contribuiÇÃo ao estudo da quÍmica de coordenaÇÃo …

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FURG Dissertação de Mestrado CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO DOS LIGANTES TIOSSEMICARBAZONAS DERIVADOS DA CANFOROQUINONA COM ÍONS DE NÍQUEL(II) E CÁDMIO(II) ___________________________________ Fabrício Carvalho Pires PPGQTA Rio Grande, RS - Brasil 2020

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Page 1: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

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FURG

Dissertação de Mestrado

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE

COORDENAÇÃO DOS LIGANTES

TIOSSEMICARBAZONAS DERIVADOS DA

CANFOROQUINONA COM ÍONS DE NÍQUEL(II) E

CÁDMIO(II)

___________________________________

Fabrício Carvalho Pires

PPGQTA

Rio Grande, RS - Brasil

2020

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ii

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE

COORDENAÇÃO DOS LIGANTES TIOSSEMICARBAZONAS

DERIVADOS DA CANFOROQUINONA COM ÍONS DE

NÍQUEL(II) E CÁDMIO(II)

por

Fabrício Carvalho Pires

Orientador: Leandro Bresolin

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Química Tecnológica e Ambiental da Universidade

Federal do Rio Grande (RS), como requisito parcial para

obtenção do título de MESTRE EM QUÍMICA.

PPGQTA

Rio Grande, RS – Brasil

2020

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iv

AGRADECIMENTOS

O primeiro agradecimento é para Aquele que proporcionou que esse momento

acontecesse, Deus, pois Ele me deu força e vida para ir em busca de meus sonhos.

Muito obrigado a minha mãe Terenisa e vó Terezinha, pelas orações e

telefonemas de apoio, que nos momentos de saudade entenderam que a distância que

nos separava era para um objetivo maior.

Falando em saudade, um agradecimento muito especial a minha companheira

Aline, que nestes dois anos esteve ao meu lado, me apoiando e me incentivando, não

me deixando desistir nos momentos mais difíceis, muito obrigado amor.

Ao Professor Leandro Bresolin, muito obrigado pela orientação e amizade.

Deste a minha entrada na iniciação cientifica, no não tão longínquo 2014, sempre se

mostrando um exemplo de orientador e de professor, ou melhor, um exemplo de

educador. Assim como ele, a Professora Vanessa Gervini, meu muito obrigado

também por toda orientação e amizade.

Um agradecimento especial a todos os professores/ técnicos da FURG que

estiveram comigo nesta caminhada, seria injusto citar nomes com a possibilidade de

esquecer de alguns, então deixo aqui meus agradecimentos a todos, pois sei que

sempre tiveram como objetivo compartilhar seus conhecimentos para o bem da ciência.

Agradeço as colegas de laboratório Melissa e Roberta pelas risadas e

brincadeiras, onde nos momentos tristes e apreensivos da pós-graduação me

possibilitaram dar boas risadas. Vocês são demais. Agradeço também a Bianca, ou

melhor, Drª Martins pela ajuda nas interpretações dos resultados e pelo

companheirismo nas manhãs de mate.

Não poderia deixar de agradecer a aluna de iniciação científica Daiana Sodré,

sua dedicação e responsabilidade mostrou que será uma excelente profissional, e que

a química como ciência só tem a crescer com uma profissional como você. Muito

obrigado.

Agradeço também ao Professor Adriano Bof de Oliveira pelo auxílio, e

disponibilidade para que fosse possível a execução desta pesquisa.

Page 5: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

v

Muito obrigado a UFSM pelas análises de difração de Raios X, à CIA-FURG

pelas análises de RMN e ao EQA e LCSI por toda a estrutura e suporte para a

realização desta pesquisa.

À FURG, por me proporcionar momentos incríveis de aprendizagem e ser um

exemplo de Instituição Pública, Gratuita e de QUALIDADE.

Agradeço a CAPES e CNPQ, pelo auxílio financeiro fornecido durante o

mestrado.

Para finalizar então agradeço a todos que de uma forma ou de outra fizeram

parte dessa minha jornada. Muito obrigado.

Page 6: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

vi

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... viii

LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... xi

LISTA DE ESQUEMAS ..................................................................................................xii

RESUMO ....................................................................................................................... xiii

ABSTRACT ...................................................................................................................xiv

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 3

2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 3

2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 3

3. REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 4

3.1 Bases de Schiff ......................................................................................................... 4

3.2 Tiossemicarbazonas.................................................................................................. 5

3.3 Canforoquinona ....................................................................................................... 10

3.4 Estruturas cristalinas de complexos metálicos de níquel(II) e cádmio(II) com ligantes

Tiossemicarbazonas...................................................................................................... 14

4. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 24

4.1 Reagentes ............................................................................................................... 24

4.2 Solventes ................................................................................................................. 24

4.3 Ponto de Fusão ....................................................................................................... 25

4.4 Análise Elementar ................................................................................................... 25

4.5 Espectroscopia na Região do Infravermelho (IV) .................................................... 25

4.6 Espectroscopia na Região do Ultravioleta-Visível (UV-Vis) ..................................... 25

4.7 Ressonância Magnética Nuclear de 1H (RMN 1H) ................................................... 26

4.8 Difração de Raios X (DR-X) em Monocristal ........................................................... 26

4.9 Procedimentos Experimentais ................................................................................. 26

4.9.1 Síntese Do Composto 4,7,7-Trimetil-3-Oxobiciclo[2.2.1]-Heptan-2-

Ilideno)Hidrazinocarbotioamida (CQTSC). .................................................................... 26

Page 7: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

vii

4.9.2 Síntese do Composto Fenil-2-((1S,4S)-4,7,7-Trimetil-3-Oxobiciclo[2.2.1]Heptan-2-

Ilideno)Hidrazinocarbotioamida (CQFTSC). .................................................................. 27

4.9.3 Síntese do Complexo de Cádmio(II) com Ligante CQTSC (Complexo 1). ........... 29

4.9.4 Síntese do Complexo de Níquel(II) com Ligante CQFTSC (Complexo 2). ........... 30

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.......................................... 32

5.1 Espectroscopia na Região do Infravermelho (IV) .................................................... 32

5.2 Espectroscopia na Região do Ultravioleta-Visível para o Composto CQFTSC e seu

Complexo de Ni(II) ........................................................................................................ 41

5.3 Ressonância Magnética Nuclear de 1H (RMN 1H). .................................................. 43

5.4 Difração de Raios X em Monocristal para o composto CQTSC .............................. 46

5.5 Difração de Raios X em Monocristal para o Complexo de Cd(II) ............................ 57

6. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 63

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 66

8. ANEXOS ................................................................................................................... 72

Page 8: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura Geral de uma Base de Schiff ........................................................... 4

Figura 2 - Alguns compostos classificados como Bases de Schiff. ................................. 5

Figura 3 - Estrutura Geral das Tiossemicarbazonas ....................................................... 6

Figura 4 - Tiossemicarbazona não substituída em conformação anti com ligação de

hidrogênio intramolecular e Tiossemicarbazona substituída em conformação syn ......... 7

Figura 5 - Formas tautoméricas tiona e tiol ..................................................................... 8

Figura 6 - Representação de coordenação das Tiossemicarbazonas via enxofre e

nitrogênio azometínico (a) e nitrogênio íminico(b) ........................................................... 9

Figura 7 - Estrutura do complexo bis[isatina-3-(N4-benziltiossemicarbazonato)]

mercúrio(II) (FONSECA et al., 2010) ............................................................................... 9

Figura 8 - Estrutura cristalina do ligante CaTSC (KOKINA et al., 2013) ........................ 11

Figura 9 - Estrutura cristalina do composto CQFTSC sintetizado por Oliveira e

colaboradores em 2016. ................................................................................................ 12

Figura 10 - A) Estrutura geral do composto Tiossemicarbazona derivado da

Canforoquinona. B) Coordenação N,O,S-doador com composto ligante protonado. C)

Coordenação N,O,S-doador com composto ligante desprotonado (Adaptado de

Nogueira 2016). ............................................................................................................. 13

Figura 11 - Representação da unidade assimétrica do complexo de cádmio(ІІ).

(NOGUEIRA et al., 2015). ............................................................................................. 13

Figura 12 - Representação estrutura do complexo [Ni(5-MeO-HSalTSC)PPh3]Cl.EtOH.

(GARCÍA-REYNALDOS et al., 2007) ............................................................................ 15

Figura 13 - Representação da estrutura do complexo [Ni(5-Br-SalTSC)py].

(PEDERZOLLI et al., 2012) ........................................................................................... 15

Figura 14 - Representação estrutural do complexo bis[(2-acetil-5-

clorotiofenotiosemicarbazonato)]Ni(II). (ŞEN et al., 2019)............................................. 16

Figura 15 - Representação estrutural do complexo ([Ni(C11H14N4OS)2](NO3)2.H2O

(CHATTOPADHYAY et al., 1997). ................................................................................ 17

Figura 16 - Representação estrutural do complexo de Ni(II) proveniente do ligante 4-

Ciclo-hexil-1-(1-(pirazin-2-il)etilideno)tiossemicarbazona (LI et al., 2011). .................... 18

Page 9: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

ix

Figura 17 - Representação estrutural dos complexo A)[Ni(aftscN-Me)2]; B) [Ni(aftscN-

Ph)2] e C)[Ni(aftscN-Et)2] (LOBANA et al., 2011). ......................................................... 19

Figura 18 - Representação estrutural do complexo de Cádmio(II) com ligante 2-

bromobenzaldeidotiossemicarbazona (DUAN et al., 1997). .......................................... 20

Figura 19 - Representação estrutural do complexo A) CdL2Br2 e B)CdL2I2 (TIAN et al.,

1997). ............................................................................................................................ 21

Figura 20 - Representação estrutural do complexo de Cd(II) com ligante Benzil-

bis(tiossemicarbazona) (LÓPEZ-TORRES et al., 2004). ............................................... 22

Figura 21 - Representação estrutural do complexo de Cd(II) com ligante 2-

benzoilpiridina-N(4)-ciclohexiltiossemicarbazona (TAI et al., 2016). ............................. 22

Figura 22 - Representação estrutural do complexo de Cd(II) com Ligante H3L (JIAO et

al., 2016) ....................................................................................................................... 23

Figura 23 - Fórmula estrutural do composto CQTSC .................................................... 32

Figura 24 - Espectro IV do composto CQTSC. .............................................................. 33

Figura 25 - Fórmula Estrutural do composto CQFTSC.................................................. 35

Figura 26 - Espectro de IV para o composto CQFTSC ................................................. 35

Figura 27 - Sobreposição dos Espectros de IV para o Ligante CQTSC e o Complexo de

Cd(II). ............................................................................................................................ 38

Figura 28 - Sobreposição dos Espectros de IV para o Ligante CQFTSC e o Complexo

de Ni(II).......................................................................................................................... 38

Figura 29 - Proposta Estrutural para o Complexo 1 (a) e para o Complexo 2 (b). ........ 40

Figura 30 - Sobreposição dos espectros obtidos na região do UV-vis do composto

CQFTSC e do seu complexo de Ni(II). .......................................................................... 42

Figura 31 - Espectro de RMN 1H do composto CQFTSC. ............................................. 44

Figura 32 - Espectro de RMN 1H do composto CQTSC. ............................................... 44

Figura 33 - Representação das duas moléculas independentes que compõe a porção

assimétrica da estrutura cristalina (probabilidade 40%). ............................................... 48

Figura 34 - Representação com sua respectiva numeração das moléculas

independentes que compõe a cela unitária do composto CQTSC ( posição relativa, não

correspondente a posição das moléculas na unidade assimétrica). ............................. 49

Figura 35 - Representação da cela elementar sobre o eixo a. ...................................... 52

Page 10: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

x

Figura 36 - Representação da cela elementar sobre o eixo b. ...................................... 52

Figura 37 - Representação da cela elementar sobre o eixo c. ...................................... 53

Figura 38 - Ligações de Hidrogênio intermoleculares para o composto CQTSC. ......... 55

Figura 39 – Anel de oito membros, com arranjo R22(8) formado a partir de interações

de hidrogênio. ................................................................................................................ 55

Figura 40 - Representação das interações de hidrogênio sobre o eixo c. ..................... 56

Figura 41 - Arranjo estrutural do polímero formado sob o eixo b da cela. ..................... 56

Figura 42 - Unidade assimétrica do Complexo de Cd(II). .............................................. 59

Figura 43 - Poliedro formado no complexo de Cd(II). .................................................... 60

Figura 44 - Representação da cela elementar do Complexo de Cd(II) com a ocupação

dos poliedros. ................................................................................................................ 61

Figura 45 - Representação da cela elementar do complexo de Cd(II) com a ocupação

das quatro moléculas .................................................................................................... 62

Page 11: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação das bandas dos espectros de IV para o ligante CQFTSC com

as bandas obtidas por Nogueira (2016) ........................................................................ 36

Tabela 2 - Comparação entre as principais bandas dos espectros de IV para a

caracterização dos compostos CQTSC e CQFTSC ...................................................... 37

Tabela 3 - Comparação entre as principais bandas de IV atribuídas aos grupos

funcionais envolvidos na complexação dos compostos sintetizados ............................ 41

Tabela 4 - Comparação dos dados de RMN 1H do fragmento derivado da

canforoquinona dos compostos CQFTSC e CQTSC e os dados apresentados na

literatura ........................................................................................................................ 45

Tabela 5 - Dados do cristal, da coleta e do refinamento da estrutura do composto

CQTSC .......................................................................................................................... 47

Tabela 6 - Ângulos de ligação (º) dos fragmentos C1-C6-N1-N2-C11(S1)-N3 e C12-

C16-N4-N5-C22(S2)-N6 do composto CQTSC. Desvio padrão entre parêntese. ......... 51

Tabela 7 - Comparação com a literatura dos principais comprimentos de ligação para o

composto CQTSC. ........................................................................................................ 53

Tabela 8 - Distâncias (Å) e ângulos(º) das ligações de hidrogênio presentes no

composto CQTSC ......................................................................................................... 54

Tabela 9 - Dados do cristal, da coleta e do refinamento da estrutura do Complexo de

Cd(II). ............................................................................................................................ 57

Tabela 10 - Comprimentos de ligação (Å) e ângulos de ligação (º) da esfera de

coordenação do complexo de Cd(II) ............................................................................. 60

Page 12: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

xii

LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1 - Mecanismo de formação das Tiossemicarbazonas (Adaptado de Tenório

e colaboradores, 2005).................................................................................................... 6

Esquema 2 - Reação de Obtenção da Canforoquinona (Adaptado de Glisic e

colaboradores, 2016)..................................................................................................... 10

Esquema 3 - Reação de obtenção do CQTSC .............................................................. 27

Esquema 4 - Reação de obtenção do composto CQFTSC ........................................... 28

Esquema 5 - Reação de obtenção do Complexo 1 ....................................................... 29

Esquema 6 - Reação de obtenção do Complexo 2 ....................................................... 30

Page 13: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

xiii

RESUMO

Título: Contribuição ao Estudo da Química de Coordenação dos Ligantes

Tiossemicarbazonas derivados da Canforoquinona com íons de Níquel(II) e Cádmio(II)

Autor: Fabrício Carvalho Pires

Orientador: Prof. Dr. Leandro Bresolin

O trabalho descreve a síntese e caracterização de um composto

Tiossemicarbazona inédito derivado de uma reação equimolar entre a

tiossemicarbazida e uma mistura racêmica de canforoquinona(CQTSC). O composto foi

caracterizado através das técnicas de Espectroscopia de Infravermelho, RMN 1H e

Difração de Raios-X em monocristal, o qual foi possível determinar: grupo espacial

monoclínico, C2/c; a=26,6370(9)Å; b=10,7617(4)Å; c=20,2108(7)Å e β=121,932(1)º.

Ainda conforme a análise determinou-se que a cela cristalina foi formada por duas

moléculas independentes, apresentando uma mistura 1:1 entre os isômeros R e S do

composto. No cristal, as unidades moleculares são ligadas por interações C-H···S, N-

H···O e N-H···S, o qual essa última interação é responsável pela formação de um anel

de arranjo R22(8). A partir de uma reação entre CQTSC e Cd(CH3COO)2 obteve-se a

estrutura cristalina de um complexo octaédrico distorcido de Cd(II) com as seguintes

características: monoclínico, P21/c; a=14,0709(4)Å; b=10,3615(3)Å; c=19,8675(7)Å e

β=103,814(1)º. O trabalho também apresentou as sínteses de um outro composto

Tiossemicarbazona, derivado de uma reação equimolar entre a 4-

feniltiossemicarbazida e uma mistura racêmica de canforoquinona (CQFTSC), e seu

complexo de Ni(II). O composto CQFTSC e o complexo de Ni(II) foram caracterizados

por Espectroscopia de Infravermelho, Ultravioleta-visível e RMN 1H. Para o complexo

de Ni(II) foi proposto uma estrutura com geometria octaédrica, onde duas moléculas do

ligante CQFTSC atuam de forma desprotonada quelante tridentada N,O,S-doador

Palavras chaves: tiossemicarbazona, canforoquinona, complexo de Cd(II) e Ni(II)

Page 14: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

xiv

ABSTRACT

Title: Contribution to the Study of the Coordination Chemistry of

Camphorquinone-derived Thiosemicarbazones Ligands with Nickel (II) and

Cadmium (II) Ions

Author: Fabrício Carvalho Pires

Advisor: Prof. Dr. Leandro Bresolin

This study describes the synthesis and characterization of a novel

thiosemicarbazone compound which derives from an equimolar reaction between

thiosemicarbazide and a racemic mixture of camphorquinone (CQTSC). The compound

was characterized by infrared spectroscopy, 1H-NMR and single-crystal X-ray

diffraction, which enabled to determine the C2/c monoclinic space group,

a=26.6370(9)Å, b=10.7617(4)Å, c=20.2108(7)Å and β=121.932(1)º. The analysis also

determined that the crystalline cell was formed by two independent molecules; isomers

R and S of the compound were found in the ratio of 1 to 1 (1:1). In the crystal, molecular

units are bound by C-H···S, N-H···O and N-H···S interactions; the third one is

responsible for forming an R22(8) arrangement ring. The reaction between CQTSC and

Cd(CH3COO)2 led to the crystalline structure of a distorted octahedral complex of Cd(II)

with the following characteristics: monoclinic, P21/c; a=14.0709(4)Å; b=10.3615(3)Å;

c=19.8675(7)Å; and β=103.814(1)º. This study also describes syntheses of another

thiosemicarbazone compound, which derives from an equimolar reaction between 4-

phenylthiosemicarbazide and a racemic mixture of camphorquinone (CQFTSC) and its

Ni(II) complex. Both CQFTSC and the Ni(II) complex were characterized by infrared

spectroscopy, US-visible and 1H-NMR. Regarding the Ni(II) complex, this study

proposed a structure with octahedral geometry, in which two molecules of the ligand

CQFTSC act as chelate tridentate deprotonated N,O,S-donor.

Keywords: thiosemicarbazone, camphorquinone, Cd(II) and Ni(II) complex

Page 15: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

1

1. INTRODUÇÃO

A química dos compostos de coordenação começou a ser desenvolvida mais

profundamente ao final do século XIX e início do século XX, como os trabalhos de

Alfred Werner e Sophus Mads Jörgensen. (COELHO, 2010).

Os compostos de coordenação provêm de uma ligação covalente coordenada,

formada pela doação de um par de elétrons de um átomo para o outro. Nos compostos

de coordenação, os doadores são os ligantes, e os receptores são os íons metálicos.

Também chamados de complexos metálicos ou, se carregados, íons complexos

(MIESSLER; FISCHER; TARR, 2014).

Conforme Farias (1998), os metais de transição apresentam diferentes estados

de oxidação, possibilitando assim uma gama de diversidade estrutural de complexos, e

esses vêm sendo estudados em diferentes áreas tecnológicas, ambientais e

medicinais.

Basolo e Johnson (1964) afirmam que a preparação de novos compostos

sempre foi um aspecto importante da química. A investigação na indústria química

encontra-se orientada em grande parte na síntese de materiais novos e úteis. Os

químicos estão muito interessados em preparar compostos novos porque constitui uma

forma excelente de aumentar os conhecimentos da química. Dentro do contexto da

Química Inorgânica as preparações de compostos de coordenação ganham papel de

destaque, pois, constituem um campo fértil de estudo onde, novas propriedades e

aplicações dos metais são sempre descobertas.

Outro campo que explora os estudos de compostos de coordenação é a química

medicinal. A Química Medicinal é definida como uma área que tem como objetivo o

planejamento, descoberta, invenção, identificação e preparação de compostos

biologicamente ativos para diagnóstico e tratamento de doenças (LIMA, 2007). De

acordo com Storr, Thompson e Orvig (2006), com a descoberta das propriedades

antitumorais da cisplatina em 1965, surgiu grande interesse na pesquisa de

medicamentos a base de metais, onde a Química Inorgânica Medicinal se apresentou

como uma área promissora. Neste campo envolve-se o estudo de complexos

Page 16: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

2

metálicos, íons metálicos e compostos quelantes biologicamente ativos que podem ser

utilizados como agentes terapêuticos e auxiliar em diagnósticos.

Segundo Simões (2011), algumas moléculas são bastante utilizadas para

formação de complexos metálicos, pois tendem a formar complexos estáveis com os

metais de transição, isso possibilita que elas sejam usadas como reagentes analíticos.

Uma dessas classes de moléculas são as chamadas Bases de Schiff, as quais são

constituídas por um grupo azometino (R2C=N).

Dentre as Bases de Schiff, há uma classe que vem recebendo atenção especial,

principalmente da Química Medicinal, que são as Tiossemicarbazonas (FARIAS, 2013).

Segundo Beraldo (2004) esses compostos apresentam atividades biológicas como

agentes farmacológicos.

As Tiossemicarbazonas podem ser obtidas a partir de uma reação de

condensação quimiosseletiva de tiossemicarbazidas com aldeídos e/ou cetonas

(TENÓRIO et al., 2005). Neste trabalho será utilizada a canforoquinona, que por

apresentar grupos carbonílicos se torna percursora para a síntese dos ligantes

Tiossemicarbazonas estudados nesta pesquisa.

Na literatura encontra-se um número bastante reduzido de artigos sobre os

ligantes Tiossemicarbazonas derivados da canforoquinona. Assim, a preparação de

novas Bases de Schiff, como as Tiossemicarbazonas, derivadas da canforoquinona,

bem como, a aplicação destas na complexação de íons metálicos constitui uma

contribuição relevante para a química de coordenação.

Page 17: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

3

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral realizar a síntese e o estudo estrutural de

Bases de Schiff na forma de compostos Tiossemicarbazonas derivados da

canforoquinona, bem como seus complexos de Níquel e Cádmio.

2.2 Objetivos Específicos

I. Sintetizar os ligantes Tiossemicarbazonas derivados da canforoquinona com

tiossemicarbazida e 4-feniltiossemicarbazida;

II. Sintetizar os complexos metálicos a partir do ligantes obtidos com íon Ni(II) e

Cd(II);

III. Caracterizar os compostos obtidos por Espectroscopia na região do

Infravermelho (IV), Espectroscopia na região do Ultravioleta – visível (UV-vis), e

análise de Ressonância Magnética Nuclear de 1H;

IV. Realizar o estudo estrutural através da técnica de Difração de Raios-X em

monocristal para os ligantes e complexos metálicos obtidos.

Page 18: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

4

3. REVISÃO DA LITERATURA

Neste tópico do trabalho serão apresentados mais detalhadamente os conceitos

presentes na literatura para definir Bases de Schiff e sua importância para a química de

coordenação. Também será desenvolvido um estudo bibliográfico referente a classe de

moléculas de Tiossemicarbazonas, bem como o reagente de partida que foi utilizado

para a síntese das mesmas, que no caso é a canforoquinona. Na última parte desse

tópico serão apresentados complexos metálicos de Níquel(II) e Cádmio(II) com ligantes

Tiossemicarbazonas reportados na literatura.

3.1 Bases de Schiff

Conforme Moss, Smith e Tavernier (1995), a União de Química Pura e Aplicada

(IUPAC) define como Bases de Schiff iminas ou compostos orgânicos que apresentam,

pelo menos, um grupo do tipo azometano (-R2-C=N-), em que os substituintes podem

ser H, alquil ou aril. A Figura 1 apresenta a estrutura geral das Bases de Schiff.

Figura 1 - Estrutura Geral de uma Base de Schiff

Esses compostos apresentam esse nome em homenagem ao químico alemão

Hugo Schiff, que em 1864, relatou pela primeira vez a obtenção desses compostos. As

bases de Schiff são o produto de uma condensação entre um composto nitrogenado

(amina) com um grupo carbonílico (SILVA et al., 2011).

Hameed e colaboradores (2016) afirmam que o carbono eletrofílico e o

nitrogênio nucleofílico da ligação -C=N- fornecem excelentes oportunidades de ligação

Page 19: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

5

com diferentes nucleófilos e eletrófilos, o que faz esses compostos exibirem uma ampla

gama de atividades biológicas, incluindo antifúngicos, antibacterianos, antimaláricos,

antiproliferativo, anti-inflamatório, antiviral e propriedades antipiréticas.

As bases de Schiff também apresentam grande importância na química de

coordenação, pois servem como ligantes versáteis para uma variedade de íons

metálicos com diferentes geometrias de coordenação e estados de oxidação. Essas

Bases podem formar complexos com todos os metais do bloco d e também com os

lantanídeos (HAMEED et al., 2016). Por essa razão, segundo Cozzi (2004), as bases

de Schiff são consideradas “ligantes privilegiados”.

Compostos como iminas, oximas, hidrazonas, semicarbazonas e

tiossemicarbazonas (Figura 2) são Bases de Schiff por conta de possuírem o grupo

azometano (-C=N).

Figura 2 - Alguns compostos classificados como Bases de Schiff.

3.2 Tiossemicarbazonas

Esses compostos, como já mencionado, são classificados como Bases de Schiff,

e merecem destaque no presente estudo. Sendo assim, a Figura 3, apresenta a

estrutura química geral das Tiossemicarbazonas como a numeração de seus átomos,

segundo a IUPAC (TENÓRIO et al., 2005).

Page 20: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

6

Figura 3 - Estrutura Geral das Tiossemicarbazonas

Por se tratarem de Bases de Schiff, as Tiossemicarbazonas são obtidas a partir

de uma reação de condensação quimiosseletiva entre um aldeído e/ou cetona e um

composto nitrogenado, que no caso das Tiossemicarbazonas, é uma

tiossemicarbazida, que podem ser adquiridas comercialmente. A reação de síntese é

feita a partir de uma proporção equimolar entre o composto carbonilado e a

tiossemicarbazida, sob refluxo em meio alcoólico e catalisada por ácido (FONSECA et

al., 2010; BITTENCOURT et al., 2012; OLIVEIRA et al., 2016).

O mecanismo geral de formação das Tiossemicarbazonas, Esquema 1, é

semelhante ao de formação de iminas. A etapa de iniciação do mecanismo é a

protonação do oxigênio da carbonila, formando um íon oxônio, tornando o carbono da

carbonila suscetível a um ataque nucleofílico do nitrogênio (N1) da tiossemicarbazida,

formando então um intermediário hemiaminal protonado. Com a perda de uma

molécula de água, e após neutralização, forma-se a Tiossemicarbazona (TENÓRIO et

al., 2005).

Esquema 1 - Mecanismo de formação das Tiossemicarbazonas (Adaptado de Tenório

e colaboradores, 2005)

Page 21: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

7

Segundo Lemke e colaboradores (1977), as Tiossemicarbazonas são

geralmente obtidas como misturas de seus isômeros E e Z. Tenório e colaboradores

(2005), afirmam que a isomerização é fortemente influenciada pela presença de ácido e

pela presença dos grupos substituintes ligados ao carbono azometina, e também aos

grupos ligados ao nitrogênio da tioamida (N-4). Sendo assim, temos como regra geral

que, Tiossemicarbazonas derivadas de aldeídos tendem a formar preferencialmente

isômero E, pois, este é termodinamicamente mais estável. Enquanto as derivadas de

cetonas assimétricas a proporção de E e Z depende da estrutura dos substituintes

ligados a carbonila.

As Tiossemicarbazonas também podem ser classificadas de acordo com sua

conformação anti e syn. De acordo com Farias (2013), Tiossemicarbazonas não

substituídas na posição N4, tem preferência para a conformação anti entre ao átomo de

enxofre e o átomo de nitrogênio (N1) da função imina. Isso ocorre pois nessa

conformação, além de efeitos estéricos ou interações entre o enxofre e solvente, abre a

possibilidade de uma ligação de hidrogênio entre o nitrogênio da imina e um dos

nitrogênios da tioamida. Essa conformação pode ser alterada se forem adicionados

grupos substituintes na posição N4, favorecendo então a conformação syn, conforme

demonstra a Figura 4.

Figura 4 - Tiossemicarbazona não substituída em conformação anti com ligação de

hidrogênio intramolecular e Tiossemicarbazona substituída em conformação syn

As Tiossemicarbazonas apresentam um sistema com extrema deslocalização

eletrônica ao longo da cadeia nitrogenada, principalmente quando há a presença de

grupos aromáticos ligados ao carbono da imina (PALENIK; RENDLE; CARTER, 1974).

Compostos encontrados na literatura (PEDERZOLLI et al., 2011; BITTENCOURT et al.,

Page 22: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

8

2012) comprovam essa afirmação, visto que os comprimentos das ligações nas

unidades N-N-C apresentam valores em torno de 1,3 Å, comprimento este que é

intermediário as ligações simples e duplas encontradas usualmente. Em função dessa

deslocalização, as Tiossemicarbazonas podem apresentar duas formas tautoméricas,

conforme mostra a Figura 5, tiona/tiol (FARIAS, 2013).

Figura 5 - Formas tautoméricas tiona e tiol

As Tiossemicarbazonas apresentam um amplo perfil farmacológico, que tem

despertado interesse da Química Medicinal, particularmente da Química Medicinal

Inorgânica (BERALDO, 2004). Segundo Beraldo e Gambino (2004) as aplicações

farmacológicas das Tiossemicarbazonas compreendem propriedades antitumorais,

antibacteriana, antiviral e antifúngica.

De acordo com Cory (1988), essas propriedades estão relacionadas com a alta

afinidade que as Tiossemicarbazonas têm pela enzima ribonucleotídeo redutase,

responsável pela síntese de DNA e divisão celular. Tenório e colaboradores (2005) em

seu estudo consideram que essas propriedades biológicas são devido a capacidade

dessas moléculas de formar complexos metálicos, formando quelatos.

Ligantes quelatos são ligantes que apresentam dois ou mais sítios de ligação

para coordenar átomos metálicos, formando assim um anel quelato com o íon metálico

central, dando uma maior estabilidade ao composto de coordenação (MIESSLER;

FISHER; TARR, 2014). De acordo com Lobana e colaboradores (2009), os átomos

responsáveis pela formação desse anel quelato nas tiossemicarbazonas são o enxofre

e o nitrogênio, assim esses ligantes são chamados de bidentados N,S-doador. A

coordenação através do nitrogênio azometínico e do enxofre permite a formação de um

anel de cinco membros, que é muito estável. Entretanto, pode ocorrer a coordenação

via enxofre e o nitrogênio íminico, dessa forma irá ser formado um anel de quatro

Page 23: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

9

membros, que são mais tensionados e consequentemente menos estáveis, tornando

esse modo de coordenação menos provável de acontecer. O modo de coordenação

das tiossemicarbazonas está mostrado na Figura 6.

Figura 6 - Representação de coordenação das Tiossemicarbazonas via enxofre e

nitrogênio azometínico (a) e nitrogênio íminico(b)

Em 2010, Fonseca e colaboradores comprovaram o modo de coordenação

bidentado através dos átomos de nitrogênio azometínico e enxofre com a publicação

da estrutura cristalina do complexo de Mercúrio(II) com o ligante isatina-3-(N4-

benziltiossemicarbazona). Foram obtidos cristais laranjas que apresentaram a estrutura

cristalina mostrada na Figura 7.

Figura 7 - Estrutura do complexo bis[isatina-3-(N4-benziltiossemicarbazonato)]

mercúrio(II) (FONSECA et al., 2010)

O ligante isatina-3-(N4-benziltiossemicarbazona) está então coordenado de

forma N,S-doador, formando assim dois anéis pentagonais. Os comprimentos das

ligações que formam a esfera de coordenação do Hg(II) são: Hg-N13 de 2,389(2)Å; Hg-

Page 24: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

10

N23 de 2,429(19)Å; Hg-S21 de 2,421(7)Å e Hg-S11 de 2,446(7)Å (FONSECA et al.,

2010).

De acordo com os autores ao se coordenarem ao centro metálico as moléculas

de ligante mantém a planaridade característica das Tiossemicarbazonas, levando

assim a uma geometria tetraédrica distorcida, que pode ser comprovada através dos

ângulos formados na esfera de coordenação, que foram: N23-Hg-S11 de 118,72(5)°,

N13-Hg-S21 de 129,17(5)°, S21-Hg-N23 de 76,27(5)°, N13-Hg-S11 de 76,79(5)°. Os

ângulos apresentados não são tão próximos aos ângulos de um tetraedro regular

devido as tensões angulares formadas a partir do modo de coordenação quelato e ao

tamanho da molécula do ligante (FONSECA et al., 2010).

3.3 Canforoquinona

Neste trabalho utilizou-se a canforoquinona como reagente de partida para a

síntese dos ligantes Tiossemicarbazonas.

A canforoquinona pode ser obtida tanto comercialmente, como também a partir

da oxidação da cânfora (FERNANDES, 2008). Nogueira (2016) e Glisic e

colaboradores(2016) em seus estudos obtiveram a canforoquinona a partir de uma

reação com proporção equimolar entre a cânfora e óxido de selênio(IV), em meio de

anidrido acético sob refluxo durante dezoito horas. Conforme mostra o Esquema 2. Por

apresentar carbonos quirais em sua estrutura final, a canforoquinona pode ser obtida

ou sintetizada na sua forma pura ou com misturas de isômeros, neste trabalho

específico foi utilizado uma mistura racêmica da molécula.

Esquema 2 - Reação de Obtenção da Canforoquinona (Adaptado de Glisic e

colaboradores, 2016).

Page 25: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

11

Podemos definir então a canforoquinona com uma α-dicetona, que apresenta

reatividade para reações de adição nucleofílica, oxidação-redução e condensação

aldólica (FERNANDES, 2008).

Na literatura o uso da canforoquinona está presente em materiais odontológicos,

como fotossensibizadores (GUIMARÃES et al., 2014). Mas segundo Kamoun e

colaboradores (2016) é também utilizado como fotoiniciador em reações de

fotopolimerização. Seu estudo relacionado a química de coordenação como reagentes

de origem para ligantes em complexos ainda é muito escasso na literatura.

Em 2013, Kokina e colaboradores sintetizaram e obtiveram a estrutura cristalina

do composto (E)-2-((1R,4R)-1,7,7-trimetilbiciclo[2.2.1]heptan-2-ona)tiossemicarbazona

(CaTSC), conforme mostra a Figura 8, este ligante é derivado da cânfora com a

tiossemicarbazida. Apresenta sistema cristalino ortorrômbico e grupo espacial P212121.

Figura 8 - Estrutura cristalina do ligante CaTSC (KOKINA et al., 2013)

Os ângulos de ligação importantes a se destacar são: C1-N2-N3 de 118.5(1)º,

C10-N3-N2 de 116.7(1)º, N1-C1-N2 de 117.4(1)º, N1-C1-S1 de 122.3(1)º, N2-C1-S1 de

120.3(1)º, N3-C10-C11 de 122.8(1)º e N3-C10-C14 de 129.7(1)º (KOKINA et al., 2013).

Oliveira e colaboradores obtiveram em 2016, até então a única estrutura

cristalina de um composto Tiossemicarbazona derivado da canforoquinona. O (Z)-4-

fenil-1-(4,7,7-trimetil-3-oxobiciclo[2,2,1]heptan-2-diona)tiossemicarbazona (CQFTSC),

representado na Figura 9. O CQFTSC é uma Tiossemicarbazona derivado de uma

reação de condensação entre a 4-feniltiossemicarbazida e a canforoquinona. Feita na

presença de etanol e tendo gotas de HCl como catalizador. A reação foi mantida em

refluxo durante 6 horas.

Page 26: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

12

Figura 9 - Estrutura cristalina do composto CQFTSC sintetizado por Oliveira e

colaboradores em 2016.

O composto CQFTSC pertence ao sistema cristalino ortorrômbico e tem grupo

espacial Pbca. Conforme autores, a molécula só não é planar devido a presença do

fragmento proveniente da canforoquinona. A planaridade do restante da molécula é

comprovada a partir dos ângulos de ligação que formam o grupo tiossemicarbazona da

mesma, que são: N1-N2-C1 de 120,46(17)º; N2-C1-N3 de 114,19(17)º; C21-N1-N2 de

116,14(17)º e N2-C1-S1 de 117,12(15)º.

A estrutura geral de um composto Tiossemicarbazona derivado da

canforoquinona (Figura 10A), apresenta o oxigênio da carbonila como mais um átomo

com possibilidade de doação de elétrons para coordenação ao centro metálico. Isso faz

com que compostos Tiossemicarbazonas derivados da canforoquinona apresentem

outras formas de coordenação além da N,S-doador presentes na estrutura básica das

Tiossemicarbazonas. De acordo com Nogueira (2016) abre-se duas novas formas de

coordenação. A primeira quando o ligante atua protonado de forma quelante tridentada

N,O,S-doador, formando assim dois anéis de cinco membros bastante estáveis com o

íon metálico central (Figura 10B). A segunda maneira de coordenação é também

tridentada N,O,S-doador com formação de dois anéis pentagonais, porém com o

ligante desprotonado (Figura 10C). A desprotonação do ligante aumenta a capacidade

de doar elétrons ao íon metálico, essa desprotonação no nitrogênio hidrazínico pode

ser feita facilmente com a adição de bases fortes no meio da reação.

Page 27: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

13

Figura 10 - A) Estrutura geral do composto Tiossemicarbazona derivado da

Canforoquinona. B) Coordenação N,O,S-doador com composto ligante protonado. C)

Coordenação N,O,S-doador com composto ligante desprotonado (Adaptado de

Nogueira 2016).

No ano de 2015, Nogueira e colaboradores comprovaram esse modo de

coordenação tridentado N,O,S-doador e desprotonado de ligantes Tiossemicarbazonas

derivados da canforoquinona a partir da estrutura cristalina de um complexo metálico

de Cádmio(II). Este complexo é até o momento é o único complexo metálico reportado

na literatura proveniente de um ligante Tiossemicarbazona derivado de uma

canforoquinona, a estrutura está representada na Figura 11.

Figura 11 - Representação da unidade assimétrica do complexo de cádmio(ІІ).

(NOGUEIRA et al., 2015).

É possível observar que a estrutura apresenta uma desordem na molécula e que

o íon Cádmio(II) apresenta um número de coordenação igual a seis, sua esfera de

Page 28: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

14

coordenação é formada por dois ligantes Tiossemicarbazonas desprotonados. Os

ligantes Tiossemicarbazonas se coordenam ao Cádmio(II) de forma quelante tridentada

N,O,S-doador formando 4 anéis pentagonais. Os principais comprimentos de ligação

formado na esfera de coordenação são: Cd1-N3 de 2,306(2)Å, Cd1-N23 de 2,318(2)Å,

Cd1-S1 de 2,5245(7)Å, Cd1-S21 de 2,5445(7)Å, Cd1-O1 de 2,5839(19)Å, Cd1-O21 de

2,627(2)Å. Os ângulos de ligação da esfera de coordenação do complexo são: N3-Cd1-

S1 de 75,51(5)º, N23-Cd1-S1 de 129,89(6)º, N3-Cd1-S21 de 131,35(6)º, N23-Cd1-S21

de 74,79(6)º, O21-Cd1-S21 de 144,07(5)º e N3-Cd1-O1 de 69,93(7)º. Esses dados

comprovam uma geometria octaédrica distorcida para o complexo, onde as duas

posições axiais são ocupadas pelos átomos O1 e S21 e as quatro posições equatoriais

pelos átomos N23, S1, N3 e O21.

3.4 Estruturas cristalinas de complexos metálicos de níquel(II) e

cádmio(II) com ligantes Tiossemicarbazonas.

Conforme vem sendo discutido ao decorrer deste trabalho, íons metálicos tem

tendência a formar complexos com moléculas que apresentam átomos doadores de

elétrons. Sendo assim, os átomos classificados como metais de transição ganham

destaque na química de coordenação, pois essas espécies formam íons pequenos e de

carga elevada, que apresentam orbitais vazios de baixa energia capaz de receberem

os pares eletrônicos provenientes dos ligantes (LEE, 1999).

O Níquel(II), elemento de importância neste trabalho, apresenta complexos

metálicos com números de coordenação (NC) variando de 3 a 6, sendo mais

comumente encontrado complexos com NC igual a 4, apresentando uma geometria

quadrádica e também com NC igual a 6, proporcionando uma geometria octaédrica

(FARIAS, 1998; HOUSECROFT; SHARPE, 2013.).

García-Reynaldos e colaboradores, em 2007, obtiveram a estrutura cristalina de

do complexo [Ni(5-MeO-HSalTSC)PPh3]Cl.EtOH, que está representada na Figura 12.

Page 29: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

15

Figura 12 - Representação estrutura do complexo [Ni(5-MeO-HSalTSC)PPh3]Cl.EtOH.

(GARCÍA-REYNALDOS et al., 2007)

O complexo obtido por García-Reynaldos e colaboradores em 2007 apresenta

então um NC igual a 4 com o ligante atuando como um quelante N,O,S-doador e um

co-ligante trifenilfosfina completando a esfera de coordenação, promovendo assim uma

geometria quadrádica. Essa geometria é comprovada pelos ângulos de ligação de

90,000º(3) entre S-Ni-P, 175,58(6)º entre S-Ni-O1, 88,24(7)º entre S-Ni-N1, 87,62(5)º

entre P-Ni-O1, 178,05(7)º entre P-Ni-N1 e 94,08(8)º entre O1-Ni-N1.

Em 2012, Pederzolli e colaboradores em seu estudo obtiveram a estrutura

cristalina do complexo 5-bromosalicilaldeídotiossemicarbazonato(piridina)níquel(II)

([Ni(5-Br-SalTSC)py]), representada na Figura 13. Esse complexo foi obtido a partir de

uma reação entre um ligante 5-bromosalicilaldeídotiossemicarbazona e acetato de

níquel(II) tetrahidratado, usando como solvente tetrahidrofurano e piridina como um co-

ligante.

Figura 13 - Representação da estrutura do complexo [Ni(5-Br-SalTSC)py].

(PEDERZOLLI et al., 2012)

Page 30: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

16

O complexo [Ni(5-Br-SalTSC)py] apresenta uma esfera de coordenação

composta por uma molécula de ligante 5-bromosalicilaldeídotiossemicarbazona

desprotonado na posição N2, a função fenol também se encontra desprotonada. E uma

molécula de piridina atuando como co-ligante. A geometria desse complexo é

quadrádica com ângulos entre as ligações de N1-Ni-S de 87,23(6)º, N4-Ni-S de

90,53(6)º, O-Ni-N4 de 86,41(7)º, O-Ni-N1 de 95,76º(7)º, N1-Ni-N4 de 177,05° e O-Ni-S

de 176,49. Devido ao ligante atuar de forma tridentada N,O,S-doador, formar-se um

anel hexagonal e outro pentagonal, contribuindo para a estabilidade do complexo

(PEDERZOLLI et al., 2012).

Şen e colaboradores em 2019 publicaram a estrutura cristalina do complexo

bis[(2-acetil-5-clorotiofenotiosemicarbazonato)]Ni(II) (Figura 14). O complexo apresenta

geometria quadrádica, formado por duas moléculas de ligante do tipo

tiossemicarbazona, onde ambas moléculas se coordenam de forma bidentada através

dos átomos de enxofre e nitrogênio formando dois anéis pentagonais dando

estabilidade ao complexo. As moléculas de ligante estão em posição cis.

Figura 14 - Representação estrutural do complexo bis[(2-acetil-5-

clorotiofenotiosemicarbazonato)]Ni(II). (ŞEN et al., 2019)

A esfera de coordenação do complexo bis[(2-acetil-5-

clorotiofenotiosemicarbazonato)]Ni(II) é formado pelos ângulos 101,62(17)º entre N3-

NI-N6, 92,81(6)º entre S1-Ni-S3, 159,52(13)º entre S1-Ni-N6 e 164,58(13)º entre S3-Ni-

N3 (ŞEN et al., 2019).

Page 31: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

17

Além das geometrias quadrádica, complexos de níquel também são retratados

na literatura com geometrias octaédricas.

Chattopadhyay e colaboradores (1997), obtiveram a estrutura cristalina do

complexo de nitrato de bis[3-hidroxiimino-butanona(4-feniltiosemicarbazona)]níquel (II)

monohidrato ([Ni(C11H14N4OS)2](NO3).H2O), que está representado na Figura 15. A

unidade assimétrica do complexo apresenta um íon de níquel(II) central, coordenado

por duas moléculas de ligante Tiossemicarbazonas, que coordenam-se ao íon níquel(II)

na sua forma neutra. Dois contra-íons nitrato e uma molécula de água atuam como

solvato de cristalização.

Figura 15 - Representação estrutural do complexo ([Ni(C11H14N4OS)2](NO3)2.H2O

(CHATTOPADHYAY et al., 1997).

Para melhor identificação das moléculas do ligante, os autores optaram por

diferenciá-las pelos ícones A e B. Cada ligante Tiossemicarbazona atua de forma

tridentada, se coordenando através dos átomos de enxofre, do nitrogênio da imina e do

nitrogênio da oxima. Isso faz com que o número de coordenação do complexo seja

igual a 6 e que apresente uma geometria octaédrica distorcida. Na esfera de

coordenação os átomos S1(A), N4(B), N4(A) e S1(B) são responsáveis pelas posições

equatoriais do octaedro e os átomos N3(A) e N3(B) se encontram nas posições axiais.

Page 32: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

18

Em 2011, Li e colaboradores, a partir do ligante 4-Ciclo-hexil-1-(1-(pirazin-2-il)

etilideno)tiossemicarbazona e de perclorato de níquel(II) hexahidratado, publicaram a

estrutura cristalina de um complexo de níquel que está representado na Figura 16. O

complexo apresenta geometria octaédrica levemente distorcida, com ambos ligantes

desprotonados e atuando de forma quelante tridentada através dos átomos de

nitrogênio da pirazina, do nitrogênio da imina e do enxofre da tiocarbolina.

Figura 16 - Representação estrutural do complexo de Ni(II) proveniente do ligante 4-

Ciclo-hexil-1-(1-(pirazin-2-il)etilideno)tiossemicarbazona (LI et al., 2011).

Os ângulos de ligação no centro metálico são de 173,80(7)º entre N3-Ni-N8, de

78,78(8)º entre N3-Ni-N4, de 92,03(7)º entre N4-Ni-N9, de 81,96(5)º entre N3-Ni-S1 e

de 90,41(2)º entre N4-Ni-S2. A partir então dos ângulos os autores concluíram que a

base quadrada do octaédrico é formada pelos átomos de enxofre, de nitrogênio imínico

e de nitrogênio pirazínico do primeiro ligante e também por um átomo de nitrogênio

imínico de um segundo ligante. Para completar o octaedro as posições axiais são

ocupadas pelos átomos de enxofre e nitrogênio pirazínico do segundo ligante. Isso

acarreta a formação de 4 anéis pentagonais, que dão estabilidade ao complexo (LI et

al., 2011).

Lobana e colaboradores, em 2011, ao estudar a influência de grupos

substituintes nos átomos C2 e N1 em Tiossemicarbazonas, obtiveram a estrutura

cristalina de três complexos octaédricos de níquel(II). O primeiro deles é o complexo

[Ni(aftscN-Me)2], derivado do ligante 2-acetilfuran-N-metiltiossemicarbazona,

representado na Figura 17A. O segundo complexo é o [Ni(aftscN-Ph)2], derivado do

Page 33: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

19

ligante 2-acetilfuran-N-feniltiossemicarbazona, que está representado na Figura 17B. E

o terceiro é o complexo derivado do ligante [Ni(aftscN-Et)2], que está representado na

Figura 17C.

Figura 17 - Representação estrutural dos complexo A)[Ni(aftscN-Me)2]; B) [Ni(aftscN-

Ph)2] e C)[Ni(aftscN-Et)2] (LOBANA et al., 2011).

Em ambos complexos, os ligantes apresentam uma carga negativa, visto que

foram previamente desprotonados, isso faz com que o balanceamento de cargas junto

com o íon Ni(II) fique neutro. Os complexos apresentam geometria octaédrica

distorcida, onde os átomos de enxofre da tiocarbonila e o oxigênio do anel formam a

base do octaédrico, posições equatoriais, e os átomos de nitrogênio do grupo

azometano se encontram em trans um ao outro, ocupando as posições axiais do

octaedro. Os ligantes então atuando de forma tridentada N,O,S-doador forma 4 anéis

pentagonais de alta estabilidade aos complexos.

O outro metal de importância nesta pesquisa é o Cádmio e seu estado de

oxidação +2. Segundo Housecroft e Sharpe (2013), complexos envolvendo o íon Cd(II)

apresenta uma variedade em geometrias de coordenação. Isso ocorre devido aos seus

números de coordenação que podem ser iguais a 4, 5 ou 6, que são os mais comuns,

porém, pode-se verificar estruturas mais complexas com números de coordenação

iguais a 8.

Em 1997, Duan e colaboradores sintetizaram o complexo de Cd(II) derivado da

reação entre o ligante 2-bromobenzaldeidotiossemicarbazona e iodeto de cádmio(II). O

complexo possui uma estrutura dimérica, com uma geometria trigonal bipiramidal,

conforme a Figura 18.

Page 34: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

20

Figura 18 - Representação estrutural do complexo de Cádmio(II) com ligante 2-

bromobenzaldeidotiossemicarbazona (DUAN et al., 1997).

A esfera de coordenação é composta por dois átomos de iodo e um átomo de

enxofre que compõe o plano equatorial, um átomo de enxofre oriundo de outra

molécula de ligante ocupa umas das posições axiais, a outra posição axial é ocupada

por um átomo de iodo da metade do dímero. Os ângulos que formam a esfera de

coordenação conforme os autores são de: 115,8(1)º entre I1-Cd1-I2, 115,3(1)º entre I1-

Cd1-S2, 101,1(1)º entre S1-Cd1-S2 e 117,8(1)º entre I2-Cd1-S2 (DUAN et al., 1997).

Tian e colaboradores, em 1997, obtiveram duas estruturas cristalinas de

complexos tetraédricos de Cádmio(II). O primeiro é um complexo proveniente da

reação entre o ligante 2-clorobenzaldeidotiossemicarbazona e brometo de cádmio(II)

(CdL2Br2), que está representado na Figura 19A. O segundo complexo foi obtido a

partir da mesma molécula de ligante só que utilizando iodeto de cádmio(II) com sal

metálico (CdL2I2), representado na Figura 19B. Ambos complexos consistem em

moléculas neutras, onde duas moléculas de ligante atuam de forma monodentada

através do átomo de enxofre. A geometria tetraédrica é completada com dois íons

brometos para o complexo CdL2Br2 e com dois íons de iodetos para o complexo CdL2I2.

Page 35: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

21

Figura 19 - Representação estrutural do complexo A) CdL2Br2 e B)CdL2I2 (TIAN et

al., 1997).

A similaridade entre os complexos pode ser observada, de acordo com os

autores, a partir dos comprimentos de ligação que formam a esfera de coordenação.

No complexo CdL2Br2 temos 2,583(2)Å para Cd1-Br1; 2,599(2)Å para Cd1-Br2;

2,541(3)Å para Cd1-S1 e 2,526(2) para Cd1-S2. E no complexo CdL2I2 os

comprimentos de ligação são: 2,748(1)Å para Cd1-I1; 2,780(1)Å para Cd1-I2; 2,634(2)Å

para Cd1-S1 e 2,548(3) para Cd1-S2.

Em 2004, López-Torres e colaboradores obtiveram cristais laranjas a partir de

uma reação com Cd(NO3)2.4H2O e o ligante benzil-bis(tiossemicarbazona) em solução

de clorofórmio e dimetilformamida. Com os cristais foi possível elucidar uma estrutura

cristalina de uma espécie dinuclear centrossimétrica, conforme demonstra a Figura 20.

Os íons Cd(II) apresentam NC igual a 5, proporcionando um geometria piramidal de

base quadrada, com quatro posições ocupadas por dois nitrogênios imínicos e dois

átomos de enxofre de uma molécula de ligante, e a quinta posição é ocupada por um

átomo de enxofre do ligante tiossemicarbazona adjacente. Esse modo de coordenação

do ligante proporciona a formação de seis anéis de cinco membros e um anel de quatro

membros que é formado a partir dos átomos de enxofre que atuam como ponte entre

os dois íons metálicos.

Page 36: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

22

Figura 20 - Representação estrutural do complexo de Cd(II) com ligante Benzil-

bis(tiossemicarbazona) (LÓPEZ-TORRES et al., 2004).

Tai e colaboradores, 2016, elucidaram a estrutura de um complexo octaédrico de

Cd(II) derivado de ligantes 2-benzoilpiridina-N(4)-ciclohexiltiossemicarbazona, as duas

moléculas de ligante atuam como um quelante tridentado N,N,S-doador, conforme a

Figura 21.

Figura 21 - Representação estrutural do complexo de Cd(II) com ligante 2-

benzoilpiridina-N(4)-ciclohexiltiossemicarbazona (TAI et al., 2016).

Os ângulos de ligação que formam a esfera de coordenação do complexo são:

92,3(4)º entre N8-Cd1-N4; 67,6(2)º entre N4-Cd1-N3; 73,40(18)º entre N3-Cd1-S1;

137,31(17)º entre N4-Cd1-S1; 73,59(15)º entre N7-Cd1-S2; 137,50(15)º entre N8-Cd1-

S2 e 97,10(8) entre S1-Cd1-S2. Esses ângulos evidenciam uma estrutura octaédrica

altamente distorcida com as posições equatoriais ocupadas pelos átomos S1, N3, N4 e

N7, as posições axiais são então ocupadas pelos átomos N8 e S2. Os comprimentos

Page 37: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

23

de 1,735(8)Å entre as ligações de C7-S1 e 1,730(7)Å entre as ligações de C26-S2

sugere que as moléculas de ligante atuam na forma tiol (TAI et al., 2016).

A geometria octaédrica é a geometria mais comumente encontrada para os

complexos envolvendo o íon Cd(II), em 2016, Jiao e colaboradores publicaram a

estrutura cristalina de um complexo envolvendo o ligante N-{[2-(2-

Hidroxibenzoil)hidrazina]carbonotioil}propanamida (H3L) e nitrato de Cadmio(II), essa

estrutura está representada na Figura 22. A unidade assimétrica deste complexo é

formada por íon central Cd(II), uma molécula de ligante H3L, desprotonada,

coordenando-se de forma quelante tridentada O,N,O-doador, um co-ligante bipiridina

coordenando-se de forma monodentada através do átomo de N e um outro co-ligante

nitrato que se coordenada através do átomo de O.

Figura 22 - Representação estrutural do complexo de Cd(II) com Ligante H3L (JIAO et

al., 2016)

O plano equatorial do octaédrico é formado pelos átomos O2, O3 e N4

provenientes do ligante tiossemicarbazona e pelo átomo N4 do co-ligante bipiridina. As

posições axiais são ocupadas então pelos átomos O4 do co-ligante nitrato e um átomo

de S1ii gerado por simetria. Devido então a essa coordenação axial dos átomos de S,

os átomos de Cd(II) adjacentes formam uma molécula binuclear centrossimétrica, que

apresenta um ângulo de 87,11(4)º entre Cd-S-Cd e uma distância entre os íons Cd(II)

de 5,5558(14)Å (JIAO et al., 2016).

Page 38: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

24

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Os reagentes e solventes utilizados nesta pesquisa foram adquiridos

comercialmente, sendo assim, não foi realizado nenhum método prévio de tratamento

ou de purificação.

4.1 Reagentes

Mistura racêmica 1:1 de Canforoquinona marca Aldrich®; C10H14O2;

MM:166,22g.mol-1; PF:197-203ºC;

Tiossemicarbazida marca Aldrich®; CH5N3S; MM:91,14g.mol-1; PF:180-

183ºC;

4-Feniltiossemicarbazida marca Aldric®; C7H9N3S; MM:167,23g.mol-1; PF:

138-140ºC;

Sódio metálico marca Vetec®; Na; MM:23g.mol-1; PF: 98ºC;

Hidróxido de Potássio P.A. marca Vetec®; KOH; MM: 56,11g.mol-1; PF:380ºC;

Cloreto de Níquel Hexahidratado marca Synth®; NiCl2.6H2O;

MM:237,70g.mol-1; PF:140ºC

Acetato de Cádmio dihidratado P.A marca Synth®; Cd(CH3COO)2.2H2O;

MM:266,67g.mol-1; PF: 256ºC;

4.2 Solventes

Etanol P.A. marca Synth®; CH3CH2OH; MM:46,07g.mol-1;

Metanol P.A. marca Synth®; CH3OH; MM:32,04g.mol-1;

Page 39: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

25

Ácido Clorídrico P.A. marca Synth®; HCl; MM:36,46g.mol-1

4.3 Ponto de Fusão

Para a determinação do ponto de fusão dos compostos sintetizados foi utilizado

um aparelho Fisatom 430D com temperatura máxima de 300º, que se encontra no

Laboratório de Catálise e Síntese Inorgância (LCSI) na Universidade Federal do Rio

Grande (FURG).

4.4 Análise Elementar

Para a determinação do teor de carbono, hidrogênio e nitrogênio dos compostos

obtidos foi utilizado um Analisador Elementar CHN Perkin Elmer 2400, pertencente a

Centro Analítico de Instrumentação da Universidade de São Paulo.

4.5 Espectroscopia na Região do Infravermelho (IV)

As análises na região do Infravermelho foram realizadas em um

Espectrofotômetro Shimadzu-IR PRESTIGE-21, que se encontra na Escola de Química

e Alimentos (EQA) da FURG. Foi utilizado como padrão o Brometo de Potássio (KBr) e

a amostra no seu estado sólido. E as leituras foram feitas na região do infravermelho

médio, que compreende uma escala espectral de 4000 a 400cm-1.

4.6 Espectroscopia na Região do Ultravioleta-Visível (UV-Vis)

Os espectros na região do ultravioleta-visível foram obtidos através do método

de varredura, com intervalo de comprimento de onda entre 200 a 800nm. Foi utilizado

um aparelho Shimadzu UV-2550, que se encontra localizado na EQA da FURG. As

análises foram realizadas utilizando uma cubeta de quartzo com caminho óptico de

1cm.

Page 40: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

26

4.7 Ressonância Magnética Nuclear de 1H (RMN 1H)

Os espectros de ressonância magnética nuclear de 1H dos compostos

Tiossemicarbazonas sintetizados foram obtidos em um aparelho de ressonância

magnética nuclear (RMN) de alto campo Bruker modelo Ascend 400 MHz, pertencente

ao Centro Integrado de Análises (CIA) da FURG. Os solventes utilizados nas análises

foram clorofórmio deuterado, para o composto Tiossemicarbazona derivado da

canforoquinona e 4-feniltiossemicarbazida, e dimetilsulfóxido deuterado, para o

composto Tiossemicarbazona derivado da canforoquinona e tiossemicarbazida.

4.8 Difração de Raios X (DR-X) em Monocristal

Para a determinação das estruturas cristalinas do composto Tiossemicarbazona

derivado da canforoquinona e tiossemicarbazida, bem como de seu complexo, foi

utilizada a técnica de Difração de Raios-X em monocristal. Os dados de difração foram

coletados em temperatura ambiente, utilizando um difratômetro Bruker Apex II, com

detector de área CCD, pertencente a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

4.9 Procedimentos Experimentais

4.9.1 Síntese Do Composto 4,7,7-Trimetil-3-Oxobiciclo[2.2.1]-

Heptan-2-Ilideno)Hidrazinocarbotioamida (CQTSC).

Em um balão de fundo redondo foram solubilizados 0,5g (3mmol) de mistura

racêmica de canforoquinona em 40mL de metanol, à solução foram adicionadas 5

gotas de ácido clorídrico concentrado. Em seguida foram adicionados na reação 0,27g

(3mmol) de tiossemicarbazida. A reação ficou sob refluxo durante 6horas (Esquema 3).

Page 41: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

27

Após este tempo foi obtido uma solução de coloração amarela intensa, que foi

deixada em repouso. Obtendo-se posteriormente um sólido cristalino amarelo que se

mostrou apto para DR-X em monocristal.

Esquema 3 - Reação de obtenção do CQTSC

Com base na estequiometria da reação e na massa obtida após a síntese,

calculou-se um rendimento de 72%(0,5178g) do composto, que apresentou ponto de

fusão no intervalo de 217ºC a 220ºC.

De acordo com a análise elementar (Teórico/Experimental) foi possível

determinar: C (55,2%/53,78%); H (7,1%/7,45%); N (17,56%/17,23%).

As caracterizações de IV, DR-X em monocristal e RMN 1H do composto CQTSC

serão discutidas no Capítulo 5. Devido a sua difícil solubilidade, a caracterização via

UV-vis tornou-se dificultada, e por essa razão optou-se por não realizar essa análise.

4.9.2 Síntese do Composto Fenil-2-((1S,4S)-4,7,7-Trimetil-3-

Oxobiciclo[2.2.1]Heptan-2-Ilideno)Hidrazinocarbotioamida (CQFTSC).

Oliveira e colaboradores em 2016 publicam a síntese e a estrutura cristalina do

composto CQFTSC. Essa metodologia foi novamente executada para a realização

deste trabalho.

Page 42: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

28

A síntese do composto CQFTSC ocorreu mediante uma reação de 0,5g (3mmol)

de Canforoquinona (mistura racêmica) solubilizada em 30mL de Etanol e acidificada

com 5 gotas de Ácido Clorídrico, seguido da adição de 0,503g (3mmol) de 4-

feniltiossemicarbazida. A reação ficou sob refluxo durante um tempo de 6 horas

(Esquema 4).

Ao final da reação obteve-se um precipitado amarelo, que foi isolado através de

filtração a vácuo, com ponto de Fusão de 208ºC.

Esquema 4 - Reação de obtenção do composto CQFTSC

(Adaptado de Oliveira e colaboradores (2016))

Com base na estequiometria da reação foi possível calcular um rendimento de

71,26% (0,676g) do composto CQFTSC. A partir da análise elementar tivemos como

resultado (Teórico/Experimental): C (64,73%/64,74%); H (6,66%/6,78%); N

(13,32%/13,29%).

Visto que este é um composto já reportado na literatura, foi escolhido as técnicas

de IV, UV-vis, e RMN 1H para sua caracterização, que serão discutidas no Capítulo 5.

Ainda segundo a literatura este composto cristaliza com apenas um isômero na cela

cristalina, desse modo, o esquema reacional representa apenas um produto final, e não

uma mistura isomérica como foi o caso do composto CQTSC.

Page 43: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

29

4.9.3 Síntese do Complexo de Cádmio(II) com Ligante CQTSC

(Complexo 1).

A síntese do complexo de Cádmio(II) (Esquema 5) ocorreu mediante reação do

ligante CQTSC e acetato de cádmio(II) dihidratado na proporção molar 2:1. Partiu-se

de 0,4119g (1,722mmol) de ligante CQTSC solubilizados em 20mL de etanol, com a

adição de 3 gotas de solução de KOH 10%. A reação ficou sob agitação durante alguns

minutos até completa solubilização do ligante, após foram adicionados ao sistema

reacional 0,229g (0,861mmol) de acetado de cádmio(II). A reação permaneceu sob

agitação constante durante um tempo de 3 horas.

Após esse tempo obteve-se uma solução amarela cristalina, que foi deixada em

repouso para evaporação lenta do solvente. Foram observados após alguns dias a

formação de sólidos cristalinos aptos a DR-X em monocristal, que apresentaram Ponto

de Fusão de 238ºC.

Esquema 5 - Reação de obtenção do Complexo 1

A análise elementar do Complexo 1 teve como resultados

(Teórico/Experimental): C (42,27%/31,01%); H (5,36%/4,23%); N (13,44%/5,68%).

Observou-se uma discrepância entre os valores teóricos e experimentais, mostrando a

necessidade da realização de novas análises.

Page 44: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

30

A discussão referente a estrutura molecular do Complexo 1 será discutida no

Capítulo referente a apresentação e discussão de resultados, através das técnicas de

IV e DR-X em monocristal.

4.9.4 Síntese do Complexo de Níquel(II) com Ligante CQFTSC

(Complexo 2).

A síntese do complexo de Níquel(II), representado no Esquema 6, ocorreu

mediante reação do ligante CQFTSC e Cloreto de Níquel(II) hexahidratado na

proporção molar 2:1. Partiu-se de 0,1g (0,31mmol) de ligante CQFTSC solubilizados

em 20mL de metanol. Antes da adição do sal de níquel(II), houve a desprotonação do

ligante com sódio metálico. Após um tempo de agitação, até completa solubilização do

Na0, foi adicionado a reação 0,038g (0,15mmol) de NiCl2.6H2O. A reação passou de

uma coloração amarelo intenso para um castanho escuro. A reação ficou sob agitação

durante um tempo de 3horas.

Esquema 6 - Reação de obtenção do Complexo 2

Ao término do tempo reacional, foi isolado através de filtração por gravidade um

sólido castanho, que apresentou um Ponto de Fusão de 210ºC. Com essa amostra

sólida foram realizadas análises de IV e UV-vis com o intuito de descrever uma

Page 45: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

31

estrutura provável para o Complexo 2. A análise elementar do complexo teve como

resultado (Teórico/Experimental): C (59,47%/61,03%); H (5,83%/6,64%); N

(12,24%/12,26%).

Page 46: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

32

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta parte do trabalho serão apresentados os resultados obtidos através da

espectroscopia na região do infravermelho, espectroscopia na região do ultravioleta-

visível e ressonância magnética nuclear de 1H, necessário para a caracterização dos

compostos sintetizados nesta pesquisa. A última parte deste capítulo será reservada

para apresentar os resultados obtidos a partir da difração de Raios X em monocristal

que possibilitou a definição da estrutura cristalina molecular do composto

Tiossemicarbazona inédito CQTSC (Figura 23) e do seu complexo de Cd(II).

Figura 23 - Fórmula estrutural do composto CQTSC

5.1 Espectroscopia na Região do Infravermelho (IV)

Conforme já foi abordado na parte inicial deste trabalho, as moléculas

Tiossemicarbazonas podem ser sintetizadas através de reações quimiosseletivas entre

compostos carbonilados e tiossemicarbazidas, onde temos a formação do grupo

azometino (C=N). Conforme alguns estudos já publicados (FONSECA et al., 2010 e

TADJARODI; NAJJARI; NOTASH, 2015) a função azometina (C=N) pode ser

identificada no espectro de infravermelho como um estiramento de média intensidade

na região de 1600cm-1. No espectro de IV do composto CQTSC (Figura 24) o

estiramento referente a esse grupo funcional encontra-se em 1581,63cm-1 com uma

Page 47: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

33

intensidade considerável. Concordando também com o que foi relatado por Kokina e

colaboradores em 2013, onde os mesmos atribuíram para essa ligação a banda na

região de 1583cm-1.

Figura 24 - Espectro IV do composto CQTSC.

Deve-se salientar ainda que a confirmação do estiramento νC=N no espectro de

infravermelho é uma forte evidência da obtenção das Tiossemicarbazonas tornando a

espectroscopia na região do infravermelho uma ferramenta de trabalho muito útil na

rotina do laboratório.

A presença de uma banda de forte intensidade em 1737,86cm-1 no espectro de

IV mostrado na Figura 24 é referente ao estiramento de uma função carbonila (C=O). E

esse comprova que o ataque nucleofílico da tiossemicarbazida ocorreu em apenas uma

carbonila do reagente eletrofílico canforoquinona. Esse fato pode ser explicado devido

ao efeito estérico da substituinte metila presente no anel de seis membros da

canforoquinona. Na literatura (PAVIA et al., 2010 e BARBOSA, 2007) afirma-se que as

Page 48: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

34

presenças de bandas de forte intensidade na região de 1700cm-1 comprovam a

existência da função carbonila na molécula.

Outra característica marcante dos compostos Tiossemicarbazonas é o grupo

tiocarbonila. Conforme Fonseca e colaboradores (2010), este grupo é difícil de ser

identificado visto que aparece em uma região bastante carregada do espectro de IV.

No espectro da Figura 24 as bandas 1068,56 e 852,54cm-1 foram escolhidas para o

estiramento νC=S. De acordo com que já foi discutido neste trabalho, as

Tiossemicarbazonas podem apresentar duas formas tautoméricas, tiona e tiol, mas

segundo a literatura (TENÓRIO et al., 2005) o aparecimento de uma banda forte na

região de 1028-1082cm-1 indicam a obtenção do composto na sua forma tiona, caso

contrário seria visualizado uma banda entre 2500-2600cm-1 referente ao grupo tiol (C-

SH), o que não se observa na Figura 24.

As bandas referentes aos grupos amino presentes na molécula foram

caracterizadas de acordo com os estudos de Casas e colaboradores (2000), onde

atribuíram as bandas de 3442, 3276 e 3244cm-1 aos estiramentos simétricos e

assimétricos νNH2, e também nos estudos de Kokina e colaboradores de 2013, onde

para o mesmo grupo atribuíram as bandas 3417, 3212 e 3125cm-1. No composto

CQTSC as bandas atribuídas foram 3477,66cm-1, 3358,07cm-1 e 3205,69cm-1, muito

próximo aos referenciais utilizados. Os átomos de hidrogênio desses grupos, junto com

suas interações intermoleculares serão comprovados e discutidos mais

detalhadamente com a análise de DR-X em monocristal. Bem como a parcela referente

a molécula de canforoquinona será discutida com os resultados de RMN 1H.

O composto CQFTSC (Figura 25) já apresenta sua estrutura cristalina publicada

na literatura (OLIVEIRA et al., 2016).

Page 49: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

35

Figura 25 - Fórmula Estrutural do composto CQFTSC.

Nogueira (2016), ao estudar complexos de Cádmio(II) com ligantes

Tiossemicarbazonas derivados da canforoquinona, obteve o espectro de IV do

composto CQFTSC. A Figura 26 apresenta o espectro de IV para o composto CQFTSC

sintetizado no presente estudo. Para evidenciar a similaridade entre os espectros a

Tabela 1 apresenta uma comparação entre as bandas obtidas no estudo de

Nogueira(2016) com as bandas obtidas neste trabalho (Figura 26).

Figura 26 - Espectro de IV para o composto CQFTSC

Page 50: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

36

Tabela 1 - Comparação das bandas dos espectros de IV para o ligante CQFTSC com

as bandas obtidas por Nogueira (2016)

Grupo

Funcional

CQFTSC Nogueira, 2016

Nº de onda

(cm-1) Int.*

Nº de onda

(cm-1) Int.*

νN-H

3312,06 m 3307,92 F

3269,88 m 3278,99 F

δN-H 1535,44 F 1533,41 F

νC=N 1593,85 F 1593,20 m

νC=O 1709,04 F 1708,83 F

νC=S 841,01 f 837,11 f

δCH3 1444,58 m 1440,83 M

*Int.= intensidade das bandas; F= forte, m=media, f= fraca

Através da Tabela 1 é possível observar uma semelhança grande entre as

principais bandas utilizadas para a caracterização do composto CQFTSC. Os dados

apresentados tanto na Figura 26 como na Tabela 1 também concordam com outros

estudos reportados na literatura. De acordo com Pretsch, Bühlmann e Badertscher

(2009) o estiramento da carbonila pode ser encontrado em um intervalo entre 1775-

1650cm-1, assim o estiramento atribuído a carbonila (1709,04cm-1) se encontra dentro

dessa faixa. A banda característica das Tiossemicarbazonas, o grupo –C=N, que neste

trabalho foi atribuído em 1593,85cm-1, também está de acordo com a literatura

(SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2005; PRETSCH; BÜHLMANN;

BADERTSCHER, 2009 e BARBOSA, 2007).

Como os dois compostos Tiossemicarbazonas preparados para esse trabalho

são muito parecidos estruturalmente, como mostra as Figuras 23 e 25, pois só diferem

Page 51: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

37

na presença de um substituinte fenila na função tioamida terminal, a Tabela 2 tem

como proposito mostrar uma comparação referente os principais estiramentos das duas

moléculas.

Tabela 2 - Comparação entre as principais bandas dos espectros de IV para a

caracterização dos compostos CQTSC e CQFTSC

Grupo

Funcional

CQTSC CQFTSC

Nº de onda

(cm-1) Int.*

Nº de onda

(cm-1) Int.*

νC=N 1581,63 F 1593,85 F

νC=O 1737,86 F 1709,04 F

νC=S

852,54 f 841,01 f

1068,56 m 1014,62 m

νN-H

3358,07 m 3312,06 m

3205,69 m 3269,88 m

*Int.= intensidade das bandas; F= forte, m=media, f= fraca

O uso da técnica de espectroscopia na região do infravermelho em complexos

metálicos se torna um procedimento de grande importância nos estudos dos mesmos,

visto que se pode propor o modo de coordenação do ligante ao íon metálico, através de

pequenas modificações observadas no número de onda e na intensidade das bandas

dos grupos funcionais que apresentam átomos que podem estar envolvidos na

coordenação (FONSECA et al., 2010; BITTENCOURT, 2016; BANDEIRA, 2016).

Levando-se em consideração o pressuposto acima descrito, a Figura 27

apresenta a sobreposição do Espectro de IV do ligante CQTSC e do Complexo 1,

destacando-se as bandas referentes aos grupos funcionais envolvidos na

Page 52: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

38

complexação, o mesmo acontece na Figura 28 que representa o Espectro de IV do

ligante CQFTSC e do Complexo 2.

Figura 27 - Sobreposição dos Espectros de IV para o Ligante CQTSC e o Complexo de

Cd(II).

Figura 28 - Sobreposição dos Espectros de IV para o Ligante CQFTSC e o Complexo

de Ni(II).

Page 53: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

39

Em ambos os espectros de IV em comparação com seus respectivos ligantes é

observado um deslocamento nas bandas referente ao grupo carbonílico. Para o ligante

CQTSC e seu complexo de Cd(II), a banda νC=O passou de 1737,86 cm-1 para

1705,07cm-1, e entre CQFTSC e o complexo de Ni(II) foi de 1709,04cm-1 para

1703,75cm-1. De acordo com Liu e Yang (2009) é comum esse deslocamento da banda

νC=O em complexos metálicos, visto que a ligação do grupo carbonílico se torna

menos rígida devido ao deslocamento da densidade eletrônica em direção ao íon

metálico.

Tai e colaboradores (2016) relatam que a coordenação via nitrogênio da imina

pode ser evidenciada quando se observa um deslocamento para um número de onda

maior na banda referente a νC=N dos complexos. Esse deslocamento é observado

para o Complexo 1, onde passa de 1581,63cm-1 no ligante para 1595,13cm-1 no

complexo. E também no Complexo 2, onde as bandas referentes a esse grupo

funcional no ligante e complexo são respectivamente 1593,85cm-1 e 1595,36cm-1.

Significando assim, um forte sinal da complexação ao íon metálico via nitrogênio

imínico em ambos complexos.

Outro átomo presente em compostos Tiossemicarbazonas que podem estar

envolvidos na coordenação é o enxofre do grupo C=S. No Complexo 1, as bandas

atribuídas a esse grupo passam de 852,54 e 1068,56cm-1(ligante) para 862,18 e

1053,13cm-1. No Complexo 2 também é observado um pequeno deslocamento, de

841,01 e 1014,62 para 837,11 e 1012,63cm-1. Além desses deslocamentos é também

observado uma diminuição na intensidade das bandas, essa diminuição pode ser

interpretada como uma possível coordenação do átomo de enxofre ao íon metálico (LI

et al., 2011).

Analisando em conjunto os resultados obtidos na espectroscopia na região do

infravermelho, a estequiometria de reação de formação dos complexos metálicos (2:1

ligante/metal), a estrutura dos ligantes Tiossemicarbazonas utilizados e a

disponibilidade dos íons Ni(II) e Cd(II) de formarem complexos com número de

coordenação igual a 6, sugere-se para ambos os complexos uma geometria octaédrica

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40

distorcida (Figura 29). Onde duas moléculas de ligante se coordenam de forma

quelante tridentada N,O,S-doador, formando quatro anéis de cinco membros. Essas

estruturas podem ser comprovadas através de outras análises, principalmente por

Difração de Raios-X em monocristal.

Figura 29 - Proposta Estrutural para o Complexo 1 (a) e para o Complexo 2 (b).

A Tabela 3 a seguir finaliza a discussão de espectroscopia na região do

infravermelho fazendo uma comparação entre os comprimentos de onda dos grupos

funcionais envolvidos na complexação.

Page 55: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

41

Tabela 3 - Comparação entre as principais bandas de IV atribuídas aos grupos

funcionais envolvidos na complexação dos compostos sintetizados

Composto

Grupo Funcional

νC=O νC=N νC=S

CQTSC 1737,86cm-1(F) 1581,63cm-1(F) 852,54(f) e

1068,56cm-1(m)

Complexo 1 1705,07cm-1(m) 1595,13cm-1(m) 862,18(f) e

1053,13cm-1(m)

CQFTSC 1709,04cm-1(F) 1593,85cm-1(F) 841,01(f) e

1014,62cm-1(m)

Complexo 2 1703,75cm-1(m) 1595,36cm-1(m) 837,11(f) e

1012,63cm-1(m)

( )= intensidade das bandas; F= forte, m=media, f= fraca

5.2 Espectroscopia na Região do Ultravioleta-Visível para o Composto

CQFTSC e seu Complexo de Ni(II)

Compostos orgânicos que apresentam fórmulas químicas complexas são

geralmente transparentes, não absorvendo na região do ultravioleta-visível. Porém se

os mesmos apresentarem grupos insaturados, como átomos de enxofre, como no caso

do composto CQFTSC, devem apresentar picos de absorção entre 200 e 400nm

(VINADÉ; VINADÉ, 2005). Isto pode ser comprovado através da Figura 30, a qual

apresenta a sobreposição dos espectros de UV-vis da molécula ligante CQFTSC e de

seu complexo de Ni(II).

Page 56: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

42

Figura 30 - Sobreposição dos espectros obtidos na região do UV-vis do composto

CQFTSC e do seu complexo de Ni(II).

Como se observa, o composto CQFTSC apresentou duas bandas na região de

261 e 334nm, dentro da faixa descrita na literatura acima citada. Segundo Ali e

colaboradores (2006), bandas na região de 340nm no espectro de UV-vis estão

relacionadas a transições n→π* proveniente da ligação insaturada C=N, condizente

com a banda em 334nm observada na Figura 30. Relatos na literatura demonstram que

bandas na região de 256nm (KUMAR et al., 2018) e 295nm (JAGADEESH et al., 2015)

são atribuídas a transições π-π* da mesma ligação. A partir da lei de Lambert-Beer,

A=εbc (A=absorbância; ε= absortividade molar; b=caminho óptico; c=concentração) foi

possível calcular a absortividade molar para os picos de absorção máxima do

composto CQFTSC. Para o pico em 261nm a absortividade molar foi de 8,86x103L.mol-

1.cm-1, e para o pico em 334nm foi de 2x104L.mol-1.cm-1.

Outra informação que pode ser tirada do espectro de UV-vis do composto

CQFTSC é novamente a confirmação da obtenção da molécula na sua forma tiona

(C=S), pois de acordo com Pavia e colaboradores (2010), se a molécula se

apresentasse na forma tiol (C-SH) iria absorver energia entre 200-210nm, relacionada

a transições do tipo n→π* do respectivo grupo, o que não se observa no espectro da

Figura 30.

Page 57: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

43

No espectro de UV-vis do complexo de Ni(II) é observado também as bandas

referente a instauração do composto ligante, em 264 e 334nm. Porém com uma

intensidade menor, o que proporciona o aumento da absortividade molar, assim as

absortividades calculadas foram de 1,49x104L.mol-1.cm-1 e 2,26x104L.mol-1.cm-1 para as

bandas de 264 e 334nm, respectivamente. Esse aumento na absortividade molar em

complexos está associado a transferências de cargas e suas fortes colorações,

fazendo com que a sua detecção possa ocorrer em concentrações muito baixas

(HIGSON, 2009).

Há o surgimento de uma banda na região de 464nm no espectro de UV-vis do

complexo de Ni(II), que apresenta uma absortividade molar de 3,23x103L.mol-1.cm-1. De

acordo com Ibrahim, Farh e Mayer (2019) bandas de absorção na região entre 394-

460nm é referente a transições entre S→Ni, o que vem a completar a afirmação do

Espectro de IV de uma possível coordenação do ligante através do átomo de enxofre

da tiocarbonila.

5.3 Ressonância Magnética Nuclear de 1H (RMN 1H).

Conforme a literatura (PAVIA, Donald L. et al., 2010), através de espectros de

RMN 1H é possível determinar o número de cada um dos diferentes hidrogênios não

equivalentes presentes na molécula, assim obtendo-se mais informações sobre a sua

estrutura química. Combinações de dados de RMN, junto com outras técnicas são,

geralmente, suficientes para a determinação de uma estrutura desconhecida até então.

Desse modo, as Figuras abaixo apresentam os espectros de RMN 1H para os

compostos CQFTSC (Figura 31) e CQTSC (Figura 32).

Page 58: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

44

Figura 31 - Espectro de RMN 1H do composto CQFTSC.

Figura 32 - Espectro de RMN 1H do composto CQTSC.

Yoneda e colaboradores em 2007 fizeram um estudo detalhado de RMN 1H da

cânfora, este estudo servirá como referencial para a discussão dos hidrogênios

presentes na estrutura das Tiossemicarbazonas provenientes do fragmento derivado

Page 59: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

45

da canforoquinona. Assim a Tabela 4 faz uma comparação entre os resultados obtidos

na literatura e os resultados obtidos no presente trabalho para estes prótons.

Tabela 4 - Comparação dos dados de RMN 1H do fragmento derivado da

canforoquinona dos compostos CQFTSC e CQTSC e os dados apresentados na

literatura

CQFTSC

(ppm)

CQTSC

(ppm)

YONEDA et al., 2007

(ppm)

H10 0,94 0,90 0,91

H9

1,06 1,02

0,96

H8 0,84

H5

1,86 1,83 1,95

2,20 2,08 1,34

H6 1,63 1,52

1,68

1,40

H4 2,65 2,15 2,09

Os deslocamentos apresentados no espectro de RMN 1H dos hidrogênios do

fragmento da canforoquinona estão muito próximos aos encontrado por Yoneda e

colaboradores (2007) em ambos os compostos. Porém, diferentemente do espectro

mostrado na Figura 31, o espectro de RMN 1H do composto CQTSC mostra uma alta

densidade de picos na região característica dos hidrogênios da cânfora. Os

deslocamentos químicos são bastante semelhantes, mas é observado que as integrais

apresentam o dobro dos valores. Como por exemplo na região em 0,90ppm, que

representa a metila da posição 10, é observado uma integral de valor 6, enquanto que

Page 60: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

46

na mesma região para o composto CQFTSC a integral tem valor igual a 3. Isso pode

ser explicado por uma possível presença de pares de diasteroisômeros no produto

final, em virtude que o material de partida utilizado para a síntese do composto era

constituído de uma mistura racêmica de canforoquinona.

As regiões próximas a 7,5ppm da Figura 31 apresentam sinais de multipletos

com integrais iguais a 2, 2 e 1, aos quais podem ser atribuídos aos sinais dos

hidrogênios do anel aromático, concordando com os estudos de Kumar e

colaboradores (2018), onde os mesmos atribuíram para esses hidrogênios sinais com

deslocamentos em 6,28; 6,32 e 7,17.

Os hidrogênios dos grupos amidas geralmente aparecem em variadas regiões

no espectro, pois os valores de seus deslocamentos dependem da temperatura, da

concentração e do solvente (PAVIA, Donald L. et al., 2010). Kumar e colaboradores

(2018) obtiveram singletos em 11,57ppm e 9,91ppm o qual atribuíram a eles os

hidrogênios dos grupos aminos, estes sinais estão muito próximos aos singletos em

12,19ppm e 9,93ppm mostrados na Figura 31, sendo que o singleto mais desblindado

pode ser atribuído a amina que está entre o nitrogênio do grupo imínico e o carbono da

tiocarbonila. Na Figura 32 é observado um dupleto em 6,52ppm e um singleto em

7,56ppm que podem ser atribuídos aos hidrogênios do grupo –NH2, muito próximo ao

encontrado por Casas e colaboradores (2000), o qual encontraram um deslocamento

em 8,84 e 8,49ppm para esses hidrogênios. O pico mostrado em 12,11ppm é muito

semelhante ao encontrado por Bandeira (2016) que em 12,21ppm atribuiu para ele o

hidrogênio do grupo –NH.

5.4 Difração de Raios X em Monocristal para o composto CQTSC

A análise dos dados de difração de raios X em monocristal para o composto

CQTSC demonstrou que este cristaliza em um sistema monoclínico, pertencendo ao

grupo espacial C2/c. Os parâmetros da cela cristalina são: a=26,6370(9)Å,

Page 61: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

47

b=10,7617(4)Å, c=20,2108(7)Å e β=121,932(1)º. Os principais dados cristalográficos

constam na Tabela 5.

Tabela 5 - Dados do cristal, da coleta e do refinamento da estrutura do composto

CQTSC

Dados do cristal

Fórmula empírica C11H17N3OS

Massa molecular (g) 239,33

Sistema cristalino, grupo espacial Monoclínico, C2/c

Temperatura (K) 296

a, b, c (Å) 26,6370(9); 10,7617(4); 20,2108(7)

β (º) 121,932(1)

V (Å3) 4916,9 (3)

Z (formulas elementares na cela

cristalina) 16

Tipo de radiação CuKα

μ (mm-1) 2,21

Dimensões do cristal (mm) 0,70 × 0,46 × 0,44

Dados da coleta

Difratômetro Bruker Apex II CCD

Correção de absorção Multi-scan

Nº de medidas independentes e 47973, 4791, 4783

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[I >2σ(I) reflexões observadas

Rint 0,026

(sinθ/λ) máx (Å-1) 0,618

Refinamento

R[F2>2σ(F2)], wR(F2), S 0,043; 0,112; 1,07

Nº de reflexões 4791

Nº de parâmetros 295

Tratamentos de átomos de H Parâmetros restritos

∆ρmáx, ∆ρmin, (eÅ-3) 0,58; -0,33

Programas:SHELXT 2014/5 (Sheldrick, 2014), SHELXL2016/6 (Sheldrick, 2016).

A cela elementar do composto CQTSC é formada por 16 moléculas (Z=16). Já a

porção assimétrica é formada por duas moléculas independentes que são mostradas

na Figura 33.

Figura 33 - Representação das duas moléculas independentes que compõe a porção

assimétrica da estrutura cristalina (probabilidade 40%).

Page 63: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

49

A Figura 34 mostra ambas as moléculas independentes que formam a cela

unitária, em uma posição relativa, com seus respetivos átomos numerados, o que

facilita a discussão dos comprimentos de ligação a seguir. É importante citar que

devido a cela elementar apresentar moléculas independentes, e as mesmas possuírem

quiralidade, as duas moléculas são pares de enantiômeros, onde a molécula que

apresenta numeração de átomos menor é o isômero R e consequentemente a

molécula de numeração maior apresenta isomeria S, este fato é decorrente da

utilização de uma mistura de isômeros do reagente de partida canforoquinona.

Figura 34 - Representação com sua respectiva numeração das moléculas

independentes que compõe a cela unitária do composto CQTSC ( posição relativa, não

correspondente a posição das moléculas na unidade assimétrica).

Conforme vem sendo discutido ao decorrer deste trabalho, compostos

Tiossemicarbazonas são obtidos tradicionalmente através de reação de adição

nucleofílica entre um composto carbonilado e uma tiossemicarbazida, tendo gotas de

um ácido forte inorgânico como catalisador. Devido ao ataque nucleofílico da

tiossemicarbazida à função carbonílica temos a formação da dupla ligação entre o

carbono e o nitrogênio, na forma de uma função imina (C=N). Para o composto em

questão, encontramos um comprimento de ligação de 1,2760Å entre C6-N1 e 1,2780Å

entre C16-N4. Ambos valores encontrados neste trabalho estão próximos ao

encontrado por Bittencourt e colaboradores(2012) que descreveram para esse mesmo

tipo de ligação um comprimento de 1,311(4)Å e também com o estudo de Pederzolli e

colaboradores(2011) onde o comprimento encontrado foi de 1,285(4)Å, que por sua

vez, concordam com o comprimento de ligação característico do grupo C=N que é de

Page 64: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

50

1,28Å aproximadamente (MIESSLER; FISCHER; TARR, 2014). Os demais

comprimentos de ligação da molécula estão apresentados no Anexo 1.

A canforoquinona é um composto dicarbonilico. Porém, apenas uma carbonila

sofre o ataque nucleofílico da tiossemicarbazida. Esse fato já era evidenciado através

da análise dos espectros de infravermelho, pois, sempre se verifica a presença de uma

banda de intensidade forte na região de 1737,86cm-1, característica do grupo νC=O.

Para a função carbonila remanescente são registrados os comprimentos de ligação

C12-O2 de 1,208Å e C1-O1 de 1,2111Å. A presença de uma função carbonila é

justificada pelo fato que um grupo metila localizados no C2 ou C14, dependendo da

molécula da porção assimétrica da estrutura cristalina, realizar um forte impedimento

estérico sobre uma das carbonilas, não permitindo que essa venha participar da reação

de adição nucleofilica com a tiossemicarbazida. Esse fato já foi relatado por Fernandes

(2008) quando estudou reações da canforoquinona com compostos nitrogenados para

a síntese de hidrazonas substituídas.

As moléculas de CQTSC que compõem a cela elementar só não são planares

devido aos fragmentos das moléculas de canforoquinona. Pois os demais ângulos de

ligação provenientes da tiossemicarbazida apresentam ângulos próximos a 120º, como

pode ser observado na Tabela 6. Esses ângulos são compatíveis a uma hibridização

sp2 (MIESSLER; FISCHER; TARR, 2014)

Page 65: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

51

Tabela 6 - Ângulos de ligação (º) dos fragmentos C1-C6-N1-N2-C11(S1)-N3 e C12-

C16-N4-N5-C22(S2)-N6 do composto CQTSC. Desvio padrão entre parêntese.

Ângulo de Ligação (º) Ângulo de Ligação (º)

N3-C11-N2 116,94(3) N6-C22-N5 116,89(14)

N3-C11-S1 123,15(12) N6-C22-S2 123,31(12)

N2-C11-S1 119,91(11) N5-C22-S2 119,78(11)

C6-N1-N2 117,31(12) C16-N4-N5 117,22(12)

C11-N2-N1 119,05(12) C22-N5-N4 119,21(12)

C11-N2-H15 120,5 C22-N5-H32 120,4

N1-N2-H15 120,5 N4-N5-H32 120,4

C11-N3-H16 120,0 C22-N6-H33 120,0

C11-N3-H17 120,0 C22-N6-H34 120,0

N1-C6-C1 121,19(13) N4-C16-C12 121,12(13)

As próximas figuras que compõe esse trabalho mostram as projeções parciais

da cela elementar sobre os 3 eixos cristalográficos.

Page 66: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

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Figura 35 - Representação da cela elementar sobre o eixo a.

Figura 36 - Representação da cela elementar sobre o eixo b.

Page 67: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

53

Figura 37 - Representação da cela elementar sobre o eixo c.

A Tabela 7 abaixo tem como propósito fazer uma comparação dos principais

comprimentos de ligação do composto CQTSC com o obtido por Oliveira e

colaboradores em 2016, visto que o composto sintetizado na literatura apresenta uma

grande semelhança estrutural com o composto sintetizado neste trabalho.

Tabela 7 - Comparação com a literatura dos principais comprimentos de ligação para o

composto CQTSC.

Grupo

Funcional CQTSC Literatura*

C=N 1,2760(19) e 1,278(2) Å 1,283(2) Å

C=O 1,2111(19) e 1,208(2) Å 1,219(2) Å

C=S 1,6810(15) e 1,6764(15) Å 1,6705(19) Å

N-N 1,3680(17) e 1,3700(17) Å 1,366(2) Å

C-N 1,316(2) e 1,318(2) Å 1,342(2) Å

*OLIVEIRA et al., 2016

Page 68: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

54

Outra característica peculiar dos compostos Tiossemicarbazonas é a formação

de interações de hidrogênio intra e intermoleculares. Essa propriedade é favorecida

pela presença de átomos com caráter eletronegativo considerável, como o nitrogênio,

enxofre e oxigênio. De maneira geral a presença de interações de hidrogênio contribui

para a estabilização da estrutura cristalina e possibilidade de formação de arranjos

poliméricos e supramoleculares muito interessantes.

A Tabela 8 mostra os parâmetros cristalográficos das interações de hidrogênio

que existem na estrutura do composto CQTSC. Em seguida da Tabela 8 é mostrado as

interações de hidrogênio intermoleculares (Figura 38) presentes na molécula de

CQTSC.

Tabela 8 - Distâncias (Å) e ângulos(º) das ligações de hidrogênio presentes no

composto CQTSC

D—H···A D—H H···A D···A D—H···A

N6-H33···O1 0,86 2,58 2,9912 (18) 111

N2-H15···S2i 0,86 2,76 3,5413 (13) 151

N3-H17···O1ii 0,86 2,40 3,110 (2) 140

C5-H5···S2i 0,98 2,84 3,4559 (16) 122

N5-H32···S1iii 0,86 2,81 3,5334 (13) 142

Códigos de simetria: (i) x-1/2, -y+3/2, z-1/2; (ii) -x+1, -y+2, -z+1; (iii) x+1/2, -y+3/2,

z+1/2.

Page 69: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

55

Figura 38 - Ligações de Hidrogênio intermoleculares para o composto CQTSC.

É possível observar na Figura 38 que o oxigênio faz interações com dois

diferentes átomos de hidrogênio. O mesmo acontece com o átomo de enxofre, que

mesmo não possuindo uma eletronegatividade tão acentuada como o oxigênio ainda

assim oferece estabilização a molécula devido a formação dessas interações, desse

modo a função tiocarbonila é uma recebedora de H+ bifurcada. Analisando

especificamente as interações de hidrogênio envolvendo os átomos de enxofre, é

possível observar a formação de um anel de oito membros formado a partir de

interações clássicas entre o enxofre de uma molécula da cela cristalina com o

hidrogênio da função hidrazona da outra molécula.(Figura 39).

Figura 39 – Anel de oito membros, com arranjo R22(8) formado a partir de interações

de hidrogênio.

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56

Para concluir a discussão cristalográfica da estrutura do composto CQTSC a

Figura 40 apresenta todas as interações de hidrogênio formadas na cela elementar do

composto CQTSC a partir da vista sobre o eixo c da cela. Já a Figura 41 mostra um

arranjo polimérico bidimensional formado a partir de interações de hidrogênio

intermoleculares.

Figura 40 - Representação das interações de hidrogênio sobre o eixo c.

Figura 41 - Arranjo estrutural do polímero formado sob o eixo b da cela.

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57

5.5 Difração de Raios X em Monocristal para o Complexo de Cd(II)

O complexo de Cd(II) cristaliza e um sistema monoclínico e grupo espacial P21/c.

Os principais dados cristalográficos estão na Tabela 9.

Tabela 9 - Dados do cristal, da coleta e do refinamento da estrutura do Complexo de

Cd(II).

Dados do cristal

Fórmula empírica C22H33CdN6O3S2

Massa molecular (g) 606,57

Sistema cristalino, grupo espacial Monoclínico, P21/c

Temperatura (K) 295

a, b, c (Å) 14,0709(4); 10,3615(3); 19,8675(7)

β (º) 103,814(1)

V (Å3) 2812,81(15)

Z (formulas elementares na cela

cristalina) 4

Tipo de radiação AgKα; λ = 0.56086 Å

μ (mm-1) 0,51

Dimensões do cristal (mm) 0,26 × 0,21 × 0,15

Dados da coleta

Difratômetro Bruker D8 Quest

Page 72: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

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Correção de absorção Multi-scan

Nº de medidas, reflexões

independentes

[I >2σ(I) reflexões observadas

105432, 8582, 7038

Rint 0,053

(sinθ/λ)máx (Å-1) 0,715

Refinamento

R[F2>2σ(F2)], wR(F2), S 0,040; 0,113; 1,00

Nº de reflexões 8582

Nº de parâmetros 341

Nº de restrições 362

Tratamentos de átomos de H Tratados por uma mistura de

refinamento independente e forçado

∆ρmáx, ∆ρmin, (eÅ-3) 1,42; -0,54

Programas: SHELXT 2014/5 (Sheldrick, 2014), SHELXL2018/3 (Sheldrick, 2018).

O complexo de Cd(II) foi sintetizado a partir de uma reação de complexação

entre dois mols do composto ligante CQTSC e um mol de acetato de cádmio(II), o

composto ligante foi previamente desprotonado com uma solução de KOH. Assim a

unidade assimétrica deste complexo encontra-se representada da Figura 42.

Page 73: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

59

Figura 42 - Unidade assimétrica do Complexo de Cd(II).

A partir da Figura 42 é possível verificar que há a coordenação de duas

moléculas de ligante desprotonadas ao centro metálico, isso acarreta na formação de

um complexo neutro, visto que o íon metálico apresenta carga +2. Cada molécula

ligante se coordena de forma tridentada N,O,S-doador, como já havia sido indicado

pela análise de IV, formando assim quatro anéis pentagonais que dão estabilidade ao

complexo.

É importante comentar que o complexo apresenta uma desordem cristalina em

suas metilas provenientes do fragmento da canforoquinona, assim para uma melhor

compreensão da estrutura cristalina do complexo, os átomos que representam essa

desordem foram omitidos nas representações das figuras, porém nas Tabelas que

estão no Anexo 2, todos os átomos estão descritos. Apesar dessa desordem é possível

afirmar o modo de coordenação do ligante e consequentemente fazer um estudo sobre

sua esfera de coordenação.

Assim, a Figura 43 mostra o poliedro formado no complexo. Consequentemente

é possível concluir que a esfera de coordenação do complexo apresenta um número de

coordenação igual a 6, compatível com uma geometria octaédrica. A Tabela 10

apresenta os comprimentos e ângulos de ligação da esfera de coordenação.

Page 74: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

60

Figura 43 - Poliedro formado no complexo de Cd(II).

Tabela 10 - Comprimentos de ligação (Å) e ângulos de ligação (º) da esfera de

coordenação do complexo de Cd(II)

Comprimentos de ligação

Cd1-N6 2,309(2) Cd1-N3 2,310(2)

Cd1-S2 2,5413(7) Cd1-S1 2,5470(7)

Cd1-O1 2,594(2) Cd1-O2 2,616(2)

Ângulos de ligação

N6-Cd1-N3 145,71(8) N6-Cd1-S2 75,61(5)

N3-Cd1-S1 128,20(6) N6-Cd1-S1 126,93(6)

N3-Cd1-S1 75,54(6) S2-Cd1-S1 104,58(2)

N6-Cd1-O1 82,13(8) N3-Cd1-O1 69,71(8)

S2-Cd1-O1 102,06(6) S1-Cd1-O1 144,60(5)

N6-Cd1-O2 69,70(7) N3-Cd1-O2 82,76(8)

S2-Cd1-O2 145,25(5) S1-Cd1-O2 97,88(5)

O1-Cd1-O2 71,57(8)

Page 75: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

61

Através da Figura 43 e da Tabela 10 é possível observar que a geometria é

bastante distorcida, pois seus ângulos estão distantes de um octaédrico perfeito que é

de 90º e 180º. As posições equatoriais do octaédrico são ocupadas pelos átomos O1,

N3 e S1 proveniente de uma das moléculas do ligante CQTSC e completada pelo

átomo N6 proveniente da segunda molécula do ligante. Já nas posições axiais estão os

átomos O2 e S2 da segunda molécula. Isso nos mostra que o complexo apresenta uma

configuração meridional, em que as moléculas do ligante estão perpendiculares uma da

outra.

A cela elementar do complexo de Cd(II) é formada por quatro moléculas (Z=4),

conforme mostra a Figura 44.

Figura 44 - Representação da cela elementar do Complexo de Cd(II) com a ocupação

dos poliedros.

Por apresentar uma desordem e uma baixa qualidade na estrutura cristalina, não

foi possível representar e elucidar as interações de hidrogênio que compõe a estrutura

química do complexo, desse modo irá ser realizado novas reações de complexação

afim de se obter um monocristal com uma estrutura cristalina mais clara. A Figura 45

conclui a discussão cristalográfica do complexo de Cd(II) representando a ocupação da

molécula completa na cela elementar.

Page 76: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

62

Figura 45 - Representação da cela elementar do complexo de Cd(II) com a ocupação

das quatro moléculas

Page 77: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

63

6. CONCLUSÕES

Este trabalho ficou concentrado na síntese e estudo estrutural de dois

compostos ligantes Tiossemicarbazonas, sendo um deles inédito, e seus complexos de

Ni(II) e Cd(II).

Todos os compostos sintetizados neste estudo foram analisados por espectroscopia na

região do Infravermelho, onde pode-se tomar as seguintes afirmações:

Os espectros de IV dos compostos Tiossemicarbazonas apresentaram

bandas de forte intensidade na região de 1600cm-1 (1581,63cm-1 para o

composto CQTSC e 1593,85 para o composto CQFTSC). O surgimento

desta banda evidencia a obtenção do composto Tiossemicarbazona de

interesse;

Ambos espectros de IV dos compostos ligantes apresentaram bandas

características do estiramento νC=O, 1737,86cm-1 para CQTSC e

1709,04cm-1 para CQFTSC. Isso significa que o ataque nucleofílico do

nitrogênio da tiossemicarbazida foi realizado em apenas uma carbonila da

canforoquinona, provavelmente porque a outra carbonila presente na

molécula da canforoquinona está impedida estericamente por um grupo

metila ligado ao carbono vizinho ao grupo carbonilado;

Os espectros de IV dos complexos de Cd(II) e Ni(II) apresentaram um

deslocamento e mudança de intensidade dos grupos funcionais νC=O,

νC=N e νC=S. sugerindo uma forma tridentada de coordenação N,O,S-

doador;

Devido a baixa solubilidade do composto CQTSC a sua caracterização via

espectroscopia na região do UV-Vis tornou-se dificultada, desse modo optou-se por

não realizar a análise do mesmo, bem como do seu complexo de Cd(II). Porém o

composto CQFTSC e seu complexo de Ni(II) foram caracterizados por UV-Vis, onde foi

possível concluir que:

O composto CQFTSC apresentou bandas na região de 261 e 334nm

devido a presença de grupos insaturados em sua molécula;

Page 78: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

64

A banda em 334nm está relacionada a transição n→π* da ligação

instaura C=N;

Calculou-se a absortividade molar de 8,86x103mol.L-1.cm-1 para o pico em

261nm, e de 2x104mol.L-1.cm-1 para o pico em 334nm;

No espectro de UV-Vis do complexo de Ni(II) é observado as bandas

referente as insaturações do composto ligante, em 264 e 334, porém as

absortividades molares calculadas formam maiores, iguais a

1,49x104mol.L-1.cm-1 e 2,26x104mol.L-1.cm-1 para as bandas de 264 e

334nm, respectivamente. Isso é um forte indicio de complexação, pois o

aumento da absortividade molar está relacionado a transferências de

cargas;

No complexo de Ni(II) houve o surgimento de uma banda em 464nm,

bandas nessa região estão relacionadas as transições S→Ni,

evidenciando que o composto Tiossemicarbazona se coordena ao átomo

metálico através de seu grupo tiocarbonila;

Foi possível determinar a estrutura cristalina inédita do composto CQTSC, a partir dela

é possível afirmar:

Este composto tiossemicarbazona cristaliza em um sistema monoclínico,

pertencendo ao grupo espacial C2/c;

A cela elementar do composto CQTSC é formada por 16 moléculas

(Z=16). Já a porção assimétrica é formada por duas moléculas

independentes.

A cela cristalina apresenta interações de hidrogênio intermoleculares.

Essas interações são realizadas pelos átomos de oxigênio e enxofre, em

que cada um interagem com outros dois átomos de hidrogênio;

As interações de hidrogênio formadas na molécula de CQTSC favorecem

a formação de uma estrutura polimérica bidimensional;

A elucidação da estrutura cristalina do composto CQTSC veio a reafirmar

o que foi proposto na análise de IV, em que o ataque nucleofílico da

tiossemicarbazida é realizada em apenas uma carbonila da

canforoquinona;

Page 79: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

65

O complexo de Cd(II) derivado do ligante CQTSC também foi estudado por Difração de

raios-X em monocristal, onde concluiu-se:

A molécula cristaliza em um sistema monoclínico pertencente ao grupo

espacial P21/c;

O complexo apresenta um número de coordenação igual a 6, com uma

geometria octaédrica distorcida, onde duas moléculas de ligante se

coordenam ao metal de forma N,O,S-doador e de forma desprotonada.

Esse modo de coordenação acarreta na formação de 4 anéis de cinco

membros bastante estáveis;

As moléculas ligantes estão em posição meridional uma da outra, onde as

posições equatoriais do poliedro são ocupadas por 3 átomos proveniente

de uma molécula ligante, e a posição equatorial que sobra e as duas

axiais são ocupadas pelos átomos da outra molécula ligante;

O complexo de Cd(II) apresentou uma desordem cristalina nas metilas do

fragmento derivado da canforoquinona, desse modo não foi possível

estudar as interações de hidrogênio que compõe a estrutura cristalina;

Page 80: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

66

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 86: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

72

8. ANEXOS

Anexo I: Tabelas cristalográficas – Difração de Raios X pelo método em monocristal –

CQTSC

Tabela 1 – Dados Experimentais

Dados do cristal

Fórmula empírica C11H17N3OS

Massa molecular (g) 239,33

Sistema cristalino, grupo espacial Monoclínico, C2/c

Temperatura (K) 296

a, b, c (Å) 26.6370(9), 10.7617(4), 20.2108(7)

β (º) 121.932 (1)

V (Å3) 4916.9 (3)

Z 16

Tipo de radiação CuKα

μ (mm-1) 2.21

Dimensões do cristal (mm) 0.70 × 0.46 × 0.44

Dados da coleta

Difratômetro Bruker Apex II CCD

Correção de absorção -

Nº de medidas independentes e

[I >2σ(I) reflexões observadas 47973, 4791, 4783

Rint 0,026

(sinθ/λ) máx (Å-1) 0,618

Refinamento

Page 87: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

73

R[F2>2σ(F2)], wR(F2), S 0.043, 0.112, 1.07

Nº de reflexões 4791

Nº de parâmetros 295

Tratamentos de átomos de H Parâmetros restritos

∆ρmáx, ∆ρmin, (eÅ-3) 0.58, -0.33

Programas:SHELXT 2014/5 (Sheldrick, 2014), SHELXL2016/6 (Sheldrick, 2016).

Tabela 2 - Distâncias (Å) e ângulos(º) das ligações de hidrogênio

D—H···A D—H H···A D···A D—H···A

N6-H33···O1 0,86 2,58 2,9912 (18) 111

N2-H15···S2i 0,86 2,76 3,5413 (13) 151

N3-H17···O1ii 0,86 2,40 3,110 (2) 140

C5-H5···S2i 0,98 2,84 3,4559 (16) 122

N5-H32···S1iii 0,86 2,81 3,5334 (13) 142

Symmetry codes: (i) x-1/2, -y+3/2, z-1/2; (ii) -x+1, -y+2, -z+1; (iii) x+1/2, -y+3/2, z+1/2

Tabela 3 – Coordenadas atômicas e parâmetros equivalente de deslocamentos

isotrópicos (Å2)

x y z Uiso*/Ueq

C1 0,47215 (6) 0,67297 (13) 0,56684 (9) 0,0290 (3)

C2 0,44283 (7) 0,55276 (14) 0,56677 (10) 0,0333 (3)

C3 0,40744 (9) 0,51737 (17) 0,47745 (11) 0,0454 (4)

H1 0,432607 0,523543 0,456262 0,054*

H2 0,392154 0,433334 0,469767 0,054*

C4 0,35698 (8) 0,61129 (18) 0,43863 (10) 0,0446 (4)

H3 0,318823 0,570310 0,414527 0,054*

Page 88: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

74

H4 0,358922 0,659504 0,399497 0,054*

C5 0,36791 (7) 0,69483 (14) 0,50817 (10) 0,0323 (3)

H5 0,334022 0,744562 0,499147 0,039*

C6 0,42275 (6) 0,76678 (13) 0,52963 (8) 0,0268 (3)

C7 0,39200 (7) 0,60096 (15) 0,57601 (10) 0,0354 (4)

C8 0,48372 (9) 0,45231 (17) 0,61983 (14) 0,0520 (5)

H6 0,461153 0,379307 0,614501 0,078*

H7 0,503900 0,480704 0,672855 0,078*

H8 0,512161 0,432889 0,605930 0,078*

C9 0,34649 (9) 0,50093 (19) 0,56284 (14) 0,0525 (5)

H9 0,312158 0,539765 0,557730 0,079*

H10 0,363552 0,445007 0,606443 0,079*

H11 0,335304 0,455496 0,516133 0,079*

C10 0,41428 (10) 0,6656 (2) 0,65375 (12) 0,0535 (5)

H12 0,442420 0,728491 0,661405 0,080*

H13 0,432888 0,605766 0,695165 0,080*

H14 0,381582 0,703184 0,653700 0,080*

C11 0,39284 (6) 1,07609 (13) 0,46828 (8) 0,0278 (3)

N1 0,43231 (5) 0,87874 (11) 0,51846 (7) 0,0278 (3)

N2 0,38434 (5) 0,95560 (11) 0,47974 (7) 0,0289 (3)

H15 0,349298 0,927963 0,462906 0,035*

N3 0,44793 (6) 1,11372 (13) 0,50042 (10) 0,0442 (4)

H16 0,476553 1,062668 0,527236 0,053*

H17 0,455324 1,189360 0,494626 0,053*

O1 0,52341 (5) 0,68916 (11) 0,58743 (9) 0,0468 (3)

Page 89: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

75

S1 0,33432 (2) 1,17000 (4) 0,41603 (3) 0,04027 (14)

C12 0,60455 (7) 0,18053 (14) 0,70270 (9) 0,0326 (3)

C13 0,62027 (7) 0,05885 (14) 0,74694 (9) 0,0336 (3)

C14 0,64045 (8) 0,10625 (15) 0,83037 (10) 0,0360 (4)

C15 0,68608 (7) 0,20029 (14) 0,83429 (9) 0,0304 (3)

H18 0,707310 0,249557 0,882240 0,037*

C16 0,64834 (6) 0,27314 (14) 0,76081 (8) 0,0286 (3)

C17 0,72519 (8) 0,11841 (18) 0,81668 (11) 0,0430 (4)

H19 0,743585 0,167292 0,794814 0,052*

H20 0,755765 0,076849 0,863374 0,052*

C18 0,68091 (8) 0,02417 (17) 0,75681 (11) 0,0427 (4)

H21 0,692203 -0,060168 0,775970 0,051*

H22 0,678872 0,031572 0,707610 0,051*

C19 0,57337 (9) -0,04084 (18) 0,70953 (12) 0,0519 (5)

H23 0,566827 -0,061530 0,659344 0,078*

H24 0,537211 -0,010857 0,703438 0,078*

H25 0,586284 -0,113455 0,742033 0,078*

C20 0,66905 (11) 0,00551 (19) 0,89344 (12) 0,0575 (5)

H26 0,638971 -0,049251 0,889026 0,086*

H27 0,689268 0,043811 0,943989 0,086*

H28 0,696813 -0,041077 0,886781 0,086*

C21 0,59098 (10) 0,1688 (2) 0,83491 (14) 0,0557 (5)

H29 0,572709 0,231527 0,795304 0,084*

H30 0,607109 0,206331 0,885284 0,084*

H31 0,561987 0,107843 0,827013 0,084*

Page 90: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

76

C22 0,69157 (6) 0,58441 (14) 0,78063 (9) 0,0283 (3)

N4 0,64898 (6) 0,38585 (12) 0,74130 (7) 0,0304 (3)

N5 0,69233 (6) 0,46162 (12) 0,79634 (7) 0,0304 (3)

H32 0,719686 0,431717 0,840322 0,036*

N6 0,64711 (6) 0,62416 (14) 0,71318 (8) 0,0415 (3)

H33 0,620314 0,572941 0,681514 0,050*

H34 0,644878 0,701311 0,700831 0,050*

O2 0,56715 (6) 0,19987 (12) 0,63517 (7) 0,0497 (3)

S2 0,74475 (2) 0,67806 (4) 0,84696 (3) 0,04220 (14)

Tabela 4 – Parâmetros de deslocamento atômico (Å2)

U11 U22 U33 U12 U13 U23

C1 0,0244(7) 0,0234(7) 0,0352(8) 0,0009(5) 0,0130(6) 0,0013(6)

C2 0,0304(7) 0,0230(7) 0,0484(9) 0,0029(6) 0,0222(7) 0,0060(6)

C3 0,0524(10) 0,0368(9) 0,0563(11) -0,0113(8) 0,0351(9) -0,0143(8)

C4 0,0413(9) 0,0499(11) 0,0352(9) -0,0157(8) 0,0152(7) -0,0049(8)

C5 0,0237(7) 0,0280(7) 0,0427(9) 0,0014(6) 0,0159(6) 0,0078(6)

C6 0,0234(7) 0,0237(7) 0,0299(7) 0,0000(5) 0,0117(6) 0,0014(5)

C7 0,0363(8) 0,0321(8) 0,0417(9) 0,0052(7) 0,0233(7) 0,0085(7)

C8 0,0439(10) 0,0310(9) 0,0818(14) 0,0130(8) 0,0337(10) 0,0203(9)

C9 0,0470(10) 0,0422(10) 0,0816(14) 0,0027(8) 0,0430(11) 0,0195(10)

C10 0,0655(13) 0,0601(12) 0,0417(10) 0,0051(10) 0,0330(10) 0,0005(9)

C11 0,0277(7) 0,0222(7) 0,0305(7) -0,0009(5) 0,0134(6) 0,0013(5)

N1 0,0239(6) 0,0226(6) 0,0330(6) 0,0014(5) 0,0125(5) 0,0023(5)

N2 0,0216(6) 0,0226(6) 0,0379(7) 0,0001(5) 0,0126(5) 0,0055(5)

Page 91: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

77

N3 0,0270(7) 0,0284(7) 0,0634(10) -0,0042(5) 0,0144(7) 0,0093(6)

O1 0,0240(6) 0,0349(6) 0,0721(9) 0,0016(5) 0,0191(6) 0,0102(6)

S1 0,0298(2) 0,0244(2) 0,0521(3) 0,00304(14) 0,01176(19) 0,00846(16)

C12 0,0287(8) 0,0290(8) 0,0332(8) -0,0022(6) 0,0117(7) -0,0041(6)

C13 0,0372(8) 0,0249(7) 0,0352(8) -0,0038(6) 0,0169(7) -0,0043(6)

C14 0,0436(9) 0,0301(8) 0,0381(8) -0,0052(7) 0,0242(7) -0,0030(6)

C15 0,0300(7) 0,0276(7) 0,0279(7) -0,0014(6) 0,0114(6) -0,0008(6)

C16 0,0265(7) 0,0261(7) 0,0286(7) -0,0012(6) 0,0114(6) -0,0020(6)

C17 0,0313(8) 0,0442(10) 0,0486(10) 0,0079(7) 0,0179(8) 0,0005(8)

C18 0,0485(10) 0,0343(9) 0,0485(10) 0,0074(7) 0,0278(9) -0,0030(7)

C19 0,0571(12) 0,0353(9) 0,0558(11) -0,0174(9) 0,0248(10) -0,0104(8)

C20 0,0831(15) 0,0427(11) 0,0451(10) -0,0081(10) 0,0329(11) 0,0068(9)

C21 0,0590(13) 0,0559(12) 0,0738(14) -0,0085(10) 0,0499(12) -0,0129(10)

C22 0,0261(7) 0,0262(7) 0,0328(7) 0,0011(6) 0,0157(6) -0,0003(6)

N4 0,0289(6) 0,0268(6) 0,0294(6) -0,0026(5) 0,0113(5) -0,0020(5)

N5 0,0290(6) 0,0243(6) 0,0284(6) -0,0027(5) 0,0087(5) 0,0000(5)

N6 0,0361(7) 0,0310(7) 0,0390(8) -0,0008(6) 0,0073(6) 0,0067(6)

O2 0,0445(7) 0,0422(7) 0,0343(6) -0,0051(6) 0,0016(5) -0,0020(5)

S2 0,0339(2) 0,0266(2) 0,0470(3) -0,00303(15) 0,00842(19) -0,00593(16)

Tabela 5 – Parâmetros Geométricos

Comprimentos de ligação (Å)

C1—O1 1,111 (19) O1—O1 0,000(4)

C1—O1 1,2111 (19) C12—O2 1,208(2)

C1—C6 1,506 (2) C12—C16 1,511(2)

Page 92: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

78

C1—C2 1,511 (2) C12—C13 1,514(2)

C2—C8 1,506 (2) C13—C19 1,511(2)

C2—C7 1,550 (2) C13—C14 1,560(2)

C2—C3 1,579 (2) C13—C18 1,564(2)

C3—C4 1,526 (3) C14—C21 1,525(3)

C3—H1 0,9700 C14—C20 1,534(3)

C3—H2 0,9700 C14—C15 1,551(2)

C4—C5 1,561 (2) C15—C16 1,500(2)

C4—H3 0,9700 C15—C17 1,543(2)

C4—H4 0,9700 C15—H18 0,9800

C5—C6 1,500 (2) C16—N4 1,278(2)

C5—C7 1,543 (2) C17—C18 1,541(3)

C5—H5 0,9800 C17—H19 0,9700

C6—N1 1,2760 (19) C17—H20 0,9700

C7—C10 1,523 (3) C18—H21 0,9700

C7—C9 1,536 (2) C18—H22 0,9700

C8—H6 0,9600 C19—H23 0,9600

C8—H7 0,9600 C19—H24 0,9600

C8—H8 0,9600 C19—H25 0,9600

C9—H9 0,9600 C20—H26 0,9600

C9—H10 0,9600 C20—H27 0,9600

C9—H11 0,9600 C20—H28 0,9600

C10—H12 0,9600 C21—H29 0,9600

C10—H13 0,9600 C21—H30 0,9600

C10—H14 0,9600 C21—H31 0,9600

Page 93: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

79

C11—N3 1,316(2) C22—N6 1,318(2)

C11—N2 1,3571(19) C22—N5 1,3567(19)

C11—S1 1,6810(15) C22—S2 1,6764(15)

N1—N2 1,3680(17) N4—N5 1,3700(17)

N2—H15 0,8600 N5—H32 0,8600

N3—H16 0,8600 N6—H33 0,8600

N3—H17 0,8600 N6—H34 0,8600

Ângulos das ligações (º)

O1—C1—O1 0,00(14) H16—N3—H17 120,0

O1—C1—C6 127,11(14) O1—O1—C1 0(10)

O1—C1—C6 127,11(14) O2—C12—C16 126,90(15)

O1—C1—C2 127,73(14) O2—C12—C13 128,39(15)

O1—C1—C2 127,73(14) C16—C12—C13 104,64(12)

C6—C1—C2 105,00(12) C19—C13—C12 114,91(14)

C8—C2—C1 115,78(14) C19—C13—C14 119,60(15)

C8—C2—C7 120,20(14) C12—C13—C14 100,66(12)

C1—C2—C7 101,38(12) C19—C13—C18 114,77(15)

C8—C2—C3 114,23(15) C12—C13—C18 103,07(13)

C1—C2—C3 101,74(13) C14—C13—C18 101,41(13)

C7—C2—C3 100,78(13) C21—C14—C20 109,08(16)

C4—C3—C2 105,01(13) C21—C14—C15 112,81(14)

C4—C3—H1 110,7 C20—C14—C15 112,79(15)

C2—C3—H1 110,7 C21—C14—C13 113,24(15)

C4—C3—H2 110,7 C20—C14—C13 113,76(14)

C2—C3—H2 110,7 C15—C14—C13 94,66(12)

Page 94: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

80

H1—C3—H2 108,8 C16—C15—C17 104,52(13)

C3—C4—C5 102,97(14) C16—C15—C14 101,17(12)

C3—C4—H3 111,2 C17—C15—C14 102,83(13)

C5—C4—H3 111,2 C16—C15—H18 115,5

C3—C4—H4 111,2 C17—C15—H18 115,5

C5—C4—H4 111,2 C14—C15—H18 115,5

H3—C4—H4 109,1 N4—C16—C15 133,61(14)

C6—C5—C7 101,38(12) N4—C16—C12 121,12(13)

C6—C5—C4 104,30(13) C15—C16—C12 105,20(12)

C7—C5—C4 102,40(13) C18—C17—C15 103,13(13)

C6—C5—H5 115,6 C18—C17—H19 111,1

C7—C5—H5 115,6 C15—C17—H19 111,1

C4—C5—H5 115,6 C18—C17—H20 111,1

N1—C6—C5 133,70(13) C15—C17—H20 111,1

N1—C6—C1 121,19(13) H19—C17—H20 109,1

C5—C6—C1 104,97(12) C17—C18—C13 104,66(13)

C10—C7—C9 109,87(16) C17—C18—H21 110,8

C10—C7—C5 111,71(15) C13—C18—H21 110,8

C9—C7—C5 112,69(14) C17—C18—H22 110,8

C10—C7—C2 112,86(15) C13—C18—H22 110,8

C9—C7—C2 113,84(14) H21—C18—H22 108,9

C5—C7—C2 95,24(12) C13—C19—H23 109,5

C2—C8—H6 109,5 C13—C19—H24 109,5

C2—C8—H7 109,5 H23—C19—H24 109,5

H6—C8—H7 109,5 C13—C19—H25 109,5

Page 95: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

81

C2—C8—H8 109,5 H23—C19—H25 109,5

H6—C8—H8 109,5 H24—C19—H25 109,5

H7—C8—H8 109,5 C14—C20—H26 109,5

C7—C9—H9 109,5 C14—C20—H27 109,5

C7—C9—H10 109,5 H26—C20—H27 109,5

H9—C9—H10 109,5 C14—C20—H28 109,5

C7—C9—H11 109,5 H26—C20—H28 109,5

H9—C9—H11 109,5 H27—C20—H28 109,5

H10—C9—H11 109,5 C14—C21—H29 109,5

C7—C10—H12 109,5 C14—C21—H30 109,5

C7—C10—H13 109,5 H29—C21—H30 109,5

H12—C10—H13 109,5 C14—C21—H31 109,5

C7—C10—H14 109,5 H29—C21—H31 109,5

H12—C10—H14 109,5 H30—C21—H31 109,5

H13—C10—H14 109,5 N6—C22—N5 116,89(14)

N3—C11—N2 116,94(13) N6—C22—S2 123,31(12)

N3—C11—S1 123,15(12) N5—C22—S2 119,78(11)

N2—C11—S1 119,91(11) C16—N4—N5 117,22(12)

C6—N1—N2 117,31(12) C22—N5—N4 119,21(12)

C11—N2—N1 119,05(12) C22—N5—H32 120,4

C11—N2—H15 120,5 N4—N5—H32 120,4

N1—N2—H15 120,5 C22—N6—H33 120,0

C11—N3—H16 120,0 C22—N6—H34 120,0

C11—N3—H17 120,0 H33—N6—H34 120,0

O1—C1—C2—C8 20,6(3) C6—N1—N2—C11 178,54(14)

Page 96: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

82

O1—C1—C2—C8 20,6(3) C6—C1—O1—O1 0,00(10)

C6—C1—C2—C8 -163,87(15) C2—C1—O1—O1 0,00(5)

O1—C1—C2—C7 152,42(18) O2—C12—C13—C19 -18,6(3)

O1—C1—C2—C7 152,42(18) C16—C12—C13—C19 164,22(15)

C6—C1—C2—C7 -32,03(15) O2—C12—C13—C14 -148,48(18)

O1—C1—C2—C3 -103,9(2) C16—C12—C13—C14 34,31(15)

O1—C1—C2—C3 -103,9(2) O2—C12—C13—C18 107,0(2)

C6—C1—C2—C3 71,67(14) C16—C12—C13—C18 -70,19(15)

C8—C2—C3—C4 163,31(14) C19—C13—C14—C21 -62,9(2)

C1—C2—C3—C4 -71,19(15) C12—C13—C14—C21 63,92(17)

C7—C2—C3—C4 32,98(16) C18—C13—C14—C21 169,75(15)

C2—C3—C4—C5 1,05(17) C19—C13—C14—C20 62,4(2)

C3—C4—C5—C6 70,16(15) C12—C13—C14—C20 -170,78(15)

C3—C4—C5—C7 -35,17(16) C18—C13—C14—C20 -64,95(18)

C7—C5—C6—N1 -149,53(17) C19—C13—C14—C15 179,78(15)

C4—C5—C6—N1 104,4(2) C12—C13—C14—C15 -53,36(14)

C7—C5—C6—C1 34,96(15) C18—C13—C14—C15 52,47(14)

C4—C5—C6—C1 -71,15(15) C21—C14—C15—C16 -64,17(17)

O1—C1—C6—N1 -2,3(3) C20—C14—C15—C16 171,67(14)

O1—C1—C6—N1 -2,3(3) C13—C14—C15—C16 53,46(14)

C2—C1—C6—N1 -177,88(14) C21—C14—C15—C17 -172,06(15)

O1—C1—C6—C5 173,92(17) C20—C14—C15—C17 63,79(18)

O1—C1—C6—C5 173,92(17) C13—C14—C15—C17 -54,42(14)

C2—C1—C6—C5 -1,68(16) C17—C15—C16—N4 -104,6(2)

C6—C5—C7—C10 64,28(17) C14—C15—C16—N4 148,82(17)

Page 97: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

83

C4—C5—C7—C10 171,87(15) C17—C15—C16—C12 72,31(15)

C6—C5—C7—C9 -171,46(14) C14—C15—C16—C12 -34,24(15)

C4—C5—C7—C9 -63,87(17) O2—C12—C16—N4 -0,1(3)

C6—C5—C7—C2 -52,88(14) C13—C12—C16—N4 177,19(14)

C4—C5—C7—C2 54,71(14) O2—C12—C16—C15 -177,49(17)

C8—C2—C7—C10 64,5(2) C13—C12—C16—C15 -0,22(16)

C1—C2—C7—C10 -64,58(17) C16—C15—C17—C18 -69,89(16)

C3—C2—C7—C10 -169,03(14) C14—C15—C17—C18 35,43(17)

C8—C2—C7—C9 -61,6(2) C15—C17—C18—C13 -1,30(18)

C1—C2—C7—C9 169,29(15) C19—C13—C18—C17 -163,20(16)

C3—C2—C7—C9 64,84(17) C12—C13—C18—C17 71,12(16)

C8—C2—C7—C5 -179,27(16) C14—C13—C18—C17 -32,81(17)

C1—C2—C7—C5 51,64(14) C15—C16—N4—N5 0,2(3)

C3—C2—C7—C5 -52,81(14) C12—C16—N4—N5 -176,32(13)

C5—C6—N1—N2 0,9(3) N6—C22—N5—N4 2,4(2)

C1—C6—N1—N2 175,84(13) S2—C22—N5—N4 -179,29(11)

N3—C11—N2—N1 -4,7(2) C16—N4—N5—C22 -174,20(14)

S1—C11—N2—N1 176,18(10)

Page 98: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

84

Anexo II: Tabelas cristalográficas – Difração de Raios X pelo método em monocristal – Complexo 1.

Tabela 6: Dados Experimentais

Dados do Cristal

Formula Química C22H33CdN6O3S2

Massa molecular (g/mol) 606,57

Sistema Cristalino, Grupo espacial Monoclínico, P21/c

Temperatura (K) 295

a, b, c (Å) 14,0709(4); 10,3615(3); 19,8675(7)

β(°) 103,814(1)

V (Å3) 2812,81(15)

Z (formulas elementares na cela cristalina)

4

Tipo de Radiação Ag Kα, λ = 0,56086 Å

μ(mm-1) 0,51

Dimensões do cristal (mm) 0,26 × 0,21 × 0,15

Dados da Coleta

Difratômetro Bruker D8 Quest

Correção de Absorção Multi-scan

Nº de medidas, reflexões independentes [I >2σ(I) reflexões observadas

105432, 8582, 7038

Rint 0,053

(sin θ/λ)max (Å-1) 0,715

Refinamento

R[F2>2σ(F2)], wR(F2), S 0,040; 0,113; 1,00

Page 99: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

85

Nº de reflexões 8582

Nº de parâmetros 341

Nº de restrições 362

Tratamento de átomos de H Tratados por uma mistura de refinamento independente e forçado

∆ρmáx, ∆ρmin, (eÅ-3) 1,42, -0,54

Programas: SHELXT 2014/5 (Sheldrick, 2014), SHELXL2018/3 (Sheldrick, 2018)

Tabela 7 – Coordenadas atômicas e parâmetros equivalente de deslocamentos

isotrópicos (Å2)

x y z Uiso*/Ueq Occ. (<1)

O3W 0,9476(9) 0,9328(18) 0,4895(8) 0.381(11)

H1W 0,894(3) 0,992(4) 0,522(2) 0.055(11)*

H2W 1,000000 1,000000 0,500000 0.012(8)*

Cd1 0,81898(2) 0,29105(2) 0,32676(2) 0.03188(7)

O1 0,8280(2) 0,2487(2) 0,45682(12) 0.0519(5)

S1 0,78200(5) 0,45951(6) 0,23068(4) 0.03422(14)

N1 0,7902(2) 0,7087(2) 0,25209(15) 0.0464(6)

H1A 0,793652 0,778955 0,275647 0.056*

H1B 0,784986 0,711971 0,208111 0.056*

C1 0,79283(19) 0,5938(2) 0,28407(14) 0.0330(5)

N2 0,8010(2) 0,6003(2) 0,35204(13) 0.0406(5)

S2 0,97101(5) 0,17565(7) 0,30995(4) 0.04029(16)

O2 0,64071(15) 0,26183(19) 0,34220(12) 0.0422(5)

C2 0,8084(3) 0,4785(3) 0,44803(16) 0.0446(7)

N3 0,80960(18) 0,4833(2) 0,38365(12) 0.0352(5)

Page 100: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

86

C3 0,8167(3) 0,3514(3) 0,48300(16) 0.0473(7)

N4 0,9822(2) -0,0712(3) 0,28679(17) 0,0539(8)

H4A 0,962008 -0,149697 0,281571 0,065*

H4B 1,040120 -0,052018 0,282946 0,065*

C4 0,8120(4) 0,3790(5) 0,5567(2) 0,0743(12)

C5 0,9182(4) 0,4506(7) 0,5879(3) 0,0994(17)

H5A 0,930891 0,458938 0,637882 0,119*

H5B 0,971031 0,401778 0,576467 0,119*

N5 0,83522(17) -0,0195(2) 0,30567(13) 0,0361(5)

N6 0,77539(15) 0,07575(19) 0,31771(11) 0,0302(4)

C6 0,9097(4) 0,5736(6) 0,5561(3) 0,1010(18)

H6A 0,960147 0,585553 0,530822 0,121*

H6B 0,915651 0,641299 0,590522 0,121*

C7 0,7968(4) 0,5761(4) 0,5011(2) 0,0744(12)

H7 0,767917 0,659918 0,484915 0,089*

C8 0,7492(4) 0,4968(5) 0,5466(2) 0,0821(13)

C10 0,7425(6) 0,5658(7) 0,6154(3) 0,123(3)

H10A 0,710114 0,647364 0,604727 0,185*

H10B 0,807257 0,579500 0,643737 0,185*

H10C 0,706136 0,512765 0,639986 0,185*

C11 0,7955(5) 0,2673(6) 0,5989(2) 0,0900(16)

H11A 0,728237 0,241004 0,584692 0,135*

H11B 0,810509 0,291360 0,646926 0,135*

H11C 0,836940 0,197164 0,592384 0,135*

C12 0,92320(19) 0,0216(2) 0,30094(14) 0,0326(5)

Page 101: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

87

C13 0,6925(2) 0,0436(2) 0,32946(16) 0,0368(6)

C14 0,62543(19) 0,1465(3) 0,34210(16) 0,0369(5)

C15 0,5346(3) 0,0751(3) 0,3494(3) 0,0622(10)

C16 0,5769(3) -0,0514(4) 0,3804(3) 0,0718(11)

C17 0,6408(3) -0,0818(3) 0,3317(2) 0,0574(9)

H17 0,681835 -0,159065 0,342068 0,069*

C18 0,5592(4) -0,0819(5) 0,2604(3) 0,0927(16)

H18A 0,588252 -0,064686 0,221684 0,111*

H18B 0,525825 -0,164421 0,253036 0,111*

C19 0,4904(3) 0,0224(5) 0,2678(3) 0,0773(12)

H19A 0,424311 -0,010528 0,261560 0,093*

H19B 0,490342 0,090893 0,234474 0,093*

C21 0,6402(4) -0,0225(6) 0,4534(3) 0,102(2)

H21A 0,684306 0,047018 0,450847 0,153*

H21B 0,676962 -0,098025 0,471483 0,153*

H21C 0,598675 0,001645 0,483249 0,153*

C22 0,4629(3) 0,1524(4) 0,3786(2) 0,0610(10)

H22A 0,440270 0,224794 0,348922 0,091*

H22B 0,494560 0,182708 0,424060 0,091*

H22C 0,408277 0,098865 0,381312 0,091*

C20 0,5048(14) -0,1565(14) 0,3883(10) 0,065(3) 0,61(5)

H20A 0,456093 -0,165697 0,345568 0,097* 0,61(5)

H20B 0,473784 -0,133408 0,424682 0,097* 0,61(5)

H20C 0,539076 -0,236711 0,399568 0,097* 0,61(5)

C20' 0,479(2) -0,148(3) 0,359(3) 0,096(8) 0,39(5)

Page 102: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

88

H20D 0,424063 -0,100511 0,332760 0,143* 0,39(5)

H20E 0,463525 -0,180906 0,400520 0,143* 0,39(5)

H20F 0,492813 -0,219225 0,331845 0,143* 0,39(5)

C9 0,652(3) 0,549(2) 0,4829(14) 0,049(5) 0,107(12)

H9A 0,604061 0,587869 0,503678 0,073* 0,107(12)

H9B 0,623191 0,476641 0,455065 0,073* 0,107(12)

H9C 0,674181 0,610963 0,454253 0,073* 0,107(12)

C9' 0,6440(4) 0,4540(9) 0,5061(3) 0,096(3) 0,893(12)

H9'A 0,605050 0,529021 0,490301 0,144* 0,893(12)

H9'B 0,613901 0,404498 0,536200 0,144* 0,893(12)

H9'C 0,648832 0,402208 0,466956 0,144* 0,893(12)

Tabela 8 – Parâmetros de deslocamento atômico (Å2)

U11 U22 U33 U12 U13 U23

O3W 0,30(2) 0,52(3) 0,279(14) 0,139(18) -0,015(14) 0,170(19)

Cd1 0,03780(11) 0,01900(9) 0,04175(12) 0,00006(7) 0,01525(8) -0,00315(7)

O1 0,0726(16) 0,0366(10) 0,0463(12) 0,0059(11) 0,0139(11) 0,0022(9)

S1 0,0397(3) 0,0264(3) 0,0384(3) -0,0001(2) 0,0130(3) -0,0012(2)

N1 0,0676(17) 0,0241(10) 0,0538(15) 0,0006(10) 0,0269(13) 0,0034(10)

C1 0,0346(12) 0,0245(10) 0,0436(13) 0,0001(9) 0,0166(10) -0,0003(9)

N2 0,0581(15) 0,0230(10) 0,0447(13) -0,0011(9) 0,0205(11) -0,0029(9)

S2 0,0329(3) 0,0262(3) 0,0669(5) -0,0029(2) 0,0220(3) -0,0032(3)

O2 0,0405(10) 0,0279(9) 0,0618(13) 0,0038(8) 0,0194(10) 0,0037(9)

C2 0,0638(19) 0,0336(13) 0,0402(14) -0,0016(13) 0,0198(13) -0,0072(11)

N3 0,0445(12) 0,0244(9) 0,0393(11) -0,0004(9) 0,0150(10) -0,0030(8)

Page 103: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

89

C3 0,064(2) 0,0430(15) 0,0361(14) -0,0015(14) 0,0151(13) -0,0028(12)

N4 0,0431(14) 0,0308(12) 0,098(2) 0,0024(10) 0,0376(15) -0,0119(13)

C4 0,119(4) 0,070(2) 0,0397(17) 0,005(2) 0,029(2) -0,0011(16)

C5 0,085(3) 0,146(5) 0,058(3) 0,002(3) -0,001(2) -0,030(3)

N5 0,0353(11) 0,0210(9) 0,0568(14) -0,0012(8) 0,0207(10) -0,0071(9)

N6 0,0307(10) 0,0224(9) 0,0406(11) -0,0005(7) 0,0147(8) -0,0036(8)

C6 0,093(4) 0,116(4) 0,094(4) -0,026(3) 0,023(3) -0,065(3)

C7 0,129(4) 0,0437(18) 0,061(2) 0,004(2) 0,044(2) -0,0141(16)

C8 0,116(4) 0,086(3) 0,055(2) 0,022(3) 0,041(2) -0,006(2)

C10 0,180(7) 0,142(6) 0,062(3) 0,055(5) 0,057(4) -0,022(3)

C11 0,128(5) 0,100(4) 0,047(2) 0,010(3) 0,030(3) 0,023(2)

C12 0,0331(12) 0,0250(11) 0,0429(14) 0,0023(9) 0,0154(10) -0,0013(9)

C13 0,0327(12) 0,0259(11) 0,0567(16) -0,0022(9) 0,0206(11) -0,0035(11)

C14 0,0311(12) 0,0319(12) 0,0518(15) 0,0017(10) 0,0179(11) 0,0006(11)

C15 0,0433(17) 0,0434(17) 0,114(3) -0,0018(13) 0,0460(19) 0,0006(18)

C16 0,068(2) 0,0446(18) 0,121(3) -0,0039(16) 0,059(2) 0,005(2)

C17 0,0498(17) 0,0281(13) 0,107(3) -0,0067(12) 0,0433(18) -0,0058(16)

C18 0,086(3) 0,093(3) 0,109(4) -0,044(3) 0,044(3) -0,045(3)

C19 0.045(2) 0,097(3) 0.089(3) -0,026(2) 0,0134(19) -0,001(2)

C21 0,109(4) 0,130(5) 0,068(3) -0,049(4) 0,021(3) 0,029(3)

C22 0,0434(17) 0,058(2) 0,093(3) 0,0075(15) 0,0386(18) 0,0064(19)

C20 0,058(6) 0,049(4) 0,102,(9) -0,009(4) 0,050(6) 0,013(5)

C20' 0,062(10) 0,053(8) 0,18(3) -0,014(7) 0,052(12) 0,012(13)

C9 0,111(8) 0,009(10) 0,045(9) 0,018(8) 0,054(7) 0,005(7)

C9' 0,048(2) 0,164(8) 0,085(4) -0,002(3) 0,031(2) -0,045(5)

Page 104: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

90

Tabela 9 – Parâmetros Geométricos

Comprimentos de ligação (Å)

O3W—H1W 1,26(4) C10—H10A 0,9600

O3W—H2W 0,999(15) C10—H10B 0,9600

Cd1—N6 2,309(2) C10—H10C 0,9600

Cd1—N3 2,310(2) C11—H11A 0,9600

Cd1—S2 2,5413(7) C11—H11B 0,9600

Cd1—S1 2,5470(7) C11—H11C 0,9600

Cd1—O1 2,594(2) C13—C14 1,484(4)

Cd1—O2 2,616(2) C13—C17 1,496(4)

O1—C3 1,212(4) C14—C15 1,513(4)

S1—C1 1,734(3) C15—C22 1,508(5)

N1—C1 1,346(3) C15—C16 1,510(6)

N1—H1A 0,8600 C15—C19 1,683(7)

N1—H1B 0,8600 C16—C17 1,502(5)

C1—N2 1,330(4) C16—C20 1,522(13)

N2—N3 1,357(3) C16—C21 1,538(7)

S2—C12 1,725(3) C16—C20' 1,68(2)

O2—C14 1,214(3) C17—C18 1,596(7)

C2—N3 1,284(4) C17—H17 0,9800

C2—C3 1,480(4) C18—C19 1,482(7)

C2—C7 1,497(4) C18—H18A 0,9700

C3—C4 1,509(5) C18—H18B 0,9700

N4—C12 1,343(3) C19—H19A 0,9700

N4—H4A 0,8600 C19—H19B 0,9700

Page 105: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

91

N4—H4B 0,8600 C21—H21A 0,9600

C4—C11 1,479(6) C21—H21B 0,9600

C4—C8 1,493(7) C21—H21C 0,9600

C4—C5 1,651(8) C22—H22A 0,9600

C5—C6 1,414(9) C22—H22B 0,9600

C5—H5A 0,9700 C22—H22C 0,9600

C5—H5B 0,9700 C20—H20A 0,9600

N5—C12 1,334(3) C20—H20B 0,9600

N5—N6 1,355(3) C20—H20C 0,9600

N6—C13 1,286(3) C20'—H20D 0,9600

C6—C7 1,700(8) C20'—H20E 0,9600

C6—H6A 0,9700 C20'—H20F 0,9600

C6—H6B 0,9700 C9—H9A 0,9600

C7—C8 1,494(7) C9—H9B 0,9600

C7—C9 2,00(4) C9—H9C 0,9600

C7—H7 0,9800 C9'—H9'A 0,9600

C8—C10 1,565(6) C9'—H9'B 0,9600

C8—C9' 1,571(8) C9'—H9'C 0,9600

C8—C9 1,71(3)

Ângulos de ligações (º)

H1W—O3W—H2W 93(3) C4—C11—H11B 109,5

N6—Cd1—N3 145,71(8) H11A—C11—H11B 109,5

N6—Cd1—S2 75,61(5) C4—C11—H11C 109,5

N3—Cd1—S2 128,20(6) H11A—C11—H11C 109,5

N6—Cd1—S1 126,93(6) H11B—C11—H11C 109,5

Page 106: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

92

N3—Cd1—S1 75,54(6) N5—C12—N4 114,6(2)

S2—Cd1—S1 104,58(2) N5—C12—S2 129,36(19)

N6—Cd1—O1 82,13(8) N4—C12—S2 116,0(2)

N3—Cd1—O1 69,71(8) N6—C13—C14 119,1(2)

S2—Cd1—O1 102,06(6) N6—C13—C17 134,4(2)

S1—Cd1—O1 144,60(5) C14—C13—C17 106,5(2)

N6—Cd1—O2 69,70(7) O2—C14—C13 126,0(2)

N3—Cd1—O2 82,76(8) O2—C14—C15 129,3(3)

S2—Cd1—O2 145,25(5) C13—C14—C15 104,6(2)

S1—Cd1—O2 97,88(5) C22—C15—C16 122,6(4)

O1—Cd1—O2 71,57(8) C22—C15—C14 115,8(3)

C3—O1—Cd1 107,4(2) C16—C15—C14 101,7(3)

C1—S1—Cd1 96,85(9) C22—C15—C19 114,5(3)

C1—N1—H1A 120,0 C16—C15—C19 97,5(3)

C1—N1—H1B 120,0 C14—C15—C19 101,1(3)

H1A—N1—H1B 120,0 C17—C16—C15 99,0(3)

N2—C1—N1 114,9(2) C17—C16—C20 115,6(6)

N2—C1—S1 129,44(19) C15—C16—C20 117,1(8)

N1—C1—S1 115,6(2) C17—C16—C21 110,3(4)

C1—N2—N3 113,7(2) C15—C16—C21 107,4(4)

C12—S2—Cd1 97,43(9) C20—C16—C21 107,0(8)

C14—O2—Cd1 106,74(17) C17—C16—C20' 107,1(15)

N3—C2—C3 118,9(3) C15—C16—C20' 101,3(15)

N3—C2—C7 134,8(3) C21—C16—C20' 128(2)

C3—C2—C7 106,3(3) C13—C17—C16 102,0(3)

Page 107: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

93

C2—N3—N2 118,3(2) C13—C17—C18 103,1(3)

C2—N3—Cd1 118,03(19) C16—C17—C18 99,1(3)

N2—N3—Cd1 123,59(17) C13—C17—H17 116,7

O1—C3—C2 125,7(3) C16—C17—H17 116,7

O1—C3—C4 128,6(3) C18—C17—H17 116,7

C2—C3—C4 105,7(3) C19—C18—C17 105,1(4)

C12—N4—H4A 120,0 C19—C18—H18A 110,7

C12—N4—H4B 120,0 C17—C18—H18A 110,7

H4A—N4—H4B 120,0 C19—C18—H18B 110,7

C11—C4—C8 123,2(5) C17—C18—H18B 110,7

C11—C4—C3 116,8(4) H18A—C18—H18B 108,8

C8—C4—C3 100,7(3) C18—C19—C15 103,4(4)

C11—C4—C5 113,0(5) C18—C19—H19A 111,1

C8—C4—C5 97,8(4) C15—C19—H19A 111,1

C3—C4—C5 101,8(4) C18—C19—H19B 111,1

C6—C5—C4 105,4(4) C15—C19—H19B 111,1

C6—C5—H5A 110,7 H19A—C19—H19B 109,0

C4—C5—H5A 110,7 C16—C21—H21A 109,5

C6—C5—H5B 110,7 C16—C21—H21B 109,5

C4—C5—H5B 110,7 H21A—C21—H21B 109,5

H5A—C5—H5B 108,8 C16—C21—H21C 109,5

C12—N5—N6 113,9(2) H21A—C21—H21C 109,5

C13—N6—N5 118,1(2) H21B—C21—H21C 109,5

C13—N6—Cd1 118,11(17) C15—C22—H22A 109,5

N5—N6—Cd1 123,57(15) C15—C22—H22B 109,5

Page 108: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

94

C5—C6—C7 105,5(4) H22A—C22—H22B 109,5

C5—C6—H6A 110,6 C15—C22—H22C 109,5

C7—C6—H6A 110,6 H22A—C22—H22C 109,5

C5—C6—H6B 110,6 H22B—C22—H22C 109,5

C7—C6—H6B 110,6 C16—C20—H20A 109,5

H6A—C6—H6B 108,8 C16—C20—H20B 109,5

C8—C7—C2 101,3(3) H20A—C20—H20B 109,5

C8—C7—C6 95,0(4) C16—C20—H20C 109,5

C2—C7—C6 101,5(4) H20A—C20—H20C 109,5

C8—C7—C9 56,5(8) H20B—C20—H20C 109,5

C2—C7—C9 93,2(7) C16—C20'—H20D 109,5

C6—C7—C9 150,2(8) C16—C20'—H20E 109,5

C8—C7—H7 118,3 H20D—C20'—H20E 109,5

C2—C7—H7 118,3 C16—C20'—H20F 109,5

C6—C7—H7 118,3 H20D—C20'—H20F 109,5

C9—C7—H7 75,0 H20E—C20'—H20F 109,5

C4—C8—C7 101,2(4) C8—C9—C7 46,6(10)

C4—C8—C10 114,4(4) C8—C9—H9A 109,5

C7—C8—C10 114,0(5) C7—C9—H9A 130,7

C4—C8—C9' 107,0(5) C8—C9—H9B 109,5

C7—C8—C9' 110,4(5) C7—C9—H9B 119,0

C10—C8—C9' 109,4(5) H9A—C9—H9B 109,5

C4—C8—C9 134,3(8) C8—C9—H9C 109,5

C7—C8—C9 76,9(11) C7—C9—H9C 63,3

C10—C8—C9 107,3(8) H9A—C9—H9C 109,5

Page 109: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

95

C8—C10—H10A 109,5 H9B—C9—H9C 109,5

C8—C10—H10B 109,5 C8—C9'—H9'A 109,5

H10A—C10—H10B 109,5 C8—C9'—H9'B 109,5

C8—C10—H10C 109,5 H9'A—C9'—H9'B 109,5

H10A—C10—H10C 109,5 C8—C9'—H9'C 109,5

H10B—C10—H10C 109,5 H9'A—C9'—H9'C 109,5

C4—C11—H11A 109,5 H9'B—C9'—H9'C 109,5

Page 110: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

96

Anexo III: Artigo Publicado

Page 111: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO …

97

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