cruéis- degustação

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CRUÉIS "TUDO QUE PRECISAM É DE UMA OPORTUNIDADE"

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Page 1: Cruéis-  Degustação

CRUÉIS

"TUDO QUE PRECISAM É DE UMA

OPORTUNIDADE"

Page 2: Cruéis-  Degustação

POR

DANKA MAIA

Copyright © por danka maia

Todos os direitos são reservados de acordo com as Normas de Leis e das Convenções Internacionais. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem

autorização por escrito do autor.

www.dankamachine.blogspot.com.br

Preparo de Originais, Revisão, Projeto Gráfico e Diagramação: Danka Maia.

Book Trailer: http://youtu.be/JZiOC04RoLE

Arte da Capa e Design Gráfico:[email protected]

Impressão e Acabamento: Danka Maia

Registro na Biblioteca Nacional: 581.862

Page 3: Cruéis-  Degustação

CAPÍTULO I

A FAMA

Agosto de 2012.

O Audi A4 vermelho rebaixado rasgou poeira na curva com uma estradinha de chão quando Danton concentrado em sua escapada cinematográfica virou o volante com força e contorceu os lábios trocando o câmbio para uma marcha mais potente a fim de se desvencilhar das cinco viaturas policiais que os seguiam ensandecidas e salivantes, alertando Mikha no banco do carona:

_Segure-se. Agora o lance vai começar a esquentar!

Demonstrando tremendo pouco caso pelo aviso de seu irmão, a moça pouco convencional, de traços firmes,olhos verdes, cabelos curtos e negros, calça jeans, botas de couro legítimo e uma com uma blusa branca amarrada pelo meio um dedo abaixo de seus seios colocou uma das pernas no painel dando a última tragada num cigarro que jazia dentro do veículo visto por ela logo que o roubaram a mão armada tomando de um "filhinho de papai" que se jogou ao chão de joelhos com as mãos entrelaçadas desesperado, suplicando pela vida. Se fosse Danton tudo seria muito simplista, ergueria o braço direito sem nenhum pudor sua nove milímetros encostando o cano bem no meio da testa do jovem no auge de seus vinte um anos e dispararia sem nenhuma piedade proferindo:

_Perdeu playboy!

No entanto, quando os acontecimentos paravam na mão de Mikha, podiam-se esperar três coisas: sangue, dor e brutalidades.

Dos dois, ela era o cérebro.

Entre os dois, era a mais vil, gélida e sanguinária. Foi por isto, que quando o pobre garoto rico implorou clemência por seu fôlego de vida, o contemplou com tamanho desprezo chutando-lhe com toda seiva o rosto do rapaz com seu coturno de uso contínuo, o que causou o rompimento imediato de alguns dentes do púbere que caído e com a boca abarrotada de sangue, tentava inda algum tipo de remediação com a garota, que o agarrou por trás pelos cabelos com tamanha selvajaria, que soava descomunal para uma pessoa do sexo frágil.

_Ainda quer viver playboy?

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Ele tão somente resmungou algo do tipo: "_Pelo amor de Deus!". Todavia, tudo que lhe sobrou foi à dor dilacerante dos dois disparos que Mikha efetuou conta ele, colidindo em cheio suas partes.

O Infeliz bramou. E apeteceu nas forças que tinha:

_Por que fez isto?

_Não queria continuar existindo, bostinha? Então, vai, só que brocha. Não se pode ter tudo lindo, e cá entre nós, você já tem até demais!

Após recordar o episódio sorriu jocosa e fitando Danton apenas rebateu:

_Irei é aumentar a merda do som, porque para fugir destes idiotas com um pouco de honra, tem que ser na base da batida certa. -Foi quando sintonizou o solo talhante "Detroit Rock City"

Danton dilacerava o caminho de terra com prioridade máxima sobre o controle do veículo. Fazia isto desde os seus doze anos quando iniciou a puxar seus primeiros autos roubados e revendê-los para adquirir armas e equipamentos mais sofisticados para assalto a bancos com a companhia inseparável de sua "mana" Mikha.

Os dois abriram passagem cedo na delinquência. Não por opção, tinham origem, pais, avós e outros irmãos. Entretanto, sempre souberam que entre eles havia uma ligação maior até que os laços maternos.

Sujaram o nome de sua família.

Desfalcaram todos os bens em fraudes colossais dignas de dar inveja até das mentes mais qualificadas do mercado negro.

A mãe morreu de depressão profunda. O pai matou-se em prol das dívidas, e o que sobrou, mudou-se para recomeçar quiçá em outro planeta.

Em sua trajetória criminal, eram distinguidos pela sua extrema ferocidade com suas vítimas. "Os irmãos Cruéis" como eram conhecidos, eram violentos, selvagens, não esboçaram pena, remorso ou pudor ao cometer as atrocidades com quem estivesse em seu poder, principalmente, Mikha.

Atravessar seu caminho, não era só falta de sorte.

Era uma passagem direta para inferno em vida.

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Entre a longa via batida, Danton acelerou o A4 abusando de toda sua potência, e quando duas viaturas policiais em sentido contrário tentaram os encurralar, magistralmente deu ré no auto, o que deixou Mikha devido o abrupto solavanco, irritada:

_Vê se presta atenção para onde está nos levando, imbecil!

Numa manobra que para ele nada mais era uma entre muitas que dominava, jogou o carro num angulo de noventa graus tomando como direção outra estrada no meio do nada.

Rompeu um pequeno riacho.

E quando o sol já ia se escondendo por trás das montanhas rochosas de um semelhava um longo vale, ela o advertiu outra vez:

_Pega leve! Os caras ficaram para trás, animal!

_Nunca se sabe Mana. - contestou Danton sem retroceder.

_Para naquela birosca lá na frente.

_Para que?- a fitando atarantado.

_Quero saber que merda de lugar é este que você nos enfiou. Anda, para logo!

Como de costume, acatou. Era sempre assim, a palavra dela era reinante para ele.

Ao parar o automóvel, Danton ensaiou mudar a música, o bastante para que Mikha recuasse com um olhar extremamente imperativo e recolocasse em estrondo "Smells Like Teen Spirit", seu som de guerra como costumava proferir.

Adentrou na barraca cheio de matutos que inda jogavam o primeiro gole de caninha para o "santo". Um deles convidou-a:

_Vai moça bonita?- colocando a cachaça pura no pequeno copo.

Ela aproximou-se de balcão, pegou o copo olhando detalhadamente, o pôs no mesmo local. Sorriu, passando a mão na garrafa na mão do que parecia ser o dono do moquifo com um pano imundo no ombro e tomou quase meio litro numa talagada só.

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Todos se abismaram.

Um deles, não se contentou:

_ "Virgi Maria"!

_E o do "santo"?- contestou um roceiro com chapéu de palha esfarrapado trepidante com o jeito da garota.

_Ele já encheu a cara demais por hoje. - redarguiu após limpar a boca com o dorso da mão.

Após, colocou com uma leve batida o recipientes na bancada, e indagou sem meios termos:

_Qual das bonecas pode me contar onde estou?-lançando um olhar bruno sobre os demais.

Um senhor se atreveu a balbuciar:

_Tinguí. Município de Saquarema. Se continuar nessa direção encontrará a Rodovia Amaral Peixoto e vai dar no Centro da Cidade.

_Saquarema... - ela retrucou.

_Daqui uma meia hora a senhora chega lá. - Arrematou o proprietário da barraca tentando se livrar dela, que ao perceber o tom de sua voz a fez andar lentamente na direção dele já para maquinando algo. No entanto, o moço foi breve:

_Se quiser, posso arrumar umas coisas para vocês levarem. Podem estar com fome e...

_Três garrafas de pinga, e da boa, e dois maços de cigarros...

_Do bom também, receio... - aprontou o indivíduo já separando as garrafas quando ela interveio:

_Não, cigarro quero do foleiragem. Tudo que é bom dura pouco, vou usar porcaria para ver se consigo prolongar meu doce contentamento.-findando o comentário num ar esnobe como só ela sabia fazer.

Ao sair do ambiente, entrou o carro jogando os maços para o banco de trás, deixando somente uma garrafa, a seguir aberta para ela e Danton.

_Saquarema, maninho! Pisa fundo, que lá é o nosso próximo lar doce lar.

O automóvel deu partida, enquanto ambos gargalhavam mais um feito histórico.

Page 7: Cruéis-  Degustação

Durante o percurso Mikha tramou como ambicionava chegar a tal cidade litorânea do Rio de Janeiro. Com o produto do rombo monstruoso que alcançaram a uma Instituição Bancária na Cidade de Teresópolis, uma grana que os permitiria gozar de boas regalias por um bom tempo até premeditarem seu próximo golpe bombástico. Ela definiu que desta vez tivessem uma postura recatada, como dois românticos apaixonados, roupas adequadas, casa discreta, porém bem localizada. Sem avultes, atenções, um típico casal recém-chegado da Capital. E mais uma vez, Danton se abreviou a soltar:

_Você manda.

Atravessados os quinze quilômetros avistaram a placa de boas vindas a Capital Internacional do Surf em dianteira a um posto de gasolina. Mikha foi enfática:

_Não para. Segue em frente!

_Mana, mas aqui é parada?- devassou surpreso.

_Temos algumas coisinhas para fazer antes de adentrar em um vilarejo dos quintos dos infernos. Anda, segue essa merda!

Dez quilômetros depois, uma encruzilhada apontava uma estrada asfaltada.

O Veículo cessa.

Danton questiona um garoto que o explica que aquela rodovia abandonada pertence à Praia Seca, e vinte quilômetros adentro é possível desembocar em Figueira, Montes Altos e por fim, Arraial do Cabo.

Ele a olha, Mikha profere:

_Mete o pé!

Saindo da autoestrada no meio do nada se entremearam a vegetação rasteira e pararam o automóvel em meio à restinga. Mikha desceu indo direto aos bagageiros e retirando as mochilas com a grana e os poucos pertences que tinham. Mandou Danton tirar as garrafas de aguardente da birosca do banco traseiro e misturar a gasolina. Em seguida, atearam fogo livrando-se de qualquer evidência.

_E agora?- sempre condicionado indagou a irmã.

_Marchar. Deve haver um ponto de ônibus por aqui em algum canto.

_E depois?

_Vamos pernoitar em Arraial do Cabo, preparar o campo para nova batalha em "Saquá" maninho querido. -Batendo um dos ombros contra o dele, o agarrando

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pelo pescoço e saindo por ali a procura de um destino que pudessem domar outra vez.

SAQUAREMA- Capital Internacional do Surf