revisões constitucionais

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Constituições e respetivas revisões Constitucionais

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  • Constituioportuguesade1822

    A Constituio Poltica da Monarquia Portuguesa, aprovada a 23 de Setembro de 1822, a primeira lei fundamental portuguesa. o primeiro documento constitucional da Histria do pas, o qual marca uma tentativa de pr fim ao absolutismo,inaugurandoemPortugalumamonarquiaconstitucional.Precedentes

    A Constituio da Repblica Portuguesa de 1822 o resultado dos trabalhos das Cortes Gerais Extraordinrias e Constituintes da Nao Portuguesa de 18211822, eleitas pelo conjunto da Nao Portuguesa (a primeira experincia parlamentar em Portugal, nascida na sequncia da revoluo liberal de 24 de Agosto de1820,noPorto).

    As Cortes Constituintes, cuja funo principal, como o prprio nome indica, elaborar uma Constituio, iniciaram as sesses em Janeiro de 1821 e deram os seus trabalhos por encerrados, aps o juramento solene da Constituio, pelo rei Joo VI de Portugal, em Outubro de 1822. No entanto, tal trabalho foi recusado pela rainha Carlota Joaquina, e por outras figuras contrarevolucionrias de grande nomeada,comooCardealPatriarcadeLisboa,CarlosdaCunhaeMenezes).Caractersticasdotextoconstitucional

    Definida como sendo bastante progressista para a poca, inspirouse, numa ampla parte, no modelo da Constituio Espanhola de Cdis, datada de 1812, bem como nas Constituies Francesas de 1791, 1793 e 1795. tal Constituio foi marcante pelo seu esprito amplamente liberal, tendo abrogado inmeros velhos privilgios feudais, caractersticos do regime absolutista. Estava dividida em seis ttulose240artigos,tendoporprincpiosfundamentaisosseguintes:

    a consagrao dos direitos e deveres individuais de todos os cidados Portugueses (deuse primazia aos direitos humanos, nomeadamente, a garantia da liberdade,daigualdadeperantealei,daseguranaedapropriedade) a consagrao da Nao (unio de todos os Portugueses) como base da soberania nacional, a ser exercida pelos representantes da mesma legalmente eleitos, isto , pelas Cortes, nas quais reside a soberania de facto e de jure, j que osseuselementostmalegitimidadedovotodoscidados a definio do territrio da mesma Nao (Continente, Ilhas Adjacentes, ReinodoBrasileColniasnafrica,siaeOcenia) onoreconhecimentodequalquerprerrogativaaocleroenobreza a independncia dos trs poderes polticos separados (legislativo, executivo e judicial), o que contrariava os princpios bsicos do absolutismo, que concentrava os trspoderesnafiguradorei

  • a existncia de Cortes eleitas pela Nao, responsveis pela actividade legislativadopas asupremaciadopoderlegislativodasCortessobreosdemaispoderes aemanaodaautoridadergiaapartirdaNao a existncia, como forma de Governo, de uma Monarquia Constitucional com os poderesdoReireduzidos aUnioRealcomoReinodoBrasil a ausncia de liberdade religiosa (a Religio Catlica era a nica religio da NaoPortuguesa).Poder legislativo: passou a ser da competncia das Cortes, assembleia unicameral, que elaborava as leis e cujos deputados eram eleitos de dois em dois anos pela Nao. A preponderncia do poder legislativo sobre o poder executivo era uma caracterstica dos regimes demoliberais mais progressistas, por oposio s chamadas Cartas Constitucionais, de cariz aristocrtico e outorgadas pelo Rei.Poder executivo: era exercido pelo Rei, competindolhe a chefia do Governo, a execuo das leis e a nomeao e demisso dos funcionrios do Estado. No entanto, o Rei tinha apenas veto suspensivo sobre as Cortes, podendo suspender a promulgao das leis de que discordava, mas sendo obrigado a promulglas desde que as Cortes assim o voltassem a deliberar. No lhe era concedido o poder de suspender ou dissolver as Cortes. Em ocasies especiais, o Rei era aconselhado pelo Conselho de Estado, cujos membros eram eleitos pelas Cortes, e coadjuvado pelos secretrios de Estado, directamente responsveis pelos actos do Governo.Apesardetudo,asuapessoaeraconsideradainviolvel.Poderjudicial:pertencia,exclusivamente,aosjuzes,queoexerciamnosTribunais.Corpo eleitoral de acordo com o artigo 34. da Constituio, podiam votar, para eleger os representantes da Nao (deputados): os vares maiores de 25 anos que soubessem ler e escrever. Tratavase, pois, de um sufrgio universal e directo, de que, no entanto, estavam excludos as mulheres, os analfabetos, os frades eoscriadosdeservir,entreoutros.Vigncia

    Com a aprovao desta Constituio tem incio em Portugal a Monarquia Constitucional. O processo da sua consolidao, porm, viria a ser difcil e

  • demorado. Contudo, a temeridade das suas propostas foi de certa maneira o impulso para uma reaco mais exacerbada das faces conservadoras da sociedadeportuguesa,quelogoviriamaprfimsuavigncia.

    Com efeito, a Constituio de 1822 esteve vigente durante apenas dois efmeros perodos: um primeiro perodo entre 23 de Setembro de 1822, altura em que foi aprovada e 3 de Junho de 1823, ocasio em que D. Joo VI a suspendeu por ocasio da Vilafrancada, com a promessa no cumprida de a substituir por outra um segundo perodo, entre 10 de Setembro de 1836, quando ocorreu a Revoluo de Setembro e 20 de Maro de 1838, momento em que foi aprovada a nova Constituio de 1838. De facto, foram dois dos perodos mais fecundos em termos de produo legislativa destinada a acabar com o Portugal Velho a que se referiram, entre outros,AlexandreHerculanoouOliveiraMartins.

    Apesar de tudo, a Constituio de 1822 fica, no entanto, como um marco fundamental para a Histria da democracia em Portugal e qualquer estudo sobre o constitucionalismoterqueatercomoreferncianuclear.

    CartaConstitucionalportuguesade1826A Carta Constitucional da Monarquia Portuguesa de 1826 foi a segunda

    Constituio Portuguesa. Teve o nome de Carta Constitucional por ter sido outorgada pelo rei D. Pedro IV, e no redigida e votada por Cortes Constituintes eleitas pela Nao,talcomosucederacomaanteriorConstituiode1822.

    Precedentes

    Durante o curto reinado de oito dias de D. Pedro IV (26 de Abril a 2 de Maio

  • de 1826), o imperador brasileiro viria a tomar duas medidas de grande alcance poltico:

    a outorga de uma nova constituio (em 29 de Abril de 1826), muito menos radical que a Constituio de 1822, que tentava sobrepor o poder do Rei soberania da Nao, mantendo, embora, os princpios fundamentais do Liberalismo, procurandodessaformasanearosdiferendospolticosentreliberaiseabsolutistas e a deciso de abdicar dos seus direitos ao trono em nome da sua filha D. MariadaGlria,nodia2deMaio,quedataofinaldoseureinado).

    A regncia portuguesa, confiada desde a morte de D. Joo VI irm do rei D. Isabel Maria, logo se encarregou de proceder eleio de Cortes, que de imediatojuraramonovotextoconstitucional.

    Influnciaseobjectivos

    Redigido por D. Pedro IV no Brasil, Portugal teve a influncia em muitos aspectos, no s da Constituio brasileira de 1824 como tambm da Carta Constitucional francesa de 1814 e, naturalmente, do texto predecessor portugus de 1822.

    Contudo, a Carta era muito mais moderada que a Constituio vintista em certos aspectos, pois D. Pedro considerava o excessivo radicalismo do texto de 1822 como um mal que contribua para a desunio da sociedade portuguesa. Assim, pela sua natureza moderada, a Carta representava um compromisso entre os Liberais defensores da Constituio de 1822, e os Absolutistas partidrios do retorno a um regime autocrtico, tendo por objectivo, precisamente, unir todos os Portuguesesemtornodamesma.

    Esta medida de D. Pedro no teve o efeito desejado, e em vez de unir, apenas contribuiu para dividir Liberais e Absolutistas. Mais tarde, aps o triunfo definitivo do Liberalismo, dividiu os defensores da Constituio de 1822 e os da Cartade1826.

    CaractersticasdotextoconstitucionalA Carta estava organizada em 145 artigos e tinha por princpios bsicos os seguintes: asoberaniapassavaaresidirnoReienaNao oReipassavaadeterasupremaciapoltica garantiuse a existncia de uma nobreza hereditria, com todas as regalias eprivilgios preservavaseoprincpiodaseparaodospoderes

  • os direitos e deveres individuais dos cidados, no tocante liberdade, segurana individual e propriedade, j consagrados na Constituio de 1822, foram mantidos praticamente inalterados, embora, ao contrrio da grande generalidadedasConstituies,fossemrelegadosparaofinaldodiploma mantinhase, como forma de governo, a Monarquia Constitucional e Hereditria mantevese inalterado o princpio da ausncia de liberdade religiosa (de novosedefiniuareligioCatlicacomoreligiodeEstado).A Carta reconhecia a existncia de quatro poderes polticos: o legislativo, o executivo, o moderador (uma novidade, com a funo de velar pelo equilbrio entreosdemaispoderes),eojudicial.Poder legislativo: cabia s Cortes, sendo as suas medidas sancionadas pelo Rei. De acordo com a orgnica da Carta Constitucional, as Cortes eram formadas por duas cmaras: a Cmara dos Deputados, de base electiva e censitria e a Cmara dos Pares, composta por membros vitalcios e hereditrios, nomeados pelo Rei (de entre a nobreza e o clero, contando ainda com a presena do prncipe herdeiro e dos infantes) e sem nmero fixo. As sesses das Cortes podiam agora ser convocadas, adiadas ou suspensas pelo Rei, e este podia tambm aceitar ou vetarasdecisesalitomadas.Poder executivo: estava nas mos do Rei, sendo exercido em conjunto com os ministros de Estado, directamente responsveis pelos actos do Governo. O Conselho de Estado, que apoiava o Rei nos assuntos graves, era, ao contrrio do que sucediacomaConstituiode1822,denomeaorgia.Poder moderador: era da exclusiva competncia do Rei, enquanto chefe supremo da Nao, para que este velasse pela Independncia da mesma, bem como pelo equilbrio e harmonia entre os demais poderes polticos. Enquanto detentor deste poder, competia ao Rei a convocao das Cortes a nomeao dos Pares do Reino a dissoluo da Cmara dos Deputados a nomeao e demisso do Governo a suspenso dos magistrados a concesso de amnistias e perdes o vetodefinitivosobreasdecisesemanadasdasCortes.Poderjudicial:competiaaosjuradosejuzes,queoexerciamnosTribunais.O sufrgio era indirecto e censitrio, ou seja, a massa de cidados activos elegia em assembleias paroquiais os eleitores de provncia, e estes, por sua vez, elegiam os representantes da Nao, s podendo eleger e ser eleitos os que tivessem um certo rendimento (100 mil ris para os eleitores e 400 mil ris para osdeputados).Vigncia

    ACartaConstitucionalestevevigentedurantetrsperodosdistintos:

  • de 29 de Abril de 1826 at 11 de Julho de 1828, quando foi abolida por D. Miguel, nasequnciadasCortesdeLisboaqueoproclamaramReidePortugal de 23 de Maio de 1834, com a derrota dos miguelistas e a assinatura da Concesso de voraMonte, at revoluo de Setembro, em 10 de Setembro de 1836, quandoentradenovoemvigoraConstituiode1822 e de 11 de Fevereiro de 1842, com o golpe de Estado de Costa Cabral, que derrubou a Constituio de 1838 (redigida para tentar conciliar vintistas e cartistas) atimplantaodaRepblicaem5deOutubrode1910.

    Durante este ltimo perodo sofreu diversos Actos Adicionais (1852, 1885 e

    1896) at que foi definitivamente abolida com o advento da Repblica e a subsequente aprovao da Constituio Republicana de 1911 em 24 de Agosto desse ano.

    Constituioportuguesade1838

    A Constituio Poltica da Monarquia Portuguesa de 1838 foi o terceiro textoconstitucionalportugus.

    Aps a Revoluo de Setembro, a 10 de Setembro de 1836, a Carta foi abolida e

    em seu lugar reposta em vigor, a ttulo provisrio, ficou a Constituio de 1822, tendo sido convocadas Cortes Constituintes destinadas a redigir uma nova constituio, a qual viria a ser concluda e jurada em 4 de Abril de 1838 por D. Maria II. Foi como que uma sntese dos textos de 1822 e 1826, ocupando um lugar intermdio. Foi influenciada pelos textos anteriores e ainda pela Constituio belga de 1831 (relativamente organizao do senado) e pela Constituio espanhola de 1837 (pelo seu esprito conciliatrio das duas formas extremas de constitucionalismo monrquico).

    As suas caractersticas fundamentais so o princpio clssico da tripartida dos poderes, o bicameralismo das Cortes (Cmara dos Senadores e Cmara dosDeputados),ovetoabsolutodoreieadescentralizaoadministrativa.

    Esta Constituio reafirma a soberania nacional, restabelece o sufrgio universaldirectoeeliminaopodermoderador.

  • Contudo, foi efmera a sua vigncia a 10 de Fevereiro de 1842, Costa Cabral saudado com vivas Carta na sua chegada ao Porto e ao regressar a Lisboa procedeaumgolpedeEstadoerestauraovelhotextoconstitucional.

    ConstituioPortuguesade1911

    A Constituio Poltica da Repblica Portuguesa de 1911 foi a quarta constituioportuguesa,eaprimeiraconstituiorepublicanadopas.

    Precedentes

    A 11 de Maro de 1911, o Governo Provisrio da Repblica Portuguesa procedeu publicao de uma nova lei eleitoral (destinada a substituir a lei do governo de Hintze Ribeiro de 1895, conhecida como a ignbil porcaria), tendo em vista a realizao de eleies para a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), o que se verificariaem28deMaiode1911.

    Foram eleitos 226 deputados, na sua grande maioria afectos ao Partido Republicano Portugus, o grande obreiro do 5 de Outubro, tendo a Assembleia iniciado os seus trabalhos a 19 de Junho de 1911, sob a presidncia do venerando Anselmo BraamcampFreire.

    Na sesso inaugural, declarou abolida a Monarquia e reiterou a proscrio da famlia de Bragana sancionou por unanimidade a Revoluo de 5 de Outubro e declarou benemritos da Ptria os que combateram pela Repblica conferiu legalidade a todos os actos polticos do Governo Provisrio, elegendo de seguida uma Comisso que ficou encarregada de elaborar um Projecto de Bases da Constituio, constituda por Joo Duarte de Menezes, Jos Barbosa, Jos de Castro, Correia de Lemos e Magalhes Lima (este ltimo como relator da Comisso).

  • Influnciaseobjectivos

    As Constituies Monrquicas Portuguesas de 1822 e de 1838 (sobretudo a primeira, a mais radical), a Constituio da Repblica Brasileira de Fevereiro de 1891, bem como o programa do P.R.P. foram as fontes da primeira Constituio da Repblica Portuguesa. Pelo seu radicalismo democrtico, podese bem afirmar que a Constituio de 1911 um retorno ao esprito vintista, nomeadamente com a consagrao do sufrgio directo na eleio do Parlamento, a soberania residente naNaoenatripartiodospoderespolticos.

    Entretanto, foram apresentados ANC doze propostas para a nova Constituio, entre as quais avultam as de Tefilo Braga, Baslio Teles, Machado Santos, do jornal A Lucta (de Brito Camacho) ou da loja manica Grmio Montanha, emboranenhumdelesemnomedoP.R.P.oudoGovernoProvisrio.

    A discusso que precedeu a aprovao da Constituio foi bastante larga, incidindo principalmente sobre o problema do presidencialismo, presente no esboo da Comisso a que presidia Magalhes Lima (orientao que viria a ser rejeitada, ainda que por uma pequena margem de votos), e sobre a questo da existncia de uma ou duas Cmaras (j que o princpio da supremacia parlamentar se tornara relativamente consensual), prevalecendo esta ltima hiptese.

    Apesar disso, o novo texto constitucional foi redigido num tempo recorde

    de trs meses, tendo sido aprovada em 18 de Agosto de 1911 e entrado em vigor no dia 21 desse mesmo ms. O texto foi assinado por Anselmo Braamcamp Freire, comoPresidente,eporBaltazarTeixeiraeCastroLemos,comosecretrios.

    Caractersticasdotextoconstitucional

    A Constituio Poltica da Repblica Portuguesa de 1911, diploma regulador da vida poltica da I Repblica, destacase por ter consagrado um novo regime poltico (a Repblica), para alm de ser o mais curto texto da histria constitucional portuguesa, tem apenas 87 artigos, agrupados por sete ttulos, a saber:

    daformadoGovernoedoterritriodaNaoPortuguesa dosdireitosegarantiasindividuais daSoberaniaedosPoderesdoEstado dasInstituieslocaisadministrativas daAdministraodasProvnciasUltramarinas disposiesGerais daRevisoConstitucional.

    Vigncia

    A Constituio de 1911 vigorou no nosso Pas entre 21 de Agosto de 1911, data da sua entrada em vigor e 9 de Junho de 1926, data da publicao do decreto ditatorial, que dissolveu oficialmente o Congresso da Repblica, altura em que

  • cessou de facto a vigncia da mesma, vindo apenas a ser substituda pelo texto constitucional que entraria em vigor sete anos mais tarde, aps plebiscito, em 11 de Abrilde1933.

    Constituioportuguesade1933

    A Constituio Poltica da Repblica Portuguesa de 1933 foi promulgada a 22deFevereiroeaprovadaemreferendoa19deMarode1933.

    Foi o documento fundador do Estado Novo tendo vigorado, com vrias emendas,at25deAbrilde1974.

    De cariz presidencialista (mas na realidade o Presidente do Conselho de Ministros, o chefe do Governo, era o detentor do poder e era ele que decidia os assuntos do Estado), admitia a existncia de uma Assembleia Nacional e de uma Cmara Corporativa compostas ambas por elementos prximos do regime escolhidosporumsimulacrodeeleies.

  • Constituioportuguesade1976

    A Constituio da Repblica Portuguesa de 1976 (CRP) a actual ConstituioPortuguesa.

    Foi redigida pela Assembleia Constituinte, eleita na sequncia das primeiras eleies gerais livres no pas em 25 de Abril de 1975, 1. aniversrio da Revoluo dos Cravos. Os seus deputados deram os trabalhos por concludos em 2 de Abril de 1976, tendoaConstituioentradoemvigora25deAbrilde1976.

    Sofreu sucessivas revises constitucionais em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001, 2004e2005.

  • 1RevisoConstitucional1982 Com a 1 reviso constitucional o objectivo principal da direita era claro:

    retirar dos rgos de soberania do Estado o Conselho da Revoluo, de cujas atribuies salientamos: ... funes de Conselho do Presidente da Repblica e de garante do regular funcionamento das instituies democrticas, de garante do cumprimento da Constituio e da fidelidade ao esprito da Revoluo Portuguesade25deAbrilde1974....

    A existncia deste rgo e suas atribuies constituam, na opinio da direita, uma menoridade institucional, dado que a nossa Constituio seria um normativo tutelado pelo poder militar que alm de ser garante da Constituio detinha ainda poderes legislativos em matria militar, facto inexistente nas chamadasdemocraciasocidentais.

    Invocando o art. 286 da Constituio, os adversrios do CR comearam antes de 1980 (data a partir da qual a Constituio podia ser revista) a apresentar, revelia da lei, propostas de antecipao de reviso. No o tendo conseguido, alcanaram posteriormente o que pretendiam (embora parcialmente),numprocessoiniciadoem24/4/1981econcludoa30/9/1982.

    Assim, o CR, o poder das classes trabalhadoras e o artigo relativo ao processo revolucionrio foram banidos da Constituio. Alm disso, tambm se deu incio descaracterizao constitucional de direitos, tanto sociais como culturais.

    2RevisoConstitucional1989

    A 2 reviso constitucional foi, como no podia deixar de ser, obtida por acordo entre o PSD e o PS, acordo que mereceu, para que ningum duvidasse, um acto pblico (Outubro/1988), tendo sido formalizada em Julho do ano seguinte.

    A matriz da reviso foi meter o socialismo na gaveta fechada a sete chaves.

    Se anteriormente tinham ficado intactos importantes conceitos: sociedade sem classes, transio para o socialismo, socializao dos principais meios de produo, abolir a explorao e a opresso do homem pelo homem, agora (esses e outros) foram completamente arredados por um partido que se diz socialdemocrata e por outro que se autointitula de socialista e cujas fronteiras entre si (antigas e actuais) so mais estreitas que os intervalos da chuva.

    Com esta reviso foi estabelecido a acesso gratuito ao Servio Nacional deSade.

  • Algumasalteraes:

    Textode1982

    Revisode1989

    PortugalumaRepblicasoberana...empenhadanasuatransformaonumasociedadesemclasses.

    PortugalumaRepblicasoberana...empenhadanaconstruodeumasociedadelivre,justaesolidria.

    SotarefasfundamentaisdoEstado:promoverobemestar...,medianteatransformaodasestruturaseconmicasesociais,designadamenteasocializaodosprincipaismeiosdeproduo,eaboliraexploraoeaopressodohomempelohomem

    SotarefasfundamentaisdoEstado:promoverobemestar...,medianteatransformaoemodernizaodasestruturaseconmicasesociais

    Eliminareimpediraformaodemonopliosprivados,atravsdenacionalizaesoudeoutrasformas...

    Eliminareimpediraformaodemonopliosprivados...

    Realizarareformaagrria Eliminaroslatifndiosereordenaro

    minifndioTodasasnacionalizaesefectuadasdepoisde25deAbrilde1974soconquistasirreversveisdasclassestrabalhadoras.

    Areprivatizaodatitularidadeoudodireitodeexploraodemeiosdeproduoeoutrosbensnacionalizadosdepoisde25deAbrilde1974spoderefectuarsenostermosdeleiquadroaprovadapormaioriaabsolutadedeputadosemefectividadedefunes.

    Soextintasasformulaes:

    quanto construo de uma sociedade cuja organizao econmicosocial deveria assentar no desenvolvimento das relaes de produosocialistas as nacionalizaes foram banidas enquanto elemento estruturante no combateaopoderdosmonoplios a reforma agrria foi riscada e substituda por uma formulao

  • envergonhada quanto propriedade estatal, resultante das nacionalizaes, foi aberta a porta quilo que a direita considera a reprivatizao, mediante uma leiquadro a ser aprovada pelos deputados, circunstncia que, toda a gente sabia, iria acontecer nos termos dos acordos prfirmados pelas foras siamesas que constituemoblococentral.

    3RevisoConstitucional1992Na 3 reviso constitucional (1992), as alteraes reflectem, sobretudo, a

    sujeio da nossa Constituio ao direito comunitrio, com tudo o que isso significa de submisso, no obstante constar do artigo 1. da nossa lei fundamental que Portugal uma Repblica soberana. Ora tal soberania ficou claramente afectada ao ser retirado ao Banco de Portugal o exclusivo da emissodemoeda.

    4RevisoConstitucional1997

    Na 4 reviso constitucional (1997) as alteraes so mais extensas (158 alteraes com nova redaco), revolvendo cerca de 78% do articulado constitucional.

    Foise ao ponto de, por exemplo, no artigo 81., se substituir a palavra povo por pessoas e de riscar a palavra classes. E ainda se retirou a artigo que referia que O ensino deve contribuir para a superao de desigualdadeseconmicas,sociaiseculturais....

    5RevisoConstitucional2001A 5. reviso constitucional (2001) destinouse, sobretudo, a introduzir na

    Constituio Portuguesa a aceitao da ... jurisdio do Tribunal Penal Internacional, nas condies de complementaridade e demais termos estabelecidosnoEstatutodeRoma.

    Acresceram, ainda, alteraes na rea das relaes internacionais, nos smbolos nacionais, na expulso, extradio e direito de asilo, inviolabilidade do domicilio e da correspondncia e na restrio ao exerccio de direitos, numa votao,quemereceu,dep,osaplausosdoPS,doPSDedoCDSPP.

    6RevisoConstitucional2004Aprovada em 23/4/2004 e referendada em 16/7 por Duro Barroso, a 6

    revisoconstitucionalalterou46artigos.Um deles de primordial importncia para o nosso devir histrico: referome

    ao aditamento ao art. 8: As disposies dos tratados que regem a Unio Europeia e as normas emanadas das suas instituies, no exerccio das respectivas competncias, so aplicveis na ordem interna, nos termos definidos pelo direito da Unio, com respeito pelos princpios fundamentais do estado de

  • direitodemocrtico.

    7RevisoConstitucional2005

    Esta nova edio da Constituio da Repblica Portuguesa acolhe a stima reviso constitucional (LC n. 1/2005, de 12 de Agosto) que se limitou a acrescentar um novo artigo (art. 295) legitimador do referendo sobre tratado europeu.