conceito, tipos, ciclo e avaliação de políticas...

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0 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E GESTÃO DO SUAS M1 D4 - GUIA DE ESTUDO DE POLÍTICAS PÚBLICAS II PI CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS; PII - AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PROFESSORA AUTORA: GERALDA LUIZA DE MIRANDA PROFESSORA TELEPRESENCIAL: GERALDA LUIZA DE MIRANDA COORDENADOR DE CONTEÚDO: MARCELO GARCIA DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA C. SALGADO JUNHO 2013

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E

GESTÃO DO SUAS

M1 D4 - GUIA DE ESTUDO DE POLÍTICAS PÚBLICAS II

PI – CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS; PII - AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

PROFESSORA AUTORA: GERALDA LUIZA DE MIRANDA

PROFESSORA TELEPRESENCIAL: GERALDA LUIZA DE MIRANDA

COORDENADOR DE CONTEÚDO: MARCELO GARCIA

DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA C. SALGADO

JUNHO 2013

1

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA: POLÍTICAS PÚBLICAS II

Cara aluna, caro aluno,

Vamos iniciar a disciplina de Políticas Públicas II, dando sequência ao que já

vimos sobre o tema. Este texto tem a finalidade de apresentar-lhe e discutir com você

as abordagens mais importantes ao ciclo das políticas públicas e os principais

conceitos, tipos, objetivos e modelos de avaliação.

Na Parte I, denominada “Ciclo das Políticas Públicas”, retomaremos o modelo

processual de análise, visto na parte final da disciplina “Políticas Públicas I”.

Focalizaremos alguns argumentos que justificam a superação da visão do

processamento das políticas públicas como uma série de etapas que se desdobram

de forma separada, independente e seqüencial. Discutiremos também duas noções

que denotam desenvolvimentos importantes na área de políticas públicas nos últimos

anos: a noção de “formulação em processo”, de Rua (1997), e a de “policy cycle como

aprendizado”, de Silva e Melo (2000).

Além de percebermos que as diversas etapas das políticas públicas não se

distinguem claramente no mundo real, iremos compreender, com a ajuda dessas

noções, como essas etapas se inter-relacionam e se sobrepõem. Pode-se dizer que

essas noções nos aproximam tanto da complexidade das relações entre uma

multiplicidade de atores que se envolvem na formulação e implementação de políticas

quanto das tensões e conflitos que os motivam. Nesse sentido, entender a

implementação das políticas como “formulação em processo” ou o ciclo das políticas

“como aprendizado” é uma estratégia decisiva também para sua avaliação.

Na Parte II, denominada “Elementos para a Avaliação de Políticas Públicas”,

iremos recuperar elementos clássicos do instigante e importante mundo da avaliação.

Vamos iniciar com a apresentação de alguns conceitos de avaliação de políticas

públicas, os principais objetivos e as classificações mais importantes das avaliações.

Sagi/MD. Analisaremos, também, algumas pré-condições organizacionais e técnicas

necessárias para uma boa avaliação e, por fim, discutiremos os principais modelos de

estudos avaliativos.

Como você verá, o formato e o objetivo das avaliações são bem variados. Nas

últimas décadas, eles se tornaram bastante sofisticados, em virtude de um grande

esforço de governos, gestores e estudiosos. Na América Latina, em geral, e no Brasil,

em particular, especialmente a partir da década de 1980, a avaliação tornou-se parte

2

integrante da agenda de Reforma do Estado. Formou-se um significativo consenso

em torno do que ficou conhecido como “gestão por resultados”. Nessa perspectiva, a

ausência de controles e de metodologias de avaliação das ações que formam as

políticas públicas é vista como conducente a um gasto social ineficiente e,

consequentemente, ao desperdício de recursos públicos.

Para além da busca da eficiência na utilização de recursos públicos, outro

objetivo de suma importância – o da busca de eficácia das intervenções estatais –

tem orientado os esforços de avaliação das políticas desde, no mínimo, a década de

1960. Essa perspectiva, também plenamente incorporada pela agenda de Reforma do

Estado, é de importância crucial para a avaliação da efetividade e dos resultados das

políticas públicas na solução ou prevenção dos mais diversos problemas da

sociedade em geral ou de segmentos sociais específicos.

No âmbito da Política de Assistência Social, a avaliação das políticas,

programas e projetos tornou-se meta de extrema importância, especialmente a partir

da formação do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em

2004. Essa meta tem sido operacionalizada pela Secretaria de Avaliação e Gestão da

Informação (Sagi), cujas atribuições são a formulação e a implementação de uma

política nacional de avaliação e monitoramento. As bases das ações da Sagi/MDS

apresentam-se no quadro abaixo.

Esperamos que, ao término deste curso, você possa compreender o ciclo das

políticas em toda a sua complexidade e esteja completamente familiarizado(a) com os

conceitos, estratégias e modelos que possibilitam a avaliação. A compreensão desses

elementos é o primeiro passo para uma utilização consciente e produtiva dos

instrumentos colocados à disposição dos gestores e trabalhadores da Assistência

Social pela Sagi e, assim, para efetivamente fazer uma “diferença na vida de cada um

e da coletividade”, como diz Patrus Ananias.

Nas Palavras do Autor...

[S]omente com o fortalecimento de uma cultura de transparência e prestação de contas na administração pública e com a utilização dos resultados da avaliação e monitoramento para melhorar o desempenho das políticas será possível tornar mais eficiente e eficaz a aplicação dos recursos públicos. Se, por princípio, o trato do dinheiro público exige completo zelo, tanto mais imperioso se torna esse zelo quando se trata do dinheiro direcionado para os mais necessitados. Devemos empreender todos os esforços para garantir que o investimento esteja, efetivamente, chegando aos que precisam e, principalmente, fazendo diferença na vida de cada um e da coletividade. (Patrus Ananias. In: VAITSMAN, et. al., 2006, p. 8).

3

Como nas disciplinas anteriores, a leitura cuidadosa do Guia de Estudo é

fundamental para sua aprendizagem, assim como o estudo dos textos

complementares de leitura obrigatória indicados para o Estudo Individual Orientado

(EIO).

AULAS TELEPRESENCIAIS

A proposta da metodologia telepresencial é que você acompanhe as aulas por

meio dos slides que, posteriormente são disponibilizados no Espaço do aluno. É

importante que você participe das aulas e apresente suas dúvidas para que o

professor possa ajudá-lo a situar-se melhor e a desenvolver a etapa de Estudo

Individual Orientado.

ESTUDO INDIVIDUAL ORIENTADO

O Guia de Estudo

Como você sabe, o Guia de Estudo orienta seu trabalho individual a distância,

apresentando uma síntese da aula telepresencial, de modo a permitir-lhe refletir, com

mais tranquilidade, sobre os temas tratados e apropriar-se deles para sua prática.

Nosso compromisso com você é de postá-lo até a manhã do dia em que ocorre a

primeira aula de cada disciplina.

Textos Complementares de Leitura Obrigatória

Os textos complementares de leitura obrigatória, como também já dissemos,

visam ao enriquecimento ou à exemplificação/contextualização do tema tratado em

cada aula. Para cada parte do Guia de Estudo você tem a indicação de um texto

complementar, cuja leitura é indispensável e deve preceder a resposta da Lista de

Exercícios correspondente.

Listas de Exercícios

As Listas de Exercícios constituem um elemento de avaliação formativa, isto é,

ao mesmo tempo em que permitem caracterizar seu desempenho na disciplina,

oferecem grande oportunidade de estudo e de apropriação da temática de cada aula.

É importante resolver os exercícios com atenção e não deixá-los para a última

hora. Você terá sempre 15 dias para completar cada lista. Caso haja algum imprevisto

que resulte em atraso na postagem de uma lista, a data de entrega será prorrogada

por tempo igual. Essa condição, se acontecer, virá registrada em vermelho, na página

inicial da lista.

4

O calendário de EIO da disciplina que se inicia está reproduzido no quadro a

seguir.

Guia de Estudo

Texto Complementar de Leitura Obrigatória

Parte I

SILVA, Pedro Luiz Barros e MELO, Marcus André Barreto. O processo de implementação de políticas públicas no Brasil: características e determinantes da avaliação de programas e projetos. NEPP/UNICAMP, Caderno n° 48, 2000. Disponível em: http://www.nepp.unicamp.br/.

Parte II

COTTA, Tereza C. Metodologias de avaliação de programas e projetos sociais: análise de resultados e de impacto. Revista do Serviço Público, ano 49, n. 2, pp. 103-123, 1998. Disponível em: <http://www.enap.gov.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=821&Itemid=129>

FÓRUM

O Fórum constitui um espaço de interação e debate. Ao longo de cada Módulo

serão postados ao menos quatro tópicos e você deve escrever um comentário para

cada um deles. Portanto, serão necessários quatro comentários para que você

obtenha a pontuação mínima de 70% do total dos 40 pontos correspondentes ao

Fórum, em cada módulo. Esses 40 pontos são distribuídos igualmente pelas quatro

disciplinas, ou seja, 10 pontos para cada uma.

OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM

Os objetivos específicos norteiam o resultado desejado, indicando os aspectos

que os coordenadores do curso e o professor da disciplina consideram mais

relevantes para sua formação como Especialista em Gestão do Suas. Leia cada um

deles atentamente e verifique, ao longo das aulas e do EIO, se você está

apresentando o desempenho esperado. Desse modo, você poderá monitorar seu

próprio progresso nos estudos.

Ao concluir o estudo desta disciplina, esperamos que você demonstre

capacidade para:

1. Identificar os pressupostos da visão do ciclo de política como um processo

simples e linear e as críticas a esses pressupostos apresentadas em

concepções mais recentes (Silva e Melo, e Rua).

5

2. Identificar os aspectos comuns entre as concepções de implementação

como “formulação em processo” e ciclo de política como “aprendizado”.

3. Relacionar as fases da formulação e da implementação de políticas na

perspectiva da “implementação como formulação em processo” e do “ciclo

de política como aprendizado”.

4. Conceituar stakeholders.

5. Conceituar nós e elos críticos.

6. Inter-relacionar as noções de governança e de redes complexas.

7. Definir avaliação de políticas públicas.

8. Identificar os objetivos da avaliação de políticas públicas.

9. Identificar as questões de base que orientam a escolha da metodologia de

avaliação das políticas públicas.

10. Classificar a avaliação das políticas públicas segundo o momento da

avaliação; a procedência dos executores; os aspectos do programa

avaliados; os tipos de dados utilizados; número e posição das unidades de

análise no tempo.

11. Conceituar eficiência, eficácia, resultados e impactos de políticas.

12. Descrever os pressupostos da avaliação de políticas, considerando modelo

analítico que oriente a intervenção; diagnóstico da situação-problema;

indicadores sociais; sistema de informação.

13. Identificar os aplicativos que compõem atualmente a Rede Suas.

14. Descrever a classificação de indicadores sociais de Januzzi, considerando

os critérios de: área temática; tipo dos dados utilizados na construção; grau

de complexidade e aspectos que interessam à gestão das políticas

públicas.

15. Caracterizar e exemplificar os Indicadores de Monitoramento.

16. Identificar os principais modelos de avaliação de políticas públicas.

CONTEÚDO

A ementa desta disciplina é a seguinte:

Parte I - O ciclo das políticas públicas: visão clássica; visão do policy cycle

como um processo simples e linear; a implementação como “formulação em

6

processo”; o policy cycle como aprendizado: stakeholders, nós críticos e redes

complexas.

Parte II - Conceito de avaliação de políticas públicas. Objetivos. Classificação

quanto a: momento da realização; procedência dos executores; aspectos do

programa; tipos de dados; posicionamento e número das unidades de análise. Os

pressupostos da avaliação: modelos analíticos, diagnósticos, indicadores e sistemas

de informação. Modelos de avaliação.

7

PARTE I – O CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

1. INTRODUÇÃO

Nesta primeira parte da disciplina “Políticas Públicas II – O Ciclo das Políticas

Públicas”, vamos retomar o último modelo de análise de políticas públicas – o modelo

processual -, visto na disciplina “Políticas Públicas I”, tendo em vista marcar sua

relação com a perspectiva “clássica” do ciclo de política e com a visão desse ciclo

como um “processo linear e simples”, assim como ressaltar sua diferença em relação

a visões mais recentes, e muito mais ricas, do ciclo das políticas públicas.

Essas noções, que denotam desenvolvimentos importantes na área de políticas

públicas, são a de “formulação em processo”, de Maria das Graças Rua (1997), e a

de ciclo de política “como aprendizado”, de Pedro Silva e Marcus Melo (2000). Além

de percebermos que as diversas etapas das políticas públicas não se distinguem

claramente no mundo real, iremos compreender, com a ajuda dessas noções, como

essas etapas se inter-relacionam e se sobrepõem. Pode-se dizer que essas noções

nos aproximam da complexidade das relações entre uma multiplicidade de atores que

se envolvem na formulação e implementação políticas e das tensões e conflitos que

os motivam. Nesse sentido, entender a implementação das políticas como

“formulação em processo” ou o ciclo das políticas “como aprendizado” é uma

estratégia decisiva também para sua avaliação, que é o tema da segunda parte deste

texto.

2. O MODELO PROCESSUAL E SUAS LIMITAÇÕES

Estudos recentes sobre o ciclo das políticas públicas buscam superar a visão

do processamento das políticas como um desdobramento mecânico e linear de

etapas estanques e independentes. Vimos que as etapas possuem a seguinte

sequência:

Os problemas sociais são identificados;

As propostas para sua solução (as políticas públicas) são formuladas;

A aprovação legislativa das propostas é efetivada;

As leis (que traduzem as políticas) são implementadas;

As ações implementadas são avaliadas;

Os estudos preocupados com o “problema da implementação” não se limitam a

descrever as diversas etapas das políticas e distinguir, em cada uma delas, atores,

objetivos e resultados. Cada etapa é vista como um “jogo” entre atores que possuem

8

interesses diferenciados e traçam estratégias para influenciar os resultados da

política. Mas o “jogo” que é jogado em uma etapa teve início nas etapas anteriores e

continua nas etapas seguintes. Isto ocorre porque os atores que se envolvem nas

políticas possuem interesses específicos e, muitas vezes, conflitantes entre si, e as

decisões tomadas em uma etapa afetam e interagem com as decisões e ações

tomadas ou desenvolvidas em outras etapas. Nessa perspectiva, a etapa de

implementação ocupa o centro das atenções, na medida em que é para ela que

convergem os principais problemas. Isso fica vem claro na definição de Rua, a seguir.

Para iniciar a discussão, vejamos quais seriam as condições ideais para que

não houvesse problemas na implementação das políticas. Rua (1997) seleciona 10

pré-condições.

Nas Palavras da Autora...

[O] conjunto de ações realizadas por grupos ou indivíduos de natureza pública ou privada, as quais são direcionadas para a consecução de objetivos estabelecidos mediante decisões anteriores quanto a políticas. Em outras palavras, trata-se das ações para fazer uma política sair do papel e funcionar efetivamente (RUA, 1997, p. 13).

Nas Palavras da Autora...

1. As circunstâncias externas à agência implementadora não devem impor restrições que a desvirtuem.

2. O programa deve dispor de tempo e recursos suficientes.

3. Não apenas não deve haver restrições em termos de recursos globais, mas também, em cada estágio da implementação, a combinação necessária de recursos deve estar efetivamente disponível.

4. A política a ser implementada deve ser baseada numa teoria adequada sobre a relação entre a causa (de um problema) e o efeito (de uma solução que está sendo proposta).

5. Esta relação entre causa e efeito deve ser direta e, se houver fatores intervenientes, estes devem ser mínimos.

6. Deve haver uma só agência implementadora, que não depende de outras agências para ter sucesso; se outras agências estiverem envolvidas, a relação de dependência deverá ser mínima em número e em importância.

7. Deve haver completa compreensão e consenso quanto aos objetivos a serem atingidos e esta condição deve permanecer durante todo o processo de implementação.

8. Ao avançar em direção aos objetivos acordados, deve ser possível especificar, com detalhes completos e em sequência perfeita, as tarefas a serem realizadas por cada participante.

9. É necessário que haja perfeita comunicação e coordenação entre os vários elementos envolvidos no programa.

10. Os atores que exercem posições de comando devem ser capazes de obter efetiva

obediência dos seus comandados. (p. 14).

9

Como observa Rua (1997), no entanto, essas pré-condições dificilmente podem

ser atendidas. Na verdade, elas se sustentam em noções do ciclo de política muito

distantes da realidade.

3. A VISÃO CLÁSSICA DE CICLO DE POLÍTICA

As pré-condições listadas por Rua (1997) estão baseadas em uma separação

nítida e linear entre as etapas de formulação e implementação das políticas. Essa

visão é denominada “clássica” por Silva e Melo (2000).

Vejamos, na Figura 1, como esses analistas a retratam.

Figura 1: Visão clássica do ciclo de política pública

Formulação de

políticas

Implementação

de políticas

Fonte: Silva; Melo (2000)

A visão clássica é a mais rudimentar das visões do ciclo de política. Como

chamam a atenção Silva e Melo (2000), nessa perspectiva, a implementação é vista

como um jogo de uma só rodada, isto é, a ação governamental é implementada de

cima para baixo. Nem mesmo os efeitos de retroalimentação dos aspectos da

implementação sobre a formulação, possibilitados pelo monitoramento e pela

avaliação, são considerados.

Na visão do ciclo das políticas públicas como um processo linear e simples, de

acordo com esses analistas, essa retroalimentação é considerada. Veja a Figura 2, a

seguir.

4. A VISÃO DO POLICY CYCLE COMO UM PROCESSO SIMPLES E LINEAR

Na visão do ciclo de política como um processo linear e simples, de acordo

com Silva e Melo (2000), a noção de retroalimentação, possibilitada pelo

monitoramento e pela avaliação das ações, torna-se central.

Figura 2: A visão do ciclo de política como um processo simples e linear

Formulação de

políticas

Implementação

de políticas

Retroalimentação/ Monitoramento Fonte: Silva e Melo (2000)

10

Nessa segunda visão do ciclo de política, na qual aspectos da implementação

“retroalimentam” a formulação, o monitoramento e a avaliação das ações passam a

ser entendidos como instrumentos de correção de rota.

No entanto, os problemas, obstáculos e vicissitudes da implementação são

compreendidos como resultantes da capacidade institucional dos agentes

implementadores ou de problemas de natureza política ou, ainda, como efeitos da

resistência ou boicote dos grupos que são afetados negativamente por ela. Assim,

essa visão ainda é muito simplista e linear, pois seu ponto de partida é o

entendimento de que a formulação é uma etapa isenta de problemas.

Silva e Melo identificam três pressupostos desse modelo.

No entanto, os mesmos Silva e Melo criticam esses pressupostos, afirmando

que nenhum deles se sustenta na realidade, pois

a. os tomadores de decisão (os formuladores de política), assim como

estudiosos, não compreendem os fenômenos sociais completamente; no

caso dos formuladores, a falta de conhecimento tem origem, em grande

parte, nos limites de tempo e de recursos em que se veem envolvidos;

b. os tomadores de decisão não controlam, não conhecem e, por isso, não têm

condições de prever todas as condições que envolvem o contexto de

implementação das políticas;

c. os planos ou programas delimitam apenas parte dos cursos de ação e das

decisões que os implementadores devem tomar; esses documentos, no

entendimento dos autores, sempre deixam um amplo espaço para decisões

discricionárias que pode ser usado para a inovação, a criatividade e a

adaptação das políticas;

d. os tomadores de decisão expressam suas preferências nos projetos e

programas, entendendo que, com isso, a política está dotada de uma

“racionalidade técnica”; quando as preferências de outros interferem nessa

“racionalidade”, durante a implementação, eles entendem que os objetivos e

metas foram desviados.

Nas Palavras dos Autores...

O diagnóstico que informa a formulação de políticas está essencialmente correto.

O formulador dispõe de todas as informações necessárias ao desenho das políticas programadas.

O formulador dispõe de um modelo causal válido. (SILVA e MELO, 2000)

11

5. A IMPLEMENTAÇÃO COMO “FORMULAÇÃO EM PROCESSO”.

Rua (1997) também lista alguns pressupostos da visão do ciclo de políticas

como um processo linear e simples. São eles: (i) a responsabilidade pela política é

atribuição dos atores situados no topo do processo político; (ii) na implementação,

não há ambiguidades quanto à natureza da política: os elos da estrutura são mínimos

e não há interferências externas; (iii) é possível manter controle sobre os agentes

envolvidos.

No entendimento de Rua (1997), esses pressupostos são equivocados, pois:

cada tipo de política e de arena de política abrange diferentes atores,

distribuídos em diferentes organizações, graus variados de conflito e,

portanto, de interferências externas;

nem sempre todos os atores envolvidos possuem um entendimento claro

acerca das metas da política e de sua natureza;

não há separação clara entre as etapas de formulação e implementação;

no caso de políticas implementadas por diversas ações, algumas delas

podem interagir e entrar em conflito com as ações de outras políticas; essa

interação e esse conflito ocorrem porque as políticas públicas se sustentam,

muitas vezes, em relações de causalidade complexas e, especialmente no

caso das redistributivas, envolvem uma diversidade de atores com

interesses conflitantes.

A partir dessa crítica, Rua (1997) argumenta que a implementação deve ser

compreendida como uma “formulação em processo”.

Vejamos, agora, a visão do ciclo de políticas públicas “como aprendizado”, de

Silva e Melo (2000).

6. O CICLO DE POLÍTICAS “COMO APRENDIZADO”: STAKEHOLDERS, NÓS CRÍTICOS E REDES

COMPLEXAS

Silva e Melo (2000) avançam na teorização do ciclo de política. Em primeiro

lugar, eles afirmam que a implementação, relativamente à formulação, consiste em:

Nas Palavras da Autora...

[N]a realidade o que existe não é um processo acabado, mas sim um contínuo movimento de interação entre uma política em mudança, uma estrutura de relações de grande complexidade e um mundo exterior não apenas complexo mas, também, dotado de uma dinâmica cada vez mais acelerada (p. 18)

12

uma etapa de aprendizagem, evolução, adaptação e também de

decisões políticas necessárias para resolver conflitos não previstos,

brechas e ambiguidades legais, omissões de normas operacionais etc.;

uma etapa que requer uma visão estratégica dos problemas, a

incorporação de questões críticas, como a viabilidade da política e os

problemas de coordenação interorganizacional.

Dadas essas características e exigências, e afirmando, como Rua (1997), que

a implementação “cria novas políticas”, Silva e Melo (2000) ressaltam que não cabe a

noção de avaliação (da implementação) como instrumento de “correção de rota”,

suposta na visão do ciclo de política como um processo simples e linear (retratado na

Figura 2). A implementação é etapa de aprendizagem, de teste dos modelos causais.

Ela exige uma visão estratégica dos problemas; uma visão que permita a constante

reformulação da política.

Com esse entendimento, os autores ressaltam ainda que a implementação

envolve uma “rede de implementadores” (de agentes públicos, não-públicos e

privados), que possuem interesses próprios, diferentes daqueles que orientaram a

formulação, e conflitantes entre si.

Assim, Silva e Melo (2000) transformam o ciclo de política em um “campo

estratégico” que incorpora formuladores, implementadores e também a população

meta da política. Como os implementadores, essa população, ao “consumir” os

produtos da política, também a transforma, criando, nessa transformação, novas

políticas.

Na visão do ciclo de política como um “campo estratégico”, adquirem

importância os conceitos de “stakeholders” e de nós ou elos críticos. Vejamos o que

significam:

a. Stakeholders ou apoiadores

são os “grupos envolvidos

pelas políticas e nela

interessados”. Para Silva e

Melo (2000), esses grupos

devem ser incorporados às

etapas de formulação e

implementação das políticas,

na medida em que são eles

que fornecem a elas

legitimidade e sustentação.

b. Nós críticos ou elos críticos

são momentos no tempo em que as questões referidas ao processo de

sustentação política dos programas, de coordenação interinstitucional e

de capacidade de mobilização de recursos institucionais se conjugam.

Saiba Mais!

Uma definição mais ampla de stakeholders é apresentada Posavac e Carey: stakeholders “são aqueles que estão pessoalmente envolvidos no pro-grama e que derivam dele parte ou toda sua renda; seu status ou carreira futura deve ser afetada pela qualidade do programa; são destinatários ou poten-ciais destinatários dos serviços do pro-grama” (Citado por COTTA, 1998, p. 106).

13

Nesses momentos, há uma espécie de “crise”, concretizada na tomada

de uma decisão por um ator estratégico. Assim, a crise é momento de

aprendizagem, que resulta em uma decisão que, por sua vez, leva o

programa para uma direção nova.

A partir desses argumentos e conceitos, Silva e Melo (2000) salientam que o

ciclo de política não é simples nem linear (não vai da formulação à implementação e

da implementação à avaliação). Não há um ponto de partida. O ciclo de política é

constituído por redes complexas de formuladores,

implementadores, stakeholders e beneficiários que

dão sustentação à política; e por “nós” críticos” (p.

14), que permitem continuamente o aprendizado.

Essa formulação é retratada na Figura 3.

Figura 3: O policy cycle como aprendizado

A implementação

como um jogo

Nós críticos

Rede de implementadores,

formuladores, stakeholders

e beneficiários

Fonte: Silva e Melo (2000, p. 14).

Assim, na visão do ciclo de política como aprendizado, a implementação se

transforma em um jogo que envolve uma rede de atores (implementadores,

formuladores, stakeholders e beneficiários). Não se pressupõem relações

Saiba Mais!

Esse entendimento de que a política é constantemente reformulada, na fase de im-plementação, pela interação contínua e estratégica dos atores envolvidos é também salientado por Molina (2002).

14

hierárquicas e de controle. Nessa etapa, assim como na formulação, asseguram Silva

e Melo (2000), há (ou deve haver) negociação, barganha e troca.

Silva e Melo (2000) ressaltam ainda que essa visão do ciclo de políticas é mais

coerente com a noção de “governança” democrática. O conceito de governança diz

respeito às regras e aos arranjos institucionais que regulam as “redes complexas”.

Redes complexas são as interações entre agentes públicos (representantes e

burocracias), não públicos e privados que estimulam e sustentam a cooperação, a

coordenação e a negociação, e não o controle hierárquico. Nesse quadro, como

salienta Molina (2002), adquirem importância as regras participativas, democráticas,

em todas as etapas das políticas públicas.

Na Parte II, as discussões anteriores servirão de base para o tratamento da

temática da avaliação de políticas públicas.

Não se Preocupe!

Essa discussão será ampliada e operacionalizada na disciplina “Gestão Pública”.

15

PARTE II - ELEMENTOS PARA A AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Atualmente, há amplo consenso sobre a importância da avaliação das políticas

públicas, especialmente as sociais, tanto entre gestores públicos quanto entre

políticos e estudiosos. Na Assistência Social, não tem sido diferente.

Nesta parte, vamos apresentar e discutir os diversos conceitos de avaliação, os

objetivos e os principais tipos ou classificações de avaliação; os instrumentos

necessários para a realização de boas avaliações -- que são o marco lógico, os

diagnósticos, os indicadores e sistemas de informação -- e, por fim, os modelos mais

importantes de pesquisas de avaliação. Entre os instrumentos necessários para a

realização das avaliações, trataremos mais detalhadamente de indicadores e de

diagnósticos e, no que se refere aos sistemas de informações, apresentaremos a

estrutura geral da Rede Suas, que é o sistema de informações do Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Ao longo das discussões,

buscaremos também fornecer uma visão geral da dinâmica do monitoramento e

avaliação, desenvolvida na Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (Sagi),

assim como incluir, nas discussões sobre conceitos e classificações, aqueles que têm

sido publicizados por essa secretaria.

Lembramos que esta é uma disciplina introdutória sobre avaliação de políticas

públicas. As habilidades necessárias para que um analista ou gestor público possa

fazer, pessoalmente, os tipos mais sofisticados de avaliação requerem mais de uma

disciplina para serem formadas. Um bom curso de estatística é normalmente

indispensável nesse empreendimento. Mas os conceitos e classificações

apresentados e as discussões desenvolvidas nesta disciplina são importantes para a

realização de estudos avaliativos de rotina, utilizando, inclusive, os instrumentos e

dados disponibilizados pela Sagi. São também relevantes para a contratação e a

compreensão mais competente de qualquer pesquisa de avaliação dos programas,

políticas e projetos desenvolvidos na área de Assistência Social.

Saiba Mais!

Os textos de Ala-Harja e Helgason (2000), Faria (2005) e Trevisan e Bellen (2008), listados nas referências da bibliografia complementar tratam com detalhes a trajetória histórica das pesquisas de avaliação e seus objetivos em diferentes países, inclusive na America Latina.

16

1. CONCEITO DE AVALIAÇÃO

Uma definição abrangente de avaliação das ações que constituem uma política

pública é a de Aguilar e Ander-Egg.

Considerando que a avaliação é um instrumento de tomada de decisão, ela

pode e deve ser feita, de acordo com Cotta (1998), em todas as fases da política e

não apenas em seu término. Em cada uma das fases, há diferentes formatos de

avaliação e diversos objetivos. Vejamos os objetivos.

2. OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO

Ala-Harja e Helgason (2000) ressaltam que o objetivo da avaliação não é

buscar a verdade absoluta, mas sim oferecer subsídios para um “entendimento e uma

visão justificada dos programas de implementação de políticas”. Nenhum processo

avaliativo “substitui o processo de tomada de decisão política”, dizem os autores, mas

ele deve permitir que as decisões sejam tomadas de maneira mais consciente, mais

fundamentada (p. 10).

De acordo com Vaitsman, et. al. (2006), que sintetizam a posição da Sagi/MDS,

o objetivo da avaliação “é melhorar as atividades em andamento e dar subsídios para

o planejamento, a programação e a tomada de decisões futuras”. Dependendo dos

objetivos e do objeto da avaliação, “os estudos podem utilizar diferentes metodologias

e se referir a distintos campos do conhecimento”. Uma “boa prática” seriam os

estudos “interdisciplinares e que combinem metodologias quantitativas e qualitativas,

para que se possa correlacionar diferentes dimensões de um programa ou política” (p.

23). Mas, como ressaltam esses analistas, avaliações muito abrangentes ficam muito

caras e são demoradas. Por isso, os gestores precisam ponderar, ao escolher a

metodologia a ser utilizada em um estudo de avaliação, pelo menos quatro questões

inter-relacionadas.

Nas Palavras dos Autores...

A avaliação é uma forma de pesquisa social aplicada, sistemática, planejada e dirigida; destinada a identificar, obter e proporcionar, de maneira válida e confiável, dados e informação suficiente e relevante para apoiar um juízo sobre o mérito e o valor dos diferentes componentes de um programa (tanto na fase de diagnóstico, programação ou execução), ou de um conjunto de atividades específicas que se realizam, foram realizadas ou se realizarão, com o propósito de produzir efeitos e resultados concretos. Visam comprovar a extensão e o grau em que se deram essas conquistas, de forma tal que sirva de base ou guia para uma tomada de decisões racionais e inteligentes entre cursos de ação, ou para solucionar problemas e promover o conhecimento e a compreensão dos fatores associados ao êxito ou ao fracasso de seus resultados (Citado por COTTA, 1998, p. 106).

17

Assim, contratar, realizar ou compreender um estudo de avaliação de uma

política não é uma tarefa simples. Vamos tratar da questão por partes. Para facilitar a

compreensão, vejamos, antes, as principais classificações das avaliações.

3. CLASSIFICAÇÃO DE AVALIAÇÕES

As avaliações podem ser classificadas de acordo com diferentes critérios. Os

principais, de acordo com Cotta (1998) são: o momento em que são realizadas; a

procedência dos avaliadores; os aspectos da intervenção que são priorizados; a

natureza das questões a serem respondidas. Além desses critérios, as avaliações

também podem ser classificadas quanto ao tipo de dados utilizados e quanto ao

posicionamento e número das unidades de análise no tempo.

3.1. Momento da Avaliação

Quanto ao momento de realização, a avaliação pode ser:

Ex-ante: realizada antes do início do programa ou projeto. Visa a

subsidiar o processo decisório, apontando a conveniência ou não de se

implementar a ação. De acordo com Thoenig (2000), esse tipo de

avaliação está mais próximo de uma “quase-avaliação” ou de uma

“avaliação informal”. Embora tenha entrado na agenda das discussões

sobre avaliação, a avaliação ex-ante ainda permanece como uma fonte

secundária de orientações para gestão pública.

Ex-post ou somativa: realizada após a conclusão do programa. Auxilia

na decisão pela manutenção e ou reformulação do desenho original.

Intermediária, formativa ou monitoramento: realizada no período de

vigência do programa. O objetivo desse tipo de avaliação, de acordo

com Ala-Harja e Helgason (2000), é dar suporte e melhorar a gestão, a

Nas Palavras dos Autores...

1. Os objetivos da pesquisa ou o que se quer saber sobre o programa;

2. Os recursos financeiros disponíveis;

3. As fontes de dados disponíveis;

4. O tempo em que se quer obter resultados.

A escolha do desenho e, conseqüentemente, dos métodos vai depender das perguntas que se quer responder, dos recursos e das fontes de dados disponíveis e do tempo em que se quer obter resultados. Quanto maior a abrangência, a representatividade, a combinação de métodos, o número de estratos de uma amostra, mais demorada e cara será uma pesquisa. (VAITSMAN,et.al., 2006, p. 23)

18

implementação e o desenvolvimento do programa. A ênfase é dada à

aplicabilidade direta dos resultados.

A concepção de monitoramento da Sagi/MDS, apresentada por Vaistsman, et.

al. é mais ampla.

Para a Sagi/MDS, o monitoramento comporta dois processos distintos e

interligados. O primeiro é o acompanhamento dos programas – uma atividade interna

-, que é feito a distância; o segundo, diz respeito a checagens locais.

3.2. Procedência dos Executores

Quanto à procedência dos executores, a avaliação pode ser classificada, de

acordo com Cotta (1998), em:

Interna: quando profissionais da própria unidade gestora realizam a

investigação. Nesse tipo de avaliação, o nível de conflito é minimizado e

a quantidade de informação relevante disponível é aumentada. Em

contrapartida, a objetividade da avaliação pode ficar muito prejudicada.

Externa: quando se recorre a profissionais não vinculados à instituição

executora do programa para a realização da pesquisa. Nesse tipo de

avaliação, há um ganho em termos de isenção, mas o acesso aos dados

necessários à pesquisa é mais difícil.

Mista e participativa: quando se reúnem, em uma mesma investigação,

profissionais da unidade gestora, profissionais externos e beneficiários

Nas Palavras dos Autores...

Monitoramento consiste no acompanhamento contínuo, cotidiano, por parte de gestores e gerentes, do desenvolvimento dos programas e políticas em relação a seus objetivos e metas. É uma função inerente à gestão dos programas, devendo ser capaz de prover informações sobre o programa para seus gestores, permitindo a adoção de medidas corretivas para melhorar sua operacionalização. É realizado por meio de indicadores produzidos regularmente com base em diferentes fontes de dados, que dão aos gestores informações sobre o desempenho de programas, permitindo medir se objetivos e metas estão sendo alcançados. (VAITSMAN, et. al. 2006, p. 21).

Nas Palavras dos Autores...

Checagens locais [...] acabam constituindo um tipo de pesquisa rápida, qualitativa, por meio da qual gestores, pesquisadores e outros agentes podem verificar como a implementação está sendo realizada e se está atingindo seus objetivos, além de verificar que problemas estão interferindo nas ações, processos e consecução dos objetivos previstos (VAITSMAN, et. al., 2006, p. 21-22).

19

do programa. Esse tipo de avaliação possibilita uma investigação mais

abrangente, mas ela é mais cara e trabalhosa.

3.3. Aspectos do Programa

Quanto aos aspectos do programa, há quatro tipos de avaliação, também de

acordo com Cotta (1998). São eles:

Avaliação do plano e conceitualização da intervenção: investiga a

pertinência formal e conceitual do programa ou projeto, apontando

falhas no diagnóstico ou no próprio desenho, tendo-se por referência o

que ocorre em sua implementação.

Avaliação do processo da intervenção: corresponde ao

acompanhamento da execução. Diz respeito à dimensão da gestão e

tem por finalidade julgar se a intervenção está sendo implementada

como foi planejada; se a população-alvo está sendo atingida; se o

cronograma está sendo cumprido; ou, ainda, se os recursos estão sendo

usados com eficiência. É também um tipo de avaliação intermediária,

formativa ou monitoramento, tratado anteriormente.

Avaliação de eficiência: busca avaliar a relação entre os custos das políticas

(em termos monetários) e seus resultados (o alcance das metas e dos

objetivos propostos) ou se os custos operacionais do projeto são menores que

seus benefícios líquidos. Esse tipo de avaliação permite comparar

intervenções alternativas, auxiliando a tomada de decisão em torno da

implementação ou da continuidade ou não dos programas. Embora a questão

Saiba Mais!

A pesquisa realizada pela UFPE, contratada pela SAGI, que está publicada com o título “Avaliação Qualitativa do PAA-Leite”, é um exemplo de desenho de pesquisa que incorpora elementos tanto do tipo “Avaliação do plano e conceituação da intervenção” quanto do tipo “Avaliação do processo de intervenção”. A pesquisa avaliou as divergências entre o desenho do Programa de Aquisição de Alimentos-Leite e a opinião de pessoas (beneficiários e não-beneficiários), de cinco dos dez estados que compõem a área coberta pelo programa. As opiniões, coletadas em grupos focais, foram sobre os objetivos do programa, vantagens e desvantagens oferecidas pelo programa para a venda do leite, dadas as condições e interesses dos produtores de cada região etc. A partir dos achados da pesquisa, os pesquisadores fizeram diversas sugestões para melhorar o desenho do programa. Você encontra a publicação dessa pesquisa no livro “Avaliação de Políticas e Programas do MDS – Resultados – Segurança Alimentar e Nutricional - Volume 1”, 2006, disponível no site do MDS. O endereço dessa publicação, assim como das outras referidas neste texto, encontra-se nas referências bibliográficas.

20

dos custos seja apenas um dos aspectos a ser considerado quando se decide

pela continuidade ou não de um programa na área social, esse tipo de

avaliação pode ser um instrumento importante quando há um leque maior de

escolhas. Nesse tipo de investigação, busca-se basicamente, de acordo com

Cotta (1998), responder às seguintes questões:

o Os recursos estão sendo dirigidos aos fins visados?

o O programa ou projeto funciona a um custo razoável?

o Os resultados atingidos podem ser mensurados em termos

monetários?

o O programa é tão bem-sucedido quanto outros de custo igual

ou menor?

AvaliAvaliação de eficácia (ou de efeito): investiga se houve alterações

na situação-problema após a intervenção. Em caso afirmativo, deve-se

estabelecer uma relação de causalidade entre tais alterações e certos

atributos do programa. Essa é a tarefa mais importante da avaliação, e

também a mais difícil de ser realizada, na medida em que exige, sempre,

dados difíceis de serem coletados e análises estatísticas mais sofisticadas.

A avaliação de eficácia divide-se em dois subtipos:

Avaliação de resultados: investiga os efeitos da intervenção sobre a

população-alvo. Busca-se responder, de acordo com Cotta (1998), às

seguintes questões: O programa ou projeto surtiu algum efeito sobre a

população-alvo? Em caso afirmativo, como classificar tais efeitos?

Avaliação de impacto (ou de efetividade): investiga os efeitos da

intervenção sobre a população total, ou seja, busca avaliar seus reflexos no

contexto social mais amplo. A dificuldade maior, nesse tipo de avaliação,

assim como na avaliação de resultados, é distinguir quais alterações são

efeitos da intervenção e quais resultam de outros fatores. Daí a importância

das técnicas de pesquisas escolhidas para se fazer a avaliação, por

exemplo, grupos de controle, análises estatísticas.

Importante! Eficiência refere-se à utilização competente dos recursos alocados para a realização dos objetivos e metas previstos para a política ou o programa. Uma política é tão mais eficiente quanto mais racionalmente são utilizados os recursos para o alcance dos objetivos e metas.

21

Saiba Mais!

A pesquisa, contratada pelo MDS, publicada com o título “Segurança Alimentar e Nutricional entre os Beneficiários do Programa Bolsa Família”, é um exemplo de avaliação de resultados. A pesquisa foi realizada pela UFF e UFBA, em 2006. O objetivo foi avaliar o impacto do Programa Bolsa Família nas condições de vida das famílias beneficiárias, especialmente sobre seus padrões alimentares. Foram realizadas 4.000 entrevistas (questionários fechados), em municípios de diferentes tamanhos de todo o Brasil, com famílias com diferentes períodos de inserção no programa. Os achados da pesquisa indicam impacto positivo do Bolsa Família nos padrões alimentares das famílias beneficiárias. Você encontra essa publicação no livro “Avaliação de Políticas e Programas do MDS – Resultados. Volume 2 – Bolsa Família e Assistência Social”.

Saiba Mais!

I - Um exemplo de pesquisa de avaliação de impacto é a publicada com o título

“Primeiros Resultados da Análise da Linha de Base da Pesquisa de Avaliação de Impacto do Programa Bolsa Família”. Foi realizada pela UFMG, em 2005. O objetivo da pesquisa foi avaliar o impacto do programa sobre o estado de saúde das crianças de 0 a 6 anos e das mulheres grávidas. Foram entrevistadas (questionários fechados) 14.022 famílias, distribuídas em três grupos: famílias beneficiárias; famílias cadastradas no CadÚnico, mas ainda não beneficiárias; e famílias não cadastradas e não beneficiárias. Os achados da pesquisa também apontam impacto positivo do Bolsa Família sobre as condições de saúde dos dois grupos. Você encontra essa publicação no livro “Avaliação de Políticas e Programas

do MDS – Resultados. Volume 2 – Bolsa Família e Assistência Social”.

Importante!

Eficácia refere-se ao alcance dos objetivos e metas, estabelecidos no desenho

da política ou do programa, a serem cumpridos em um prazo definido. Uma política é tão mais eficaz quanto mais ela alcança os “resultados” ou os “efeitos” planejados.

Efeito, de acordo com Cohen e Franco, “é todo comportamento ou

acontecimento que se pode razoavelmente dizer que sofreu influência de algum aspecto do programa ou projeto”. Há diversos tipos de efeitos: “os efeitos procurados e os efeitos não-procurados, que se subdividem em previstos, positivos e relevantes, e os efeitos não-previstos. Os primeiros correspondem aos objetivos que a intervenção pretendia atingir, sendo, por definição, previstos e positivos; os dois últimos equivalem a efeitos indiretos, que podem ser negativos ou positivos, e efeitos inesperados, associados a falhas na elaboração do programa ou projeto e/ou a limitações do conhecimento disponível sobre uma determinada área ou assunto” (Citado por COTTA, 1998, p. 111-2)

22

3.4. Tipo de Dados Utilizados

Quanto ao tipo de dados utilizados, a avaliação pode ser:

Qualitativa: quando são utilizados apenas dados não-numéricos,

normalmente coletados por meio de entrevistas, questionários, grupos

focais, observações etc. Exemplos: opinião dos beneficiários sobre o

programa Bolsa Família; problemas encontrados na implementação dos

Creas ou dos Cras.

Quantitativa: avaliação que utiliza apenas dados numéricos. Exemplos:

número de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família, gastos

financeiros com o Benefício de Prestação Continuada.

3.5. Número e Posição das Unidades de Análise no Tempo

Quanto ao número e posição das unidades de análise no tempo, a

avaliação pode ser:

Estudo de caso: quando se avalia uma única política em um

determinado período (um ponto no tempo) ou sua evolução ao longo do

tempo.

Comparativa transversal: quando se avalia uma mesma política em

contextos diferentes ou diferentes políticas em um mesmo contexto ou

em contextos diferentes. Os dados utilizados para avaliar a política, ou

as políticas, estão situados em um mesmo ponto do tempo.

Comparativa longitudinal: quando se avalia uma mesma política ou

diferentes políticas ao longo do tempo (em períodos específicos).

Também conhecida como “análise de série temporal”.

Importante!

Como ressaltam Vaitsman et. al. (2006), normalmente, uma boa avaliação

combina dados qualitativos e quantitativos, coletados em fontes primárias (por

exemplo, entrevistas com beneficiários) e fontes secundárias (estatísticas

divulgadas por órgãos públicos, publicações de estudos anteriores etc.).

23

4. OS PRESSUPOSTOS DA AVALIAÇÃO

Você já deve ter percebido que a avaliação de políticas públicas, programas e

projetos não é mesmo coisa fácil de fazer. Processos avaliativos de qualidade, que

permitem avaliar o desenho, a gestão, a eficácia e a eficiência das intervenções,

demandam esforço e investimento em recursos materiais, informacionais e humanos.

Esses esforços e investimentos devem ser traduzidos, especialmente na elaboração

de e utilização de: (a) modelo analítico que oriente a intervenção; (b) diagnóstico da

situação-problema (c) indicadores sociais; (d) sistema de informação.

4.1.Modelo analítico da intervenção

O modelo analítico da intervenção diz respeito a um conhecimento das

relações de causa e efeito, isto é, do relacionamento entre o problema social que se

pretende prevenir ou solucionar e os instrumentos e tecnologias que compõem a

política. Esses instrumentos e tecnologias devem estar orientados para a solução do

problema; devem ter efeito sobre ele. No entanto, dizer que toda política pública

pressupõe um modelo de causa e efeito - um modelo analítico -, não significa que

este foi construído de forma rigorosa e sistemática e nem mesmo que haja consenso

entre os tomadores de decisão e os implementadores sobre ele. Muitas vezes, no afã

de resolver os problemas sociais, de atender grupos de pressão, de responder às

exigências da legislação, ou mesmo por incapacidade administrativa, o Estado faz

intervenções que se sustentam em relações de causa e efeito equivocadas. Em

Saiba Mais!

I - A pesquisa realizada pela FUBRA, em 2006, publicada com o título “Programa de Aquisição de Alimentos nas Regiões Sul e Nordeste”, contratada pela SAGI/MDS, é um exemplo de pesquisa transversal comparativa. O objetivo foi

avaliar a implementação, a sustentabilidade e os efeitos do programa em estados do Nordeste e do Sul. Os pesquisadores trabalharam com dados qualitativos, gerados em entrevistas com gestores do programa; beneficiários diretos (produtores e membros das organizações que recebem os alimentos); beneficiários indiretos (comerciantes, creches, hospitais) etc., e com dados quantitativos, coletados em órgãos públicos, inclusive os de implementação do programa (número de beneficiários, número de municípios etc.). Os achados da pesquisa mostram avaliação positiva do programa e apontam os pontos em que sua implementação deve ser melhorada. Você encontra a publicação dessa pesquisa no livro “Avaliação de Políticas e Programas do MDS – Resultados – Segurança Alimentar e Nutricional - Volume 1”.

II - Os diagnósticos dos Cras, que têm sido frequentemente realizados pelo MDS, permitem avaliações longitudinais consistentes desse serviço nos diferentes tipos de municípios. À frente, trataremos mais desse processo.

24

muitos casos, essas relações não são nem mesmo explicitadas ou o são a partir do

senso comum, e não de um conhecimento sistematizado. Isto é o que salienta

Carneiro (2004):

O “marco lógico”, de acordo com Carneiro (2004), é um recurso metodológico

importante para auxiliar o desenho, o monitoramento e avaliação de projetos. A

metodologia estimula uma melhor definição do problema; a investigação de suas

causas, características e consequências; o planejamento dos recursos e atividades a

serem desenvolvidas na implementação do programa; o estabelecimento de metas e

objetivos a serem cumpridos etc.

4.2. Diagnóstico da Situação-Problema

A elaboração do marco lógico depende de um

diagnóstico do problema social: sua trajetória no tempo

e no espaço, sua incidência, magnitude etc.. Sem um

diagnóstico adequado, não é possível a elaboração de

um marco lógico consistente.

Sobre o diagnóstico, Carneiro (2004) diz o seguinte:

Nas Palavras da Autora...

Todo projeto tem implícito um modelo causal, uma hipótese, ou melhor, um conjunto de hipóteses vinculadas que orientam a intervenção. Uma certa concepção sobre um problema, suas causas e consequências justificam a escolha de determinadas estratégias de intervenção. Geralmente, os critérios de escolha e os pressupostos “teóricos” não são explicitados, o que fragiliza o planejamento das ações e compromete os resultados: se não há clareza suficiente sobre o problema, suas causas e consequências, ou sobre os meios a serem viabilizados para sua superação, os projetos encontram-se em uma situação de grande incerteza e risco, o que compromete a eficácia nos resultados e a eficiência no uso dos recursos. No final das contas, não contribuem para reverter a situação que deu origem a eles (p.70).

Não se Preocupe!

O marco lógico será tema de uma

disciplina específica deste curso. Os outros temas que tratamos nesta seção serão abordados também em outras disciplinas

Nas Palavras da Autora

A elaboração de um diagnóstico implica a coleta e análise de dados e informações, de natureza quantitativa e qualitativa. Para construir um bom diagnóstico, é necessário revisar a bibliografia sobre o tema, consultar documentos, buscar e analisar dados secundários e agregados, realizar entrevistas com os agentes envolvidos, visitas a campo e consultar fontes diversas. Não é uma tarefa simples, mas também não é impossível. Dada a sua centralidade para o êxito da intervenção, inexistem justificativas para que não se empreenda esforço considerável para se realizar um bom diagnóstico. A partir do diagnóstico, temos uma visão mais adequada e realista do problema, o que maximiza as chances de sucesso na intervenção (p. 74).

25

4.3. Indicadores sociais

Bons modelos analíticos e diagnósticos dependem do uso de bons indicadores,

que, por sua vez, dependem da construção de sistemas de informação. Vejamos

primeiro o conceito e as principais classificações de indicadores.

Discutindo sobre a importância dos indicadores para o planejamento e a

avaliação de políticas e programas sociais, Januzzi (2005) diz: “Os indicadores

apontam, indicam, aproximam, traduzem em termos operacionais as dimensões

sociais de interesse definidas a partir de escolhas teóricas ou políticas realizadas

anteriormente” (p. 138).

Exemplos de indicadores sociais, fornecidos por Januzzi, são: taxas de

analfabetismo, rendimento médio do trabalho, taxas de mortalidade infantil, taxas de

desemprego, índice de Gini e proporção de crianças matriculadas em escolas.

De acordo com Januzzi (2005), os indicadores podem ser classificados por:

1. Área temática à qual se referem: indicadores de saúde, de assistência

social etc.

2. Tipo dos dados utilizados em sua construção:

o indicadores objetivos ou quantitativos, construídos a partir de

ocorrências concretas ou empíricas; por exemplo, taxa de

desemprego, famílias atendidas pelo programa Bolsa Família;

Saiba Mais!

Vaitsman et. al. (2006) citam três estudos que cumpriram, para a SAGI, a função de diagnósticos. O primeiro foi realizado pela própria SAGI: refere-se ao “levantamento sobre os beneficiários do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Como a secretaria responsável pelo programa, a SNAS, só possuía dados relativos aos recursos repassados aos municípios, sem qualquer informação sobre o público-alvo, foi realizado um levantamento junto aos municípios, que então forneceram dados que serviram de base para se fazer um perfil dos beneficiários e subsidiar a gestão do programa”. Os outros dois estudos foram realizados pelo IBGE e tiveram como foco “a rede da assistência social no Brasil, com o intuito de subsidiar o investimento e o planejamento da implementação e gestão do Sistema Único de Assistência Social (Suas)”: o primeiro “identificou toda a estrutura pública de organização da política (associações, conselhos, instituições) e de prestação de serviços nos municípios brasileiros”; o segundo, “a rede de assistência do setor privado, com informações sobre equipamentos assistenciais, tipos de serviços prestados, recursos humanos”. (p. 24). Estudos denominados “linhas de base” são

estudos diagnósticos.

26

o Indicadores subjetivos ou qualitativos, construídos a partir de

avaliações feitas por indivíduos; por exemplo, percepção dos

beneficiários de um programa.

3. Grau de complexidade:

o Indicadores simples ou analíticos, construídos a partir de um tipo

de dado apenas; por exemplo, taxa de escolaridade, número de

famílias atendidas;

o Indicadores complexos ou sintéticos que reúnem diferentes

dimensões da realidade empírica ou social; por exemplo, o Índice

de Desenvolvimento Humano (IDH), que sintetiza dados de

escolaridade, renda, esperança de vida; o Índice Sintético de

Desenvolvimento dos Cras, que será visto mais à frente.

4. Aspectos que interessam à gestão das políticas públicas (p. 144):

o Indicadores-insumo que medem a “disponibilidade de recursos

humanos, financeiros ou de equipamentos alocados para um

processo ou programa que afeta uma das dimensões da

realidade social”;

o Indicadores-resultado que se relacionam com os “objetivos finais

dos programas públicos, que permitem avaliar a eficácia do

cumprimento das metas especificadas”;

o Indicadores-impacto “referem-se aos efeitos e desdobramentos

mais gerais, antecipados ou não, positivos ou não, que decorrem

da implantação dos programas”;

o Indicadores-processo ou fluxo que traduzem, em medidas

quantitativas, o esforço operacional de alocação de recursos

humanos, físicos ou financeiros, fornecidos pelos indicadores-

insumo, destinados à obtenção de melhorias efetivas no bem-

estar da população-meta, que, por sua vez, são avaliadas por

meio dos indicadores-resultado e indicadores-impacto.

Para exemplificar o uso desses indicadores, Januzzi (2005) apresenta seu

encadeamento na avaliação de programas de transferência de renda.

27

Figura 1: Indicadores de acompanhamento de programas de transferência de renda.

Insumo Processo Resultado Impacto

Gasto público em programas

de transferência

de renda

% de famílias

cadastradas

% de famílias

atendidas

Proporção de

indigentes

Taxa de evasão

Redução da

desnutrição infantil

Fonte: Januzzi (2005, p. 145).

Cabe ressaltar que a concepção da Sagi de indicadores está em consonância

com a de Januzzi (2005), como pode ser visto nos livros organizados por Cunha

(MDS, 2007b) e VAITSMAN, et. al. (2006).

Sintetizando as concepções da Sagi, Cunha, em Catálogo de Indicadores dos

Programas do MDS, acrescenta a concepção de “indicadores de monitoramento”, que

são construídos a partir dos objetivos e da lógica de cada programa desenvolvido pelo

MDS.

4.4. Indicadores de monitoramento

Indicadores de monitoramento, diz

Cunha, “podem ser entendidos

fundamentalmente como indicadores sociais de

interesse programático” (p. 19) e dividem-se em

quatro tipos:

o Indicadores de estrutura: “medem

a quantidade de recursos, de distintas naturezas, que são aportados aos

programas/ações para viabilizar sua implementação”. Exemplo:

“quantidade de recursos financeiros ou humanos alocados em

determinado programa ou ação”. Esses indicadores foram denominados

por Januzzi “indicadores-insumo”.

o Indicadores de processo: “refletem informações a respeito da gestão

ou o uso efetivo dos recursos descritos pelos indicadores de estrutura”.

Exemplo: taxa cobertura atingida por um determinado programa

tomando-se como base sua população-alvo.

Saiba Mais!

Se você tiver oportunidade não deixe de ler o ótimo texto de Januzzi. O que está apresentado aqui é apenas uma síntese. O texto está disponível na internet e o endereço está nas referências bibliográficas.

28

o Indicadores de resultado: “medem o grau em que os objetivos finais de

um determinado programa são atingidos, consistindo em medidas das

mudanças efetivas proporcionadas pelo programa”. Exemplo: percentual

de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família que ultrapassaram

as linhas de pobreza ou extrema pobreza após o recebimento do

benefício.

o Indicadores de perfil: “referem-se às características sociodemográficas

da população alvo de um determinado programa, em um momento

específico do tempo, tendo em vista distintos aspectos da realidade

social de interesse dos gestores públicos, ainda que não se constituam

em metas do programa”. Exemplo: tamanho médio das famílias

beneficiárias do Programa Bolsa Família. (p, 21-2).

Quaisquer que sejam os indicadores, eles devem possuir certos atributos.

Diferentes analistas fazem referência a diferentes atributos. Os que são considerados

importantes para a Sagi, de acordo com Cunha (2007b) são:

Nas Palavras da Autora...

a. validade: o indicador deve ser capaz de medir o fenômeno em observação;

b. confiabilidade: os dados que serviram de base para o cálculo do indicador devem ser confiáveis;

c. sensibilidade: o indicador deve ser capaz de refletir variações significativas em relação às mudanças nas condições do fenômeno que descreve;

d. possibilidade de agregação: o indicador deve permitir a agregação para distintos níveis territoriais. Mudanças geográficas que porventura ocorram devem ser refletidas na metodologia empregada para elaboração do indicador;

e. periodicidade: o indicador deve ser passível de atualização regular. Isso depende, por sua vez, da freqüência de atualização do dado bruto; da necessidade de monitoramento do indicador, já que pode haver casos em que o dado bruto é registrado na base de dados com maior regularidade do que a

necessidade de cálculo do indicador.” (p. 19).

29

4.5. Sistemas de informação.

Sistemas de informação bem construídos e atualizados são outra pré-condição

para se avaliar os programas e políticas sociais. Os sistemas de informação fornecem

os dados para a construção de indicadores que são essenciais, como vimos

anteriormente, para qualquer tipo de avaliação. Cada órgão gestor da Assistência

Social deve construir seus próprios sistemas de informação para avaliar seus

programas e políticas específicos.

O MDS tem realizado um grande esforço, nos últimos anos, para construir um

sistema de informações que permita tanto a gestão dos programas e políticas quanto

seu monitoramento e avaliação. Esse sistema é denominado “Sistema Nacional de

Informação do Sistema Único de Assistência Social” – conhecido como “Rede Suas”.

Saiba Mais!

Bons exemplos de indicadores de monitoramento, simples e sintéticos, são aqueles desenvolvidos no processo de monitoramento dos Cras. Esse processo é bem descrito em publicação do MDS

O nome do livro é: “Linha de Base do Monitoramento dos Cras”, publicado pelo MDS/Sagi, em 2008. O livro traz os resultados da primeira etapa do processo de monitoramento dos Cras, que envolve a SAGI, SNAS, estados e municípios.

Os estados e municípios preencheram o formulário eletrônico, via Internet, disponibilizado pela SAGI. Além de dados cadastrais, eles informaram dados sobre a infra-estrutura dos Cras (disponibilidade de mobiliário e compartimentalização); recursos humanos (cadastro do corpo técnico e da coordenação: características de formação educacional, vínculo empregatício e carga horária de trabalho; serviços (detalhamento das atividades e dos serviços de proteção social básica oferecidos no equipamento); financiamento (levantamento das origens de financiamento do equipamento quanto ao aporte de recursos dos três entes federados); atendimento (coleta dos dados quanto ao público atendido pelos Cras, volume de atendimento e qual a relação dessas famílias com algum programa social).

Atualmente, há também o Censo Creas que, como o Censo Cras, conta com questionários eletrônicos de coleta de dados, preenchidos pelos estados e municípios.

Os dados coletados para os Cras permitiram a elaboração, entre outras coisas, dos indicadores de desenvolvimento dos Cras, que são dois: (i) Indicadores Dimensionais, que trazem quatro graus de desenvolvimento sobre as atividades realizadas, o funcionamento, os recursos humanos e a estrutura física; (ii) Indicador Sintético, constituído pela combinação dos graus de desenvolvimento dimensionais, fornecendo quatro níveis de desenvolvimento do Cras: insuficiente, regular, suficiente e superior.

30

A Rede Suas, de acordo com

informação do próprio MDS (site), é

“composta por ferramentas que realizam

registro e divulgação de dados sobre

recursos repassados; acompanhamento

e processamento de informações sobre

programas, serviços e benefícios sócio-

assistenciais; gerenciamento de convê-

nios; suporte à gestão orçamentária;

entre outras ações relacionadas à gestão da informação do Suas”. O sistema possui

um ambiente interno (intranet) e um externo (internet) e é constituído por diversos

aplicativos. De tempos em tempos, alguns aplicativos são retirados e outros incluídos

na rede. Atualmente, há nove aplicativos: CadSuas, Suasweb, BPCnaEscola,

GeoSuas, InfoSuas, Sistemas de Gestão Financeira, SISJovem, SISCON2006,

SISCON2007-2008, além de um link que serve para as empresas de transporte

verificarem a autenticidade da Carteira de Idoso.

O CadSuas integra e mantém dados corporativos de prefeituras, órgãos

gestores, conselhos e fundos, assim como entidades que, de alguma

maneira, se relacionam com a Rede Suas e/ou com o Conselho Nacional de

Assistência Social (CNAS). As prefeituras, os governos estaduais, a

Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) e o próprio CNAS podem,

por meio do CadSuas, interagir com a base corporativa e incluir, alterar e

consultar cadastros das entidades. O aplicativo possibilita também que as

próprias entidades realizem o seu cadastro e solicitem o registro e

certificação no CNAS.

O Suasweb agiliza a transferência regular e automática de recursos

financeiros do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) para os fundos

estaduais, municipais e do Distrito Federal. É constituído pelo Plano de Ação

Anual; Demonstrativo Sintético Físico Financeiro; informações essenciais

para gestores como saldos, contas correntes etc. O sistema é aberto para o

preenchimento por parte dos gestores e para a aprovação do Plano e

Demonstrativo pelo Conselho de Assistência.

O aplicativo BPCnaEscola conta com um programa de acompanhamento e

monitoramento do acesso à escola dos beneficiários do Benefício de

Prestação Continuada (BPC), preferencialmente aqueles entre zero e 18

anos.

Saiba Mais!

O livro Rede Suas: Gestão e sistema de informação para o Sistema Único de Assistência Social, publicado pelo MDS (2007c), traz um relato detalhado, embora desatualizado, da Rede Suas. A síntese aqui apresentada é feita a partir desse livro e de consulta ao site do MDS.

31

O GeoSuas é o sistema de georreferenciamento e geoprocessamento.

Fornece informações que subsidiam a tomada de decisões no processo de

gestão da Política Nacional de Assistência Social. Esse aplicativo resulta da

integração de dados e mapas, servindo de base para a construção de

indicadores.

O InfoSuas é um aplicativo aberto à população (internet). Disponibiliza

informações sobre os repasses financeiros do Fundo Nacional de

Assistência Social para os Fundos de Assistência Social dos Estados e

Municípios, classificando os repasses pelos serviços da Proteção Social

Básica e Especial (de alta e média complexidade) por regiões, estados e

municípios. Fornece acesso à base de dados dos pagamentos realizados

em anos anteriores, hierarquizados pelos tipos de intervenção e organizados

por período.

Os Sistemas de Gestão Financeira são o Sistema de Repasse Fundo a

Fundo (Sisfaf), o Sistema de Gestão de Convênios (Siscon) e o Sistema de

Acompanhamento Orçamentário do Suas (Siaorc). O Sisfaf tem por objetivo

agilizar e modernizar os procedimentos de repasses de recursos do FNAS

para os fundos municipais, estaduais; funciona de forma integrada com o

Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) e

com o InfoSuas, disponibilizando, neste, a base de dados de pagamentos. O

Siaorc permite o acompanhamento da gestão orçamentária do recurso

gerido pelo FNAS e também interage com o Sisfaf e o Siafi. Por fim, o

Siscon permite o gerenciamento dos convênios, desde o preenchimento dos

planos de trabalho até a prestação de contas.

O SisJovem permite o acompanhamento e gestão do programa ProJovem

Adolescente, fornecendo informações sobre sua execução.

O SISCON2006 e SISCON2007-2008 são aplicativos que proporcionam a

tramitação e análise de processos e a comunicação imediata entre os entes

federativos (União, estados, DF, municípios). O objetivo é agilizar a

tramitação de processos de cofinanciamento de convênios.

Além desses aplicativos, cabe lembrar o CadÚnico,que é um cadastro que

reúne dados das famílias com renda mensal de até meio salário mínimo em todo o

território nacional. Esse cadastro é coordenado pelo MDS, alimentado e gerenciado

pelos municípios e estados. Sua importância para a realização de diagnósticos para

implementação de políticas sociais é bem conhecida.

Por fim, cabe ressaltar que as informações coletadas por meio desses

aplicativos são tratadas e disponibilizadas pela Sagi e secretarias finalísticas do MDS

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para a sociedade, gestores e trabalhadores da área na forma de indicadores. Uma

das formas de acesso a esses indicadores é a Matriz de Informação Social (MI

Social), que fornece dados municipais ou estaduais dos diferentes programas, desde

2004, em diferentes formatos e períodos.

O conhecimento detalhado da Rede Suas é indispensável a todo trabalhador

da Assistência Social. Esse conhecimento é propiciado, sobretudo, pelo acesso

rotineiro. O acesso a algumas bases, como a maioria de vocês já sabe, depende de

senha, que é disponibilizada pelo MDS aos gestores e trabalhadores da área.

O modelo analítico da intervenção e o diagnóstico, os indicadores e os

sistemas de informação são, portanto, instrumentos e recursos que permitem a

realização de boas pesquisas avaliativas. Mas uma boa avaliação depende também

da própria metodologia escolhida para o seu desenvolvimento. A metodologia a ser

utilizada é denominada por Cotta (1998) “modelo de avaliação”. Vejamos quais são os

tipos mais comuns.

5. MODELOS DE AVALIAÇÃO

Cotta (1998) aponta quatro modelos de avaliação. São eles:

a. Modelo de Pesquisa em Ciência Social: Esse desenho propicia

avaliações mais rigorosas e menos tendenciosas que o habitual, em

virtude do recurso a abordagens experimentais de investigação. É o

único modelo que realmente permite que se atribua à intervenção o

mérito pelas mudanças observadas na situação-problema, ou seja, é o

modelo que possibilita a avaliação da eficiência e da eficácia da

intervenção. No entanto, as conclusões extraídas por seu intermédio

devem ser analisadas criteriosamente e não tomadas como juízos

definitivos sobre o sucesso ou fracasso da intervenção. São orientações

e não determinações para a gestão.

b. Modelo Baseado em Objetivos: É um desenho de avaliação mais

sensível às especificidades dos projetos e programas e requer a

participação ativa da equipe por ele responsável na definição das

questões a serem investigadas. Esse modelo apresenta o inconveniente

de direcionar excessivamente a pesquisa para objetivos pré-

estabelecidos, o que pode obscurecer ou ocultar aspectos importantes.

c. Modelo Tipo “Caixa Preta”: É um desenho de pesquisa que se

restringe ao exame dos produtos. Não questiona os objetivos ou o

funcionamento do projeto ou programa e não busca a melhoria,

alteração ou término da intervenção.

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d. Modelo Naturalista ou Qualitativo: Esse modelo, ao contrário do

modelo “caixa preta”, coloca o foco na compreensão do significado da

intervenção, desconsiderando a mensuração de seus resultados.

Sustenta-se no contato direto do avaliador com as instituições e atores

relevantes, apresentando um caráter essencialmente descritivo.

Como ocorre com os modelos de análise de política pública, é importante

lembrar que não há, em princípio, um modelo de avaliação melhor ou pior. A escolha

de um ou outro deve estar orientada, como chamam a atenção Vaitsman et. al (2006),

para:

Assim, a escolha de um desenho de pesquisa de avaliação, e, portanto, da

metodologia a ser utilizada depende das perguntas que se quer responder e da

disponibilidade de dados, tempo e recursos.

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