanos, contou com o apoio

político, econômico e militar do governo norte-americano até os estertores de seu

regime.

1956

Abril – A CIA tenta realizar uma “revolução” elitista através da derrubada de

Batista e a sua substituição pelo coronel Ramón Barquín. O complô, entretanto, é

descoberto e Barquín preso.

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1957

Outubro – A CIA reune em Miami um grupo de personalidades da burguesia

cubana de oposição e forma a chamada “junta de liberação”, uma espécie de governo

no exílio encabeçado pelo ex-presidente de Cuba, Carlos Prío Socarrás.

1958

23 de dezembro – No curso de uma reunião do Conselho de Segurança

Nacional, com a presença do presidente Eisenhower, na qual se discutiu a situação de

Cuba, o diretor da CIA, Allen Dulles, diz em termos categóricos: “Devemos impedir a

vitória de Castro” (La Oposición Fabricada, 2001: p. 6).

26 de dezembro – O presidente Eisenhower dá instruções à CIA dizendo que

“não gostaria que os detalhes das operações encobertas contra Cuba fossem

apresentados ao Conselho de Segurança Nacional” (op. cit.).

1959

1° de janeiro – Triunfo da Revolução Cubana. Os guerrilheiros de Sierra

Maestra, comandados por Fidel Castro, derrubam a ditadura de Fulgêncio Batista.

7 de janeiro – O Ministério das Relações Exteriores de Cuba envia uma nota

diplomática ao Departamento de Estado norte-americano solicitando a extradição de

foragidos da justiça cubana, esbirros da ditadura de Batista que haviam fugido para os

Estados Unidos. A esta se seguem dezenas de outras notas ao longo dos anos, todas

sem uma reação positiva por parte do governo dos Estados Unidos.

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21 de janeiro – Concentração popular em frente ao Palácio Presidencial em

Havana condenar os Estados Unidos por protegerem criminosos de guerra e

dilapidadores do erário público. O Comandante em chefe Fidel Castro pronuncia um

discurso ao qual assistem mais de 300 jornalistas da América Latina.

O legislador Wayne Hays faz a primeira referência à suspensão da cota

açucareira cubana e outras sanções econômicas.

27 de janeiro – Os Estados Unidos concedem asilo a notórios assassinos

membros da tirania de Batista.

1° de fevereiro – Reunião de Frank Bender com o ditador dominicano Rafael

Trujillo e Johnny Abbes García, para analisar planos contra a Revolução Cubana.

2 de fevereiro – Allen Robert Mayer, cidadão norte-americano, é preso a bordo

de um avião a bordo do qual entrou ilegalmente em território cubano com o objetivo de

atentar contra a vida de Fidel Castro.

3 de março – O novo governo decreta intervenção na Companhia Cubana de

Telefones, de propriedade norte-americana.

26 de março – A polícia cubana descobre um plano para assassinar Fidel. Os

mentores do complô são Rolando Masferrer e Ernesto de La Fe, seguidores de Batista

refugiados nos Estados Unidos.

Abril – Formulada por Richard Nixon, em memorando secreto enviado ao

presidente Dwight Eisenhower, aos membros do Conselho de Segurança Nacional, à

direção do Pentágono e à CIA, a idéia de uma invasão armada a Cuba.

6 de abril – A revista Time, sentindo-se ultrajada pela atitude independente do

governo de Cuba, declara: “ A neutralidade de Castro é um desafio para os EUA”.

15 de abril – William Morgan viaja a Miami e se reúne com o coronel Augusto

Ferrando, cônsul dominicano nessa cidade. Estão presentes Frank Bosche e Manuel

Benítez, que explicam os planos contra Cuba e dispõem de US$ 1 milhão entregues

por Trujillo para derrubar Fidel Castro.

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17 de abril – Surpreendidos dois norte-americanos quando tratam de fotografar

as áreas interiores de La Cabaña, em flagrante violação das legislações estabelecidas.

3 de maio – William Morgan viaja outra vez a Miami e fala por telefone com

Trujillo. É informado da visita do sacerdote Ricardo Velazco Ordóñez a Cuba.

12 de maio – Realizada no Chile uma reunião dos embaixadores dos Estados

Unidos na América do Sul, onde se arquiteta um plano contra a Revolução Cubana que

inclui a pressão sobre os governos da área e a imprensa norte-americana, com o

objetivo de deflagrar uma campanha de calúnias e ataques contra Cuba.

17 de maio – É assinada, em Sierra Maestra, a Primeira Lei da Reforma Agrária,

que estabelece em 402 hectares o limite máximo de uma propriedade rural particular e

prevê a indenização mediante a emissão de bônus com juros de 4,5% ao ano e

amortização em 20 anos.

4 de junho – Os engenhos e plantações de cana-de-açúcar de propriedade de

cidadãos norte-americanos são expropriados pelo governo revolucionário.

Chega a Cuba o sacerdote Velazco, que se reúne com William Morgan, Eloy

Gutiérrez Menoyo, Arturo Hernández e o doutor Armando Caíñas Milanés.

20 de junho – Realiza-se no hotel Capri a última reunião do sacerdote Velazco

com William Morgan, Arturo Hernández, Ramón Mestre e outros. Estipula-se a possível

data para a entrada clandestina de armas em Cuba.

28 de junho – Um avião amarelo e branco procedente dos Estados Unidos deixa

cair de pára-quedas em Consolación del Sur apetrechos bélicos, que são apreendidos

pelo Exército Rebelde.

29 de junho – Os Estados Unidos reconhecem por meio de nota diplomática

que:

segundo o Direito Internacional, um Estado tem a faculdade de expropriar dentro de sua jurisdição para propósitos públicos e em ausência de disposições contratuais ou qualquer outro acordo em sentido contrário; no entanto, este direito deve vir acompanhado de obrigação correspondente por parte de um Estado no sentido de que essa expropriação trará consigo o pagamento de uma imediata,

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adequada e efetiva compreensão (Aqui no Queremos Amos, 1995: p. 23).

2 de julho – Em Miami, William Morgan recebe do cônsul dominicano Augusto

Ferrano um iate carregado com armas para serem utilizadas pela contra-revolução em

Cuba.

4 de julho – Agredido o cônsul de Cuba em Miami por contra-revolucionários

batistianos.

14 de julho – Seqüestrado e levado para os Estados Unidos um avião de

transporte das FAR.

26 de julho – É derrubado em Boca de Jaruco um avião “Cessna”, procedente

dos Estados Unidos e pilotado pelo traidor Rafael del Pino, um dos fundadores da

organização contra-revolucionária La Rosa Blanca.

5 de agosto – São sabotados quatro aviões das FAR que haviam sido

comprados nos Estados Unidos pelo governo de Batista e que ainda permaneciam em

Miami. Estes fatos acontecem com o beneplácito do senador Edward e do Subcomitê

de Segurança Interna do Senado dos Estados Unidos.

8 de agosto – São detidos dois funcionários norte-americanos da embaixada dos

Estados Unidos em Havana, enquanto dirigiam uma reunião de elementos contra-

revolucionários que preparavam sabotagens e outras ações. Ambos os funcionários

são expulsos do país.

A Polícia Nacional Revolucionária descobre que a American National Life, uma

das maiores empresas de seguros radicadas em Cuba, dedica-se a aportar recursos

econômicos para apoiar os planos bélicos dos agentes contra-revolucionários,

trujillistas e seus instigadores norte-americanos.

22 de setembro - Forças do Exército Rebelde e milícias camponesas enfrentam

e capturam um grupo de bandidos em Pinar del Río, entre os quais se encontram os

norte-americanos Austin Frank Young e Peter John Lambton.

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9 de outubro – Um avião de cor cinza procedente dos Estados Unidos deixa cair

cinco pára-quedas com apetrechos bélicos na zona de Aguacuatales, perto do povoado

de Minas de Matahambre. Forças do Exército Rebelde apreendem todo o

carregamento.

Detidos em Mariel oito contra-revolucionários ao pretenderem embarcar para os

Estados Unidos, com o propósito de se unir a uma expedição que seguiria pelas costas

de Pinar del Rio e se internaria na região de Pan de Azúcar.

19 de outubro – Vários aviões procedentes dos Estados Unidos bombardeiam e

metralham diversos lugares da região ocidental de Cuba.

21 de outubro – Um avião procedente dos Estados Unidos bombardeia Havana,

matando dois e ferindo cinqüenta cidadãos.

Meados de novembro – A CIA organiza em Miami conhecidas figuras da tirania

derrocada de Batista, ex-membros de órgãos de repressão, criminosos e gângsters, no

assim chamado Movimento Anticomunista Trabalhador e Camponês (MAOC, em

espanhol).

O major Van Horn e o coronel Nichols, da inteligência militar norte-americana,

realizam reuniões na cidade de Havana com um agente da Segurança cubana para

propor a explosão da refinaria, da planta elétrica de Tallapiedra, o envio de informações

de espionagem, a realização de levantes e de atentados contra a vida de dirigentes

revolucionários.

11 de dezembro – J.C. King dirige um memorando a Allen Dulles, onde solicita

que seja analisada a possibilidade de eliminação de Fidel Castro.

Meados de dezembro – A CIA propõe o recrutamento de exilados para serem

treinados em países latino-americanos com o objetivo de desencadear ações

paramilitares contra Cuba.

1960

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13 de janeiro – Allen Dulles, diretor da CIA, dirige-se ao Grupo Especial com a

idéia de levar a cabo um projeto cubano. É formada uma “Força-Tarefa de Cuba” com o

objetivo de realizar ações contra o governo de Fidel Castro.

20 de janeiro- Aviões procedentes dos Estados Unidos incendeiam canaviais em

Rancho Veloz, na província de Las Villas.

18 de fevereiro – Um avião, pilotado pelo norte-americano Robert Ellis Forst,

ataca a central España, na província de Matanzas, e explode no ar, matando seu

ocupante.

23 de fevereiro – Avião procedente dos Estados Unidos lança fósforo vivo sobre

canaviais das províncias de Matanzas e Las Villas.

4 de março – Vítima de sabotagem, explode no porto de Havana o navio francês

Le Coubre, que trazia um carregamento e armas para ao Exército cubano. Morrem

quase 100 pessoas e outras 200 ficam feridas.

8 de março – Avião procedente dos Estados Unidos lança materiais inflamáveis

sobre áreas canavieiras de San Cristóbal, queimando mais de 200 mil arrobas de cana

na colônia La Verbena.

9 de março – É agredido o correspondente do jornal Revolución na cidade de

Tampa, Estados Unidos.

10 de março – Um grupo de sete contra-revolucionários é capturado no

aeroporto de Rancho Boyeros, quando se dispunha a se apoderar de um avião de

passageiros da linha Havana-Santiago com o objetivo de levá-lo aos Estados Unidos.

São apreendidas duas pistolas.

17 de março – Aprovado pelos Grupo Especial do Conselho de Segurança

Nacional dos Estados Unidos e pelo presidente Eisenhower uma operação contra

Cuba, proposta por Allen Dulles. Distribuída dentro da CIA uma cópia do plano de ação

encoberta (“cover action”).

21 de março – É derrubado o avião pilotado por Howard Lewis e William

Shergales, em Carbonera, um local situado entre a cidade de Matanzas e Varadero.

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22 de março – Capturado um avião procedente dos Estados Unidos ao tentar

recolher clandestinamente o ex-coronel da tirania Dámaso Montesinos.

Março – agosto - A Divisão de Serviços Técnicos dos EUA elabora um projeto

para pulverizar com uma substância química, que produz os efeitos do LSD, o estúdio

utilizado por Fidel Castro para seus discursos. Também são preparadas operações

para contaminar uma caixa de charutos destinada a Fidel, com um agente químico que

provoca confusão mental.

É desenvolvido outro plano para destruir a sua barba, utilizando sais de tálio.

Nenhum destes projetos é implementado.

Abril – O chefe da seção da CIA na Guatemala, Robert Kendall, negocia com o

Presidente da República, Miguel Ydigoras Fuentes, a utilização do rancho Retalhuleu,

propriedade de Roberto Alejos, como base aérea e acampamento de treinamento de

exilados cubanos.

4 de abril – Um avião procedente da base naval de Guantânamo lança material

incendiário sobre a cidade de Santiago de Cuba.

6 de abril - Mallory, um importante funcionário do Departamento de Estado,

depois de reconhecer que “a maioria dos cubanos apóia Castro” e que “não existe uma

oposição política efetiva”, afirma em um memorando que:

o único meio previsível para alienar o apoio interno é através do desânimo, com base na insatisfação e nas dificuldades econômicas [...] Deve se empregar prontamente quaisquer meios para enfraquecer a vida econômica de Cuba. [...] Um método que poderia ter maior impacto seria negar dinheiro e fornecimentos a Cuba para diminuir os ordenados reais e monetários, para provocar a fome, o desespero e o desabamento do governo (Cronología, 2003).

23 de abril – Um avião procedente do norte provoca o incêndio de várias

plantações de cana em Bauta.

17 de maio – Inicia suas transmissões a Rádio Swan, estação da CIA dirigida

contra a Revolução Cubana.

16 de junho – Detidos os diplomatas norte-americanos Edwin L. Sweet e William

G. Friedeman, quando se encontravam em uma reunião conspirando com contra-

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revolucionários cubanos. Dedicavam-se a proporcionar asilo, financiar publicações

subversivas e estimular atos terroristas, incluindo a introdução de armas. É

comprovado que Friedeman e sua esposa são membros do FBI. De acordo com as leis

internacionais são expulsos do país.

22 de junho – Antonio Varona, Manuel Artime, Justo Carrillo, José Ignacio Rivero

e Aureliano Sánchez Arango criam no México a Frente Revolucionária Democrática

(FD), aliança de organizações contra-revolucionárias patrocinadas pela CIA.

Julho – O Grupo Unificado de chefes do Estado-Maior, depois de estudar a

“situação cubana”, recomenda ao presidente norte-americano realizar a invasão

armada a Cuba.

5 de julho – O governo norte-americano começa a guerra do açúcar contra

Cuba. Recusa-se a comprar 700 mil toneladas do produto e revoga unilateralmente a

cota açucareira cubana.

Desviado à força para Miami um avião Britannia da Aviação Cubana que cobria

a rota regular Madrid-Havana.

6 de julho – As empresas norte-americanas TEXACO, ESSO e SHELL,

tradicionais fornecedores de petróleo a Cuba, interrompem o abastecimento do produto

e se negam a processar o combustível fóssil adquirido na URSS, como resultado das

pressões exercidas pelo governo dos Estados Unidos.

O governo cubano põe em vigor a Lei 851 que estabelece o procedimento pelo

qual, mediante resoluções conjuntas, o Presidente da República e o Primeiro-Ministro

(estrutura de governo da época) determinam a nacionalização de todas as

propriedades norte-americanas. A lei estabelece um mecanismo compensatório,

criando um fundo do qual seriam pagos bônus.

7 de julho - Liquidados dois agentes da CIA quando desembarcavam em uma

praia da província do Oriente.

9 de julho – A União Soviética se compromete a adquirir de Cuba todo o açúcar

recusado pelos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, ameaça disparar seus mísseis

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contra território norte-americano, caso o governo de Washington tente derrubar Fidel

Castro.

Meados de julho – A CIA coordena uma reunião privada entre o senador John

Kennedy e quatro exilados cubanos: Manuel Artime, Tony Varona, Aureliano Sánchez

Arango e José Miró Cardona, com o propósito de informar ao candidato presidencial do

Partido Democrata que a Agência tem um plano para derrubar Fidel Castro.

20 de julho – Iniciado um plano para assassinar Raúl Castro. Tracy Barnes,

?segundo e Richard Bisell, subdiretor da CIA, enviam um cabograma à estação em

Havana dizendo: “Possível eliminação dos três líderes principais está sendo

considerado seriamente pelo Estado-Maior”.

Trata-se de provocar um incidente utilizando um agente cubano, mas finalmente

este não tem a oportunidade de prepará-lo.

Agosto - É capturado no Escambray o agente da CIA Richard Allen Pecoraro,

infiltrado em território cubano com a missão de supervisionar a situação dos bandos

que operam nessas montanhas.

6 de agosto – São nacionalizadas as refinarias de petróleo, as empresas de

eletricidade, de telefone e trinta e seis centrais açucareiras, todas de propriedade de

grupos norte-americanos (Resolução n° 1).

Soldados norte-americanos disparam desde a base naval de Guantânamo

catorze rajadas de metralhadora na direção do território cubano.

16 de agosto – Segundo autoridades norte-americanas, tem início o primeiro

complô para assassinar Fidel Castro. O plano é um de pelo menos oito sobre os quais

o Senado encontraria evidências em 1975.

Início de setembro – Robert Mahieu, agente da CIA, reúne-se em Beverly Hills,

Califórnia, com John Rosselli para discutir sobre uma tentativa de assassinato contra

Fidel Castro. São oferecidos US$ 150.000 e lhe é explicado que “é um ingrediente

necessário para poder se realizar uma invasão bem sucedida”. Rosselli aceita

participar , porque se sente “obrigado” ante seu governo (Font, 1993: p. 198).

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17 de setembro – O governo cubano implementa a Resolução n° 2 e nacionaliza

os três bancos norte-americanos em Cuba: First National City Bank of New York, First

National Bank of Boston e Chase Manhattan Bank.

18 de setembro – Fidel Castro chega a Nova York para falar na Assembléia

Geral das Nações Unidas. A Divisão de Serviços Técnicos da CIA desenvolve diversos

meios explosivos e venenosos para atentar contra a vida de Fidel, mas nenhum projeto

pôde ser executado.

24 de setembro – Maheu e Rosselli reúnem-se com o chefe de apoio da CIA,

O’Connell, para acertar os detalhes da operação contra Fidel Castro. Rosselli,

utilizando o pseudônimo de John Rawlston, apresenta-se aos contatos cubanos como

agente de “alguns interessados em negócios, de Wall Street [...], interessados em

níquel e propriedades em Cuba”, e dos quais recebe ajuda financeira (op. cit.: p. 199).

29 de setembro – O governo dos Estados Unidos notifica seu homólogo de Cuba

acerca de sua decisão de suspender as operações na planta de concentração de

níquel em Nicaro, originalmente de propriedade norte-americana.

30 de setembro – O Departamento de Estado norte-americano anuncia ter

recomendado aos cidadãos norte-americanos “que se abstivessem de viajar a Cuba, a

não ser por razões prementes” (Quesada, 2001: p. 11).

6 de outubro – Desembarca na província de Baracoa um grupo de contra-

revolucionários, entre eles os cidadãos norte-americanos Tony Salvard, Allan D.

Thompson, Paul Hughes e Robert O. Fuller. Todos são capturados.

8 de outubro – São apreendidas várias armas e equipamentos bélicos lançados

por um avião norte-americano em Escambray a fim de abastecer os bandidos.

O Exército Rebelde conclui a operação conhecida como a Limpeza do

Escambray, que desarticula os planos criados pela CIA para os bandos contra-

revolucionários atuarem na retaguarda das tropas cubanas quando desembarcasse a

brigada mercenária na região de Trinidad. São capturados os principais chefes, entre

os quais Porfirio Ramírez, Plinio Prieto e Sinesio Walsh.

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Meados de outubro – A CIA desenvolve um plano para infiltrar grupos de

cubanos treinados por norte-americanos. O plano recebe o nome de Operação “Pluto”

e deverá, eventualmente, se converter em uma invasão em grande escala em Playa

Girón em abril de 1961.

13 de outubro – O governo cubano nacionaliza todos os bancos e expropria 383

grandes empresas estabelecidas no país.

14 de outubro – São seqüestrados e desviados para Miami, em uma só

operação, seis aviões cubanos.

18 de outubro – Rosselli apresenta a Maheu dois mafiosos com os quais tem a

intenção de trabalhar: Momo Salvatore Giancana (Sam Gold), que será o homem de

apoio, e Santos Trafficante (Joe), encarregado de viajar a Cuba para realizar os

preparativos. Pretendem organizar um plano para assassinar o primeiro-ministro de

Cuba.

19 de outubro – Os Estados Unidos iniciam o embargo comercial contra Cuba.

20 de outubro – O Departamento de Comércio faz uma emenda às Normas de

Regulação das Exportações, estabelecendo controles estritos e absolutos que

determinam a proibição de exportações para Cuba, exceto no caso de certos alimentos

não-subsidiados, medicamentos e produtos médicos específicos (25 FR 10006).

24 de outubro – Ditada pelo governo cubano a Resolução n° 3, que nacionaliza

todos os bens norte-americanos existentes em Cuba.

29 de outubro - É seqüestrado por nove terroristas o avião DC-3, que cobre a

rota regular de Havana à Nova Gerona, ação na qual é assassinado o soldado Cástulo

Acosta Hernández e são feridos o piloto da aeronave, Candelario Delgado, e Argelio

Rodríguez Hernández, de 14 anos de idade.

Novembro – São feitas emendas às Normas de Regulação do Departamento

Postal (25 FR 10991) e são implantadas as primeiras medidas restritivas quanto ao

serviço postal dos Estados Unidos para Cuba, que passa a figurar entre os países para

os quais são impostas restrições específicas às exportações norte-americanas. A partir

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da promulgação desse dispositivo, passa-se a exigir uma licença geral para o envio de

pacotes, incluindo alimentos , roupas, medicamentos e fármacos.

13 de novembro – Os Estados Unidos exercem forte pressão sobre a Grã-

Bretanha, no sentido de impedi-la de vender quinze aviões de combate destinados à

defesa da Ilha.

18 de novembro – Allen Dulles e Richard Bissel viajam a Palm Beach, Flórida,

para informar ao presidente eleito Kennedy acerca dos planos da CIA para invadir

Cuba.

1° de dezembro – Explode de modo provocador um foguete norte-americano

sobre Holguín.

8 de dezembro - Ocorre uma nova tentativa de seqüestro de outro DC-3 da

Cubana de Aviación em vôo regular de Santiago de Cuba a Havana, mas a ação é

frustrada pela corajosa atitude do piloto Francisco Martínez Malo, que morre depois em

conseqüência dos ferimentos recebidos.

26 de dezembro – Sabotadores a serviço da CIA incendeiam a loja de

departamentos Flogar.

30 de dezembro – Detido um grupo terrorista composto por dezessete agentes

da CIA que haviam sido preparados e equipados para realizar ações de sabotagem.

Entre os terroristas detidos figura Armando Valladares, que vinte e sete anos depois é

nomeado pelo Presidente Ronald Reagan como Embaixador dos Estados Unidos ante

a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.

1961

Janeiro – Iniciada a Operação Peter Pan, orquestrada pela CIA, na pessoa de

Tony Varone (sócio do mafioso Santos Trafficante), e pela Igreja Católica, na pessoa

do Monsenhor Bryan Walsh. È difundida a propaganda de que o “comunismo” acabaria

com o pátrio poder e as crianças seriam enviadas aos países socialistas para

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doutrinamento. A rede envolveu também o movimento terrorista Resgate

Revolucionário, o Catholic Welfare Bureau, a Pan Am e a KLM. Vários pais

aterrorizados aceitaram a dura separação que envolveu em torno de 14.156 crianças e

adolescentes, afora o assassinato de cinqüenta e oito pelo próprios genitores, que

preferiam ver os filhos mortos a “entregá-los aos comunistas”.

3 de janeiro – O governo dos Estados Unidos rompe relações diplomáticas e

consulares com Cuba.

5 de janeiro – O chanceler cubano Raúl Roa denuncia ante o Conselho de

Segurança da ONU “a política de provocação, represália, agressão, subversão,

isolamento, intervenção e ataque iminente dos Estados Unidos contra o governo e o

povo cubanos”.

Torturado selvagemente na Base Naval de Guantânamo o operário Manuel

Prieto Gómez, um dos poucos cubanos que conservaram seu emprego e que trabalhou

nessa instalação por 13 anos.

7 de janeiro – O Exército cubano apreende nas montanhas de Escambray uma

grande quantidade de armas procedentes dos Estados Unidos.

9 de janeiro – Apreendidas armas norte-americanas em Pinar del Río, entre

Bahía Honda e Cabañas, que foram lançadas por aviões norte-americanos.

17 de janeiro – O governo norte-americano proíbe os cidadãos de seu país de

visitar Cuba.

19 de janeiro – Frustrado um desembarque de mercenários a serviço da CIA que

tinha o propósito de se unir aos bandidos que operam em Pinar del Río.

20 de janeiro – Denunciada a utilização de uma base nas Ilhas Bahamas contra

Cuba. Exibido um documentário pelos canais da British Broadcasting Company (BBC)

sobre os embarques de armas para a Ilha Andros.

15 de fevereiro – O presidente Kennedy, em um Memorando dirigido ao

Ajudante Especial para Assuntos de Segurança Nacional McGeorge Bundy, sugere que

sejam interrompidas as compras de tabaco, vegetais, frutas e outros bens de Cuba

como modo de tornar as coisas mais difíceis para o governo revolucionário.

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17 de fevereiro – Um avião pirata, procedente do norte e com as luzes

apagadas, sobrevoa Miramar e deixa cair panfletos subversivos.

23 de fevereiro – O Departamento de Comércio faz emenda às Normas de

Regulação das Exportações, e dispõe que não se poderá efetuar exportações a Cuba

sob licença geral (26 FR 2311).

10 de março – O Departamento de Comércio enumera uma lista de produtos

alimentícios e medicamentos que a partir desse momento requerem licença para a sua

exportação para Cuba.

11 de março – O presidente Kennedy assina o Memorando de Ação de

Segurança Nacional (NSAM n° 31), que implementa um plano de invasão a Cuba com

a participação de exilados cubanos.

12 de março – Durante reunião no hotel Fontainebleau em Miami, por orientação

da CIA, John Roselli entrega ao contra-revolucionário cubano Antonio de Varona

algumas cápsulas que continham um poderoso veneno para assassinar Fidel Castro.

13 de março – Uma lancha de guerra tripulada por terroristas ataca a tiros de

canhão a refinaria de petróleo “Hermanos Díaz” de Santiago de Cuba e se refugia na

base naval de Guantânamo, ocupada pelos Estados Unidos. No atentado, morre um

cubano e outro fica ferido. A lancha foi lançada do barco Bárbara J., procedente dos

Estados Unidos, fato descrito pelo Inspetor-Geral da CIA, Lyman Kikpatrick.

16 de março – Cuba denuncia um plano de auto-agressão dos Estados Unidos à

base naval de Guantânamo e uma conspiração para matar Raúl Castro.

22 de março – Criação da “Frente Política” do Conselho Revolucionário Cubano,

que pretende se constituir em governo provisório uma vez desembarcada a brigada

mercenária.

31 de março – O presidente norte-americano emite a Proclamação Presidencial

3401 e determina que para 1961 o volume da cota de açúcar para Cuba será zero.

3 de abril – O governo dos Estados Unidos emite uma declaração sobre Cuba

na qual expressa sua determinação de apoiar futuros governos democráticos. Ameaça

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o governo cubano, exigindo que rompa seus laços com o movimento comunista

internacional.

O Conselho Mundial da Paz denuncia as manobras norte-americanas contra

Cuba.

4 de abril – Fechados na casa Branca os últimos detalhes da invasão a Cuba.

Marcado para 17 de abril o início da “Operação Pluto” .

12 de abril – Em uma conferência de imprensa, Kennedy, no esforço por afastar

qualquer indício de que os Estados Unidos estão envolvidos militarmente com Cuba,

assinala que “qualquer conflito em Cuba não é um conflito entre duas nações, mas

entre cubanos”.

13 de abril – Os dirigentes do “Conselho Revolucionário”, protegidos por agentes

da CIA e do FBI, dirigem-se para o hotel “Lexington”. Ali esperam que um avião norte-

americano os leve para a “região libertada”, onde proclamarão um “Governo provisório”

e solicitarão ajuda à OEA, de acordo com o roteiro previsto por Washington.

15 de abril – Uma esquadrilha de aviões B-26, procedente de uma base na

América Central, ataca vários aeroportos, no prelúdio ao desembarque de mercenários

em Playa Girón, Baía dos Porcos.

16 de abril – Horas antes da invasão a Cuba, os líderes do Conselho

Revolucionário Cubano são transladados pela CIA para uma base deserta da força

aérea em Opalocka. São mantidos ali durante vários dias e só recebem informações

sobre o ataque a Cuba através do rádio.

17-19 de abril – Invasão da Baía dos Porcos. Desembarca em Playa Girón a

Brigada de Assalto 2.506, que é derrotada em menos de 72 horas. O presidente dos

Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy, reconhece o envolvimento do seu governo

na invasão.

22 de abril – O presidente Kennedy orienta o general Taylor a realizar uma

análise profunda das causas do fracasso da invasão.

24 de abril – O presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, admite a plena

responsabilidade pela agressão a Cuba.

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25 de abril – Os Estados Unidos declaram o embargo comercial contra Cuba.

1° de maio – Antulio Ramírez Ortiz, cidadão norte-americano de origem porto-

riquenha, é a primeira pessoa a chegar a Cuba a bordo de um avião seqüestrado,

seguindo instruções da CIA, com o objetivo de provocar o governo revolucionário.

13 de junho – O general Taylor apresenta ao presidente Kennedy os resultados

da investigação sobre o fracasso da invasão mercenária. Recomenda novas pautas

para ações políticas, militares, econômicas e propagandísticas contra o governo

revolucionário.

4 de julho – Elementos contra-revolucionários ferem a bala o escolta de um

avião da Cubana de Aviación e obrigam o capitão da aeronave a levá-los a Miami.

27 de julho – São revelados pela imprensa novos planos de ataques financiados

pelos Estados Unidos contra Cuba. Mercenários concentrados no Haiti atacariam

Cuba, assentando as bases para uma invasão militar norte-americana em grande

escala.

9 de agosto - Seqüestrada a aeronave C-46, matrícula CUT-607, ação na qual

morrem o piloto Luis Álvarez Regato e o escolta Silvino Rómulo Sánchez Almaguer.

11 de agosto – O Ministério do Interior divulga um amplo plano de auto-agressão

preparado pela CIA a partir da base naval de Guantânamo e um complô para

assassinar os comandantes Fidel e Raúl Castro, como prelúdio de uma agressão

militar dos Estados Unidos.

São mostradas as armas destinadas à execução do plano.

4 de setembro – O Presidente Kennedy sanciona Lei de 1961 que o autoriza a

estabelecer e manter um embargo total sobre todo o comércio entre Cuba e Estados

Unidos.

7 de setembro – O Congresso dos Estados Unidos aprova uma medida que

suspende a ajuda a qualquer país que por sua vez ajudar Cuba, a menos que o

presidente norte-americana determine que a referida ajuda seja do interesse de seu

povo.

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30 de setembro – É detido pelo Capitão da Infantaria da Marinha norte-

americana, Arthur J. Jackson, o trabalhador cubano Rubén López Sabariego, que

prestava serviços como motorista de um caminhão de carga da Base Naval de

Guantânamo. Depois de quinze dias de detenção, o Encarregado de Negócios da

Embaixada da Suíça em Cuba informa ter sido encontrado o corpo sem vida do

cidadão cubano em uma valeta dentro da instalação militar. A autópsia revela que o

corpo apresentava fraturas e hematomas causados por tortura.

Início de outubro – A imprensa revolucionária denuncia uma operação de guerra

psicológica (Operação Peter Pan), através da qual esta organização orientada pela

CIA, difunde uma falsa lei do governo revolucionário que tiraria o pátrio poder dos pais

sobre os filhos. Em virtude dessa ação criminosa, milhares de crianças foram enviadas

por suas famílias aos Estados Unidos. Muitas não reencontrarão seus parentes senão

décadas depois.

2 de outubro – Cerca de vinte e seis homens desembarcam na costa norte da

Província do Oriente. Quase todos são capturados, entre eles três norte-americanos.

Dez são executados após julgamento.

5 de outubro – Mc George Bundy assina o Memorando de Ação de Segurança

Nacional n° 100 (NSAM n° 100) intitulado “Planejamento de contra-insurgência para

Cuba”, no qual dá instruções ao Departamento de Estado para que avalie os possíveis

cursos de ação para os Estados Unidos “no caso de que Castro seja eliminado do

cenário cubano”, e prepare junto com o Pentágono um plano de contingência para uma

intervenção militar se esta circunstância chegar a se produzir (op. cit.: p. 207).

Final de outubro – O presidente Kennedy solicita a Edward Lansdale que

examine a política da administração em relação a Cuba e faça recomendações.

Lansdale propõe que sob a égide da Operação “Mangosta”, os norte-americanos

trabalharão com exilados, em particular profissionais.

Para alcançar este objetivo final, Lansdale prevê o desenvolvimento de

elementos de direção e “uma base política muito necessária entre os cubanos

contrários a Castro”. Ao mesmo tempo, Lansdale procura desenvolver “formas bem

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sucedidas de infiltração em Cuba” e “organizar células e atividades dentro de Cuba”

(Font, 1993: p. 207).

4 de novembro – Realizada uma reunião na Casa Branca para desenvolver um

importante programa de ação encoberta, para sabotagens e subversão contra Cuba. O

novo programa recebe o nome de Operação “Mangosta”. Segundo as notas tomadas

por Robert Kennedy:

A minha idéia é resolver as coisas na Ilha através da espionagem, sabotagens, desordem geral, executadas e dirigidas pelos próprios cubanos, pertencentes a todos os grupos, exceto os seguidores de Batista ou comunistas. Não sabemos se teremos êxito na derrubada de Castro, mas na minha avaliação não temos nada a perder (op. cit.: p. 208).

É criado o Grupo Especial Ampliado, com o único propósito de dirigir e controlar

a Operação “Mangosta”. O presidente Kennedy designa o general Lansdale para chefe

das operações.

27 de novembro – Um bando de contra-revolucionários, atuando a serviço da

CIA nas montanhas de Escambray, assassina o jovem alfabetizador Manuel Asunce

Domenech e o camponês Pedro Lantigua.

30 de novembro – O presidente Kennedy emite um comunicado que lança

oficialmente a Operação “Mangosta”, destinada a “utilizar todos os meios disponíveis”

para “ajudar o povo de Cuba a derrubar o regime comunista dentro do país e a

instaurar um novo governo com o qual os Estados Unidos possam conviver em paz.

Final de novembro – William Harvey é colocado à frente da “Força Tarefa W” da

CIA, que deve realizar um amplo espectro de atividades, a maioria contra barcos e

aeronaves cubanas, fora do território de Cuba, como por exemplo a contaminação das

exportações de açúcar e o suborno em importações industriais.

Início de dezembro – Um comando dirigido por Eugenio Rolando Martínez,

cubano recrutado pela CIA, destrói uma ponte ferroviária e um armazém de açúcar. O

grupo consegue fugir quando “Rip” Robertson chega em um bote de borracha para

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resgatá-los. A missão é uma das quinze ações das quais participou Martínez até essa

data.

4 de dezembro – Kennedy estende até 30 de junho de 1962 a proibição total de

importações de açúcar proveniente de Cuba. O embargo deve expirar no final do ano.

Os Estados Unidos submetem à consideração da Comissão de Paz

Interamericana da OEA o documento “O Regime de Castro em Cuba”. Proclama que

“Cuba, como ponta-de-lança do imperialismo sino-soviético dentro das defesas do

hemisfério ocidental, representa, sob o regime de Castro, uma séria ameaça para a

segurança coletiva das repúblicas americanas” (op. cit.: p. 209).

14 de dezembro – Dois pilotos da CIA desaparecem durante uma missão

encoberta sobre o território cubano. Os pilotos estavam envolvidos em um projeto da

Operação “Mangosta”, denominado “operação Fantasma” e dirigido por Frank Sturgis,

segundo o qual um pequeno avião lançaria panfletos sobre Cuba com instruções de

sabotagem e subversão.

21 de dezembro – A Administração Kennedy, em um esforço para reforçar ainda

mais o bloqueio a Cuba, proíbe por noventa dias as exportações de certas empresas e

indivíduos dos Estados Unidos. O Departamento de Comércio exige dos produtores e

fornecedores dos Estados Unidos, tradicionalmente envolvidos no comércio com Cuba,

que perguntem aos clientes sobre o destino dos produtos comprados, e comuniquem à

Agência “as transações duvidosas”.

28 de dezembro – O governo cubano anuncia a prisão de um grupo de pessoas

ligadas a Agência Central de Inteligência (CIA), que tentava entrar no país pelo litoral

de Pinar del Río.

1962

Janeiro – A CIA põe em andamento um plano de recompensa pelo assassinato

de funcionários cubanos, oferecendo 5 a 100 mil pesos, de acordo com o grau de

importância das vítimas.

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Janeiro – março – Bombardeiros, caças e aviões de patrulha da aviação norte-

americana sobrevoam 182 vezes navios mercantes soviéticos. A maioria dos vôos se

dá sobre águas próximas a Cuba.

5 de janeiro – Provocação a partir da base naval de Guantânamo contra as

posições cubanas.

7 de janeiro – As forças norte-americanas da base naval de Guantânamo, à

guisa de provocação, se põem em estado de alerta avançado, como resposta às

denúncias formuladas publicamente pelo governo revolucionário.

Um avião lança carregamentos de armas norte-americanas sobre Pinar del Río

e Las Villas, que são capturados pelas tropas cubanas.

11 de janeiro – Empresas norte-americanas criam obstaculizam ao comércio de

Cuba com a Inglaterra, segundo informações de delegados ingleses em visita a

Havana.

13 de janeiro – Um grupo de seis norte-americanos pertencentes à CIA á

capturado no litoral de Pinar del Río. São eles: A. Eugene Gigson, Leonard L. Schmidt,

Tom L. Baler, James B. Beame, Donald J. Green e George H. Beck.

17 de janeiro – Infiltração de um grupo de agentes da CIA a leste da cidade e

Matanzas.

18 de janeiro – O general Lansdale submete à consideração do Grupo Especial

Ampliado a primeira versão de “O projeto Cuba”, um programa que contempla trinta e

duas tarefas dentro da Operação “Mangosta”, destinadas a provocar a derrubada do

governo cubano.

19 de janeiro – Surge a “Tarefa 33” do plano do general Lansdale, que tem o

objetivo de incapacitar trabalhadores açucareiros cubanos com o uso de substâncias

químicas “não letais”.

25 de janeiro – Na reunião realizada em Punta del Este, Uruguai, a Organização

dos Estados Americanos aprova a expulsão de Cuba do organismo, a pedido dos

Estados Unidos.

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28 de janeiro – Descoberto um bando de sabotadores financiados pela CIA, que

tentavam paralisar o transporte urbano da capital do país, ao inutilizar os motores com

produtos químicos e minas magnéticas.

30 de janeiro – Braulio Amador Quesada, chefe de bandidos, confessa a sua

ligação com a CIA e os crimes cometidos contra Pero Lantigua e Manuel Ascunce.

Reconhece que organizou um bando seguindo as instruções do Movimento

Anticomunista Católico Unido (MACU).

3 de fevereiro – É ampliado o bloqueio a Cuba sob a autoridade legal da Seção

620 (a) da Lei de Ajuda Externa de 1961, somando a todas as medidas impostas desde

1959 novas proibições às importações e decretando o bloqueio generalizado sobre

todo o comércio com Cuba, para o qual o presidente Kennedy emite a Proclamação

Presidencial 3447 (27 FR 1085). Esta Proclamação entra em vigor em 7 de fevereiro.

5 de fevereiro – Cuba denuncia perante a ONU que os Estados Unidos

preparam uma agressão em grande escala. A acusação é apresentada perante a

Primeira Comissão (política e de segurança) das Nações Unidas por Mario García

Incháusategui, representante permanente de Cuba.

6 de fevereiro – O Departamento do Tesouro promulga as Normas de Regulação

das Importações Cubanas (27 FR 1116), que proíbem a importação pelos Estados

Unidos de toda mercadoria de origem cubana.

14 de fevereiro – Cuba é expulsa da Organização de Estados Americanos, em

cumprimento à resolução da Conferência de Punta del Este, Uruguai.

15 de fevereiro – Os Estados Unidos concentram forças frente às costas de

Cuba, entre elas vários porta-aviões.

16 de fevereiro – Cuba denuncia perante a ONU que os Estados Unidos

preparam uma auto-agressão na base naval de Guantânamo como pretexto para

desencadear seus plano de agressão. Simultaneamente, os Estados Unidos preparam

uma aliança militar no Caribe para agredir a Revolução Cubana.

20 de fevereiro – O assessor presidencial Walter Rostow solicita aos membros

da OTAN que sejam levadas em conta as decisões da OEA na hora de formular as

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suas políticas em relação a Cuba. Pede a eles que proíbam o comércio voluntário de

materiais estratégicos com Cuba e reduzam o comércio em geral.

O general Lansdale propõe a segunda versão do “Projeto Cuba”, através da

execução de um programa de seis fases dentro da Operação “Mangosta”, que deveria

culminar no mês de outubro de 1962 com uma sublevação aberta e a derrubada do

regime cubano.

28 de fevereiro – A Associação de Estudantes Universitários de Guatemala

denuncia que o presidente Miguel Ydígoras Fuentes, em conivência com o

Departamento de Estado norte-americano, mantém em “funcionamento bases militares

não nacionais para a ação contra um governo vizinho”.

1° de março – Dean Rusk admite em uma conferência de imprensa que o

governo norte-americano está exercendo fortes pressões sobre seus aliados da OTAN

para que tomem medidas contra Cuba.

4 e 8 de março – Provocações a partir da base naval dos Estados Unidos em

Guantânamo contra os postos cubanos.

7 de março – A Junta de Chefes de Estado-Maior afirma, em um documento

secreto, que:

a conclusão de que uma sublevação interna com possibilidades de êxito é impossível dentro dos próximos 9 a 10 meses, exige uma decisão por parte dos Estados Unidos no sentido de fabricar uma “provocação” que justifique uma ação militar norte-americana positiva (Demanda judicial do povo cubano ao governo dos Estados Unidos da América por prejuízos humanos, 1999: p. 37).

12 de março – Infiltração através dos cayos (pequenas ilhas) no nordeste de

Caibarién de um grupo de elementos contra-revolucionários a serviço dos EUA.

13 e 14 de março – Realizada uma reunião secreta dos chanceleres da

Nicarágua, Guatemala, Venezuela e Colômbia com o secretário de Estado, Dean Rusk,

na qual se chega a um acordo para organizar uma falsa invasão de forças de Fidel

Castro a um país centro-americano, com a participação de mercenários cubanos

treinados nos Estados Unidos.

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16 de março – Na presença do Grupo Especial Ampliado, o presidente Kennedy

aprova as linhas para a Operação “Mangosta”. Nelas se defende que:

no empenho por conseguir a derrubada do governo assinalado, os Estados Unidos farão o máximo uso dos recursos nativos, internos e externos ainda que reconheça que o êxito final requererá uma intervenção militar decisiva dos EUA.

Na medida em que se desenvolverem, os referidos recursos nativos serão utilizados para preparar e justificar essa intervenção, e depois para facilitá-la e apoiá-la (op. cit.: p. 214).

19 de março – São feitas emendas às Normas de Regulação do Departamento

de Correios (27 FR 2605), e se suspende, a partir dessa data, o serviço de correio

entre os Estados Unidos e Cuba.

23 de março – Proibida a importação de qualquer produto elaborado total ou

parcialmente com insumos cubanos, ainda que fabricado em um terceiro país. Para

concretizar a medida é feita emenda na Seção 5(b) da Lei e Comércio com o Inimigo

de 1917 (50 USC App. 5(a)), que faculta ao Presidente tomar amplas medidas

comerciais e financeiras em tempos de guerra ou de emergência nacional e conferir

autoridade estatutária às Normas de Regulação para as Importações Cubanas (27 FR

2765).

24 de março – Os Estados Unidos iniciam o bloqueio contra todo embarque,

procedente de qualquer país, que inclua produtos de origem cubana.

27 de março – Uma lancha de guerra da organização terrorista Alpha-66 ataca o

navio soviético Baku.

30 de março – Um tribunal militar inicia em Havana o julgamento de mais de

1.200 prisioneiros capturados pelas tropas cubanas durante a invasão da Baía dos

Porcos.

Abril – O líder dos exilados cubanos, José Miró Cardona, reúne-se com o

presidente Kennedy na Casa Branca. Segundo informes, depois da reunião Miró

regressou a Miami e disse aos seus amigos que Fidel Castro seria derrubado muito em

breve.

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19 de abril – Começa a Operação “Quick Kick” (Chute Rápido), uma manobra

em grande escala na costa leste dos Estados Unidos. O suposto objetivo do exercício é

derrubar um governo caribenho hostil aos Estados Unidos. Participam das manobras

300 aviões, 83 embarcações de guerra e 40 mil homens. Kennedy viaja a bordo do

porta-aviões Enterprise para inspecionar diretamente as manobras.

O navio-cisterna soviético Pequim é acossado por um porta-aviões e um

destróier norte-americanos na costa oriental de Cuba.

21 de abril – William Harvey, chefe da “Força Operacional W”, entrega a John

Roselli um frasco com cápsulas de veneno para serem utilizadas em um atentado

contra Fidel Castro. O contato cubano é, novamente, Antonio Varona e seu grupo.

22 de abril – Um navio guarda-costas cubano é atacado por um barco

fortemente armado perto de Santa Cruz del Norte. Três militares cubanos são mortos e

cinco feridos. A ação é reivindicada pelo conhecido contra-revolucionário e agente da

CIA, Justo Carrillo.

25 de abril – Dois contra-revolucionários são mortos ao tentar penetrar em

território cubano a partir da base naval de Guantânamo.

27 de abril – Resulta em mais de cinqüenta feridos uma sabotagem criminosa

perpetrada por elementos contra-revolucionários a serviço da CIA em um armazém de

produtos químicos de Cotorro.

28 de abril – Assaltado com grande violência o escritório da agência noticiosa

Prensa Latina em Nova York por elementos contra-revolucionários a serviço da CIA. Na

ação criminosa foram feridos com gravidade três empregados e causados grandes

danos materiais.

Maio – Um avião-espião do tipo U-2 viola o espaço aéreo cubano.

12 de maio – Uma lancha de guerra procedente dos Estados Unidos ataca uma

embarcação guarda-costas de Cuba ao norte da província de Matanzas. Morrem três

tripulantes cubanos e cinco ficam feridos.

20 de maio – O governo norte-americano dita uma medida restritiva sobre a

bagagem dos turistas norte-americanos que regressam ao país, com o propósito de

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impedir que sejam os próprios cidadãos dos Estados Unidos a burlar o bloqueio

imposto contra Cuba.

Provocações de soldados norte-americanos a partir da base naval de

Guantânamo. Lançados objetos incandescentes e pedras.

24 de maio – Os Estados Unidos, unilateralmente, subtraem a Cuba o status de

“Nação Mais Favorecida” e da situação preferencial estabelecida anteriormente no

Acordo Exclusivo Suplementar do Acordo Geral Sobre Tarifas Alfandegárias e

Comércio, do qual ambos os países já eram signatários. O instrumento utilizado para

esta ação foi a Decisão 55636 do Departamento do Tesouro de 13 de junho de 1962,

em vigência desde 24 de maio de 1962 (sic).

29 de junho – Capturados os agentes da CIA Julio José Wright Simon e

Ardecales Garzón Ávalos que haviam se infiltrado em território cubano a partir da base

naval de Guantânamo. É apreendida grande quantidade de explosivos e armamentos

fornecidos pela CIA.

1° e 2 de julho – Ocorrem várias violações do espaço aéreo cubano por aviões

norte-americanos em missão de espionagem. Os locais sobrevoados são: Unión de

Reyes e Punta Seboruco, em Matanzas, e Trinidad e Cienfuegos, em Las Villas.

6 e 7 de julho – Os postos norte-americanos da base naval de Guantânamo

disparam contra o território cubano por quatro horas seguidas.

7 de julho – É noticiado outro ato de violação do espaço aéreo cubano por avião

norte-americano com fins de espionagem. Um avião procedente dos Estados Unidos

sobrevoa várias vezes um navio soviético ancorado na baía de Havana.

7 e 8 de julho – Soldados norte-americanos da base naval de Guantânamo

incendeiam pequenos arbustos em território cubano.

8 e 9 de julho – Soldados norte-americanos efetuam disparos de M-14, alguns

dos quais caem muito perto das sentinelas cubanas.

10 de julho – Quatro aviões norte-americanos violam o espaço aéreo cubano.

Quase simultaneamente, as tropas norte-americanas da base naval de Guantânamo

realizam disparos na direção dos postos cubanos, incendiando vários arbustos.

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10, 11 e 12 de julho – Os postos norte-americanos da base naval de

Guantânamo efetuam disparos de fuzil e rajadas de metralhadora contra o território

cubano.

13 de julho – Torturado e assassinado o pescador cubano Rodolfo Rosell, que é

encontrado a bordo de sua embarcação a cinco milhas do povoado de Caimanera, em

águas da base naval de Guantânamo. Como gesto de provocação, durante o enterro

do pescador, dois helicópteros e quatro aviões da marinha de guerra norte-americana

sobrevoam à baixa altura as cercanias do cemitério.

14 de julho – Outros dois aviões norte-americanos realizam vôos de espionagem

sobre diferentes pontos da região fronteiriça de Cuba.

15 e 16 de julho – Soldados norte-americanos fazem oito disparos na direção do

território cubano.

17 de julho – Comparece ante as câmeras da televisão nacional o contra-

revolucionário e agente da CIA, Juan Falcón, auto-intitulado Coordenador Nacional do

Movimento de Recuperação Revolucionária, que faz declarações acerca das

instruções, armas e planos de atentados e sabotagens ordenados pela Agência, com a

finalidade de provocar a desestabilização do país e de criar, consequentemente,

condições favoráveis para uma intervenção norte-americana.

Três aviões norte-americanos violam o espaço aéreo cubano em missões de

espionagem. São realizados seis disparos contra os postos cubanos a partir da base

naval de Guantânamo.

18 de julho – Outros dois aviões norte-americanos realizam vôos sobre

diferentes pontos do território cubano.

Soldados norte-americanos continuam fazendo disparos contra os guardas

fronteiriços cubanos.

31 de julho – O subsecretário de Estado norte-americano, Edwin Martin, declara

à revista U.S. News and World Report:

Não existe qualquer dúvida de que a política dos Estados Unidos tem por principal objetivo isolar Cuba e evitar que esteja em condições de

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causar impacto na América Latina. Desejamos nos desfazer de Castro e da influência comunista soviética em Cuba, mas não somente de Castro ...(Font, op. cit.: p. 220)

Final de julho – O general Lansdale ordena ao Pentágono preparar um plano de

contingência militar para invadir Cuba, levando em conta informações de agentes da

CIA que operam na Ilha, de uma iminente sublevação dos grupos contra-

revolucionários.

Agosto – Contaminados vários milhares de toneladas de açúcar cubano em San

Juan, Porto Rico, por agentes da CIA.

O general Maxwell D. Taylor, Presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior

confirma ao Presidente Kennedy que não se delineia qualquer possibilidade de

derrocada do governo cubano sem a intervenção militar direta dos Estados Unidos, de

modo que o Grupo Especial Ampliado recomenda que se dê um caráter ainda mais

agressivo à Operação “Mangosta”. Kennedy autoriza que assim seja feito, afirmando

que “se trata de um assunto de urgência”.

1° de agosto – Ocorrem sete violações do espaço aéreo cubano.

Soldados norte-americanos continuam disparando contra os soldados cubanos a

partir da base naval de Guantânamo.

Aprovada a Lei de Assistência Externa de 1962 (76 Stat. 261; LP 87-565), que

faz emenda à seção 629 (a) da Lei de Ajuda Externa de 1961 e dispõe que não será

proporcionada ajuda atual ao governo de Cuba ou a qualquer outro que dê assistência

ao mesmo, a menos que o presidente determine que o referido auxílio é de interesse

nacional dos Estados Unidos.

2 de agosto – Entre as 17:00 e as 18:00 hs, um total de treze aviões norte-

americanos violam o espaço aéreo cubano em vôos de espionagem.

4 de agosto – Duas novas violações do espaço aéreo cubano por parte de

quatro aviões norte-americanos.

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6 de agosto – Outros cinco aviões norte-americanos violam o território cubano

com fins de espionagem.

Novos disparos a partir de base naval de Guantânamo em direção ao território

cubano.

7 de agosto – São reportadas três violações do espaço aéreo cubano.

São realizados seis disparos a partir da base naval de Guantânamo contra

instalações cubanas.

10 de agosto – Reúne-se o Grupo Especial Ampliado para decidir o curso de

ações a ser seguido no âmbito da Operação “Mangosta”. É acordada, entre várias

propostas, a denominada “Variante B Ampliada”.

16 de agosto – Realizadas três violações do espaço aéreo cubano por parte de

aviões dos Estados Unidos.

21 de agosto – Um soldado cubano tem o olho ferido por um disparo efetuado a

partir da base naval de Guantânamo.

22 de agosto – Aviões norte-americanos fazem vôos rasantes sobre barcos

pesqueiros cubanos.

25 de agosto – Atacado o litoral de Havana por embarcações com artilharia

procedentes dos Estados Unidos que efetuam numerosos disparos de canhão calibre

20 mm na zona de Miramar, principalmente contra o teatro Chaplin e algumas

residências. A ação é reivindicada por Isidros Borjas, Nóbregas e Juan Manuel Salvat.

Um par de aviões de matrícula norte-americana guiam as duas embarcações,

assinalando os alvos.

27 de agosto – Avião norte-americano viola o território cubano, 6 km dentro do

povoado de Unión de Reyes, em Matanzas.

30 de agosto – Informada a presença no litoral de Havana do navio-espião

Oxford, avistado do Malecón.

Forças da Segurança cubana desarticulam um extenso plano subversivo de

várias organizações contra-revolucionárias encabeçados pelo FAL, que pretendiam

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tomar diferentes pontos estratégicos da capital e outras cidades, com o objetivo de

propiciar uma intervenção militar norte-americana.

1° de setembro – Atacado o porto de Caibarién pela organização contra-

revolucionária Alpha 66, financiada e assessorada pela CIA.

3 de setembro - Cuba é excluída da Associação Latino-Americana de Livre

Comércio, com a abstenção do México e do Brasil, em franca violação das bases

jurídicas da ALALC, cujo Art. 58 especifica que a mesma fica aberta “à adesão dos

demais Estados latino-americanos”.

Soldados da base naval de Guantánamo efetuam um total de 43 disparos na

direção das posições cubanas.

10 de setembro – Atacados frente ao Cayo Francés, a dezesseis milhas de

Caibarién, o barco cubano San Pascual e o de bandeira inglesa New Lane, por uma

lancha pirata que foge rumo ao norte. O primeiro navio recebe 18 disparos e o

segundo, que iria receber um carregamento de açúcar com destino a Inglaterra, recebe

13.

14 e 15 de setembro – Aviões das forças armadas dos Estados Unidos violam o

território cubano e as leis internacionais ao sobrevoar em círculos dois navios

mercantes cubanos.

Meados de setembro – Os serviços de inteligência norte-americanos recebem o

primeiro informe sobre a instalação em Cuba dos MRBM e IRBM (Mísseis Balísticos de

Alcance Médio e Longo Alcance).

16 de setembro – O governo dos Estados Unidos anuncia a inclusão em uma

“lista negra”, com a proibição de entrar em portos norte-americanos, das embarcações

que participarem do comércio com Cuba, independentemente do país de origem.

18 de setembro – A organização Alpha 66 responsabiliza-se pelo atentado

terrorista cometido contra o barco cubano e o barco inglês no porto de Caibarién, em

Cuba.

19 de setembro – Um avião norte-americano viola o espaço aéreo cubano sobre

a província de Camagüey.

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A Comissão de Relações Exteriores e de Serviços Armados do Senado dos

Estados Unidos aprova uma resolução na qual declara que, se for necessário, o país

enviará tropas para resistir à suposta agressão comunista no hemisfério.

24 de setembro – O secretário de Estado Dean Rusk realiza gestões junto aos

principais membros da OTAN, para que impeçam que os barcos de seus respectivos

países conduzam mercadorias para Cuba. Paralelamente a estas movimentações de

Rusk, o Departamento de Estado indica aos sindicatos marítimos norte-americanos que

neguem facilidades portuárias aos navios de qualquer nacionalidade que transportem

mercadorias de Cuba.

25 de setembro – Nos cayos da Flórida, sob a direção do ex-marine Steve

Wilson, são preparados contra-revolucionários cubanos com o objetivo de realizar

ações subversivas contra Cuba.

27 de setembro – Cinco agentes da CIA, vinculados à base naval de

Guantânamo, são detidos por forças do Departamento de Segurança do Estado em

uma residência do bairro de Miramar. São apreendidas numerosas armas e

documentos sobre planos subversivos.

30 de setembro – Agentes da CIA fazem explodir vários petardos em diferentes

lugares da capital cubana.

1 a 28 de outubro – A crise dos foguetes. Dia 14: vôos de reconhecimento dos

Estados Unidos sobre território cubano detectam a existência de seis bases de mísseis

soviéticos. Dia 16: reunião do Conselho de Segurança dos Estados Unidos. Dia 22: o

presidente John Kennedy vai à televisão e anuncia o bloqueio naval contra Cuba, a

partir das 15 horas do dia 24. Duram até o dia 27 os entendimentos secretos entre os

três governos. Dia 28: fim da crise. Os mísseis deixarão Cuba.

5 de novembro – O avião norte-americano de reconhecimento U-2 é derrubado

pela defesa antiaérea cubana ao sobrevoar o país. Morre seu piloto, Rudolf Anderson.

Capturado o chefe dos Grupos de Missões Especiais da CIA, Miguel Ángel

Orozco Crespo, junto com outro agente, ao tentarem realizar uma grande sabotagem

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nas Minas de Cobra em Pinar del Río, como parte de um amplo plano de subversão

previsto dentro da Operação “Mangosta”.

18 de novembro – Um avião de procedência norte-americana bombardeia o

navio mercante cubano Rio Damuji.

20 de novembro – O presidente John F. Kennedy anuncia a suspensão do

bloqueio naval imposto a Cuba, mas ratifica que manterá agressivas medidas políticas

e econômicas.

Aviões norte-americanos tratam de afundar o navio mercante cubano Damují.

6 de dezembro – Embarcação pirata procedente dos Estados Unidos ataca

casas de pescadores na costa norte de Las Villas.

21 de dezembro – Agente da inteligência militar norte-americana entrega vários

milhares de dólares a um canadense para que introduza uma enfermidade que infecte

as tartarugas cubanas.

27 de dezembro – O governo dos Estados Unidos envia a Cuba mais de

cinqüenta milhões de dólares em remédios e alimentos, em troca da liberdade dos

1.189 mercenários da Brigada 2506 capturados durante a invasão da Baía dos Porcos.

31 de dezembro – O governo de Fidel Castro denuncia que, no período de 22 de

novembro a 31 de dezembro deste ano, aviões norte-americanos de reconhecimento

violaram o espaço aéreo cubano por cinqüenta e oito vezes.

1963

Fevereiro – O presidente Kennedy proíbe que produtos comprados pelo governo

dos Estados Unidos sejam transportados em barcos de bandeira estrangeira que

tenham ancorado em porto cubano depois de 1° de janeiro de 1963.

6 de fevereiro – O governo dos Estados Unidos proíbe que cargas de

propriedade governamental ou financiadas pelos governos de outros países sejam

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transportadas em navios que tenham levado cargas a Cuba (Gabinete de Secretaria de

Imprensa da Casa Branca).

19 de março – As organizações Alpha 66 e II Frente de Escambray se

responsabilizam publicamente, em Miami, pelo ataque ao navio soviético Lvov, no porto

de Isabela de Sagua, em Cuba.

1° de abril – Autoridades inglesas capturam nas Bahamas um grupo de exilados

cubanos que pretendiam sabotar um navio-tanque soviético.

julho – O governo dos Estados Unidos proíbe subsidiárias de matrizes norte-

americanas em outros países de realizarem qualquer tipo de operação comercial,

econômica e financeira com Cuba.

8 de julho – O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos estabelece as

Regulações do Controle dos ativos Cubanos (Cuban Asset Control Regulations). Estas

regulações englobam os aspectos essenciais do bloqueio econômico contra Cuba que

tem estado vigentes desde então, incluindo o congelamento de todo o capital cubano

nos Estados Unidos e uma proibição de todas as transações econômicas, financeiras e

comerciais relacionadas com Cuba.

5 de setembro – Ataque aéreo por parte de um avião procedente de Miami

contra a cidade de Santa Clara, matando um professor e ferindo suas três filhas

pequenas.

21 de outubro – O governo cubano anuncia que frustrou uma tentativa de

desembarque de armas e de homens da CIA no litoral sul de Cuba.

16 de dezembro – No comunicado de imprensa 629 do Departamento de Estado

foi anunciado que o governo dos Estados Unidos aprovou uma emenda em sua política

marítima em relação a Cuba, a fim de conseguir uma redução adicional importante do

número de barcos que realizam escalas em portos cubanos.

Foi aprovada a Lei Pública 88-205 que traz emendas à Seção 620 da Lei de

Assistência Externa de 1961 (77 Stat. 386) e introduz novas restrições que proíbem,

entre outro itens, qualquer cota de importação de açúcar ou a extensão a Cuba de

qualquer beneficio garantido por qualquer lei dos Estados Unidos, até que o Presidente

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tenha constatado que Cuba tomou as medidas pertinentes para devolver aos cidadãos

dos EUA e a entidades pertencentes a estes não menos de 50% do valor das

propriedades confiscadas ou proporcionar compensação eqüitativa aos referidos

indivíduos ou entidades pelos bens desapropriados pelo governo cubano a partir de 19

de janeiro de 1959.

O governo dos Estados Unidos também proíbe a destinação de fundos a

qualquer país que não tenha tomado as medidas pertinentes a fim de impedir que

navios ou aeronaves sob sua matrícula transportem artigos de ajuda econômica,

armamentos ou quaisquer outros equipamentos, materiais ou mercadorias a Cuba.

21 de dezembro – A Administração Johnson exerce "forte pressão diplomática"

sobre a Espanha para que cumpra o embargo, ainda que esta tenha mantido laços

comerciais substanciais com Cuba. As pressões incluem a ameaça de corte da

assistência econômica dos Estados que incluem empréstimos do banco Export-Import

no valor de 100 milhões de dólares para projetos de desenvolvimento a longo prazo na

Espanha.

23 de dezembro – Um comando da CIA, utilizando elementos para demolição

submarina, afunda a lancha torpedeira LT-385 pertencente à Marinha de Guerra

Revolucionária nas docas de Siguanea, na Ilha de Pinos, provocando a morte do

alferes de fragata Leonardo Luberta Noy e dos marinheiros Jesús Mendoza Larosa, Fe

de la Caridad Hernández Jubón e Andrés Gavilla Soto.

Dezembro – O governo cubano contabiliza, ao longo do ano de 1963, 484

missões de espionagem de aviões norte-americanos sobre a Ilha. Além disso, foram

bombardeados o porto de Casilda e a cidade de Santa Clara, em Las Villas; as centrais

açucareiras Brasil e Bolívia, em Camagüey e a refinaria de petróleo de Havana.

1964

6 de janeiro - A lei de Ajuda Exterior e de Apropriações de Agências

Relacionadas, de l964 (77 Stat. 863), proíbe ao Export-Import Bank dos Estados

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Unidos garantir ou participar da concessão de qualquer crédito à exportação para um

país comunista, relacionado como tal na Seção 620 (f) da Lei de Assistência Externa

de 1961, de acordo com as emendas recebidas pela mesma, exceto quando o

Presidente determine que tais garantias possam ser de interesse nacional e comunique

tal decisão a ambas as Câmaras do Congresso no espaço de trinta dias.

A Seção 620 (f) acrescentada à Lei de Assistência Externa de 1962 (76 Stat.

261) em 12 de agosto de 1962, menciona Cuba entre os países especificamente

relacionados como comunistas.(22 USC 2370 (f)). Proibição idêntica aparece em cada

lei de apropriações até 13 de março de 1968, quando é incluída como legislação

permanente.

24 de janeiro - O Departamento de Estado envia um telegrama à Embaixada em

Madrid, dizendo que são bem-vindas as recentes ações dos governos liberiano,

panamenho, italiano e alemão ocidental para "restringir ou impedir que seus navios

façam escalas em Cuba" e que a política da administração tentará, "reduzir ainda mais

as escalas em Cuba dos navios do mundo livre". Os governos italiano e holandês

recebem destaque por cumprirem tal medida. Considera-se, no entanto, que a Espanha

"se sobressai entre os países do mundo livre onde, de acordo com os dados atuais,

todos os índices relativos a vínculos econômicos com Cuba, exceto na questão da

navegação, cresceram" (entre 1962 e 1963).

8 de fevereiro – Um barco guarda-costas norte-americano captura quatro barcos

pesqueiros cubanos, que são levados para os Estados Unidos e ficam retidos durante

dezoito dias.

12 e 13 de fevereiro – O Presidente Johnson e o Primeiro-Ministro britânico

Douglas-Home realizam uma conferência de dois dias, na qual são aprovados quase

todos os assuntos bilaterais discutidos, exceto no caso de "total desacordo sobre a

questão do comércio britânico com Cuba". Apesar do perigo de os Estados Unidos

suspenderem a ajuda militar de 100 milhões de dólares destinada à Inglaterra,

Douglas-Home afirma publicamente que o comércio britânico exclui os itens

estratégicos e que não envolve empréstimos ou ajuda para propósitos gerais. No

entanto, pouco tempo depois da reunião, os britânicos desestimulam informalmente os

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navios mercantes locais de transportar bens britânicos, principalmente ônibus Leyland,

a Cuba. A empresa Leyland é forçada a utilizar um barco da Alemanha Oriental.

14 de fevereiro – O presidente dos Estados Unidos assina a Lei de Ajuda

Externa de dezembro de 1963, que estipula a suspensão da ajuda a países que não

tenham tomado “as medidas necessárias para cessar os transportes para Cuba a partir

de 1° de fevereiro de 1964”.

18 de fevereiro – Richard I. Phillips, funcionário da seção de imprensa do

Departamento de Estado norte-americano, divulga a notícia da suspensão da ajuda

militar ao Reino Unido, França e Iugoslávia, e que a ajuda à Espanha e ao Marrocos

também permanece suspensa até que ambos os governos informem acerca das

medidas tomadas para pôr fim ao comércio com Cuba.

23 de março – Em decisão do caso Sabbatino, a Corte Suprema dos EUA

ratifica por oito votos a um a Doutrina do Ato de Estado e determina que:

todo Estado soberano está obrigado a respeitar a independência de cada um dos demais Estados soberanos e os tribunais de um país não devem julgar os atos do Governo cometido por outro país dentro do próprio território (Aqui no queremos amos, 1995: pp. 28 e 37).

Há uma referência específica a Cuba, onde se reconhece o direito do país de

realizar as nacionalizações.

21 de abril – O governo cubano acusa os Estados Unidos de violarem o espaço

aéreo de Cuba oitenta e duas vezes entre 1° de janeiro e 20 de abril de 1964.

14 de maio – O Departamento de Comércio emenda as Regulações de

Exportação revogando a emissão de licenças gerais para embarques de alimentos e

fármacos a Cuba, e restringindo-as à emissão de licenças específicas validadas (29 FR

6381).

1° de junho – Fidel Castro denuncia publicamente a suspeita de que estariam

sendo usadas armas bacteriológicas contra Cuba.

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12 de junho – Raúl Castro acusa as tropas norte-americanas em Guantânamo

de terem realizado 1.651 atos de provocação contra Cuba entre novembro de 1962 e

junho de 1964.

Julho – A Organização dos Estados Americanos impõe o embargo comercial

total contra Cuba e decide que todos os países-membros devem romper relações

diplomáticas com o governo de Fidel Castro. México é o único país que se recusa a

cumprir o acordo.

18 de julho – Assassinado Ramón López Peña, soldado do Batalhão de

Fronteira de Cuba por disparos feitos a partir da Base Naval de Guantânamo.

3 de agosto – Sofrem emendas as Normas de Regulação do Departamento de

Correios através do dispositivo 20 FR 8009, acrescentando-se no caso de Cuba a

proibição quanto ao envio de dinheiro, cheques, valores e outros instrumentos

financeiros, a menos que seja expedida licença para tal.

10 de agosto – Em Montreal, Canadá, um grupo terrorista comete atentado

contra o navio mercante cubano Maria Tereza.

11 de dezembro – Um tiro de bazuca é desferido contra o edifício da

Organização das Nações Unidas, em Nova York, no momento em que o delegado

cubano, Ernesto Che Guevara, pronuncia o seu discurso perante a Assembléia-Geral.

O grupo contra-revolucionário Movimento Nacionalista Cubano assume a

responsabilidade pelo atentado.

1965

28 de setembro – Cuba autoriza a criação da ponte aérea Varadero-Miami

destinada os cubanos que desejem emigrar para os Estados Unidos.

Dezembro – Em 1965, o governo cubano elimina ou prende os integrantes dos

últimos grupos contra-revolucionários que ainda lutam na região de Escambray.

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1966

5 de março de 1966 – Após demitir quase três mil trabalhadores cubanos da

Base Naval de Guantânamo, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos informa

que a política de seu governo “não permite o pagamento de aposentadorias a nenhuma

pessoa de Cuba”, e que, portanto, os demitidos não poderiam receber pensão ou

reclamar a devolução de suas contribuições à caixa de previdência, retidas pelo

governo norte-americano. Deste modo, os trabalhadores cubanos da Base não têm

outra alternativa senão se asilar ou perder o seu emprego e todos os outros direitos.

Maio – O Comitê de Agricultura da Câmara aprova a legislação “O programa de

alimentos para a Paz”, que proíbe o envio de alimentos a qualquer país envolvido na

venda ou embarque de artigos estratégicos ou não-estratégicos a Cuba, com um

dispositivo que permite ao Presidente, em condições específicas, dispensar a proibição

sobre transações que envolvam fornecimentos médicos e itens não-estratégicos.

21 de maio – O soldado Luis Ramírez López é morto por disparos feitos por

soldados norte-americanos da Base Naval de Guantânamo.

30 de maio – O governo cubano anuncia o naufrágio, no litoral de Havana, de

uma lancha ocupada por contra-revolucionários.

29 de setembro – Em um ataque aéreo, contra-revolucionários lançam três

bombas sobre a cidade de Nuevitas, província de Camagüey.

Novembro – O governo dos Estados Unidos adverte o governo da Grécia de

que, de acordo com a legislação de ajuda externa, recentemente aprovada, poderia

ser suspensa toda a assistência militar e econômica ao país. A Grécia se dispõe a

reforçar a proibição para que seus navios levem mercadorias para Cuba.

2 de novembro – Entra em vigor a Lei de Ajuste Cubano (vide Anexo A), que

opera paralelamente à Lei de Imigração dos Estados Unidos. Portanto, as regras de

imigração passam a ser diferenciadas para os cubanos. Os demais imigrantes

continuam expostos às medidas draconianas da Imigração norte-americana. Já os

cubanos têm direito a visto de permanência e permissão para emprego a partir do

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momento em que tocarem solo norte-americano, ganhando automaticamente status de

refugiado político.

13 de novembro – Um avião contra-revolucionário bombardeia a central elétrica

da cidade de Matanzas.

1967

3 de abril – O encarregado de negócios de Cuba perante a ONU, Nicolás

Rodríguez, é ferido dentro de seu gabinete pela explosão de um artefato oculto dentro

de um livro enviado à missão.

8 de outubro – Morre na Bolívia o guerrilheiro Ernesto Che Guevara, capturado

por tropas conduzidas e treinadas pela CIA e pelos Boinas Verdes.

29 de dezembro – A defesa cubana derruba, ao norte da província de Las Villas,

um avião de procedência norte-americana que desembarcava armas de pára-quedas.

É aprisionado o piloto norte-americano Everest D. Jackson.

1968

2 de janeiro – Explode em Havana a bomba colocada em uma mala postal

procedente dos Estados Unido, ferindo funcionários do Ministério de Comunicações

cubano.

6 de junho – O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro adverte o governo da Itália de que tem razões para crer que

materiais contendo níquel e artigos produzidos no país possam ter sido feitos, total ou

parcialmente, com níquel de origem cubana, e comunica que as importações de tais

materiais e artigos, vindos da Itália, podem ser retidos pela Alfândega até que se prove

o contrário.

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10 de agosto – O FBI e a polícia de Nova Jersey descobrem um campo de

treinamento de guerrilhas anticastristas, a 60 km de Nova York. O proprietário, um

cidadão norte-americano, confessa o treinamento de exilados cubanos designados

para participar de atentados contra Fidel Castro. Da mesma forma, os terroristas lá

treinados foram responsáveis pelos catorze atentados a bomba cometidos contra

empresas de governos que negociam com Cuba, instaladas em Nova York.

1969

4 de fevereiro – O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro adverte o governo da URSS de que tem razões para crer

que os granulados de níquel produzidos no país possam ter sido feitos total ou

parcialmente com níquel de origem cubana. Comunica que a partir de 5 de fevereiro de

1969, as importações de granulados de níquel feitos direta ou indiretamente na URSS

serão retidas pela Alfândega até que se prove o contrário.

7 de novembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro faz a mesma advertência ao governo da Tchecoeslováquia.

1970

Abril/maio – As forças aéreas e terrestres cubanas são colocadas em estado de

alerta após a captura de onze pescadores cubanos em alto-mar por uma organização

contra-revolucionária. Dias depois, os prisioneiros são devolvidos à Ilha.

17 de abril - Um grupo de treze integrantes da organização Alpha 66

desembarca na costa nordeste da província do Oriente, perto da cidade de Baracoa,

com a intenção de realizar operações armadas e sabotagens nessa zona montanhosa.

O grupo é liquidado poucos dias depois, com a participação decisiva das milícias

camponesas locais, ao preço de quatro combatentes mortos.

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1971

7 de julho – Cuba liberta treze cidadãos norte-americanos em troca de quatro

capitães de pesqueiros cubanos aprisionados pelos Estados Unidos.

29 de setembro – Fidel Castro anuncia oficialmente que, na semana seguinte,

será suspensa a ponte aérea Varadero – Miami, depois que tiver embarcado o último

dos 1.700 cubanos autorizados a sair do país.

12 de dezembro – O governo cubano informa que capturou dois barcos

ocupados por agentes da CIA.

1972

4 de abril – Explode uma bomba no consulado cubano em Montreal, no Canadá.

A Frente de Libertação Nacional de Cuba assume a autoria do atentado. Três anos

mais tarde um parlamentar canadense levanta a suspeita de que o atentado teria sido

promovido pela CIA, em acordo com a Guarda Real do Canadá.

17 de maio – Entre os cinco homens que invadem a sede do Partido Democrata

dos Estados Unidos, no edifício Watergate, em Washington, encontram-se três exilados

cubanos, que são detidos.

16 de outubro – Onze pescadores cubanos são devolvidos a Cuba depois de

terem sido capturados em águas internacionais na região das Bahamas.

1973

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15 de fevereiro – Cuba e Estados Unidos assinam um tratado contra a pirataria

aérea, o primeiro acordo oficial entre os dois países desde os primeiros anos da

Revolução.

12 de setembro – Fidel Castro visita o Vietnã e acusa os Estados Unidos de

cumplicidade no golpe que acaba de derrubar e matar o presidente chileno Salvador

Allende.

4 de outubro – Os pesqueiros cubanos Cayo Largo 17 e Cayo Largo 34 são

atacados por duas canhoneiras tripuladas por terroristas, que assassinam o pescador

Roberto Torna Mirabal e abandonam os demais em jangadas de borracha, sem água

nem comida.

1974

3 de março – É assassinado em Nova York Ernesto Rodriguez Vives, um dos

chefes do movimento contra-revolucionário cubano, o Movimento Democrata Cristão –

MDC.

12 de abril – É assassinado pelas costas em Miami, o líder contra-revolucionário

cubano José Elias de La Torriente, acusado pelo movimento a que pertencia de ter

desviado fundos arrecadados entre exilados cubanos que vivem nos Estados Unidos.

20 de abril – É publicado o primeiro número da revista Areíto, editada por jovens

cubanos no exílio que simpatizam com a Revolução Cubana.

10 de julho, 7 de agosto e 14 de agosto – São feitas emendas às Normas de

Regulação para o Controle de Ativos Cubanos, ratificando-se as proibições de:

comercializar no exterior mercadorias de origem cubana, participar de transações de

empresas estrangeiras com Cuba e de importar para os Estados Unidos artigos de

origem cubana.

Outubro – Uma bomba explode a 20 quarteirões de um cinema de Miami, onde o

grupo da revista Areíto exibe o filme cubano Lucia.

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Dezembro – Em uma semana, ocorrem vinte e seis atentados a bomba na zona

de Miami onde residem os exilados cubanos.

1975

3 de janeiro - Aprovada a Lei de Comércio de 1974, que em seu Título IV

reforça as restrições sobre o tratamento tarifário a países comunistas e dispõe que,

para conceder o tratamento de NMF aos referidos Estados, o Presidente deve se

certificar de que é permitida a livre emigração e de que são concedidas algumas

vantagens comerciais aos Estados Unidos; além disso, é vedado ao Banco de

Importação e Exportação conceder créditos a Cuba, a menos que o Presidente

constate que esta concede aos seus cidadãos o direito à livre emigração.

21 de fevereiro – Em Miami, dois homens matam o cubano Luciano Nieves, um

advogado exilado que defendia a coexistência e o diálogo com o governo de Fidel

Castro.

29 de julho – Em uma reunião em São José da Costa Rica, os governos dos

países-membros da Organização dos Estados Americanos votam a favor do

levantamento de todas as sanções econômicas e políticas contra Cuba. Os

representantes do Chile, do Paraguai e do Uruguai votam contra. Registram-se as

abstenções do Brasil e Nicarágua.

21 de agosto – Os Estados Unidos levantam a proibição, em vigor há doze anos,

de que sejam feitas exportações para Cuba por parte de companhias estrangeiras

subsidiárias de empresas norte-americanas. Mas não suprimem o embargo sobre a

comercialização direta com Cuba.

31 de outubro – É despedaçado por uma bomba, nos Estados Unidos, o ex-

senador cubano Rolando Masferrer, apelidado de “El Tigre”, colaborador da ditadura de

Fulgêncio Batista e antigo comandante de um exército terrorista anticastrista.

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1976

6 de abril – Um pescador cubano morre durante um atentado de forças

terroristas contra dois barcos pesqueiros de Cuba em águas internacionais.

13 de abril – É assassinado em sua fábrica de botes, nos Estados Unidos,

Ramón Donestévez, que defendia uma aproximação com Cuba e já havia realizado

várias viagens à Ilha.

22 de abril – Uma bomba explode na embaixada de Cuba em Lisboa. Duas

pessoas morrem e quatro ficam feridas.

26 de junho – Em visita a Porto Rico para participar de uma reunião de cúpula

de sete potências ocidentais, o presidente norte-americano Gerald Ford adverte Cuba

para que “não se intrometa” nos assuntos porto-riquenhos.

9 de julho – Em Kingston, Jamaica, uma avião da Cubana de Aviación sofre um

atentado a bomba.

23 de julho – Três terroristas tentam seqüestrar o cônsul de Cuba em Mérida,

México, mas não conseguem. Morre no atentado o técnico cubano de pesca Artagnan

Díaz, que acompanhava o diplomata.

24 de setembro – É realizado o primeiro vôo charter privado entre os Estados

Unidos e Cuba, levando quatro homens de negócios norte-americanos a Cuba. O avião

é detido por dois funcionários da Alfândega de Miami e confiscado por ordem do

Departamento de Comércio. Kirby Jones, o consultor de negócios que organizou a

viagem, recebe ordem para prestar esclarecimentos sob juramento ao Departamento

do Tesouro, que o acusa de violar a Lei de Comércio com o Inimigo.

6 de outubro – Explode em pleno vôo, perto de Barbados, um DC-8, da Cubana

de Aviación. Morrem 73 pessoas, entre elas toda a equipe juvenil de esgrima de Cuba

que acabara de ganhar quase todas as medalhas de ouro em uma competição

internacional. A organização contra-revolucionária CORU assume a responsabilidade

pelo atentado. O exilado cubano Orlando Bosch é preso em Caracas, acusado de

participação no crime.

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7 de outubro – A embaixada cubana em Caracas, na Venezuela, é metralhada

por terroristas.

15 de outubro – No enterro das vítimas da explosão do avião cubano, Fidel

Castro anuncia que não renovará o tratado contra pirataria aérea, assinado com os

Estados Unidos.

1977

26 de maio – A Mackey Internacional Airlines desiste de manter vôos comerciais

para Cuba, depois que um atentado a bomba destrói seus escritórios em Fort

Landersdale, Flórida.

2/3 de junho – Os governos de Cuba e dos Estados Unidos anunciam, em breve

nota, a decisão de abrir escritórios de interesse em Washington e em Havana. Em

seguida, o Departamento de Estado é informado de que o governo de Cuba, em um

gesto de boa vontade, decidira libertar dez prisioneiros norte-americanos condenados

por tráfico de droga.

Agosto – Fontes norte-americanas informam que, em outro gesto de boa

vontade para com o processo de reaproximação entre Cuba e Estados Unidos, o

governo de Fidel Castro mandara libertar três prisioneiros políticos.

1°de setembro – Após dezesseis anos de rompimento de relações diplomáticas,

Cuba e Estados Unidos dão o primeiro passo formal de reaproximação. Os Estados

Unidos abrem um “escritório de interesses”, composto por dez funcionários

“voluntários”, em Havana. O mesmo ocorre com relação a Cuba, que instala uma

missão diplomática com dez funcionários em Washington.

15 de setembro – Em Washington, o Departamento de Estado informa que

dezesseis cidadãos norte-americanos e suas respectivas famílias cubanas, em um total

de 55 pessoas, foram autorizados a sair de Cuba.

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12 de outubro – O governo cubano põe em liberdade a norte-americana

naturalizada María del Carmen y Ruíz, que fora condenada, em 1964, a 20 anos de

prisão por crimes contra o Estado. Ela se recusa a ir para os Estados Unidos,

preferindo permanecer em Cuba, onde vivem os seus filhos.

22 de dezembro – Pela primeira vez, em 19 anos de Revolução, o governo

cubano permite que um grupo de exilados visite o país. Desembarca no aeroporto José

Martí, em Havana, a Brigada Antonio Maceo, composta de 55 jovens cubanos exilados.

1978

20 de janeiro – É posto em liberdade, em Havana, e embarca para o México

com destino aos Estados Unidos, Donald Rebozo, de 26 anos, sobrinho de “Bebe”

Rebozo, amigo íntimo do ex-presidente americano Richard Nixon. Donald Rebozo

cumprira em Cuba seis meses do total de cinco anos de prisão a que fora condenado

por tráfico de drogas.

22 de março – Voltam aos Estados Unidos seis cidadãos norte-americanos que

seqüestraram aviões de passageiros para Cuba.

Junho – Os Estados Unidos acusam Cuba de ajudar os rebeldes catangueses

em sua luta contra o governo corrupto de Mobutu Sese Seko, no Zaire.

7 de julho – O diretor do FBI, William Webster, afirma que há indícios de que

Cuba estaria apoiando organizações de palestinos e imprimindo panfletos dos

nacionalistas porto-riquenhos que lutam pela independência de seu país.

Julho/agosto – Realiza-se em Cuba o XI Festival Mundial da Juventude, no ano

do 25° aniversário do assalto ao quartel Moncada. Em um tribunal de denúncias contra

a CIA, seis cubanos revelam ser agentes de Fidel Castro infiltrados naquele organismo

norte-americano. Um deles, Nicolas Sirgado, diz que, em 1976, ao completar dez anos

de supostos serviços à CIA, recebeu uma carta de felicitações do então secretário de

Estado Henry Kissinger e um relógio Rolex de presente “pelos bons serviços

prestados”.

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1980

13 de janeiro – Explodem bombas na representação cubana em Montreal. O

grupo “Omega-7”, apoiado por grupo anticubanos de New Jersey e da Flórida, assume

a autoria do atentado.

Abril – Cerca de 10.800 cubanos entram na embaixada do Peru em Havana e

pedem asilo político. Desata-se uma crise que leva ao conhecido êxodo de Mariel,

durante o qual abandonam a ilha por mar, rumo aos Estados Unidos, cerca de 125 mil

cubanos.

11 de setembro – Assassinado à luz do dia em Nova York o diplomata cubano

Félix García Rodríguez. O crime é cometido por um comando da organização terrorista

“Omega-7”, cuja missão era assassinar este e mais três funcionários da representação

cubana perante as Nações Unidas.

13 de novembro – O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro adverte o governo da França de que tem razões para crer

que os materiais e artigos com conteúdo de níquel produzidos pela empresa

metalúrgica francesa Cresout-Loire possam ter sido feitos ou ser derivados, total ou

parcialmente, de níquel de origem cubana. A nota diz que os materiais e artigos

produzidos ou fornecidos pela empresa francesa podem ser retidos pela Alfândega até

que se demonstre que não contêm níquel cubano.

18 de novembro – Cuba devolve aos Estados Unidos dois seqüestradores de

aviões, entregando-os à Justiça norte-americana e advertindo que este será o

procedimento com todos aqueles que tentarem ingressar no país por essa via.

1982

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29 de janeiro - As Normas de Regulação para o Controle de Ativos Cubanos do

Departamento do Tesouro sofrem novas emendas, acrescentando-se um Apêndice à

Seção 515.536 que reproduz a Nota do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros à

Alafândega (FAC No. 95111) sobre os procedimentos a serem seguidos para a

retenção de publicações sem licença emitida pelo referido órgão, originárias do Vietnã,

Coréia do Norte, Camboja e Cuba. (47 FR,4254; Sec. 515.536; janeiro 29, 1982).

1° de março – Cuba é incluída pelo governo norte-americano na relação de

países patrocinadores do terrorismo, no informe anual do Departamento de Estado

denominado “Patrocinadores do Terrorismo Global”.

19 de abril – São limitados os vistos de saída para Cuba de pessoas que viajam

por motivo oficial, para visitar familiares próximos e no caso de viagens relacionadas

com atividades jornalísticas, pesquisas profissionais ou atividades similares. A emenda

dispõe sobre a expedição de licenças específicas para casos humanitários ou por

propósitos de atuações públicas em Cuba relacionadas com atividades culturais ou

esportivas.

22 de julho – São adotadas novas regulações que exigem a apresentação de

certificados de origem não cubana para impedir que mercadorias de origem cubana ou

que contenham algum componente procedente de Cuba, entrem nos Estados Unidos.

Tornam-se mais estritas as regulações sobre as importações – já por si só

limitadas – para os viajantes dos Estados Unidos a Cuba, sendo-lhes permitido que

tragam consigo da Ilha apenas mercadorias adquiridas ali no valor de até 100dólares.

1983

5 de agosto – O governo dos Estados Unidos dispõe que Cuba será a única a

não integrar a lista de países que poderiam receber os benefícios do Programa de

Recuperação Econômica para o Caribe.

14 de setembro - Sofrem emendas as Normas de Regulação para o Controle de

Ativos Cubanos do Departamento do Tesouro, determinando-se que os informes sobre

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propriedades bloqueadas sejam apresentados, antes de 1º de dezembro de 1983, por

qualquer pessoa sujeita à jurisdição dos Estados Unidos que seja possuidora de

propriedades bloqueadas. O objetivo desse censo é proporcionar ao Escritório de

Controle de Ativos Estrangeiros informações a serem utilizadas na administração de

controles sobre o bloqueio, em seu monitoramento no cumprimento das Regulações e

na preservação do valor dos ativos bloqueados (Registro Federal, Vol 48. No. 179,

setembro 14, 1983).

4 de outubro - O Presidente Reagan assina a Lei de Transmissões Radiofônicas

para Cuba (Radio Broadcasting to Cuba Act), dando início à Radio Martí. O governo

dos Estados Unidos incorre assim em um ato de agressão flagrante à soberania

cubana.

23 de novembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro anuncia novamente que tem razões para crer que certos

materiais importados da URSS contêm níquel cubano. (Registro Federal, Vol 48, No.

227, novembro 23, 1983).

1985

20 de maio – Iniciadas as transmissões da Rádio Martí de Miami.

3 de julho – O governo dos Estados Unidos estipula que nenhuma pessoa

sujeita à jurisdição norte-americana poderá oferecer serviços técnicos a outros países,

que possam resultar na aquisição de bens cubanos por parte destes.

23 de dezembro – Entra em vigor a Lei de Segurança Alimentar de 1985, que

obriga os países importadores de açúcar a garantir anualmente, através de informes ao

Presidente norte-americano, que não estão exportando para os Estados Unidos açúcar

importado de Cuba, sob pena de serem excluídos do sistema de cotas de importação

de açúcar para aquele país.

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1986

22 de agosto – O presidente Reagan aprova novas medidas repressivas sobre o

comércio com empresas designadas pelos Estados Unidos como “companhias testa-

de-ferro de Cuba” radicadas no Panamá e em qualquer outro lugar, que tentem

contornar o bloqueio comercial dos EUA. Também impõe controles mais estritos sobre

as entidades que organizam ou promovem viagens a Cuba, assim como sobre o envio

de dinheiro ou bens a esse país.

10 de dezembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro emite uma lista parcial de 167 pessoas e empresas

identificados como nacionais especialmente designados por Cuba, com os quais os

nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro Federal, Vol 51,

No.237, dezembro 10, 1986).

1987

29 de abril - A Câmara de Representantes aprova uma Emenda à Lei de

Comércio apresentada pelo Representante da Flórida, Claude Pepper, solicitando o

reforço do bloqueio a Cuba. A Emenda refere-se à autorização ao Representante

Comercial dos Estados Unidos para que solicite a todas as agências executivas do

governo, mais conhecedoras desse assunto, que preparem para serem submetidas ao

Congresso recomendações mais apropriadas que reforcem e tornem mais efetivo o

embargo a Cuba. Em sua apresentação, assinala que, inicialmente, havia sido proposta

uma emenda específica limitando o direito dos navios que aportarem em Cuba a

acessar os portos e o comércio com os Estados Unidos (Congressional Record-House,

abril 29, 1987).

6 de julho – Cuba apresenta vinte e sete agentes cubanos que haviam sido

infiltrados na CIA e desmascara, por meio de seus depoimentos, documentos e

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filmagens, as atividades de espionagem e subversão levadas a cabo por diplomatas

norte-americanos em Havana ao longo de duas décadas.

1988

23 de agosto – Entra em vigor a lei Omnibus de Comércio e Competitividade de

1988, (Lei Pública N° 100-4178), cuja Seção 1911 – “Reforço das Restrições sobre as

Importações de Cuba” – foi introduzida por Claude Pepper.

A referida lei estabelece que o Representante Comercial dos Estados Unidos

solicitará a todas as agências importantes do Executivo, que preparem recomendações

apropriadas no sentido de reforçar as restrições sobre a importação de artigos de

Cuba, a serem apresentadas ante o Congresso, em um período de noventa dias, para

sua posterior aplicação.

3 de novembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de 32 empresas de navegação

identificadas como nacionais especialmente designadas de Cuba, com as quais os

nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro Federal,

novembro 3, 1988).

21 de novembro – De acordo com o estabelecido pela lei Omnibus de Comércio

e Competitividade de 1988, o Representante Comercial dos Estados Unidos apresenta

seu informe ao Congresso, com um detalhado número de programas e medidas a

serem desenvolvidas pelas agências federais a fim de se aumentar a eficácia do

bloqueio contra Cuba.

As referidas ações incluem desde disposições de autoridade penal civil no

âmbito da Lei de Comércio com o Inimigo, até ações do Escritório de Controle de

Ativos Estrangeiros (ECAE) para trabalhar com outras agências governamentais na

recompilação de toda a informação disponível sobre a rede comercial internacional de

Cuba, que permita a identificação mais efetiva das entidades controladas por esta e o

monitoramento de suas transações econômico-comerciais com outros países.

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22 de novembro – O governo dos Estados Unidos proíbe pela primeira vez às

pessoas que viajam a Cuba utilizar cartões para pagamento de seus gastos na Ilha; a

proibição até então existente era contra emissores de cartões de crédito e os bancos

intermediários que processavam e realizavam pagamentos de transações com cartões

de crédito. É restringido o sistema de licenças gerais para os organizadores de

sistemas de viagens a Cuba, e é imposta a emissão de licenças específicas,

outorgadas pelo período de um ano e sujeitas à renovação.

É estabelecido em requerimento que as pessoas sujeitas à jurisdição dos

Estados Unidos só poderão proporcionar serviços para cobrança ou envio de remessas

a familiares próximos em Cuba mediante a obtenção de uma licença específica, sujeita

à renovação anual, e a prévia demonstração de que utiliza os procedimentos

necessários para evitar que seus clientes violem as restrições impostas a tais

remessas.

É restringida a emissão de licenças para transações inerentes a comunicações

telefônicas e telegráficas com Cuba.

É estabelecida a proibição a cidadãos norte-americanos e/ou pessoas sujeitas à

jurisdição dos Estados Unidos de ter qualquer tipo de participação – por menor que

esta seja – nas transações de subsidiárias no exterior com Cuba.

1989

24 de janeiro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de dezoito empresas de

navegação identificadas como nacionais de Cuba especialmente designadas, com as

quais os nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro

Federal, janeiro 24, 1989).

10 de abril - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de dezesseis pessoas jurídicas

identificadas como nacionais de Cuba especialmente designadas, com as quais os

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nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro Federal, abril 10,

1989).

20 de julho – O Senado dos Estados Unidos aprova uma emenda, apresentada

por Connie Mack, republicano da Flórida, referente à proibição às firmas subsidiárias

de companhias norte-americanas, estabelecidas em outros países, de realizar

operações comerciais com Cuba.

25 de agosto – Os Estados Unidos impõe aos cidadãos norte-americanos que

viajam a Cuba um limite de US$ 100 diários em seus gastos de hotel, alimentação,

diversão e compras de artigos cubanos.

20 de setembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de treze pessoas jurídicas

panamenhas identificadas como nacionais de Cuba especialmente designadas, com as

quais os nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro

Federal, setembro 20, 1989).

7 de outubro - O Departamento de Estado anula a emenda Mack após

impugnações por parte dos sócios comerciais dos Estados Unidos.

24 de outubro - Os Estados Unidos limitam o horário noturno dos vôos "Charter"

a Havana e aumentam o preço da passagem.

31 de outubro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de 33 pessoas jurídicas

panamenhas identificadas como nacionais de Cuba especialmente designadas, com as

quais os nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro

Federal, outubro 31, 1989).

29 de novembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do

Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de 49 pessoas jurídicas

identificadas como nacionais de Cuba especialmente designadas, com as quais os

nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro Federal,

novembro 29, 1989).

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1990

30 de janeiro - Uma unidade do Serviço de Guarda-Costeira dos Estados Unidos

metralha e tenta afundar o navio mercante "Herman", de bandeira panamenha,

arrendado por Cuba e composto por uma tripulação de marinheiros cubanos, enquanto

navegava por águas internacionais do Golfo do México com uma carga de minérios

destinada ao porto de Tampico.

27 de março – Iniciadas as transmissões da TV Martí da Flórida para Cuba.

Avisado por agente infiltrados, o governo cubano consegue interceptar e bloquear

definitivamente o sinal dezessete segundos após o início das transmissões.

17 de maio - O Senado norte-americano aprova uma versão da emenda Mack.

14 de outubro - Infiltração armada por Santa Cruz del Norte, que foi organizada

em Miami pelo Partido Unidade Nacional Democrática (PUND), Exército Nacional

Cubano de Libertação, Diretório Insurrecional Nacionalista (DIN) e Comandos L. Todos

os envolvidos são detidos.

18 de outubro - Um comitê misto do Senado e da Câmara de Representantes

aprova uma versão conjunta da emenda Mack.

16 de novembro - O presidente George Bush veta a emenda Mack.

1991

20 de fevereiro - O Senado ratifica a aprovação da emenda Mack.

Julho – O representante democrata por Nova Jersey, Robert G. Torricelli,

introduz na Câmara um projeto denominado “Ata para a Democracia Cubana de 1991”

para: impedir que comerciem com Cuba subsidiárias radicadas em outros países;

reduzir a assistência econômica aos países que importarem açúcar de Cuba; restaurar

a “lista negra” de barcos ao pretender o confisco dos que chegarem a portos cubanos e

posteriormente entrarem em portos norte-americanos; restringir a emigração mediante

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a utilização de vistos turísticos; e restringir as remessas enviadas a familiares próximos

em Cuba para que viajem para os Estados Unidos.

17 de setembro - Infiltração dos contra-revolucionários Alexis Lázaro Macías e

Adalberto Ramos Monteagudo. A operação é organizada em Miami pelo Directorio

Insurreccional Nacionalista (DIN), encabeçado pelo terrorista Héctor Alfonso Ruiz. Os

objetivos da infiltração são: sabotar lojas de turismo para criar terror entre os

estrangeiros e distribuir propaganda contra-revolucionária.

São apreendidos uma balsa, empregada na operação, assim como duas

pistolas e um aparelho de rádio.

27 de setembro – O Departamento do Tesouro anuncia a redução para 500

dólares dos gastos dos cubano-norte-americanos para convidar seus familiares

residentes na Ilha. A medida inclui também a redução para 300 dólares da quantidade

de dinheiro que os exilados cubanos podem enviar aos seus familiares na ilha a cada

três meses.

1992

18 de abril – O presidente dos Estados Unidos, George Bush, em uma

declaração pública, instrui o Departamento do Tesouro a restringir ainda mais o

transporte marítimo tanto de passageiros como de mercadorias para ou de Cuba,

através de regulações que proíbam a entrada em portos norte-americanos de barcos

de outros países que participarem do comércio com Cuba.

4 de julho - Um grupo de Comandos L tenta atacar alvos situados na região

costeira da província de Havana. Ao detectar patrulhas cubanas, deslocam-se para

águas próximas à praia de Varadero, onde a embarcação em que viajavam sofre

avarias mecânicas. Posteriormente, são resgatados por um navio da guarda-costeira

norte-americana.

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As autoridades norte-americanas apreendem, além da embarcação, armas,

mapas e fitas de vídeo que filmaram durante a viagem. Depois de serem interrogados

pelo FBI, são postos em liberdade.

7 de outubro - Os terroristas Guillermo Casasús Toledo, Miguel Hernández e

Jesús Areces Bolívar, pertencentes à organização Comandos L, metralham de uma

embarcação procedente dos Estados Unidos as instalações do hotel Meliá Varadero.

Esta ação marca a nova estratégia terrorista de concentrar a atenção sobre o turismo

estrangeiro em Cuba, para tratar de afetar a imagem internacional do país e uma das

principais linhas de desenvolvimento de sua economia.

23 de outubro – O presidente Bush aprova a Lei Torricelli, impondo novas e

importantes restrições econômicas, comerciais e financeiras contra Cuba, e reforçando

ainda mais o caráter extraterritorial do bloqueio.

Em virtude da referida lei, junto às proibições impostas a barcos que entrarem

em portos cubanos, fica proibido o comércio de Cuba com subsidiárias em outros

países de matrizes norte-americanas, cujo volume já nesses momentos superava o

valor de US$ 700 milhões, e que era constituído em 90,6% de alimentos e

medicamentos.

Novembro – O Departamento de Controle de Bens Estrangeiros (DCBE)

restringe as regulações de viagens a Cuba, eliminando a autorização de viagens de

“pesquisas de mercado” privadas para as companhias e consultores dos Estados

Unidos.

O Departamento do Tesouro proíbe a nacionais de outros países introduzir nos

Estados Unidos charutos e rum procedentes de Cuba, ainda que sejam para consumo

próprio.

29 de dezembro - Seqüestrado um AN-26 da companhia Aerocaribbean, com 47

pessoas a bordo, conduzido a Miami.

1993

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26 de janeiro-25 de fevereiro - Emissoras de rádio de Miami transmitem pelo

menos vinte mensagens, incitando à eliminação física de Fidel Castro, cem apelos à

realização de atos de sabotagem da economia cubana, 124 exortações a militares

cubanos para que derrubem o governo de seu país e 471 convocações para executar

ações de propaganda contra o Estado.

2 de abril – O navio-tanque "Mykonos", de bandeira maltesa e tripulação

cubano-cipriota, é metralhado a sete milhas ao norte de Matanzas por uma lancha

rápida, tripulada por membros do chamado Exército Armado Secreto, grupo terrorista

radicado em Miami.18 de maio - Um avião de matrícula N8447M, de propriedade da

organização Hermanos al Rescate, viola o espaço aéreo cubano, ao norte de Santa

Cruz, sendo perseguido por um caça da Força Aérea cubana.

Setembro – O Departamento de Estado envia a todas as embaixadas dos

Estados Unidos no exterior, instruções para que advirtam os cidadãos dos países onde

estão estabelecidas, de que antes de esses países ou seus empresários investirem em

Cuba, devem se assegurar que as propriedades que lhes estão sendo oferecidas não

pertenceram anteriormente a indivíduos ou companhias dos Estados Unidos ou a

cubano-americanos, já que, uma vez derrubada a Revolução, serão realizados

processos legais nesse sentido.

2 de setembro - É detido o cidadão mexicano Marcelo García Rubalcava,

residente nos Estados Unidos, com quem são apreendidos explosivos e propaganda

subversiva. O terrorista admite sua ligação com a organização Alpha 66 e a

participação pessoal de Andrés Nazario Sargén nos preparativos de sua operação, que

consistia em realizar atentados contra instalações turísticas em território cubano e

inclusive contra o Presidente Fidel Castro.

1994

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25 de fevereiro - Um membro do grupo Hermanos al Rescate e informante do

FBI, sobrevoa em uma das aeronaves dessa organização as cercanias de Cuba, na

tentativa de interferir nas transmissões de rádio da polícia cubana.

11 de março – É metralhado o hotel Guitart-Cayo Coco por uma lancha

tripulada por membros da organização Alpha 66, ação que se repete e 6 de outubro

desse mesmo ano.

30 de abril – O Congresso dos EUA adota uma resolução no sentido de que o

Presidente deva defender e conseguir um "embargo" internacional, com mandato do

Conselho de Segurança das Nações Unidas, contra Cuba.

8 de agosto –Um navio auxiliar da Marinha de Guerra Revolucionária é

seqüestrado no Porto de Mariel e o tenente Roberto Aguilar Reyes é assassinado por

Leonel González, que consegue fugir para os Estados Unidos, onde é recebido como

herói e desfruta de impunidade total após o crime praticado.

20 de agosto – O governo dos Estados Unidos proíbe a partir desse momento

remessas para Cuba; estabelece que o envio de pacotes de medicamentos a Cuba, só

será autorizado com caráter estritamente humanitário e mediante a emissão de

licenças específicas por parte do Departamento do Tesouro; limita os vôos charter

entre os EUA e Cuba somente aos necessários para a emigração legal; amplia as

transmissões clandestinas de rádio e televisão para Cuba.

Quatro aviões do Hermanos al Rescate voaram entre Matanzas e Cabañas,

perto das costas cubanas. Um deles viola o espaço aéreo ao norte de Santa Fe, em

Havana, en uma frente de 25 km e uma profundidade de 7 km. Estão a bordo de uma

destas aeronaves o líder do grupo, José Basulto, e Orestes Lorenzo.

9 de setembro – Assinado Comunicado Conjunto pelos governos norte-

americano e cubano, estabelecendo que:

os migrantes resgatados no mar e que tentem entrar nos Estados Unidos não serão autorizados a fazê-lo.

ambos os países se comprometeram a cooperar para empreender ações oportunas e efetivas que impeçam o transporte ilícito de pessoas com destino aos Estados Unidos.

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Ambos os governos adotarão medidas efetivas para opor-se e impedir o uso da violência por parte de qualquer pessoa que tente chegar ou que chegue aos Estados Unidos tendo saído de Cuba mediante o desvio forçado de aeronaves e embarcações (Roque, 2003: p. 24).

6 de outubro - Novamente um comando armado da organização Alpha 66

disparas rajadas de armas automáticas contra o hotel "Guitart Cayo Coco".

1995

Fevereiro – O senador republicano Jesse Helms introduz no Congresso um

projeto de lei com o propósito de: estrangular economicamente Cuba; reforçar o

bloqueio; paralisar os investimentos estrangeiros em Cuba; derrubar o governo cubano

e regulamentar um processo de devolução das propriedades nacionalizadas

legitimamente pelo governo cubano. O referido projeto, em toda a sua extensão,

reforça o caráter extraterritorial do bloqueio a Cuba.

20 de março - Detidos no aeroporto de Havana os cidadãos norte-americanos de

origem cubana Santos Armando Martínez Rueda e José Enrique Ramírez Oro, que

haviam colocado uma carga explosiva de 1,38 kg de C-4 em um hotel de Varadero, que

foi detectada e desativada. Martínez Rueda declara ter recebido o apoio logístico e o

financiamento de Ángel Bonet, Guillermo Novo e Arnaldo Monzón, todos líderes da

Fundação Nacional Cubano-Americana.

2 de maio – Os governos norte-americano e cubano emitem outra Declaração

Conjunta, na qual acrescentam ao comunicado anterior que:

A partir deste exato momento, os emigrantes cubanos que forem interceptados em alto-mar pelos Estados Unidos, serão devolvidos a Cuba.

[...]

Ambas as partes reafirmam seu compromisso de tomar medidas para impedir as saídas perigosas de Cuba, que possam significar o risco de perda de vidas humanas, e de se opor a atos de violência associados à emigração ilegal (op. cit.: p. 26).

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20 de maio - Novamente atacado o hotel "Guitart Cayo Coco", em Ciego de

Ávila, por rajadas disparadas de uma lancha rápida da organização terrorista Alpha 66.

Dias depois, o Alpha 66 assume publicamente a autoria da ação.

13 de agosto – Aviões do grupo Hermanos al Rescate sobrevoam Havana de

maneira provocadora.

12 de dezembro – Preso Eusebio de Jesús Peñalver Mazorra pelas autoridades

norte-americanas na Califórnia, quando participava dos preparativos para realizar uma

incursão armada contra Cuba, ocasião em que foi apreendido com ele um

carregamento de armas. É vinculado ao terrorista Luis Posada Carriles, preso no

Panamá por planejar explodir 48 kg de explosivos em uma reunião de estudantes onde

estaria presente o Presidente do Conselho de Estado de Cuba.

1996

9 de janeiro - Aviões do grupo Hermanos al Rescate sobrevoam Cuba e

despejam milhares de panfletos.

12 de janeiro - Detido o emigrado cubano residente nos Estados Unidos, Cecilio

Reynoso Sánchez, membro da Frente Nacional Presidio Político Cubano, quando se

dispunha a transladar 900 gramas de explosivo C-4, mecanismos elétricos de

detonação, de Havana a Pinar del Río.

13 de janeiro - Aviões do Hermanos al Rescate violam novamente o espaço

aéreo cubano, ocasião em que despejam grande quantidade de panfletos sobre vários

municípios de Havana. Participaram da ação os aviões N-2506, pilotado por Basulto

em companhia de Arnaldo Iglesias, e o N-108LS, pilotado por Carlos Costa e Mario de

la Peña.

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11 de fevereiro - Capturados três cubanos residentes nos Estados Unidos que

penetram a bordo de uma lancha rápida na baía de Cárdenas para atirar contra o hotel

Meliá Las Américas e distribuir propaganda subversiva.

24 de fevereiro – Dois aviões do grupo Hermanos al Rescate invadem o espaço

aéreo de Cuba. Depois de diversas advertências e da intervenção de jatos da Força

Aérea cubana, ambos são abatidos, morrendo quatro tripulantes. Um terceiro escapa

(por não estar em espaço aéreo cubano), levando a bordo o líder da organização

contra-revolucionária, José Basulto.

26 de fevereiro - Clinton elimina os vôos "Charter" para Cuba e anuncia que

apoiará a Lei Helms-Burton, em represália à derrubada dos dois aviões ocorrida dois

dias antes.

12 de março – O presidente Bill Clinton assina a “Lei para a Liberdade e

Solidariedade Democrática Cubanas”, conhecida como Lei Helms-Burton, em sua pior

versão (N. do A.: essa lei será discutida de modo mais aprofundado a posteriori).

29 de maio – É enviada pelo Departamento de Estado Carta de Advertência à

companhia canadense Sherrit, por violar o disposto na Lei Helms-Burton.

Posteriormente, o governo dos Estados Unidos notifica a Sherrit que quinze de seus

executivos e familiares não poderão mais entrar no território dos Estados Unidos, em

represália a suas atividades econômicas em Cuba.

Julho - Jogada uma bomba incendiária no Centro Basco de Miami, antes da

apresentação da artista cubana Rosita Fornés, de visita aos Estados Unidos.

7 de julho - Seqüestrado em Santiago de Cuba um avião AN-2 e conduzido à

base naval de Guantânamo.

16 de julho – Entra em vigor o Título III da Lei Helms-Burton .

O presidente Clinton suspende por seis meses as ações que poderiam ser

apresentadas nos tribunais, o que não afeta em nada a validade do título em sua

íntegra.

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16 de agosto - Designado Stuart Eizenstat como "Enviado Especial", com o

objetivo de conseguir um compromisso com os aliados dos EUA para internacionalizar

o bloqueio, entre outros fins.

19 de agosto – O Departamento de Estado envia cartas de advertência a

diretores da companhia mexicana DOMOS em cumprimento ao Título IV da lei Helms-

Burton.

21 de agosto - Detido em Cuba o terrorista norte-americano Walter Van Der

Veer, que havia introduzido clandestinamente vários objetos e meios de uso militar das

forças armadas dos Estados Unidos. O elemento realizara ações de propaganda com

materiais impressos que exortavam à sublevação popular e organizou planos

terroristas contra centros sócio-econômicos, religiosos e militares, no âmbito das

orientações da denominada Frente de Liberación Cubano, encabeçada em Miami por

Guillermo "Willy" Chávez. Também declara pertencer aos Comandos L.

20 de setembro – Anuncia-se a criação, no Departamento de Estado, da

“Unidade para a Aplicação da Lei Helms-Burton” dentro do Escritório de Assuntos

Cubanos, encarregada de “monitorar” toda a atividade econômica, comercial e

financeira de nacionais e entidades de outros países com Cuba, e de manter um

registro das propriedades reclamadas em Cuba.

21 de outubro - Um monomotor tipo S-2R (matrícula N-3093M) de propriedade

do Departamento de Estado, despeja uma substância com uma praga do tipo Thrip

Palmi Karny, ao sobrevoar o corredor internacional "Girón" cerca de 25-30 km ao sul da

praia de Varadero. A atividade foi observada por tripulantes de uma aeronave da

Cubana de Aviación, quando sobrevoava a região.

23 de outubro – O Departamento do Tesouro, cumprindo instruções

presidenciais, ordena ao Chase Manhattan Bank a transferência de US$ 1,2 milhão dos

fundos pertencentes a Cuba, ali congelados, para os familiares dos pilotos da

organização contra-revolucionária Hermanos al Rescate, mortos por ocasião da

derrubada dos seus aviões quando violavam ilegalmente o espaço nacional cubano.

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12 de novembro - A X Reunión de Ministros de Meio-Ambiente de América

Latina e Caribe, realizada em Buenos Aires del 11 al 12 de novembro decide rechaçar

o bloqueio a Cuba e suas conseqüências nefastas.

24 de novembro – A OSPAAAL condena nos termos mais duros a Lei Helms-

Burton e exige o fim incondicional do bloqueio a Cuba.

1997

13 de janeiro – O Departamento de Estado envia Carta de Advertência à

companhia israelense BM Group, de acordo com o estabelecido na lei Helms-Burton.

Posteriormente, são negados os vistos de entrada nos Estados Unidos aos seus

executivos e familiares, em represália por suas atividades econômicas em Cuba.

23 de janeiro – O Departamento de Estado envia Carta de Advertência à

companhia panamenha Motores Internacionales S.A.

28 de janeiro – Emitido um Informe Presidencial em Washington intitulado “Apoio

para uma transição democrática em Cuba”.

1° de abril - Detido nos Estados Unidos o cidadão espanhol Francisco Javier

Ferreiro por violação das regulações do bloqueio.

8 de abril – Em aplicação às regulações do bloqueio, é confiscada pelas

autoridades norte-americanas uma aeronave que levara a Cuba doações de

medicamentos.

11 de abril - Dada publicidade ao "entendimento" alcançado entre a União

Européia e os EUA, através do qual estes conseguem suspender a Comissão da OMC

para a Ley Helms-Burton, requerida pelos europeus.

12 de abril - Ocorre uma explosão de intensidade média na discoteca "Aché" do

hotel Meliá Cohiba. A bomba fora colocada pelo terrorista salvadorenho Francisco

Chávez Abarca, membro do setor terrorista da Fundação Nacional Cubano-Americana,

dirigido na América Central por Luis Posada Carriles.

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17 de abril – O Departamento de Estado revoga a licença outorgada para a

mudança do registro nos Estados Unidos da marca Havana Club de Cubaexport para

Havana Rum & Liquors, e desta para Havana Club Holding, causando dano aos direitos

da companhia européia Pernord Ricard.

30 de abril - Desativado um artefato explosivo no 15º andar do hotel Meliá

Cohiba, que havia sido colocado pelo terrorista Chávez Abarca.

24 de maio - Ocorre uma forte explosão em frente às instalações da empresa

cubana "Cubanacán", no México, que causa diversos danos. Posteriormente se

descobre que o terrorista Francisco Chávez Abarca havia estado no país nessa mesma

data.

20 de junho – O Departamento de Estado envia Carta de Advertência à empresa

Cementos Curazao S.A.

12 de julho - Explodem diversos artefatos nos hotéis "Nacional" e "Capri", de

Havana, causando danos e deixando três feridos. Ambos os artefatos foram colocados

pelo terrorista salvadorenho Raúl Ernesto Cruz León.

4 de agosto - Ocorre a explosão de uma bomba colocada no lobby do hotel

Meliá Cohiba pelo terrorista salvadorenho Otto René Rodríguez Llerena.

11de agosto - Publicada pela FNCA, na imprensa de Miami, uma declaração de

apoio às ações terroristas com explosivos que ocorreram em Cuba contra alvos

turísticos. O documento é firmado por 28 de seus diretores, incluindo Jorge Más

Canosa.

20 de agosto - As autoridades portuárias de Jacksonville, Flórida, concordam em

pagar a multa de 20.000 dólares por violarem as regulações do bloqueio durante uma

viagem realizada a Cuba em 1995.

22 de agosto – Ocorre uma explosão de pequena potência no hotel "Sol

Palmeras", na praia de Varadero. Acusados pela ação os guatemaltecos Jorge

Venancio Ruiz e Marlon Antonio González Estrada, membros do agrupamento

terrorista de Luis Posada Carriles.

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4 de setembro - Ocorrem explosões nos hotéis "Tritón", "Copacabana", e

"Chateau Miramar", praticadas pelo terrorista Raúl Ernesto Cruz León, que nesse

mesmo dia é detido.

Em conseqüência da explosão no "Copacabana", morre o jovem turista italiano

Fabio Di Celmo.

Na noite desse mesmo dia ocorre uma terceira explosão na "Bodeguita del

Medio". Essa ação também foi executada pelo terrorista Cruz León, que colocou o

artefato com mecanismo de retardo mas, apesar de ter sido detido, não informou

acerca desse outro ato de sabotagem.

19 de outubro - Detectado um artefato explosivo na parte traseira de um

microônibus da "Transtur", colocado pelos guatemaltecos Marlon Antonio González

Estrada e Jorge Venancio Ruiz.

30 de outubro – Encontrado um artefato explosivo debaixo de um quiosque de

venda localizado na área externa do terminal aéreo N°. 2 do aeroporto José Martí.

Posteriormente se revela que os autores materiais do atentado foram os guatemaltecos

Jorge Venancio Ruiz e Marlon Antonio González Estrada.

17 de novembro - O Departamento de Estado envia Carta de Advertência à

companhia israelense BM Group, estabelecendo 45 dias de prazo para a aplicação das

regulações do Título IV da Lei Helms-Burton.

17 de dezembro - Um juiz federal da Flórida condena a República de Cuba e a

Força Aérea cubana no processo movido por familiares dos falecidos nos incidentes de

24 de fevereiro de 1996, determinando que os mesmos sejam indenizados na quantia

valor de 187,6 milhões de dólares

1998

28 de fevereiro – A CIA torna público um documento de outubro de 1961,

redigido por seu inspetor-geral em exercício. Nele é revelado que, desde a primavera

de 1959, a um custo de US$ 4,4 milhões, tivera início aquele que denominaram de

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“programa de resistência interna por meio de ajuda clandestina externa”, que

compreendia tanto a criação de uma “oposição” dentro de Cuba como “a formação de

uma organização exilada cubana”. Em apenas um ano, o orçamento inicial aumentou

para US$ 40 milhões.

12 de março – O Chefe de Assuntos Cubanos no Departamento de Estado dos

EUA, ao fazer uma declaração ante o Comitê do Congresso, assinalou que o fomento

da “oposição” em Cuba era o elemento-chave da política norte-americana, e citou

como resultado disso a aprovação de cinco projetos no valor de 1,5 milhão de dólares

para 1998, outros cinco de um milhão de dólares em fase final de aprovação e outras

propostas adicionais sob análise.

20 de março – O presidente Clinton anuncia uma política que, se por um lado se

limita a restabelecer medidas anteriormente eliminadas, como os vôos charter diretos e

o envio de remessas a familiares em Cuba, por outro, se refere a anúncios impossíveis

de serem materializados devido a restrições impostas pelo bloqueio.

18 de maio – Os Estados Unidos e a União Européia chegam a um

entendimento sobre as normas para reforçar a proteção dos investimentos em

propriedades norte-americanas nacionalizadas em todo o mundo. A sua entrada em

vigor fica condicionada à modificação do título IV da lei Helms-Burton por parte do

Congresso.

21 de julho – O Departamento do Tesouro, por solicitação do Departamento de

Estado, nega licença à empresa PWN Exhibicon International para a realização de uma

exposição de produtos médicos em janeiro de 1999 em Havana, com a participação de

uma centena de empresas dos Estados Unidos, argumentando que esta não seria

coerente com a política relativa a Cuba.

22 de julho – Colocado em liberdade o empresário espanhol Javier Ferreiro,

após cumprir 16 dos 18 meses da condenação por violar o bloqueio.

8 de setembro – Perante a comissão especial do Senado sobre sanções

econômicas, o subsecretário de Estado, Stuart Eizenstat, reitera que a Administração

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manterá as sanções econômicas unilaterais, incluindo as restrições para a venda de

medicamentos e alimentos, contra cinco países, entre os quais Cuba.

12 de setembro – Presos cinco cubanos (Gerardo Hernández Nordelo, Ramón

Labañino Salazar, René González Sehwerert, Fernando González Llort e Antonio

Guerrero Rodríguez) que espionavam os grupos contra-revolucionários em Miami, a

fim de evitar ataques terroristas contra Cuba. Eles passarão 17 meses em solitárias

até serem finalmente acusados e condenados a penas de 15 anos à dupla prisão

perpétua por “ameaçar a soberania nacional dos EUA”, em um julgamento

completamente anômalo, com juízes, jurados e promotores escolhidos a dedo pela

máfia contra-revolucionária.

30 de setembro – O Departamento do Tesouro suspende por tempo indefinido

as licenças das companhias C&T Charters e Wilson International para operar vôos com

destino a Cuba através de outros países, devido, segundo informações de imprensa,

ao descumprimento de requisitos do governo dos Estados Unidos.

21 de outubro – O presidente Clinton assina a Lei de Destinações

Orçamentárias para 1999 (“Ómnibus Bill”), que inclui um conjunto de emendas

anticubanas dirigidas, entre outros propósitos, a exercer um maior controle do

Congresso sobre o cumprimento do Título IV da Lei Helms-Burton e ampliar a sua

interpretação, para aplicá-lo aos “confiscadores” de propriedades norte-americanas em

todo o mundo e interferir no desenvolvimento normal dos Acordos Migratórios ao

estipular a verificação de seu cumprimento por meio de um monitoramento em Cuba do

tratamento recebido por imigrantes ilegais repatriados.

Como parte deste conjunto de emendas, também se aprova a Seção 211, com

incidência nos direitos de propriedade industrial e concebida para impedir que as

marcas em geral, marcas de fábricas ou nomes comerciais de cidadãos norte-

americanos ou cubano-americanos, nacionalizados por Cuba, possam ser validadas e

registradas nos Estados Unidos. Também são destinados dois milhões de dólares para

o financiamento, dentro de Cuba, de “frações políticas de oposição, ativistas de direitos

humanos e jornalistas independentes”.

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18 de dezembro – O juiz King, de Miami, emite uma nova ordem judicial para

embargar os fundos resultantes das operações de várias companhias telefônicas que

têm relações de negócios com Cuba (Global One, AT&T Corporation, AT&T de Porto

Rico, Worldcom, Wiltel, MCI e Telefónica Larga Distancia de Porto Rico). Ordem similar

é enviada ao Chase Manhattan Bank e ao Citigroup.

1999

5 de janeiro – A Administração Clinton anuncia a política que mantém o bloqueio

intacto, sem qualquer modificação, e rechaça a proposta para a criação de uma

Comissão Bipartidária para avaliar a política dos Estados Unidos em relação a Cuba,

apresentada por um grupo de importantes figuras políticas de ambos os partidos e

membros do Congresso.

Clinton anuncia que continuam em vigor: as restrições às remessas de dinheiro

e que tais de cubano-americanos a seus familiares em Cuba; as proibições de viagens

à i lha e as sanções aos que as violarem; a limitação a uma vez por ano das viagens

de caráter emergencial e humanitário de cubano-norte-americanos a Cuba; a

ampliação seletiva das categorias de norte-americanos autorizados a viajar a Cuba,

ainda que mantido o controle das referidas viagens através da emissão de licenças; a

permissão, mediante seleção das autoridades dos Estados Unidos e a concessão de

licenças caso a caso, algumas vendas de alimentos a indivíduos em Cuba, e o

incremento de fundos para as transmissões subversivas por rádio e televisão contra

Cuba.

4 de fevereiro – Em reunião realizada com a Direção do Diário de Las Américas,

a secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, diz:

Temos armas inteligentes apontando para o alvo que queremos. Desejamos ajudar a criar uma pequena economia de mercado independente e tratar de fazer com que o povo (cubano) continue se expandindo e consiga se separar por completo do poder do Estado (Cronología, 2003).

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25 de fevereiro – A empresa mista ETECSA decide cortar as comunicações

telefônicas diretas com os Estados Unidos, em resposta ao embargo dos pagamentos

a Cuba que deveriam efetuar as companhias de telecomunicações norte-americanas

pelos serviços prestados aos Estados Unidos. Este embargo foi declarado pelo juiz

King da Flórida com base na demanda apresentada pelos familiares dos pilotos do

grupo Hermanos al Rescate derrubados em 24 de fevereiro de 1996.

3 de março - Meios de comunicação dos EUA divulgam a abertura de processo

contra o cidadão norte-americano Thomas Boylan, por violação das regulações do

bloqueio. Segundo a imprensa, o Serviço de Alfândega dos EUA acusa-o de tentar

desenvolver instalações aéreas e marítimas no porto cubano de Mariel.

14 de março - O Chefe da Seção para Cuba do Departamento de Estado, M.

Ranneberger, em conferência patrocinada pela empresa Equity International, e

reiterando a retórica tradicional da política da Administração em relação a Cuba,

qualifica as medidas de 5.01.99 de positivas e critica os europeus por investir na Ilha.

24 de março – O chefe de Assuntos Cubanos no Departamento de Estado dos

EUA, em testemunho ante o Congresso norte-americano, afirma que, desde 1996, em

apoio às atividades dentro de Cuba de “frações políticas de oposição, ativistas de

direitos humanos e jornalistas independentes”, foram gastos quatro milhões de dólares

e dois milhões adicionais aprovados em sua instrumentação e um milhão para novos

projetos encontravam-se em processo de revisão.

13 de abril – A juíza Shira Scheindlin de Nova York decide a favor da empresa

Bacardí e contra a Havana Club. A juíza diz em sua sentença que se baseara na

Seção 211, introduzida e aprovada com manobras fraudulentas no Congresso dos

Estados Unidos por solicitação da Bacardí, quando já se encontrava bastante

avançada a disputa comercial entre ambas as partes. A Seção 211 suprimiu à empresa

mista cubano-francesa os direitos legais de que gozava até o momento nas Cortes

norte-americanas.

16 de abril – O Departamento de Estado multa, por violação das restrições de

viagens a Cuba, as empresas norte-americanas C&T Charters Inc. e Wilson

International Service e a publicação Harper’s Bazaar.

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30 de abril – O Departamento de Estado apresenta ao Congresso o Informe

Anual sobre Terrorismo em 1998, onde Cuba, como em anos anteriores e junto com

Irã, Líbia, Coréia do Norte, Sudão e Síria, é incluída na lista de "nações patrocinadoras

do terrorismo internacional". A partir dessa lista, Cuba fica automaticamente sujeita a

diferentes sanções econômicas a partir de leis especialmente elaboradas para esses

países supostamente “terroristas”.

11 de maio – O Departamento de Estado modifica suas regulações sobre Cuba,

impondo controles mais estritos sobre as pessoas que se encontrarem baixo jurisdição

dos Estados Unidos e que viajarem à ilha em condição de “fully hosted” , e mantém as

restrições às viagens dos cubano-americanos e ao envio de remessas aos seus

familiares.

Junho – O DCBE, segundo o estabelecido pela Lei Helms-Burton, envia Cartas

de Advertência a três norte-americano-panamenhos, principais executivos da

companhia panamenha Motores International S.A., ordenando o fim dos vínculos com

Cuba, sob pena de serem presos por violação das regulações do bloqueio.

7 de junho - O Departamento de Estado, segundo o estabelecido pela Lei

Helms-Burton, envia Carta de Advertência à companhia jamaicana Superclud Hotel

Inc., notificando-a de suposta violação de sua empresa ao “traficar” com propriedades

confiscadas.

1° de julho – O Departamento de Estado divulga que, depois de investigar a

companhia espanhola Sol Meliá por suas operações em Cuba, informou a esta que

poderá ser alvo de sanções de acordo com a Lei Helms-Burton, graças às atividades

hoteleiras na zona norte da província de Holguín. Apesar disso, não se prosseguiu o

processo normal para notificar e posteriormente sancionar a Sol Meliá por “tráfico com

propriedades confiscadas”. Nesse mesmo período foram realizadas ações similares

contra a empresa francesa Club-Med.

12 de julho - O Subsecretário de Estado Stuart Eizenstat envia uma carta aos

advogados da Bacardí, afirmando que o governo dos EUA não está interessado nem

estabeleceu qualquer compromisso com a União Européia para revogar a Seção 211.

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15 de julho - O Departamento de Comércio convoca uma sessão informativa

sobre a outorga de licenças para a venda de medicamentos e alimentos a Cuba, onde

reitera que não serão aprovadas licenças para vendas a empresas vinculadas ao

governo cubano. Não foi determinado que entidades seriam consideradas

“independentes” do governo cubano.

12 de agosto - A Corte de Apelações de Atlanta decide a favor da ETECSA e

contra os familiares dos pilotos do Hermanos al Rescate. A Corte determina a

dissolução dos autos do embargo com base da independência da ETECSA do Governo

da República de Cuba.

31 de agosto – O Departamento de Estado envia uma carta à empresa alemã

LTI International Hotels, na qual a adverte que suas operações em um hotel localizado

na costa norte de Holguín poderão ser motivo de sanções contra ela em virtude da Lei

Helms-Burton.

16 de setembro – O Departamento do Tesouro nega a licença às autoridades do

Porto de Nova Orleans para realizar uma visita a Cuba, argumentando que tal

autorização poderia criar precedentes negativos, já que o órgão havia negado

solicitações similares aos portos de Houston, Nova York e Jacksonville.

24 de setembro - Discurso do chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, no 54°

período de sessões da Assembléia Geral da ONU (N. York). Cuba apresenta uma

demanda ao governo dos Estados Unidos por prejuízos econômicos decorrentes do

bloqueio. Na demanda econômica é solicitada uma indenização de 121 bilhões de

dólares.

Outubro - Os Departamentos do Tesouro e do Estado rechaçam as solicitações

de licença de cem admiradores de Hemingway para que assistam a uma conferência

sobre o escritor norte-americano em Havana.

29 de outubro – O Departamento do Tesouro, após consulta prévia ao

Departamento de Estado, comunica que fora negada uma licença para viajar a Cuba à

Organização de Jovens Presidentes de Minessotta. Para tal, argumentam que o

programa da visita tem matizes turísticos e não um conteúdo identificável com a política

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de “contatos povo com povo”. Posteriormente, os organizadores da visita apelam da

decisão, mas não conseguem revertê-la.

Novembro – O Departamento do Tesouro nega as licenças requeridas por

pesquisadores norte-americanos para assistir a um evento de Biotecnologia realizado

em Havana de 28 de novembro a 3 de dezembro. Alega que o Centro de Engenharia e

Biotecnologia de Cuba não é uma “instituição internacional que organize regularmente

eventos” como o exigem as regulações do bloqueio, e que estas também proíbem a

presença em eventos que tenham por objetivo fomentar o desenvolvimento de produtos

biotecnológicos (op. cit.).

2 de novembro – O tribunal provincial popular da cidade de Havana profere a

sentença condenatória no processo da demanda do povo de Cuba contra o governo

dos Estados Unidos por prejuízos humanos decorrentes do bloqueio e das atividades

subversivas e terroristas contra a Ilha.

25 de novembro – Naufraga uma lancha levando imigrantes ilegais cubanos. O

menino Elián González e mais dois sobreviventes são resgatado por dois pescadores.

Ele é levado a um hospital e entregue em Miami a Lázaro González, seu tio-avô. Inicia-

se uma disputa diplomática entre Cuba e EUA, posto que seus avós, tios, primos, pai e

irmão vivem na Ilha e exigem a sua volta.

2000

12 de janeiro – Entregue pelo governo cubano às autoridades dos EUA o

cidadão norte-americano Jesse James Bell, acusado nos Estados Unidos de

narcotráfico.

20 de janeiro - Um advogado de Miami, Henry Marinello, denuncia as empresas

japonesas Sumitomo Corp. e Mitsubishi Heavy Industries por terem negócios com

Cuba e em Miami, instando o Prefeito de Miami a investigar aquilo que considera uma

violação da lei Helms-Burton.

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4 de fevereiro – O Tribunal de Apelações para o 2° Circuito de Nova York emite

uma decisão desfavorável a Cuba no pleito apresentado pela empresa mista cubano-

francesa do grupo Havana Club contra a Bacardí.

Março – É negado à Cubana de Aviación a participação em uma reunião anual

de clientes de companhias aéreas (Airfare Users Meeting) a ser realizada em Atlanta,

Georgia, Estados Unidos em abril de 2000, alegando as medidas do bloqueio a Cuba.

Maio – A representação no México dos laboratórios norte-americanos Abbott,

ante uma gestão de compra de Cuba, nega-se expressamente a vender 40 ampolas da

suspensão intratraqueal “Survanta”, necessária para salvar a vida de uma criança

cubana.

5 de maio - O Departamento do Tesouro proíbe velejadores dos EUA de

participar da Copa Havana, evento internacional realizado na Marina Hemingway nessa

cidade.

28 de junho – A Corte Suprema de Justiça dos EUA decide que o menino Elián

González não tem direito a asilo político e ele retorna a Cuba com seu pai, irmão e

madrasta, após sete meses de disputa envolvendo os governos cubano, norte-

americano e os grupos contra-revolucionários de Miami.

3 de julho – A União Européia solicita à OMC que constitua uma comissão de

arbitragem contra os Estados Unidos para atuar contra a Seção 211.

7 de julho - O ECAC nega a concessão de licença para que o Prefeito de

Oakland, Jerry Brown, visite Cuba a partir de 22de julho, à frente de uma delegação,

para concretizar a assinatura do Acordo que tornaria irmãs a sua cidade e a de

Santiago de Cuba.

10 de julho – O subsecretário do Tesouro, Stuart E. Eizenstat reconhece na

Conferência Anual sobre o Controle de Exportações organizada pelo Departamento de

Comércio, que existe um amplo “embargo“ contra Cuba, que impede seu acesso ao

mercado e aos investimentos dos Estados Unidos e tem conseqüências adversas para

cidadãos inocentes.

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20 de julho – A Câmara de Representantes aprova, por 301 votos a 116 e por

232 a 186, duas emendas que eliminam os mecanismos impeditivos das vendas de

alimentos e medicamentos e de viagens a Cuba.

25 de agosto - O Departamento de Estado comunica que não fora aprovada a

concessão de visto de entrada ao Presidente da Assembléia Nacional de Cuba,

Ricardo Alarcón, que viajaria a Nova York para participar da Conferência de

Parlamentos Nacionais da União Inter-Parlamentar.

14 de setembro – A liderança republicana da Câmara de Representantes, em

uma manobra violatória dos procedimentos e regras do Congresso, elimina

arbitrariamente as duas emendas aprovadas em 20 de julho de 2000 do projeto de lei

no qual haviam sido incluídas, impedindo a sua aprovação final.

6 de outubro – O presidente dos Estados Unidos assina a “Lei de Proteção das

Vítimas do Tráfico e da Violência de 2000”, onde se estabelece, em uma das seções,

que as cortes norte-americanas poderão dispor dos fundos cubanos congelados nos

Estados Unidos para recompensar os responsáveis por ações terroristas contra Cuba.

Um grande júri federal na Filadélfia processa a empresa Bro-Tech Corp.

(conhecida também como Purolite Co.) e quatro de seus executivos, pela venda a

Cuba, através do Canadá, México e outros países europeus, de 1993 até 2000, de

resinas para a troca de íons em torno de US$ 2,1 milhões, com a possibilidade de

serem aplicadas multas no valor de um milhão de dólares à empresa e uma sanção de

dez anos de privação da liberdade aos executivos.

28 de outubro – O presidente Clinton assina a Lei de Destinações para a

Agricultura, que elimina as sanções econômicas unilaterais contra todos os países,

exceto Cuba; aplica novas limitações para as vendas de medicamentos e alimentos a

Cuba e reitera que nenhuma de suas disposições altera, modifica ou afeta o bloqueio

contra Cuba. Além disso, converte em lei e endurece as proibições às viagens a Cuba

de pessoas sujeitas à jurisdição dos Estados Unidos.

17 de novembro – Preso no Panamá o terrorista Luis Posada Carriles, radicado

nos Estados Unidos, por planejar explodir 48 kg de explosivos em uma reunião de

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estudantes onde estaria presente o Presidente do Conselho de Estado de Cuba, Fidel

Castro.

2001

21 de setembro - O Ministério das Relações Exteriores de Cuba entrega a Nota

diplomática 1613, contendo a resposta à solicitação de informação apresentada pela

SINA sobre uma lista de vinte e cinco pessoas que poderiam ter entrado em Cuba

como turistas e que eram considerados pelas autoridades norte-americanas como

terroristas.

25 de setembro - O Ministério das Relações Exteriores de Cuba entrega à SINA

a Nota Diplomática 1621, com as informações solicitadas sobre nove cidadãos

estrangeiros que se encontravam no país.

26 de outubro - O Ministério das Relações Exteriores de Cuba entrega à SINA

uma Nota diplomática, na qual manifesta a oferta de venda, a preço de custo, de

medicamentos contra o antrax. São oferecidos até 100 milhões de tabletes de

ciprofloxacina.

27 de outubro - O Ministério das Relações Exteriores entrega à SINA, na

qualidade de doação, 100 tabletes de ciprofloxacina que a missão diplomática norte-

americana havia solicitado para as pessoas que haviam manipulado malas

diplomáticas suspeitas de estarem contaminadas com antrax.

12 de novembro - O Ministério das Relações Exteriores de Cuba comunica à

SINA a disposição do país de entregar, imediatamente, um ou dois equipamentos de

tecnologia avançada, desenvolvidos pelo Centro de Neurociências, que poderiam

ajudar as autoridades médicas norte-americanas na identificação das cepas de antrax.

Assinala-se que haveria a possibilidade de se produzir vários equipamentos para

entregar às autoridades norte-americanas, sem nenhum interesse comercial.

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29 de novembro – Cuba propõe aos Estados Unidos a assinatura de um Pacto

Bilateral contra o terrorismo, recusado pelo governo norte-americano.

3 de dezembro – Reiterada a proposta do pacto contra o terrorismo, com nova

recusa dos Estados Unidos em firmá-lo.

20 de dezembro – Cuba aprova a lei contra atos terroristas, na qual estabelece

penalidades contra quem utilizar o território cubano para organizar atos ou financiá-los

contra qualquer país inclusive os Estados Unidos.

2002

12 de março – Pela terceira vez consecutiva, Cuba propõe aos Estados Unidos

a assinatura de um Pacto Bilateral para lutar contra o terrorismo. Novamente a

administração Bush recusa.

20 de maio - Em uma intervenção pronunciada na Casa Branca, por ocasião da

comemoração do centenário da imposição a Cuba de um regime de dominação

neocolonial por parte dos Estados Unidos, o Presidente Bush declara abertamente que

"os Estados Unidos continuarão fazendo cumprir as sanções econômicas contra Cuba".

17 de setembro - O subsecretário de Estado Assistente para Assuntos do

Hemisfério Ocidental, Dan Fisk, ex-assistente do ex-senador Jesse Helms e um dos

redatores da Ley Helms-Burton, acusa Cuba de desviar as investigações de seu país

em torno dos ataques terroristas de 11 de setembro, fornecendo informações falsas,

insignificantes e desatualizadas e de obstruir, mediante recursos humanos e

eletrônicos, os esforços antiterroristas dos Estados Unidos.

Fisk chega a afirmar que Cuba havia enviado "pelo menos um desertor por mês,

desde 11 de setembro, oferecendo informações falsas sobre atos terroristas que

seriam cometidos contra os Estados Unidos e outros interesses ocidentais" (Cuba no

tiene nada que ocultar, ni nada de qué avergonzarse, 2003).

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11 de novembro – Um pequeno avião AN-2 de fumigação cubano é seqüestrado

e levado para os Estados Unidos. O Ministério das Relações Exteriores de Cuba,

através de suas notas 1778 de 2002 e 180 de 2003, reclama ao governo norte-

americano a devolução dos seqüestradores e do avião. As autoridades norte-

americanas nem sequer levantam acusações contra os seqüestradores, que são

postos em liberdade quatro dias depois. O avião é embargado e leiloado.

17 de dezembro – Reiterada pelo governo de Cuba aos EUA a proposta de

assinatura de um pacto contra o terrorismo, por ocasião da décima nona rodada de

conversações migratórias bilaterais. A tentativa, mais uma vez, revela-se infrutífera.

2003

29 de janeiro – Seqüestrada a embarcação de cimento armado “Cabo

Corrientes”, da Ilha da Juventude, desviada para território norte-americano. As

autoridades cubanas apresentam nota diplomática reclamando a devolução dos quatro

seqüestradores da referida embarcação. Os Estados Unidos ignoram a nota cubana,

sendo os seqüestradores postos em liberdade imediatamente.

6 de fevereiro – Seqüestro de uma lancha rápida de tropas guarda-fronteiras,

desviada para os Estados Unidos. Novamente não há acusação contra os quatro

seqüestradores envolvidos. O Ministério das Relações Exteriores de Cuba exige a

devolução dos seqüestradores e protesta contra essa nova manobra anti-cubana. O

Departamento de Estado não responde a essa nota.

24 de fevereiro – A organização terrorista “Hermanos al Rescate” realiza uma

transmissão ilegal de televisão para Cuba, a partir do espaço aéreo internacional.

Apesar de as autoridades cubanas terem advertido o Governo dos Estados Unidos,

antes desta data, sobre os planos da organização e terem estabelecido claramente que

a sua realização seria uma violação no Regulamento de Telecomunicações da União

Internacional de Telecomunicações, as autoridades norte-americanas nada fazem para

impedir a mencionada transmissão.

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27 de fevereiro – O cubano Adolfo Franco, encarregado do atendimento para a

América Latina e o Caribe na USAID, Agência de Ajuda ao Exterior norte-americana,

declara perante um subcomitê de Relações Exteriores a Câmara de Representantes,

que o referido órgão investiu mais de vinte milhões de dólares desde 1997 na aplicação

da Lei Helms-Burton em Cuba.

19 de março – Realizado o seqüestro de uma aeronave do tipo DC-3 da

Empresa Cubana de Serviços Aéreos, que cobria a rota Gerona – Cidade de Havana.

Os seqüestradores armados são recebidos em Miami e obtêm permissão de

residência.

20 e 21 de março – As autoridades cubanas mantêm contato com o

Departamento de Estado e a SINA, para continuar exigindo a imediata devolução de

todos os passageiros e tripulantes da aeronave seqüestrada, dos seqüestradores e do

avião. As autoridades norte-americanas informam que não devolveriam os seis

seqüestradores e que o avião havia sido embargado por decisão de uma corte norte-

americana, em resposta a uma demanda interposta por uma contra-revolucionária de

Miami.

26 de março – A USAID anuncia que concederá fundos ao projeto de transição

para Cuba, da Universidade de Miami, no valor de um milhão de dólares.

O secretário de Estado, Colin Powell, comparece ante o Subcomitê de Verbas

do Senado e anuncia que o orçamento que apresenta inclui 26,9 milhões de dólares

para as transmissões contra Cuba da Rádio e Televisão Martí.

31 de março – Seqüestrado um avião AN-24 na rota Ilha da Juventude –

Havana, com 46 pessoas a bordo. O seqüestrador, ameaça explodir o avião com uma

granada se não for fornecido combustível para prosseguir o vôo para os Estados

Unidos.

1° de abril – Libertados 22 dos reféns e fornecido combustível para o avião

seguir para os Estados Unidos. Ao aterrissar, os passageiros são algemados, o

seqüestrador e seus cúmplices permanecem em liberdade, o avião é confiscado e a

tripulação retida.

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2 de abril – Seqüestro da lancha “Baraguá” com 50 pessoas a bordo, entre as

quais seis crianças e quatro turistas. Com a falta de combustível e a recusa da Guarda

Costeira de ajudar na resolução do incidente, os guarda-fronteiras rebocam o barco de

volta para o porto de Mariel. Os seqüestradores ameaçam assassinar os reféns caso

não lhes seja dado combustível para ir aos Estados Unidos. O seqüestro encerra-se

com o resgate dos reféns e a prisão dos criminosos. Três destes são condenados à

pena de morte e executados após um julgamento sumário previsto na legislação

cubana.

6 de abril – O jornal Sun Sentinel, da Flórida, publica um artigo sobre a

organização contra-revolucionária Comandos F-4 e seu envolvimento em planos de

sabotagem e incursões armadas em Cuba.

10 de abril – Um grupo de oito homens arrebata o fuzil de um soldado cubano

em um depósito das FAR na Ilha da Juventude com o objetivo de seqüestrar um avião

e desviá-lo para os Estados Unidos. Todos são detidos antes de chegar ao aeroporto.

Um juiz federal dos Estados Unidos ratifica a decisão de um magistrado da

Flórida de libertar sob fiança os seis cubanos acusados de seqüestrar e desviar, em

março, um avião de Cuba com 31 pessoas a bordo.

30 de abril – O governo dos Estados Unidos publica o informe anual

“Patrocinadores do Terrorismo Mundial”, incluindo Cuba como apoiadora do terrorismo.

9 de maio – Cuba denuncia em conferência de imprensa a atuação dos governo

dos Estados Unidos nos últimos incidentes, inclusive com a chamada “dissidência”, e

apresenta provas do envolvimento do chefe da SINA, James Cason, em atividades

contra o governo e soberania cubanas.

12 de maio – O governo dos Estados Unidos expulsa sete diplomatas cubanos

acreditados perante a Organização das Nações Unidas em Nova York por realizarem

“atividades fora de sua capacidade oficial”.

13 de maio – O governo dos Estados Unidos expulsa sete diplomatas da Seção

de Interesses de Cuba em Washington.

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20 de maio – O governo Bush “comemora” a independência de Cuba

convidando para a cerimônia diversos contra-revolucionários, entre os quais terroristas

já detidos algumas vezes pelas próprias autoridades norte-americanas, como Eusebio

de Jesús Peñalver Mazorra, Ernesto Díaz Rodríguez e Ángel Francisco D'fana Serrano.