conhecendo o orixa orunmila

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Orixa da Sabedoria

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ITAN DE ORUNMILÁ

COMO ORUNMILÁ SE TORNOU O SEGUNDO DE OLORUNOlorun havia reunido todo o material necessário à criação do mundo, e mandou convocar todos os orixás, para que o ajudassem a começar o trabalho. Mas na hora marcada apenas Orunmilá apareceu. Olorun gostou muito da atitude de Orunmilá e o recompensou, revelando-lhe todos os segredos da criação e do futuro, e entregando-lhe todos os materiais que compõem a vida humana. Eles estavam escondidos há muito tempo dentro de uma concha de caramujo, guardada num vaso que ficava sob a cadeira de Olorun. Orunmilá tornou-se desde esse dia o dono dos segredos, das magias, das fórmulas dos ebós, dos rituais e de tudo quanto envolvia a alma humana e seu destino.

AS ATRIBUIÇÕES DE IFÁO povo iorubá conta que Ifá era um deus que desceu do orun com a finalidade de ser o porta-voz de Orunmilá, o orixá do oráculo. Sua missão era organizar o mundo, ajudar na doença e nos partos, ensinar o uso da medicina e dar orientação aos homens que a ele recorressem, sobre qualquer assunto, valendo-se para isso da interpretação dos odu. Ifá chegou ao mundo e percorreu diversas localidades, instalando pelo caminho pontos de consulta. Quando chegou a Ile-Ifé decidiu ficar, e esse ficou sendo o local para sua adoração. Ifá conhecia todos os idiomas do céu e da terra, e podia orientar os homens de todos os povos e levar as mensagens deles a Olorun. Era também médico, e até hoje seus poderes são exaltados nos orin e oriki em seu louvor.

COMO ORUNMILÁ SUPEROU OGUN E OXALÁQuando Olodumare criou os seres humanos escolheu Ogun para reinar sobre eles, mas este não quis fazer as oferendas de praxe, indicadas por Ifá. Quando Ogun chegou ao mundo, deu varetas de madeira para o povo comer, e quem comeu morreu. Olodumare reuniu o povo e indicou Oxalá para reinar. Ele também se recusou a fazer as oferendas. Chegou à terra e deu água para o povo beber, mas aqueles que beberam, morreram. Vendo isso, Orunmilá se ofereceu para o cargo, e foi aceito por Olodumare. Imediatamente procurou um oluô, para saber quais as oferendas que tinha que fazer. Ele o mandou juntar muitas sementes e espalhá-las sobre a terra. Do além, Orunmilá espalhou as sementes sobre a terra. Elas cresceram e se transformaram em alimento. Tudo ficou às mil maravilhas, porém Ogun e Oxalá, enciumados, queriam destruir a terra. Orunmilá preparou uma comida indicada por Ifá e a colocou na entrada da cidade de Ifé. Quando os orixás chegaram, comeram e ficaram satisfeitos, desistindo de seus planos de destruição. É por isso que os seres humanos devem limpar os dentes de manhã cedo (varetas), em seguida lavar a boca água, e só depois comer.

COMO OLORUN TESTOU OS PODERES DE ORUNMILÁDisseram a Olorun que Orunmilá adivinhava com a tábua de Ifá. O criador riu e disse que a única pessoa que sabia adivinhar a sorte era ele. Mas como todos elogiavam Orunmilá, o criador resolveu testá-lo. Reuniu todos os orixás e disse que ia fingir que estava à morte, pedindo que chamassem Orunmilá para lhe prestar a última homenagem. Exu era grande amigo de Orunmilá. Como estava sempre ouvindo atrás das portas, correu a casa de Orunmilá e contou tudo. Quando foram chamar Orunmilá para dizer o último adeus a Olorun, o orixá aproximou-se do local onde estava o falso cadáver e disse que ele não estava morto. Estava muito forte. Só queria saber se Orunmilá podia ver a verdade. Olorun ficou muito impressionado com os poderes de Orunmilá, e deu-lhe dinheiro e presentes. Ele dividiu-os com Exu, para não perder sua ajuda e tê-lo sempre como amigo.

COMO ORUNMILÁ GANHOU A TÁBUA DE IFÁA tábua de Ifá pertencia originalmente a Xangô. Este a trocou com Orunmilá pelo dom da dança. Orunmilá, que era um orixá muito sério, foi abençoado por Olodumare com o dom da dança. Ele dançava melhor do que qualquer outro orixá. Xangô, que adorava dançar e se exibir diante das mulheres, sabendo que Orunmilá desejava muito ter a tábua de Ifá, preferindo-a a qualquer outra coisa, propôs a troca. Como Orunmilá era introvertido e se preocupava mais com assuntos

espirituais, aceitou a troca, e em pouco tempo adquiriu tanta experiência na interpretação do oráculo, que se tornou um dos orixás mais admirados. Xangô nunca se arrependeu da troca, porque se tornou ainda mais popular entre as mulheres.

POR QUE ORUNMILÁ ATENDE AS MULHERESUm dia Orunmilá fugia de seus inimigos e caiu num poço. Ficou ali preso sem poder sair, e os inimigos estavam se aproximando, até que os orixás femininos se juntaram, rasgaram as saias em tiras, fizeram uma corda e tiraram-no de lá. Por isso Orunmilá disse a elas que podiam chamar por ele a qualquer momento que precisassem. Até as mulheres menstruadas, a quem é vedada a participação em qualquer ritual, podem consultar Orunmilá em caso de necessidade.

A VOLTA DE ORUNMILÁ PARA O CÉUConta a lenda que depois de viver na terra por algum tempo, Orunmilá voltou ao céu. Para isso esticou uma longa corda e subiu por ela. Os seres humanos ficaram totalmente desorientados sem a presença de Orunmilá, pois ele é que transmitia a vontade de Olorun para os homens, através do oráculo de Ifá. Olokun, deus do mar, aproveitou a situação e tomou quase toda a terra, tornando-a inabitável. Com pena dos homens, Orunmilá desceu novamente pela corda e colocou as coisas nos devidos lugares, tornando a terra novamente habitável.

ITÒN TI IFÁ(Quando deixaram de ser sacrificados seres humanos à Orunmilá)

O rei de Benin consultou os adivinhos e foi-lhe dito para fazer um sacrifício por temos de que sua filha Foye (ou Popoye) viesse a se perder. Ele recusou-se a proceder a um, alegando que ela jamais se perder; mas acontece que isso ocorreu e ela ficou vagando pela floresta. A esse tempo, a mãe de Orunmilá possuía um escravo de nome Siere. Esse escravo era um antílope e seu trabalho consistia em talhar as marcas faciais dos filhos de Orunmilá. O escravo acabou cansado de os ver todos os dias que acabou fugindo. Ifá correu atrás dele e o perseguiu durante dezesseis dias. O antílope correu para dentro da floresta e Orunmilá o correu de lá. Ele correu para as savanas e Orunmilá o impeliu dali embora. Ele adentrou a densa floresta de Alabe e caiu no poço de uma armadilha; Orunmilá, que o seguia, também tombou lá dentro. Nenhum dos dois conseguia sair de lá. Passados sete dias no buraco, Orunmilá escutou a voz de alguém passando perto e então gritou “Floresta é a floresta de fogo; Savana é a savana de sol; Densa floresta que subsiste é a de Alabe. Faz sete dias que Erigialo tem estado no poço, que Ifá tem estado rolando dentro do poço”. Trata-se de Poye que vinha passando, perdida na floresta. Olhou para dentro do buraco e viu Ifá, que lhe implorou que o tirasse de lá, com o que ela concordou. Ao faze-lo, Ifá puxava consigo a coxa do antílope. Quando já fora, Orunmilá anunciou que o fêmur de antílope era seu cajado de caminhante, “Minha vida é leopardo, fêmur de antílope”. Ifá agradeceu a Poye e perguntou-lhe o que poderia fazer para recompensa-la pela ajuda. Ela disse que não tinha filho e assim Ifá teve relação com ela. E lhe disse que uma vez que suas outras esposas não podiam saber que ele havia tomado outra mulher, ela não poderia viver com ele. Poye ficou grávida e deu à luz uma filha. Perguntaram-lhe quem era o pai da criança e ela disse que era Ifá. Deu à criança o nome de Olomo. Naqueles tempos, Ifá costumava sacrificar seres humanos. Disse à sua gente que lhe trouxessem um escravo para que pudesse sacrificar à sua ancestral alma guardiã, e eles lhe trouxeram Olomo. Ele disse que faria seu sacrifício três dias depois; nesse entretempo, ordenou Olomo socar maisena no pilão. Enquanto pilava, ela dizia “Sou filha de Poye, se eu tivesse um pai não me teriam prendido para sacrifício”. As três mulheres de Ifá (Osu, Odu e Osun) escutaram o que ela dizia e contaram a Ifá que a menina que moia maisena era estranha e que ele deveria escutar o que ela falava. Quando Ifá a ouviu, indagou “Como aconteceu que você é a filha de Poye?”, ao que ela respondeu que sua lhe havia contado: “Ajudei a seu pai a sair de um poço; depois tivemos relações e eu tive você como filha”.Ifá disse: “Oh! Que desgosto! Ela é minha filha”. Suas três esposas perguntaram, “Oh! Quando foi isso que você tomou outra mulher e teve esta filha?” Ifá replicou, “Não foi assim. Eu estava em dificuldade e essa mulher me tirou de dentro de um

buraco. Pediu-me um filho e eu a recompensei pelo que tinha feito por mim”. Então ele as mandou comprar um bode para sacrificar e libertou Olomo. E disse que daquela vez em diante eles não deveriam mais trazer sacrifícios humanos para ele; que deveriam sacrificar apenas cabras. Desde aquele tempo, cabras têm sido sacrificadas a Ifá.Itòn narrado por um divinador em Igana. Ire o!

ÒSÀLÀ / OBÀTÁLÁFoi o ÒRÌSÀ que liderou os demais ÒRÌSÀS quando da sua vinda para Terra, com a missão de criar a Terra. ÒSÀLÀ é considerado o maior de todos os ÒRÌSÀS, sendo ele respeitado no meio dos ÒRÌSÀS. O ato de modelar os seres é atribuído a ÒSÀLÀ, é ele quem faz os corpos, sendo por isso considerado o Pai da Criação. Somente após os corpos estarem feitos é que OLÓDÙMARÈ coloca a vida. ÒSÀLÀ é intensamente cultivado pelo povo Yorubá, sendo conhecido por vários nomes, de acordo com a cidade, dos quais podemos citar como exemplo:Em ILÉ-IFÉ e IBADAN é chamado de ÒRÌSÀ-NLÁEm OGBOMOSO é chamado ÒRÌSÀ POPOEm EJIGBO é chamado de ÒRÌSÀ OGIYANEm OKITIPU e ONDO é chamado de ÒRÌSÀ ONILEEm IJAYE é chamado de ÒRÌSÀ IJAYEEm LAGOS e ABEOKUTA é chamado ÒRÌSÀ FUNFUNEm OWO e BENIN é chamado OSOLÚFÓN.Em todas as cidades da NIGÉRIA, o povo Yorubá também o conhece e o chama pelo seu verdadeiro nome: OBÀTÁLÁ (O Imaculado Rei). Todos os nomes acima mencionados são derivados da atribuição de imaculação para ÒSÀLÀ. ÒSÀLÀ é puro, imaculado, não gosta de sujeira, vestindo-se de branco. O nome ÒSÀLÀ veio da aglutinação da palavra ÒRÌSÀ-NLÁ (ÒRÌSÀ Maior), que perdeu o RI e o N, resultando em outra palavra ÒSÀLÀ, significando ÒRÌSÀ da Pureza, sendo por isto louvado como aquele que tem a pureza no nome. O fato de ele ser conhecido por outros nomes não significa que seja outro ÒRÌSÀ ou qualidade do ÒRÌSÀ. Mesmo sendo conhecido por vários nomes sua crença e adoração é a mesma por todo povo Yorubá. Seus devotos acreditam ser Ele a força que ajuda no crescimento e engrandecimento da fé. ÒSÀLÀ dá prosperidade, multiplicação material sendo por isso louvado assim:

“OGBE OMO RE O FUN NI AJE, O FUN NI ERIN RIN”( Ele acolhe os seus filhos e dá a eles prosperidade material, dando motivo para eles sorrirem.)

ÒSÀLÀ é tido como aquele que modela a forma da criança dentro da barriga da mãe, sendo por isso chamado de escultor divino, dando filhos inclusive para mulheres estéreis, sendo comum entre os Yorubás se desejar (rezar) para as mulheres grávidas o seguinte: Que ÒSÀLÀ modele uma boa obra de arte para você. Entre os Yorubás acredita-se que quaisquer pessoas que nascem com deformações tais como albinos, anões, corcundas, cegos, surdo-mudo, paraplégicos são feitos assim por ÒSÀLÀ para serem consagrados a ele, sendo as pessoas com esses problemas de nascimento chamadas de ENI ÒRÌSÀ (O ser de ÒSÀLÀ ou o escolhido de ÒSÀLÀ).É por esta razão que qualquer pessoa que tenha qualquer defeito visível de nascimento é tida como sacerdote de ÒSÀLÀ. ÒSÀLÀ é o único ÒRÌSÀ que é capaz de escolher seus sacerdotes dentro do ventre da mãe. Não precisa de qualquer investigação para se saber o ÒRÌSÀ de uma pessoa que nasce com defeito visível de nascimento porque essa pessoa já foi escolhida dentro do ventre da mãe para ser sacerdote de ÒSÀLÀ, sendo a investigação necessária quando se tratar de uma pessoa perfeita, sem nenhuma má formação de nascimento. Os Yorubás crêem que ÒSÀLÀ faz as pessoas com defeitos para que as pessoas perfeitas tenham motivos para agradecer ao escultor divino por tê-las feitos sem defeitos.ÒSÀLÀ é notável por ser puro, em vida, morava em uma casa pintada com giz branco (EFUN), dizem as lendas também que ele se vestia de roupa branca. ÒSÀLÀ é tão puro que em vida ele foi o único ÒRÌSÀ que praticou monogamia, dizem as lendas que a única mulher que ÒSÀLÀ teve chamava-se YEMOWO.

YEMOWO era uma pessoa comum, não era ÒRÌSÀ e não participava das atividades do marido. YEMOWO não teve filho de ÒSÀLÀ, na verdade, é costume dizer que ÒSÀLÀ faz os filhos para os outros, mas não teve tempo de fazer seu próprio filho, mas analisando espiritualmente a posição de ÒSÀLÀ em relação ao fato dele não ter filho carnal, podemos dizer que ele não precisava de filho carnal porque todos os seres foram feitos por ele, então todos são seus filhos. YEMOWO foi uma esposa fiel, e que entendia bem as obrigações paternais que ÒSÀLÀ tem para com os seres da Terra, ajudando-o a preparar a argila com que ele modelava os corpos. Para poder melhor realizar suas tarefas de modelador de seres e de líder dos ÒRÌSÀS na tarefa de criação da Terra, ÒSÀLÀ teve dois assistentes AJALA e ALAKEDUN.AJALA ou AJALA ALAMO (AJALA, o dono da argila) era um artista que tinha o dom de modelar o ORI (cabeça) dos seres. Ele não era um assistente direto de ÒSÀLÀ, mas havia uma ligação entre os dois porque era para AJALA que ÒSÀLÀ mandava os corpos dos seres já feitos para receberem seus ORI (cabeças). Falaremos mais sobre AJALA quando tratarmos sobre o ÒRÌSÀ ORI (O destino).ALAKEDUN (Anseio) era o imediato de ÒSÀLÀ. Ele era a pessoa que ÒSÀLÀ mandava a OLÓDÙMARÈ para relatar tudo o que estava acontecendo aqui na Terra. Na verdade ALADEDUN veio do Céu para a Terra junto com ÒSÀLÀ desde o início. ALAKEDUN foi uma das sete pessoas comuns que vieram para a Terra com os nove ÒRÌSÀS.

ITAN ÒSÀLÀLenda sobre ÒSÀLÀ

As lendas dizem que ÒSÀLÀ foi nascido e criado na cidade de IGBO onde aprendeu o ato de modelar com argila. Ao atingir a puberdade ele foi para a cidade de IRANJE onde passou a praticar seu ofício de escultor. Na cidade de ODE-IRANJE ele prosperou e ficou famoso, foi nesta cidade que ele se casou com YEMOWO. ÒSÀLÀ viajava muito para fazer entrega de suas esculturas em várias cidades, sendo por isso bastante conhecido em muitas cidades Yorubás com vários nomes. A casa onde ele morava era decorada com vários tipos de esculturas que ele fazia. Estas esculturas serviam para mostrar sua paixão por sua arte e também serviam de amostras para seus clientes. Ele sempre fazia as esculturas dos seres em casais (macho e fêmea). As mais proeminentes de suas esculturas eram imagens de seres humanos, de cobras, de sapos, de peixes de leopardos. ÒSÀLÀ pintava sua casa de branco e gostava de usar espada feita de latão branco. Ele sempre teve uma exigência em sua vida que, a sua esposa, YEMOWO, fosse sempre a primeira a pegar água no rio. Para cumprir essa exigência sua esposa acordava bem cedo, antes de qualquer pessoa, e assim ela era a primeira a chegar no rio para pegar água. ÒSÀLÀ foi uma pessoa que teve muitos anos de vida, sendo um dos ÒRÌSÀS que mais tempo viveu na Terra, tendo morrido de velhice. ÒSÀLÀ sempre manteve contato com OLÓDÙMARÈ informando sobre sua atividade e a dos outros ÒRÌSÀS na Terra. Quem levava estas informações era seu imediato ALAKEDUN que gozava de sua confiança. As lendas dizem que ÒSÀLÀ no início gostava muito de beber EMU (vinho natural de palmeira). Ele bebia muito e muitas vezes até ao ponto de ficar embriagado. As bebedeiras de ÒSÀLÀ influenciavam na feitura dos corpos que ele criava, havendo por isso muitas falhas. Numa dessas vezes que ALAKEDUN foi levar uma mensagem de ÒSÀLÀ para OLÓDÙMARÈ, ele fez intriga dizendo a OLÓDÙMARÈ que ÒSÀLÀ bebia muito e que isto estava afetando os corpos que ÒSÀLÀ criava e, se fosse preciso, ele ALAKEDUN seria capaz de fazer tudo o que ÒSÀLÀ fazia com mais perfeição e que se OLÓDÙMARÈ quisesse ele tomava conta de tudo. Ai OLÓDÙMARÈ pensou bem e disse para ALAKEDUN que tinha ouvido o que ele tinha dito, mas antes de tomar uma decisão definitiva ele ia querer ouvir ÒSÀLÀ. Então ele mandou ALAKEDUN de volta para Terra com uma mensagem para ÒSÀLÀ, dizendo que ele, OLÓDÙMARÈ, já sabia a razão pela qual os corpos que ÒSÀLÀ fazia estavam tendo falhas e que ele ÒSÀLÀ fosse ao Céu para se explicar sobre o assunto. Ao sair de perto de OLÓDÙMARÈ, ALAKEDUN começou a pensar em como é que ele daria a ÒSÀLÀ a mensagem de OLÓDÙMARÈ e também em qual seria a reação de ÒSÀLÀ. Ai ALAKEDUN ficou com remorso por ter feito a intriga e resolveu ficar no Céu para não ter que enfrentar ÒSÀLÀ. ÒSÀLÀ esperou muito a volta de seu imediato do Céu,

mas foi em vão. Como ALAKEDUN não costumava se demorar neste tipo de visita ao Céu, ÒSÀLÀ decidiu ir até ÒRÚNMÌLÀ (ÒRÌSÀ da Adivinhação) para jogar IFÁ a fim de saber porque ALAKEDUN estava demorando tanto. Ai ÒRÚNMÌLÀ revelou a ÒSÀLÀ a intriga que ALAKEDUN havia feito e o avisou que OLÓDÙMARÈ o estava chamando para se explicar sobre o assunto. Então ÒSÀLÀ perguntou a ÒRÚNMÌLÀ o que ele poderia fazer para aliviar o problema. ÒRÚNMÌLÀ disse para ÒSÀLÀ não beber mais o vinho da palmeira e que dali por diante ele, ÒSÀLÀ, tinha que cozinhar milho branco bem cozido até desmanchar e misturar com leite para fazer mingau. Esta mistura deveria ser colocada dentro de uma cabaça acanudada, e toda vez que ele sentisse vontade de beber ele teria que beber esta mistura. Esta mistura é chamada de EGBO (canjica). ÒSÀLÀ fez tudo como ÒRÚNMÌLÀ tinha mandado e parou de beber. Logo depois OLÓDÙMARÈ mandou outro emissário chamar ÒSÀLÀ para ir ao Céu para explicar o caso. OLÓDÙMARÈ chamou também todos os ÒRÌSÀS para ouvirem as explicações de ÒSÀLÀ. Ao chegar, ÒSÀLÀ ficou surpreso ao encontrar todos os ÒRÌSÀS principais e o próprio ALAKEDUN com OLÓDÙMARÈ. Então OLÓDÙMARÈ lhe perguntou como estavam os serviços na Terra, no que ÒSÀLÀ respondeu que ele estava fazendo bem os serviços que OLÓDÙMARÈ tinha mandado fazer na Terra e que não havia problema nenhum em suas atividades na Terra. ALAKEDUN então argumentou perante os presentes que ÒSÀLÀ bebia muito e com isto as esculturas estavam saindo com defeitos. ÒSÀLÀ respondeu que ele não bebia nada. ALAKEDUN vendo a cabaça que estava pendurada no pescoço de ÒSÀLÀ disse que a cabaça com vinho era aquela que estava pendurada. ÒSÀLÀ então reafirmou que não bebia e que aquela cabaça continha um preparado de EGBO (milho branco com leite) que ele costumava beber quando sentia sede, e assim ele serviu o EGBO para todos os presentes provarem, e assim viram que não se tratava de vinho. Assim ÒSÀLÀ foi absolvido do caso e ALAKEDUN (Anseio) foi desmascarado em sua tentativa de tomar o lugar do seu chefe. Foi então que OLÓDÙMARÈ ordenou que a partir daquele momento, além de ÒSÀLÀ, ALAKEDUN (Anseio) passaria a servir a todos os ÒRÌSÀS e os seres humanos também. Assim os seres humanos passaram a ter anseios, desejando algo para o futuro mesmo sabendo que não é sempre que todos os nossos desejos são atendidos ou se tornam verdadeiros. A partir daí ÒSÀLÀ tomou nojo de bebidas e não aceitou mais bebidas.

ODÙ IFÁ SOBRE ÒSÀLÀEm vários ODÙ IFÁ (Poemas de IFÁ), especialmente em boa parte dos dezesseis ODÙS

principais em suas revelações têm algo sobre ÒSÀLÀ como: gravidez, pureza, crianças, prece etc. Alguns dos ODÙS principais que têm algo a ver com ÒSÀLÀ são:

EJI OGBE, OYEKU MEJI, ODI MEJI, OKANRAN MEJI, OSA MEJI, OFUN MEJI.

ORE ÒSÀLÀOferenda para ÒSÀLÀ

Comidas:EGBO (Canjica)OYIN (Mel)AGBADO FUNFUN (milho branco)OBÌ FUNFUN (OBÌ branco)ORÓGBÓAnimal:O principal é galinha que tenha posto ovos muitas vezes (galinha velha)ÌGBÍN (Caramujo)EYELÉ FUNFUN (pombo branco)PEIXE CLARO SEM ESCAMASQualquer animal de quatro patas, não se pode oferecer sangue vermelho de animais para ÒSÀLÀ. O único sangue que se oferece para ÒSÀLÀ é de ÌGBÍN.Bebidas:

ÒSÀLÀ só bebe água, desde que seja a primeira água colhida na madrugada. Ele exige que só mulheres virgens ou mulheres velhas na menopausa peguem água para ele. ÒSÀLÀ não aceita bebidas de jeito nenhum.Objetos:EFUN, OSÙN, OWO EYO (búzios), ASO FUNFUN (roupa branca), bacia de ágata branca, espada de latão branco, talheres, prato branco, imagens de peixes, sapo, cavalo e leopardo para enfeitar o santuário.

ELÉGÙN ÒSÀLÀSacerdotes de ÒSÀLÀ

ÒSÀLÀ, por ordem de OLÓDÙMARÈ, tem o direito de ser o primeiro a escolher seus sacerdotes, antes dos demais ÒRÌSÀS, por isto que só ÒSÀLÀ é capaz de ter seus sacerdotes vindos de nascença. Quaisquer pessoas que têm defeitos permanentes de nascença como cegos, surdos, mudos e albinos são considerados pessoas escolhidas para serem seus sacerdotes. Na religião de OLÓRÌSÀ estas pessoas são automaticamente preparadas, se for vontade do ÒRÌSÀ, para serem seus sacerdotes, sendo que a única investigação que se faz é para verificar se seus defeitos são mesmo de nascença e, em caso positivo são dados com filhos de ÒSÀLÀ. Mesmo as pessoas que não têm defeitos de nascença podem ser sacerdotes de ÒSÀLÀ, bastando para isso que o BABALORISA ou IYALORISA verificar bem para ter certeza que a pessoa é filho de ÒSÀLÀ. Aos ELÉGÙNS de ÒSÀLÀ quando são iniciados e confirmados para tal são dados nomes que espelham tal fato:Ex.: TEMIFEFUN (Os Meus são Imaculados) OSAGBEMI (ÒRÌSÀ me Acolhe)

EBO ATI ORE ÒSÀLÀEbo e Oferenda para ÒSÀLÀ

O EBO para ÒSÀLÀ é igual aos anteriormente citados, a única diferença é que o EBO para ÒSÀLÀ não leva sangue e bebida, porque após o episódio entre ÒSÀLÀ, ALAKEDUN e OLÓDÙMARÈ, ÒSÀLÀ proibiu o uso de bebida em tudo que lhe é destinado, inclusive os seus sacerdotes não fazem uso de bebidas alcoólicas. A partir desse episódio também o EGBO (canjica) passou a ser a bebida mais aceita por ÒSÀLÀ, sendo portanto a mais usada em suas oferendas. Qualquer sacrifício de animal destinado a ÒSÀLÀ não é feito em cima de seu assentamento, mas é sacrificado no assentamento de ÈSÙ, isto porque ÒSÀLÀ não aceita sangue como oferenda, o que pode ser confirmado na lenda de ÒSÀLÀ e ALAKEDUN. Prosseguindo na narrativa da lenda:OLÓDÙMARÈ resolveu então punir ALAKEDUN não deixando que ele voltasse mais para a Terra. Foi ÒSÀLÀ quem apelou junto a OLÓDÙMARÉ para que ALAKEDUN pudesse retornar a Terra. Assim que ALAKEDUN chegou na Terra, ele começou a atuar entre os seres humanos, que assim começaram a sentir anseios, invejas, vontade de ampliar suas riquezas. Estes novos hábitos dos seres fizeram com que houvesse competições entre eles que começaram então a brigar e guerrear entre si. Assim os mais fortes tiravam a vida dos mais fracos, a morte então tomou conta da Terra. Antes não havia morte entre os seres porque OLÓDÙMARÈ e ÒSÀLÀ não permitiam a destruição dos seres, mas o próprio ato dos seres humanos causados por seu anseio foi quem causou mortes e destruições. ÒSÀLÀ então proibiu sangue que é o símbolo da destruição em suas oferendas, EBO ou assentamento. ÒSÀLÀ só permite que se use o sangue de ÌGBÍN, porque o ÌGBÍN simboliza a paz.Outros produtos oferecidos a ÒSÀLÀ são:EFUN que é usado para pintar seus santuários e tudo que lhe é destinado.Pano Branco é essencial para se oferecer a ÒSÀLÀORÓGBÓ também é usado para ÒSÀLÀ tal como milho branco, coco.As mulheres filhas de ÒSÀLÀ costumam completar suas vestes com um cordão de miçangas brancas (SESEFUN) e uma braçadeira do mesmo material.Não se usa pimenta nas comidas de ÒSÀLÀ, nem se tempera com sal.

OJÚBO ÒSÀLÀSantuário de ÒSÀLÀ

ÒSÀLÀ possui um dos santuários mais bonitos do povo Yorubá. É costume no altar se ver a imagem de homem e de mulher simbolizando primeiramente a criação ou continuidade da espécie e também o casamento e a fidelidade. Possui também imagens de animais para mostrar que ÒSÀLÀ não é só o criador dos seres humanos, mas também dos demais seres. As imagens são feitas de barro ou argila. Nos santuários têm ainda garfos, colheres e facas feitos em barro.

ÀDÚRÀ ÒSÀLÀReza para ÒSÀLÀ

As rezas para ÒSÀLÀ são feitas por pessoas que desejam paz, tranqüilidade, fim de guerras e conflitos, fidelidade no amor ou casamentos. A reza para ÒSÀLÀ pode abranger todos os problemas acima mencionados ou tratar separadamente cada problema. Exemplificaremos com uma reza que abrange vários tipos de situações:

ÒSÀLÀ BABA GBOGBO EYAÒSÀLÀ, o pai de todos os seres

ÒRÌSÀ FUNFUN BI EGBON OWUÒRÌSÀ imaculado como algodão

AJI MI OMI TOROAquele que acorda para tomar água limpa

EWI OKAN RE BALEAquele que é tranqüilo e sempre em paz

NINU RIRIJE ATI AI RIJENa fome e na abundância

ENITI KI DURO SI IBI IJA BA WAAquele que não fica perto de onde há briga

ÒRÌSÀ A PETU SI ORANÒRÌSÀ que apazigua todos os conflitos

A FI GBOGBO ORAN LE O LOWONós entregamos todos os conflitos em suas mãos

WA KO OGUN LOVenha livrar-nos das guerras

WA KO AI RIJE LOVenha livrar-nos da fome

WA KO AI RI NA LOVenha livrar-nos da falta de poder de gasto

WA KO IJA ATI ASO LOVenha livrar-nos de brigas e intrigas

WA KO AI RI ISIMI LOVenha livrar-nos da falta de tranqüilidade

KI AYE O TOROQue o mundo seja em paz

KI ILÉ GBOGBO O RI OJUQue todas as casas tenham tranqüilidade

KI ONA GBOGBO O RI AYEQue todos os caminhos sejam abertos

KI IKU MA PA OMODÉQue as crianças não morram

KI IKU MA PA OMIDANQue os jovens não morram

KI IKU MA PA AGBA ATI EWEQue a morte não leve os adultos e velhos

KI IFÉ O WA NINU ILÉQue haja amor nas famílias

KI IFE O WA NI ILUQue haja amor no país

KI ILÚ O TORO BI OMI AJI PONQue o país tenha a tranqüilidade das águas descansadas

ÀSÉ BABA GBAGBO ÒRÌSÀÀSÉ Pai de todos os ÒRÌSÀS

ORÍKÍ ÒSÀLÀLouvação para ÒSÀLÀ

Existem vários ORÍKÍ para ÒSÀLÀ sendo o mais usado o seguinte:

BANTA BANTA NINU ALAAquele que é grande na pureza

O SUN NINU ALAAquele que dorme na pureza

O JI INU ALAAquele que acorda dentro da pureza

O TI INU ALA DIDEAquele que levanta dentro da pureza

BABA NLA OKO YEMOWOO Pai maior, marido de YEMOWO

ÒRÌSÀ NWA MI NI IBUDOÒRÌSÀ venha a meu encontro no santuário

IBI IRE NI OSA BALEA moradia do ÒRÌSÀ cheio de bondade

ÓRÙNMÌLÀÒRÚNMÌLÀ foi uma das pessoas que conseguiram sabedoria no Céu. Sua sabedoria é de adivinhação do passado, presente e futuro dos seres humanos. ÒRÚNMÌLÀ é o detentor do segredo da vida espiritual e carnal, não havendo limites para sua atuação nas vidas dos seres humanos. Na vinda dos ÒRÌSÀS para a Terra, a ÒRÚNMÌLÀ foi dada a tarefa de servir como meio de comunicação entre OLÓDÙMARÈ, os ÒRÌSÀS e os seres que viveriam na nova Terra. ÒRÚNMÌLÀ foi então a pessoa que olhava o passado, presente e futuro dos outros ÒRÌSÀS e dos seres que os acompanhavam, para que pudessem resolver os vários problemas que eles tinham naquela época. ÒRÚNMÌLÀ é também conhecido com o nome de IFÁ, este nome foi

dado a ÓRÙNMÌLÀ em homenagem ao instrumento que ele usava para adivinhação que era o IKIN. Ele incorporou tanto esse nome que hoje em dia tanto a divindade quanto o ÒRÌSÀ são chamados de IFÁ. Além destes, ele era conhecido também como AGBEDEGBEYO (Aquele que fala em várias línguas), AKEREFINUSOGBON (O pequeno homem com a mente cheia de sabedoria). ÒRÚNMÌLÀ representa o princípio da sabedoria, conhecimentos, ordem e continuidade por estas razões que os seus sacerdotes são dotados de sabedoria, conhecimento, poder de adivinhação, dos segredos da vida. Os Yorubás acreditam no destino e que a vida de cada uma pessoa é pré-destinada. Antes de vir para a Terra cada ser é chamado aos pés de OLÓDÙMARÈ para escolher o seu destino. A única pessoa presente além de OLÓDÙMARÈ quando o destino é escolhido é ÒRÚNMÌLÀ. Por isto que a única pessoa que pode dizer a verdade sobre o caminho do destino de cada pessoa é ÒRÚNMÌLÀ (IFÁ). Assim os Yorubás consultam sempre IFÁ.Em cada importante passo que os Yorubás vão trilhar eles primeiro consultam o IFÁ. O IFÁ é consultado quando se escolhe uma profissão, marido, esposa, quando se pretende ter filhos, nos nascimentos, sobre saúde, prosperidade, morte, viagens, empregos, quando se vai dar parcerias em negócios etc... Não há nenhum acontecimento na vida que o IFÁ não possa ajudar a desvendar. IFÁ tem a resposta para todos os problemas e acertos da vida. É através de IFÁ que os seres podem se comunicar com os ÒRÌSÀS. Os próprios ÒRÌSÀS usavam a sabedoria de ÒRÚNMÌLÀ para resolver os seus problemas, dúvidas. IFÁ é o porta voz dos seres para os ÒRÌSÀS e vice-versa. Apesar da sabedoria e autoridade de ÒRÚNMÌLÀ ele ainda depende de ÈSÙ para realizar seu trabalho de porta voz porque desde o início que ficou firmado um pacto entre ÈSÙ, OLÓDÙMARÈ e os ÒRÌSÀS que tudo que fosse destinado aos ÒRÌSÀS teria que passar por ÈSÙ. É preciso a presença de ÈSÙ no processo de adivinhação, para testemunhar os acontecimentos.

ITAN IFÁLenda de IFÁ

As lendas dizem que ÒRÚNMÌLÀ foi nascido na cidade de ILÉ-IFÉ, no bairro de OKE IGETI. O nome de seu pai era AGBONMIREGUN e de sua mãe era ALAJERU. Em OKE IGETI, ÒRÚNMÌLÀ viveu sua infância, adolescência e já adulto se casou. ÒRÚNMÌLÀ era tão inteligente e sábio que todas as pessoas freqüentavam sua casa à procura de respostas e soluções para seus problemas. ÒRÚNMÌLÀ demorou tanto tempo para ter filhos que seus inimigos debochavam dele por ele ter resolvido os problemas dos outros e não ter resolvido o seu, mas ele venceu seus inimigos, pois logo depois ÒRÚNMÌLÀ teve oito filhos. Estes oito filhos formaram a família real das principais cidades dos Yorubás.O primeiro filho a nascer foi ALARA, o rei da cidade de ARAO segundo foi AJERO, o rei da cidade de IJEROO terceiro foi OLOYEMOYIN, o rei da cidade de OYEO quarto foi ALAKEGI, o rei da cidade de AKEGIO quinto foi ONTAGI-OLELE, o rei da cidade de ITAGIO sexto foi ELEJELUMOPE, o rei da cidade de IJELUO sétimo foi OWARANGUN-AGA, o rei da cidade de ILESHAO oitavo filho foi OLOWO, o rei da cidade de OWOÒRÚNMÌLÀ era uma pessoa que viajava muito para difundir os seus ensinamentos, por isso que cada um de seus oito filhos nasceu em cidades diferentes. Para poder servir bem aos seus clientes ÒRÚNMÌLÀ contou com a ajuda de uma pessoa, que foi seu assistente, que se chamava ÒSANYÌN. ÒRÚNMÌLÀ cuidava das consultas e jogos, mas era a ÒSANYÌN que ÒRÚNMÌLÀ mandava que fizesse os preparos para resolver os problemas dos clientes. Nisto, ÒSANYÌN virou mestre das folhas, porque só ele era capaz de dizer que folha servia para resolver tal problema. Assim ÒSANYÌN também veio a ser um ÒRÌSÀ após a sua morte. ÒRÚNMÌLÀ sempre uma vez por ano celebrava um ritual em que ele fazia questão da presença de seus oito filhos. Seus filhos levavam presentes para reverenciar seu pai. Em cada cidade que ÒRÚNMÌLÀ dominava ele deixava um filho para liderar. Onde os filhos não assumiam, ÒRÚNMÌLÀ escolhia um de seus discípulos para liderar, ele tinha muitos adeptos por onde passava. Num desses rituais que

ÒRÚNMÌLÀ sempre fazia com a família, todos os seus filhos vieram para reverenciar seu pai trazendo presentes, quando cada um deles chegava no local do ritual dizia: ABORUBOYE (que o ritual seja abençoado) e o pai ÒRÚNMÌLÀ respondia: ABO SISE (o ritual será aceito). O OLOWO, o último filho, além de chegar atrasado, ele não reverenciou o ritual do pai. Mais ainda, ele vestia o mesmo tipo de roupa de seu pai, simbolizando sua rejeição a autoridade de seu pai, mostrando sua superioridade perante seu pai. Todos os outros filhos pousaram no chão (DOBALE) perante seu pai, mas OLOWO o último se recusava a dar DOBALE para o pai. ÒRÚNMÌLÀ tentava obrigar OLOWO a respeitá-lo, mas OLOWO não obedecia e disse:Você, ÒRÚNMÌLÀ usa coroaEu, OLOWO, também uso coroaNinguém que usa coroa pousa no chão para outraVocê ÒRÚNMÌLÀ é um reiEu, OLOWO, também sou reiNenhum rei é maior que outro.

O resultado destas palavras arrogantes, foi mostrar a rejeição total da autoridade de ÒRÚNMÌLÀ sobre seu filho OLOWO. ÒRÚNMÌLÀ irado tirou toda a autoridade e o símbolo de reinado que tinha dado ao OLOWO. Como ÒRÚNMÌLÀ gostava de mostrar bom exemplo para seus sacerdotes e que a liderança começa dentro da própria família, ele não aceitou ter perdido a sua autoridade sobre seu próprio filho. Então ÒRÚNMÌLÀ optou em voltar para o Céu. Chegando lá ele construiu sua casa embaixo de uma palmeira com dezesseis grandes folhas. A Terra após o regresso de ÒRÚNMÌLÀ para o Céu não foi mais a mesma, a desordem, confusão, peste, fome tomavam conta de tudo. Isto aconteceu porque ÒRÚNMÌLÀ que era o símbolo do princípio de ordem, sabedoria, autoridade e continuidade da nova Terra já não estava mais aqui. Quando não deu mais para suportar os sofrimentos aqui na Terra, os habitantes da nova Terra clamaram pela volta de ÒRÚNMÌLÀ, seus filhos foram obrigados a ir ao Céu para pedir e tentar convencer seu pai ÒRÚNMÌLÀ a voltar para a Terra. Quando seus oito filhos chegaram no Céu (na época pela mitologia Yorubá não havia uma separação completa entre o Céu e a Terra, sendo então possível uma visita ao Céu), eles começaram a louvar ÒRÚNMÌLÀ com seu ORÍKÌ e pediram que ele voltasse para a Terra com eles. Mas ÒRÚNMÌLÀ se recusou a voltar para Terra. Então ÒRÚNMÌLÀ mandou que cada um de seus oito filhos abrissem as mãos e deu dezesseis nozes de palma para cada um deles e disse:Quando vocês chegarem em casaSe vocês precisarem de dinheiroSão eles que vocês vão consultarQuando vocês chegarem em casaSe vocês quiserem se casarSão eles que vocês vão consultarQuando vocês chegarem em casaSe quiserem ter filhosSão eles que vocês vão consultarSe é casa que vocês querem construir na Terra,São eles que vocês vão consultarSe for bens que vocês querem ter na TerraConsultem a elesTodas as bondades que vocês desejaremConsultem a elesNão se faz nada na TerraSem consultar primeiro a elesAtravés destas dezesseis nozesOuvirei seus apelos e lhes direi o que fazer.

ÒRÚNMÌLÀ colocou sua autoridade e sabedoria nas dezesseis nozes e assim nasceu a adivinhação de IFÁ. Quando ÒRÚNMÌLÀ estava na Terra era ele o elo de comunicação entre os seres na Terra e OLÓDÚMARÈ no Céu. Com o seu regresso para o Céu e o nascimento das dezesseis nozes de IFÁ foi então criado um meio de comunicação intermediário entre o Céu e a Terra. Os Yorubás nunca fazem nada sem antes consultar o IFÁ para saber se pode ou não fazer. A nova ordem de comunicação entre os seres e as forças celestiais passou a ser então: os seres consultam o IFÁ para falar com ÒRÚNMÌLÀ, e ÒRÚNMÌLÀ então se comunica com as forças celestiais com os ÒRÌSÀS e o próprio OLÓDÚMARÈ.

POEMAS DE IFÁ

Os poemas de IFÁ são chamados de ODÚ IFÁ, e é através deles que o consultor de IFÁ consegue decifrar o que ÒRÚNMÌLÀ tem a dizer para o seu cliente. Então os ODÙ IFÁ são um código de acesso ao jogo de adivinhação de IFÁ. No dia em que ÒRÚNMÌLÀ deu as dezesseis nozes para cada um de seus oito filhos nasceram os primeiros dezesseis ODÙ IFÁ, que são chamados de dezesseis ODÙS principais ou OJU ODÙ. Ao todo são 256 ODÙ sendo 16 OJU ODÙ e 240 OMO ODÙ (menor ODÙ).

Os dezesseis principais são:

1 - EJI OGBE 2 - OYEKU MEJI 3 - IWORI MEJI 4 - ODI MEJI 5 - IROSUN MEJI 6 - OWONRIN MEJI 7 - OBARA MEJI 8 - OKANRAN MEJI 9 - OGUNDA MEJI10 - OSA MEJI11 - IKA MEJI12 - ORURUPON MEJI13 - OTUA MEJI14 - IRETE MEJI15 - OSE MEJI16 - OFUN MEJI

Os OMO ODÙ são nascidos através da junção entre os ODÙ principais. Os ODÙ são escritos em poemas com dezesseis estâncias chamadas de ESÉ ODÙ. Cada ODÙ tem uma marca, que é usada para diferenciar um dos outros. Os ODÙ principais tem dois pares de marcas e, por isto, eles têm a palavra MEJI no final de seus nomes.

Exemplo de marcas de ODÙ:

I I II II II II I I II II I I I I II II I I I I II II II IIEJI OGBE OYEKU MEJI IWORI MEJI

OMO IFÁSacerdote de IFÁ

ÒRÚNMÌLÀ não tem sacerdote por nascimento, e também não se pode incorporar ÒRÚNMÌLÀ. Para ser um sacerdote de IFÁ é preciso entrar na escola para estudar por no mínimo oito anos, e assim se formar como um BABALAWO (O Senhor do Segredo). Para os Yorubás antes da

colonização inglesa a escola de IFÁ foi a primeira escola. O estudo de IFÁ abrange tudo sobre as relações sociais, cultural, sobre filosofia, antropologia, medicina, justiça, religião etc... Por isto que os formados são chamados de BABALAWO. Antigamente entre os Yorubás (antes da colonização) os BÀBÁLÁWO eram a elite do povo. Eram eles que cuidavam de vários aspectos da vida cotidiana do povo tais como: a saúde, os julgamentos (as leis), higiene, governo e militarismo. Até hoje na NIGÉRIA os BÀBÁLÁWO ainda têm o mesmo status de médico convencional e têm uma Divisão Judiciária que é destinada aos BÀBÁLÁWO, esta Divisão Judiciária é chamada NATIVE COURT (Corte Nativa) e é presidida por um BABALAWO tal qual um Juiz tradicional. Para ser um OMO IFÁ é necessário uma iniciação formal onde os pretendentes são sujeitos a várias atividades e a um juramento, após o que eles começam a conhecer os segredos de IFÁ, que inclui o conhecimento e a assimilação de todos os 256 ODÙ por completo e conhecimentos medicinais, jurídicos, filosóficos e religiosos. Após os oito anos quando o aluno já tem conhecimento suficiente ele é submetido a uma prova oral e escrita sendo então julgado por outros BÀBÁLÁWO mais gabaritados e que não participaram de sua formação. Se o aluno passar na prova ele então é formado como BABALAWO. Há entre os sacerdotes de IFÁ uma hierarquia em que constam dezesseis graus: 1 - ARABA 2 - OLUWO 3 - OJUGBONA 4 - AKODA 5 - ASEDA 6 - ERINMI 7 - ARANSAN 8 - BALESIN 9 - OTUN AWO10 - OSI AWO11 - EKEJO AWO12 - ALARA13 - AJERO14 - OWARANGUN15 - OBALEYO16 - AGBONGBONAos OMO IFÁ recém-formados é dado o décimo sexto cargo e, para subir na hierarquia são necessárias várias provas de conhecimentos e realizações em meio aos BABALAWO para merecer a promoção. Cada país só pode ter um ARABA e só se coroa outro ARABA após a morte do atual. Uma cidade pode ter um ou vários OLUWOS, dependendo do tamanho da cidade e da necessidade da população.

ORE IFÁOferenda para IFÁ

Tudo pode se oferecer a ÒRÚNMÌLÀ, mas ÒRÚNMÌLÀ gosta muito de IGBIN (caramujos), OBÌ, ORÓGBÓ, EFUN, OSÙN, animais pequenos como roedores, cabritos, carneiro, MALU (boi), ADIE (galinha), EJA (peixes), IYAN (inhame cara) e bebidas. Os BABALAWO costumam dar uma oferenda para ÒRÙNMÌLÀ uma vez por semana. Neste tempo o BABALAWO tem a oportunidade de fazer um check-up de si mesmo, porque uma pessoa que cuida de outras tem que estar sempre bem com seus princípios e tem que estar bem espiritual e fisicamente para poder enfrentar quaisquer obstáculos que se apresentem.

EBO IFÁSacrifício para IFÁ

O sacrifício para o OJÚBO de ÒRÚNMÌLÀ é feito uma vez por mês na casa de congregação dos BABALAWO que se chama ILEDI. O sacrifício é liderado por um OLUWO da área e, quem não faz parte do culto, ou seja, quem não é BABALAWO não participa deste ritual. Além do ritual de sacrifício é feita uma reunião dos AWO onde as necessidades da sociedade e dos BABALAWO são discutidas. O OLUWO toma nota de todos os assuntos que foram comentados para levar para o próximo sacrifício dos OLUWOS. Este sacrifício é feito trimestralmente e é presidido pelo ARABA, sendo que não participa quem não tem cargo de OLUWO. Nessas reuniões são discutidos os problemas regionais de cada OLUWO e é feito o planejamento da festa maior para ÒRÚNMÌLÀ que acontece uma vez por ano. Os preparativos para essa festa são feitos durante diversas semanas quando vários sacrifícios e rituais são feitos para aliviar os problemas do povo e do país. A festa maior é presidida pelo ARABA quando todos os OLUWOS do país vão homenagear o ARABA dando continuação àquele ritual em que ÒRÚNMÌLÀ se desentendeu com seu último filho.

OJÚBO ÒRÚNMÌLÀSantuário de ÒRÚNMÌLÀ

O santuário de ÒRÚNMÌLÀ é muito importante para os BABALAWOS. Aliás, só BABALAWOS é que podem ter o OJÚBO IFÁ, porque só aqueles que passaram pela escolaridade de IFÁ é que têm o OJÚBO de ÒRÚNMÌLÀ. Desde o período de iniciação para o IFÁ que o OJÚBO é feito para os membros da turma de recém iniciados de IFÁ. Estes OMO IFÁ geralmente usam o santuário de IFÁ como objeto de adoração, e laboratórios de estudo de IFÁ. Com o santuário eles aprendem a lidar com ÒRÚNMÌLÀ e a conhecer tudo o que é preciso para agradar o ÒRÌSÀ, aprendendo ainda seus ensinamentos. Este OJÚBO de ÒRÚNMÌLÀ será o instrumento mais importante para os OMO IFÁ no transcorrer do seu período de aprendizagem até a formatura. Pouco antes da formatura o OJÚBO que foi feito para a coletividade de alunos da turma será usado para ser parte importante na confecção do OJÚBO de ÒRÚNMÌLÀ que cada aprendiz levará após a sua formatura. Então cada OJÚBO de ÒRÚNMÌLÀ que todo BABALAWO tem em sua casa, além de ser o instrumento mais importante na sua vida profissional, talvez seja o único instrumento que simboliza toda a sua trajetória, desde o seu período de aprendizagem até a sua morte, porque no seu OJÚBO de IFÁ está inserido parte daquele OJÚBO coletivo feito na iniciação de sua turma.É muito importante que se diga que, não se faz um OJÚBO de IFÁ sem que se faça junto um OJÚBO de ÈSÙ para acompanhá-lo. Isto é resultado do pacto feito entre OLÓDÙMARÈ e ÈSÙ no início da vida, onde ficou pactuado que ele, ÈSÙ, estará presente em tudo que diz respeito a comunicação entre os seres, OLÓDÙMARÈ e os ÒRÌSÀS, por isto também é que sempre no instrumento de jogo de IFÁ é preciso ter a presença de ÈSÙ. A presença de ÈSÙ no instrumento de jogo é representada por qualquer objeto que seja diferente dos objetos do instrumento de

jogo. Serve qualquer objeto não perecível, que deve acompanhar o instrumento de jogo desde a sua preparação. Para o BABALAWO, a quebra ou destruição do ÈSÙ do seu instrumento de jogo leva a destruição do seu jogo em sua totalidade, porque o ÈSÙ é a testemunha do início do seu instrumento de jogo, e com ele quebrado o jogo perde seu importante aliado não podendo sobreviver após a destruição dele. Os objetos que representam ÈSÙ no jogo são um ORÓGBÓ seco, uma moeda antiga, um pedaço de ouro, prata ou bronze, também um pedaço de osso de animal é usado.

Há três importantes instrumentos de jogo de IFÁ:

1) IKIN - é o conjunto de dezesseis nozes de palma que ÒRÚNMÌLÀ deu para cada um de seus oito filhos, para ser usado quando eles precisassem dele na Terra. O jogo de IKIN é o mais importante de todos os instrumentos de jogo e, é o mais exato e preciso de todos. O décimo sétimo objeto no jogo de IKIN simboliza o ÈSÙ do jogo.

2) OPELÉ - é o segundo mais importante de todos os instrumentos de jogo de IFÁ. O OPELÉ é um cordão aberto feito de contas contendo quatro OPELÉ em cada lado, no meio do cordão é firmado o símbolo de ÈSÙ do jogo. OPELÉ é o fruto da árvore de OPELÉ que se acha na densa floresta africana. O cordão de OPELÉ também pode ser feito de metal, especialmente latão ou bronze.

3) OWO EYO (Búzios) - É o menos preciso de todos. O processo de jogo com búzios é o mais simples de todos e é o único dos três instrumentos de jogo de IFÁ liberado para as mulheres usarem. A mulher não pode jogar IFÁ com IKIN ou OPELÉ, mas a mulher pode jogar búzios. Dezesseis búzios são usados para o jogo, o décimo sétimo objeto é o ÈSÙ do jogo.Existem outros instrumentos usados em jogos mais simples que são chamados de jogos de sim ou não. Este jogo é usado simplesmente para se fazer perguntas a IFÁ, no caso em que nós queremos saber se podemos fazer algo ou não. Neste tipo de jogo podem ser usados:a) Quatro búzios abertosb) Um OBÌ de quatro gomos, que é aberto para fazer quatro partes.

c) Uma ALUBOSA (cebola), que é cortada em quatro partes quase iguais.d) Quatro moedas antigas iguais

ÀDÚRÀ ÒRÚNMÌLÀReza para ÒRÚNMÌLÀ

O ÀDÚRÀ que será usado aqui foi tirado do sexto ODÙ de IFÁ que se chama ODÙ OWONRIN MEJI. Este ÀDÚRÀ (prece) é para qualquer pessoa, empresa, cidade ou país que esteja sentindo falta de algo importante em seu processo de vida. O algo que falta pode ser lucro financeiro, emprego, amor de homem ou de mulher, liderança. Este ÀDÚRÀ é muito importante porque foi feito quando o próprio ÒRÚNMÌLÀ estava sentido falta de muitas coisas importantes na vida dele e este vazio o deixava deprimido, até que sua saúde ficou abalada e a morte estava por perto. Aí então que ÒRÚNMÌLÀ fez este ÀDÚRÀ para resolver o seu problema:

ÒRÚNMÌLÀ BARA AGBONMIREGUNÒRÚNMÌLÀ o dono de todas as sabedoriasOKURIN KEKERE OKE IGETIO pequeno homem da cidade de OKE IGETIENTI O GBE AIYE TI O RI IPONJUAquele que viveu na terra e passou por muitas dificuldadesTI O SI LO SI OKE AGBARANSALAAí foi para a montanha de AGBARANSALALATI WE GBOGBO IPONJU RE NUPara se limpar de todas as sua necessidadesÒRÚNMÌLÀ NI AJE NI O PON NI LOJUÒRÚNMÌLÀ diz que se é falta de lucros que nos perturbaÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI ILEKUNÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portasKI OLOJO RERE WO ILEWAPara que a dona da chuva da bondade possa entrarÒRÚNMÌLÀ NI AYA NI O PON NI LOJUÒRÚNMÌLÀ diz que se é falta de uma esposa que nos perturbaÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI ILEKUNÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portasKI OLOJO RERE WOLE WA PELU AYA REREPara que a dona da chuva da bondade possa entrar com uma boa esposaÒRÚNMÌLÀ NI OMO NI PON NI LOJUÒRÚNMÌLÀ diz que se é falta de um filho que nos perturbaÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI ILEKUNÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portasKI OLOJO RERE WOLE WA PELU OMO ALAFIAPara que a dona da chuva da bondade possa entrar com um filho saudávelÒRÚNMÌLÀ NI AI ROJU AI RAYE LO PON ILU LOJUÒRÚNMÌLÀ diz que se é tumulto ou desordem que perturba a cidadeÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI ASI ILEKUNÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portasKI OLOJO RERE WOLE WA PELU ITURA ATI IFE SI ARIN ILUPara que a dona da chuva da bondade possa entrar com paz e amor na cidadeÒRÚNMÌLÀ NI AI NI ORUNGBOGBO NO PON NI LOJUÒRÚNMÌLÀ diz que se estamos sentindo a falta de tudoÒRUNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI ILEKUNÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portasKI OLOJO RERE WO LE WA PELU EKUN OHUN GBOGBOPara que a dona da chuva da bondade possa entrar com todas as bondades da vidaÒRÚNMÌLÀ NI AISA ATI ARUN NI BANI JAÒRÚNMÌLÀ diz que se é doença e epidemias que nos perturbaÒRÚNMÌLÀ PA LASE PE KI A SI LEKUNÒRÚNMÌLÀ deu ordem para nós abrirmos nossas portasKI OLOJU RERE WO LE WA PELU ALAFIA BABA OROPara que a dona da chuva de bondade possa entrar com saúde o pai de todas as riquezasÒRÚNMÌLÀ NI IJU NI KAN LEKUN ENIÒRÚNMÌLÀ diz que se é a morte que bate na nossa portaÒRÚNMÌLÀ NI EWE DIDIMONISAAYUNÒRÚNMÌLÀ diz que é a folha de DIDIMONISAAYUNNI YO DI IKU NAQue vai ajudar a evitar a morteEWE DIDIMONISAAYUN

A folha de DIDIMONISAAYUNNI YIO DI ARUN NAQue vai ajudar a evitar todos os malesNI YIO DI OFO, EGBA ESE NAQue vai evitar todos os prejuízos, epidemias e acidentes na vidaEWE DIDIMONISAAYUNA folha de DIDIMONISAAYUNNI YIO DI GBOGBO AJOGÚN NAQue vai evitar as ações negativas em nossas vidasÒRÚNMÌLÀ BARA, AGBONMIREGUNÒRÚNMÌLÀ o dono de todas das sabedoriasNI YIO GBE OHUN RERE KO NIQue vai levar até nós todas as bondades da vidaÀSÉÀSÉ

Todas as vezes que desejarmos algo a mais em nossas vidas podemos sempre usar essa prece.

ORÍKÌ ÒRÚNMÌLÀLouvação a ÒRÚNMÌLÀ

IFÁ A GBOEscuta-me IFÁOMO ENIREVocê o filho de ENIREOMO ENIREO filho de ENIREOMO EJO MEJIVocê que é o filho de duas cobrasTI N SARE GANRANGANRAN LORI EREWEQue correm rapidamente em cima das folhasAKERE FI NU SOGBONVocê tão pequeno, mas com a mente cheia de sabedoriaANONILORAN BI IYEKAN ENIVocê que dá conselhos prudentes como se fosse um irmãoIBA AKÓDÁAbenção aos primeiros a serem criadosIBA ÀSEDÁAbenção as noviçasOLOJO ONI IBAA RE OO dono de hoje eu peço a sua autoridade

EJEPromessa

Quando IFÁ é consultado por um cliente esta pessoa tem que pagar a consulta ao BABALAWO e, este dinheiro da consulta não deixa de ser uma forma de promessa que o cliente dá para poder saber tudo sobre seus problemas. Geralmente o dinheiro da consulta é usado para fazer benfeitorias na casa de ÒRÚNMÌLÀ ou para organizar suas oferendas e sacrifícios. O BABALAWO costuma fazer oferendas para IFÁ pelo menos uma vez por semana. No dia das oferendas de ÒRÚNMÌLÀ o BABALAWO não atende qualquer cliente, porque nesse dia que o BABALAWO tem que se purificar e fazer uma análise geral sobre ele para saber se ele está bem com ÒRÚNMÌLÀ. Quem joga IFÁ precisa sempre se purificar e ter tranquilidade com ÒRÙNMÌLÀ para poder ter a sabedoria de transmitir as mensagens corretamente para seus

clientes. É costume também que clientes e fiéis façam promessas para ÒRÚNMÌLÀ em sigilo e quando a graça é alcançada o fiel paga a promessa abertamente dando depoimentos sobre como ele alcançou a graça e pede as pessoas presentes que o ajudem a agradecer a ÒRÚNMÌLÀ. Qualquer coisa pode ser prometida, desde que o cliente defina o que deseja dar. No processo do jogo muitas vezes o próprio ÒRÚNMÌLÀ pede um algo ao cliente através do BABALAWO. Na hora em que o pedido é feito se o cliente não vai poder dar o que foi pedido é melhor não ficar com vergonha e dizer que não vai poder dar o algo pedido. Então é possível que ÒRÚNMÌLÀ estipule outra coisa para o cliente que então poderá atender. Se o cliente na hora em que o BABALAWO faz o pedido não manifesta se poderá ou não atender será tido como uma concordância, ficando o cliente obrigado a cumprir o prometido quando a graça é alcançada.

ÈSÙPara melhor entender o ÒRÌSÀ ÈSÙ é necessário se esquecer todas as estórias que sincretizam ÈSÙ com divindade ou santo de qualquer outra religião. ÈSÙ nada tem a ver com Satanás, Capeta sendo feito sincretismo entre eles indevidamente. Com estas injustas analogias tudo que é de mal é atribuído ao ÈSÙ. Assim, as pessoas sem saber minimizaram a grandeza deste ÒRÌSÀ e não conseguiram visualizar o ÈSÙ além do mal. O conceito que os Yorubás têm sobre ÈSÙ não tem nada em comum com estas analogias e comparações que se fazem sobre ÈSÙ. É bom frisar que os Yorubás não tinham palavra própria para traduzir a palavra bíblica Satan e Lúcifer quando a cristandade invadiu as cidades Yorubás. Para evitar este tipo de analogias e comparações os Yorubás inventaram a palavra SATANI (Satan) e LUSIFA (Lúcifer) para esta divindade da Igreja, então não é apropriado achar que o Santo que na Bíblia se transformou em cobra para enganar Eva fazendo-a comer da maçã e depois dá-la a seu marido Adão era o ÈSÙ dos Yorubás, ou mesmo pensar que o Satan que levou Jesus (o dito pela Bíblia filho de Deus) para cima da montanha e o submeteu a vários testes é o ÈSÙ, ÒRÌSÀ dos Yorubás. Antropologicamente falando, os conceitos de cada religião são as crenças da sociedade que as formularam e que acreditam integralmente nos ensinamentos de cada religião. A invasão de uma religião sobre a outra acontece desde o início da civilização, mas onde houver o domínio total do conhecimento e da sabedoria e fé na religião que está sendo invadida fica muito difícil a penetração da religião invasora. O que geralmente acontece é que a sociedade cuja religião

está sendo invadida passa a ter uma religião dupla, sem perder o domínio de sua religião de origem. Podemos exemplificar com o fato de que os Yorubás aceitaram a invasão do cristianismo e do islamismo em sua sociedade, mas mantiveram integralmente a sua religião de ÒRÌSÀ. Os Yorubás criaram uma barreira muito forte entre a sua religião de origem e as outras. Eles aceitam ser muçulmanos e cristãos, mas não deixam de ser OLÓRÌSÀ. Eles têm consciência suficiente para não confundir os ensinamentos dos ÒRÌSÀ com os da Bíblia ou Alcorão. Os escravos Yorubás que chegaram no Brasil não tinham liberdade para barrar a invasão completa da religião cristã na sua religião de origem. Podemos dizer que a aceitação completa da religião cristã pelos escravos Yorubás foi uma forma de buscar a liberdade para sua religião de origem. A melhor forma de ter a liberdade para os OLÓRÌSÀ era o sincretismo quando os santos da igreja foram usados como se fossem os ÒRÌSÀ dos Yorubás. Aliás, é bom se frisar que os escravos Yorubás que viveram aqui no Brasil conseguiram a façanha de apesar de aceitarem o cristianismo como religião dando os nomes dos santos cristãos para os ÒRÌSÀS preservaram os nomes verdadeiros dos ÒRÌSÀS Yorubás e o significado básico destes ÒRÌSÀS. Por isto que hoje no Brasil e na Nigéria todos os nomes dos ÒRÌSÀS são os mesmos. Este fato só aconteceu no Brasil, já em Cuba, no Caribe e em outros lugares para onde foram os escravos Yorubás os nomes dos ÒRÌSÀS são diferentes além da identidade deste ÒRÌSÀS com os santos da Igreja.De todos os ÒRÌSÀS Yorubás o que mais sofreu deturpação de sua identidade e conceitos foi o ÈSÙ, por isto que foi necessário essa introdução, para que todos saibam que é necessário compreender o que é o ÈSÙ dentro de seus conceitos original na religião Yorubá e a importância do ÈSÙ na formação da complexidade do mundo dos ÒRÌSÀS. ÈSÙ foi fundamental na formação da Terra. Ajudou muito aos ÒRÌSÀS na tarefa de criação da Terra, sendo o elo fundamental entre o OLÓDÙMARÈ e os ÒRÌSÀS. O ÈSÙ a ser discutido aqui não tem nada a ver com o Satã ou Lúcifer da Igreja, não existindo nenhuma configuração ou lenda que mostre a igualdade entre o ÈSÙ e eles.

IntroduçãoÈSÙ é um dos ÒRÌSÀS mais importantes. Ele é tão importante que os outros ÒRÌSÀS têm muito respeito por ele. Este respeito vem do fato de ninguém saber como o ÈSÙ surgiu no Céu. As Lendas Yorubás dizem que antes dos ÒRÌSÀS e dos Seres do Céu havia só OLÓDÙMARÈ e ÈSÙ no Céu. Os Yorubás acreditam que OLÓDÙMARÈ e ÈSÙ eram muito amigos, e essa amizade entre Eles é mencionada em vários ODÙ IFÁ (O livro sagrado dos OLÓRÌSÀ). Muitas vezes a afinidade entre OLÓDÙMARÈ e ÈSÙ é exagerada a ponto de se dizer que os dois

vieram do mesmo ventre, portanto, são irmãos, eles eram inseparáveis pelo fato de que antes da criação dos planetas OLÓDÙMARÈ e ÈSÙ já andavam juntos e foram juntos para criar os outros planetas. A lenda divina diz que houve um desentendimento muito forte entre os dois e por isso que eles se separaram. OLÓDÙMARÈ ficou no céu e ÈSÙ decidiu pairar no espaço entre o Céu e a Terra. ÈSÙ escolheu o espaço entre a Terra e o Céu para habitar porque como na época de sua briga com OLÓDÙMARÈ a Terra não foi criada, só o seu espaço físico que foi demarcado, quando OLÓDÙMARÈ e ÈSÙ criavam os outros planetas. Na época OLÓDÙMARÈ tinha dito a ÈSÙ que a Terra era muito bonita e, que Ele tinha outros planos para criação da Terra por causa de sua beleza. ÈSÙ sabendo que um dia OLÓDÙMARÈ realizaria seu plano sobre a Terra e ele, ÈSÙ, morando no espaço entre o Céu e a Terra, OLÓDÙMARÈ teria que chamá-lo para conversar sobre a criação da Terra. O restante da lenda sobre a criação da Terra e o pacto feito entre OLÓDÙMARÈ e ÈSÙ já foi narrado no início deste livro. Na verdade ÈSÙ saiu fortalecido na criação da Terra, pois pelo pacto selado entre eles o elo entre todos os ÒRÌSÀS e os seres que habitariam a Terra seria ele. Tudo que eles fizessem teria que ser presenciado por ÈSÙ, que então ficou sendo a testemunha da vida na Terra. Tudo que se faz na Terra tem que ser testemunhado por ÈSÙ. Quando os ÒRÌSÀS voltaram para o Céu depois de suas missões na Terra, ÈSÙ passou a ser o meio de se chegar aos ÒRÌSÀS através de sacrifícios. É o ÈSÙ quem leva o EBO para os ÒRÌSÀS. Só ÈSÙ é capaz de exercer esta atividade. Não existe outro meio de chegarmos aos ÒRÌSÀS sem ser pelas mãos de ÈSÙ. Como para os Yorubás ÈSÙ é o testemunho da vida na Terra, ele passou a ser um ÒRÌSÀ muito importante e forte na Sociedade Yorubá. É muito comum entre os Yorubás se oferecer uma parte da primeira colheita de uma fazenda para o ÈSÙ, depois então é que se decide o que fazer com o restante. Os comerciantes Yorubás também costumam oferecer parte do primeiro dinheiro do dia para o ÈSÙ, sendo comum também se oferecer a primeira colher de comida para o ÈSÙ. Isto é feito se jogando uma pequena parte da comida no chão, depois se come o restante. Antes de se tomar a primeira bebida do dia, inclusive água, a primeira pequena parte é dada ao ÈSÙ.Nas relações entre os ÒRÌSÀS e os seres o ÈSÙ tem funções especiais, tal como manter o relacionamento entre os ÒRÌSÀS e os seres. A sua presença no jogo de IFÁ é a maneira que ÈSÙ usa para poder saber o que os seres precisam e assim ele transmite a mensagem para os ÒRÌSÀS, trazendo também de volta as respostas dos ÒRÌSÀS. Na consulta de IFÁ quando a prescrição é feita em forma de sacrifício, é obrigatório que o cliente ofereça o sacrifício para poder obter a resposta para o seu problema e o favor dos ÒRÌSÀS. Uma porção deste sacrifício vai para o ÈSÙ, que após receber a sua parte leva o restante para o ÒRÌSÀ a quem o sacrifício é destinado. ÈSÙ também faz o trabalho de mensageiro para os seres e os ÒRÌSÀS, não escolhendo a mensagem que pode ser boa ou má, sendo ele capaz de dar uma boa mensagem ou uma má mensagem, não fazendo discriminação. Com a mesma capacidade com que ele é capaz de fazer uma coisa má ele também é capaz de fazer uma coisa boa. Ele é capaz de causar brigas e inimizades entre seres, como pais e filhos, amigos, sociedades etc... mas também é capaz de abençoar os estéreis com filhos, trazer ganhos para quem precisa, trazer curas para os doentes e união entre as pessoas. Esta capacidade que ÈSÙ tem de fazer positividade e negatividade faz com que os Yorubás o louvem dizendo:KO SE DURO DE, KO SI SE SA FUN (Não se pode enfrentar ÈSÙ nem se pode correr dele).

ITAN ÈSÙLenda de ÈSÙ

ÈSÙ foi nascido na antiga cidade de IDO OLOFIN. Ao nascer seu pai deu a ÈSÙ o nome de OSETURÁ e sua mãe o chamou de ALAGOGO IJA (O dono do sino da briga). ÈSÙ perdeu seus pais na adolescência e foi morar com uma agricultora chamada ADI. ADI teve muitos problemas para cuidar de ÈSÙ porque ele era uma criança muito doente, ela então usava um óleo, tirado do coco do dendezeiro, chamado ADIN para tratar de ÈSÙ e, foi este óleo (ADIN) que ajudou ADI a curar o ÈSÙ de todas as enfermidades que ele tinha. Por esta razão ÈSÙ não aceita o óleo ADIN no seu ritual, porque além de ser o óleo que o curou de suas enfermidades, o óleo tem o nome similar ao da pessoa que ele tem como mãe. O uso do óleo ADIN no ÈSÙ desperta sua ira. ÈSÙ morou com ADI na cidade de KETU após a morte de seus pais. ÈSÙ era muito corajoso desde criança, tanto que ele era temido no meio de seus colegas. A Lenda de IFÁ mostra que ÈSÙ na adolescência tornou-se protetor de sua mãe adotiva ADIN, protegendo sua pequena terra contra os invasores. Quando ele chegou a idade adulta à cidade de KETU também havia crescido e precisava de um líder, um Rei, sendo então ÈSÙ escolhido por

unanimidade e foi coroado para ser o primeiro Rei do KETU. ÈSÙ era uma pessoa muito dinâmica, ele tratava tudo em sua vida com dinamismo sem precedente. Após ter sido coroado como Rei de KETU, ele passou a defender KETU com muito rigor e dinamismo, a ponto de ser temido por outras cidades, por ser dinâmico e capaz de enfrentar vários problemas ao mesmo tempo é que ÈSÙ ganhou o nome de ELEGBARA (O Dinâmico).ÈSÙ mesmo sendo Rei e absoluto em suas ações gostava muito de ouvir as pessoas, sendo por isso chamado de LAROYE (Aquele que gosta de conversas). Este aspecto de ÈSÙ vale até hoje, porque seus adeptos costumam ir ao seu assentamento conversar com ele. O único defeito de ÈSÙ era que ele não tinha a mínima capacidade de julgar e detectar o dono da razão. Ele era capaz de ouvir a pessoa com problema e resolver esse problema sem julgar o merecimento dessa pessoa, se a pessoa de fato mereceu os problemas que ela está passando. Por esta razão que ÈSÙ passou a ser chamado de ODARA (O Imprevisto).As ordens de ÈSÙ são leis, e para poder fazer valer suas ordens ele tem várias entidades como mensageiros. Podemos citar ÀJÉ ou IYAMI OSORONGA (as bruxas), OSÓ (os feiticeiros) que são instrumentos que ÈSÙ usa para executar suas ordens. Por fazer valer suas ordens e determinações ÈSÙ é chamado de OLOFIN (O Veredicto).

ODÙ IFÁPoema de IFÁ

ÈSÙ é um ÒRÌSÀ importante dentro dos ODÙ IFÁ porque, como já foi dito anteriormente no capítulo referente a ÒRÚNMÌLÀ, ÈSÙ tem sua presença obrigatória no processo de jogo de IFÁ e, portanto, dentro de todos os 256 ODÙ IFÁ. Todos os ODÙ IFÁ falam direta ou indiretamente sobre ÈSÙ. A maioria dos ODÙ IFÁ reiteram a importância de ÈSÙ na realização do receitado na consulta de IFÁ. Geralmente os ODÙ IFÁ terminam com o seguinte aviso atribuído a ÈSÙ:

RIRU EBO NI GBE NIO ato de fazer EBO que acolhe o sacerdoteAI RU EBO KI GBE ENIKANO ato de não fazer EBO não acolhe ninguém.

Uma prova deste ditado de ÈSÙ vem dentro da lenda de um ODÙ IFÁ, que narraremos a seguir, onde ÈSÙ castigou o rico que não fez o EBO receitado no jogo de IFÁ e abençoou o pobre que fez o EBO.Um rico e um pobre foram até ÒRÚNMÌLÀ para jogar IFÁ preocupados porque não tinham filhos. O rico disse então que estava preocupado por não ter filhos porque ele não teria herdeiro para sua fortuna após a sua morte. ÒRÚNMÌLÀ fez então o jogo de IFÁ e receitou um EBO para o rico fazer para então poder ter filhos, portanto herdeiros de sua fortuna. O pobre também foi a ÒRÚNMÌLÀ preocupado com o fato de que além de não ter riqueza, também não tinha filhos para pôr fim a sua solidão. ÒRÚNMÌLÀ fez o jogo de IFÁ e receitou o mesmo EBO que tinha dado ao rico para o pobre. ÒRÚNMÌLÀ frisou a importância de se fazer o EBO e mandou os dois para suas casas para fazerem o EBO. O rico não fez o EBO receitado porque não tinha tempo,

ele estava sempre ocupado com a multiplicação de sua fortuna que nem se lembrou do EBO. O tempo passou, o rico não teve filhos e o dono da vida pediu a vida do rico e ele morreu. Como ele não tinha herdeiros seus bens, riquezas e dinheiro foi dividido entre os pobres, e sua morte selou o fim de sua família. Já o pobre foi para casa e fez o EBO com fé e, em pouco tempo, o pobre ganhou o primeiro filho, no total ele teve sete filhos. Aí ele conseguiu acabar com sua solidão, e com a chegada dos filhos o pobre aumentou sua capacidade de ganhos porque com a ajuda dos filhos ele aumentou sua área de terra. Com o tempo a alegria da casa do pobre aumentou e ele virou um exemplo para outras pessoas, e quando as pessoas perguntam o porquê de tanta alegria o pobre responde:

Eu fiz o EBOEu virei o pai dos filhosEu fiz o EBOAcabou a minha solidãoEu fiz o EBOA terra que eu não podia cultivar sozinho eu recebi ajuda de meus filhosEu fiz o EBOMultiplicou os meus ganhosEu fiz o EBOAlegria tomou conta da minha vidaO ato de fazer EBO que acolheO ato de não fazer EBO não acolhe ninguém.

Quando o dono da vida tomou a vida do pobre, ele morreu feliz, as coisas dele foram divididas entre os seus filhos e sua família. Ele deixou filhos, e netos, assim sua família se propagou.

OJÚBO ÈSÙSantuário de ÈSÙ

O santuário de ÈSÙ é sempre encontrado na entrada da casa de um BABALAWO ou BABALORISA. Antigamente cada entrada da casa tinha sempre um assentamento de ÈSÙ. ÈSÙ é tido como o guardião das casas, sendo por isto assentado na entrada. Os Yorubás acreditam que ao pôr o ÈSÙ nas entradas a força dele anulará qualquer força do mal que venha de fora para a casa. ÈSÙ é assentado em pedra, madeira ou em argila em forma de uma pessoa. O ato de confeccionar ou moldar esses materiais se chama GIGUN ÈSÙ. A estátua de ÈSÙ é sempre da forma de um ser humano com a cabeça prolongada para trás, o que se chama OGO, o corpo é sempre marcado e depois enfeitado com búzios.O santuário de ÈSÙ é muito bonito e pode ser encontrado facilmente nas cidades Yorubás, principalmente em KETU, ONDO, ILESHA, BENIN, IJEBU, ABEOKUTA e IKETI. Todo ano é

celebrado nestas cidades em meses diferentes a festa de ÈSÙ, que é uma das mais belas da religião de OLÓRÌSÀ.No ritual para qualquer ÒRÌSÀ é importante antes de mais nada oferecer a primeira oferenda para ÈSÙ, para avisar a ÈSÙ sobre o ritual, fazendo isso, o ÈSÙ é alertado e avisado de que haverá a necessidade de levar a oferenda do ritual para o ÒRÌSÀ, dono do ritual.O santuário de ÈSÙ é muito importante num templo de ÒRÌSÀ porque sem ele não haverá onde os EBÓS serem entregues para ser levados aos ÒRÌSÀS.

ELÉGÙN ÈSÙSacerdote de ÈSÙ

Todo e qualquer ELÉGÙN de um ÒRÌSÀ também é um sacerdote (ELÉGÙN) de ÈSÙ. Estas palavras são verdadeiras porque, quando é feito um ELÉGÙN, EKEJI ou OGAN automaticamente quando esses sacerdotes receberam o ritual de IGBÁ ORÍ deles, eles também têm o ÈSÙ que podem receber em qualquer tempo que o ÈSÙ quiser. ÈSÙ é o segundo ÒRÌSÀ que um ELÈGÙN tem. Categoricamente ninguém é feito para ser sacerdote de ÈSÙ, enquanto todas as pessoas que têm o IGBÁ ORÍ tem ÈSÙ como seu segundo ÒRÌSÀ. Como ÈSÙ é a testemunha de tudo que acontece aqui na Terra, com o ato da feitura de um sacerdote não pode ser diferente. Então quando ÈSÙ se manifesta na cabeça de um ELÉGÙN, ou se revela para uma EKEJI ou OGAN é sinal do ato de testemunho de ÈSÙ sobre o ritual que estas pessoas já passaram na época de suas feituras. Este tipo de manifestação é chamado de IMOLE ÈSÙ (espírito de ÈSÙ). Todas as pessoas que passaram pelo ritual de feitura para ser ELÉGÙN, EKEJI ou OGAN terão que receber junto com os assentamentos do seu ÒRÌSÀ o assentamento de seu ÈSÙ, que simboliza o testemunho do ritual feito nessas pessoas. Este assentamento de

ÈSÙ passa a fazer parte das coisas deste ELÉGÙN, EKEJI ou OGAN pelo resto de sua vida religiosa de OLÓRÌSÀ. Toda vez que se for fazer um ritual para o ÒRÌSÀ dessas pessoas é necessário que se dê uma oferenda para este ÈSÙ assentado antes de oferecer o ritual para o ÒRÌSÀ da pessoa. Não se pode mexer com o IGBÁ ORÍ de uma pessoa sem primeiro avisar o ÈSÙ que acompanha o IGBÁ ORÍ. O ÈSÙ que acompanha o IGBÁ ORÍ é tão importante quanto o IGBÁ ORÍ, portanto é preciso tomar bastante cuidado com este ÈSÙ desde a sua confecção até o final da vida de seu dono. Qualquer coisa que acontecer com o ÈSÙ refletirá na vida real do dono. Se o ÈSÙ sofrer rachadura o dono sentirá o efeito em sua vida. Se quebrar o alguidar, o pote onde o ÈSÙ é assentado, o dono também sentirá o efeito. Se algo de mal é feito para este ÈSÙ a primeira pessoa a sentir o efeito é o dono, por isto é muito importante que seja a própria pessoa a cuidar de seu ÈSÙ e do IGBÁ ORÍ.

EBO ÈSÙSacrifício

Tudo que é destinado para a apreciação de todos os ÒRÌSÀS é dado primeiro para ÈSÙ. Este tipo de EBO é chamado “EBO IRAN ÈSÙ NI ISE (EBO para se pedir a ÈSÙ um favor). Antes de se fazer este tipo de EBO é necessário primeiro a preparação de IPADE ÈSÙ.IPADE ÈSÙ é a comida preparada com farinha de mandioca misturada com EPO PUPA (óleo de dendê) com um pouquinho de sal. Este IPADE ÈSÙ é necessário para despertar o ÈSÙ para a ação. IPADE ÈSÙ como o nome sugere é o encontro com ÈSÙ, então é uma comida leve que ajuda a chamar o ÈSÙ para o nosso encontro. Este IPADE ÈSÙ é espalhado no chão da casa do ÈSÙ, na porta da sua casa e no portão principal da casa onde o IPADE ÈSÙ é feito. Após o IPADE ÈSÙ aí sim podemos dar um tempo para o ÈSÙ reagir e depois então é que damos o restante do EBO, sempre dizendo porque nós estamos dando o EBO, para que ÒRÌSÀ o EBO é destinado, quem mandou dar o EBO para o ÈSÙ levar para o ÒRÌSÀ, e qual a finalidade. Isto tudo é necessário para que ÈSÙ não faça confusão das mensagens que ele recebeu. A rapidez que o ÈSÙ usa para levar as mensagens ao seu destino fez com que ele ganhasse o nome de LALU (O Rápido), tendo este nome virado saudação até hoje: LALU ÈSÙ.O segundo tipo de EBO para ÈSÙ é aquele que é destinado ao próprio ÈSÙ e é chamado EBO ÈSÙ. Os Yorubás acreditam que, para fazer com que ÈSÙ fique de prontidão para atender os pedidos sempre que houver necessidade, é necessário que se dê EBO para o ÈSÙ a cada três meses, este tipo de EBO é chamado ATUKESU (o EBO de fortalecimento de ÈSÙ).

ORE ÈSÙOferenda para ÈSÙ

Como ÈSÙ é o mensageiro de todos os ÒRÌSÀS, e através dele que o ser humano chega aos outros ÒRÌSÀS, podemos afirmar que ÈSÙ aceita todo tipo de oferendas. ÈSÙ não tem preferência porque todos os tipos de oferenda destinadas aos ÒRÌSÀS passam por suas mãos. A única coisa que ÈSÙ não aceita de jeito nenhum é o óleo ADIN. ÈSÙ gosta muito de EPO PUPA, sangue de animais, ÀKÀRÀ (acarajé) feito no dendê. O galo é o animal mais apreciado por ÈSÙ. Como ÈSÙ é tido como dinâmico, os Yorubás acreditam que ÈSÙ é capaz de resolver muitas coisas ao mesmo tempo. Quando eles estão enfrentando vários problemas, eles costumam fazer oferenda ou EBO para ÈSÙ, neste caso a oferenda ou EBO é levada para a encruzilhada, sendo necessário que se tenha uma noção de localizar o centro imaginário desta encruzilhada, porque a oferenda no caso de resolver vários problemas é deixada bem no centro. Se o EBO ou oferenda for para abrir o caminho da pessoa não é necessário escolher encruzilhada para entregar o EBO, basta um caminho, uma trilha ou estrada movimentada. Aí neste caso o EBO é deixado no canto da estrada, caminho ou trilha onde o EBO fique de modo que todos que passem por lá possam vê-lo. Não se pode fazer a entrega do EBO ou oferenda de ÈSÙ em seu santuário de dia, é necessário que seja na calada da noite, quando podemos gozar de uma tranquilidade absoluta para poder conversar e pedir tudo que nós estamos querendo sem nenhuma perturbação.

EJEPromessa

Podemos fazer promessas para ÈSÙ quando nós necessitamos de sua ajuda, mas é necessário tomar muito cuidado, obedecendo todas as regras principais para se fazer uma promessa, sempre se prometendo coisas distintas, algo fácil de se encontrar e ao alcance de quem está prometendo. Quando o pedido ao ÈSÙ é bem feito, com toda fé e tranquilidade o ÈSÙ realizará todos os anseios de quem está pedindo. ÈSÙ não recusa qualquer presente, desde que este presente represente a sinceridade e a fé de quem o está oferecendo. ÈSÙ não gosta de

mentiras, por exemplo, uma pessoa que não tem nada e fica prometendo coisas fora de seu alcance.

ORÍKÌ ÈSÙLouvação a ÈSÙ

ÈSÙ tem vários ORÍKÌS como qualquer ÒRÌSÀ, o que será apresentado aqui é um dos mais completos:

ÈSÙ OKUNRIN KIRIBITIÈSÙ um homem forteBI OKITI IGI NLAComo um forte tronco de uma árvoreONIBODE ODE ORUNO guardião do portão do CéuOKUNRIN TI N’SOLE TI N’SOTAO homem que toma conta da casa e de seus arredores ao mesmo tempoENTI TI ETAN KO MUAquele que ninguém enganaENI N’TAN ÈSÙ ODARAQuem pensa enganá-lo está se enganandoARA RE LO N’TAN JE

EBORA NLA TI NJE LATOPAO grande espírito chamado LATOPAALAGOGO IJA ODE ORUNO dono do sino da briga do CéuBI O TI NJA LAYEAssim como briga na TerraBE NA NJA LODE ORUNAssim mesmo briga no CéuENI SORO ÈSÙ LEHIN LAI MOQuem fala de ÈSÙ por trás sem saberOSETURÁ A FI ENU OLUWARE GBOLEOSETURÁ há de castigar a pessoaÈSÙ LALU ELEGBARAÈSÙ o rápido, o dinâmicoONI IRIN NLA TI NJE ODARAO dono de grandes passos chamado o imprevistoÒRÌSÀ TI NJE EBOÒRÌSÀ que come o sacrifícioKI ÒRÌSÀ TOKU O TO JEAntes dos outros ÒRÌSÀS comeremENTI A BI SI IDO OLOFINAquele que foi nascido na cidade de IDO OLOFINSUGBON TI O DI OBA NLA KETUMas que virou o grande rei de KETUALAKETU AKOKOO primeiro ALAKETUENI BABA O RI WOAquele que o não pai teve tempo de criarENI IYA O RI TOJUAquele que a mãe não teve tempo de cuidarSUGBON TI ADI IYA AGBA

Mas que ADI a mãe maiorSE I TOJU RE BI OMOTomou conta como se fosse seu filhoONILE ORITAO dono da casa nas estradasOLONA EWAO dono dos caminhos bonitosALE GONGON SARIN ONAAquele que fica de prontidão no centro do caminhoAJERAN JE EDOAquele que come carne e fígadoA MU EPO PUPA BI EWI MU OMIAquele que toma óleo de dendê como águaLAROYE ÈSÙÈSÙ, ouvidorAROLE ÒRÚNMÌLÀO acompanhante de ÒRÚNMÌLÀBI AO RI ESU A KI DIFASe não tiver ÈSÙ não se faz jogo de IFÁELERI IPINO testemunho de tudoÒRÌSÀ A WU YANGI BI EWI WU ASOÒRÌSÀ que veste areia de cupinzeiro como sua roupaOLOGO NLAO dono da nuca grandeENI MO A KOAquele que o conhece, não o encontraENI KO O MOAquele que o encontra não o conheceÈSÙ LALUÈSÙ, o rápidoLAROYE ÈSÙÈSÙ, o ouvidorÈSÙ MA SE MIÈSÙ não brigue comigoOMO ELONIRAM NI O SEVá brigar com os outros

ÀDÚRÀ ÈSÙ (Reza para ÈSÙ)Este ÀDÚRÀ é para pedir proteção a ÈSÙ e abrir nossos caminhos:

ÈSÙ ONI BODE ODE ORUNÈSÙ guardião do CéuOSETURÁoseturáENI OMO IYAAquele que não conhece sua mãeENI O MO BABAAquele que não conhece seu paiTI ADI TOJU BI OMOMas que recebeu todo cuidado de ADIELEGBARAO dinâmicoIWO LA PE LONI

É você que estamos chamandoWA JE WA LONI YIVenha nos atender hojeBI OMO TI NJE IYA RE WARAAssim que o filho atende sua mãeNITORI ROGBODIYAN ILE AYE PO JOJOAs intrigas deste mundo estão demaisOGUN NI WA, OGUN LEHINA guerra está na frente, a guerra está atrás de nósILE AYE OGUN OJOJUMOO mundo é uma guerra diáriaOGUN ATI YEA guerra de sobrevivênciaTO MU OLOMO KI O MA MO OMO REQue fez os pais desconhecerem seus filhosTO MU ORE DI OTA ARAWONQue fez os amigos virarem inimigosTO MU ENI DU IPO OMO LAKEJIQue fez pessoas tomarem o lugar dos outrosTO JEKI A FE OJU MO NKAN ENIQue fez com que colocassem olho grande em nossas coisasA WA BE BE FUN ABO RENós estamos pedindo a sua proteçãoÈSÙ LALUÈSÙ, o ouvidorWA GBO ORO ATI AROYE WAVenha ouvir nossas palavras e reivindicaçõesSO WA BABA NJADE LOProteja-nos ao sairmos de casaSO WA TI A PA PADA WA LE WAProteja-nos ao voltarmos para casaKI OGUN AYE MA LE RI WA GBE SEQue a guerra deste mundo não consiga nos vencerÈSÙ OLO NAÈSÙ o dono dos caminhosONA TI ESU BA SI ENIKAN KI DIO caminho que ÈSÙ abre ninguém é capaz de fecharWA SI ONA FUN WAVenha abrir nossos caminhosENITI ÈSÙ BA SI ONARE LO SEGUN AYEAquele a quem ÈSÙ abrir os caminhos será o vencedor na guerra da vidaSE WANI OLUSEGUNFaça de nós vencedoresKI OTA MA LE RI NA GBE SEQue o inimigo não consiga nos vencerENI ONA RE BA SI PEREGEDEAquele que tem seus caminhos abertosLONI ALAFIA BABA OROTerá saúde, o pai de todas as riquezasÈSÙ ODARA DA ABO RE BO WA LONIÈSÙ o imprevisto venha a nos proteger hoje com todas as forçasÀSÉÀSÉ

Este ÀDÚRÀ é tão simples e lógico que é bom memorizá-la e fazer dela nossa oração diária, bastando para isso rezá-la mastigando pimenta da costa 9 (nove) se for homem e 7 (sete) se for mulher. Faça esta oração e depois cuspa para frente a pimenta mastigada na boca. Se OLÓDÙMARÈ quiser seus pedidos acontecerão.

LENDAS E MITOS IORUBÁSOs textos litúrgicos aqui apresentados fazem parte do jogo de Ifá, no qual. Seu senhor e oráculo, a divindade Orunmilá, nos ensina mitos e tradições que foram mantidos através do próprio jogo. Esses conhecimentos, transmitidos a todos oralmente, hoje se tornaram verdadeiras escrituras sagradas (1).Através deles entendemos o porquê de certos ritos e preceitos usados e conservados no dia-a-dia dos cultos. Vários textos explicam o mesmo fato ou se complementam, e às vezes de forma diferente e aparentemente contraditória; mas isto é reflexo de se terem originado em diferentes regiões. De uma forma ou de outra, porém, chegam aos mesmos fundamentais conceitos religiosos.

(1) Atualmente, vários pesquisadores já registraram em livros as lendas colhidas oralmente entre os iniciados.

Os mortos do sexo feminino são chamados de Ìyámi Agba (minha mãe anciã) e cultuado como uma energia ancestral coletiva, representada por Ìyámi Oxorongá. -

 ORIGENS "De quatro em quatro dias (uma semana iorubana), Iku (a Morte) vinha à cidade de Ilê-Ifé munida de um cajado (opá iku) e matava indiscriminadamente as pessoas. Nem mesmo os Orixás podiam com Iku. "Um cidadão chamado Ameiyegun prometeu salvar as pessoas. Para tal, confeccionou uma roupa feita com várias tiras de pano, em diversas cores, que escondia todas as partes do seu corpo, inclusive a própria cabeça, e fez sacrifícios apropriados. No dia em que a Morte apareceu, ele e seus familiares vestiram as tais roupas e se esconderam no

mercado. "Quando a Morte chegou, eles apareceram pulando, correndo e gritando com vozes inumanas, e ela, apavorada, fugiu deixando cair seu cajado. Desde então a Morte deixou de atacar os habitantes de Ifé. "Os babalawos (adivinhos e sacerdotes de Orunmilá) disseram a Ameiyegun que ele e seus familiares deveriam adorar e cultuar os mortos por todas as suas gerações, lembrando como eles venceram a Morte." Éégun é a terminação do nome de Ameiyegun, e é como hoje são conhecidos os ancestrais do seu clã (Éégun ou Egúngún). É a vitória da vida pós-morte: como no mito em que a vida venceu a morte, da mesma forma os Eguns se apresentam, hoje, cobertos de panos e portando um cajado. 

ORIGEM DOS OIÊ MASCULINOS  "Havia na cidade do Oyó um fazendeiro chamado Alapini, que tinha três filhos chamados Ojéwuni, Ojésamni e Ojérinlo. Um dia Alapini foi viajar e deixou recomendações aos filhos para que colhessem os inhames e os armazenassem, mas que não comessem um tipo especial de inhame chamado ‘ihobia’, pois ele deixava as pessoas com uma terrível sede. Seus filhos ignoraram o aviso e o comeram em demasia. Depois, beberam muita água e, um a um, acabaram todos morrendo”. Quando Alapini retornou, encontrou a desgraça em sua casa. Desesperado, correu ao bàbàlàwó, que jogou Ifá para ele. O sacerdote disse que ele se acalmasse, e que após o l7º dia fosse ao ribeirão do bosque e executasse o ritual que foi prescrito no jogo. Ele deveria escolher um galho da árvore sagrada atori e fazer um bastão (assim é feito o ixan). Na margem do ribeirão, deveria bater com o bastão na terra e chamar pelos nomes dos seus filhos, que na terceira vez eles apareceriam. Mas ele também não poderia esquecer de antes fazer certos sacrifícios e oferendas. "Assim ele o fez; seus filhos apareceram. Mas eles tinham rostos e corpos estranhos; era então preciso cobri-los para que as pessoas pudessem vê-los sem se assustarem. Pediu que seus filhos ficassem na floresta e voltou à cidade. Contou o fato ao povo, e as pessoas fizeram roupas para ele vestir seus filhos. "Deste dia em diante ele poderia ver e mostrar seus filhos a outras pessoas; as belas roupas que eles ganharam escondiam perfeitamente sua condição de mortos. Alapini e seus filhos fizeram um pacto: em um buraco feito na terra pelo seu pai (ojubô), no mesmo local do primeiro encontro (igbó igbalé), ali seriam feitas as oferendas e os sacrifícios e guardadas as roupas, para que eles as vestissem quando o pai os chamasse através do ritual do bastão. “Seguindo o pacto e as instruções do bàbàlàwó, de que sempre que os filhos morressem fosse realizado o ritual após o l7º dia, pais e filhos para sempre se encontraram. E, para os filhos que ainda não tiverem roupas, é só pedir às pessoas que elas as farão com imenso prazer. Esta lenda, rica em detalhes, nos explica vários ritos e títulos utilizados no culto.  ”.

MITOS de OYÁ E EGUN "Oyá não podia ter filhos, e foi consultar o bàbàlàwó. Este lhe disse, então, que, se fizesse sacrifícios, ela os teria. Um dos motivos de não os ter ainda era porque ela não respeitava o seu tabu alimentar (eewó) que proibia comer carne de carneiro. O sacrifício seria de 18.000 mil búzios (o pagamento), muitos panos coloridos e carne de carneiro. Com a carne ele preparou um remédio para que ela o comesse; e nunca mais ela deveria comer desta carne. Quanto aos panos, deveriam ser entregues como oferenda. "Ela assim fez e, tempos depois, deu à luz nove filhos (número mítico de Oyá). Daí em diante ela também passou a ser conhecida pelo nome de ‘Iyá omo mésan’, que quer dizer ‘a mãe de nove filhos’ e que se aglutina Iyansan.

Há outra lenda para explicar o mito de Iyansã: "Em certa época, as mulheres eram relegadas a um segundo plano em suas relações com os homens. Então elas resolveram punir seus maridos, mas sem nenhum critério ou limite, abusando desta decisão, humilhando-os em demasia. "Oyá era a líder das mulheres, e elas se reuniram na floresta. Oyá havia domado e treinado um macaco marrom chamado ijimeré (na Nigéria). Utilizara para isso um galho de atori (ixan) e o vestia com uma roupa feita com várias tiras de pano coloridas, de modo que ninguém via o macaco sob os panos. "Seguindo um ritual, conforme Oyá brandia o ixan no solo o macaco pulava de uma árvore e aparecia de forma alucinante, movimentando-se como fora treinado a fazer. Deste modo, durante a noite, quando os homens por lá passavam, as mulheres (que estavam escondidas) faziam o macaco aparecer e eles fugiam totalmente apavorados. "Cansados de tanta humilhação, os homens foram ver o bàbàlàwó para tentar descobrir o que estava acontecendo. Através do jogo de Ifá, e para punir as mulheres, o bàbàlàwó lhes conta a verdade. Ele os ensina como vencer as mulheres através de sacrifícios e astúcia. "Ogun foi o encarregado da missão. Ele chegou ao local das aparições antes das mulheres. Vestiu-se com vários panos, ficando totalmente encoberto, e se escondeu. Quando as mulheres chegaram, ele apareceu subitamente, correndo, berrando e brandindo sua espada pelos ares. Todas fugiram apavoradas, inclusive Oyá." Desde então os homens dominaram as mulheres e as expulsaram para sempre do culto de Éégun; hoje, eles são os únicos a invocá-lo e cultuá-lo. Mas, mesmo assim, eles rendem homenagem a Oyá, na qualidade de Igbalé, como criadora do culto de Éégun. Convém notar que, no culto, Éégun nasce no bosque da floresta (igbo igbalé). No Brasil, no ilê awo, ele nasce no quarto de balé, onde são colocadas oferendas de comidas e realizadas cerimônias aos Eguns.Oyá é também cultuada como mãe e rainha de Éégun, como Oyá Igbalé. E, como nos explica a lenda, Oyá, a floresta e o macaco estão intimamente ligados ao culto, inclusive em relação à voz do macaco como é o modo de o Éégun falar.  

ODU TORNA-SE Ì YÁMI  ”Nos primórdios da criação, Olodumaré, o Ser Supremo que vive no orun, mandou vir ao aiyé (universo conhecido) três divindades: Ogun (senhor do fèrro), Obarixá (senhor da criação dos homens) (2) e Odu, a única mulher entre eles. Todos eles tinham poderes, menos ela, que se queixou então a Olodumarê. Este lhe outorgou o poder do pássaro contido numa cabaça (igbá eleiye) e ela se tornou então, através do poder emanado de Olodumarê, Ìyáwon, nossa mãe para eternidade (também chamada de Iyami Oxoronga, minha mãe Oxorongá). Mas Olodumarê a preveniu de que deveria usar este grande poder com cautela, sob pena de ele mesmo repreendê-la”."Mas ela abusou do poder do pássaro. Preocupado e humilhado, Obarixá foi até Orunmilá fazer o jogo de Ifá, e ele o ensinou como conquistar, apaziguar e vencer Odu, através de sacrifícios, oferendas e astúcia.

"Obarixá e Odu foram viver juntos. Ele então lhe revelou seus segredos e, após algum tempo, ela lhe contou os seus, inclusive que adorava Éégun. Mostrou-lhe a roupa de Éégun, o qual não tinha corpo, rosto nem tampouco falava. Juntos eles adoraram Éégun. "Aproveitando um dia quando Odu saiu de casa, ele modificou e vestiu a roupa de Éégun. Com um bastão na mão, Obarixá foi à cidade (o fato de Éégun carregar um bastão revela toda a sua ira) e falou com todas as pessoas. Quando Odu viu Éégun andando e falando, percebeu que foi Obarixá quem tornou isto possível. Ela reverenciou e prestou homenagem a Éégun e a Obarixá, conformando-se com a supremacia dos homens e aceitando para si a derrota. Ela mandou então seu poderoso pássaro pousar em Éégun, e lhe outorgou o poder: tudo o que Éégun disser acontecerá. Odu retirou-se para sempre do culto de Egúngún." O conjunto homem-mulher dá vida a Éégun (a ancestralidade), mas restringe seu culto aos homens, os quais, todavia, prestam homenagem às

mulheres, castigadas por Olodumaré através dos abusos de Odu. Também por esta razão é que as mulheres mortas são cultuadas coletivamente, e somente os homens têm direito à individualidade, através do culto a Éégun.(2) Um dos Orixás funfun, isto é, Orixás que têm como principal preceito o uso do branco nos ritos e nas oferendas; em algumas regiões ; Obarixá é adotado como um cognome de

Oxalá. Aulo Barretti Filho

O QUE HÁ PARA SE LER : Bibliografia Abraham, R. C. - Dictionary of Modern Yoruba, 1958; Bascom ,William - Sixteen Cowries, 1980 ; e The sociological role of the Yoruba cult group, 1944; Denis, Dohou Codjo - "La Mort - Sa Conception", 1979; Elbein Dos Santos ,Juana e Dos Santos ,Deoscoredes M. - "Ancestor Whorship in Bahia : The Egun Cult", 1969 ; Lawal, Babatunde - "Art for Life Sack" ; e "The Living Dead", 1977; Olajubu, Oludare - "Composition and Performance Techniques of Iwì Egúngún",1975 ; e "Some aspects of Oyó Yoruba masquerades", 1977;Verger, Pierre - Grandeur et décadence du cult de Iyàmi Òsòròngà, 1965 ;Ziégler, Jean - Les Vivants et la Mort, 1975; Fotos do livro de :Huet ,Michel - The Dance ,Art and Ritual of Africa ,1978Obras de apoio da Biblioteca da Funaculty - "Fundação de Apoio ao Culto e Tradição Yorubana

no Brasil"; Hoje extinta , as obras continuam fazendo parte do acervo particular do autor.

Òdùduwà

Também òrìsà funfun participante da lenda da criação do mundo segundo a tradição Yorùbá. Òrìsà masculino que em algumas lendas é tido como feminino, simbolizando a parte inferior da igbá ìwà, - a cabaça da existência, onde a parte masculina é dita ser Obàtálà. Noutros mitos, Òdùduwà foi um dos fundadores da civilização Yorùbá. Era muito temido como um grande guerreiro conquistador e anexador de territórios.Na lenda da criação do mundo, a incumbência foi dada a Òòsààlà, que a caminho do ayé – o mundo, parou para descansar sob uma palmeira. Mas, segundo as lendas sobre Òòsààlà, ele gosta de beber; e ao parar sob a palmeira, estava com sede e com seu òpá – cajado – feriu a palmeira e tomou sua seiva embriagando-se. Então deitou-se e dormiu. Òdùduwà, seu irmão mais jovem, apossou-se do Àpò ìwà – a bolsa da existência - que continha os elementos para a execução da tarefa de criar a terra, e o fez em lugar de Òòsààlà. Causando com isso vários desdobramentos na história da criação.

ALTAIR T’ÒGÚN

As Esposas de Odùduwà

"O artefato pode por hipótese, ser o da cabeça de uma Óònì feminina"(cf. in legenda : pg.95), ou ainda, esposa de algum Óònì de Ifé, note que na cabeça o suposto Aré, não esta completo. -Algumas das esposas de Odùduwà :1. Olóòkun Seniade : Ìyá Òkun, a Mãe e dona do Mar, a primeira e a favorita de Odùduwà. A senhora da prosperidade, fartura e riqueza como o proprio mar, a mãe de Ògún e Ìsèdélè.2. O sààrá : "aquela que foi abençoada com muitos filhos", é cultuada no santuário de Olóòkun e tem sua festa anual chamada de Àgbon.3. Omìtótó-Òsé : uma das favoritas, mãe de Ajíbogun, que mais tarde se tornou Owá Obòkun, que fundou as cidades de Ìbòkun e Ilésà. Alguns dizem que ela adotou ou foi mãe de Obàloràn, natural de Ìloràn, que mais tarde se tornou chefe de Ilódè, cidade natal de sua mãe. Outros ainda dizem, que ele foi filho de Sàpàrákùnní, então donzela de rara beleza que vivia com sua irmã Omìtótó, casa esta, que Odùduwà visitava com muita frequência, e que teve noites de intenso amor. Com isso conheceu e se apaixonou por Omìtótó, com quem mais tarde se casou.4. Ojùmmu-Yàndà : à que fez esforços sucessivos para conter e mediar às longas disputas entre Odùduwà e Obàtálá.5. Lakanje : também conhecida como Aníhunka, a mais bela e sensual das esposas, a mãe de Òrànmíyàn.6. O monide : à quem teve vários filhos de Odùduwà, entre eles alguns que se tornaram Oba, como o Alákétu e o Aláké. Dizem também, que ela ou um dos seus descendentes foi quem fundou a cidade de Abéòkuta.7. Ogunfunminire : dizem que foi mãe de muitos filhos de Odùduwà e foi quem fundou a cidade de Lagos.8. Yèyémòólú : foi a mais velha (em idade) de todas as esposas, tinha a responsabilidade de supervisionar toda à alimentação servida a seu esposo. Dizem, que se transformou em um

poço de água potável e extremamente saudável. Por este e outros motivos, todos os Óònì que reinaram e reinarão em Ifé, sem "casam" primeiramente com ela antes de morarem definitivamente no palácio como Óònì, onde até hoje existe o poço que Yèyémòólú se transformou e onde é reverenciada.9. Àtìbà : para uns ela não teve filhos, para outros foi a mãe dos Oba Osemofarawe e Ebumàwe que foi o fundador da cidade de Àgó-Ìwòyè. Foi uma das esposas que mais idade tinha, e se transformou numa pequena peça de granito, hoje na entrada do Museu de Ifé. 10. Ogido : ................ sem dados.

ODÙDÚWÀ(A grande Mãe da criação )

PARA O MITO DA CRIAÇÃO DA TERRA, ESTA É A VERSÃO QUE É MAIS CONHECIDA E ACEITA ENTRES OS ÀWORÒ (SACERDOTES):... QUANDO ÒRÌSÀ-NLÁ PEGOU SUAS INSTRUÇÕES DE OLÓDÙMARÈ, ELE PASSOU POR ÈSÙ, QUE LHE PERGUNTOU SE HAVIA FEITO AS OFERENDAS NECESSÁRIAS PARA A REALIZAÇÃO DO TRABALHO,ÒRÌSÀ-NLÁ NÃO LHE DEU IMPORTÂNCIA. EM RAZÃO DISSO, DURANTE A SUA CAMINHADA, ELE FICOU BASTANTE SEDENTO E BEBEU ABUNDANTEMENTE EMÚ. POR ISSO FICOU SEM FORÇAS E SEM CONDIÇÕES DE PROSSEGUIR PARA EXECUTAR A SUA TAREFA CAINDO EM SONO PROFUNDO. OLÓDÙMARÈ ENVIOU ODÙDÚWÀ PARA VERIFICAR O QUE ESTAVA ACONTECENDO. AO VER ÒRÌSÀ-NLÁ ADORMECIDO COM O SACO DA CRIAÇÃO, FOI COMUNICAR O OCORRIDO A OLÓDÙMARÈ, QUE, DIANTE DO FATO, DETERMINOU QUE ELE, OU ELA, ODÙDÚWÀ, FOSSE CRIAR O ÀIYÉ (TERRA).AO ACORDAR E PERCEBER O QUE HAVIA ACONTECIDO, ÒRÌSÀ-NLÁ, FOI ATÉ OLÓDÙMARÈ REIVINDICAR DOS SEUS DIREITOS, O QUE LHE FOI NEGADO. A PARTIR DAÍ FICOU PROIBIDO DE BEBER EMÚ E DE USAR O AZEITE–DE–DENDÊ (EPO-PUPA - SÍMBOLO DO ÈJÈ-PUPA (SANGUE VERMELHO) QUE É VARIANTE DO ÈJÈ-DÚDÚ (SANGUE PRETO), QUE É O SIMBOLO DAS DIVINDADES CRIADAS, GERADAS POR ODÙDÚWÀ). PORÉM, FOI–LHE DADA A TAREFA DE MODELAR O BARRO PARA A CRIAÇÃO DO SER HUMANO. ODÙDÚWÀ E ÒRÌSÀ-NLÁ SE ENCONTRARAM E AMBOS NUTRIAM UMA RIVALIDADE E ESTAVAM A PONTO DE GUERREAREM E FOI NECESSÁRIA A INTERVENÇÃO DE ÒRÚNMÌLÀ PARA TRAZER A PAZ ENTRE AMBOS. ENTRE AQUELES QUE FORMAVAM A COMITIVA DE ODÙDÚWÀ ESTAVAM OS ÀWON AGBÀGBÀ (OS ANTIGOS): ÒRÚNMILÀ (AGBÒNIREGUN OU SETILU), OLUOROGBO, OBAMÈRI, ORÈLÚÈRÈ, OBASIN (ÈSÙ), OBÀGÈDÈ, ÒGÚN ALÁAGADA, OBAMAKIN, OBA WINNI AJÉ, ÈRÌSILÈ, ELÉSIJE OLÓSE, ALÁJO, ISIDÁLÈ, OLÓKUN E ÒRÌSÀTEKO (LEJÚGBÈ)

Ítons Diversos de ConhecimentoI

Os orixás protegem os desvalidos Era uma vez um homem que tocava tambor na rua enquanto cantava e dizia que, enquanto o seu anjo guardião não vendesse não haveria Rei que pudesse fazer-lhe nada. Um seu inimigo ouviu-o um dia e foi contar ao Rei da cidade. Este mandou buscar o homem e lhe pediu que guardasse um colar de coral que era muito apreciado por ele. O homem que era cego, partiu para sua casa e o seu inimigo segui-o com a intenção de ver onde ele guardava o colar. Tão depressa como o cego guardou o colar num lugar que pensava ser seguro, seu inimigo o levou e jogou-o no mar.Passados poucos dias o Rei foi ter com o cego e pediu-lhe que lhe entregasse o colar. O cego foi a sua casa e quando procurou o colar não o encontrou. Por isso foi visitar Orunmilá para que o ajudasse. Este lhe disse que tinha que fazer um ebó dando de comer à sua cabeça um peixe grande e que depois do pedido abrisse o peixe e o limpasse. O cego assim o fez e foi enorme a sua surpresa quando ao limpar o peixe depois do ebó apareceu dentro dele o colar que havia perdido, salvando-se assim da traição do Rei e do seu inimigo.

IIITAN TI ORUGAN

Orugan foi o primeiro Babalawo e sua mulher chamava-se Orixabi. Carregava os búzios na barriga para Orugan jogar. Diziam que Orugan tinha em sua casa um pé de obi. Exú pediu a Ifá para jogar. Ifá mandou que Exú trouxesse 10 nozes de cola para o jogo. Exú, então, foi à casa de Orugan pedir os frutos, pois sabia que só ele tinha um pé de obi em casa. Exú pediu os frutos à Orugan e este disse que só daria os frutos se ele aprendesse a jogar e depois lhe ensinasse. Exú concordou e prometeu que logo soubesse jogar voltaria para ensinar a Orugan.Exú então, foi apanhar os frutos, os macacos que estavam no pé de obi iam tirando os frutos, descascando, partindo e jogando para Exú. Entretanto Orixabi, mulher de Orugan a tudo assistia, ia apanhando os frutos que os macacos jogavam e colocando em sua barriga.Os Babalawo na África, por este motivo, quando vão jogar, levam a sua mulher para carregar o jogo, as quais são chamadas de Ìyápetebi. Se por um acaso o Babalawo não for casado ou for viúvo, ele leva sua mãe.

IIIITAN TI IKÚ

Quando Olorun procurava matéria apropriada para criar o ser humano (o homem), todos os ebora partiram em busca da tal matéria. Trouxeram diferentes coisas: mas nenhuma era adequada. Eles foram buscar lama, mas ela chorou e derramou lágrimas. Nenhum ebora quis tomar da menor parcela. Mas Ikú, Òjègbé-Aláxo-Òna, apareceu, apanhou um pouco de lama - eerúpé - e não teve misericórdia de seu pranto. Levou-o a Olodumare, que pediu a Orixalá e a Olúgama que o modelaram e foi Ele mesmo que insuflou seu hálito. Mas Olodumare determinou a Ikú que, por ter sido ele a apanhar a porção de lama, deveria recolocá-la em seu lugar a qualquer momento, e é por isso que Ikú sempre nos leva de volta para a lama.

IVITAN TI ÒBÀRISÀ, ODÙA ATI ÒGÚN

Três orixás, Odùa, Obarixá e Ogun vêm, do orun, instalar-se sobre a terra. Odùa é a única mulher e ela se queixa a Olorun por não ter nenhum poder. Este elege-a Mãe para a eternidade. Entrega-se axé sob a forma de uma cabaça contendo um pássaro e recomenda-lhe que se mostre prudente no que se refere ao uso do poder que ele lhe outorga.Todos os lugares de adoração encontram-se em seu ika, no quintal onde Obarixá não pode penetrar. Este, vendo seu poder diminuído, consulta Ifá e é aconselhado a fazer uma oferenda constituída de ìgbín - caracóis - e um paxan, uma haste de àtòrì. Ifá adverte-o para que tenha muita paciência e astúcia para conquistar Ìyá-mi e sair vitorioso. Com efeito, Ìyá-mi esquece as recomendações de Olodumare e abusa de seu poder em relação a Orixalá, sempre prudente. Finalmente Ìyá-mi insiste para que vivam juntos em sua morada já que juntos vieram do orun e já que Ogun está ocupado com suas ferramentas e suas guerras. Obarixá concorda. Uma vez na vivenda, adora sua cabaça com os ìgbín e bebe sua água. Ele oferece a Odù que negligentemente aceita. A água parece-lhe deliciosa e ela também come, com Obatalá, a carne dos ìgbín.Obatalá se queixa: ele lhe revela todos os seus segredos e ela continua a esconder-lhe os seus. Odùa o conduz ao ika, descobre para ele a vestimenta-símbolo de Egungun. Quando Odùa sai, ela apanha as vestimentas, as modifica, veste-as e, tomando do paxan na mão, saí a percorrer a cidade. Sabe falar como os ará-òrun. Todos reconhecem-no como o verdadeiro Egungun e o aclamam. Odùa reconhece "seus" panos e admite que Obarixá torna presente Egungun melhor do que ela. Ela ordena a seu pássaro de pousar no ombro de Egungun; com o axé de eleye, tudo o que Egungun prognostica e diz se realizará. Egungun está completo. Eleye e Egungun andarão juntos. Quando Obarixá regressa, Odùa entrega-lhe o poder de manejar Egungun e se retira para sempre de seu culto. Só eleye indicará seu poder e marcará a relação entre Egungun e a ìyá-mi.

VLENDA DA SEPARAÇÃO DO ÒRUN E DO ÀIYÉ

No tempo em que o àiyé e o òrun era limítrofes, a esposa estéril de um casal de certa idade apresentou-se em várias ocasiões a Orixalá, divindade mestra da criação dos seres humanos, e lhe implorou que lhe desse a possibilidade de gerar um filho. Repetidamente Orixalá se tinha recusado a atendê-la. Enfim, movido pela grande insistência, aquiesce ao desejo da mulher, mas com a condição: a criança não poderia jamais ultrapassar os limites do àiyé. Por isso, desde que a criança deus seus primeiros passos, seus pais tomaram todas as precauções necessárias. Contudo, toda vez que o pai ia trabalhar no campo, o pequeno pedia para acompanhá-lo. Toda sorte de estratagemas eram feitas para evitar que a criança acompanhasse o pai. À medida que a criança ia crescendo, o desejo de acompanhar seu pai aumentava. Tendo atingido a puberdade, uma noite, ele decidiu fazer um buraquinho no saco que o pai levava todos os dias de madrugada e de pôr certa quantidade de cinza no fundo. Assim, guiado pela trilha de cinza, conseguiu localizar seu pai e o seguiu. Eles andaram muito tempo até chegar ao limite do àiyé onde o pai possuía suas terras. Neste exato momento, o pai apercebeu-se que estava sendo seguido por seu filho. Mas este não pôde mais deter-se, atravessou o campo e, apesar dos gritos do pai e dos outros lavradores, continuou a avançar. Ultrapassou os limites do àiyé sem prestar atenção às advertências do guarda e entrou no òrun. Lá, começou uma longa odisséia no decorrer da qual o rapaz gritava e desafiava o poder de Orixalá, faltando ao respeito a todos os que queriam impedi-lo de seguir seu caminho. Atravessou os vários espaços que compõem o òrun, lutando contra uns e outros, até chegar ao ante-espaço do lugar onde se encontrava o grande Orixalá a cujos ouvidos chegou seu desafio insólito. Apesar de ter sido chamado a atenção várias vezes, o rapaz insistiu até que Orixalá, irritado, lançou seu cajado ritual, o opaxoro, que atravessando todos espaços do òrun, veio cravar-se no àiyé separando-o para sempre do òrun, antes de retornar às mãos de Orixalá. Entre o àiyé e o òrun apareceu o sánmò que se estendera entre os dois.O òfurufú, ar divino, é que separa os dois níveis de existência, o òrun da vida.

VILENDA DA CRIAÇÃO DO MUNDO

Quando Olorun decidiu criar a terra, chamou Obatalá, entregou-lhe o "saco da existência", àpò-ìwà, e deu-lhe as instruções necessárias para a realização da magna tarefa. Obatalá reuniu todos os orixás e preparou-se, sem perda de tempo. De saída, encontrou-se com Odùa que lhe disse que só acompanharia após realizar suas obrigações rituais. Já no òna-òrun, caminho, Obatalá passou diante de Exú. Este, o grande controlador e transportador de sacrifícios que domina os caminhos, perguntou-lhe se já tinha feito as oferendas propiciatórias. Sem se deter, Obatalá respondeu-lhe que não tinha feito nada e seguiu seu caminho sem dar mais importância à questão. E foi assim que Exú sentenciou que nada do que ele se propunha empreender seria realizado. Com efeito, enquanto Obatalá seguia seu caminho começou a ter sede. Passou perto de um rio, mas não parou. Passou por uma aldeia onde lhe ofereceram leite, mas ele não aceitou. Continuou andando. Sua sede aumentava e era insuportável. De repente, viu diante de si uma palmeira Igì-òpe e, sem se poder conter, plantou no tronco da árvore seu cajado ritual, o òpá-sóró, e bebeu a seiva (vinho de palmeira). Bebeu insaciavelmente até que suas forças o abandonaram, até perder os sentidos e ficou estendido no meio do caminho. Nesse meio tempo, Odùa, que foi consultar Ifá, fazia suas oferendas a Exú. Seguindo os conselhos dos Babalawo, ela trouxera cinco galinhas, das que têm cinco dedos em cada pata, cinco pombos, um camaleão, dois mil elos de cadeia e todos os outros elementos que acompanham o sacrifício. Exú apanhou estes últimos e uma pena da cabeça de cada ave e devolveu a Odùa a cadeia, as aves e o camaleão vivos. Odùa consultou outra vez os Babalawo que indicaram ser necessário, agora, efetuar um ebó, isto é, um sacrifício, aos pés de Olorun, de duzentos ìgbín, os caracóis que contêm "sangue branco", "a água que apazigua", omi-èrò.Quando Odùa levou o cesto com ìgbín, Olorun aborreceu-se vendo que Odùa ainda não tinha partido com os outros. Odùa não perdeu sua calma e explicou que estava obedecendo as ordens

de Ifá. Foi assim que Olorun decidiu aceitar a oferenda e ao abrir seu Àpére-odù - espécie de grande almofada onde geralmente Ele está sentado - para colocar a água dos ìgbín, viu com surpresa, que não havia colocado no àpò-Iwà - bolsa da existência - entregue a Obatalá, um pequeno saco contendo a terra. Ele entregou a terra nas mãos de Odùa para que ela, por sua vez, a remetesse a Obatalá. Odùa partiu para alcançar Obatalá. Ela o encontrou inanimado ao pé da palmeira, contornado por todos os orixás que não sabiam que fazer. Depois de tentar em vão acordá-lo, ela apanhou o àpò-iwà que estava no chão e voltou para entregá-lo a Olorun. Este decidiu, então, encarregar Odùa da criação da terra. Na volta de Odùa, Obatalá ainda dormi; ela reuniu todos os orixás e explicou-lhes que fora delegada por Olorun e eles dirigiram-se todos juntos para o Òrun Àkàsò por onde deviam passar para assim alcançar o lugar determinado por Olorun para a criação da terra. Exú, Ogun, Oxossi e Ìja conheciam o caminho que leva às águas onde iam caçar e pescar. Ogun ofereceu-se para mostrar o caminho e converteu-se no Asiwajú e no Olúlànà - aquele que está na vanguarda e aquele que desbrava os caminhos. Chegando diante do Òpó-òrun-oún-Àiyé, o pilar que une o òrun ao mundo, eles colocaram a cadeia ao longo da qual Odùa deslizou até o lugar indicado por cima das águas. Ela lançou a terra e enviou Eyelé, a pomba, para esparramá-la. Eyelé trabalhou muito tempo. Para apressar a tarefa, Odùa enviou as cinco galinhas de cinco dedos em cada pata. Estas removeram e espalharam a terra imediatamente em todas as direções, à direita, à esquerda e ao centro, a perder de vista. Elas continuaram durante algum tempo. Odùa quis saber se a terra estava firme. Enviou o camaleão que, com muita precaução, colocou primeiro uma pata, tateando, apoiando-se sobre esta para, colocou a outra e assim sucessivamente até que sentiu a terra sob suas patas.Quando o camaleão pisou por todos os lados, Odùa tentou por sua vez. Odùa foi a primeira entidade a pisar na terra, marcando-a com sua primeira pegada. Essa marca é chamada esè ntaiyé Odùdúwà.Atrás de Odùa vieram todos os outros orixás colocando-se sob sua autoridade. Começaram a instalar-se. Todos os dias Orunmilá - patrão do oráculo Ifá - consultava Ifá para Odùa. Nesse meio tempo Obatalá acordou e vendo-se só sem o àpó-iwà retornou a Olorun, lamentando-se de ter sido despojado do àpò. Olorun tentou apaziguá-lo e em compensação transmitiu-lhe o saber profundo e o poder que lhe permitia criar todos os tipos de seres profundo e o poder que lhe permitia criar todos os tipos de seres que iam povoar a terra.

VIIITAN TI SETILU

Setilu foi uma criança que nasceu cega. Lamentando a sorte ficaram na dúvida em sacrificar ou poupar-lhe a vida a fim de diminuir a carga familiar. Os sentimentos paternos foram mais fortes e a criança foi poupada. Cresceu como uma criança extraordinária pêlos seus dotes de adivinhação. Aos cinco anos de idade já exercitava seus dotes, predizendo que lhe visitaria e com que objetivo. E sua capacidade foi crescendo com trabalhados de magia e cura. No começo de sua prática usou dezesseis pedrinhas para o ato da consulta, conquistando o respeito e admiração de todos. Alguns se tornam seus adeptos e seguidores, mesmo os sacerdotes mais afamados da região. Em razão disso, os maometanos resolveram expulsar Setilu da região. Assim, Setilu cruzou rio Níger e seguiu para Benin, permanecendo algum tempo na cidade de Òwò, daí para Àdó. Depois migrou para Ilé Ifè, ficando aí permanentemente. Logo se tornou famoso. Impressionando a todos e adquirindo confiança quase que absoluta, procurou modificar certos costumes, entre eles o de abolir as marcas tribais - ilà - feitas na face das pessoas, uma vez que esse tipo de corte no rosto não era feito em Tápà, terra de Setilu.Com o tempo, os coquinhos, as peças de ferro e as bolsas de marfim foram sucessivamente usadas, ao invés de pedrinhas. Atualmente, os coquinhos passaram a ser usados por serem considerados uma forma de conciliação, pois os outros métodos exigem custosos sacrifícios e até sangue humano.Setilu iniciou vários seguidores nos mistérios do culto a Ifá, e ele se tornou gradativamente o oráculo de consulta de toda a nação yorubá. O sistema empregado para a prática da consulta ainda é o mesmo dos dias atuais, e será examinado mais adiante.

Um outro relato de oficialização do culto a Ifá foi feita pelo rei Ofiran, filho de Onígbógi.Ónígbógi era um dos filhos do Aláàfin Olúàso com Arùgbá-Ifá, mulher oriunda da cidade de Òtá. Ela estava ausente quando Onígbógi ascendeu ao trono pela morte do pai, e voltou para assisti-lo no seu governo com seus conselhos. Sendo muito supersticiosa e desejando que seu filho tivesse um reinado duradouro e próspero, ela o aconselhou a introduzir o culto a Ifá em Òyó, como uma divindade nacional. Inquirida sobre as oferendas necessárias para Ifá, ela respondeu que eram 16 òkété (espécie de roedor do tipo de rato), 16 bolsas de conchas (búzios), 16 peixes, 16 galinhas, 16 pedaços de tecido e 16 porcos. Diante disto, o conselho da cidade rejeitou a idéia, por não concordar em adorar coquinho. Arùgbá-Ifá retorna para Òtá acompanhada de seus adeptos, levando todas as peças utilizadas no culto: ajé, opón, ajere, òsùn e ìróké. Chegam à cidade chorando muito e se lamentando pela decisão. Indagados sobre a razão do choro, contam o que havia acontecido. O soberano da cidade de Àdó tomou conhecimento e convidou todos a morar com ele. E dessa convivência surgiu a curiosidade do conhecimento das coisas de Ifá. O soberano, Aládó, acabou sendo iniciado nos mistérios, com o que lhe foi conferido, igualmente, o direito de iniciar outras pessoas. Algum tempo depois, no reinado seguinte de Òyó, quando decidiram adotar o culto a Ifá, foi esse Aládó que foi à cidade fazer a iniciação das pessoas nos mistérios, ritos e cerimônias do culto a Ifá.

VIIIITAN TI OBÌ

Olófin, "O Senhor das Leis", um dos título de Olódùmarè, decidiu um dia visitar a terra e ver de perto como as coisas andavam. Em sua caminhada conheceu um homem que se chamava Obì, e que lhe impressionou muito por ser ele uma pessoa muito justa, sem orgulho e pretensões, e sem nenhuma vaidade. Então Olófin decidiu que Obì deveria viver muito alto, vestido de branco por fora e por dentro, que sua alma seria imortal e que trabalharia para ele. Em seguida, Olófin lhe apresentou Exú, e entre ambos surgiu grande amizade, sendo que os amigos de um passaram a ser amigos do outro. O pobres, os ricos, os corretos, os desajustados, todos eram amigos de Exú.Com o correr do tempo, Obì, do alto de sua branca posição, começou a se tornar vaidoso e cheio de si. O orgulho tomou conta dele, que passou a evitar as pessoas que lhe eram inferiores; até Exú ele evitava, devido as suas amizades que não agradavam Obì.Desejando celebrar uma festa, Obì convidou Exú e pediu-lhe que evitasse convidar suas amizades. Exú, que havia notado a mudança de comportamento de Obì, convidou os poderosos e ricos, mas também os vagabundos e miseráveis da cidade. Quando Obì chegou em casa e viu aquela gente estranha, ficou irado e perguntou: "Quem convidou esta gente à minha casa?" Todos responderam: "Foi Exú".Obì se enfureceu e expulsou a todos, dizendo que não admitia vagabundos em sua casa. Exú chegou no momento em que todos saíam, dizendo que Obì era vaidoso e ingrato. Em seguida, saiu acompanhando seus amigos. Compreendendo o que havia feito, Obì tentou reconsiderar, dizendo que havia se equivocado ao tratar daquela forma os amigos pobres de Exú. Tratou de pedir perdão; Exú, porém, não lhe fez caso, seguindo o seu caminho.Certo dia, Olófin convocou Exú à sua presença e pediu-lhe que levasse um recado para Obì, porém Exú se recusou, e, ao ser inquirido sobre a razão da recusa de ir à casa de seu amigo, respondeu-lhe que Obì havia mudado de comportamento, tornara-se muito vaidoso e se recusava a receber em sua casa os pobres e os humildes. Olófin escutou em silêncio o relato de Exú, e, quando este terminou-lhe disse: "Vou ensinar uma lição a Obì."Usando de um disfarce, Olófin foi até a casa de Obì. Tocando a porta, foi recebido por Obì, que não lhe reconheceu, e foi dizendo para se afastar dali, que ele não dava esmolas a ninguém. Olófin, ao ouvir aquilo, firmou a voz e lhe disse: "Olhe para mim! Veja quem sou eu!"...Obì, diante da presença de Olófin, tratou de corrigir-se alegando um engano. Olófin então falou: "Eu lhe acreditava um homem honesto, íntegro e bom, sem falso orgulho ou vaidade, por isso o fiz branco por todos os lados e com espírito imortal. Parece que de viver tão alto, sua cabeça

chegou às nuvens. Mas vou corrigir tudo isso. Você, a partir de agora, viverá no alto, mas só que no alto das árvores, porém caíras e rolarás por terra, para que aprendas que por mais elevado que uma pessoa esteja, também poderá cair por terra. Você se vestirá de verde por fora e branco por dentro, mas algumas vezes será negro. Quando aprender a corrigir seus erros, eu o perdoarei. Até lá, você deverá servir a todos os orixás e ajudará a predizer o futuro a todos que desejarem saber, tanto os ricos como os pobres e necessitados, sem distinção social ou de cor".

IXLENDA DO SURGIMENTO DOS ORIXÁS

Do consórcio de Obatalá, o céu, com Odùdúwà, a terra, nasceram dois filhos, Aganju, a terra firme, e Iyemoja, as águas. Desposando de Aganju, Iyemoja deu à luz Orugan, o ar, as alturas, o espaço entre a terra e o céu. Orugan concebe incestuoso amor por sua mãe e, aproveitando a ausência do pai, raptou-a e a violou. Aflita e entregue ao violento desespero, Iyemoja desprende-se dos braços do filho, foge alucinada, desprezando as infames propostas da continuação às ocultas daquele amor criminoso. Persegue-a Orugan, mas , prestes a deitar-lhe a mão, cai morta Iyemoja. Desmesuradamente cresce-lhe o corpo e dos seios monstruosos nascem dois rios que adiante se reúnem, constituindo uma lagoa. Do ventre enorme que se rompe, nascem:Dadá, deusa ou orixá dos vegetais,Xangô, deus do trovão,Ogun, deus do ferro e da guerra,Olókun, deus do mar,Oloxá, deus dos lagos,Oyá, deusa do rio Níger,Oxun, deusa do rio Oxun,Obà, deusa do rio Obà,Okô, orixá da agricultura,Oxossi, deus dos caçadores,Okê, deus das montanhas,Ajê-Xaluga, deusa da riqueza,Xaponan, deus da varíola,Orun, o sol,Oxupá, a lua..

XITAN TI ÀBÍKÚ

Um caçador estava no local limite entre o òrun e o àiyé, e ali ouviu as promessas de três àbíkú ao Oníbodè quanto aos seus destinos e a época exata de suas mortes e consequente retorno ao òrun.Um deles prometeu que deixaria o mundo assim que o fogo utilizado por sua mãe para preparar sua comida se apagasse por falta de lenha. O outro àbíkú disse que iria morrer quando o tecido usado por sua mãe para carregá-lo nas costa se rasgasse. Ela ia cair e morreria. A terceira, que era uma menina, morreria no dia em que seus pais lhe autorizassem a casar e ir morar com o marido.O caçador saiu dali e foi visitar as três mães no momento em que elas estavam dando à luz os filhos àbíkú. Aconselhou à primeira que não deixasse a lenha queimar inteiramente sob o pote que cozinharia os legumes para seu filho; à segunda, que não deixaria rasgar o pano que ela usaria para carregar o filho nas costas, usando um reforço; à terceira, que não especificasse o dia e hora em que sua filha deveria ir viver na casa de seu futuro marido.As três mães, então, foram consultar um Babalawo, que lhe recomendou que fizessem, respectivamente, as oferendas de um tronco de bananeira, de uma cabra e de um galo, que impediriam os três àbíkú de manter o compromisso de morrer nas datas em que haviam sido ditas ao Oníbodè. Com o tronco de bananeira cheio de seiva no fogo, o calor permaneceria, mas o fogo se apagaria, e o àbíkú, vendo o calor não se apagava, concluiria que o momento não seria aquele para a sua partida; a pele de cabra oferecida serviria para reforçar o tecido que não

rasgaria e a criança não cairia no chão para morrer. Para a última criança, os pais não deveriam dizer nada com relação ao momento de viver com o marido, enviando-a para a casa dele sem nada anunciar.Com isto, os três àbíkú não puderam mais manter a promessa porque as circunstâncias que deveriam anunciar suas partidas não se realizaram da forma como foi estabelecida. E assim seguiram um outro caminho em sua vida terrena.

XIITAN TI ALUKÓSÓ

Um certo Alukósó teve toda uma vida de miséria até os 40 amos de idade, quando decidiu se suicidar. Em sua tentativa, ele apenas desfaleceu e se viu diante de Oníbodè, o guardião da entrada entre o òrun e o àiyé, que lhe perguntou por que estava ali se não era aquela a sua hora? Alukósó, então, lhe fez um relato de sua vida. Quando terminou, Oníbodè lhe pediu que ficasse numa sala e o instruiu para ficar ouvindo as coisas que iam acontecer. Depois de algum tempo, ele ouviu vozes de pessoas que estavam no mundo e haviam chegado. Ouviu vários relatos de cada uma sobre seu destino, e como ele foi selado por Oníbodè. Quando todos haviam ido embora, Oníbodè cantou:Alukósó - Àiyé Alukósó do mundoSé o ngbó o? Vocês estavam ouvindo?Bi àiyé se nye mà rèé o É assim que se organizaa vida no mundoDessa forma, Alukósó tomou conhecimento de que as coisas que lhe iam acontecer na Terra estavam de acordo com o seu destino. Depois, Oníbodè lhe mostrou um local em que havia grande quantidade de gado e bens terrestres, dizendo que tudo aquilo seria seu após os 40 anos de idade, de acordo com o que foi determinado pelo seu destino. Mas agora ele estava privado de todo o seu futuro devido à sua impaciência.Alukósó caiu em prantos e pediu a Olódùmarè que lhe concedesse mais 10 anos de vida, nos quais poderiam usufruir da fortuna que lhe fora destinada...

XIILENDA DA FUNDAÇÃO DE OSOGBO

Três caçadores, Gbaemu, Balogun e Aramoro foram a um bosque perto da localidade de Ede para matar animais, eranko, quando em dado momento próximo ao rio escutaram um som sobrenatural que lhes dizia "Oso igbo... Oso igbo º.. o pele o rora o".Os três caçadores assustados, correram para suas casas. Passados três dias resolveram voltar ao mesmo local e, tornaram a ouvir o mesmo som e as mesmas palavras.Indignados resolveram consultar Ifá, para saber o porque do som e quem estava provocando aquele acontecimento, até então, fantasmagórico. Ifá respondeu-lhe que o som de Irunmale e de Oxun que ficassem perto dele, pois o mesmo iria ajuda-los.Passado algum tempo, os três caçadores, conforme haviam prometido a Ifá, transfeririam-se com suas famílias para o local onde haviam ouvido o som e para consolidar a promessa, construíram suas casas e ficaram morando no bosque com suas famílias.A liderança do grupo foi entregue a Balogun, por ter sido o primeiro dos caçadores a ouvir o som. Com a morte de Balogun, a liderança do grupo foi transferida à família de Gbaemu e, posteriormente, a família de Aramoro.O grupo cresceu e já se tornara um grande conglomerado de famílias quando Ifá, consultado, determinou que o primeiro som ouvido pêlos caçadores, "Oso igbo o", seria o nome da localidade.Por outro lado, Ifá determinou, também que a comunidade teria de professar o culto a Deusa Oxun.

XIIIA PENA DO EKODIDÉ

Existia numa aldeia uma sociedade só de mulheres virgens. Essas mulheres eram compradas por homens de posse só para casar com reis e príncipes, e elas passavam por ensinamento das anciãs. Existia, nesta aldeia, uma mocinha muito pobre e feia. Seu pai vivia muito triste e, um dia, disse: - Eu sei que nunca vou achar um comprador para você, Por isso vou te levar eu mesmo para o ensinamento das anciãs. A menina ficou muito triste, chorou e foi deitar. Então, chegou uma mulher muito bonita à sua cama, com uma cuia tampada na mão, e disse: - Olhe, amanhã é dia dos compradores virem. Eles vêm trazendo um príncipe para ele mesmo escolher uma mulher. Tem aqui ossum, waji, obi e ekodidé. Você come o obi e o resto passa no corpo. A pena de ekodidé você coloca na testa como enfeite. Fique na janela, porém não diga nada a seu pai, pois ele vai para a roça e não deve saber. A mulher entregou-lhe a cuia e a mocinha tornou a pegar no sono. De manhã, deixou o pai sair e fez tudo como a mulher mandou. Atou a pena na testa com uma iko, uma palha da costa. Neste momento, vinha passando uma caravana com o príncipe. Ele olhou para a janela e, vendo a mocinha, ficou encantado.- Que coisa linda! Será que é o que estou vendo? Chegou perto da janela: - Minha iyaô! Minha noiva! Todos ficaram boquiabertos e ajoelharam-se em frente à janela, admirados com tanta beleza e com a luz que emanava da bela donzela. O pai da menina veio chegando e o príncipe fez a oferta de casamento. Até o pai ficou admirado com tanta beleza. O casamento foi no outro dia e, quando ela foi dormir, sonhou que outra vez chegava junto à sua cama a mulher, que lhe dizia: - Olha, eu sou Oxum. Você é minha filha! – e sumiu. E a menina tornou-se princesa.

XIVA MULHER QUE SABIA DEMAIS

Existia uma mulher que achava que tudo quem mais sabia era ela. Uma amiga lhe disse: - Mulher, tira essa mania de tudo você dizer que sabe mais do que os outros. Os amigos e a vizinhança já andavam aborrecidos com ela e não queriam mais conversa, pois só ela sabia de tudo e sempre tinha razão. De certa feita, armaram uma cilada para desmascará-la. - Olha, vai haver uma festa na cidade e todos nós fomos convidados. E você? – perguntaram à mulher.- Ah!- ela logo gritou – Eu estou sabendo, pois até me chamaram para sair na frente da carroça – pois, naquele tempo, não havia carro. Aí, alguém logo disse: Mas será que você sabe que quem chegar primeiro à praça, e com o vestido mais engraçado, vai Ter um prêmio? - Eu sei! E já tenho uma idéia – ela logo respondeu. Então ela foi para a sua casa e começou a fazer a fantasia, a mais horrenda possível. E arrumou a sua carroça, mas ao mesmo tempo ficou matutando: - Eu não vejo ninguém falar nada... Hum... Mas, como é competição, tá certo! No dia da festa ela levantou cedo, se arrumou e foi para a praça, que já estava cheia. Ela começou a desconfiar de que tinha caído numa armadilha, e perguntou: - Como é que é ? Não vai haver competição? E aí todos começaram a rir e a vaiá-la- Ô mulher! Você não sabe tudo? Como você não sabia do que nós armamos para você? Pois tudo aquilo que nós lhe falamos, você diz logo "Eu já sei!" E não é assim! Ninguém sabe tudo. Às vezes, nós temos que recorrer aos nossos irmão, pois quem sabe tudo é Olorum. Tanto assim, que ele criou a nós e a você. Isto vai lhe servir de exemplo.

XVO COLHEDOR DE FOLHAS

Antigamente, não existiam tantos médicos e era muito difícil para a pessoa pobre conseguir tratamento. O que se usava nos tratamentos eram folhas e as raízes. Graças a Olorum e Ossâim, este hábito milenar está voltando. Nestes tempos, existia um homem que vivia de apanhar ervas para vender. Ele ia chegando, entrava no mato, não pedia licença e não tinha dono. Ele começou a sentir dificuldade de encontrar certas folhas de grande utilidade. Ele começou a ficar cabreiro e a achar que alguma coisa não ia bem. Existia, perto dali, uma Tia africana, e ele foi se queixar a ela: Olha Tia, eu sempre tirei folha para vender, mas agora eu entro no mato e não acho nada. Até parece que algo de ruim está para acontecer. Tropeço em cobra, marimbondo me morde, os mosquitos me pegam, a tiririca me corta. Até parece coisa mandada. A velha estava calada, só escutando. Quando ele acabou de contar, ela disse: - Você gostaria que alguém entrasse em sua casa, apanhasse o que é seu, chegasse em sua plantação, colhesse tudo e saísse sem lhe dar satisfação? Pois é isto aí! O dono dos matos não está gostando da sua ousadia. Entretanto na sua casa sem pedir licença e saindo sem dar satisfação! - Veja! Mato Tem dono! – respondeu ele com uma risada.- Não ria, pois o pior pode vir a lhe acontecer. Experimente entrar mais uma vez para colher folhas sem levar um agrado nem pedir licença – respondeu a africana.Ele ficou com medo e disse:- Ô Tia, me socorre, pois eu tenho filho para criar. - Tá com medo? - Eu estou. Se é assim como a senhora falou... – disse o homem. A velha viu que ele estava falando a verdade e se levantou. Apanhou um cachimbo, uma garrafa de cachaça, um punhado de milho, um pedaço de fumo, um fósforo, uma vela, e um coité.- Vai. Leva isso e ainda essa moeda, entra e pede agô a Ossâim. A partir desse dia o catador de folhas passou a pedi agô, licença a Ossâim, e toda vez que ele ia para o mato, levava uma oferenda. Assim, ele voltou a encontrar as folhas que ele buscava.

XVIIYÁ MI, A MÃE ANCESTRAL

Existia antigamente, uma mulher de uma idade já avançada que teve um menino e, no ato de partir, morreu indo para junto das mães ancestrais. Lá chegando, a mulher ficou muito triste pôr ter deixado o filho recém-nascido, precisando mamar. Contam muitos casos de Iyá Mi como má, mas em tudo existe o mal e o bem. Um tem cumplicidade com o outro e, ás vezes, o bem vence o mal. Foi o que aconteceu com Iyá Mi aquele dia. Ela chamou a mulher e disse: - Olha, nós aqui, quando saímos do mundo, chegamos aqui e temos de esquecer tudo. Mas como você está assim, triste com seu filho, eu vou lhe fazer virar uma coruja e você vai se assentar na cumeeira da casa que foi sua e ficar esperando. Quando não tiver ninguém no quarto, você se vira em uma mulher e amamenta seu filho. Isto acontecerá todos os dias até que ele fique forte e mais criado. Assim a mulher fez, até que o menino não quis mais pegar no peito. Todos diziam:- Engraçado, esta coruja todo dia ela senta em cima desta casa. Parece até agouro.Mas nunca desconfiaram de que ela era uma mãe ancestral. Assim ela de foi para o Orun, para o céu, para nunca mais voltar. Só em casos de grandes necessidades é que elas vêm aqui.

XVIIO CAROÇO DE DENDÊ

Quando o mundo foi criado, o caroço de dendezeiro teve uma grande responsabilidade dada pôr Olorum, a de guardar dentro dele todos os segredos do mundo. No mundo Iorubá, guardar dentro ele todos os segredos do mundo. No mundo Iorubá, guardar segredos é o maior Dom que Olorum pode dar a um ser humano. É pôr isso que todo caroço de dendê que tem quatro furinhos é o que tem todo o poder. Através de cada furo, ele vê os quatro cantos do mundo para ver como vão as coisas e comunicar a Olorum. E mais ninguém pode saber desses segredos, para não

haver discórdia e desarmonia. É pôr meio dessa fórmula que o mundo tem seus momentos de paz. Existe também o caroço de dendê que tem três furos, mas a esse não foi dada a responsabilidade de guardar os segredos.Existe uma lenda que diz que Exu, com raiva desta condição que Olorum deu ao coco dendezeiro de quatro furos, quis criar o mesmo poder de ver tudo à sua moda, com brigas e discórdias. Ele chamou o coco de dendê de três furos e disse.- Olhe, de hoje em diante, eu quero que você me conte tudo o que vê. Aí o dendê lhe respondeu: - Como? Se eu só tenho três olhos e não quatro, como meu irmão, a quem Olorum deu este poder? - Ousas me desobedecer a dendê? – disse Exu aborrecido. - Sim! Tu não és mais do que aquele que é responsável pela minha existência e a tua – respondeu o coco de dendê.Dizendo isto, sumiu. E Exu, desta vez, não foi feliz na sua trama.

XVIIIO HOMEM QUE SE CASOU E QUERIA TER FILHOS

Existia num lugarejo um homem que se casou e tinha uma vontade danada de que sua mulher parisse. Mas o deu lugar onde eles moravam era muito difícil encontrar uma aparadeira, uma parteira.Quando a mulher dele engravidou, o povo começou a lhe dizer: - Fulano, sua mulher já está muito velha para parir.- Que nada. Eu tenho fé em Nanã que tudo vai dar certo – disse ele, pois era devoto de Nanã. :Quando estavam chegando os nove meses, o homem sonhou que Nanã mandava sua mulher sentar na beira de uma Quarta- de- milho de farinha, que é uma caixa de madeira que no interior se usa para medir farinha, feijão, arroz, milho e cereais. Nanã mandava que , depois de sentar com as pernas abertas, a mulher forrasse o chão com bastante pano, e que ele desse uma garrafa a ela para assoprar. Ele, com um chapéu de palha na cabeça deveria dizer assim:Na Quarta tu te senta, a garrafa vai assoprando, Com chapéu eu te abano, e o filho tu vai botando, Em nome de Nanã, que vai te ajudando. Assim eles fizeram. Então a mulher pariu, e ele mediu três dedos e cortou o umbigo da criança. O homem enterrou a placenta com cuidado no quintal, com jeito para não botar emborcada. A criança se tornou um lindo menino, que ele deram a uma senhora que morava ali perto para batizar. Essa senhora não tinha filhos e era iniciada de Nanã. Até hoje, essa senhora é muito feliz, pôr Ter esse afilhado, e o pai satisfeito pôr Nanã ter ajudado a sua mulher a parir.

XIXO MENINO QUE TINHA MUITO SABER

Um homem tinha um filho que era dotado de grande sabedoria. O menino era muito respeitado pôr todos, mas seu pai dizia:- Menino, você pára, que eu não quero ver você envolvido nestas coisas de adivinhação.Mas moleque cada vez mais adquiria poderes. Vinha gente de longe para ouvir suas palavras e seus ensinamentos. Um dia ele acordou e disse para seu pai, que era lenhador: - Pai, esta noite tive um sonho com um velho que me dizia que tinha visto através dos búzios que hoje é Quinta – feira, e que o senhor não deve cortar madeira, que algo muito ruim vai lhe acontecer.O homem deu uns cocorotes no menino e foi para a mata trabalhar, sem se importar com o aviso. Lá chegando, foi cortar uma árvore. Perto desta árvore, quando ele começou a trabalhar, veio um vulto a espreitá-lo, e que fazia:- Ôooi! Ôoi!Ele ouvia isto toda vez que ele suspendia o machado para cortar a árvore. - Ah! Isso é ilusão. Eu estou com as maluquices daquele menino na cabeça. Vou continuar meu trabalho, pois não são essas maluquices que vão me dominar.

Bateu o machado e cortou a árvore. A mesma caiu sobre as suas pernas e o machucou bastante. O filho, que estava em casa, teve um pressentimento, pois não viu o pai chegar. Ele andou até a mata e o encontrou desmaiado com a árvore em cima das pernas. Chamou a vizinhança, que o levou para casa, mas o lenhador ficou paralítico. Isto é o preço pago pelas pessoas que, ás vezes, não ouvem um conselho, e pensam que elas são sábias. Todo ser aqui na terra habita tem a sua hora. As árvores também têm suas. Elas são responsáveis pelo progresso da mãe natureza e não devem se molestadas.

XXOYÁ SEJU

Oyá Seju era uma negrinha muito sapeca que era criada por uma mulher muito severa. A mulher não deixava Oyá Seju parada, era Oyá Seju pra lá, Oyá Seju pra cá.- Oyá Seju lava louça!- Oyá Seju vai à feira!- Oyá Seju passa roupa! - Oyá Seju apanha meu saco de costura!Oyá Seju já vivia danada, e suas perninhas sempre finas. Eram tão finas que pareciam um graveto.Um dia, a senhora virou e disse:- Olha negrinha, eu vou te dar esse pote de mel você ir vender. Só me apareça quando vender tudo.Lá se foi a sapeca negrinha com o pote na cabeça. Perto dali, morava um negrinho, capetinha como ela, e os dois quando se encontravam pintavam o sete. Neste corre para cá, corre para lá, quebraram o pote de mel. Aí, os dois se puseram a chorar. Então, veio de lá o gambá todo sujo de mel, com o corpo cheio de folhas, e viu os dois sentados na beira da estrada chorando. O gambá logo se condoeu e perguntou, pois, neste tempo os bichos falavam:- O que houve com vocês que tanto choram?- Eu querei o pote de mel que minha sinhá mandou vender, mas o culpado foi esse capeta, pois eu sou uma boa menina – disse Oyá Seju.O gambá olhou assim para ela, desconfiado, e começou a rir dizendo:- Eu sei. Pelos seus olhos e sua cara, já vi que você é um anjo! Só falta a asa. Mas eu estou com pena de vocês, e sei onde vocês podem arrumar mel. Só digo se você, negrita, falar a verdade. Vocês São irmãos?A moleca logo gritou:- Eu lá sou irmã deste moleque? Você veja, o nome dele é Idjebi. Que nome feio é este!O gambá lhe disse:- Você sabe o que quer dizer o nome dele? Quer dizer "sem culpa", e ele é um menino bom. Até agora, eu só ouvi você condenar ele, e ele assumindo a culpa. E você aí com essa cara de santa! Olha, eu só digo onde tem o mel se você também assumir a culpa. Do contrário, eu deixo você apanhar.A negrinha levantou e disse:- Olha, seu gambá, fui eu que chamei ele para brincar. Aí derramamos o mel.- Olha, a casa da comadre abelha é aqui perto. Ela é muito caridosa e trabalhadeira. Ela dá o mel a você. Num instante, ela faz outro. Mas não diz a ela que fui eu, pois eu não posso aparecer, porque toda noite eu vou lá roubar o seu mel – disse o gambá.O gambá ensinou como chegar à casa da abelha, e lá se foram eles.A abelha, que era muito boa, deu o mel, nem vendeu. A negrinha foi para o mercado, vendeu todo o pote de mel e levou o dinheiro para sua senhora.Sabe, essa história coloca que a gente nunca deve tirar da nossa culpa e botar no nosso irmão. Logo, Oyá Seju estava errada e Ibjebi, por ser um bom menino, não a condenou em nenhum momento.

XXIARAMAÇÁ

Esta história eu dediquei a aramaçá, que é um peixe que tem a boca torta. Eu vou contar uma história sobre uma filha de Yemanjá muito teimosa.Existe um peixe que tem a boca torta. Ele é chato, e é um dos maiores ewós de Yemanjá. Ewó quer dizer quizila. Um dia, o marido dessa filha de Yemanjá trouxe uma enfieira de aramaçá. Enfieira é uma vara fina que você enfia na guelra do peixe e vai botando um a um para ficar mais fácil para carregar. Quando ela viu o marido com a enfieira de aramaçá ficou contente, pois ela era louca por peixe. - Ah! Graças a Deus! Graças a Olorum! Hoje eu vou comer peixe.Ela Sabia que este peixe quem é de Yemanjá não come, mas, por teimosia, fez uma moqueca com bastante azeite-de-dendê e azeite-doce.Ela fez a moqueca e deixou em cima do fogão para esfriar, e foi lavar a roupa enquanto o arroz e o feijão cozinhavam. Ela, então, comentou com a vizinha:- Olha, eu não lhe disse que esse negócio de ewó é invenção, é ilusão? Eu fiz a moqueca... Limpei o peixe, temperei... Ta é cheirando. Você tá vendo o cheiro?A vizinha disse:- Tô. Ta me cativando. Eu acho que eu vou comer com você.Quando ela acabou de lavar a roupa, que foi destampar a panela dos aramaçás para comer, os aramaçás estavam todos vivos, mexendo os olhos e a boca. Elas saíram correndo, tanto ela quanto à vizinha, e não comeram o peixe. Tudo isto pra você ver, cada qual no seu cada qual! Se a pessoa tem o seu orixá, tem que respeitar o ewó daquele orixá para não criar complicação para si mesmo.

XXIICOMO ORUNMILA ALIMENTOU OS PRIMEIROS SERES HUMANOS

Ìyá Sandra Medeiros EpegaOlodumare, o deus criador, olhou Ilu Aiye, o planeta Terra, e viu apenas a terra, a água, os montes e vales. Era um local vazio, e ele chamou Orunmila, também chamado Ibikeji Olodumare, a segunda pessoa após Olodumare. Disse a ele: Prepare seus instrumentos de adivinhação, consulte o oráculo Ifá. Quero que a Terra seja povoada de homens e mulheres, que terão muitos filhos.Orunmila consultou os ikin e falou que os homens precisariam comer para sobreviver na Terra. Olodumare disse: "Beeni" (muito bem), e mandou que Orunmila perguntasse aos Orixá quem saberia o que seria dado aos homens. Exu disse que ele sabia qual a comida que os homens comiam. Os primeiros seres humanos chegaram a Ilu Aiye e Exu deu a eles madeira para comer. Em uma semana estavam todos de volta ao Orun. Quando Olodumare viu os homens de volta, disse: Mas já voltaram tão cedo? O que aconteceu?Os homens responderam que Exu dera a eles madeira para comer, que suas barrigas tinham furado, e todos eles tinham morrido. Olodumare disse: "Beeni". Chamou novamente Orunmila e disse a ele que perguntasse aos Orixá quem saberia o que se dava de comer aos homens. Obatala, rei das roupas brancas, e Yemoja, rainha das águas rasas do mar, disseram que eles iriam cuidar disso. Homens e mulheres voltaram à Terra , e Obatala e Yemoja deram a eles água pura e fresca para beber. Em uma semana estavam todos de volta ao Orun. Quando Olodumare viu os homens novamente ali, perguntou: Mas já voltaram tão cedo? O que aconteceu desta vez?Os homens responderam que Obatala e Yemoja deram a eles muita água fresca para beber. Seus corpos derreteram e eles voltaram ao Orun. Olodumare disse: "Beeni". Chamou Orunmila e disse a ele que consultasse novamente o oráculo Ifá, que desta vez os homens só viriam morar no Ilu Aiye quando houvesse certeza de que haveria para eles comida com fartura, para que só voltassem ao Orun na hora certa, depois de uma vida longa e proveitosa, plena de realização e alegria, deixando em Ilu Aiye filhos e netos.Orunmila respondeu a Olodumare que havia no Orun um ser estranho, chamado Osanyin, que poderia resolver o problema. Osanyin foi chamado, e prontamente jogou para Ilu Aiye muitas

cabaças cheias de sementes de grãos, de frutas, de favas, de todo o tipo de vegetação que hoje cobre o mundo. Jogou primeiro plantas de crescimento rápido, como "ewa", o feijão, "agbado", o milho, "ewe tete", o caruru, "yanrin", a verdura, para que os homens tivessem o que comer logo que chegassem à Terra. E nesse atirar de sementes, também Osanyin caiu na Terra, e lá brotou e ficou morando, um ser estranho como um tronco, um pé de pau, sem pai nem mãe, um ser da Terra, folha e tronco ele também.Os homens vieram então em definitivo, e se alimentaram das comidas nascidas das sementes do Orun. Comeram o que os Orixá comem, compartilharam seu cardápio e seus gostos, muita pimenta, muito inhame, muito milho, frutas e verduras, cebolas e tomates. E beberam muita água fresca, emu (vinho de palma) e shekete (cerveja de milho).Olodumare ficou feliz e disse aos Orixá: Os homens morarão em Ilu Aiye, e nos adorarão. Terão muitos filhos e sua descendência povoará a Terra. Também para lá enviaremos animais, que os seres humanos sacrificarão para nós, durante os Ebo Etutu. A carne destes animais será cozida em uma boa sopa bem apimentada, que os homens nos oferecerão com muito ebá e iyan, e juntos compartilharemos este alimento pleno de Axé. E em alguns anos as árvores de obi darão frutos e comeremos juntos o obi semanal.E, em terra yorubá, os pais contam aos filhos este ITAN Ifá, e dizem a eles que quando um homem acorda (chega ao Ilu Aiye), primeiro ele pega um pedaço de madeira e esfrega nos dentes (madeira especial chamada Pako, com propriedades anti-inflamatórias e anti-sépticas, que substitui a escova de dentes), depois enxágua a boca com muita água fresca. Só então é que vai se alimentar, sempre chamando os Orixá para compartilhar sua comida, com a frase: "Wa ba wa jeun, Oluwa" (venha comer conosco, Deus).

XXIIIANANSI E A TARTARUGA

Um dia, Anansi, a aranha, colheu alguns inhames na sua horta. Ela os cozinhou com muito cuidado e eles ficaram cheirando deliciosamente. Ela não podia esperar para sentar e comê-los.Nesse momento bateram à sua porta. Era a Tartaruga, que tinha viajado o dia inteiro e estava muito cansada e faminta."Olá, Anansi", disse a Tartaruga. Eu estou caminhando há muito tempo e senti o cheiro delicioso dos seus inhames. Você seria tão bondosa a ponto de dar-me um pouco?Anansi não pode recusar, como era costume no seu país, dividir a sua comida com as visitas. Mas ela não ficou muito feliz pois queria comer todos aqueles deliciosos inhames sozinha.Então Anansi bolou um plano.- Por favor Tartaruga, entre. Eu ficarei honrada de tê-la como minha convidada esta noite. Sente-se e sirva-se você mesma.A Tartaruga entrou e sentou-se. No momento em que ela ia se servir dos inhames, Anansi falou:- Tartaruga, você não sabe que a gente não deve se sentar à mesa com as mãos sujas?A Tartaruga olhou para suas mãos e viu que elas estavam bem sujas. Ela tinha estado a caminhar e não tinha tido a oportunidade de limpá-las.A Tartaruga levantou-se e foi até ao rio para lavar as mãos. Ela caminhou de volta à casa e Anansi já tinha começado a comer. Anansi foi logo dizendo:- Eu não quis que estes deliciosos inhames ficassem frios, então eu comecei a comer. Mas por favor junte-se a mim agora Tartaruga..A Tartaruga sentou-se de novo e já se ia servir de inhame, quando Anansi falou para ela:- Tartaruga, você não ouviu o que eu te disse antes? Não é educado vir para a mesa com as mãos sujas!A Tartaruga olhou e viu que as suas mãos tinham se sujado de novo, pois ela tinha caminhado sobre elas quando voltou para a casa de Anansi.Então a Tartaruga foi mais uma vez ao rio para se lavar. E quando voltou, caminhou cuidadosamente pela grama para que suas mãos não se sujassem de novo.Mas antes que se sentasse à mesa, Anansi já tinha acabado de comer o último pedaço dos deliciosos inhames, não sobrando uma migalha sequer.

A Tartaruga olhou para Anansi por um momento e disse:- Obrigado por dividir a sua comida comigo. Quando você for pelos lados da minha casa, por favor deixe-me retribuir a gentileza.Então a Tartaruga caminhou lentamente para a porta e seguiu o seu caminho.Os dias se passaram e Anansi pensava sempre naquele convite da Tartaruga para comer na casa dela.Anansi estava muito interessada num jantar grátis e finalmente não esperou mais, saiu em direção à casa da Tartaruga.Ele encontrou a Tartaruga tomando sol na beira do rio, justamente perto da hora do jantar.A Tartaruga o viu e disse:- Alô, Anansi, você veio para jantar comigo?- Oh, sim, sim! Disse Anansi, que estava faminta.A Tartaruga mergulhou no rio e nadou por baixo d'água para sua casa, para por a mesa do jantar para os dois. Logo ela retornou à margem do rio e disse para Anansi:- O seu lugar à mesa já está posto e o jantar está pronto. Por favor, Anansi, junte-se a mim.Então ela nadou por baixo d'água até a sua casa, sentou-se na mesa e começou a comer sua comida lentamente.Anansi pulou na água, mas não conseguiu chegar ao fundo do rio. Ela tentou nadar, mas era tão leve que ficava boiando na superfície.Ela tentou mergulhar. Ela tentou uma corrida para mergulhar, mas não conseguiu de jeito nenhum alcançar o fundo do rio.Enquanto isso, a Tartaruga ia lentamente comendo a sua comida.Anansi não estava a fim de perder um jantar grátis. Ficou andando de um lado para o outro matutando o que fazer. Finalmente ela teve uma idéia! Pegou uma pedra de bom tamanho, agarrou-se nela e pulou no rio.Agora ela foi capaz de mergulhar até o fundo e tomar o seu lugar na mesa.Anansi então tirou as mãos da pedra, para poder comer. Mas logo que soltou a pedra, boiou rapidamente para a superfície, indo parar na margem do rio.Desconsolada, Anansi enfiou a cabeça na água e viu a Tartaruga tranquilamente comendo a sua deliciosa comida.Moral da história:Quando você tenta enganar alguém, de repente pode ser você o enganado.

XXIVO Trovão e o Raio

O Trovão e o Raio (Nigéria)Há muito tempo atrás, o Trovão e o Raio viviam na terra entre as pessoas. Trovão era uma ovelha e Raio era um carneiro, filho dela.Raio não era muito popular entre as pessoas, porque quando alguém o ofendia ele explodia em fúria e começava a queimar o que quer que encontrasse pela frente. Isto geralmente incluía cabanas e silos de milho, e até mesmo grandes árvores. Algumas vezes ele danificou colheitas nas fazendas com o seu fogo e ocasionalmente matou pessoas que cruzaram o seu caminho. Assim que Trovão sabia que Raio estava se comportando daquela maneira ela elevava a voz e gritava com ele o mais alto que podia, e isso era realmente muito alto. Naturalmente os vizinho ficavam muito chateados. Primeiro o dano causado por Raio e depois o ruído insuportável produzido pela mãe dele, que sempre seguia as explosões dele.Os aldeões reclamaram ao Obá em várias ocasiões, até que afinal o Obá os mandou viver na periferia da aldeia, dizendo que eles não deviam mais se misturar com as pessoas.Contudo isto não surtiu efeito, pois Raio ainda podia ver as pessoas caminhando pelas ruas da aldeia e descobriu que ainda era muito fácil continuar a provocar brigas com elas.Afinal o rei os chamou novamente. " Eu lhe dei muitas chances para viver uma vida melhor, disse ele, mas eu posso ver que é inútil. De agora em diante, vocês têm que ir para longe da nossa aldeia e têm que viver na floresta. Nós não queremos ver suas caras novamente por aqui".

Trovão e Raio tiveram que obedecer ao rei e concordar em cumprir a decisão dele; assim eles deixaram a aldeia, zangados com os seus habitantes. Mas ainda haviam bastantes problemas reservados para os aldeãos, desde que Raio estava tão bravo com ser banido que ele ateou fogo na mata inteira, e como que era a estação seca isto foi extremamente danoso. As chamas se esparramaram para as pequenas fazendas das pessoas, e às vezes para as casas delas, de forma que elas ficaram novamente desesperadas. Eles ouviam freqüentemente a voz poderosa da mãe do carneiro, chamando o filho a atenção, mas, desde que isso sempre acontecia depois do fato, não fazia grande diferença. O rei chamou todos seus conselheiros e lhes pediu que o aconselhassem, e depois de muito debate eles deram com um plano: por que não banir Trovão e Raio para bem longe da terra, enviando os dois para morarem no céu?E assim o rei proclamou. Trovão e Raio foram despachados para o céu onde as pessoas esperavam que eles não pudessem fazer mais mal algum. Porém, as coisas não funcionaram bem assim, pois Raio ainda perde a paciência de vez em quando e não pode resistir a enviar fogo até a terra quando está bravo. Então você pode ouvir a sua mãe o reprovando, ralhando com ele em voz alta.

XXVCIDADES DEBAIXO DE ÁGUA

Também havia uma bela mulher que aparecia plena de juventude e viçosidade. Chamava-se Haraké e o seu poder de atração era tal que não se sabia se era deusa ou se pertencia à espécie dos humanos mortais. A lenda afirmava que Haraké tinha os cabelos tão transparentes como as próprias águas que lhe serviam de morada. Ao entardecer, a bela tinha por costume descansar à beira do Níger, e esperar assim até que chegasse o seu amante. Assim que este se reunia com ela, ambos entravam nas profundidades daquelas águas encantadas e profundas; a jovem levava o escolhido no seu coração através de maravilhosos caminhos que conduziam a faustosas e desconhecidas cidades. Nos seus esplêndidos recintos, e entre o som do tam-tam e dos tambores, teria lugar a ostentosa cerimônia que uniria o feliz casal para toda a vida.Todas as narrações da fábula exposta sublinham que foi Haraké quem conduziu o seu amante, e não vice-versa. Com isso se quer dar a entender que a mulher era muito respeitada entre certas tribos da África negra. Os seus privilégios provinham da sua consideração como mãe e esposa. Embora, ao mesmo tempo, apareçam representações femininas em atitude submissa mas, se se reparar no seu rosto, observar-se-á certa classe de serenidade que, no dizer de investigadores e antropólogos, indicava a importância concedida a essa espécie de mundo anímico, ou vida interior, com que devia vestir-se a mulher negra, sob pena de pôr em questão a sua condição feminina.

ÒRÌSÀ ORÍSegundo o pensamento da Cultura Yorùbá, o homem é constituído pelos seguintes

princípios vitais:ARA – corpo físico;ÒJÌJI – Essência Espiritual;OKÁN – literal “coração” com profunda relação com o èjè (sangue), sede do pensamento

intuitivo e fonte originária de todas as ações;ÈMÍ – sopro Divino, intimamente ligado a “respiração”. Quando uma pessoa morre se diz

que Èmí foi embora.ORÍ – literal “cabeça”, abriga Orí Inú, a Consciência, responsável pelo destino pessoal,

pelas oportunidades e dificuldades existenciais.Orí é a mais importante Divindade dessa constituição do Ser, visto que, por maior que

possa ser o empenho das outras Divindades em tentar fortalecer o Ser, tudo dependerá de ser sancionado por Orí. Única Divindade que vem do Òrun para o Àiyé junto com o Ser e com ele fará a viagem do retorno. Orí Inú já existia antes do nascimento do Ser no Àiyé, podendo ser comparado a palavra “alma” ou “espírito”, segundo nos relata um destes èsé Ìtòn Odù Ifá que

compõe o Odù Ògúndá Méjì nos informando que Orí é a única Divindade que acompanhará o Ser no além túmulo.

Todos nascem com um “destino” a realizar, mas isso não quer dizer que sejamos um “joguete” nas mãos das forças que “determinam” radicalmente os acontecimentos a serem vividos no Àiyé (no Mundo). O Ser tem o poder de decidir pelo rumo dos acontecimentos da sua própria vida, principalmente de modo responsável do seu desenrolar, ampliando sua consciência e conhecimentos, desenvolvendo e disciplinado sua vontade, um dito popular Yorùbá diz: “A consciência da própria responsabilidade exigirá a disciplina da vontade”.

Ifá diz que: “As realizações fundamentais da existência dependem não apenas de inclinações naturais ou da sorte, mas também dos esforços pessoais que, aliados à força do destino (Odù), promovem o desenvolvimento do ”Homem forte”, rico em saúde, genitor de prole numerosa e possuidor de respeitáveis recursos materiais.” ( Bàbálàwó Fabunmi Sowunmi)

Orí Inú (Eu interior) e Eléèdá (Destino pessoal trazido pelo Odù + Òrìsà individual) estão relacionados intimamente.

Nos conta Ifá em uma Ìtòn Orí Òfúnkònròn em sua tradução para o Português:“Ao amanhecer Olókònròn não colocou sua coroa”.Não colocou em seu pescoço seu ilèké nlá (Grande Colar) que revela sua realeza.Não vestiu roupas especiais de ide.É com nobreza que se trata o nobre.É com sabedoria que se trata o sábio.Quando o mais velho parte fica o mais novo em seu lugar.É com prosperidade que se cresce na vida.Orí que será coroado não precisa ser grande. O pescoço que ostentará o colar da nobreza não precisa ser grande nem comprido.O corpo que vestirá o vestido com roupa de ide não precisa ser grande.Foram eles que fizeram um Jogo Divinatório para Orí no dia em que ele estava vindo do

Òrun para o Àiyé.Orí perdeu-se e foi consultar Egúngún.Orí perdeu-se e foi consultar Oró.Orí perdeu-se e foi consultar Ifá, que é quem indica o caminho do Ser.Eléèdá, o Destino, indica ao Ser um bom lugar.Aquele que vem para o Mundo e deseja Ter sorte na vida deve perguntar à Ifá.O Ser que vem ao Mundo e quer ser importante deve deixar espaços para fazer perguntas.Não respeitar os conselhos dos outros, não respeitar as pessoas que podem orientar,

deixar de perguntar pelo caminho é o que faz o homem se perder.Orí o grande teimoso.Òrìsà chamou Orí.Ele diz que Orí não tem sabedoria:- Você não sabe que Òsó é o líder dos feiticeiros?- Você não sabe que Ajé é a líder das bruxas? O Ser é quem dá origem ao Ser.O animal é que dá origem ao animal.- Orí, você não sabe que a mosca, antes de vir ao Mundo, consultou Ifá?- E que quando o pássaro vem ao Mundo, antes de vir, consulta Ifá?- Você sabe que nem as árvores que estão na floresta vieram ao Mundo sem antes

consultar Ifá?- E que as folhas também não vieram ao Mundo sem antes consultar Ifá?Sòngó diz que quando você fala em sabedoria a uma pessoa e ela não entende, pode ser

chamada de Ko Si (não sabe – ignorante).Orí se cansou.Orí pensou muito e ficou cansado com seus problemas.Ele não sabia o que falar.

Não sabia o que fazer.Quem não pergunta por nossos problemas não saberá de nossos problemas.Ògún chamou Orí:- Aquele para quem você se esforça para transmitir sabedoria e não chega a ser sábio

(não aprende) é como uma árvore que não responde;- Aquele que você se esforça para transmitir conhecimentos e não chega a Ter

conhecimento é como uma palmeira em uma floresta;- Aquele cuja sensibilidade você estimula e não chega a ser sensível é como uma árvore

na qual se esbarra.- Aquele a quem você indica o caminho e não reconhece o caminho é como uma árvore

a que prestasse um favor.Ògún ainda diz para Orí:- Já te dei sabedoria. Agora procure mais sabedoria e junte à que já te dei.- Já te dei conhecimentos. Agora procure mais conhecimentos e junte aos que já te dei.Ògún foi embora dizendo:- Quando recebemos sabedoria de um sábio devemos acrescentar a ela nossa própria

sabedoria. Quando recebemos sabedoria, orientamos aos outros.O que detém sabedoria é chamado de sábio.O que conhece as coisas é chamado de conhecedor.O que tem sensibilidade é chamado de sensível.Orí pensou a respeito de sí próprio.Estava cansado de si mesmo.Orí foi consultar Èsú e lhe disse:- Você Èsú que é famoso e generoso, é você que vim consultar.Orí lhe disse que pensara tanto sobre os próprios problemas que chegava ao ponto de

sentir um nó no intestino.Èsú disse para Orí que seu problema era consigo mesmo e pediu a ele que o conduzisse

para o Mundo.Èsú lhe pediu:Três búzios;Um galo;Bastante azeite de dendê;Bastante oti (aguardente).Orí providenciou tudo.Èsú lhe disse:- Quem tem prosperidade no Mundo tem que separar a parte de Èsú.- Quem quiser procriar no Mundo não deve deixar Èsú para trás.E perguntou para Orí:- Você não sabe que eu sou o mensageiro de Elédùmarè?- E que sou eu quem estou atrapalhando seu caminho?- Que sou eu que estou te empurrando para todos os caminhos?Orí deu-lhe as costas e foi indo embora.Èsú o chamou para que voltasse.Disse-lhe que quando uma pessoa faz uma pergunta, deve aguardar a resposta.Èsú mandou que Orí o acompanhasse e o levou para a casa de Òrúnmìlà.Na casa de Ifá, Èsú deu para Orí um búzio para que ele falasse nele os seus problemas.Orí falou no búzio seus problemas e entregou a Òrúnmìlà.Òrúnmìlà fez o jogo.O que apareceu foi um símbolo de que Orí se perdera no caminho.Òrúnmìlà disse:- Orí, você se perdeu muito e foi parar no infinito. Sofreu tanto que já está perdendo os

cabelos.- Você andou e foi para na casa de Sòngó.

- Você andou e foi parar na casa de Ògún. Falaram com você pro metáforas e símbolos e você não entendeu. A terceira pessoa, que é Èsú, foi quem te trouxe aqui.

- Você não sabe que ninguém vai para o Mundo sem antes consultar Ifá?- Você não sabe que ninguém faz nada se deixar para trás a importância de seu Orí?- Você não sabe que ninguém faz nada sem pedir consentimento de seu destino?Òrúnmìlà pediu que Orí providenciasse os seguintes elementos para Ifá:

2 camundongos;2 peixes;1 galo ou galinha grande;1 cabra com chifres grandes;Obi grande;Orógbó grandeSèkèté (um tipo de aguardente).

Òrúnmìlà recomendou que Orí oferecesse um galo para Èsú.Òrúnmìlà recomendou que Orí oferecesse um obi de três partes e água fresca para seu

Eléèdá.Orí providenciou tudo.Fez as oferendas para Ifá, para Èsú e para seu Eléèdá, conforme instruído por Ifá.Após as oferendas Ifá respondeu para Orí:- O seu problema não está nem com Egúngún nem com Òrìsà. Seu problema é com seu

Eléèdá.

Se o homem tem prosperidade na vida agradeça a seu Orí.Se o homem tem progresso na vida agradeça a seu Orí.O homem deve venerar seu Orí porque ele é o primordial entre os Òrìsà.Orí é o mais velho dos Òrìsà.Òrúnmìlà chamou Èsú e mandou que indicasse o caminho para Orí.Quando Èsú chegou a encruzilhada que liga o Òrun ao Àiyé, mostrou o caminho que Orí

deveria seguir para encontrar seu Destino. E mandou que ele seguisse esse caminho entoando a seguinte cantiga:

“Meu problema não é com Egúngún; Meu problema não é com Òrìsà; Meu problema é com meu Eléèdá.”

CONCLUSÕES:

Devemos observar que Orí recebe ensinamentos de Èsú, Sòngó, Ògún e Òrúnmìlà.Ògún enfatiza que o esforço do Mestre não é suficiente para desenvolver o Aprendiz.

Tem que haver o empenho de ambos e determinada tarefa do Mestre cabe ao Aprendiz dar continuidade a busca de mais conhecimentos, pois para ele caberá o trabalho de levar conhecimento para outras pessoas.

Èsú mostra para Orí a necessidade de perguntar, sanar dúvidas e aguardar a resposta. Deixa ele claro também que uma das coisas que fez por desorientar Orí foi a negligência no trato com Èsú.

Já Òrúnmìlà, além de enfatizar que os ensinamentos dados por Èsú e Ògún salientam a necessidade de Orí seguir conselhos de quem orienta.

Acatado por Orí todos os conselhos e ensinamentos, mesmo assim é recomendado que ele retorne para ao Àiyé repetindo, para não se esquecer, que seus problemas e respectivas soluções serão encontradas na sua relação com seu Eléèdá.

Amèyìn Gbómo Ekùn - Luiz de ÒgúnCECY – Centro de Estudos da Cultura Yorubá – SP

ILÉ-IFÈ, O BERÇO RELIGIOSO DOS YORUBAS, DE ODÙDÚWÀ A SÀNGÓ

Aulo Barreti Filho

A cidade de Ilé-Ifè é considerada pelos yorùbá o lugar de origem de suas primeiras tribos. Ifè é o berço de toda religião yorùbá (culto aos òrìsà, Candomblé no Brasil), é um lugar sagrado, aonde os deuses ali chegaram, criaram e povoaram o mundo e depois ensinaram aos mortais como os cultuarem. Olódùmarè, o ser superior dos yorùbá, que vive num universo paralelo ao nosso, conhecido como òrun, através dos òrìsà por ele criado, resolve incumbir um dos òrìsà funfun (do branco), Òrìsànlá (o grande òrìsà) de criar e governar o futuro àiyé (nosso universo conhecido). Ele lhe entrega o àpò-Ìwà (o saco da existência) o qual contém todas as coisas necessárias para a criação, Òrìsànlá, de posse do àpò-Ìwà, põe-se a caminhar pelo òrun, para chegar à porta do espaço, até então vazio, que viria a ser o àiyé. Ora, Òrìsànlá, o òrìsà que usa um cajado ritual conhecido como òpá-sóró, durante o caminho se defronta com o igí-òpe (árvore do dendezeiro) e com o seu òpá-sóró, perfura o caule da árvore da qual começa a jorrar o emu (vinho da palma), e põe-se a beber, a tal ponto, que cai totalmente embriagado no pé da árvore e dorme profundamente. Odùdúwà, outro òrìsà funfun, que tinha ficado enciumado, porque Olódùmarè tinha entregado a Òrìsànlá o àpò-Ìwà, estava seguindo-o pelos caminhos do òrun, esperando que ele cometesse algum deslize, o que de fato aconteceu. Odùdúwà, encontrando-o, apodera-se do àpò-Ìwà e leva-o até Olódùmarè, narrando o acontecido, e, por este fato Olódùmarè, delega a o poder de criar o àiyé e incumbe a Òrìsànlá de somente criar e modelar os corpos dos seres humanos no òrun, sob sua supervisão e o proíbe terminantemente de provar o emu. Odùdúwà chegando ao àiyé cria tudo o que era necessário e delega poderes às outras divindades para governar a criação. Como Òrìsànlá já tinha moldado corpos suficientes para povoar o àiyé, Odùdúwà então, funda a cidade de Ilé-Ifè, que se torna a morada dos deuses e dos novos seres. Após tudo estar em pleno funcionamento, Odùdúwà casa-se com Ìyá Olóòkun (divindade feminina, responsável e dona dos mares) e torna-se o primeiro Oba (rei) do povo yorùbá, com o título de “Oba Óòni”, ou seja, o primeiro Óòni de Ifè. Com Olóòkun, Odùdúwà tem dois filhos, o primogênito, a divindade Ògún e uma filha de nome Isedele. O tempo passa e seus filhos tornam-se adultos, com isso Odùdúwà, que era uma divindade negra, porém albina, incumbe seu filho Ògún de ir para a aldeia de Ogotún, vizinha de Ifè, conter uma rebelião. Ògún, divindade negra, senhor do ferro, parte para sua missão e realiza o intento, trazendo consigo “Lakanje”, filha do rebelde vencido. Ora, Lakanje era espólio de Odùdúwà que era então o Óòni de Ifè, portanto intocável, mas Lakanje era muito bela e extremamente sensual e Ògún não resistiu aos seus encantos e com ela teve várias noites de amor, durante sua viagem de volta. Chegando a Ifè, ele entrega os espólios da conquista, inclusive Lakanje, a seu pai Odùdúwà. Também Odùdúwà não resistiu aos lindos encantos da mortal Lakanje e por ela se apaixona e acabaram por casar-se. Ògún nada tinha contado a seu pai dos fatos ocorridos e logo após o casamento Lakanje está grávida, desta gravidez nasce um homem de nome Òrànmíyàn. Só que o destino foi fatídico, Òrànmíyàn nasceu metade negro (cor de Ògún) e metade branco (cor do albino Odùdúwà) revelando assim, a traição de Ògún para com a confiança de seu pai. Com Lakanje, Odùdúwà teve mais seis filhos, que geraram as linhagens dos Obas yorùbá e que foram os precursores de sete principais tribos que deram origem à civilização dos yorùbá e, teologicamente falando, toda a população do mundo. O tempo passa e Òrànmíyàn torna-se o braço direito de seu pai em Ilé-Ifè, pois seus outros irmãos foram povoar regiões distantes. Odùdúwà ordena então que Òrànmíyàn conquiste terras ao norte de Ifè, mas Òrànmíyàn não consegue cumprir a tarefa e sai derrotado e, com vergonha de encarar o pai, não volta mais a Ifè, com isso funda uma nova cidade e lhe dá o nome de Òyó, tornando-se o primeiro Oba Aláàfin de Òyó. Casa-se com Moremi, uma mortal, da qual tem um filho, que recebe o nome de Ajaká. Após algum tempo, Òrànmíyàn investe em novas conquistas e volta a guerrear contra a Nação dos Tapas (onde havia sido derrotado), mas desta vez consegue uma grande vitória sobre Elempe, na época rei dos Tapas. Por sua derrota, Elempe entrega-lhe a filha Torosi, para que se case com ele. Retornando a Òyó, Òrànmíyàn casa-se com Torosi e com ele tem um filho, chamado Sàngó (um mortal, nascido de pais mortais, que somente após sua morte, foi entronizado como divindade). Após este período com inúmeras vitórias, a cidade de Òyó torna-se um poderoso reino. Òrànmíyàn, poderoso e redimido de sua vergonha, volta para Ilé-Ifè, para reinar no lugar de seu pai Odùdúwà, deixando em seu lugar, em Òyó, seu filho primogênito Ajaká, que se torna o segundo Aláàfin de Òyó. Mas Ajaká, meio-irmão de Sàngó, era muito pacífico, apático, e não realizava um bom governo. Sàngó, percebendo a fraqueza de seu irmão e sendo muito ambicioso e astuto, destrona Ajaká do poder e torna-se o terceiro Aláàfin de Òyó . Ajaká, também apelidado de Dadá, vai embora de Òyó, pois não poderia mais usar a coroa real de Òyó, e, com vergonha de ter sido destronado, jura que neste seu reinado vai usar uma outra coroa, que lhe cubra seus olhos envergonhados, e que somente irá tirar essa coroa quando ele puder usar novamente o Ade que lhe fora roubado. Essa coroa que Dadá Ajaká passa a usar chama-se Ade Bayánni. Dadá Ajaká então casa-se e tem um filho

que se chama Aganju, que vem a ser sobrinho de Sàngó. Sàngó reina durante sete anos sobre Òyó e, com intenso remorso das inúmeras atrocidades cometidas, suicida-se, enforcando-se numa árvore. Com o fato consumado, Dadá Ajaká vai até Òyó e assume o trono de que fora destronado. Retira então o Ade Bayánni e passa a usar o Ade Aláàfin, tornando-se então o quatro Aláàfin de Òyó. Após sua morte, assume o trono seu filho Aganju, neto de Òrànmíyàn e sobrinho de Sàngó, tornando-se o quinto Aláàfin de Òyó. Como Aganju não teve filhos, com ele acaba a dinastia de Odùdúwà em Òyó. Assim acaba o primeiro período de formação dos povos yorùbá. De Ifè até Òyó, de Odùdúwà a Aganju, passando por Sàngó. O que notamos nesse primeiro período é que, na realidade, o que se fala de Sàngó e a sua história nos Candomblés do Brasil são incorretos, levando os fiéis a crerem em fatos irreais. Notamos que Odùdúwà é um òrìsà funfun individual, é o pai do povo yorùbá e não uma simples qualidade de Òrìsànlá, ou seja, são divindades totalmente distintas, inclusive não se suportavam, pelos fatos vistos. Concluímos que Sàngó foi um simples mortal em vida, portanto tornou-se um Égún quando morreu, pois seus pais eram mortais. O que ocorreu em sua vida foi que a divindade feminina de nome Oya por ele se apaixonou e, no instante de sua morte, ela o pega e o conduz diretamente a Olódùmarè que, por insistência de Oya, o faz ressuscitar e tornar-se uma divindade, já que em vida Oya, perdida de amores, ensina-lhe vários segredos das divindades, principalmente o segredo do fogo que pertencia somente a ela, Oya, e que ela lhe ensina e lhe dá o poder, por paixão. Essa afirmação é facilmente notada, pois Sàngó é a única divindade do panteão que é assentada de forma completamente diferente, isto é, sua roupa é composta de várias tiras de panos, coloridas e soltas, caindo sobre as pernas, que lembra perfeitamente o tipo de roupa usada pelos Baba Égún, e seu animal preferido para sacrifício é também o mesmo dos Égún, o carneiro. Nos candomblés, citam Ajaká e Aganju como sendo “qualidades” de Sàngó, o que agora sabemos não ser possível, pois Ajaká é seu meio-irmão e Aganju é filho de Dadá Ajaká, portanto seu sobrinho, notoriamente pessoas mortais completamente distintas, que fazem parte da família de Sàngó, mas não tiveram a felicidade de se tornarem divindades. Também, no Brasil, faz-se uma cerimônia chamada de “coroa de Dadá” ou “Ade Bayánni”, que é levada ritualmente em uma charola durante as festas do ciclo de Sàngó, chamada de Bayánni ou Iyamasse. Ora, sabemos que quem usou este Ade foi Ajaká, apelidado de Dadá, de quem Sàngó roubou o trono, e que a mãe de Sàngó foi Torosi, filha de Elempe, rei dos Tapa, que ela não tem nenhuma importância teológica, somente histórica, por ter sido mãe de um Aláàfin. Não estamos condenando nem desmerecendo Sàngó, somente tentamos elucidar fatos notoriamente conhecidos na terra dos yorùbá.

(in ÉBANO, junho/1984)