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Protocolo Clínico Divisão Médica/09/2019 Condutas Médicas na Persistência do Canal Arterial Versão 1.0 2019

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  • Protocolo Clínico

    Divisão Médica/09/2019

    Condutas Médicas na

    Persistência do Canal

    Arterial Versão 1.0

    2019

  • Protocolo Clínico

    Divisão Médica/09/2019

    Condutas Médicas na Persistência do

    Canal Arterial

    Versão 1.0

  • ® 2019, Ebserh. Todos os direitos reservados

    Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh

    www.ebserh.gov.br

    Material produzido pela equipe de pediatras da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e

    Pediátrica do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em

    parceria com o Núcleo de Protocolos Assistenciais Multiprofissionais.

    Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins comerciais.

    Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), administrado pela Ebserh

    – Ministério da Educação

    Protocolo Clínico (PC): “Condutas Médicas na Persistência do Canal Arterial” – Divisão Médica (DM),

    Uberaba, 2019, 19p.

    Palavras-chaves: 1 – Canal Arterial; 2 – Persistência; 3 - Prematuro.

  • HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

    ADMINISTRADO PELA EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES

    (EBSERH)

    Avenida Getúlio Guaritá, nº 130

    Bairro Abadia | CEP: 38025-440 | Uberaba-MG

    Telefone: (034) 3318-5200 | Sítio: www.uftm.edu.br

    ABRAHAM WEINTRAUB

    Ministro de Estado da Educação

    OSVALDO DE JESUS FERREIRA

    Presidente da Ebserh

    LUIZ ANTÔNIO PERTILI RODRIGUES DE RESENDE

    Superintendente do HC-UFTM

    DALMO CORREIA FILHO

    Gerente de Ensino e Pesquisa do HC-UFTM

    MARIA CRISTINA STRAMA

    Gerente Administrativa do HC-UFTM

    GEISA PEREZ MEDINA GOMIDE

    Gerente de Atenção à Saúde do HC-UFTM

    ELIENE MACHADO FREITAS FELIX

    Chefe da Divisão Médica do HC-UFTM

    EXPEDIENTE

    Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica

    Produção

  • HISTÓRICO DE REVISÕES

    Data Versão Descrição Gestor do

    Protocolo

    Autor/responsável

    por alterações

    10/06/2019 1.0 Condutas Médicas na Persistência

    do Canal Arterial

    Eliene Machado

    Freitas Felix

    Coordenador:

    Fabiana Jorge Bueno

    Galdino Barsam,

    médica diarista em

    Unidade de Terapia

    Intensiva (UTI)

    Pediátrica.

    Validadores:

    Valquíria C.A. Chagas,

    médica diarista em

    UTI/Pediátrica,

    Valéria C.A. Cunali,

    médica diarista em UTI

    Pediátrica.

    Claudienne Oliveira

    Almeida, médica

    diarista da Unidade de

    Cuidados

    Intermediários Neonatal

    (UCIN)

    Revisor médico: Analia

    Oliveira Soares

    Registro, revisão e

    validação: Unidade de

    Planejamento

    Aprovação final:

    Colegiado Executivo

  • Protocolo Clínico/Divisão Médica/09/2019 Condutas Médicas na Persistência do Canal Arterial

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    SUMÁRIO

    1 – DEFINIÇÃO...................................................................................................................................7

    2 – OBJETIVOS .................................................................................................................................7

    3 – PÚBLICO ALVO...........................................................................................................................7

    4 – ÂMBITO DE APLICAÇÃO .........................................................................................................8

    5 – RESPONSABILIDADES .............................................................................................................8

    6 – INCIDÊNCIA DA PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL (PCA).......................................8

    7 –. INCIDÊNCIA DE FECHAMENTO ESPONTÂNEO DO CANAL ARTERIAL.......................8

    8 – MECANISMOS DE FECHAMENTO DO CANAL ARTERIAL................................................8

    9 – FATORES QUE INTERFEREM NO FECHAMENTO ESPONTÂNEO DO CANAL

    ARTERIAL..........................................................................................................................................9

    10 – QUADRO CLÍNICO....................................................................................................................9

    11 – DIAGNÓSTICO .........................................................................................................................11

    12 – ABORDAGEM DA PCA............................................................................................................14

    13 – TRATAMENTO..........................................................................................................................14

    14 - FLUXOGRAMAS.......................................................................................................................16

    15 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................19

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

    Hospital de Clínicas (HC-UFTM)

    Divisão de Enfermagem

    PC/DM: 09/19

    Versão: 1.0

    Protocolo Clínico

    CONDUTAS MÉDICAS NA PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL

    1 - DEFINIÇÃO

    O canal arterial é uma conexão vascular entre o ramo esquerdo da artéria pulmonar e a aorta descenden-

    te. Durante a vida fetal, é responsável pelo desvio de sangue do leito vascular pulmonar para a circula-

    ção sistêmica, permitindo que apenas 10% do débito cardíaco total passe para a circulação pulmonar.

    A patência deste canal intraútero ocorre em função das baixas concentrações de oxigênio e dos elevados

    níveis de Prostaglandina E2 circulantes.

    O fechamento funcional do canal arterial ocorre em até 48 horas (h) após o nascimento em recém-

    nascidos (RN) a termo e, em até 72h, em 90% dos RNs com mais de 30 semanas de idade gestacional

    (IG).

    Quando o ducto permanece aberto após 72h pode-se considerar persistência do canal arterial (PCA).

    A incidência de PCA é maior em RNs prematuros, sobretuto com IG < 34 semanas, devido a:

    • Sensibilidade aumentada à ação da Prostaglandina E2;

    • Maior frequência de episódios de hipóxia e acidose;

    • Imaturidade da parede vascular.

    2 - OBJETIVOS

    Reconhecimento precoce da PCA em RNs, sobretudo prematuros, e instituição do tratamento

    adequado.

    3 - PÚBLICO ALVO

    Profissionais que atuam diretamente nos cuidados dos RNs, internados no Hospital de Clínicas

    da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM).

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    4 - ÂMBITO DE APLICAÇÃO

    Pronto Socorro Infantil, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal/Pediátrica, Unidade de

    Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN) Convencional, Enfermaria de Pediatria e Alojamento Con-

    junto.

    5 – RESPONSABILIDADES

    Diagnosticar precocemente a PCA em RNs e estabelecer o tratamento adequado.

    6 – INCIDÊNCIA DA PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL (PCA)

    A incidência é inversamente proporcional à IG e ao peso de nascimento:

    • 1/3 dos pacientes com IG < 30 semanas;

    • 65% dos pacientes com IG < 28 semanas.

    7 – INCIDÊNCIA DE FECHAMENTO ESPONTÂNEO DO CANAL ARTERIAL

    IG Fechamento 4º dia (%) Fechamento 7°dia (%) Fechamento na alta hospita-

    lar (%)

    Termo 100 100 100

    > = 30 semanas 90 98 98

    27 – 28 semanas 22 36 Não avaliado

    25 – 26 semanas 20 32 Não avaliado

    24 semanas 8 13 Não avaliado

    Fonte: Adaptada de Clyman e colaboradores (2012)

    8 – MECANISMOS DE FECHAMENTO DO CANAL ARTERIAL

    Fechamento Funcional

    Ocorre logo após o nascimento;

    Dois eventos contribuem para este fechamento: a ação direta do oxigênio e a diminuição dos ní-

    veis de Prostaglandina E2.

    Fechamento Estrutural

    Ocorre após a constricção funcional em virtude da remodelação da musculatura.

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    9 – FATORES QUE INTERFEREM NO FECHAMENTO ESPONTÂNEO DO CANAL ARTE-

    RIAL

    Ausência de corticóide antenatal;

    Exposição pré-natal ao sulfato de magnésio;

    Diabetes materno;

    Hemorragia anteparto;

    Gestações múltiplas;

    RNs pequenos para a IG;

    Administração excessiva de líquidos intravenosos nos primeiros dias de vida;

    Síndrome do desconforto respiratório (SDR) com necessidade de surfactante e ventilação mecâ-

    nica;

    Sepse;

    Inflamação.

    10 – QUADRO CLÍNICO

    Precórdio hiperdinâmico;

    Ictus desviado para a esquerda (nos casos em que há aumento de ventrículo esquerdo - VE);

    Frêmito sistólico ou contínuo no 2° espaço intercostal esquerdo;

    Pulsos amplos nos 4 membros;

    ↑ Pressão de pulso, gradiente > 25-30mmHg (diferença entre pressão sistólica e diastólica);

    Sopro sistólico ejetivo audível em todo precórdio;

    Taquicardia;

    Taquipneia;

    Piora clínica ou não melhora de recém-nascido pré-termo (RNPT) com SDR;

    Aumento das necessidades ventilatórias;

    Apneia;

    Hepatomegalia;

    Acidose metabólica;

    Hipotensão diastólica.

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    Observações:

    * Até o 4º dia de vida, todos os sinais têm limitada acurácia;

    ** Muitos RNPT com PCA grande ao exame ecocardiográfico não têm manifestação clínica;

    *** Após o 4º dia de vida, os sinais clínicos, em especial o sopro, apresentam melhor acurácia. Assim,

    uma PCA grande pode tornar-se sintomática, mas o diagnóstico é feito tardiamente.

    - PCA ou canal arterial patente: é o canal visualizado ao ecocardiograma (ECO), sem repercussões clíni-

    cas ou ecocardiográficas. Pode representar apenas uma adaptação fisiológica na manutenção do fluxo

    pulmonar no momento de transição da circulação intra para extrauterina, ou mesmo a patência do canal

    que ainda irá fechar.

    - PCA com repercussão hemodinâmica ou canal arterial hemodinamicamente significante: é o canal com

    sinais clínicos e ecocardiográficos que denotam alterações hemodinâmicas e de má-perfusão tecidual.

    Ainda não há consenso sobre esta definição, mas os achados clínicos e ecocardiográficos mais encontra-

    dos são os descritos a seguir:

    Presença de taquicardia, sopro cardíaco, precórdio pulsátil, pulsos amplos, pressão arterial di-

    astólica < 30 mmHg;

    Necessidade de parâmetros ventilatórios altos (pressão média das vias aéreas - MAP > 8, fração

    inspirada de oxigênio - FiO2 > 0.4);

    Oligúria 1,7 mg/dL;

    Acidose persistente (pH < 7,2 e BE > -10mEq/L);

    Área cardíaca aumentada e sinais de congestão pulmonar ao Raio X;

    Necessidade de droga vasoativa ou diurético;

    Observação: juntamente com os achados ecocardiográficos, considerar presença de hemorragia pulmo-

    nar (secreção sanguinolenta persistente no tubo endotraqueal) isoladamente ou, pelo menos, 2 dos acha-

    dos clínicos, laboratoriais e radiológicos (citados acima).

    SINAIS DA PCA COM REPERCUSSÃO HEMODINÂMICA

    Respiratórios Aumento da necessidade de suporte ventilatório (MAP ≥ 8 ou FiO2

    ≥ 0,4)

    Impossibilidade de desmame ventilatório

    Cardiovasculares Hipotensão

    ICC

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    11 – DIAGNÓSTICO

    DIAGNÓSTICO CARACTERÍSTICAS

    Clínico Inespecífico

    Sopro sistólico, Precórdio hiperativo, Pulsos amplos,

    Taquicardia

    Eletrocardiograma Frequentemente normal

    Desvio do eixo para a esquerda

    Sobrecarga de câmaras esquerdas

    Raio X de Tórax Inicialmente normal

    ↑ área cardíaca (câmaras esquerdas)

    ↑ trama vascular pulmonar

    Biomarcadores Troponina cardíaca, Peptídeo atrial natriurético, Pep-

    tídeo natriurético tipo B

    ECO Padrão ouro

    Parâmetros a serem avaliados pela Ecocardiografia com Doppler na PCA

    Patência do canal arterial;

    Diâmetro;

    Direção e velocidade do shunt;

    Tipo de onda de fluxo;

    Fluxo de veia cava superior;

    Relação átrio esquerdo/aorta (AE/Ao);

    Fluxo diastólico na aorta ascendente;

    Doppler pulsátil na diástole das artérias mesentérica, cerebral e renal.

    Fonte: Pro RN 2013; 10 (4): 79 – 118

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    SINAIS ECOCARDIOGRÁFICOS DA PCA

    Patência do Canal Arterial

    Diâmetro:

    • < 1,6 mm, usualmente, insignificante • Entre 1e 2 mm poderá, frequentemente, ser significante, mas, nem sempre, depende

    de outros fatores associados

    • > 2 mm é invariavelmente significante

    Direção do Fluxo:

    • Depende do grau de pressão na artéria pulmonar. Se a pressão na artéria pulmonar é subsistêmica, o shunt é esquerdo-direito. À medida que a pressão pulmonar se eleva,

    esse shunt pode ser bidirecional ou direito-esquerdo.

    Volume do shunt ductal:

    • Reflete o impacto do shunt esquerdo-direito em causar dilatação das câmaras cardía-cas. O shunt esquerdo-direito aumenta o Qp e, consequentemente, o volume de san-

    gue que volta para o AE e para o VE. Como resultado, há aumento do tamanho do

    AE), representado pelo aumento da relação AE/aorta, que, quando > 1,4, é sinal de

    hiperfluxo pulmonar.

    Velocidade diastólica na artéria pulmonar esquerda:

    • Normalmente é baixa (< 0,2m/s), mas pode aumentar com o aumento do shunt atra-vés do canal.

    Tipo de onda de fluxo obtida pelo Doppler do canal arterial:

    • Bidirecional: tende a ter repercussão • Padrão da forma de crescimento (growing pattern): tende a ter repercussão e ser

    grande

    • Pulsátil, totalmente esquerdo-direito: tende a ser grande • Contínuo: tende a fechar • Fechado

    Fluxo diastólico na aorta descendente:

    • Com o aumento do shunt pelo canal há “roubo” sistêmico e o fluxo na aorta, que, normalmente é anterógrado, torna-se ausente ou retrógrado.

    Doppler Pulsátil na diástole das artérias regionais: (mesentérica superior, cerebral média e

    renal):

    • No caso de repercussão estará ausente ou negativo (retrógrado), permitindo caracteri-zar o roubo de fluxo sistêmico.

    Fonte: Pro RN 2013; 10 (4): 79 – 118

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    Repercussão hemodinâmica

    moderada

    Repercussão hemodinâmica

    grave

    Características do canal arterial PCA 1,5-2 mm PCA > 2 mm

    Hiperfluxo pulmonar

    Sobrecarga cardíaca esquerda

    Fluxo esquerda-direita (E-D)

    contínuo, não restritivo, com

    velocidade transductal < 2

    m/seg

    AE/Ao > 1,4

    Fluxo E-D contínuo, não res-

    tritivo, com velocidade

    transductal < 1,5 m/seg

    Dilatação VE. Regurgitação

    mitral.

    Hipoperfusão sistêmica Fluxo diastólico ausente na

    aorta descendente pós ductal

    Ecografia TF (Doppler –

    ACA): Aumento de fluxo

    diastólico: Índice de resistên-

    cia (IR) = 1

    Fluxo diastólico retrógrado

    na ao descendente pós ductal

    Ecografia TF (Doppler –

    ACA): Inversão fluxo di-

    astólico: IR > 1

    Consenso Nacional Abordagem Diagnóstica e Terapêutica da Persistência do Canal Arterial no Recém-Nascido Pré-termo

    (Sociedade Portuguesa de neonatologia)

    São considerados os seguintes marcadores ecocardiográficos para o diagnóstico de canal hemo-

    dinamicamente significativo (CAHS):

    - Relação do diâmetro do canal / ramo esquerdo da pulmonar ≥ 0,5 (15 vezes mais o risco de um

    CAHS);

    - Fluxo reverso na aorta descendente ao nível do diafragma;

    - Velocidade diastólica no ramo esquerdo da pulmonar: ≥3m/s;

    - Fluxo transductal pulsátil não restritivo;

    - Relação AE/Ao: > 1,5 (reflete a dilatação atrial esquerda; prevê o tamanho do canal arterial, uma vez

    que o diâmetro da aorta é fixo, enquanto o do AE aumenta devido ao maior retorno sanguíneo pulmo-

    nar);

    - Fluxo transmitral: relação E/A >1 (E - fluxo transmitral passivo e A - fluxo transmitral ativo): avalia a

    carga de pressão no coração esquerdo; no prematuro, E < A, resultando numa relação E/A < 1). No

    CAHS há um aumento do E devido ao aumento da pressão AE que leva a uma pseudonormalização da

    relação E/A > 1, como ocorre normalmente no RN a termo).

    Indicações de ECO:

    Rastreio sistemático de PCA com 72h/ vida aos RNPT de maior risco:

    - Todos com IG < 28 semanas e/ou peso ao nascer

  • Protocolo Clínico/Divisão Médica/09/2019 Condutas Médicas na Persistência do Canal Arterial

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    12 – ABORDAGEM DA PCA

    Avaliar ECO com 72h vida. (Ver fluxogramas)

    ECO: avaliar não só o tamanho do canal arterial como os outros dados citados acima.

    13 – TRATAMENTO

    Atualmente existem 3 diferentes abordagens para a PCA: o tratamento de suporte, o farmacológico e o

    cirúrgico.

    Com relação ao tratamento farmacológico, o inibidor da ciclo-oxigenase mais utilizado atual-

    mente é o Ibuprofeno, com ciclo de 3 doses, com intervalo de 24h entre as doses.

    Para a Indometacina, utiliza-se, como critérios de indicação de tratamento, presença de canal ar-

    terial hemodinamicamente significante, IG < 34 semanas, idade pós-natal de até 15 dias de vida, função

    renal normal, plaquetas normais e ausência de distúrbios hemorrágicos ou enterocolite necrosante

    (ECN) suspeita.

    Paracetamol - mecanismo de ação: O complexo prostaglandina H2 sintetase tem dois sítios, a

    COX (ciclo-oxigenase) e o POX (peroxidade). A COX converte o ácido aracdônico a PGG2 por oxida-

    ção, que é em seguida convertida a PGH2 pela POX. Os inibidores não seletivos da COX (indometaci-

    na, ibuprofeno) inibem o sítio da COX e o paracetamol inibe o sítio da POX, ou seja, atua no segmento

    da peroxidase desta enzima.

    Tratamento de suporte

    Ambiente térmico neutro e manutenção da saturação-alvo de oxigênio, minimizando a demanda

    da função ventricular esquerda;

    Restrição hídrica: benefícios questionáveis (maioria dos estudos fazem restrição hídrica);

    O objetivo é manter um balanço hídrico (BH) negativo com perda de peso entre 2-3% ao dia,

    máximo de 12-15% no final da primeira semana;

    Manter sódio entre 135-145 mg/dl;

    Diuréticos: não recomendados de rotina (a furosemida aumenta a síntese renal de PGE2, que

    mantem o canal patente).

  • Protocolo Clínico/Divisão Médica/09/2019 Condutas Médicas na Persistência do Canal Arterial

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    Tratamento farmacológico

    Ibuprofeno: (droga de escolha atualmente);

    A via oral mostrou ser tão efetiva quanto a intravenosa.

    Eficácia comparada à Indometacina;

    Associa-se a menor risco de ECN e insuficiência renal transitória;

    Relatos de casos graves de hipertensão pulmonar;

    Usar até IG de 34 semanas ou idade cronológica de 14 dias de vida;

    Se RN prematuro extremo - há relatos de uso acima de 14 dias de vida.

    Paracetamol: na presença de situações que contraindicam o uso de Ibuprofeno e quando não há

    resposta ao Ibuprofeno, embora esta indicação seja discutida.

    - Dose oral e endovenosa

    * A dose efetiva para o fechamento do canal arterial é desconhecida.

    Duração: há variações, entre os estudos, de 2 a 7 dias. Há evidências que a resposta ao paracetamol é

    dose dependente e deve ser usado acima de 2 dias. Deve ser usado, preferencialmente, antes de duas

    semanas de vida.

    Sendo assim, até que surjam novos estudos farmacocinéticos: 15mg/kg/dose de 6/6 horas por 3.

    Tratamento cirúrgico

    Está indicado na PCA com repercussão hemodinâmica que não responde ao tratamento farmacológico

    (até dois ciclos) ou quando o tratamento farmacológico está contraindicado.

    Doses de Ibuprofeno para Fechamento do Canal Arterial:

    1ª dose: 10 mg/Kg

    2ª dose: 5 mg/Kg

    3ª dose: 5 mg/Kg

    Contraindicações do uso do Ibuprofeno:

    Oligúria 1,7 (> 48h vida);

    Plaquetopenia;

    ECN ou Sepse grave;

    Hemorragia peri-intraventricular (HPIV) grau III ou IV;

    Malformação gastrintestinal e renal;

    Em uso de corticosteroide;

    Hiperbilirrubinemia grave.

  • Protocolo Clínico/Divisão Médica/09/2019 Condutas Médicas na Persistência do Canal Arterial

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    14 – FLUXOGRAMAS

    1) Repercussões hemodinâmicas do canal arterial

    Fonte: PRORN 2013; 10 (4): 79 – 118

  • Protocolo Clínico/Divisão Médica/09/2019 Condutas Médicas na Persistência do Canal Arterial

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    2) Protocolo de Conduta da Unidade Neonatal do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medi-

    cina de Botucatu/Universidade do Estado de São Paulo (HC-FMB/UNESP)

    Fonte: PRORN, 2013;10(4):79-118

  • Protocolo Clínico/Divisão Médica/09/2019 Condutas Médicas na Persistência do Canal Arterial

    Versão 1.0 Página 18 de 19

    3) HC-UFTM

  • Protocolo Clínico/Divisão Médica/09/2019 Condutas Médicas na Persistência do Canal Arterial

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    15 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    1. Luca ANK, Bertin MR, Rugolo LMSS. Nova abordagem da Persistência do Canal Arterial. In:

    Sociedade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa de

    Atualização em Neonatologia : Ciclo 10. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2013. p. 79 – 115

    (Sistema de Educação Continuada a Distância , volume 4)

    2. Sadeck LSR. Persistência do Canal Arterial em Recém Nascido Pré –Termo: Quando e como

    tratar. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa

    de Atualização em Neonatologia Ciclo 6. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2008. p. 133 – 153

    (Sistema de Educação Continuada a Distância , módulo 1)

    3. Consenso Nacional Abordagem Diagnóstica e Terapêutica da Persistência do Canal Arterial no

    Recém-Nascido Pré- (Sociedade Portuguesa de neonatologia). Maio 2010.

    4. Ohlsson A, Shah PS. Paracetamol (acetaminophen) for patent ductus arteriosus in preterm or

    low-birth-weight infants. Cochrane Database of Systematic Reviews 2015, Issue 3. Art. No.: CD010061.

    DOI: 10.1002/14651858.CD010061.pub2.

    5. Le J, Gales MA, Gales BJ. Acetaminofen for patent ductus arteriosus. Ann Pharmacother. 2015

    Feb;49(2):241-6. doi: 10.1177/1060028014557564. Epub 2014 Oct 28.

    6. Evans N. Preterm patent ductus arteriosus: A continuing conundrum for the neonatologist? Se-

    min Fetal Neonatal Med. 2015 Mar 25. pii: S1744-165X(15)00040-2. doi: 10.1016 / j.siny. 2015.

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