revisões previdenciárias

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Curso ministrado na Escola Superior da Advocacia da OABRS em 25.11.2013

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Page 1: Revisões Previdenciárias

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Page 2: Revisões Previdenciárias

‘As ações de revisão de um benefício previdenciário carregam, todas elas, uma tese que raramente é percebida em toda a sua gravidade: a tese de que o autor não se encontra tutelado integralmente quanto aos recursos materiais a que faz jus e de que necessita para a sua subsistência digna.’

José Antonio Savaris

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Page 3: Revisões Previdenciárias

Direito previdenciário antigamente conhecido como ‘Direito dos modelos de petições’ – Má reputação dos advogados atuantes nesta seara;

Revisões ‘corta e cola’ em linha de produção;

Decadência como ponto de mudança de paradigma;

Elevação do direito previdenciário ao patamar técnico;

Revisões sob o aspecto constitucional de direito fundamental individual;

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Page 4: Revisões Previdenciárias

Voltar a atenção da atuação do advogado para o ato de concessão ou indeferimento do benefício previdenciário como forma de evitar revisões;

Não entender o Processo Administrativo como óbice a ser tolerado;

Crescimento da qualidade técnica dos atores do Direito Previdenciário e aparelhamento do Estado. Consequência lógica: fim das revisões por erro da Administração;

Revisões de fundo – demandarão técnica; 4

Page 5: Revisões Previdenciárias

Estado deixa a inércia e passa a atividade;

Figura do Estado Social – atuação do Estado para que todos tenham acesso aos mesmos bens e serviços;

Cenário de individualismo exacerbado dá espaço a preocupação com o coletivo;

Busca pela igualdade material;

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Page 6: Revisões Previdenciárias

Inalienabilidade – não são negociáveis, não podem ser transferidos, indisponiveis.

Imprescritibilidade – não prescrevem, podem ser sempre exigidos;

Irrenunciabilidade – pode o homem não exercê-los, mas não pode renuncia-los;

Universalidade – direitos que pertencem a todos os homens, todos humanos.

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Page 7: Revisões Previdenciárias

Historicidade – direitos fundamentais não nascem com os homens, decorrem do controle histórico;

Concorrência – pode se exercer mais de um direito fundamental, podem ser cumulados os mais variados direitos fundamentais;

Limitabilidade – direitos fundamentais não são absolutos. Ex. direito a vida frente a eutanásia.

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Page 8: Revisões Previdenciárias

Os Direitos Fundamentais são direitos abertos;

Requerem interpretação ampliada;

São inesgotáveis; São inexauríveis;

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Page 9: Revisões Previdenciárias

Constituição Federal de 1988 – a)Aposentadorias por tempo de serviço integral ou proporcional (sem idade mínima); b) especial (sem idade mínima); c) por invalidez; d) por idade (60 – M e 65 H);

Fórmula de cálculo: média dos últimos 36 salários-de-contribuição, corrigidos mês a mês;

Assegurado a contagem recíproca do tempo de contribuição na Administração Pública e na atividade privada, rural e urbana (regime de compensação);

Benefícios previdenciários no valor de, no mínimo, um salário mínimo.

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Page 10: Revisões Previdenciárias

Em 1991, Leis nº 8.212/91 e 8.213/91 – PCPS e PBPS;

Em 1999, o Decreto nº 3.048 – RPS; Fantasma do ‘Déficit Previdenciário’ Primeira Grande Reforma Previdenciária –

EC 20/1998. Adoção do equilíbrio financeiro e atuarial e

filiação obrigatória; Substituição da Aposentadoria por Tempo

de Serviço para Aposentadoria por Tempo de Contribuição; 10

Page 11: Revisões Previdenciárias

Extinção da Aposentadoria Proporcional para os novos filiados;

Estabelece Teto Máximo para os benefícios previdenciários;

Regras de transição para os já filiados; Não aprovada a idade mínima na

Aposentadoria por Tempo de Contribuição;

Lei nº 9.876/99 – novo critério de cálculo e FATOR PREVIDENCIÁRIO;

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Page 12: Revisões Previdenciárias

Segunda Grande Reforma Previdenciária – EC 41/2003;

Plano de inclusão previdenciária – acesso a trabalhadores de baixa renda;

Terceira Grande Reforma Previdenciária – EC 47/2005

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Page 13: Revisões Previdenciárias

O alarmado ‘Déficit da Previdência’ é a justificativa para reformas cada vez mais restritivas;

A CF/88 se afasta, a cada reforma, do Seguro Social ao qual o segurado se vinculou;

Discrepância entre as contribuições vertidas e o benefício auferido;

Ausência da efetividade social do Estado;

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Page 14: Revisões Previdenciárias

Premissas:

1. O valor do beneficio substituirá a renda do segurado;

2. O valor de contribuição não está diretamente vinculado ao valor do benefício;

3. Vedado qualquer benefício ser inferior que um salário mínimo vigente;

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Page 15: Revisões Previdenciárias

Período Básico de Cálculo (PBC) é o período específico, do qual serão extraídos os salários que serão considerados para apuração da renda mensal.

Salário-de-contribuição (SC) é o valor sobre o qual são calculadas as contribuições previdenciárias vertidas pelo segurado, base de cálculo das contribuições.

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Page 16: Revisões Previdenciárias

Salário-de-benefício (SB) é o valor básico utilizado para cálculo da renda mensal, obtido através da média de uma determinada quantidade de salário de contribuição.

Renda Mensal Inicial (RMI) é sempre o resultado da aplicação de uma alíquota (que varia conforme o benefício) sobre o montante do salário de benefício.

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Page 17: Revisões Previdenciárias

Apurar os SC que irão compor o PBC – o PBC será de acordo com a legislação vigente à época da implementação dos requisitos para concessão do benefício pretendido (tempus regit actum);

Apurar o SB – efetuar a média dos SCs que foram utilizados, com a devida correção monetária – a média também será de acordo com a legislação vigente à época da implementação dos requisitos para concessão do benefício pretendido (tempus regit actum)***;

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Page 18: Revisões Previdenciárias

Para apurar o RMI é preciso aplicar um coeficiente (estabelecido em lei) sobre o SB encontrado, cujo resultado será a RMI. O coeficiente é variável conforme a espécie de benefício

***OBS: A partir da vigência da Lei nº 9.876/99, as Aposentadorias por Tempo de Contribuição, o FATOR PREVIDENCIÁRIO é obrigatório na apuração do SB.

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Page 19: Revisões Previdenciárias

Tc x a (Id + Tc x a) fp = _____________ x 1 + ______________ Es 100

f = fator previdenciário Tc = tempo de contribuição do trabalhador a = alíquota de contribuição (0,31) Es = expectativa de sobrevida do trabalhador na data da aposentadoria Id = idade do trabalhador na data da aposentadoria

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Page 20: Revisões Previdenciárias

fp x Me = 1º SB x Co = 2º RMI 3º

fp = fator previdenciário Me = média dos Salários-de-contribuição SB = Salário-de-benefício Co= Coeficiente de cálculo RMI = Renda mensal inicial

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Page 21: Revisões Previdenciárias

• Média dos últimos 36 meses x coeficiente de cálculo: 70% +6% a cada grupo de 12

contribuições.

Antes da EC 20/98

• Média das 80% maiores contribuições desde 07/94 x Fator Previdenciário x coeficiente de

cálculo: 70% + 5% a cada grupo de 12 contribuições que supere o pedágio.

Regra de Transição

• Média das 80% maiores contribuições desde 07/94 x Fator Previdenciário x Coeficiente de

100%.

Após EC 20/98 e Lei nº 9.876/99

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Page 22: Revisões Previdenciárias

Princípios constitucionais: irredutibilidade do valor dos benefícios; Reajustamento dos benefícios a preservar-

lhes o valor real; Coibir erros administrativos; Preocupação do legislador em manter o

real poder aquisitivo da remuneração dos benefícios;

Determinação de que nenhum benefício substitutivo de renda do segurado seja inferior a um salário mínimo;

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Page 23: Revisões Previdenciárias

Vícios e ilegalidades no ato administrativo concessório do benefício e manutenção;

Erro administrativo no reajustamento do benefício;

Erro na apuração da RMI (não considerar tempo de contribuição, aplicação equivocada de índice de correção, inclusão ou exclusão indevida de contribuições no PBC, desrespeito ao direito adquirido, etc.);

Entendimento divergente entre INSS e Judiciário na interpretação legislativa;

Constante alteração legislativa; 23

Page 24: Revisões Previdenciárias

Art. 122 da Lei 8.213/91 – Se mais vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmente previstas na data do cumprimento de todos os requisitos necessários á obtenção do benefício, ao segurado que, tendo completado 35 anos de serviço se homem, ou 30 anos se mulher, optou por permanecer em atividade

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Page 25: Revisões Previdenciárias

Art. 122 da Lei 8.213/91 – Se mais vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmente previstas na data do cumprimento de todos os requisitos necessários á obtenção do benefício, ao segurado que, tendo completado 35 anos de serviço se homem, ou 30 anos se mulher, optou por permanecer em atividade

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Page 26: Revisões Previdenciárias

Enunciado n° 5 do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS: "A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse sentido.”

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Page 27: Revisões Previdenciárias

A condição mais benéfica, como decorrência do direito adquirido, traz obrigatoriamente duas conseqüências: impede a aplicação retroativa de uma nova lei menos benéfica; b) proporciona ao segurado a garantia de receber a prestação previdenciária mais vantajosa dentre aqueles cujos requisitos cumpre; e c) de acordo com o cálculo que lhe proporcione a maior renda mensal, comparando-se as possibilidades existentes desde o tempo em que preencheu os requisitos ao benefício até quando da efetiva concessão do benefício.” J. A. Savaris

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Page 28: Revisões Previdenciárias

Na data da concessão da aposentadoria o INSS efetua somente 3 hipóteses de cálculos:

Cálculo até 15.12.1998 – antes daEC 20/98;

Cálculo em 28.11.1999 – antes da Publicação da Lei 9.876/99

Cálculo na Data do Requerimento;

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Page 29: Revisões Previdenciárias

A partir do momento que se implementa os requisitos, se adquire o direito;

Daí então, fazer o cálculo de aposentadoria mês a mês entre a aquisição e a data do requerimento, reajustado até a data do requerimento;

Comparar os cálculos e requerer o mais vantajoso.

OBS: Para todos aqueles concedidos há mais tempo, calcular as revisões existentes no período (já pacificadas);

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Page 30: Revisões Previdenciárias

Lei nº 9.876/99 – PBC = 80% de todo o período contributivo do segurado – filiados a partir de 29.11.1999;

Art. 3º da Lei nº 9.876/99 – regra transitória = considera-se todo o período contributivo apenas as contribuições vertidas a partir de julho de 1994;

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Art. 3o Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.

§ 1o Quando se tratar de segurado especial, no cálculo do salário-de-benefício serão considerados um treze avos da média aritmética simples dos maiores valores sobre os quais incidiu a sua contribuição anual, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II do § 6o do art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.

§ 2o No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do inciso I do art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o caput e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta por cento do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do benefício, limitado a cem por cento de todo o período contributivo.

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Page 32: Revisões Previdenciárias

Expectativa de Direito;

Faculdade da aplicação da regra de transição;

Benefício mais vantajoso – Enunciado nº 5 CRPS;

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Page 33: Revisões Previdenciárias

APOSENTADORIA PROPORCIONAL: Extinta com a EC 20/98; Regra de transição – art. 9º §1º da EC 20/98 – somente

pode ser solicitada por segurado filiado antes de 16/12/1998 com regras de transição;

Cumulatividade dos requisitos: Idade: Homem – 53 anos e Mulher – 48 Tempo de contribuição: Homem – 30 anos e Mulher – 25

anos; Pedágio de 40% do que faltava em 16/12/1998 para

completar 25 ou 30 de contribuição; Renda Mensal Inicial: 70% + 5% a cada grupo de 12

contribuições, até o limite de 100% Após 29/11/1999 – Incidência do Fator Previdenciário;

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Page 34: Revisões Previdenciárias

Expectativa de Direito da Aposentadoria Proporcional;

Regra de transição – esvaziada em razão do grande prejuízo;

Norma constitucional autoriza o segurado a aposentadoria ao H – 53 + 30 e M – 48 + 25

Norma infraconstitucional (FP), considerando idade, tempo de contribuição e multiplicador de 70% - regra NULA;

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Bis in idem da idade – duplo prejuízo ao segurado;

Sentenças favoráveis: JEF Florianópolis - 2010.72.50.012448-6 –

reformada na TR JEF de Campos/RJ – 0003194-

57.2012.4.02.5153 Acórdão - 2007.72.95.007023-4 – Andrei

Pitten Velloso - SC

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Essa revisão consiste em desconsiderar as

20% menores contribuições para a concessão dos benefícios por incapacidade, quando no PBC existem menos de 60% de contribuições.

Para benefícios concedidos entre 29/11/99 e 19/08/2009.

Pagamento imediato – execução direta – confissão de dívida – Ação Civil Pública de nº. 0002320-59.2012.4.03.6183/SP

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Regra constitucional – redutor de 5 anos para os professores na aposentadoria por tempo de contribuição – H – 30 e M – 25;

Aplicação do FP retira o benefício constitucional e penaliza o professor em razão da sua aposentadoria precoce;

Precedente: 2006.71.01.004894-2/RS

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Para os aposentados a partir de 29/11/99, levando-se em conta que não se aplica o fórmula do Fator Previdenciário na aposentadoria especial pura, tal conjuntura torna possível que se discuta a aplicação proporcional do fator, em se tratando de aposentadoria por tempo de contribuição com tempo de atividade misto, ou seja, parte especial e parte comum.

A aposentadoria especial é benefício decorrente do trabalho realizado em condições ou prejudiciais à saúde ou à integridade física do segurado. – Sentença 161.01.2011.012583-8/000000-000 – 30/08/11 TJSP - Diadema

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Aumento do cômputo contributivo: Comprovar maiores salários de

contribuição dos que os considerados

Comprovar período maior de contribuição

Em ambos os casos: comprovar que tais SC ou TC aumentam a RMI, trazendo benefício para o segurado;

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“A desaposentação é ato de desfazimento da aposentadoria por vontade do titular, para fins de aproveitamento do tempo de filiação com contagem para nova aposentadoria, no mesmo ou em outro regime previdenciário”

Lazzari e Castro