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Gestão de águas urbanas: conquistas, desafios e oportunidades Vladimir Caramori CTEC/UFAL Fortaleza, novembro de 2010 Associação Brasileira de Recursos Hídricos

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Gestão de águas urbanas:conquistas, desafios e oportunidades

Vladimir CaramoriCTEC/UFAL

Fortaleza, novembro de 2010

Associação Brasileira de Recursos Hídricos

Gestão das águas urbanasTema complexo reconhecido na Lei do Saneamento (Lei 11.445/2007)Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I. Saneamento básico: conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações operacionais de:I. abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas

e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

II. esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;

III. limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;

IV. drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;

Incorporam-se as questões sócio-ambientais: saúde pública, salubridade ambiental, sustentabilidade, integração urbana e paisagística, entre outras

Nesta apresentação

Foco na drenagem e manejo de águas pluviaisOs avanços na abordagem: do higienismo ao desenvolvimento urbano de baixo impactoOs desafios para alcançar sistemas de drenagem e manejo de águas pluviais mais eficientes em todos os seus aspectosAs oportunidades para avançar na valorização das águas urbanas

Um pouco do contexto

Pompêo (2000)Até séc. XIX: “Tout à l’égout”Anos 1940: Melhoria do fluxo das canalizaçõesAnos 1960: Planejamento da ocupação das planícies de inundaçãoAnos 1970: Medidas compensatórias da impermeabilizaçãoAnos 1980: Soluções desejáveis são aquelas que atuam sobre as causasAnos 1990: Drenagem urbana sustentável

A partir dos anos 2000: Desenvolvimento urbano de baixo impacto

Mas, de fato...Praticamos o “Tout à l’égout” (séc. XIX)Com soluções baseadas na melhoria do fluxo das canalizações (anos 1940)Planejando a ocupação das planícies de inundação por vias sanitárias (anos 1960)Com raro uso de medidas compensatórias da impermeabilização (anos 1970)Ainda não enxergamos a bacia hidrográfica como referência: atuamos nos efeitos (anos 1980)Drenagem urbana se refaz periodicamente: rebaixamento de calhas (anos 1940)Com desenvolvimento urbano que ainda ignora processos naturais (planejamento ainda restrito ao uso e ocupação do solo)

Mas, de fato...

Mas, de fato...

Mas, de fato, os manuais de drenagem recomendam...... e ainda obedecemos

“a melhor drenagem é aquela que escoa a água da chuva o mais rápido possível para jusante”; “uma boa solução para integração urbana é através de avenidas de fundo de vale, associadas à canalização dos corpos d’água”;“o fechamento do canal permite ganhar espaço sobre o rio, esconde a poluição e promove a melhoria urbana local, a partir de obras de urbanização dos corpos d’água”

As questões que avançaramPercepção das limitações da abordagem tradicionalIntegração da drenagem como componente do saneamento básico :Drenar é necessário evolui para conceito de Manejo de Águas PluviaisDesenvolvimento de novas tecnologias e abordagens no sistema de drenagem e manejo de águas pluviais

Processos naturais como foco compensação de efeitos da urbanizaçãoValorização da água no espaço urbano: a renaturalização

Planos de desenvolvimento urbano incorporam:Limites de uso e ocupação do solo (ainda pouco efetivos)Exigência de permeabilidade, reconhecendo algumas funções naturais (mas ainda não reconhecem a relação do urbanismo com os processos naturais)

Indicadores para gestão: risco de alagamentos, salubridade ambiental, degradação ambientalAmpliação do conceito de risco hidrológico, não apenas focado no tempo de retorno

As ideias e os paradigmas urbanos

Soluções caseiras, reativas, versus soluções pró-ativas (individual, público)

Fuente: PPG-UFSCar

“ação” caseira de adaptação ao risco local!

Demandas culturais…

…reativas

As ideias e os paradigmas urbanos

A idéia, o conceito: a pressão pela canalização

Gestão da oferta x gestão da demanda Gestão dos canais x gestão da bacia (analogia com sistema viário solução: ampliação de vias)

Gestão da oferta, da demanda, do risco

Rebaixamento do canal redução da ameaçaDimensionado para falhar

Base no TrNão incorpora mudanças temporais (na bacia, na chuva)

Falha na incorporação do conceito de riscoVulnerabilidade (ou fragilidade)Exposição

GERENCIAMENTO DE RISCOS(antes do desastre ocorrer…)

Fonte: Adaptado de Crichton, 1999.

Como incorporar o risco na gestão da drenagem?

Mapas de risco de alagamento consideram:Frequência do alagamentoMagnitude do alagamentoDensidade demográfica (população atingida)Qualidade da águaGeração/ampliação de escoamento superficial

Indicadores de degradaçãoIndicadores de salubridade

As ideias e os paradigmas urbanos

A idéia, o conceito: a pressão pela canalização

Soluções sustentáveis, integradas versussoluções adotadas: os canais como padrão (Programa 1138 MI, a ideia e o conceito)

A IDÉIA: drenagem urbana sustentável (Programa 1138 MI, MCidades)

http://www.mi.gov.br/infraestruturahidrica/publicacoes/drenagem.asp

As ideias e os paradigmas urbanos

A idéia, o conceito: a pressão pela canalização

Renaturalização de rios versus negação da drenagem como corpo hídricoCidade como negação da natureza:

Rio poluído não é rio, é esgoto a céu abertoeliminar em função de suas águas nocivasRegras do Código Florestal não se aplicam

Qual a solução?

Canalizar, ampliar gestão da ofertaAtuar sobre a ameaça

…demandas culturais pró-ativas…

Os instrumentos evoluíramAspectos legais:

Lei 4.771/1965 – Código Florestal (em revisão)Lei 6.766/1979 – Parcelamento do Solo UrbanoLei 9.433/1997 – Recursos HídricosLei 10.257/2001 – Estatuto da CidadeCONAMA 369 – utilidade pública e interesse social (uso de APP)Lei 11.445/2007 – Saneamento Planos Diretores: Desenvolvimento Urbano, SaneamentoOutros

Incorporam limites para ocupação urbana, remoção de vegetação, ocupação de encostasEstabelecem ordenamento de uso e ocupação do soloNecessidade de conservação dos processos naturaisApontam necessidade de articulação de políticas públicasIncorporam conceito de sustentabilidadeQuebram alguns paradigmas (drenar é necessário)Definem novo recorte de planejamento e ação: a bacia hidrográfica

Os desafiosA quebra efetiva dos paradigmas

Apesar do conceito MAP, ainda continuamos falando apenas em drenagemDrenagem e sistema viário tratados de forma semelhanteRios canalizados e vias asfaltadas como símbolos de desenvolvimentoReconhecer a drenagem como sistema urbano (sistema de drenagem compõe paisagem urbana, valorizando ou degradando)

Recorte territorial urbano versus bacia hidrográfica: Lei 9433, Lei 11.445As ações institucionais ainda são fragmentadas incorporar a ideia de bacia como referênciaPouca articulação institucional: vários órgãos atuam sobre o mesmo temaLeis de uso e ocupação do solo: permissivas em relação à taxa de ocupação (30% atual para 90% permitido) e à impermeabilização do soloArticulação do conhecimento: ABES e ABRH Lei 11.445Incorporação dos conhecimentos: técnicas compensatórias exige atualização técnica, fortalecimento institucionalIncorporação de conceito de risco mais efetivo: dimensionado para falhar (Tr, IDF desatualizada, etc.)Conhecimento dos sistemas: mapas de risco, de degradação, de salubridade apoio à decisão

Os desafios: ver triângulo de riscoObservância de instrumentos (legais) disponíveis, incorporação de nova abordagem:

Código FlorestalLei 6766Resolução CONAMA 369/2006: define as exceções para uso de APP

Art. 3º A intervenção ou supressão de vegetação em APP somente poderá ser autorizada quando o requerente, entre outras exigências, comprovar:

IV - a inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosão ou movimentos acidentais de massa rochosa.

Fonte: http://www.alagoas24horas.com.br/conteudo/?vCod=86610www.tudonahora.uol.com.br

Oportunidades

Lei 11.445/2007Incorporação de conceito MAPIntegração saneamento (ABES, ABRH)

Planos municipais de saneamentoPercepção clara dos limites da abordagem atual o que fazer?Ampliação do conceito de risco além do TrFerramentas incorporadas no caderno MI, MCidades, etc.

Outras questões para reflexãoConceito de déficit: qualitativo, tecnológico, técnico-institucional, de cobertura Financiamento: o IPTU hidrológicoConhecimento do sistema: informaçãoBacia como sistema versus recorte territorial de planejamento urbanoIncorporação de novas soluçõesPermitir que processos naturais sejam visíveisConhecer e reconhecer o papel dos corpos d’água nas cidades e a formação dos paradigmas

Função AmbientalHidrológica/hidráulica: ciclo hidrológicoEcológica: ecossistemas

SocialHistóricaCultural LazerLúdica

Urbanística PaisagemDrenagem

Outras

OBRIGADO!!

Vladimir CaramoriCentro de Tecnologia/UFAL

[email protected]

“Um rio é como um espelho que reflete os valores e comportamentos da nossa sociedade. Você já olhou para os rios da sua cidade hoje?”