crise valores
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OS VALORES NO MUNDO CONTEMPORÃNEO
A crise de valores
Segundo muitos pensadores, filósofos, sociólogos e moralistas, há actualmente uma
crise de valores. Assistimos, segundo alguns, a uma decadência dos valores tradicionais.
Para outros, trata-se apenas de uma transformação dos valores, a qual se deve a muitas
mutações económicas e sociais exigidas pelo ritmos da vida moderna.
Assistimos, assim, segundo alguns a uma crise de valores, ou seja, à «morte» de
determinados valores. Mas significará isso a ausência de valores? Claro que não. A «morte» de
certos valores possibilita o emergir de novos valores. A nossa época aceita e continua a ser
sensível aos valores da amizade, do amor, da generosidade, da honestidade, da justiça e da
liberdade.
O campo da reflexão sobre os valores não só não se reduziu, como se alargou aos novos
problemas colocados pelo desenvolvimento científico e tecnológico contemporâneo. A
sociedade actual vive sob a influência da ciência, do racionalismo técnico e da tecnologia
que permitem ao homem um domínio acentuado sobre a natureza. Porém, a técnica evolui
tão rapidamente que tende não apenas para satisfazer as necessidades humanas, mas sobretudo
para criar novas necessidades geradoras de uma sociedade de consumo contribuindo para o
acentuar da crise de valores tradicionais.
A técnica e a superindustrialização que ela possibilita contribuíram para uma
alteração profunda das mentalidades e dos valores.
A contestação dos valores tradicionais
A partir de meados do século XIX, os valores constantes na cultura e na civilização
ocidentais são fortemente contestados. Pensadores como Marx, Nietzsche e Freud, fazem
crítica profunda dos valores tradicionais.
Aquilo que Nietzsche se propõe realizar é uma transmutação dos valores. Este filósofo
critica os valores tradicionais, sobretudo os valores morais fundados no Cristianismo. Proclama
a «morte de Deus», o que significa a morte dos valores tradicionais e da submissão do homem a
esses valores. Por isso, «o novo homem», ultrapassado este estado de crise, é o criador de novos
valores.
Marx, criticando os valores tradicionais, realça sobretudo as diferenças sociais. E
aponta a luta de classes como forma de superar as diferenças sociais existentes na sociedade do
seu tempo.
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A crítica de Freud centra-se numa nova concepção do homem, que valoriza o
inconsciente na explicação do comportamento humano.
A psicanálise (…) surgiu em declarada oposição às doutrinas
racionalistas que julgavam poder suprir a importância e o significado do
instinto e das emoções. (A. Miotto, Psicanálise)
Para Freud, o inconsciente é a base de toda a vida psíquica e a sexualidade é o
fundamento, que em última análise, explica a quase totalidade da nossa vida individual e
colectiva.
As críticas à filosofia tradicional e aos valores tradicionais efectuadas pelos pensadores
referidos conduziram, em grande medida, à crise desses valores. A época contemporânea vive
uma das maiores crises de valores, que se estende a todos os níveis da acção humana, na ética,
na estética, na religião, na política, na ciência, etc. De facto, a ordem ética não pode ser fundada
como se fosse imune às mudanças socioculturais.
Existe uma crise dos valores tradicionais, mas em contrapartida, emergem novos
valores, a partir do desenvolvimento científico e tecnológico. A defesa do meio ambiente e a
luta pelo direito à diferença são dois exemplos de novos valores que emergem no mundo
contemporâneo.
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Ficha de trabalho – Sociedade, cultura e valores; a crise de valores
1. " Avaliar é criar. São as nossas avaliações que transformam as coisas avaliadas em
tesouros ou em jóias. Avaliar é criar valores: sem tal avaliação, a existência seria uma
noz oca."
Nietzsche
- Partindo dos seus conhecimentos sobre o papel dos valores para a acção humana,
explicite o alcance da parte sublinhada do texto.
2. " Foi o Homem que deu às coisas o seu valor, a fim de se pôr em segurança; foi ele
que lhes deu um sentido, um sentido humano. Por isso ele é chamado homem - o
mediador das coisas. Avaliar é criar - escutai, ó criadores! São as vossas avaliações que
transformam as coisas avaliadas em tesouros e jóias. Avaliar é criar valores: sem tal
avaliação, a existência seria uma noz oca."
Nietzsche, Assim falou Zaratustra.
1. Explique, partindo do argumento presente no texto, a relação que é possível
estabelecer entre facto e valor.
2. Justifique o motivo pelo qual se considera que a historicidade está relacionada com
os valores.
3. "O valor é atmosférico. O valor deve ser chamado atmosférico porque ele não se
encerra dentro de limites, ele infiltra-se, difunde-se e modifica-se."
R. Le Seme, (Adaptado)
- Tendo presente o texto, desenvolva o seguinte tema: "A crise de valores no mundo
contemporâneo."
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4. " O caminhar no sentido da planetização e globalização equivale á perda de
autonomia das culturas mais débeis e a sua submissão a quem domina a economia, a
ciência e a técnica."
Texto adaptado, de Ensaios de Filosofia para não - filósofos, Porto Editora.
1. Tendo presente a ideia central do texto, discuta os conceitos de multiculturalismo,
Etnocentrismo e de xenofobia.
5. Dê uma definição sucinta dos seguintes conceitos:
a) Socialização.
b) Valores.
c) Polaridade dos valores.
d) Relativismo axiológico.
e) Absolutismo axiológico.
f) O homem como ser projectivo.
"A posição relativista não significa, de forma alguma, que todos os sistemas de valores,
todos os conceitos de bem e de mal assentem sobre areias tão movediças que não haja
necessidade de uma moral, de formas de comportamento estabelecidas e aceites, de
códigos éticos. (…) A posição relativista dá especial ênfase à validade de muitas
formas de vida, não de uma só."
Texto Adaptado
1. Tendo presente o texto discuta as diferenças entre relativismo moral e relativismo
cultural.
7. Assinale, utilizando V ou F, as afirmações que se seguem conforme as considere
verdadeiras ou falsas.
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1. A cries de valores existe porque quer a religião quer a filosofia deixaram de ser um
ponto de referência para a moral actual.
2. Crise de valores significa ausência de valores.
3. Para Nietzsche a "morte de Deus" significa o fim da moral tradicional.
4. A moral tem como objectivo construir um conjunto de prescrições destinadas a
assegurar uma vida em comum justa e harmoniosa.
5. O comportamento moral funciona de um modo independente em relação aos
princípios, valores e normas dos grupos sociais.
6. O facto de ajudar um colega que tem dificuldades na disciplina de Filosofia, constitui
um acto moral porque está previsto na legislação e no Regulamento interno da nossa
escola.
7. O animal é o melhor exemplo de liberdade, uma vez que para ele não existem
estados, fronteiras ou determinismos de qualquer espécie.
8. O homem só pode ser considerado verdadeiramente como pessoa se for entendido
enquanto ser social, ou seja, enquanto "ser com os outros".
9. A existência de acções voluntárias impede a capacidade do Homem para transformar
o mundo.
10. A acção ética permite que o Homem, livre e responsavelmente, se realize e se
assuma como pessoa.