construÇÃo e validaÇÃo de indicadores de qualidade...

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UNICAMP ELAINE APARECIDA SILVA DE MORAIS CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE INDICADORES DE QUALIDADE NO CUIDADO AO PACIENTE CRÍTICO NEUROLÓGICO Campinas 2014 i

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UNICAMP

ELAINE APARECIDA SILVA DE MORAIS

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE

INDICADORES DE QUALIDADE NO CUIDADO AO PACIENTE CRÍTICO NEUROLÓGICO

Campinas 2014

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UNICAMP

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

ELAINE APARECIDA SILVA DE MORAIS

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE INDICADORES DE QUALIDADE NO CUIDADO AO PACIENTE CRÍTICO NEUROLÓGICO

Orientador: Prof. Dr. Salomón Soriano Ordinola Rojas

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP para obtenção do título de Mestra em Ciências.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA ELAINE APARECIDA SILVA DE MORAIS E ORIENTADA PELO PROF. DR. SALOMÓN SORIANO ORDINOLA ROJAS.

__________________________

Assinatura do Orientador

Campinas

2014

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Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas

Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402

Morais, Elaine Aparecida Silva, 1967-

M792c Construção e validação de indicadores de qualidade no cuidado ao paciente crítico neurológico / Elaine Aparecida Silva de Morais. -- Campinas, SP : [s.n.], 2014.

Orientador : Salomon Soriano Ordinola Rojas. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de

Campinas, Faculdade de Ciências Médicas.

1. Indicadores. 2. Cuidados críticos. 3. Qualidade da assistência à saúde. I. Ordinola Rojas, Salomon Soriano. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: Construction and validation of quality indicators in the care of the neurocritical patient Palavras-chave em inglês: Indicators Critical care Quality of health care Área de concentração: Fisiopatologia Cirúrgica Titulação: Mestra em Ciências Banca examinadora: Salomon Soriano Ordinola Rojas [Orientador] Viviane Cordeiro Veiga Antonio Nogueira de Almeida Data de defesa: 20-01-2014 Programa de Pós-Graduação: Ciências da Cirurgia

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai pelo amor desprendido, minha infinita gratidão.

À minha mãe (in memórian).

Aos meus filhos (Junior, Eloísa e Fernanda), por meu infinito amor e minha

razão de ser.

Ao meu marido, pela paciência, compreensão e incentivo.

À minha avó Joaquina (in memórian) A minha sogra Lucia, pelo incentivo e dedicação.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Salomon Rojas, pela orientação competente, amizade e

oportunidade da elaboração do trabalho.

À amiga Dra Viviane Cordeiro Veiga, pelo incentivo, disponibilidade e acima

de tudo carinho e amizade.

Ao grupo de “experts” pela disponibilidade no julgamento dos indicadores e

sugestões fornecidas.

A Amiga Olga Oliveira Cruz, pela eterna amizade.

Às Enfermeiras e Amigas, Denise Alves, Carolina Augusto, Elaine Reganin,

pela parceria e apoio.

À Enfermeira e Amiga, Vanessa Faustino, pelo incentivo, parceria, apoio e

principalmente, carinho.

Aos Enfermeiros Supervisores e Amigos, Érica Cristina, Suely Oliveira, Ana

Lucia Dias, Deborah Schimidt, Luciana Souza, Élvio Pereira.

À Enfermeira e Amiga Mara Solange pelo incentivo interminável.

À Enfermeira e Amiga Mirela Borges pelo estímulo e seu “coaching”

interminável.

A todos, minha eterna gratidão.

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“ A preocupação com o homem e com seu destino deve sempre

constituir a motivação principal de todos os esforços tecnológicos e

científicos. Jamais esqueçam isto em meio a diagramas e equações. A

mais bela e a mais profunda emoção que podemos experimentar é o

sentido do mistério em benefício do homem. É aí que se encontra a

semente de toda verdadeira ciência.”

(Albert Einstein)

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RESUMO __________________________________________________________________ Introdução: A qualidade da assistência à saúde tem sido foco de discussões e

consequentemente de elaboração e implantação de programas que visam à

melhoria dos serviços. Não é possível somente propagar a existência da

qualidade, é necessário, portanto evidenciá-la por meio de indicadores confiáveis.

O propósito deste estudo é desenvolver indicadores para avaliação do cuidado a

pacientes críticos neurológicos. Método: Estudo de desenvolvimento

metodológico de elaboração e validação de indicadores de avaliação em saúde

com teor investigativo dos métodos de obtenção, organização e análise de dados,

validação de instrumentos e técnicas de pesquisas. Foi desenvolvido a partir da

escolha do ponto do cuidado ao paciente crítico neurológico. O processo de

validação se deu através da metodologia de validação opinativa, onde sete

experts participaram da análise dos conteúdos através de um manual operacional.

Resultados: O parecer dos experts compreendeu a análise e julgamento do

Manual Operacional dos indicadores propostos; do conteúdo de cada item de

avaliação. Os resultados indicaram que todos foram considerados válidos em

relação ao percentual de concordância ( Content Validity Index – CVI) e em

relação a representatividade da medida e a clareza dos itens de verificação.

Conclusão: Considerando – se os resultados obtidos no estudo é possível o

estabelecimento de indicadores confiáveis para avaliação do cuidado proposto e

estabelecer a qualidade do serviço prestado.

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A metodologia de validação possibilita uma alternativa para tornar medidas de

avaliação seguras. A partir de pressupostos teóricos dos indicadores, sua

aplicação subsidiará o controle da qualidade assistencial à medida que colabora

com a elaboração de um plano de intervenção.

Palavras chaves: Validade teste, Indicadores, Pacientes, Cuidados Críticos,

Neurologia, Qualidade Assistência à Saúde.

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ABSTRACT

__________________________________________________________________

Introduction: The quality of health care has been the focus of discussions and

consequently of the development and implementation of programs aimed at

improving services. You can not only propagate the existence of quality, it is

therefore necessary to evidence it through reliable indicators. The purpose of this

study is to develop indicators for assessing the neurological critical care patients.

Method: a study that implicates a methodological development and validation of

indicators of health evaluation with investigative content methods of obtaining,

organizing and analyzing data, validation of tools and research techniques. It was

developed from the point of choice of the critical neurological patient care. The

validation process was done through the opinionated validation methodology,

where seven experts participated in the analysis of content through an operating

manual.

Results: The opinion of experts included analysis and judgment of the Operational

Manual of the proposed indicators, the content of each assessment item. The

results indicated that all were considered valid if compared to the percentage of

agreement (Content Validity Index - CVI) and to the relative measure of the

representativeness and clarity of check items.

Conclusion: Considering the results obtained in the study, it is possible to

establish reliable indicators for evaluation of care and establish the proposed

quality of service.

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The validation methodology provides an alternative to making reliable assessment

measures. From theoretical prerequisites of the indicators to application control, it

will support the quality of care while collaborates with the development of an

intervention plan.

Keywords: Validation test indicators, Patients, Critical Care, Neurology, Health

Care Quality

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

UTI Unidade de Terapia Intensiva

SAE Sistematização Assistência de Enfermagem

TCE Traumatismo Cranioencefálico

ECG Escala de Coma de Glasgow

PPC Pressão de Perfusão Cerebral

PIC Pressão Intracraniana

DVE Derivação Ventricular Externa

PAM Pressão Arterial Média

IRA Interrater Agreemente

CVI Content Validdity Index

H Hora

HIC Hemorragia Intraparenquimatosa cerebral

ATLS Advanced Trauma Life Suport

LCR Líquido cefalorraquidiano

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Tabela 1 Caracterização “experts”

Tabela 2

Percentual de concordância dos experts em relação a representatividade da medida para conjunto de itens que compõem os indicadores de avaliação de cuidados a pacientes críticos neurológicos

Tabela 3 Percentual de concordância dos experts em relação a representatividade de conteúdo dos indicadores de avaliação

de cuidados a pacientes críticos neurológicos

Tabela

4 Percentual de concordância dos experts em relação a representatividade de atributos dos indicadores de avaliação de cuidados a pacientes críticos

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LISTA DE TABELAS

PÁG.

80

81

82

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LISTA DE ANEXOS

PÁG.

Anexo 1 Instrução para preenchimento dos instrumentos para 1O8

validação de conteúdo do instrumento de registro coleta

Anexo 2 Instrumento de coleta 109

Anexo 3 Solicitação de participação de “experts” na validação de 110

conteúdo de indicadores da qualidade da assistência a

paciente crítico neurológico

Anexo 4 Termo de consentimento livre esclarecido “experts” 112

Anexo 5 Instrumento para caracterização dos “experts” 113

Anexo 6 Instruções gerais para processo de validação de conteúdo de 114

indicadores da assistência a pacientes críticos neurológicos.

Anexo 7 Instruções operacionais dos indicadores da qualidade da 115

assistência a pacientes críticos neurológicos.

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Anexo 8 Instruções para preenchimento do instrumento para 121

validação de conteúdo de um dos itens de avaliação do

indicadores de qualidade da assistência a paciente crítico

neurológico.

Anexo 9 Instrução para o Preenchimento do instrumento para validação 123

conteúdo de cada Item dos indicadores de qualidade da assistência

a paciente crítico neurológico

Anexo 10 Instruções para o Preenchimento do Instrumento para validação 125

de conteúdo quanto aos atributos de conjunto dos indicadores de

avaliação de qualidade de assistência a paciente crítico

neurológico.

Anexo 11 Termo de Confidencialidade 127

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SUMÁRIO

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1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................25 2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 61 3. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................63 4. RESULTADOS .....................................................................................................79 5. DISCUSSÃO .......................................................................................................... 83 6. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 95 7. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 97 8. ANEXOS………………………………………………………………………….107

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1. INTRODUÇÃO 25

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As enfermidades neurológicas se converteram em problema de saúde

pública e sua incidência progride devido o envelhecimento populacional e maior

exposição a acidentes ou violência, às quais está sujeita a população mais jovem.¹

Na última década, conhecida como “década do cérebro”, importantes

avanços científicos foram alcançados, o que permitiu melhor entendimento dos

processos fisiopatológicos. Isto, somado às novas alternativas terapêuticas e

possibilidade de melhores tratamentos, possibilitou diminuição da mortalidade,

com consequente aumento da morbidade.¹

A assistência aos pacientes neurológicos inclui diversos aspectos cuja

importância varia entre distintos momentos da enfermidade do paciente e, a

necessidade de observação contínua e de cuidados em determinados pacientes

influenciaram decisivamente na definição de locais adequados e de profissionais

preparados para esses objetivos.¹

Atualmente, a existência de informação científica relevante sobre o cuidado

dos pacientes com enfermidades neurológicas nos permite dispor de diretrizes de

condutas internacionais, que possibilita assistência organizada e específica destes

enfermos.¹

A aplicação de diretrizes, baseadas em evidências científicas, são

ferramentas úteis nos serviços de urgência hospitalar e envolvem todos os

profissionais, desde os médicos do atendimento primário, dos departamentos de

urgência e emergência, unidades de terapia intensiva, enfermarias, neurologistas

e das unidades de reabilitação.¹

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A exemplo do que ocorreu em muitas áreas da saúde, o desenvolvimento

inicial de enfermagem relativa a pacientes com distúrbios do sistema nervoso foi

espontâneo e pautado em necessidades presentes e percebidas pelos

profissionais.²

Os primeiros documentos sobre o envolvimento de enfermeiros com

pacientes neurológicos datam da segunda metade do século XIX, tendo ocorrido

na França e na Inglaterra. No início do século XX (1900-1920), enfermarias para

pacientes neurológicas foram criadas.²

A especialização em enfermagem caracteriza-se por ter foco centrado em

um aspecto particular do todo abrangido pela Enfermagem. Como especialidade,

inclui corpo específico de conhecimentos, habilidades e treinamento especializado

do profissional, e certificação por meio de exame fundamentado em bases

conceituais e estruturais bem definidas.²

À medida que a especialidade se desenvolveu, a base de conhecimentos

se solidificou e as especialidades tornaram-se mais claras e definidas. Cabe

salientar que, fundamentalmente, a prática em neurociência requer

conhecimentos, competências e no contexto da enfermagem em geral, ou seja, na

fundamentação do CUIDAR .²

Mudanças revolucionárias ocorreram em neurociência e no manuseio de

pacientes com problemas de saúde relacionados ao sistema nervoso.

Conhecimentos na área de neurociência básicas, em nível molecular e genético,

27

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geraram notáveis avanços na tecnologia médica e, combinados com os de

informática, melhoraram significativamente o diagnóstico, tratamento e manuseio

dos pacientes neurológicos.²

Essa revolução nos cuidados a saúde tem forçado uma reavaliação nos

aspectos qualidade, eficiência e efetividade, custo e ética. A revisão de padrões e

tradições tornou-se imperativa. A prática baseada em evidências e o melhor

cuidado têm sido apontados como requisitos no sistema de saúde do século XX.

Espera-se que os profissionais de saúde sejam parceiros na liberação de

cuidados contínuos para a saúde, extrapolando os limites do cuidar do doente.²

A atenção integral do paciente com enfermidade neurológica exige recursos

adequados de atendimento à saúde, sendo necessários planos de ação que

deverão estratificar – se segundo as necessidades previsíveis de cada problema,

de modo que um mesmo tipo de assistência possa ser objeto de diversos modelos

de gestão e de diferentes alocações de recursos, especialmente nos países em

desenvolvimento, caracterizados por grandes diferenças na disponibilidade de

meios.¹

1.1 Conceitos para Qualidade na Saúde

Nas últimas décadas, o conceito de qualidade vem se transformando e

incorporando novos parâmetros. Neste sentido, a busca pela qualidade passa ser

28

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atividade constante nas diferentes formas de produzir bens e serviços.³

Numa perspectiva genérica, a qualidade é um conjunto de propriedades de

determinado serviço que o tornam adequado à missão de uma organização

concebida como resposta às necessidades e legítimas expectativas de seus

usuários. Enquanto que na abordagem específica, no setor da saúde, a qualidade

é conceituada como conjunto de atributos que inclui um nível de excelência

profissional, o uso eficiente de recursos, mínimo de risco e alto grau de satisfação

por parte dos usuários.3

Qualidade, humanização, alta produtividade e baixo custo são requisitos

indispensáveis e esperados como resultado de programas e ações nos serviços

de saúde. Assim, este panorama somente é obtido através de constante utilização

de instrumento de aferição, no caso, os indicadores de qualidade e quantidade 4.

Atualmente, ainda no horizonte da qualidade, a ênfase se dá segundo o

paradigma do gerenciamento sensível, pelo estabelecimento de indicadores que

permitam a avaliação de resultados; com a informática determinando a

socialização das informações; com a necessidade de integralização dos processos

de trabalho desenvolvidos pelos diferentes agentes5.

A tônica na capacitação de recursos humanos; com menor quantitativo de

pessoal e maior competência; com incentivo à inovação e a criatividade; com a

terceirização e, consequente, diversificação de culturas a serem gerenciadas; com

demandas e respostas rápidas e, finalmente com o equilíbrio entre a razão e a

intuição.5

29

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Os conceitos de gerência da qualidade foram desenvolvidos no contexto

industrial, inicialmente a partir de pensadores norte-americanos. Seu apogeu deu-

se na indústria japonesa pós-guerra. As idéias fundamentais surpreendem pela

simplicidade dos conceitos utilizados. O cliente é a razão de ser de qualquer

processo produtivo e fornecedores e clientes existem no ambiente interno das

organizações, sendo a satisfação das pessoas o objetivo maior dos serviços.6

Assim, torna-se necessário destacar um aspecto inerente ao processo de

trabalho em saúde, onde o produto/serviço é consumido durante sua execução,

tornando – o diferente da produção de bens, uma vez que nessa atividade é

possível separar o produto com defeito, sem maiores consequências, excetuando

– se a perda da matéria – prima e o refazer do trabalho por parte dos profissionais.

7

A busca constante pela qualidade é uma rotina que deve fazer parte do

cotidiano, por isso “melhorar a assistência ao paciente crítico neurológico ” deve

ser o foco de atenção da equipe multiprofissional para que possam estar em

consonância com a expectativa do cliente. Portanto, as organizações de saúde

vêm desenvolvendo programas e ações capazes de atender a necessidade e às

expectativas.

A busca pela qualidade em saúde não é recente, uma vez que, no século

XIX, Florence Nightingale implantou rígidos padrões sanitários durante a Guerra

da Criméia, reduzindo a taxa de mortalidade e estabelecendo, assim, o primeiro

modelo de melhoria contínua. 8

30

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Transpondo esta concepção para o processo de trabalho da equipe

multiprofissional, observa – se que este quadro não se altera, pois o usuário, na

maioria das vezes, é desprovido de conhecimento técnico – científico que lhe

propiciem avaliar a qualidade dos serviços de saúde e a maneira como se dá sua

produção e seu consumo.7

Especificamente, no que se refere à saúde do paciente gravemente

enfermo, constata - se elevados índices de morbimortalidade em Unidades de

Tratamento Intensivo (UTI) e escassez de programas e ações de saúde, são

fatores desencadeantes de preocupação para os profissionais, cientes de sua

responsabilidade quanto à importância em prestar assistência de qualidade. 7

Com o objetivo de reduzir os desvios na assistência, é preconizado que a

meta do programa de qualidade nas instituições assegure ao usuário grau elevado

de excelência por meio de medição e avaliação dos componentes estruturais, das

metas, dos processos e resultados apresentados pelos usuários, seguidos das

alterações necessárias para a melhoria do serviço.8

O controle de qualidade do atendimento preconiza que o hospital deve

organizar-se de tal modo que os fatores técnicos, administrativos e humanos, que

afetam a qualidade de seus produtos e serviços, estejam sob controle para

reduzir, eliminar e prevenir deficiências.7

Na prática profissional em UTI, considera-se que a qualidade na assistência

intensivista é o ponto chave constituindo uma das maiores preocupações na

atualidade, uma vez que permite estabelecer intervenções centradas no cliente.10

31

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Segundo Juran apud Zanon9, a qualidade consiste nas características do

produto que vai ao encontro da necessidade dos clientes, e desta forma

proporcionam – lhe satisfação em relação ao mesmo.

A qualidade na unidade intensiva pode ser avaliada por meio de indicadores

que são de ordem técnica, educacionais, ambientais – estruturais e éticos. Os

indicadores podem fazer referência a fatos que são chamados de eventos

adversos e que comprometem a qualidade do cuidado.3

Essa moderna abordagem de qualidade de assistência é produto de uma

longa evolução onde, durante muito tempo, a única forma de medir qualidade foi

através do desempenho nas diversas dimensões técnicas, porém, no sentido

moderno qualidade, é definida pela satisfação do cliente.11

Feigembaum apud Knobel et al10

, consideram os métodos de controle de

qualidade como sistemas para integrar esforços em, toda a organização, visando

a satisfação dos desejos dos pacientes.

A qualidade em saúde e os cuidados ao paciente crítico caminham juntos e

despertam um grande interesse nos provedores dos sistemas de saúde em

relação à sua atuação e ao desempenho no cuidado e nos tratamentos prestados.

Sob esta ótica, os serviços de saúde enfrentam inúmeros desafios no

sentido de atender às demandas, visando a excelência da qualidade assistencial.

A preocupação e adoção de novas estratégicas se justificam, sob o prisma

da globalização que traz implícita abertura de novos mercados e a

32

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competitividade entre países e empresas, evidenciando a crescente necessidade

de ações apropriadas de gestão e controle da qualidade do trabalho como um

fator essencial para a sobrevivência das organizações.12

Vituri16

cita a importância do papel do profissional de enfermagem como

parte integrante da equipe multidisciplinar da qualidade na saúde, defendendo que

a profissão é co-responsável pelo resultado final do processo de atenção à saúde

em razão do contingente de trabalhadores que aloca, além do fato de ações

serem realizadas diretamente junto aos usuário e, principalmente na área

hospitalar, de forma contínua e ininterrupta.

A Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação

do exercício da enfermagem, reforça o papel de avaliador do enfermeiro ao

determinar que, além de atividades de direção, planejamento, organização,

coordenação, consultoria, consulta de enfermagem, prescrição da assistência e

execução de cuidados diretos a pacientes graves com risco de vida, torna privativo

do enfermeiro realizar a avaliação da assistência de enfermagem. A avaliação é

inerente ao profissional enfermeiro.16,40

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), em 2001, chamou atenção

para o papel avaliativo deste profissional ao publicar a Resolução nº266, que

dispõe sobre as atividades do enfermeiro como auditor do serviço de saúde.40

Hadad18

retoma a questão da preocupação com a qualidade por parte da

enfermagem, afirmando sobre a existência de controle informal da qualidade do

cuidado, traduzido pela preocupação de executar os procedimentos com rigor

33

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técnico, buscando garantir os resultados esperados. Afirma também que os

instrumentos desenvolvidos no sentido de possibilitar a avaliação da qualidade do

cuidado de enfermagem devem monitorar sistematicamente a prática, de modo a

refletir tanto o aspecto qualitativo quanto o quantitativo do cuidado.18

Uma

dificuldade encontrada ao se pretender implantar um processo de avaliação da

qualidade do cuidado está relacionada com a disponibilidade para implantação.16

No cotidiano, o enfermeiro responsável pela unidade de internação ou

atendimento intensivo está constantemente sobrecarregado de atividades. Sendo

assim, não consegue realizar a avaliação formal da qualidade do cuidado

desempenhado por sua equipe.16

Percebeu-se também que grande parte das atribuições assumidas pelos

enfermeiros poderia ser desempenhada por profissionais de outras áreas, mas

acabavam absorvidas por esse profissional em favor do “bom andamento” da

unidade sob sua responsabilidade. Tais condições dificultam a atenção deste

profissional em assumir ações de controle de qualidade.16

A realização das metas de melhoria da qualidade e do desempenho de uma

empresa requer que a gestão de processos seja baseada em dados, informações

e análises confiáveis. 20

As três tendências das organizações de saúde avaliam a qualidade da

assistência por meio de indicadores de estrutura, processo e resultado com

critérios normativos. 14,39

A idéia de qualidade nos serviços de saúde já faz parte do senso comum

34

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dos profissionais, no entanto, há algumas dificuldades em se entender o que são

indicadores de qualidade em UTI. Espera-se que uma unidade intensivista utilize

indicadores médicos, como índices preditivos ou de gravidade. No entanto, o

emprego destes índices não mostra necessariamente a qualidade de um grupo de

profissionais especificamente, mas, sim a atuação de uma equipe

multiprofissional.3

A aplicação de indicadores restritos ao trabalho da enfermagem permite

visualizar uma nova tendência da prática de enfermagem se desenvolve na

maioria dos cenários de saúde, de forma imediatista, centrada nos problemas

visíveis com pouco compromisso com os resultados que esses cuidados trarão

aos pacientes.7

Já indicadores voltados para cuidados críticos tendem a refletir o cuidado

de forma multidisciplinar onde a análise destes indicadores deve ser

implementada pelos serviços com objetivo de buscar melhorias e inovações na

prática clínica adotada, bem como a identificação de novos marcadores que

possam ser incorporadas futuramente.

A forma de gerir a qualidade nas organizações de saúde vem causando ao

longo dos últimos anos uma inquietude nos profissionais da área de saúde. Tal

momento reflete o descompasso existente entre as práticas de gestão, as

exigências das organizações e as necessidades dos profissionais. Minimizar essa

disritmia exige o conhecimento de conceitos sobre indicadores, práticas de gestão

35

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clínica, variedade de ferramentas de qualidade para ajudar a compreender e a

complementar práticas renovadas na gestão das organizações de saúde enquanto

prestadores de serviços à população.

As organizações de saúde precisam compreender a necessidade de mudar,

avaliar, certificar e acreditar para assim responder às expectativas e necessidades

dos clientes, encantando-os num processo contínuo. Trata-se agora de utilizá-los

como avanço efetivo na teoria e prática das ações das organizações de saúde que

prezam a modernização.

O trabalho de equipe multiprofissional na vertente da interdisciplinaridade

traz para discussão a articulação dos saberes e a divisão do trabalho, ou seja, a

especialização do trabalho em saúde. Nessa linha encontram-se, entre outros,

estudos que vêm produzindo reflexão acerca das equipes de saúde como base

principal de organização dos serviços de saúde. O trabalho em equipe ocorre no

contexto das situações objetivas de trabalho, tal como encontradas na atualidade,

nas quais se mantêm relações hierárquicas entre médicos e não-médicos e

diferentes graus de subordinação, ao lado da flexibilidade da divisão de trabalho e

da autonomia técnica com interdependência35

.

1.2 Bases Conceituais para Indicadores

Em geral, avaliação da qualidade é realizada tendo por base, variáveis

gerenciais, segundo o enfoque de sistemas. Procurar medir as condições

36

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estruturais dos serviços, desde os parâmetros físicos, de habilitação de pessoal,

e/ou do desempenho do equipamento. Outras maneiras de realizar a avaliação

são através de indicadores de processo, função de sensibilidade das tarefas ou

especificação da assistência, da indicação e aplicação apropriada da

terapêutica.11

Dados coletados são finitos em si próprios, só possuem significados à

medida que são capazes de gerar informações para o processo de decisão, com

finalidade de melhoria contínua da qualidade. As informações nos processos de

saúde, por sua vez, só agregam valores à medida que se transformam em forças

mobilizadoras, capazes de provocar co – análises e co – decisões em grupos que,

mesmo com diferentes saberes e diferentes características, se envolvem em único

objetivo de realização e progresso, fomentando autonomia e protagonismo de

coletivos.35

A criação de indicadores é extremamente importante em relação à

qualidade dos dados que proporciona e que o monitoramento desses possibilita a

identificação de oportunidades de melhoria de serviços e de mudanças positivas

em relação ao alcance da qualidade a um custo razoável. 11

Assim, para avaliar a qualidade nos serviços de saúde é necessário

considerar uma série de variáveis, monitorar indicadores e responder a questões:

onde, com o que, como, o que, quando, e por que estamos fazendo algo, e implica

no interesse de se obter qualidade. 11

Indicador é uma unidade de medida de uma atividade, com a qual se está

37

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relacionada ou, ainda, uma medida quantitativa que pode ser usada como um guia

para monitorar ou avaliar a qualidade que importantes cuidados providos ao

paciente e as atividades dos serviços de suporte.12

Tanaka e Melo13

definem indicadores como variáveis de características ou

atributos capazes de sintetizar, representar e ou dar maior significado ao que se

quer avaliar. Segundo Ferreira15

, os indicadores auxiliam na mensuração de

mudanças e, geralmente, são utilizados quando as mudanças não podem ser

medidas diretamente, servindo para mostrar uma realidade para quem não está

inserido nela. Um indicador pode ser uma taxa ou coeficiente, um índice, um

número absoluto ou um fato.

Taxa/coeficiente é um número de vezes quem um fato ocorreu divido pelo

número de vezes que ele poderia ter ocorrido, multiplicado por uma base e

definido no tempo e no espaço.15

Índice é a relação entre os dois números ou razão entre determinados

valores, tendo como exemplo o índice de giro ou de rotatividade dos leitos e

camas. Números absolutos podem ser indicadores, à medida que se comparam

valores iguais, maiores ou menores a ele, resultantes de atividades, ações ou

estudos de processos, resultados, estrutura ou meio ambiente. 15

O indicador deve estabelecer numerador, que representa o evento a que

está sendo medido ou reconhecido e precisa apresentar definição objetiva e clara

e denominador que corresponde à população de risco ou sob avaliação de risco

para um dado evento definido no numerador.

38

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O indicador deve definir um período de tempo, permitir o desenvolvimento de

índices e ser o mais específico possível.

Fatos, por sua vez, demonstram a ocorrência de um resultado benefício ou

não, como por exemplo, sangramento inesperado, reação alérgica, não

conformidade ou outro resultado qualquer adverso. 15

As comparações entre metas, fatos, dados, informações, a criação de

parâmetros, internos e externos, são peças fundamentais para o conhecimento

das mudanças ocorridas em uma instituição, áreas ou subáreas, técnica esta

conhecida como “benchmarking” 15

.

Os indicadores são ainda, compreendidos como dados ou informações

numéricas que buscam quantificar as entradas (recursos ou insumos), as saídas

(produtos) e o desempenho de processos, produtos e/ou da organização como um

todo.6

Estes são empregados para acompanhar e melhorar os resultados ao longo

do tempo e podem ser classificados em: simples (decorrentes de uma única

medição) ou compostos; diretos ou indiretos em relação à característica medida;

específicos (atividades ou processos) ou globais (resultados pretendidos pela

organização) e direcionadores – “drivers “ou resultantes – “outcomes”6.

Como citado anteriormente, os indicadores auxiliam na mensuração de

mudanças e, em geral, são utilizados quando as mudanças não podem ser

medidas diretamente; servem para mostrar uma realidade para quem não está

inserida nela.

39

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A instrução normativa nº 4, de 24 de fevereiro de 2010 dispõe sobre

indicadores para avaliação de Unidade de Terapia Intensiva e registros de

avaliação de desempenho global da avaliação57

.

De acordo com Campbell19

, indicadores não proporcionam respostas

definitivas, mas indicam problemas potenciais ou boas práticas do cuidado.

1.3 Tipos de Indicadores

O pesquisador de serviços de saúde Avedis Donabedian definiu uma

taxonomia básica para a mensuração da qualidade de assistência à saúde. A

“Tríade de Donabedian” divide as medidas da qualidade em estrutura (como a

assistência é organizada), processo (o que foi feito) e resultado (o que aconteceu

com o paciente).14

A avaliação estrutural refere-se às características dos recursos requeridos

de um dado serviço de saúde. Tais recursos incluem profissionais, sistemas e

organizações de assistência, suporte financeiro, localização geográfica, espaço

físico, acessibilidade aos serviços, entre outros. Trata-se da avaliação de

capacidade presumida de provedores, recursos humanos e materiais para efetuar

assistência à saúde de qualidade. 18

Do ponto de vista de avaliação processual ou de desempenho dirige-se

antes a dinâmica dos processos do que aos resultados, o que inclui, além da

estrutura, a forma de sua realização e sua necessidade, e permite analisar o que,

40

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quem, com o que, como e por que.18

O processo é compreendido ainda como a prestação de serviço ao

paciente, baseada em padrões aceitáveis, a partir do conhecimento e identificação

de clientes e fornecedores. Em todo processo deve – se identificar uma ou mais

características que possam ser mensuradas, para adequada avaliação.

A avaliação de resultado (“outcome”) mede com que frequência um evento

acontece, tal como incidência de ocorrências desejadas ou não, em dado serviço.

Isso inclui avaliações tradicionais de “sobrevivência” (hoje comumente expressas

por mortalidade de risco ajustado), efeitos não desejados do tratamento (por

exemplo, infecção hospitalar) e relevância dos sintomas.

Podem ser específicas a um dado problema de saúde e focalizar resultados

biomédicos (por exemplo, tempo de sobrevivência, complicações de doença,

recuperação bem sucedida após uma injúria específica) ou para se ter maior

compreensão do efeito de uma intervenção.18

Há praticamente consenso de que os três tipos de avaliação se

complementam para se obter melhor qualidade. A vantagem de um tipo de

avaliação sobre o outro está na adequação de uso conforme o evento a ser

medido.

Ainda, os indicadores escolhidos para operacionalização do trabalho de

qualidade em saúde podem estar prontos e largamente utilizados, assim como

podem ser construídos para responder determinada necessidade.

41

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O importante é que estes indicadores tenham sua validade comprovada quanto a

sua confiabilidade ou precisão e reprodutibilidade.18

Na década de 60, Shimmel42

avaliou a ocorrência de complicações

decorrentes de falhas de assistência ao paciente por um período de oito meses,

onde ocorreram 240 complicações em um grupo de 198 pacientes. Vinte por cento

destes sofreram lesões e 10% cursaram com danos prolongados ou não

resolvidos.

Em 1991, Brennan et al43

, publicaram o estudo de Harvard Medical Practice

Study I (HMPS I) que contribuiu de forma determinante para a mudança da cultura

da assistência ao paciente, transformando a segurança em prioridade para o

sistema de saúde. Este trabalho, realizado em amostra de 30.121 prontuários de

51 hospitais americanos, é considerado um marco na ciência da segurança do

paciente e verificou a ocorrência de eventos adversos em 3,7% das

hospitalizações. Embora 70,5% dos eventos produzissem danos reversíveis,

13,6% levaram ao óbito e em 2,6 houve danos permanentes aos pacientes. Não

houve correlação direta entre os eventos e os erros assistenciais, pois, apesar de

taxa encontrada de 3,7 de eventos, somente 1% foi atribuída a erros assistenciais.

Em seu estudo, Gibberd et al44

demonstra que, dos 185 indicadores

clínicos australianos, 55 representam melhor resultado envolvendo cerca de 1000

pacientes. Os indicadores que medem os processos de saúde devem ser

informados ao quantificar os ganhos potenciais assim, encorajando ações.

42

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Algumas áreas identificadas precisam ser melhoradas através do fornecimento de

ferramentas e recursos.

No estudo de Rodhes at al47

, 18 “experts” avaliaram indicadores

assistenciais, sendo nove selecionados para serem utilizados para melhorar a

qualidade da prática de cuidados intensivos.

Nos últimos anos, como a pesquisa clínica estabeleceu a ligação entre

certos processos e melhores desfechos, a tendência tem sido usar medidas de

processo como proxis para a qualidade. 27

1.4 Montagem de Indicadores

Há que se pensar na necessidade da implantação de uma política de

indicadores e qualificação de pessoal para enfrentar os desafios e torna-se

imperativo a necessidade de elaboração de indicadores como prática sistemática

nas organizações hospitalares, de modo a garantir a busca da excelência no

atendimento.28

McGlynn e Asch 28

consideram três critérios para a escolha de práticas ou

áreas a serem submetidas a medidas de avaliação de qualidade:

1. Importância da condição ou problema a ser avaliado: um problema de

saúde é importante, se:

- Contribui significativamente na morbidade e na mortalidade (alto risco);

43

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- Está associado com altos índices de utilização (alto volume); ou

- O tratamento é de alto custo (alto custo de vida).

2. Potencial para implementação de qualidade: se há poucas áreas envolvidas

ou com práticas que podem ser rotineiramente monitoradas para

desempenho de qualidade e a seleção deve ocorrer onde há evidência de

que a qualidade é variável ou subpadronizada (evidência).

3. Grau de controle dos mecanismos para implementação do cuidado ou da

prática pelos profissionais: as medidas de qualidade são úteis quando o

processo ou resultado sob avaliação podem ser influenciados pelos

profissionais envolvidos e as ações de melhoria podem ser identificadas

(melhoria contínua de qualidade).

1.5 Atributos necessários aos Indicadores

Bittar7 em seu estudo, elege os seguintes atributos necessários atribuídos

aos indicadores:

Validade – grau no qual o indicador cumpre o propósito de identificação de

situações nas quais as qualidades dos cuidados devem ser melhoradas.

44

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Sensibilidade – grau no qual o indicador é capaz de identificar todos os

casos de cuidados nos quais existem problemas de cuidados.

Especificidade – grau no qual o indicador é capaz de identificar somente

aqueles casos nos quais existem problemas na qualidade atual dos cuidados.

Simplicidade – quanto mais simples de buscar, calcular e analisar, maiores

são as chances e oportunidades de utilização.

Objetividade – todo indicador deve ter um objetivo claro, aumentando a

fidedignidade do que se busca.

Baixo custo – indicadores cujo valor financeiro é alto inviabilizam sua

utilização rotineira, sendo deixados de lado.7

3. Bases Fundamentais para Medidas de Avaliação

Na última década, muitas abordagens que utilizam medidas para avaliação

em saúde têm sido desenvolvidas segundo Ferreira15

e todas tem pretensão de

solucionar os principais problemas do processo de cuidado.

Fernandes 29

afirma que as medidas tem propriedade de descrever os

45

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fenômenos para que estes possam ser analisados estatisticamente. Sendo assim,

devem ser válidas, ou seja, as variáveis sejam delineáveis.

A validade é fator crucial na seleção e/ou aplicação de um instrumento.

Segundo Last21

, a validade de uma medida é definida como expressão do grau

em que ela mede o que se propõe a medir.

Para Hulley25

, a validade implica dois atributos fundamentais; a precisão e

a acurácia.

A acurácia de uma medida é sua capacidade de representar. Isso influencia

enormemente a validade interna e externa do estudo – grau em que os achados

permitem inferências corretas sobre fenômenos que ocorrem na amostra do

estudo e no universo. Um tipo especial de acurácia é geralmente denominado de

validade – grau em que medida representa o fenômeno de interesse.29

Hulley25

refere que a precisão é uma medida reprodutível, isto é, cujos

valores são semelhantes em cada medição. A precisão tem influência significativa

no poder de um estudo. Quanto mais precisa for uma medida, maior o poder

estatístico que um determinado tamanho da amostra tem para estimar os valores

médios e testar hipóteses. A precisão, também denominada reprodutibilidade,

confiabilidade e consistência, são afetadas pelo erro aleatório (acaso).

Os métodos mais largamente citados em literatura para determinar a

validade de uma medida são: validade de conteúdo, validade de construto,

validade de critério e validade de estudo.

46

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Validade de Construto

Validade de construto ou conceito (“construct validity”) significa a amplitude

em que a medida corresponde à construção teórica do fenômeno sob estudo.22

Queijo30

cita que validar um construto não se trata simplesmente validar um teste,

mas sim, validar a teoria que dá sustentação ao teste.

Rubio et al.22

citam que a validade de construto pode ser fatorial, Know

groups e, convergente e discriminante.

McGlynn e Asch28

consideram o construto de uma medida válido quando

ela converge com outras medidas de conceitos similares, ou seja, a correlação

entre a medida de interesse e outras medidas similares apresentam magnitude e

direção corretas.

Validade de Conteúdo

De acordo com Lobiondo & Haber23

, a validade de conteúdo refere-se a

uma avaliação detalhada do instrumento realizada por peritos no assunto.

A validade pode ser definida como representatividade e a extensão com

que cada item da medida, adequadamente, comprova o domínio do interesse e a

dimensão de cada item dentro daquilo que se propõe a medir de um determinado

fenômeno investigado.20

47

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Pasqualli24

afirma que um teste possui validade de conteúdo se caso ele

constitua uma amostra representativa do universo finito de comportamentos

(domínio), e reforça que a validade de conteúdo somente será aplicável caso se

possa delimitar com clareza um universo de comportamento.

Lynn20

afirma que a validade de conteúdo é determinada a partir do

julgamento do instrumento por “experts” no conteúdo estudado.

Segundo Hulley25

, a validade de conteúdo apresenta dois componentes:

validade aparente (“face validty”) e validade amostral. A primeira é um julgamento

subjetivo sobre se uma medida faz sentido intuitivamente, se é razoável. A

segunda avalia se a medida incorpora todos ou a maioria dos aspectos do

fenômeno sob estudo.

Para Lynn20

, para se determinar a validade de conteúdo de um

instrumento, há que se aplicar um processo de duas etapas:

1. Desenvolvimento de instrumento

2. Julgamento do instrumento. Validade de Critérios

Last 21

considera tratar da amplitude em que a medida se correlaciona com

critério externo ao fenômeno do estudo. Dois aspectos de validade de critérios são

distinguidos:

48

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1. Validade concorrente (concurrent validity) – a medida e os critérios referem-

-se a um mesmo período

2. Validade preditiva (predictive validity) – a validade de medida é expressa

em termos de sua própria capacidade para predizer a ocorrência futura de tal

critério.

Lynn20

considera que a validade de critérios seria a comparação da medida

que está sendo avaliada com outra medida de critério, ou seja, com a validade já

estabelecida.

McGlynn e Asch28

afirmam que a validade de critérios seria a determinação

objetiva da capacidade da medida que está sendo avaliada de predizer uma

contagem (escore) em relação à outra medida que serve como critério de

avaliação.

Validade de Estudo (ou experimental ou teste piloto)

Está relacionado à aplicação da medida a uma amostra da população, para

verificar como ela se comporta na prática.

Last21

destaca que o grau de inferência de um estudo, especialmente as

generalizações que se estendem além da amostra estudada é garantido quando o

cálculo é obtido dos métodos utilizados, da representatividade da amostra do

49

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estudo e da natureza da população selecionada. Duas variáveis de validade do

estudo são descritas:

1. Validade interna: o índice e os grupos são selecionados e comparados de

tal maneira que as diferenças observadas entre eles em relação às

variáveis dependentes sob estudo podem, com exceção de erro de

amostragem, ser atribuídas somente ao efeito hipotético sob investigação.

2. Validade externa (generalização): um estudo é validado externamente ou

generalizável se ele pode produzir inferências não tendenciosas referentes

a uma população meta (além dos sujeitos do estudo).

A validade de estudo é também denominada empírica, experimental ou teste –

piloto e consiste na aplicação do instrumento em uma amostra representativa.29

Este estudo foi fundamentado na validação de conteúdo.

4. Fundamentação para a construção de medida de avaliação dos

construtos dos indicadores de qualidade da assistência a pacientes críticos

neurológicos

Ferreira15

cita vários recursos descritos na literatura para fundamentar o

conteúdo de medidas de avaliação da qualidade da assistência a saúde, tais

como:

50

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Evidência Científica

Guias (“Guidelines”) clínicos elaborados por sociedades de especialistas e agências governamentais

Estudos científicos isolados

Revisão sistemática de literatura

Indicadores não baseados em fundamentação científica

Conjugação de medidas de qualidade e aperfeiçoamento de processos para reduzir efeitos adversos

Sistemas integrados para elaboração de indicadores de qualidade

Medidas previamente elaboradas

Combinação de fundamentação teórico-científica com métodos de

consenso.

Portanto, quanto à fundamentação, quase todas utilizam a revisão da literatura

51

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pertinente e disponível, principalmente estudos de evidência, diretrizes clínicas,

estudos experimentais isolados e qualificados, quanto ao seu método de

intervenção, entre outros. Dependendo da finalidade, algumas técnicas também se

fundamentam em estudos de casos e de opinião de usuários (pacientes).15

Muitas áreas da saúde apresentam base de evidência científica limitada ou

fraca para a avaliação. Nestes casos, os indicadores utilizam estratégicas

fundamentadas na opinião de especialistas, que validam a qualidade do cuidado

do conteúdo elaborado, tanto quanto evidência de sua fundamentação, e sua

capacidade para avaliar o que se propõe estudar. Grupos de julgamento são

preferíveis a julgamento individuais.15

Ferreira15

cita que vários são os métodos de opinião de especialista descritos

na literatura para fundamentação e qualificação de medidas de avaliação, porém

todas apresentam etapas semelhantes de estruturação e tem por finalidade a

geração de um processo metodologicamente validado para qualificar as práticas

assistenciais que compreendem a fundamentação teórico-científica; elaboração da

medida de avaliação por profissionais experientes na área em questão e com base

nesta fundamentação teórica; elaboração de instrumento que contempla atributos

da medida e critérios para conformidade ou consenso; seleção de painel de

especialistas para validação opinativa com base em instrumento previamente

elaborado.

A fundamentação foi apoiada nos referenciais teóricos descritos em

bibliografia pertinente à assistência ao paciente crítico neurológico. Foram feitos

levantamentos bibliográficos pertinentes que fundamentam os cuidados.

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No que se refere à saúde do paciente gravemente enfermo, constatam - se

elevados índices de morbimortalidade em Unidades de tratamento Intensivo e a

escassez de programas e ações de saúde, são fatores desencadeantes de

preocupação para os profissionais, cientes de sua responsabilidade quanto à

importância em prestar assistência de qualidade. 2

As Unidades de Tratamentos Intensivos caracterizam – se como unidades

reservadas, complexas, dotadas de monitorização contínua que admitem

pacientes potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais

sistemas orgânicos. Fornecem suporte e tratamento intensivo, propondo

monitorização contínua, vigilância por 24 horas, equipamentos específicos e

outras tecnologias destinadas ao diagnóstico e à terapêutica.31

Na prática profissional em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) considera-se

que a qualidade na assistência é o ponto chave durante a permanência do

paciente na unidade, uma vez que permite estabelecer intervenções centradas no

cliente. A busca por qualidade assistencial constitui uma das maiores

preocupações das UTIs na atualidade. Segundo Juran apud Zanon32

, a qualidade

consiste nas características do produto que vai ao encontro da necessidade dos

clientes, e desta forma proporcionam – lhe satisfação em relação ao mesmo.

Sendo necessário, portanto, um conjunto de valores e comportamentos que

auxiliem na vigilância da qualidade e na identificação de oportunidade de melhoria.

Sendo os indicadores uma potente ferramenta tanto para monitorar a qualidade

assistencial quanto para indicar o desempenho profissional.15

53

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A determinação para a escolha dos indicadores do cuidado deve basear-se

em três critérios: a importância da atividade do cuidado a ser mensurada; o

potencial de melhoria de qualidade por ela representada e o grau de controle que

os profissionais executores do cuidado detêm sobre os mecanismos que

possibilitarão a melhoria desejada. 15

Para utilização de indicadores de processo, dois critérios devem ser

seguidos: a força da evidência científica e o custo – efetividade do indicador. No

caso de pretender utilizar indicadores de resultado, é importante determinar se

existe controle suficiente para captar todas as variáveis. 15

Para Vituri16

existem três categorias de indicadores originários de achados

de pesquisas: “commands” (o que se deve fazer), “suggestions” (o que se pode

tentar), e “questions” (práticas e procedimentos que não possuem base sólida).

Para o desenvolvimento dos indicadores para o estudo, foi estabelecido o

paciente crítico neurológico como população alvo, considerando que a instituição

escolhida possui UTI especializada em tratamento a estes pacientes.

Dentre os profissionais atuantes nos serviços de terapia intensiva, a

enfermagem como especialização caracteriza –se por foco centrado em um

aspecto particular do todo abrangido por esse profissional. Como especialidade,

inclui um corpo específico de conhecimentos, habilidades e treinamento

especializado do profissional, e certificação por meio de exame fundamentado em

bases conceituais e estruturais bem definidas.2

A propedêutica neurológica é acessível aos diversos profissionais da saúde,

porém, devido a sua complexidade e a falta de treinamento, sua aplicabilidade tem

54

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pouca aderência, principalmente pelos enfermeiros. Acredita-se que este fato

aconteça devido à não correlação da neuroanatomia e dos exames

neurodiagnósticos com os dados da anamnese, exame físico e exame

neurológico. 2

Para o médico, a propedêutica neurológica tem como objetivos a

elaboração de hipóteses diagnósticas, confirmação do diagnóstico e evolução do

tratamento.²

Para o enfermeiro, tem por objetivos: estabelecer o exame neurológico de

admissão do paciente, identificar alterações do sistema nervoso, determinar os efeitos

das disfunções do sistema nervoso sobre as atividades diárias, determinar as

intervenções de enfermagem baseadas nas disfunções do sistema nervoso, comparar

os resultados das intervenções de enfermagem baseadas na melhora ou piora do

exame neurológico admissional e detectar situações de risco de vida. 2

Monitorar a função neurológica requer investigação precisa e interpretação

correta dos dados observados. Em pacientes com lesão encefálica ou outro insulto

cerebral, o monitoramento da função neurológica é essencial para o

reconhecimento e o tratamento rápido de complicações e melhora do

prognóstico.3

As ações de enfermagem, para atender aos cuidados básicos no processo

saúde – doença, ocorrem de forma organizada e estruturada, sendo utilizado o

método da sistematização da assistência de enfermagem (SAE), o que

proporciona interação do enfermeiro com o paciente, família e equipe

multiprofissional. 2

55

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Esta metodologia é instrumento privativo do processo de trabalho do

enfermeiro, a qual possibilita desenvolvimento de ações que modificam o estado

do processo de vida e de saúde – doença dos indivíduos, permitindo que se

alcance resultados pelos quais o enfermeiro é responsável.²

Este modelo de trabalho permeia o trabalho multidisciplinar que se destaca

cada vez mais com a implementação de programas de saúde.

Dentre as preocupações frente ao paciente neurológico, a avaliação pupilar

é fundamental. Na sua, avaliação devem ser observados e anotados os diâmetros

e a forma das pupilas, assim como a fotorreação. Como estímulo luminoso de um

olho desencadeia uma pupiloconstrição ipsolateral (reação fotomotora positiva) e

também contralateral (resposta consensual), uma pupila deve ser sempre

comparada com a outra.²

A reação pupilar é a investigação do terceiro nervo craniano (nervo óculo-

motor) que controla constrição pupilar. A compressão deste nervo resultará em

pupilas dilatadas e fixas.33

O parâmetro pupilar (diâmetro das pupilas, sua simetria

e sua resposta à luz) tem sido tradicionalmente utilizado como indicador

prognóstico38

.

Outro aspecto a ser cuidadosamente e rotineiramente aplicado em uma

avaliação neurológica é a aplicação da escala de coma de Glasgow (ECG), criada

em 1974, com a finalidade inicial de avaliar pacientes com trauma cranioencefálico

(TCE).2

Na UTI, as escalas de avaliação neurológica têm sido muito utilizadas para

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avaliar nível de consciência com base em valores numéricos e possibilita:

padronização das observações clínicas de pacientes com consciência prejudicada,

avaliação grau de profundidade do coma que determinará o estado funcional do

cérebro; monitoramento da evolução de pacientes que passam por cirurgia

intracraniana, com variação mínima e subjetividade na investigação clínica e

indicação prognóstica.13, 33

A avaliação do nível de consciência do paciente é realizada a partir de três

parâmetros da escala: abertura ocular, resposta verbal e reposta motora. Sua

pontuação varia de 3 a 15 pontos, e cada parâmetro deve ser pontuada pela

melhor resposta. A aplicação da ECG é simples, rápida e pode ser realizada em

todos os pacientes neurológicos não sedados.2

Outro parâmetro que necessita ser ponto de atenção são os valores de

pressão de perfusão cerebral. O evento isquêmico pode ocorrer por ineficácia da

pressão de perfusão cerebral.

Define – se como pressão de perfusão cerebral (PPC) o gradiente existente

entre a pressão arterial média (PAM) e a pressão intracraniana (PIC), sendo

aceitáveis valores acima de 60 mmHg.2,33

A PPC compreende a pressão

necessária para que o sangue perfunda os pontos finais de distribuição e entregue

os nutrientes ao tecido neuronal.33

A PIC é a pressão exercida pelos componentes cerebrais normais (tecido

cerebral, sangue e líquido cerebrospinal) no interior da estrutura rígida do crânio.

Qualquer aumento em um desses componentes significa que o volume do outro se

reduz na mesma proporção para manter a homeostase.

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Quando se chega a uma troca máxima de volume, o volume intracraniano

aumenta, elevando de maneira significativa a PIC, podendo levar à queda da

pressão de perfusão intracraniana, resultando em perfusão cerebral diminuída e

oferta inadequada de oxigênio.33

O método para monitorização contínua da PIC foi aplicada a partir de 1960

através de ventriculostomia e detalhamento das ondas A, B e C encontradas

durante a monitorização. A monitorização contínua da PIC foi adotada de forma

disseminada e diferentes métodos foram propostos. Todos requerem trepanação

do crânio para a passagem de cateter ou fibra que transmita a PIC a um

equipamento ou sensor¹.

A detecção precoce de PIC elevada é, portanto, fundamental para a

prevenção de maiores danos ao cérebro. A manutenção do cateter de PIC é

essencial no cuidado de todos os pacientes com condição neurológica crítica, em

especial, nos que apresentam lesão encefálica ou outras lesões cerebrais19

. O

cateter deve ser manipulado com extrema cautela, pois a perda acidental pode

recorrer em danos irreparáveis ao processo de monitorização neurológica¹.

O uso de derivação ventricular externa (DVE) é comum no controle da lesão

cerebral traumática grave, hemorragia subaracnóide, tumores, infecções do

sistema nervoso central e “shunt” agudo ou obstrução ventricular. Um cateter é

introduzido no ventrículo não – dominante e a conexão com transdutor permite

traçados visíveis em monitor para obtenção dos valores de pressão intracraniana

(PIC). Além disso, o cateter é conectado a um sistema de drenagem,

possibilitando a drenagem contínua ou intermitente do líquido cefalorraquidiano

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(LCR), dessa forma permitindo que os pacientes mantenham a pressão

dentro dos parâmetros normais.33

O sistema de drenagem deve ser mantido a 10

a 15 cm do meato acústico2.

Outro cuidado que deve ser mantido em paciente neurológico é a

manutenção da cabeceira a 30º, que objetiva reduzir a PIC. A indicação deste

cuidado é citada em diversas publicações que descrevem cuidados ao paciente

crítico neurológico33,38

.

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2. OBJETIVOS 61

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Validar o conteúdo de indicadores destinados à avaliação da

qualidade do cuidado baseado nos processo, aplicáveis à

assistência ao paciente crítico neurológico, dentro das dimensões

biológicas e de segurança.

Validar instrumento composto por indicadores que permita a

avaliação da qualidade assistencial do cuidado ao paciente crítico

neurológico, como processo fundamental para o gerenciamento da

assistência.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

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Estudo de desenvolvimento metodológico para elaboração e validação de

indicadores de avaliação em saúde com teor investigativo dos métodos de

obtenção, organização e análise de dados, validação e de instrumentos e técnicas

de pesquisas.

Para desenvolvimento dos indicadores, foram estabelecidos indicadores de

processo e o paciente crítico neurológico como população alvo, considerando que

a instituição escolhida possui UTI especializada.

Este trabalho foi desenvolvido com intuito de demonstrar que a avaliação da

qualidade do cuidado prestado, como processo fundamental para o gerenciamento

da assistência pode ser adaptado à realidade institucional.

Foi elaborado instrumento simplificado e objetivo que pode ser aplicado a

um número determinado de pacientes e esteja direcionado a avaliar a qualidade

da assistência que apresentem maiores problemas ao serviço, portanto, a busca

por otimização de um processo de avaliação da qualidade do cuidado que

auxiliem a busca por protocolos e melhores práticas nas condutas, minimizando a

variação de condutas e consequências relacionadas a eventos adversos.

Para este estudo foram selecionados seis pontos do cuidado para

determinar indicadores de processo para pacientes críticos neurológicos onde,

segundo Vituri16

os problemas mais frequentes e que envolvem um maior número

de pacientes, implicam em situações que colocam em risco a segurança e bem –

estar do mesmo e são passíveis de serem resolvidas com medidas de educação

permanente e continuada, além de questões que envolvem os aspectos éticos e

legais relacionados à documentação do cuidado.

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Os itens de avaliação selecionados para o desenvolvimento deste estudo

foram:

1. É realizada avaliação pupilar periodicamente em todos os pacientes?

2. É realizada aplicação da escala de Glasgow pelo menos uma vez no

período de 24h?

3. As medidas de Pressão de Perfusão Cerebral são aplicadas a cada 2h?

4. O posicionamento do cateter de Derivação Ventricular Externa (DVE)

está adequado?

5. Há perda acidental do Cateter de Pressão Intracraniana?

6. Há manutenção da cabeceira elevada a 30º de acordo com a prescrição

de cuidados?

A construção de indicadores seguiu cinco etapas:

1. Definição de medidas para a construção dos indicadores.

2. Determinação dos itens de avaliação do cuidado que se transformarão

em indicadores.

3. Elaboração de manual operacional para avaliação do conteúdo dos

indicadores.

4. Seleção dos “experts” ou especialistas.

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5.Avaliação de conteúdo dos indicadores selecionados 5.1. Bases conceituais para desenvolvimento de medidas: Primeira etapa

Os procedimentos metodológicos para validação de conteúdo iniciam-se

com construção e desenvolvimento de medida de performance clínica.

Lynn²0 expressa que tudo se inicia com a identificação do domínio ou

fenômeno sob estudo e afirma que os procedimentos para tal irão depender do

tipo de medida que se pretende utilizar.

Existem duas classificações de medidas, as afetivas e as cognitivas. Para

as medidas afetivas existe a exigência de identificação, por meio de extensa

revisão da literatura, de todas as dimensões e sub dimensões do domínio, ao

passo que para as medidas cognitivas deve existir a identificação do conteúdo do

domínio. Porém, raramente se faz necessário abranger todos os aspectos de cada

uma das áreas que compõem o conteúdo do domínio, de forma a representar toda

sua extensão. Afirma ainda, que o procedimento de identificação do domínio pode

ser facilitado por meio da construção de uma “tabela de especificação de

conteúdo”.20

Pasquali24

refere que se trata de detalhar o conteúdo em tópicos e sub

tópicos, explicitando a importância relativa de cada, de modo a evitar super ou

sub-representação de tópicos por conta do avaliador.

McGlynn e Asch28

preconizam cinco passos para o desenvolvimento de

avaliação de uma medida descritos a seguir:

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1° Passo: Escolha do aspecto do cuidado a ser submetido à avaliação.

Estes autores determinam que a escolha deva basear-se em três critérios –

a importância da atividade do cuidado a ser mensurada; o potencial de melhoria

de qualidade por ela apresentada e o grau de controle que os profissionais

executores do cuidado detêm sobre os mecanismos que possibilitarão a melhoria

desejada.

Pasquali24

refere que a partir da determinação do problema do cuidado a

ser avaliado, inicia-se a construção dos itens do instrumento e que estes devem

ser a expressão da representação comportamental do que se deseja medir, ou

seja, as tarefas que as pessoas deverão executar as quais serão avaliadas.

2º Passo: Seleção dos indicadores de performance dentro de cada área

McGlynn e Asch28

afirma que ao se pretender a utilizar indicadores de

processo, dois critérios devem ser seguidos: a força da evidência científica, e

custo-efetividade do indicador. Na utilização de indicadores de resultado, é

importante determinar se existe controle suficiente para captar todas as variáveis.

Defendem ainda que estudos provindos de técnicas randomizadas

proporcionam forte evidência de eficácia( performance possível sob condições

ideais), ao passo que desenhos não randomizados oferecem forte evidência de

efetividade( performance possível sob condições reais).

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Além da importância da verificação da força da evidência científica que é a

consistência dos achados.28

3º Passo: Construção de medida confiável e válida

Consideram – se que seis elementos devem ser considerados neste passo

para a construção de medida confiável e válida, que possa ser implementada de

maneira consistente em realidades diversas na mesma instituição ou em

instituições diferentes.28

A. Definir o conceito que será mensurado – definir numerador e

denominador

B. Identificar a população alvo da medida, ou seja a população para

qual o indicador se aplica.

C. Determinar as estratégias para o “ajuste do risco”, com intuito de

orientar as atividades de melhoria de desempenho. Implica na

necessidade de coletar dados ou informações adicionais que

possam interferir na análise da performance da medida.

D. Identificar a fonte de dados a serem coletadas para implementação

da medida. Segundo estes autores são quatro, os tipos de dados

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mais comumente, mas que melhor se aplica neste tipo de estudo

que propõe é o relacionado aos dados clínicos baseados nos

registros dos prontuários dos pacientes, os quais constituem a mais

completa fonte de informações, apesar de todos os problemas

relacionados à sua qualidade.

E. Especificar detalhadamente a escrita do processo de coleta dos

dados. Esta especificação detalhada permite que a medida seja

implementada de forma consistente para que os resultados obtidos

possam ser comparados. O processo de especificação dos eventos

de cuidado que tornarão os sujeitos elegíveis para compor o

denominador.

F. Especificar o “score” ou “pontuação” da medida. Quando a medida é

uma proporção, o “score” é obtido de forma direta, dividindo – se o

numerador pelo denominador.

4° Passo: O teste da força científica da medida

Pasquali24

define nesta que análise teórica dos itens que construídos

devem ser avaliados em relação à opinião de “outros”, os quais ainda não são

amostras representativas da população para a qual o instrumento foi construído.

69

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Estes “outros” serão juízes ou especialistas ou ainda “experts”, os quais

realizarão uma análise teórica do instrumento e para tanto, devem ser peritos no

domínio do conteúdo sob estudo, pois sua tarefa consiste em ajuizar se os itens

estão se referindo ao construto em questão.

Este estudo utilizará como construto a “Qualidade da Assistência a

Pacientes críticos neurológicos, conceituando – se como atendimento de

pacientes graves e de alto risco, cujas condições clínicas oscilam entre limites

estreitos de normalidade/anormalidade e onde pequenas mudanças orgânicas

podem levar à deterioração grave na função corporal”. 2

Rubio et al22

reforçam que a validade da avaliação por “expert” corrobora a

importância desta modalidade de avaliação do conteúdo e do instrumento ao

expressarem que, por meio da análise dos juízes, o pesquisador recebe

informações “inestimáveis” para a condução da validação de conteúdo, em razão

de que os “experts” provêem um “feedback” construtivo sobre a qualidade da

medida, bem como oferecem sugestões concretas para seu aperfeiçoamento.

Ferreira15

assegura que na etapa de julgamento devem ser considerados

dois passos; se o conteúdo dos itens é válido e, se o conteúdo do instrumento é

válido.15

Não há um consenso sobre o número ideal quanto a quantidade de juízes

para o processo de validação de conteúdo.

Lynn20

recomenda que o número irá depender da acessibilidade e

disponibilidade por parte dos “experts” e pode ser um número mínimo de cinco e

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máximo de dez. Quanto maior o número, maior a chance de discordância e, pelo

contrário, caso o painel seja muito reduzido (inferior a três) expressam a

necessidade de que a concordância dos juízes sobre os itens seja total de 100%.

Pasquali24

recomenda o número de seis. Rubio et. al.(2003) 22

propõem de

seis a vinte juízes.

Quanto a metodologia de trabalho do painel de “expert”, a técnica de Delphi

constitui uma possibilidade, onde esta técnica pode ser caracterizada como

método de estruturação da comunicação grupal quando se estudam problemas

complexos.26

Esta técnica consiste no questionamento de um painel de “experts” sobre a

questão de investigação, de forma que o material se estudo seja postado

individualmente a cada um e cada um responda individualmente ao pesquisador,

garantindo desta forma o anonimato e a confidencialidade das respostas. O

pesquisador altera o material de acordo com o parecer do painel e novamente

submete aos experts até que se chegue a um consenso.26

5º Passo: Análise dos dados obtidos pela estratégia de validação de

conteúdo

Rubio et al22

descreve três possibilidades de análise e tratamento estatístico:

1. Análise pelo Índice de Fidedignidade („realiability”) ou concordância

interavaliadores (“interrater agreemente” – IRA): avaliada a

concordância dos “experts” quanto à representatividade e clareza

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dos itens em relação ao conteúdo.

A fidedignidade deve ser calculada para cada item do instrumento e,

na seqüência, para o instrumento como um todo. Em caso do

número de juízes for superior a cinco, os itens que obtiveram no

mínimo 80% de concordância são divididos pelo total de itens.

2. Análise pelo Índice de Validade de Conteúdo ( “Content Validity

Index” - CVI): os itens e o instrumento são considerados válidos se

obtiverem um CVI de 0,80 para a representatividade da medida. O

CVI para cada item é calculado dividindo-se o número de “experts”

que pontuaram o item com escore 3 ou 4, em uma escala ordinal de

1 a 4( de relevante para extrema relevância), pelo total de “experts”.

O cálculo resulta na proporção de “experts” que julgaram o item

válido.

3. Análise pelo Índice de Validade Fatorial ( “Fatorial Validity Index “ -

FVI): avalia o grau em que cada expert apropriadamente associou o

item com seu respectivo fator.

Ferreira15

cita que a técnica de classificação por escala mais utilizada é a

fornecida pela escala de Likert, que tem como característica apresentar um

enunciado declarativo e solicitar aos respondentes que indiquem em que grau de

72

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concordância ou discordância da opinião apresentada.

Lynn20

cita que cada “expert” deverá pontuar na escala um dos itens

baseando-se em escores e, ao final classificar o instrumento como um todo,

seguido a mesma metodologia. A partir desta classificação, os “experts” sugerem

a inclusão de áreas que podem ter sido omitidas no estudo.

Pasquali24

cita que após a avaliação dos juízes, completam –se os

procedimentos teóricos na construção do instrumento de medida. Deste processo,

resulta o instrumento- piloto, o qual se constitui da hipótese a ser empiricamente

testada.

Para este estudo utilizou – se a Concordância Interobservador (IRA) e

análise de Índice de Validade de Conteúdo.

5.2 Construção e operacionalização do instrumento de avaliação do cuidado

ao paciente crítico neurológico: Segunda etapa

Qualidade da Assistência a Pacientes Críticos Neurológicos, conceituando

– se como atendimento de pacientes graves e de alto risco, cujas condições

clínicas oscilam entre limites estreitos de normalidade/anormalidade e onde

pequenas mudanças orgânicas podem levar à deterioração grave na função

corporal2 onde os problemas mais freqüentes envolviam situações que colocavam

em risco a segurança do paciente e serem passíveis de serem resolvidos com

implantação de protocolos e medidas de educação continuada.

73

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A partir da determinação dos itens de avaliação foi elaborado instrumento

(Anexo 1 e 2) que poderá ser aplicado em UTI destinada a tratamento de paciente

crítico neurológico, além de questões que evolveram os aspectos éticos e legais

relacionados à documentação do cuidado. Os indicadores denominados foram:

1. Avaliação Pupilar

2. Aplicação da escala de Glasgow.

3. Medidas de PPC

4. Posicionamento de Cateter de DVE

5. Perda de Cateter de PIC

6. Cabeceira elevada 30º

5.3 Composição do construto de Indicadores para elaboração do manual

operacional: Terceira etapa

Para cada indicador criado foi elaborado manual de instrução operacional

com os itens pertinentes descritos.

Cada indicador contém os seguintes caracteres:15

Descrição: enuncia e justifica importância da avaliação do indicador (porque

avaliar)

Fundamentação teórica - científica: bases que dão evidências ou sustentação

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ao conteúdo dos indicadores. A fundamentação identifica, inclusive, a força de sua

evidência.

Tipo de indicador: refere-se à tipologia (estrutura, processo ou resultado) Definição do numerador e denominador: descreve a forma do que se pretende

medir. Amostra: nos casos pertinentes, é adequada para retratar a totalidade da

realidade.

Fonte de informações: locais para coleta de informações necessárias para

avaliação de cada item dos indicadores explicitados.

Critérios para qualificar os dados obtidos: descrevem como o dado é coletado

e qualificado. Os critérios foram padronizados em S (Sim);/N (Não).

5.4 Seleção dos “Experts”: Quarta etapa

Para este estudo, a seleção foi feita intencionalmente entre o conjunto de

profissionais na área de gerenciamento assistencial com atuação na área

hospitalar e foco no gerenciamento da assistência ao paciente neurológico, em

ambiente de unidade de terapia intensiva com tempo superior a cinco anos e

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trabalho com indicadores de qualidade que farão validação de conteúdo ou

opinativa, sendo 05 enfermeiros e 02 médicos com atuação na área de neurologia

e terapia intensiva, totalizando 07 profissionais. As avaliações foram feitas no

período de maio a agosto de 2012.

Segundo Polit36

, a amostra intencional define como aquela que o

pesquisador seleciona intencionalmente conhecedores das questões que estão

sendo estudas e é utilizada com vantagens para realização destes recém criados.

Os “experts” serão convidados a participar do estudo através de contato

direto e entrega do material ( Anexo 3), assim como o Termo de Consentimento

Livre Esclarecido ( Anexo 4) também será pessoal e individualmente.

A caracterização dos “experts” se deu através do quadro Caracterização do

“Experts” (Anexo 5).

“Expert”, segundo dicionário da língua portuguesa34

, significa especialista.

Para este estudo será considerado como “expert”, pessoas com alto grau de

conhecimento e experiência sobre assistência a paciente neurocrítico, seja por

pela investigação científica ou prática assistencial.34

A quinta etapa se deu através da validação científica de indicadores

utilizando – se o método de Validade de Conteúdo, pelo julgamento de

especialistas, quanto ao valor e consistência de cada indicador para avaliar as

práticas a que se destinam e a capacidade para orientar, captar, mensurar e

analisar os dados produzidos.

O Manual operacional (Anexo 6, 7, 8, 9, 10) foi encaminhado aos “experts”

selecionados pessoalmente pela pesquisadora.

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A validação de conteúdo é passo essencial no desenvolvimento de novas

medidas, pois representa o início do mecanismo para associar conceitos abstratos

a indicadores observáveis e mensuráveis.21

Encontram-se controvérsias na

literatura sobre a terminologia e o conceito de validade de conteúdo58,59

. Para

alguns autores, consiste em julgar em que proporção os itens selecionados para

medir uma construção teórica representam bem todas as facetas importantes do

conceito a ser medido.13

A técnica de trabalho consistiu no preenchimento individual do manual

operacional contendo os itens de julgamento de cada indicador.

O projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa do

Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo (Nº 5483/ Ano 2011), além da

concordância dos participantes após apresentação dos Termos de Compromisso e

de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisadora assinou termo de sigilo

sobre a pesquisa ( Anexo 11).

Foram considerados aprovados os julgamentos de opiniões convergentes,

com nível favorável mínimo de 75%, portanto, próximo do máximo verificado em

bases literárias que varia entre 50 e 80%. Quando abaixo de 75%, consideram-se

os comentários e sugestões para a não conformidade, a possibilidade de ajuste

com ou sem retorno aos participantes, ou ainda, a supressão de aspectos de

avaliação que não alcançassem este índice. Nos atributos com escala

psicométricas, consideram-se aprovados no consenso acima de 75% apenas os

atributos que obtiverem pontuações 3 ou 4.14,15

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4. RESULTADOS

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O painel de “experts” foi composto por sete profissionais ficando assim

distribuídos e classificados conforme tabela abaixo:

Tabela 1 – Caracterização dos “Experts”

Características Formação Profissional

Médico 02

Enfermeiro 05

Área de atuação

Hospitalar 07

Ensino -

Ambos -

Tipo de Instituição

Pública -

Privada 07

Ambas -

Porte da Instituição

Pequena -

Grande -

Porte extra(acima de 700 leitos) 07

Tempo de atuação Profissional

Menos que 5 anos -

Entre 5 e 10 anos 01 enfermeiro

Entre 10 e 15 anos 04 enfermeiros

01 médico

Entre 15 e 20 anos 01 médico

Entre 20 e 30 anos -

Mais de 30 anos -

Os resultados serão apresentados em forma descritiva e através de tabelas

contendo o julgamento dos “experts” quanto à análise e julgamento do manual

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operacional dos indicadores propostos, do conteúdo de cada item de avaliação e

também os atributos do conteúdo do conjunto de itens de avaliação dos

indicadores do cuidado a pacientes críticos neurológicos.

O procedimento de validação de conteúdo possibilitou capturar o parecer de

cada “expert” e subsidiou a reformulação de itens e dos indicadores e a aplicação

de cálculos estatísticos para determinação do “Content Validity Index” (CVI) e do

Percentagem de concordância demonstrado nas tabelas 1, 2 e 3. Tabela 2 – Percentual de concordância dos “experts” em relação à representatividade da medida para conjunto de itens que compõem os indicadores de avaliação de cuidados a pacientes críticos neurológicos. Indicadores Percentual de Concordância

Avaliação Pupilar 85,7%

Aplicação Escala de Glasgow 100%

PPC 85,7%

Perda de cateter de PIC 100%

Posicionamento de cateter de DVE 100%

Cabeceira Elevada a 30° 85,7% PPC – pressão de perfusão cerebral, PIC – pressão intracraniana, DVE – derivação ventricular externa.

Na tabela 2 os “experts” demonstraram que o conjunto de itens de

composição dos indicadores propostos foram contemplados com valores acima do

esperado em comparação ao indicado em literatura pertinente que considera

resultados válidos obtidos acima de 75%.

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Tabela 3 – Percentual de concordância dos “experts” em relação a representatividade de conteúdo dos indicadores de avaliação de cuidados a pacientes críticos neurológicos.

Indicadores Percentual de Concordância

Avaliação Pupilar 100%

Aplicação Escala de Glasgow 100%

PPC 85,7%

Perda de cateter de PIC 100%

Posicionamento de cateter de DVE 85,7%

Cabeceira Elevada a 30° 85,7%

PPC – pressão de perfusão cerebral, PIC – pressão intracraniana, DVE – derivação ventricular externa.

Observa-se na tabela 3, que percentual de concordância entre os itens de

representatividade de conteúdo proposto neste estudo também ficou acima dos

valores apontados em literatura. Tabela 4 – Percentual de representatividade de atributos pacientes críticos neurológicos.

concordância dos “experts” em relação a

dos indicadores de avaliação de cuidados a

Indicadores CVI

Avaliação Pupilar 100%

Aplicação Escala de Glasgow 100%

PPC 100%

Perda de cateter de PIC 100%

Posicionamento de cateter de DVE 100%

Cabeceira Elevada a 30° 100%

PPC – pressão de perfusão cerebral, PIC – pressão intracraniana, DVE – derivação ventricular externa.

Em relação à tabela 4 os dados demonstrados indicam o percentual de

100% para todos os itens relacionados aos atributos do conjunto de indicadores.

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5. DISCUSSÃO

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A busca pela qualidade em saúde vem sendo percorrida desde o século

XIX com Florance Nightingale8 estabelecendo o primeiro modelo de melhoria

contínua.

Avedis Donabedian39

, em 1964, descreveu um modelo de avaliação de

qualidade em saúde40

. Desde então, diversos estudos tem avaliado os eventos

adversos que ocorrem durante a internação hospitalar e buscando alternativas

para redução destas ocorrências.

As UTIs possuem demanda de cuidados específicos voltados para

população de pacientes graves, que tem como característica principal a

necessidade de vigilância constante de seu estado de saúde por parte de toda

equipe multiprofissional. Assim, é uma área do hospital na qual os riscos de

mortalidade e morbidade são maiores e em tratamentos e cuidados prestados irão

influenciar diretamente os resultados obtidos.

Com intuito de diminuir iatrogenias e eventos adversos, é imprescindível a

utilização dos indicadores de qualidade como ferramenta. Brennan at al43

, em seu

estudo concluíram que existe substancial quantidade de lesões aos pacientes

secundárias à assistência médica e muitas destas lesões são devidas a cuidados

subótimos.

Leape at al45

, descrevem em seu estudo que a prevenção de diversos

eventos adversos deva esperar o progresso da medicina, a alta proporção devida

a erros de processo sugere que muitos outros são potencialmente preveníveis.

Reduzir a incidência destes eventos requererá identificar suas causas e

desenvolver métodos que previnam erros ou reduzam seus efeitos.

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Este estudo foi realizado a partir da linha de cuidado a paciente crítico

neurológico, com a identificação de seis indicadores para avaliação da assistência

a esta população de pacientes.

A estratégia de validação de instrumento de mensuração ou de avaliação

de qualidade em saúde por julgamento de especialista ou juízes origina-se da

estratégia metodológica da área de psicologia, para a mensuração de dados

qualitativos. Esta estratégia também é conhecida como validação opinativa16

.

Como síntese de definições similares para validação, validar o conteúdo de

uma medida significa reconhecer o quanto incorpora o fenômeno do estudo. Neste

caso a avaliação do cuidado ao paciente crítico neurológico.

Os indicadores foram submetidos a um painel de “expert” para validação

de conteúdo e foram considerados válidos, pois obtiveram resultado acima de

75%14,15,46.

No período analisado, o conjunto de indicadores foi avaliado por um grupo

de “experts” com experiência com pacientes críticos neurológicos, cujos

comentários foram realizados a partir do conteúdo do manual operacional,

optando-se pela escolha de 7 especialistas, o que corrobora com os número

descrito na literatura.

O indicador avaliação pupilar e reflexos pupilares são fundamentais nos

pacientes com graves alterações do nível de consciência e deve ser feita de forma

rigorosa, pois é um importante indicador de disfunção ou lesões encefálicas². A

avaliação das pupilas quanto ao tamanho, simetria e reflexos nos auxiliam a

estabelecer diagnóstico topográfico e sinais focais sugerem lesões unilaterias.

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A medida que se estabelece o tipo de lesão cerebral, as pupilas também

podem sofrer alterações importantes. As anormalidades no tamanho e a

reatividade da pupila podem ser indicativas de lesões estruturais localizadas

desde o tálamo até a ponte55

.

Portanto, avaliação periódica das pupilas certamente constitui cuidado

essencial para tomada de decisão clínica e evitar sequelas neurológicas.

Para este indicador em relação à composição dos requisitos: descritor, tipo

de indicador, numerador, denominador, tipo de cálculo, fonte de dados,

periodicidade e critérios para qualificação de avaliação, não houve comentários

ficando, portanto para 100% de concordância.

A avaliação neurológica muitas vezes é iniciada com a aplicação da ECG

onde se avalia a abertura ocular, melhor resposta verbal e a melhor resposta

motora. A ECG é uma escala consagrada mundialmente e amplamente utilizada

na avaliação do rebaixamento do nível de consciência e nas observações clínicas

de vítimas após TCE. Foi publicada pela primeira vez em 1974 na Universidade

Glasgow, Escócia por Tesdale, Jennet48

.

A avaliar o paciente neurológico através de escalas é fundamental para

capturar possíveis alterações clínicas e auxiliar na tomada de decisão, sendo

aescala de Glasgow mais largamente utilizada para graduar alterações de

consciência50

.

No paciente de pós-operatório neurológico e no paciente intubado a escala

de Glasgow deve ser aplicada a cada 15 minutos até a extubação. Após pode ser

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aplicada a cada 30 minutos até completar a primeira hora e depois de 1 em 1h. No

paciente extubado, a escala de Glasgow deve ser aplicada a cada 30

minutos nas primeiras 6h. Após este período a frequência de aplicação da escala

deve ser de 6 em 6h, podendo ser espaçada após estabilização do quadro.

A gravidade da lesão encefálica e instabilidade do quadro neurológico são

fatores determinantes para aplicação da escala de Glasgow, esta deve ser

aplicada pelo menos uma vez em 24h após estabilização do quadro clínico ².

Na prática assistencial, não apenas a enfermagem, mas também toda

equipe multiprofissional, a uniformização da linguagem por meio de códigos

universalmente adotados, é um requisito indispensável, seja para diagnósticos

precisos de gravidade, seja para a evolução e prognósticos dos pacientes. Tal

padronização, por sua vez permite leituras confiáveis e fidedignas nas pesquisas

sobre resultados de trauma, subsidiando tanto programas prevenção como de

assistência, em suas diferentes fases de intervenção, do pré hospitalar, hospitalar

e reabilitação48

.

A escala de Glasgow, tornou-se instrumento mais amplamente usado e

aceito de predição de resultados. Tem fornecido uma abordagem universal,

padronizada, que os profissionais de saúde podem utilizar para monitorizar e

avaliar os achados da avaliação neurológica51

.

Para o indicador Aplicação da escala de Glasgow, os “experts” opinaram

que todos os itens eram válidos para a composição de construção de indicador.

Foram considerados adequados os requisitos, descritor, tipo de indicador,

numerador, denominador, tipo de cálculo, fonte de dados, periodicidade e critérios

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para qualificação de avaliação que comporão este indicador.

O indicador PPC obteve índice de concordância de 85,7% que

correspondente a uma falha de descrição em relação ao denominador. Embora

este indicador tenha sido pontuado como não conforme no requisito denominador,

no conjunto o percentual obtido (85,7%) foi considerado válido. Ao retornar para a

pesquisadora, o indicador foi reajustado conforme sugerido e não havendo

necessidade de retornar ao “expert” para nova avaliação.

Observa-se na prática diária a importância deste monitoramento, pois a

medida de PPC é normal acima de 60 mmHg, mas quando reduzida abaixo de 50-

60mmHg aparecem sinais de evidência de isquemia e atividade elétrica reduzida e

existem estudos em pacientes com trauma craniencefálico (TCE) que mostram um

aumento de mortalidade ou de seqüelas neurológicas quando a PPC cai abaixo de

60mmHg37

.

Uma vez estabelecida a monitorização da PIC, é possível estabelecer o

cálculo para se obter a PPC através da fórmula PAM – PIC. Para os pacientes

com TCE grave, a isquemia cerebral é o principal fator secundário responsável por

pior sobrevida ou aumento da morbidade em pacientes com trauma, sendo a

manutenção da PPC o objetivo central dos cuidados em pacientes com trauma

craniano53

. No último consenso em neurotrauma54

foi definido como valor

aceitável de PPC > 60mmHg no paciente com TCE. Valores abaixo de 60mmHg

em pacientes com TCE sugerem isquemia cerebral e esta associado a maiores

taxas de mortalidade e sequelas tardias.

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Os “experts” avaliaram em 100% de conformidade para o indicador Perda

Acidental de Cateter de PIC, pois reflete evento adverso severo em relação à

qualidade do cuidado aplicado. Este indicador constitui –se como marcador

fundamental para avaliação de cuidado referente a evento adverso. A perda do

cateter de PIC recorre a vários problemas, desde a interrupção mensuração da

pressão intracraniana, necessidade de repassagem do cateter gerando aumento

de custo hospitalar e viabilidade de mão obra especializada para novo cateter

intracraniano, pois necessita de disponibilidade de um neurocirurgião disponível

no serviço, além do risco aumentado de infecção por manipulação.

A monitorização da PIC objetiva detectar precocemente a elevação dos

níveis pressóricos, permitindo suspeitar de lesões com efeito de massa e com

risco de herniação. Também auxilia na determinação do prognóstico. A

monitorização da PIC pode auxiliar no manuseio do TCE, hematomas

intraparenqueimatosos de indicação cirúrgica, em pós-operatório de neurocirurgias

de grande porte e hidrocefalias, principalmente na avaliação da indicação

liquórica48

.

A monitorização da PIC aplica-se também para minimizar os possíveis

efeitos deletérios do TCE, diminuir o índice de mortalidade e morbidade, devido ao

risco de hipertensão intracraniana, que é letal. Avaliar efeitos do tratamento com

objetivo de diminuir a PIC e limitar sua variação49

.

A manutenção do cateter de monitorização de PIC é fundamental para o

êxito na evolução das doenças neurológicas. Os parâmetros obtidos com esta

monitorização resultam diagnósticos precoces e por consequência, tratamento

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efetivo instituído em tempo hábil37

.

A DVE compreende é um sistema que pode ser acoplado à monitorização

da PIC, também para a drenagem de drenagem de LCR na ocorrência de HIC

secundária a hidrocefalia, TCE, HSA. O posicionamento do sistema de DVE deve

alocado entre 10 e 15cm do meato auditivo externo para que ocorra a drenagem

do LCR. Nos casos do sistema de drenagem ficar posicionado abaixo do meato

acústico externo pode ocorrer hiperdrenagem do LCR, quando posicionada acima

do nível estabelecido pode não ocorrer a drenagem do LCR56

.

A drenagem ventricular externa constitui um importante mecanismo para

manter a pressão intracraniana dentro dos parâmetros de normalidade 32

, portanto

a manutenção adequada deste dispositivo é importante para assegurar a função

neurológica sob vigilância e controle.

O indicador Posicionamento do cateter de DVE também foi considerado

como 100% válido, de acordo com avaliação dos especialistas, não havendo

necessidade de ajuste de nenhum dos requisitos, descritor, tipo de indicador,

numerador, denominador, tipo de cálculo, fonte de dados, periodicidade e critérios

para qualificação de avaliação. Todos foram considerados adequados para

elaboração deste indicador.

Para o indicador Cabeceira elevada a 30º, um dos avaliadores pontuou que

deveria ser realizado um ajuste no requisito numerador e denominador. Ao

retornar para a pesquisadora foi feita a revisão, sem necessidade de retornar ao

avaliador.

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Sabe – se na prática que é imperativo assegurar que pacientes com

acometimentos neurológicos mantenham a cabeceira elevada a 30°, que melhora

a drenagem venosa sem interferência significativa da pressão arterial 37

.

Paciente em decúbito dorsal com cabeceira elevada a 30 facilita a retorno

venoso cerebral, diminuindo a estase sanguínea, ajudando a prevenir a HIC49

.

Portadores de Hemorragia Intraparenquimatosa Cerebral( HIC) comatosos

e com sinais de hipertensão intracraniana pode se beneficiar com a elevação da

cabeceira a 30 graus associada a outras medidas com a redução da pressão

intracraniana52

.

Quanto à validação de conteúdo de cada item dos indicadores, quanto aos

requisitos: comportamental, objetividade, simplicidade, clareza, pertinência,

precisão, variedade, credibilidade, serão descritos a seguir:

Os indicadores, avaliação pupilar, aplicação da escala e perda acidental do

cateter de PIC obtiveram 100% de conformidade quanto aos requisitos de

validação de conteúdo.

O indicador PPC obteve um percentual de 85,7% de conformidade. O

requisito clareza foi apontado por avaliador, sendo justificado como falta de

conscientização dos profissionais que fazem a vigilância clínica nos serviços de

terapia intensiva que ainda indicam que este requisito não está claro pelos

profissionais responsáveis pela avaliação e documentação deste item, pois na

prática diária identifica-se uma medida de avaliação sub-otimizada. No entanto,

pelo valor obtido no conjunto, o indicador foi considerado válido, pois ficou acima

de 75%14,15

.

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Quanto ao indicador posicionamento do cateter de DVE, também houve um

apontamento no requisito clareza por parte de um dos avaliadores, sendo

justificado pelo fato deste item obter inúmeras não conformidades na aplicação

diária deste cuidado. Aponta ainda que há necessidade de se manter programa de

educação continuada ou permanente a partir de dados de avaliação proposto

neste estudo.

Este indicador foi considerado válido quanto ao conteúdo, pois obteve percentual

acima de 75%14,15

.

O indicador Cabeceira elevada a 30°, foi considerado por um dos

avaliadores, no requisito clareza, sendo justificado pelas mesmas razões alegadas

nos indicadores posicionamento do cateter de DVE e PPC. Foi considerado como

indicador válido quanto ao conteúdo, pois obteve valor de 85,7%.

Não houve necessidade de submeter os indicadores para nova avaliação,

pois os valores obtidos ficaram acima de 75%, conforme estipulado como

referencial para este estudo.

Quanto à avaliação dos atributos do conjunto dos indicadores citados neste

trabalho, foi obtido percentual de concordância de 100% quanto aos itens

atribuível, aplicação escala de Glasgow, PPC, perda acidental do cateter de PIC,

posicionamento do cateter de DVE, cabeceira elevada.

Para medir, avaliar ou quantificar informações clínicas muitas vezes é

necessário atentar para os critérios de significância e precisão dos instrumentos

de medida que será utilizado. O critério de validade diz respeito à capacidade que

o instrumento em medir de fato o que se propõe medir.

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Processos avaliativos, no entanto devem utilizar informações válidas, pois

somente com a aplicação de medidas válidas evita - se distorcer o comportamento

da equipe15

Este estudo evidenciou o desafio de construir e validar indicadores clínicos

de processo para avaliação de práticas no cuidado ao paciente crítico neurológico.

Algumas situações clínicas, a exemplo do que ocorreu em muitas áreas da saúde,

o desenvolvimento relativo à pacientes com distúrbios neurológicos foi espontâneo

e pautado em necessidades presentes e percebidas pelos profissionais.2

Consequentemente à necessidade de avaliação do cuidado prestado a

estes pacientes por meio de indicadores, pode ser utilizada no sentido de reforçar

o desejo natural dos profissionais de saúde em melhorar o cuidado e ao mesmo

tempo funciona como uma forma de compreender a qualidade deste cuidado.

Outro grande desafio foi realizar a validação de conteúdo com um método

pouco comum para uma área essencialmente técnica, como o cuidado ao paciente

crítico, porém, largamente utilizado em área psicossocial.

Os indicadores construídos e validados com a metodologia de validação de

conteúdo, certamente não esgotam todas as práticas, mas dirigem – se àquelas

que fundamentalmente possam avaliar a qualidade do cuidado prestado.

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6. CONCLUSÕES

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Os indicadores propostos para avaliação do cuidado a pacientes críticos

neurológicos obtiveram resultados que foram considerados válidos Embora tenha

sido unânime por parte dos “experts” quanto à importância da construção de

indicadores clínicos para o processo de cuidado a pacientes críticos neurológicos,

se faz necessária a aplicação destes indicadores através do instrumento avaliado,

assim como a composição de um programa de educação continuada e

permanente que transforme ações de cuidado e reflitam a qualidade da

assistência prestada.

O instrumento proposto foi considerado válido e fácil aplicação e poderá ser

utilizado de maneira rotineira no levantamento dos dados que servirão para

avaliação do cuidado a pacientes críticos neurológicos.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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49. Ferreira AS, Israel VL, Aguiar RL. Variações da pressão

103

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intracraniana durante manobra de expansão pulmonary em pacientes com trauma

cranioencefálico grave, monitorizados em unidade de terapia intensive. Medicina(

Ribeirão Preto).2009; 42(4): 466 – 76.

50. Silva SCF, Souza RMC. Galveston orientation and amnesia test: aplicabilidade e relação com escala de coma de Glasgow. Rev Lat Am de

Enfer. 2007; 15(4): 1-8.

51. Teasdale G, Jennet B. Assessment of coma and impaired consciousness. A pratical scale. Lancet.1974; 2(7872): 81- 4.

52. Pontes – Neto OM, Oliveira - Filho J, Valiente R, Friedrich BP, Pedreira B, Rodrigues BCB, et

hemorragia intraparenqumatosa

67(3B): 940 – 50.

al. Diretrizes para manejo de pacientes com

cerebral espontânea.Arq Neuropsiquiatr. 2009;

53. Gentile JKA, Himuro HS, Rojas SSO, Veiga CV, Amaya LEC, Carvalho JC. Condutas com paciente com trauma cranioencefálico. Rev Bras Clin

Med. 2011; 9(1): 74 -82.

54. Guidelines for the Management of Severe Traumatic Brain

Injury 3rd

ed. J Neurotrauma 2007. Disponível http://www.braintrauma.org.

55. Oliveira RARA, Soares SMTP, Kosour C. Práticas Fisioterapêuticas no neurointensivismo. In: Terzi RGG, Falcão ALE, Videtta W.

Cuidados neurointensivos. São Paulo: Atheneu: cap 35, p.441 – 453. 2013.

56. Diccini S, Torres ALC, Silveira DAP. Intervenções de Enfermagem no pré e pós – operatório em pacientes submetidos a tratamento

neurocirúrgico. In: Enfermagem em neurociência – fundamentos para prática

104

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clínica. São Paulo: Atheneu: cap 8, p.183 – 206, 2006.

57. Instrução normativa nº4, de 24 de fevereiro de 2010. Diário Oficial da União nº 37, de 25 de fevereiro de 2010 – Dispõe sobre os indicadores

para avaliação de Unidades de Terapia Intensiva.

58. Sireci SG. The constructo of content validity. Soc Indic Res 1998; 45: 83 – 1117.

59. Haynes SN, Richard DCS, Kubany ES. Content validity in psychological assessment: a functional approach to concepts and methods. Phycol

Assess 199; 7(3): 238 – 47.

105

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106

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8. ANEXOS

107

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Anexo 1 - Instrução para Preenchimento dos Instrumentos para

Validação de Conteúdo do Instrumento de Registro de Coleta

O instrumento de registro de coleta deve ser utilizado através da marcação

da frequência com que cada item de avaliação que compõe o indicador é

evidenciado pelo pesquisador, no momento da coleta ativa.

O instrumento é composto por 11 colunas, sendo a primeira relacionada

aos dias do mês, a segunda a quantidade de pacientes internados no dia e

as nove colunas subseqüentes referem – se aos itens de avaliação da

qualidade da assistência.

A freqüência com que cada item foi verificado deve ser registrada em forma

de traço, como por exemplo: “ I “ ,onde acumularemos até 5 traços agrupados formando uma figura semelhante a esta: As observações feitas pelo devem ser feitas no verso do instrumento O instrumento de coleta será registro após a observação direta pelo

observador.

Deverá ser utilizado um instrumento por mês.

108

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Anexo 2 – Instrumento de Coleta

Coleta de Dados - Indicadores UTI Neurológica

Mês

Nº de Pacientes

Nº de Pacientes

com cateter de PIC

Nº de Pacientes

com cateter de DVE

Aval.Pupilar Aplicação

Escala Glasgow

Medidas de PPC

Posicionamento cateter DVE

Perda de

Cateter de PIC

Cabeceira elevada

Dia

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

109

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Anexo 3 - Solicitação de Participação de “Experts” na Validação de

Conteúdo de Indicadores da Qualidade da Assistência a Paciente Crítico

Neurológico.

São Paulo, _____de _________________de 20__.

Prezado (a) Senhor (a) Solicito sua participação como “expert” no processo de validação de

instrumento que faz parte do estudo intitulado: ”Construção e Validação de

Indicadores de Qualidade no Cuidado ao Paciente Crítico Neurológico” a

ser desenvolvido em hospital privado de porte extra da cidade de São Paulo.

O referido estudo tem como objetivo geral disponibilizar ferramenta composta

por indicadores que permita avaliação da qualidade prática assistencial do

cuidado ao paciente crítico neurológico como, processo fundamental para o

gerenciamento da assistência em Unidade de Tratamento Intensivo

Neurológico.

Os tipos de validações a serem realizadas são opinativos ou de julgamento e

empírica. A finalidade de sua participação é contribuir para validação de

conteúdo, que visa determinar se os indicadores propostos pela pesquisa

representam o construto teórico abordado e, se são capazes de mensurar a

qualidade da assistência em unidade de terapia intensiva neurológica.

Para tanto estaremos, enviaremos os materiais necessários onde o (a) Senhor

(a) deverá registrar seu parecer acerca dos indicadores propostos em

instrumento próprio, pessoalmente ou via correio.

110

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A validação se dará através de Manual de Instruções de Indicadores,

Validação do Conteúdo que compõe cada indicador e o respectivo instrumento

de coleta.

Outrossim, informamos que recolheremos os instrumentos validados pelo

Senhor(a) a partir do dia ____de ___ , pessoalmente ou via correio conforme

acordado previamente.

Agradecemos sinceramente a atenção dispensada e coloco-me à disposição

para eventuais esclarecimentos.

_____________________________ _____________________________

Prof. Dr. Salomón Soriano Ordinola Rojas Elaine Aparecida Silva de Morais

Orientador Enfermeira - [email protected]

Fone (11) 4508 -2186/

(11)9773- 2447

111

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Anexo 4 – Termo de Consentimento Livre Esclarecido (“Experts”) PROJETO DE PESQUISA: ”Construção e Validação de Indicadores de Qualidade

no Cuidado ao Paciente Crítico Neurológico” RESPONSÁVEL PELO PROJETO: Enfermeira - Elaine Aparecida Silva de Morais

ORIENTADOR: Prof. Dr. Salomón Soriano Ordinola Rojas - Dep. Pós –

Graduação de Cirurgia – UNICAMP.

Eu, ___________________________________, RG______________________,

abaixo assinado, tendo recebido as informações necessárias acerca da pesquisa

acima citada a qual tem como finalidade validar um instrumento que visa avaliar a

qualidade da assistência a pacientes críticos neurológicos e, ter sido esclarecido (a) de que minha participação se resume em emitir parecer sobre validade de

conteúdo dos indicadores proposto no instrumento do estudo. Considerando os

direitos a seguir relacionados de:

1. Retirar meu consentimento e participação a qualquer momento que

considera que possa trazer algum prejuízo à minha pessoa;

2. A segurança de que não serei identificado (a)

3. A minha participação na pesquisa não resultará em custos monetários à

minha pessoa.

4. Concordo em participar do estudo. São Paulo, ____de_______________de 20___. ______________________ __________________________

Assinatura do participante Elaine Aparecida Silva de Morais

Enfermeira - [email protected]

Fone (11) 4508 -2186

(11)9773- 2447

112

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Anexo 5 – Instrumento para Caracterização dos “Experts”

Assinale na coluna com um X a linha correspondente a cada informação pertinente:

Características

Formação Profissional Médico Enfermeiro

Área de atuação Hospitalar Ensino Ambos

Tipo de Instituição Pública Privada Ambas

Porte da Instituição Pequena Grande Porte extra(acima de 700 leitos

Tempo de atuação Profissional Menos que 5 anos Entre 5 e 10 anos Entre 10 e 15 anos Entre 15 e 20 anos Entre 20 e 30 anos Mais de 30 anos

113

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Anexo 6 – Instruções Gerais para o Processo de Validação de Conteúdo de

Indicadores da Assistência a Pacientes Críticos Neurológicos

Prezado (a) “Expert”

No presente estudo, o construto em questão é “Qualidade da Assistência a

Pacientes Críticos Neurológicos, conceituando – se como atendimento de

pacientes graves e de alto risco, cujas condições clínicas oscilam entre

limites estreitos de normalidade/anormalidade e onde pequenas mudanças

orgânicas podem levar à deterioração grave na função corporal”16

O material desenvolvido consta o processo de Validação de Conteúdo ou

Validação opinativa do qual o (a) Senhor (a) aceitou participar.

1. Tabela contendo a especificação do domínio do conteúdo

2. Manual de instrução dos Indicadores da Assistência

3. Instruções para preenchimento do instrumento para validação opinativa

4. Instrumento contendo os indicadores para validação

5. Instruções para preenchimento do instrumento de coleta

6. Instrumento de coleta

7. Instruções para preenchimento do instrumento de validação dos

indicadores

8. Instrumento para validação para um dos itens de avaliação de cada

indicador.

9. Instruções para preenchimento do instrumento para validação dos

atributos de cada indicador.

10. Instrumento para Validação Opinativa dos Atributos

11. Caracterização dos “experts”.

114

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Anexo 7 – Instruções Operacionais dos Indicadores da Qualidade da Assistência a Pacientes Crítico Adaptado de Vituri, DW. Desenvolvimento e validação de um instrumento para avaliação da qualida enfermagem, 2007. 110f. Dissertação( Mestrado em Programa de Pós Graduação em Enfermagem) Estadual de Maringá, 2007

Indicador 1: AVALIAÇÃO PUPILAR

Fundamentação científica: Koizumi SK, Diccini S. Enfermagem em neurociência – Fundamentos para prática clínica. 1ª ed. São

Pau neurológico do paciente com alteração do nível de consciência; cap. 3, p. 68 a 71.

Jevon P, Ewens B. Monitoramento do paciente crítico. 2ª ed. Porto Alegre:Artmed; 2009. Monitoramento da função neurológica, cap. 6, p. 182 a 184.

Neto A R. Atualização em medicina neurológica. 1ª Ed. São Paulo: AMIB; 2011. Exame neurológico em coma, cap. 2, pág. 13

115

Indicador Descritor Tipo de Indicador Numerador Denominador Cálculo do

indicador

Fonte

de

dados

Periodicidade Critérios para

qualificação de

avaliação

Ava

liaçã

o p

up

ilar

Todos os

pacientes com

avaliação

pupilar

registrada a

cada 2h em

folha de

controle de

parâmetros de

sinais vitais

Pro

cess

o

Número

de

pacientes

com

registro

de

avaliação

pulpilar

em 30

dias

Número de

pacientes

internados

na UTI

neurológic

a em 30

dias N

úm

ero

de

pac

ien

tes

com

ava

liaçã

o p

up

ilar

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____

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30

dia

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P

ron

tuár

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édic

o

Mensal Verificar o

número de

pacientes no

período com

avaliação

pupilar

registrada

em

prontuário

que

atendam ou

não

descritor

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Indicador 2: APLICAÇÃO DA ESCALA DE GLASGOW

Fundamentação científica: Koizumi SK, Diccini S. Enfermagem em neurociência – Fundamentos para prática clínica. 1ª ed. São

Pau neurológico do paciente com alteração do nível de consciência; cap. 3, p. 68 a 71

Jevon P, Ewens B. Monitoramento do paciente crítico. 2ª ed. Porto Alegre:2009. Monitoramento da funçã 182 a 184.

Terzi R G G, Falcão A L E, Videtta W. Cuidados neurointensivos. 1ª edição. São Paulo: 2013.

Monitorização da pressão intracraniana e da pressão bulbo jugular; cap.7, p. 99.

116

Indicador Descritor Tipo de

Indicado

r

Numerador Denominador Cálculo do

indicador

Fonte

de

dados

Periodicidade Critérios para

qualificação de

avaliação

Ap

licaç

ão d

a Es

cala

de

Gla

sgo

w

Relação

entre o

número de

paciente

com registro

da aplicação

da escala de

Glasgow e o

número de

paciente dia

na UTI

Pro

cess

o

Número de

registro de

aplicação

da escala

de Glasgow

Número de

pacientes -

dia

internado

na UTI

neurológica N

úm

ero

de

pac

ien

te c

om

reg

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o d

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licaç

ão

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Gla

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___

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0

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TI

Pro

ntu

ário

dic

o

Mensal Verificar o

número de

pacientes no

período com

aplicação de

escala de

Glasgow

registrada

em

prontuário

que

atendam ou

não

descritor

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Indicador 3: PRESSÃO DE PERFUSÃO TECIDUAL(PPC)

Fundamentação científica:

Knobel E. Terapia Intensiva – Enfermagem.1ª ed. São Paulo: Atheneu; 200 cap. 31, p.322.

Liebert, M A. Guidelines for Cerebral Perfusion Pressure. Journal Of Neurotrauma.V. 17, n. 6/7, p 507 – 51

Terzi R G G, Falcão A L E, Videtta W. Cuidados neurointensivos. 1ª edição. São Paulo: 2013.

Monitorização da pressão intracraniana e da pressão bulbo jugular; cap.7, p. 99.

117

Indicador Descritor Tipo de

Indicador

Numerador Denominador Cálculo do

indicador

Fonte

de

dados

Periodicidade Critérios para

qualificação de

avaliação

PP

C

Relação

entre o

número de

registro de

PPC com o

número de

paciente

com

indicação

para a

medida de

PPC

Pro

cess

o

Número

de

pacientes

com

registro

de PPC

Número de

paciente

mer

o d

e re

gist

ros

de

PP

C

____

____

___

___

___

___

____

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0 n

úm

ero

de

pac

ien

tes

com

ind

icaç

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ara

a m

edid

a d

e

PP

C

Pro

ntu

ário

dic

o

Mensal Verificar o

número de

pacientes no

período com

valores de

PPC

calculado e

registrado

em

prontuário

que

atendam ou

não

descritor

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Indicador 4: POSICIONAMENTO DO CATETER DE DERIVAÇÃO VENTRICULAR EXTERNA(DVE)

Fundamentação científica: Koizumi SK, Diccini S. Enfermagem em neurociência – Fundamentos para prática clínica. 1ª ed. São

Pau neurológico do paciente com alteração do nível de consciência; cap. 3, p. 203 a 205

118

Indicador Descritor Tipo de

Indicado

r

Numerador Denominad

or

Cálculo do

indicador

Fonte

de

dados

Periodicida

de

Critérios para

qualificação de

avaliação

Po

sici

on

ame

nto

de

Cat

ete

r d

o D

VE

Relação

entre o

número de

paciente

com

posicionam

ento

adequado

cateter de

DVE e o

número de

paciente

portador de

cateter de

cateter

Pro

cess

o

Número de

cateter de

DVE

posicionado

adequadam

ente

Número

de

pacientes

com

cateter de

DVE

mer

o d

e p

acie

nte

s co

m c

ate

ter

de

DV

E p

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____

____

___

___

___

___

____

____

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acie

nte

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e D

VE

DV

E in

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ado

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30

dia

s O

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ron

tuár

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éd

ico

Mensal Verificar o

número de

pacientes no

período com

posicionamento

adequado e

registrado em

prontuário que

atendam ou não

descritor

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Indicador 5: Perda de Cateter de Pressão Intracraniana (PIC)

Fundamentação científica: Koizumi SK, Diccini S. Enfermagem em neurociência – Fundamentos para prática clínica. 1ª ed. São

Pau neurológico do paciente com alteração do nível de consciência; cap. 3, p. 68 a 71

Terzi R G G, Falcão A L E, Videtta W. Cuidados neurointensivos. 1ª edição. São Paulo: 2013. M

intracraniana e da pressão bulbo jugular; cap.7, p. 99.

Cheregatti A L, Amorin C P. Enfermagem – Unidade de Terapia Intensiva. 1ª ed. São Paulo, 2010: M

neurológica na Unidade de Terapia Intensiva; cap. 6, p. 153 - 178.

119

Indicador Descritor Tipo de

Indicador

Numerador Denominador Cálculo do

indicador

Fonte

de

dados

Periodicidade Critérios para

qualificação de

avaliação

Pe

rda

de

cat

eter

de

pre

ssão

intr

acra

nia

na

Relação

entre os

pacientes

com

perda

acidental

do cateter

de PIC e

o número

de

pacientes

com

cateter de

PIC

Pro

cess

o

Número

de perdas

acidentais

de cateter

de PIC

Número de

pacientes

com

cateter de

PIC N

úm

ero

de

pac

ien

tes

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do

cat

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____

___

___

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s co

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ter

de

PIC

R

egi

stro

de

pro

ntu

ário

Mensal Verificar o

número de

pacientes no

período que

tiveram

perda

acidental

,obtida

através do

registro de

prontuário

que

atendam ou

não o

descritor

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Indicador 6: Manutenção de Cabeceira Elevada

Fundamentação científica: Koizumi SK, Diccini S. Enfermagem em neurociência – Fundamentos para prática clínica. 1ª ed. São

Pau neurológico do paciente com alteração do nível de consciência; cap. 3, p. 68 a 71

Cheregatti A L, Amorin C P. Enfermagem – Unidade de Terapia Intensiva. 1ª ed. São Paulo, 2010: M

neurológica na Unidade de Terapia Intensiva; cap. 6, p. 153 - 178.

120

Indicador Descritor Tipo de

Indicador

Numerador Denominador Cálculo do

indicador

Fonte

de

dados

Periodicidade Critérios para

qualificação de

avaliação

Man

ute

nçã

o d

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leva

da

Relação

entre o

Número de

pacientes

com

cabeceira

elevada a

30° e o

número de

paciente dia

Pro

cess

o

Número

de

pacientes

com

cabeceira

elevada

Número de

pacientes

dia

internados

na UTI

neurológica

mer

o d

e p

acie

nte

co

m c

abec

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a el

evad

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____

____

___

___

___

___

____

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___

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TI

Ob

serv

ação

Dir

eta

e re

gist

ro d

e p

ron

tuár

io

Mensal Verificar o

número de

pacientes no

período com

manutenção

de cabeceira

elevada a

30º no

momento da

coleta do

dado e

registrada

em

prontuário

que

atendam ou

não

descritor

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Anexo 8 - Instruções para Preenchimento do Instrumento para Validação de

Conteúdo de um dos Itens de Avaliação dos Indicadores de Qualidade da

Assistência a Paciente Crítico Neurológico

Este instrumento visa captar o parecer dos “experts” sobre o construto de cada

indicador do estudo que objetiva avaliar a qualidade da assistência a paciente

crítico neurológico. Para tanto recomendamos a leitura prévia do manual operacional para realizar os

julgamentos que se seguem. O instrumento teve como base o estudo de Vituri

(2007) contendo os requisitos para avaliação disposto em forma de tabela descrita

abaixo:

1. Descrição dos critérios Descritor: é claro e objetivo no que se propõe mensurar

Fundamentação: é suficiente para evidenciar o indicador.

Tipo de indicador: é adequado com o que se quer medir. Numerador: está descrito de forma clara e objetiva acerca do que se propõe

mensurar.

Denominador: está descrito de forma clara e objetiva acerca do que se propõe

mensurar.

Fonte de dados: está correta e é suficiente para o que se propõe mensurar. Critérios de avaliação: são claros e objetivos, não geram dúvidas sobre o que

deve ser avaliado.

Amostra: é adequada para retratar a realidade da unidade em estudo.

121

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2. Tabela para Validação opinativa

Assinalar com um “X” apenas uma opção correspondente em cada item. Em caso justificar no campo a baixo e/ou fazer sugestões.

PPC- pressão de perfusão cerebral, PIC – pressão intracraniana, DVE – derivação ventricular externa.

“Não”, cite o requisito correspondente e justifique e/ou dê sugestão: _________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

122

Requisitos

Aval.

Pupilar

Aplic. Esc.

Glasgow

PPC

Perda de

cateter de PIC

Posicionament

o de Cateter de

DVE

Cabeceira

elevada

Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não

Descritor

Fundamentação

Tipo de

indicador

Numerador

Denominador

Fonte de dados

Critérios de

avaliação

Amostra

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Anexo 9 – Instrução para o preenchimento do instrumento para validação de

conteúdo de cada item dos indicadores de qualidade da assistência a

paciente crítico neurológico.

Este instrumento tem finalidade de registrar o parecer dos “experts” em relação

aos itens de avaliação de cada um dos indicadores da qualidade da assistência ao

paciente crítico neurológico. Foi realizada uma adaptação dos estudos de Vituri

(2007) sendo disposto em forma de tabela, contendo os itens a serem analisados

de acordo com os requisitos e seus respectivos conceitos.

Requisitos a serem utilizados em cada um dos indicadores de qualidade da

assistência de enfermagem a partir dos conceitos correspondentes:

1. Comportamental: permite ação de avaliação clara e precisa.

2. Objetividade: permite resposta pontual.

3. Simplicidade: expressa uma única idéia.

4. Clareza: explicitado de uma forma clara, simples e inequívoca.

5. Pertinência: não insinua atributo divergente do definido.

6. Precisão: cada item de avaliação é distinto dos demais, não se confundem.

7. Variedade: Os termos utilizados, embora parecidos não se repitam.

8. Credibilidade: está descrito de maneira que não pareça despropositado.

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Assinalar com um “X” apenas uma opção correspondente em cada item. Em caso de marcaçã campo a baixo e/ou fazer sugestões.

PPC- pressão de perfusão cerebral, PIC – pressão intracraniana, DVE – derivação ventricular externa.

“Não”, cite o requisito correspondente e justifique e/ou dê sugestão: _________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

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Requisitos

Aval. Pupilar Aplic. Esc.

Glasgow

PPC Perda

cateter de

PIC

Posicionamento

de Cateter de

DVE

Cabeceira elevada

Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não

Comportamental Objetividade Simplicidade Clareza Pertinência Precisão Variedade Credibilidade

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Anexo 10 – Instruções para o Preenchimento do Instrumento para Validação

de Conteúdo quanto aos Atributos de Conjunto dos Indicadores de

Avaliação de Qualidade de Assistência a Paciente Crítico Neurológico

Este instrumento objetiva registrar o parecer dos “experts” quanto aos atributos do

conjunto de itens de avaliação de cada um dos indicadores de assistência a

paciente neurocrítico.

Foi realizada uma adaptação dos estudos de Fernandes (2005) e Vituri (2007)

onde deverá ser atribuído pontuação de 1 a 4, de acordo com uma das quatro

opções de respostas para avaliação dos atributos a serem utilizados em cada um

dos indicadores de qualidade da assistência de enfermagem a partir dos conceitos

correspondentes:

1. Atribuível: reflete aspecto de qualidade para o cuidado de enfermagem.

2. Acessível: os dados são acessados rapidamente com o mínimo de esforço

extra e custo.

3. Comunicável: a relevância das medidas pode ser facilmente comunicada e

compreendida.

4. Contextualizável: a medida pode ser obtida livre de contexto ou, os efeitos

do contexto podem ser ajustados.

5. Efetivo/preciso: mede o que se propõe a medir.

6. Exeqüível: a medida é aplicável.

7. Objetivo: a medida permite ação de mensuração clara e precisa, sem

julgamento subjetivo.

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Assinalar com um “X” apenas uma opção correspondente em cada tem. Utilizar a classificação

PPC- pressão de perfusão cerebral, PIC – pressão intracraniana, DVE – derivação ventricular externa.

1 – não contempla o atributo

2 – incapaz de contemplar o atributo sem revisão 3 – contempla o atributo, mas precisa de alteração mínima 4 – contempla o atributo

Comentários e Sugestões: __________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

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Atributos

Aval.

Pupilar

Aplic. Esc.

Glasgow

PPC Perda de cateter

de PIC

Posicionamento

de Cateter de

DVE

Cabeceira

elevada

1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4

Atribuível Acessível Comunicável Contextualizável Efetivo/ preciso Exeqüível Objetivo

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Anexo 11 – Termo de Confidencialidade

DECLARAÇÃO DE CONFIDENCIALIDADE

Eu, Elaine Aparecida Silva de Morais, investigadora principal do projeto de pesquisa

intitulado “Construção e Validação de Indicadores de Qualidade no Cuidado ao Paciente

Crítico Neurológico”, venho através desta assegurar a confidencialidade e privacidade, a

proteção da imagem e a não estigmatização dos sujeitos da pesquisa, garantindo a não

utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em

termos de auto-estima, de prestígio e/ou econômico - financeiro; de acordo com a

Resolução 196/06 do Conselho Nacional de Saúde.

____________________________

Elaine Aparecida Silva de Morais

COREN – 55131/SP

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