cristiano carvalho - análise econômica do direito tributário - curso l&e 2010

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Análise Econômica do Direito Tributário Cristiano Carvalho Mestre e Doutor em Direito Tributário (PUC-SP) Pós-Doutor em Direito e Economia (U.C. Berkeley) Por que e para que tributos? Tributos são o preço que pagamos para viver em uma sociedade civilizada (Oliver Wendell Holmes) Indivíduos renunciam à parte de sua liberdade e constituem uma entidade central, com poder sobre todos (contrato social) A função primordial desta entidade – o Estado – é prover bens públicos aos cidadãos O Estado necessita de recursos para existir, angariados através dos tributos

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Page 1: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

Análise Econômica do Direito Tributário

Cristiano Carvalho

Mestre e Doutor em Direito Tributário (PUC-SP)

Pós-Doutor em Direito e Economia (U.C. Berkeley)

Por que e para que tributos?

• Tributos são o preço que pagamos para viver em uma sociedade civilizada (Oliver Wendell Holmes)

• Indivíduos renunciam à parte de sua liberdade e constituem uma entidade central, com poder sobre todos (contrato social)

• A função primordial desta entidade – o Estado – é prover bens públicos aos cidadãos

• O Estado necessita de recursos para existir, angariados através dos tributos

Page 2: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

Definição de tributo (CTN)

• Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Estrutura lógica e custos dos tributos

• Tributos são normas primárias – exigem ação por parte do indivíduo

• D[(p→q).(-q→R)]

• Outros segmentos do ordenamento exigem a inação do indivíduo – geram menos custos ou custo algum

Page 3: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

Da estrutura à função

1) Função fiscal: arrecadar receitas

• fornecer serviços públicos aos cidadãos

2) Função extrafiscal: incentivar comportamentos

• Corrigir externalidades negativas (Pigou) e positivas

Tributos e racionalidade

• Porque os tributos são compulsórios?

• Problema do carona (free rider)

• É racional “desertar” (dilema do prisioneiro)

• A deserção pode ser lícita ou ílícita

Page 4: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

Contrato social, tributação e teoria dos jogos

• Contrato social = cooperação

• Jogo do Caça ao Cervo

• Incentivo é cooperar com o próximo para obter o maior pay off (cervo)

• Para tanto, é necessário ter confiança que o outro fará o mesmo e não desertará, senão vale mais a pena ficar com o pay off menor (lebre)

Tributação

• Tributação = situação não cooperativa

• Dilema do prisioneiro

• Incentivo a desertar e pegar carona no próximo

• Reforma tributária e guerra fiscal

Page 5: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

Como transformar um dilema do prisioneiro numa caça ao cervo?

• Transparência pública (gera confiança no Estado)

• Transparência privada (permite o mútuo monitoramento entre os contribuintes)

• Estruturar o jogo de modo que os pay offs de pagar sejam maiores que os de pegar carona

• Racionalizar o sistema tributário

• Evitar incentivos, isenções, anistias e moratórias

Tributo ótimo (Adam Smith)

• Os indivíduos devem contribuir para a receita do Estado na proporção de suas capacidades de pagamento

• O tributo a ser pago deve ser certo e não arbitrário, com o valor a ser pago e a forma do pagamento devendo ser claros e evidentes para o contribuinte

• Todo o tributo deve ser arrecadado de forma que implique o menor custo possível para o contribuinte

Page 6: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

Tributo ótimo

1. Base grande de contribuintes2. Regras simples e objetivas 3. Incide sobre bens ou atividades

inelásticas (pouco efeito “substituição”, o que acarreta pouco peso morto no sistema econômico)

4. É justo (não viola eqüidade)5. Tem baixo custo administrativo

Base grande de contribuintes

• Possibilita receita para o Estado e ao mesmo tempo uma tributação per capita relativamente baixa

• Incentiva a adimplência

• Desincentiva o efeito carona

Page 7: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

Curva de Laffer

Regras simples e objetivas

• Os sistemas tributários costumam pecar pelo excesso e pela complexidade de suas normas

• O sistema tributário é considerado o pior do mundo pelo Banco Mundial

• Enormes custos de conformidade, que aumentam os custos de transação

Page 8: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

Os custos de conformidade no direito tributário brasileiro –relatório Doing Business 2009 – Banco Mundial

PaPaíísesses NNúúmero de horasmero de horas

BrasilBrasil 2.6002.600

UcrâniaUcrânia 2.1852.185

CameroonCameroon 1.3001.300

BelarusBelarus 1.1881.188

NigNigéériaria 1.1201.120

Incidir sobre bens ou atividades inelásticas

• Tributação geralmente é distorciva

• Influencia comportamentos dos contribuintes

• Gera efeito substituição

• Pode desincentivar o trabalho e incentivar o ócio

Page 9: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

Peso morto

Ser justo (equânime)

• Proporcionalidade e progressividade

• Neutralidade fiscal: lump-sum tax e tributos regressivos

• Trade off entre justiça e eficiência

Page 10: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

Ter baixo custo administrativo

• Burocracia gera burocracia

• Mais tributos para custear a administração dos tributos

Tributo ótimo?

Page 11: Cristiano Carvalho - Análise Econômica do Direito Tributário - Curso L&E 2010

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