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Conexão Verde Boletim do Escritório Técnico do Mosaico de Unidades de Conservação da Mata Atlântica Central Fluminense - Ano II - nº 3 - setembro/2010 David Peixoto Encontro de comunidades do Mosaico Central Fluminense foi um sucesso Página 3 Mosaico na TV e Rádio Fique por dentro das atividades do Mosaico assistindo à TV Mosaico (www.mosaicocentral.org.br) e ouvindo o novo programa de rádio, toda quarta- feira, às 10h30, na Brasil Rural FM, 105.5, em Teresópolis, ou pelo site www.brasilruralfm.com.br

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Informativo do Mosaico Central Fluminense

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Conexão VerdeBoletim do Escritório Técnico do Mosaico de Unidades de Conservação da Mata Atlântica Central Fluminense - Ano II - nº 3 - setembro/2010

David Peixoto

Encontro de comunidades do Mosaico Central Fluminense foi

um sucessoPágina 3

Mosaico na TV e RádioFique por dentro das atividades do Mosaico assistindo à TV Mosaico

(www.mosaicocentral.org.br) e ouvindo o novo programa de rádio, toda quarta-

feira, às 10h30, na Brasil Rural FM, 105.5, em Teresópolis,

ou pelo site www.brasilruralfm.com.br

2 Conexão Verde Ano II - nº 3 - setembro/2010

Conexão VerdeBoletim do Escritório Técnico do Mosaico de Unidades de Conser-

vação da Mata Atlântica Central Fluminense

Presidente do Conselho do Mosaico: Breno HerreraAssessoria de Comunicação e Jornalista Responsável: Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Mtb 18.152Articulação Política: Layse RodriguesFotografias: Equipe e cedidas pelas unidadesFoto da Capa: Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso)Arte gráfica: Camilo Mota/Jornal Poiésis - (22) 9201-3349Impressão: Sumaúma Gráfica e EditoraTiragem: 2000 exemplares

Escritório Técnico: Rua Rotariana, s/n, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Teresópolis-RJ, CEP 25.960-602, Tel. (21) 2512-1119, (21) 9514-3130, (21) 9973-9045.E-mail: [email protected]

www.mosaicocentral.org.br

A Estação Ecológica Estadual do Pa-raíso (EEEP), localizada no centro do Mosaico, foi criada pelo Decreto Esta-dual nº 9.803 em 12 de março de 1987 e hoje é administrada em conjunto com o Parque Estadual dos Três Picos.

A Estação Ecológica Estadual do Paraíso ganhará melhorias em sua in-fraestrutura. Ao todo três edificações passarão por reformas, sendo que uma delas será de finalização de obras e melhorias (alojamento de pesquisado-res) e as demais de recuperação (sede administrativa e centro de visitantes). O entorno das edificações sofrerá in-tervenções urbano-paisagísticas de forma a integrar e melhorar a acessi-bilidade ao conjunto edificado. Está prevista a construção de uma nova edificação para abrigar o contingente de guarda-parques e seus equipamen-tos de trabalho. Através destas melho-

rias, o Instituto Estadual do Ambien-te (Inea) objetiva consolidar e prover completa infraestrutura de apoio para administração, pesquisa e visitação pública na EEEP.

Os novos investimentos, no valor de R$1.068.780,94, possibilitarão, ainda mais, a efetiva administração e operacionalização da Estação Eco-lógica Estadual do Paraíso de acor-do com os objetivos de sua criação. Além disso, com estes novos espa-ços, o Inea visa implantar um núcleo de treinamento técnico e operacio-nal da Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas e prestar apoio ao Centro de Primatologia do Rio de Ja-neiro.

O encerramento das obras está pre-visto para março de 2011, quando a Estação completará 24 anos. Um gran-de presente de aniversário.

Paraíso ganha novos espaços Qual o papel da Educação Ambiental no atual cenário planetário?

Sandro VieiraGerente Executivo do Orbe Sustentável

A crise socioambiental, exaustiva-mente enfatizada por diagnósticos e modelos climáticos, já é uma re-alidade em todo o planeta. Deserti-ficação, escassez de água, aumento da temperatura global, refugiados ambientais... Esta constatação é in-sofismável e exige uma profunda transformação de valores em nível global, e uma radical renovação dos paradigmas estruturais do modelo de produção vigente. Nesse cenário de sombras e atores reais, a educa-ção ambiental não pode continuar apenas reproduzindo conhecimento científico. A perspectiva ecológica do século XXI exige uma educação ambiental crítica que seja capaz de

libertar o indivíduo da lógica mer-cadológica. Bem como, preparar as novas gerações para a inevitável adaptação, exigida pelas alterações provocadas na biosfera nos últimos 200 anos, pelo homem. Esta visão, longe de representar uma filosofia pessimista sobre o futuro da huma-nidade, pretende, antes, superar o inocente conceito de “conhecer para preservar” e proporcionar o desdo-bramento histórico na evolução dia-lética da educação ambiental, trans-formando-a em uma ferramenta de empoderamento socioambiental. A educação ambiental crítica vai além da informação cientifica ou cultural, ela deve estimular a participação da sociedade na gestão dos recursos naturais e na elaboração de políticas públicas sistêmicas.

I Encontro de Comunidades do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense realizado pela Câmara Técnica de Educação Ambiental e Divulgação

Conexão VerdeAno II - nº 3 - setembro/2010 3A “Mesma Nova” CTEAD e o I Encontro de Comunidades do MCFJaime BastosCEIVAP/Instituto IpanemaCoordenador da Câmara Técnica de Educação Ambiental e Divulgação do MCF

Ao assumir a coordenação da CTE-AD foi aceito o desafio de fazer voltar ao trabalho uma das Câmaras Técni-cas mais produtivas do MCF; tal mis-são foi agraciada logo na sua primeira reunião, pois logo após a definição da nova coordenação fomos procurados pela Secretaria Estadual do Ambiente – RJ com o objetivo de trazer ao ter-ritório do MCF um projeto já em de-senvolvimento pela mesma Secretaria no território do Mosaico Bocaina, o Programa nas Ondas do Ambiente, que tem como meta a implantação de rá-dios comunitárias nesses territórios.

O Programa nos foi apresentado pe-los seus coordenadores Márcia Rolem-berg (SEA) e o Professor Luiz Guedes (UERJ). Teve assim o início a realização de um antigo sonho dos participantes da CTEAD, o de promover um encon-tro das comunidades que estão inse-ridas no território do MCF bem como uma maior interação do MCF com as comunidades, das comunidades com o MCF e das comunidades com as comu-nidades.

Assim começamos a desenhar o Encontro, nosso primeiro desafio foi a mobilização das comunidades, pois diferentemente do Mosaico Bocaina, que contém em seu território popula-ções quilombolas, caiçaras, indígenas, pescadores já mobilizados por outros motivos, no MCF nossas comunidades são formadas em sua maioria por agri-cultores familiares, com presença de pescadores e catadores de caranguejo. A partir das características das nossas comunidades decidimos que o Encon-tro deveria ocorrer num sábado, por questões trabalhistas, optamos pelo dia 24 de julho de 2010.

Foi então definida a estratégia de usarmos o Conselho do MCF e os das UCs do MCF a fim de identificarmos lideranças comunitárias capazes de transmitir o ocorrido no Encontro às suas comunidades, também foram contatados os Gestores das UCs, para que estes nos indicassem tais lideran-

ças, utilizamos ainda o conhecimen-to sobre a região de participantes da CTEAD/MCF. Por entendermos que a mobilização seria a peça fundamental do Encontro dedicamos à maior parte de nossas energias nesse ponto, atra-vés de telefonemas, correios eletrôni-cos, carta aberta direcionada aos Ges-tores das UCs, boca a boca e até uma “invasão” na reunião secreta da CT de Fiscalização do MCF, onde participam apenas os Gestores das UCs.

Próximo item o local, a CTEAD pro-pôs que fosse o Parque Estadual dos Três Picos que possui novas estruturas capazes de receber confortavelmen-te o Encontro. Porém foi levantada a questão da mobilidade e acessos, ar-gumentos a parte um em especial foi fundamental para a decisão tomada se esses dois pontos não forem fáceis pode ser um desmobilizador e pela importância do evento a mobilização é fundamental. Então como não podía-mos dar chance ao azar, foi definido o Parque Nacional da Serra dos Órgãos por sua posição central no mapa do MCF, lá é meio do caminho para prati-camente todos que participam.

O desafio seguinte seria como pre-encher o dia, o que transmitiríamos aos participantes e que produtos eles poderiam nos fornecer. Foi simples solucionar essa questão, decidimos começar do começo. O primeiro pas-so foi definir a dinâmica do Encontro,

uma vez que esse teria a duração de apenas um dia. Começando pelo co-meço definimos que a parte da ma-nhã seria para apresentar o MCF e o Programa aos participantes e na parte da tarde os participantes produziriam Mapas Falados das suas regiões dentro do MCF.

Pronto, tudo resolvido, fácil não? Não. Como foi dito o encontro só Fun-cionaria se a mobilização funcionas-se, logo ficamos na função até o fim da tarde da sexta-feira véspera do En-contro. Uma preocupação constante, a quantidade de participantes, quantos conseguiríamos trazer, “To preocupa-do, não sei se teremos 15 pessoas.”, “Também estou.”, “Foi pedido almoço para 70”, “É verdade.”.

O I Encontro de Comunidades do MCF

Manhã de sábado, café com leite, frio, tudo pronto, vamos. Lá chega-mos e para nossa surpresa o seguran-ça do portão manda assim de bom dia “Rapaz tem uma porção de gen-te esperando vocês”. Segundos de silêncio dentro do carro, “Hã? Uma porção de gente?”, “É”, “Tá certo...muito obrigado”. Sobe ladeira, sim a primeira vista tinha mais de 15 pes-soas ou pelo menos quase isso, um bom dia aqui outro ali, traz mesa leva cadeira, um segundo café da ma-nhã, uma breve troca de idéias com e

entre os participantes, pronto vamos começar.

Às 09h32min teve início um dos dias mais surpreendentes que presen-ciamos, logo após todos os presentes no auditório se apresentarem e di-zerem quais eram suas expectativas com o Encontro, foi dito o porquê do convite e como o dia se desenvolve-ria. Começando pelo começo, vos foi apresentado o Mosaico Central da Mata Atlântica Central Fluminense, o que é isso, do que se trata, como funciona, porque disso, vantagens, desvantagens, facilidades, conceitos, tudo devidamente explicado pelo atu-al Presidente do Conselho Breno Her-rera, mais uma aula. Agradecido sim.

Com origem em uma parceria en-volvendo diversas esferas e diversos órgãos governamentais, onde equi-pamentos de rádios comunitárias foram cedidos às escolas estaduais o Programa Nas Ondas do Ambiente atualmente atinge 24 comunidades tradicionais, onde grupos são capa-citados como multiplicadores na arte de fazer rádio. Através das palavras de Márcia Rolemberg ficamos saben-do do seu sucesso e do seu poder com ferramenta social, na articula-ção das comunidades bem como o fortalecimento das mesmas, através das próprias vozes que entoam suas conquistas e demandas através do ar, livre e sem barreiras do Mosaico Bo-caina. E essa mesma ferramenta será doada a uma comunidade do MCF, só para começar.

“É...não para de chegar gente”, “Já percebi”, “Ó sei não hein.”.

Logo em seguida fomos contextua-lizados no assunto Rádio Comunitária, como e onde começou ainda lá atrás em 1986 e em 1989 o movimento das rádios livres teve mobilização em âm-bito nacional, foi dito ainda que em 1998 regulamentou-se a Lei das Rádios Comunitárias. Ouvimos também as di-versas experiências de rádios comuni-tárias e/ou livres que aconteceram e acontecem no território do MCF, suas dificuldades, suas vitórias e como foi o processo. Muito obrigado aos partici-pantes e ao Tião Santos, da instituição Viva Rio.

CONTINUA NA PÁG. 6

Conexão Verde4 Ano II - nº 3 - setembro/2010

Verde bem preservado em Duque de Caxias

O Parque Natural Municipal de Ta-quara está localizado em importante área, entre a REBIO Tinguá e a APA Petrópolis. O parque ainda precisa re-solver sua estrutura fundiária já que existem sítios dentro da unidade. Há construções importantes no parque como um bromeliário, um auditório e quiosques que necessitam de re-forma. Um dos potenciais do parque é a promoção de eventos culturais e

O Parque Natural Municipal de Pe-trópolis fica localizado no Centro Histórico da cidade e é mais uma im-portante atração turística. Seus 16,7 hectares de Mata Atlântica bem pre-servada ficam bem no centro da cida-de garantindo área verde em estado avançado de recuperação. Projeto da prefeitura pretende incrementar o uso público com uma praça temática, tri-lha com acessibilidade para deficien-te, anfiteatro aberto e jardim senso-rial. Uma ruína tombada pelo IPHAN será transformada em sede e centro de visitantes. O Conselho Gestor é muito ativo com membros da socieda-de civil e do poder público. Um Plano de Manejo está em fase de conclusão. O parque conta com a estrutura da Secretaria de Meio Ambiente e De-senvolvimento Sustentável, mas equi-pamentos próprios estão sendo ad-

A criação do Parque Natural Muni-cipal Montanhas de Teresópolis foi de extrema importância para o município. Esta Unidade de Conservação de mais de quatro mil hectares segurou a ex-pansão urbana que ameaçava algumas das mais bonitas formações rochosas e florestas bem preservadas de Teresó-polis. A criação do parque teve apoio da população que começa a compre-ender a relevância da Mata Atlântica bem preservada para a região. A pe-dra da Tartaruga, tradicional ponto de montanhismo, foi inclusa no parque. Antes local degradado e agora muito bem cuidado com trilhas sinalizadas e controle da visitação. A região de Santa Rita, alto Caleme e Córrego do Príncipe também está garantida contra a expansão urbana e rural desordena-da. As trilhas secundárias estão sendo

A RPPN Fazenda Suspiro é uma das mais novas integrantes do Mosaico Central Fluminense com mais de 18 hectares de Mata Atlântica em esta-do avançado de regeneração. Na pro-priedade encontramos importantes nascentes, incluindo a origem do rio Albuquerque. A RPPN tem papel fun-damental para segurar a expansão imobiliária na região de Albuquerque e fica na Zona de Amortecimento do Parque Estadual dos Três Picos (PETP). Na RPPN encontramos belíssimas bro-mélias e uma rica avifauna. Há relatos da presença de grandes mamíferos como o muriqui e a onça. Infelizmen-te, problemas como a caça, principal-mente de passarinheiros com arma-

científicos. O uso público é bem de-sordenado, principalmente nos finais de semana. O parque tem Plano de Manejo, mas com pouca aplicação. Fal-ta também formar Conselho próprio. Existem muitos problemas com caça e no setor Norte há ameaças de inva-sões. Um aspecto positivo é o projeto com crianças de comunidade chamado de Guarda Mirim. Escoteiros também são parceiros importantes.

Parque Natural Municipal: mais um atrativo para o Centro

Histórico de Petrópolis

David Peixoto

quiridos. Projetos de pesquisa devem ser desenvolvidos com universidades locais e com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Francisco Ferreira

Parque Montanhas de Teresópolis garante mais verde para a cidade

eliminadas para evitar degradação e caça. A regulamentação fundiária da Unidade de Conservação já está em processo avançado. Um Plano de Ma-nejo está sendo elaborado pela equipe da Secretaria Municipal de Meio Am-biente e Defesa Civil. Por enquanto o Conselho Gestor é o de meio ambiente do município, mas a ideia é formar um conselho do parque. A unidade conta com a estrutura da secretaria e com guardiões que atuam no próprio par-que. Projetos de Educação Ambiental acontecem em escolas locais e parce-rias de pesquisa estão sendo implan-tadas. Operações de fiscalização são realizadas pela equipe da secretaria e em parceria com o Mosaico, PARNASO e PETP. Fogo florestal é um problema grave, principalmente no inverno. Fato que depende também de parcerias.

RPPN Fazenda Suspiro protege área urbana em Teresópolis

dilhas, ainda é uma realidade. O fogo apresenta perigo de maio a setembro. A proteção depende da Secretaria de Meio Ambiente do município e da equipe do PETP. Os proprietários estão procurando recursos para a re-alização do Plano de Manejo e já es-tão organizando um conselho gestor composto por parceiros e moradores da região. Pretendem também cons-truir uma sede visando à educação. A propriedade está aberta para pesqui-sas científicas e educação ambiental e todo ano em maio uma atividade é realizada com escolas e comunidade.

Atuais proprietários: Antonio Nel-son e Carlos Alberto – contato: [email protected]

David Peixoto

Conexão Verde 5Ano II - nº 3 - setembro/2010

As belíssimas formações rochosas da região do Taquaril em Petrópolis se transformaram em área de prote-ção ambiental com a criação do Mo-numento Natural Pedra do Elefante, um dos mais novos membros do Mo-saico Central Fluminense. A unidade de conservação possui 530 hectares e é composta por muitos afloramentos rochosos, mata atlântica ombrófila densa e campos de altitude. Algumas áreas degradadas, principalmente por pastos, estão sendo recuperadas. O local abriga diversas nascentes com mais de 20 cadastradas. A região é extremamente rica em avifauna onde podemos encontrar algumas espécies endêmicas e raras. Pesquisadores es-tão realizando um importante inven-tário e catálogo e o turismo relacio-nado com a observação de pássaros é uma atividade crescente. A Pedra do Elefante é referência nacional em montanhismo. Problemas como o

A Área de Proteção Ambiental (APA) da bacia do rio Macacu está sendo con-templada com um Plano de Manejo e em breve com a implantação de um Parque Fluvial. A APA abrange parte dos muni-cípios de Cachoeiras de Macacu, Guapi-mirim e Itaboraí e ao considerarmos a bacia inteira se torna a maior unidade de conservação do Mosaico Central Flu-minense com mais de 80 mil hectares. Na região temos Mata Atlântica em bom estado de conservação e outras impac-tadas principalmente com atividades agrícolas tradicionais na região. Cacho-eiras de Macacu foi uma área de pecu-ária leiteira importante, mas hoje pre-dominam a fruticultura com destaques para a produção de goiaba, coco, mara-cujá, limão e banana. Na região temos também importante produção de oleri-cultura com ênfase para o milho verde. Imigrantes japoneses incrementaram as atividades agrícolas desde os anos 1950 e se dedicam principalmente ao cultivo de goiaba de mesa. A queda das ativida-des pecuárias nos últimos anos foi fator positivo para a regeneração da mata já que as atividades de olericultura e fru-ticultura são bem menos impactantes,

Monumento Natural Pedra do Elefante é referência em Montanhismo e Turismo na Serra

turismo irresponsável, com a degra-dação de trilhas e lixo, estão sendo enfrentados, principalmente, com a

criação de um Plano de Emergência que visa o controle da visitação. Mas, o mais grave problema são os incên-

dios como o de 2007 que destruiu grande parte do atual Monumento. A estrutura e a administração da Uni-dade de Conservação dependem do Departamento de Conservação e Re-cuperação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desen-volvimento Sustentável. Próximo da Pedra do Elefante encontramos mui-tas hortas e produção de shitake e ca-chaça artesanal. O turismo é a princi-pal atividade econômica com diversas pousadas e os moradores e adminis-tradores lutam para que aconteça de forma sustentável.

Contatos importantes para Turis-mo, Montanhismo e Observação de Pássaros: www.abrigodoelefante.com.br; www.sitiocaldeirao.com.br e www.pousadaparaiso.com.br

Atual administração da Unidade: entre em contato com Ana Alvarenga, Érika Brandão ou Paulo Leite: [email protected]

Francisco Ferreira

APA do rio Macacu vai ganhar Parque Fluvial

principalmente no aspecto da erosão do solo. Nas planícies de inundação da ba-cia ainda predominam atividades rurais que não respeitam as Áreas de Proteção Permanente nas margens dos canais flu-viais. Existe projeto de reflorestamento em andamento. Na região da APA temos também atividades industriais de grande

porte como as fábricas da Schincariol de bebidas e a Klabin de papel. Algumas atividades irregulares graves ainda ocor-rem como a caça e apreensão de animais silvestres e a pesca com rede nos rios. O maior impacto, entretanto, é a insta-lação em andamento do Complexo Pe-troquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ)

que provocará o aumento da população, do fluxo rodoviário, da poluição atmos-férica e influenciará todo o regime das águas e do escoamento superficial. O Plano de Manejo da APA da bacia do rio Macacu está concluído e contou com o importante e eficiente trabalho do Insti-tuto BioAtlântica.

Parque Fluvial - Parceria entre os go-vernos federal, estadual e municipal de Cachoeiras de Macacu está criando o Parque Fluvial do rio Macacu na entrada principal da cidade. Além de ponto turís-tico e área de lazer o parque vai garantir a proteção do canal fluvial. Trata-se de investimento de R$ 5 milhões. O Parque terá área de 80 mil metros quadrados e o projeto paisagista é de Fernando Chacel que trabalhou com Burle Marx. Conta-rá com ciclovias, instrumentos de lazer e será erguida uma sede para a APA. O conceito de Parques Fluviais surgiu na Europa como resposta aos projetos in-tervencionistas de engenharia de grande impacto. O conceito de Parque provou ser muito mais eficiente contra enchen-tes e assoreamento, além de trazer para a população aproximação e maior res-peito com os rios.

Francisco Ferreira

Conexão Verde6 Ano II - nº 3 - setembro/2010

“Rapaz lembra que a preocupa-ção ontem era de não vir ninguém?”, “Lembro.”, “Pois é...ela agora é se te-remos almoço para todos.”.

Tudo muito bom tudo muito bem, mas só ouvimos quem idealizou. Gos-taríamos de ouvir alguém de algu-ma comunidade tradicional onde o processo está em desenvolvimento, passamos a palavra à Laura Maria re-presentante do Quilombo Campinho da Independência, não só uma comu-nidade abrangida pelo projeto, mas a primeira a recebê-lo.

Laura nos contou da experiência em sua região, a luta e as conquistas do Quilombo, o reconhecimento de seus próprios moradores. Como a rádio for-taleceu a comunidade e hoje é peça fundamental no desenvolvimento da mesma, pois através dela eles conse-guem anunciar sua cultura, seus pen-samentos, produtos, eventos, fazer denúncias etc.

Vinte minutinhos de debates e con-siderações, ao almoço. “Ainda estou preocupado se a comida será suficien-te.”, “Ih relaxa, agora é só alegria.”, “Mais ou menos, tem que ter comida pra todo mundo.”, “Mas tem, tá tran-qüilo, vai dar na conta.”, “Tomara, bom vamos almoçar né.”, “Vamos.”.

Volta do almoço, uma breve reunião dos organizadores para definir como será a dinâmica dos Mapas Falados, tudo resolvido. Quinze minutos de descontração com sorteios de publica-ções e livros. Separamos os participan-tes em grupos representando regiões dentro do Mosaico, ficou assim: 1) Re-gião da Baixada Fluminense; 2) Região Serrana – Petrópolis e São José do vale do Rio Preto; 3) Região de Guapimi-rim, Magé e São Gonçalo e 4) Região Serrana – Teresópolis. Sensacional que maravilha de produção cada realidade, boa ou ruim, estava ali representada naqueles mapas. Mais uma grata sur-presa. Em seguida os grupos apresen-taram suas criações.

“Conseguimos, deu certo.”, “Deu, te falei.”, “Meus parabéns, foi um suces-so.”, “Foi mesmo, para você também.”.

Terminada as explanações fomos as considerações finais, foi explicado que esse seria o primeiro de uma série de

encontros desse tipo uma vez que o Programa está chegando no MCF e que junto com o processo pretendemos formar um Fórum de Comunidades do MCF e que esse seja um espaço real de debate, de participação na gestão do território e de referência na implanta-ção do MCF. Ficou definida a data de 11 de setembro para o II Encontro, porém forças externas nos forçaram a trocá-lo para o dia 23 de outubro, estando con-vidado quem leu. Encerramos a sessão às 17h13min.

Como resultado do Encontro tive-mos a presença de 60 participantes entre Sociedade Civil, representantes do poder público e diversos atores sociais; estiveram representadas 17 comunidades e 8 UCs. É bom? Não. É ruim? Não. Sentimos falta de alguém? Sim. Mas para um primeiro encontro consideramos que o saldo foi extre-mamente positivo. O fundamental é a mobilização.

A “Mesma Nova” Câmara Técnica de Educação Ambiental e Divulgação do

MCF

Atualmente temos na Coordenação Jaime Bastos (CEIVAP/Instituto Ipane-ma), na Secretaria Executiva Julliane Feitosa (Orbe Sustentável), alguns co-laboradores fixos como a Cristina Lydia (Ed. Amb. Parque do Lago), o Francisco “Chicão” Pontes de Miranda (Escritório Técnico), Marcus Gomes (ICMBio), Ma-riana e Eraldo (RPPN El Nagual) e mais todos que atendem nosso chamado. Procuramos nos reunir uma vez por mês, nossa próxima reunião será dia 1º de outubro no PARNASO em Tere-sópolis.

*caso queira saber maiores detalhes sobre o Encontro, leia nossos relató-rios no site do Mosaico.

CONTINUAÇÃO DA PÁG. 3

A “Mesma Nova” CTEAD e o I Encontro de Comunidades do MCF

Águas e Florestas e Pagamento por Serviços Ambientais

Sabemos que tanto as encostas – principalmente os topos de morros onde estão os ma-nanciais – quanto as matas ciliares são essenciais para a produção de água. Esta consci-ência está crescendo e em muitos locais do Brasil surgem projetos para remunerar quem preserva florestas e assim garante a produção de água. O proprietário que se esforça para preservar áreas importantes para a produção de água passa a receber um pagamento para isto. O primeiro projeto de Pagamento por Serviços Ambientais do Brasil surgiu no município de Extrema em Minas Gerais. A região é essencial para a produção da água que abastece a Grande São Paulo. Milhões de pessoas dependem diretamente das florestas do sul de Minas Gerais bem preservadas e é justo que os proprietários que conservam a floresta ganhem com isto. Em agosto de 2010 vários membros de Comitês de Bacias Hi-drográficas, ambientalistas e representantes do poder público do Estado do Rio de Janeiro se reuniram no município de Paracambi para discutirem e implantarem projetos de Paga-mento por Serviços Ambientais. Foi o Primeiro Encontro de Águas e Florestas do Estado do Rio de Janeiro. Deste importante encontro surgiu a primeira Carta de Águas e Florestas que reproduzimos abaixo.

“Conscientes de que a água é um pon-to central e unânime no debate sobre a sustentabilidade, e de que, historica-mente, vem se provando o papel funda-mental das florestas na administração deste recurso na biosfera, organizações não-governamentais, representantes de governos municipais, dos comitês de bacia hidrográfica e da Reserva da Bio-sfera da Mata Atlântica, reunidos no 1o Encontro Estadual de Águas e Florestas (em Paracambi/RJ), vem expor para toda a sociedade fluminense os caminhos con-sensuadas neste encontro e que busca-rão unificar a luta pela conservação deste recurso essencial para vida, mas que vem se tornando cada vez mais escasso.

Na natureza - sobretudo no contexto do Bioma Mata Atlântica - a floresta cum-pre uma função fundamental na intercep-tação, infiltração e administração da umi-dade no solo, abastecendo os lençóis e aquíferos que, por sua vez, brotam na for-ma de nascentes que formam os corpos d’água. As plantas constituem alimento e abrigo para a fauna e suas raízes mantém o solo. Este conjunto de interações eco-lógicas influencia diretamente o clima e o conjunto da biomassa florestal constitui um imenso estoque de carbono.

Todas estas funções ecológicas da floresta constituem serviços ecossistê-micos fundamentais para a vida, para as atividades econômicas e para o lazer da população: água abundante e em quali-dade, solos férteis, manutenção da biodi-versidade, espaços de recreação, belezas cênicas e um clima estável. No entanto, tradicionalmente estes serviços ecossis-têmicos não têm valor na nossa econo-mia e, por isso, os investimentos neces-sários à sua manutenção ou recuperação (no caso da exploração destes recursos)

não vem sendo suficientemente incluídos na formação dos preços dos produtos e constam nos orçamentos públicos e pri-vados de forma incipiente. Entendemos que a valoração dos custos de manuten-ção destes serviços e a sua inclusão no planejamento econômico do Estado e das empresas constitui elemento funda-mental para a correção de equívocos eco-nômicos que têm sido praticados e que nos levaram a um contexto de profunda crise ecológica e social.

Destacamos, neste processo, a im-portância da gestão pública e descentra-lizada das Águas e Florestas, por meio da implementação de Comitês de Bacia Hidrográfica e seus instrumentos de ges-tão, cujas estruturas devem espelhar a sua importância estratégica para a con-servação do elemento essencial para a vida, que é a Água.

Neste sentido, enfatizamos a im-portância de uma política e programas públicos articulados ao Pacto do Sanea-mento, que sejam voltados para a Revita-lização dos Mananciais. Estes programas devem buscar como princípio a conser-vação e recuperação desta relação entre a Floresta e Água, tendo como instru-mentos a conservação e restauração de florestas em áreas prioritárias, o fortale-cimento e ampliação do ICMS Ecológico e o Pagamento por Serviços Ambientais. Ao integrar estas ações, temos a convic-ção de que conseguiremos rapidamente estruturar uma economia e um mercado verde no estado, que gera renda e tra-balho para milhares de pessoas e que reverte o atual quadro de degradação socioambiental que ameaça aprofundar a crise entre demanda e oferta de água e dê outros serviços ecossistêmicos no estado”.

Conexão Verde 7Ano II - nº 3 - setembro/2010

Cristina Lydia

O Parque do Lago é um espaço de edu-cação ambiental no centro de Teresópolis situado entre o Parque Estadual dos Três Picos e o Parque Nacional da Serra dos Ór-gãos e relativamente próximo do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresó-polis.

Nossa prática educativa propõe uma re-significação do olhar, um dia de prazer aliado à reflexão sobre as questões do am-biente.

Acreditamos que a inserção de refle-xões sobre o ambiente e a compreensão da inter-relação entre todos os seres que a Educação Ambiental promove colaborará para o desenvolvimento de ações que pro-moverão grandes mudanças de atitudes e de construção de valores imprescindíveis para este milênio.

Nosso trabalho é oferecido para gru-pos de escolas, universidades, empresas, ONG’s, igrejas e comunidades. Os grupos atendidos são de no máximo 40 e no mí-nimo 25 participantes. A oficinas duram 3 horas de sensibilização. Para grupos de outros municípios o atendimento é feito de manhã até o fim da tarde com almoço e dois lanches incluídos, sendo 6 oficinas oferecidas durante o dia.

As Oficinas para Crianças contam com os seguintes passos:

Começamos numa ilha no Ateliê de Con-tação de Histórias introduzindo a questão ambiental através dos mitos indígenas bra-sileiros. Depois disso fazemos uma cami-nhada e visitação a nascente fazendo uma reflexão sobre a água e sua relação intrín-seca com as florestas.

Passamos então para um passeio à horta falando sobre alimentação, saúde e consu-mo. Neste momento paramos para um lan-

Francisco Pontes de Miranda Ferreira

O nosso grande objetivo é buscar avanços sociais e não apenas a eficiência econômica baseada no lucro. Através de projetos renova-dores as ações ganham um sentido, visando vencer a miséria, a violência, as desigualda-des e o isolamento. Temos que urgentemente transformar nossas consciências, nossas rela-ções com as pessoas e com o universo total. Temos que ir além de nossos mundinhos in-dividuais e imediatos e transcender para uma visão Gaia - uma nova forma de consciência que inclui tudo – os seres vivos, as rochas, os sonhos e tudo mais como um único organis-mo complexo e interligado. A viabilidade de projetos políticos e econômicos tradicionais está ultrapassada. Precisamos renovar. No município de Magé, na Baixada Fluminense, encontramos esta renovação em plena ascen-dência. Trata-se da experiência do Colégio Agrícola localizado na Fazenda Conceição de Suruí. No dia 13 de agosto o colégio come-morou 10 anos e o projeto do Centro de En-sino Integrado Agroecológico Barão de Lan-gsdorf (Projeto CEIA) completou nove anos. Apontando para o futuro, neste mesmo dia, a instituição assinou um importantíssimo con-vênio com a Universidade Federal Fluminen-se (UFF) visando parceria em vários projetos muito avançados.

A área rural e florestal vem perdendo terri-tório com a chegada de condomínios e a pro-dução agropecuária concentrada em peque-nos grupos e com uso extremo de agrotóxicos. A área urbana se estende de forma irregular, ocupando encostas, mananciais e beira de ca-nais fluviais. Instabilidades sociais e ambientais tendem a ser potencializadas pelo adensamen-to da ocupação e o processo de favelização. A implantação do Colégio Agrícola de Magé e do Projeto CEIA é a maior contribuição social e ambiental que a região da Baixada Fluminen-se próxima à Serra dos Órgãos já recebeu e tem contribuído muito para reverter o quadro acima descrito. É a maior garantia que temos para a preservação das atividades agrícolas na região evitando-se a expansão urbana desor-denada. É também a instituição que garante a preservação ambiental com práticas sustentá-veis na região que compõe a Área de Proteção Ambiental de Suruí. A vida dos rios que ainda abastecem a baía de Guanabara com água lim-pa também depende de projetos como este. A garantia de educação de qualidade e formação técnica é a única forma que temos de manter um desenvolvimento socioambiental estável na região e o Colégio Agrícola de Magé promo-ve isto com extremo esforço e com a busca de renovações. Os projetos de desenvolvimento local baseados na sustentabilidade ambiental

Iniciativas positivas dentro do Mosaico

representam uma oportunidade para a cria-ção de cidadãos competentes, participativos e conscientes da necessidade de preservação dos recursos naturais para as gerações futuras.

A paixão por mudanças deve ser aliada a uma gestão eficiente e é isso que encontra-mos no Colégio Agrícola de Magé. A história da construção dessa instituição foi árdua e cheia de obstáculos. Mas, podemos conside-rar vitoriosa. As conquistas são concretas e o professor Luiz Carlos Gomes Carneiro e toda a equipe estão de parabéns. A experiência rompe com os sistemas tradicionais, rompe com o pensamento linear. Trata-se de uma ex-periência sistêmica e dinâmica como deve ser qualquer empreendimento hoje. Os exemplos são concretos como: o sistema de captação solar que promove a sustentabilidade com o uso de energia alternativa e renovável; as di-versas atividades dos alunos do curso técnico em agropecuária com o viveirismo com mudas da Mata Atlântica para reflorestamento de áre-as degradadas próximas, a criação de peixes e aves, a ovinocultura, as hortaliças e a fruticul-tura; temos também o biossistema integrado para reciclar os nutrientes do esgoto. Além disso, laboratórios, salas de informática e uma biblioteca rural de ótimo nível já funcionam e estão sendo aperfeiçoados.

Para o futuro próximo, através do importan-te convênio com a UFF e outros que estão sen-do desenvolvidos, o projeto continua a todo vapor. Temos como exemplo a otimização no uso de insumos agrícolas como preocupação ambiental. Metodologia que vai contar com o uso de equipamentos de precisão. Novamente rompendo com a linearidade, temos a introdu-ção da bioarquitetura na construção de duas novas salas de aula com telhado verde, tijolos ecológicos, tratamento de esgoto, reusos de água, iluminação econômica e tratamento tér-mico. Diversas técnicas para agregar valor aos alimentos produzidos serão implantadas. Não temos dúvidas que as renovações serão muitas nestes próximos dez anos.

Acreditamos que uma sociedade evolui à medida que se torna capaz de responder aos desafios históricos provocados pela pobre-za, falta de mobilização, injustiças sociais e degradação ambiental. De todas as formas, encontramos no Projeto CEIA e no Colégio Agrícola de Magé a vanguarda do desenvol-vimento de projetos sistêmicos de cunho so-cioambiental. A qualidade de vida da região tem este projeto como o seu principal aliado e que promete muito mais para o futuro pró-ximo. Em nome da sociedade brasileira agra-decemos iniciativas como estas que podem ser consideradas referência, a serem replica-das em todo o país. O projeto já é história, mas é também futuro.

Colégio Agrícola de Magé comemora 10 anosParque do Lago experimenta um novo Olharche no jardim e iniciamos a observação da Avifauna local, aproveitamos para divulgar o projeto Pássaro Legal é Pássaro Solto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Ain-da neste local, na beira do lago, fazemos uma observação das espécies aquáticas e refletimos sobre os rios do nosso municí-pio. Para finalizar, a Oficinas das crianças, fechamos com o Ateliê de artes plásticas, o Registro dos sentidos, colagem com ma-teriais coletados no local.

As Oficinas para jovens e adultos se-guem o mesmo percurso mas introduzin-do outras temáticas de reflexão. Iniciamos com uma sensibilização com a natureza numa dinâmica de integração.

Passamos a observação das espécies da flora nativas e exóticas todas nomeadas no parque e a reflexão sobre esta importante informação e conseqüências biológicas e ambientais da mistura de espécies de bio-mas diferentes. A Seguir, vamos a nascente e conversamos sobre a interdependência entre Águas e florestas.

A próxima oficina é sobre a Agenda 21, Noções básicas para a elaboração da agenda 21 escolar e uma elaboração de uma agenda 21 pessoal. A seguir, vem a Oficina de participação social Cidadania e Meio Ambiente onde apresentamos as ins-tancias de participação sociais municipais como conselhos e comitês, incentivando a participação social e cidadã nas políticas públicas do município.

Fechamos sempre com o Ateliê de artes plásticas Regstrando dos sentidos viven-ciados neste dia de lazer e conhecimento.

Oferecemos também Oficinas de Educa-ção Ambiental e consultorias para educa-dores.

Os contatos do Parque do Lago são 2743 0404 ou 91185379 ou pelo e-mail [email protected].

Conexão Verde8 Ano II - nº 3 - setembro/2010

Ampliação da REBIO Araras fortalece corredor da biodiversidadeRicardo Ganem Leal - GeógrafoChefe da Reserva Biológica de Araras GEPRO/DIBAP/INEA

Com a transferência sazonal da sede do Império para Região Serrana, levada a termo por D. Pedro II no final da primei-ra metade daquele século, Petrópolis ga-nhou status de região economicamente importante.

Com o Plano Koeler implementado a partir de 1843, a cidade começou a cres-cer, bem como as localidades em que hoje estão as sedes de seus distritos. As antigas trilhas de ligação com o interior e o médio Paraíba se tornaram novos corre-dores de crescimento e ocupação.

Até o final da primeira metade do sécu-lo XX, as propriedades e sesmarias foram sendo recortadas sucessivamente, en-quanto seus recursos naturais iam sendo explorados: madeira, essências vegetais, solos etc. O tipo de exploração era despi-do de qualquer critério conservacionista e era marcado pela típica seqüência: ex-ploração madeireira, exploração lenheira e carvoeira – implantação de pastos e ro-ças, culminando com um semi-abandono após os anos sessenta.

Nos anos setenta, os condomínios co-meçam a aparecer e nos oitenta já eram partes importantes do desenvolvimento da região. A entrada deste corredor no circuito turístico de finais de semana da classe média e média-alta representou importante marco no processo de uso e ocupação do solo, consagrado após os anos setenta e oitenta. Representa hoje nova forma de pressão sobre os recursos naturais, com fragmentação de proprie-dades, demanda de recursos hídricos e problemas sanitários.

As terras que compõem a Reserva Biológica de Araras correspondiam à Ses-maria dos Maltas. Relatos antigos regis-traram a existência de quilombos nessa região no século XIX. Nela se desenvol-veu agricultura de subsistência de forma intensiva, provocando o desmatamento da região. No entanto, pelas dificuldades de acesso ao vale, a cobertura vegetal da região conseguiu se regenerar em flores-ta secundária tendendo ao clímax.

Histórico de criação da Reserva Biológica de Araras

Através da Constituição Federal de 24 de fevereiro de 1891, o Art. 64, parágrafo único determinou que: – “Os próprios na-cionais, que não forem necessários para

o serviço da União, passarão ao domínio dos Estados, em cujo território estiverem situados” tornaram-se terras devolutas da União. Em 08/04/1948, o Secretário de Agricultura, Dr. Edgard Teixeira Leite, soli-citou a utilização da área.

O termo de entrega e recebimento do imóvel que entre si fazem os Secretários das Finanças e o de Agricultura Indústria e Comércio do Estado do Rio de Janeiro se deu em 04/01/1949.

Em 20/11/1950, foram instituídas, pelo Decreto Federal nº 28.879– “Declara pro-tetoras de acordo com o Art.4 letras “a” e “b”, do Decreto nº 23.793 (antigo Código Florestal, de 23/01/1934), as florestas que indica “seguem na íntegra”.

“O Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o artigo 87 nº 1 da Constituição Federal, decreta”:

Art. 1º - Ficam declaradas protetoras, de acordo com o Art. 4º itens “a” e “b”, do Decreto 23.793, de 23 de janeiro de 1934, as florestas, denominadas Araras de propriedade do Governo do Estado do Rio de Janeiro existentes na faixa de terras em limites já perfeitamente cons-tituídos e de área aproximada de 2.000 hectares, situada nas nascentes do Rio Araras, afluente do Rio Piabanha, no Mu-nicípio de Petrópolis, do supra menciona-do Estado.

Passou a ser Horto Florestal e Frutícola de Araras pelo Decreto Estadual nº 4.281, de 08/10/1962. Através da Lei Estadual nº 6.003 de 11/12/1967 – Projeto nº 279/67 – D.O. de 11/12/67 – passou a constituir patrimônio da FLUBEM Art. 4 item 5 da

letra “a”. A Lei Estadual nº 6.919 de 05/09/1972

– D.O. de 06/09/72 – Suprime o item 5 da letra “a” do Art. 4º da Lei nº 6.003 de 11/12/1967 e vincula à Secretaria de Agri-cultura e Abastecimento a Fazenda Araras no Município de Petrópolis.

O Decreto Nº 16.527 de 09/10/74 deu nova denominação ao Horto Florestal e Frutícola de Araras – “Art. 1º Passa a denominar-se Estação Experimental de Horticultura o Horto Florestal e Frutícola de Araras”.

Em 20/08/1975, através de uma re-solução da Secretaria de Agricultura e Abastecimento foi aprovado o regimen-to Interno da Secretaria de Agricultura e Abastecimento Agrícola de Araras.

Há, por conseguinte, um decreto fede-ral nº 28.879 expressamente pertinente á área, qualificando-a como reserva flo-restal, protetora de mananciais do Rio Araras e enquadrando-a no antigo código florestal.

O atual Código Florestal em vigor, Lei nº 4.771 de 15/09/1965, no seu Art. 3º “Considera-se, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas as demais formas de vegetação natural des-tinadas” tem aplicação direta pelos itens a, c, d, e, f : - atenuar a erosão, formar faixas de proteção das rodovias, auxiliar a defesa do Território Nacional a critério de autoridades militares, proteger e asilar exemplares da fauna e flora ameaçados de extinção, itens que, além da proteção dos mananciais do Rio Araras e também

da Vargem Grande se coadunam inteira-mente com a ex-Fazenda de Araras.

A Comissão de Implantação do Siste-ma de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo - SISDACTA – órgão do Ministério da Aeronáutica, assinalou a presença confirmada de 20 espécies de animais de pelo e de 53 de penas.

Acrescente-se ainda que o Código Flores-tal é explícito no seu Art. 10 – “não é per-mitida a derrubada de florestas situadas em áreas de inclinação entre 25 a 45 graus”.

Os pendores acentuados do relevo da Fazenda, com afloramento da rocha matriz, o granito, nas partes elevadas e blocos graníticos, rolados, nos vales e agrupados nas encostas aclivosas, com inclinações superiores a 25 graus, tornam impraticáveis suas terras para a agricultu-ra. Uma análise de capacidade e uso da terra, aplicada a fazenda elegeria apenas cerca de quatro hectares, na localida-de conhecida como Ponte Funda, como aproveitáveis para um pequeno projeto agrícola experimental em que se pudes-se promover a aplicação de tecnologia moderna. A proposição acertada, reco-mendável, seria a da criação do Parque Estadual de Araras ou Reserva Biológica conforme o Art. 5º do Código Florestal, com a finalidade de resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das belezas naturais, com a utilização para objetivos educacionais, recreativos e “científicos”.

Apenas em 7 de julho de 1977, atra-vés da Resolução nº 59, é que foi criada a Reserva Biológica de Araras entre os Mu-nicípios de Petrópolis e Miguel Pereira. A administração dessa Unidade de Conser-vação ficou a cargo da Fundação Instituto Estadual de Florestas.

Em 11 de março do presente ano, De-creto Estadual 42343 ratifica e amplia a Reserva Biológica de Araras, passando a ter 3.862,33 hectares, abrangendo os município de Petrópolis e Miguel Pereira, bem como, em 12 de abril teve aprovado pelo Conselho Diretor do INEA o Plano de Manejo definindo sua Zona de Amor-tecimento. Com isso foi atendido um anseio da sociedade civil e da atual polí-tica conservacionista de ampliar as áreas protegidas do Estado do Rio de Janeiro e consolidar o Corredor de Biodiversidade existente entre a Reserva Biológica de Araras / Reserva Biológica do Tinguá / APA Petrópolis / PARNASO.

Francisco Ferreira