capítulo ix - processo de tratamento e prevenção de erros...

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1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO M4 D2 DISCIPLINA: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I PARTE I - AULA 42 PROFESSORES AUTORES: RODRIGO ANTUNES E VILMAR RODRIGUES PROFESSORES TELEPRESENCIAIS: RODRIGO ANTUNES E VILMAR RODRIGUES COORDENADOR DE CONTEÚDO: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA CAIAFA SALGADO 12 DE JUNHO DE 2012

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA

DE SEGURANÇA DO TRABALHO

M4 D2 – DISCIPLINA: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I

PARTE I - AULA 42

PROFESSORES AUTORES: RODRIGO ANTUNES E VILMAR RODRIGUES

PROFESSORES TELEPRESENCIAIS: RODRIGO ANTUNES E VILMAR

RODRIGUES

COORDENADOR DE CONTEÚDO: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI

DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA CAIAFA SALGADO

12 DE JUNHO DE 2012

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EMENTA DA DISCIPLINA: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I

Produtos de combustão e seus efeitos. Programas de proteção contra incêndio.

análise de processos industriais no contexto de incêndio. Proteção estrutura;

identificação, seleção e análise de materiais. Proteções especiais contra incêndio.

Sistemas de alarme e detecção. Equipes de combate a incêndios; técnicas de

salvamento e noções de salvatagem. Legislação e normas técnicas relativas à

proteção contra incêndios e explosões. Técnicas de controle de explosões.

Proteções especiais contra incêndio. Inspeções oficiais: órgãos públicos e

seguradoras. Agentes extintores. Sistemas fixos e móveis de combate a incêndio.

Rede de hidrantes.

EMENTA DA PARTE I - AULA 42 DO CURSO

Conceitos básicos (Ponto de fulgor, ponto de combustão, temperatura de

autoignição, tetraedo do fogo, líquidos infamáveis e combustíveis; gases

inflamáveis). O incêndio e suas causas. Classes de incêndio. Métodos de Extinção

do fogo. Técnicas de controle de explosões. Sistemas fixos e móveis de combate

à incêndio. Produtos de combustão e seus efeitos. Extintores (Generalidades,

Instalação, tipos, inspeção e manutenção). Equipes de combate a incêndios

Legislação e normas (ABNT, NPFA, NR´s). Áreas classificadas e misturas

explosivas.

OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM DA PARTE I

Após a realização da parte I da Disciplina “Proteção Contra Incêndio e

Explosão I”, esperamos que você seja capaz de:

1. conceituar incêndio e suas implicações;

2. descrever os conceitos básicos do fogo;

3. descrever os métodos de extinção do fogo;

4. identificar as áreas classificadas e misturas explosivas;

5. descrever os tipos de extintores.

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CALENDÁRIO DA DISCIPLINA: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E

EXPLOSÃO I

2012 Guia de

Estudo Textos Complementares de Leitura Obrigatória

No Lista

Exercícios

Data

Postagem

Data final

Resposta

12/6 42

Incêndio no Edifício Joelma – 1974. SP

http://www.bombeirosemergencia.com.br/incendioj

oelma.html 42 13/6 26/06/2012

19/06 43 43 19/06 02/07/2012

26/06 44 44 26/06 09/07/2012

03/07 45 45 03/07 16/07/2012

Prova do Módulo 4: 28 de agosto de 2012

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SUMÁRIO DA PARTE I DA DISCIPLINA

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I

AULA 42

1. Conceitos básicos .............. .................................................................... 05

2. O incêndio e suas causas ............................................................... 10

3. Classes de incêndio......................................................................................... 14

4. Combate a incêndios ...................................................................... 16

5. Extintores .......................................................................................... 18

5.1 – Generalidades .......................................................................... 18

5.2 – Instalação de Extintores ........................................................... 20

5.3 – Tipos de agentes extintores ...................................................... 21

5.4 – Inspeção e manutenção de extintores ...................................... 23

6. Legislação e normas técnicas ........................................................... 25

7. Áreas classificadas e misturas explosivas ........................................ 26

8. Bibliografia ........................................................................................ 28

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PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I – AULA 42

1. CONCEITOS BÁSICOS

Fogo

Entende-se por fogo o efeito da reação química de um material combustível

com desprendimento de luz e calor em forma de chama.

O fogo possui as seguintes fases:

Fase Inicial

Oxigênio – NORMAL

O fogo produz: vapor d’água (H20), dióxido de carbono (CO2), monóxido de

carbono (CO) e outros gases.

Calor para aquecimento

Temperatura do ambiente: pouco acima do normal.

Figura 1 – Fase inicial do fogo

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Fase Queima Livre

Oxigênio/Ar – sendo renovado pela convecção;

gases aquecidos se espalham e já podem provocar pequenas explosões;

temperatura superior a 700º C;

Figura 2 – Fase queima livre do fogo

Sob o ponto de vista técnico-legal, os órgãos de países estabeleceram a

definição de fogo, conforme se mostra abaixo:

a) Brasil - NBR 13.860: fogo é o processo de combustão caracterizado pela

emissão de calor e luz.

b) Estados Unidos da América - (NFPA): fogo é a oxidação rápida

autossustentada acompanhada de evolução variada da intensidade de calor e de

luz.

c) Internacional - ISO 8421-1: fogo é o processo de combustão caracterizado pela

emissão de calor acompanhado de fumaça, chama ou ambos.

d) Inglaterra - BS 4422: Parte 1: fogo é o processo de combustão caracterizado

pela emissão de calor acompanhado por fumaça, chama ou ambos.

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Definição de incêndio

O incêndio é uma ocorrência de fogo não controlado, que pode ser

extremamente perigosa para os seres vivos e as estruturas.

Os incêndios propagam-se de três formas:

por Irradiação, onde acontece transporte de energia de forma

omnidireccional através do ar, suportada por infravermelhos e ondas

electromagnéticas;

por Convecção, onde a energia é transportada pela movimentação do ar

aquecido pela combustão;

por Condução, onde a energia é transportada através de um corpo bom

condutor de calor.

Definição de explosão

Explosão é a liberação de energia realizada de forma repentina e violenta.

A explosão pode originar-se das seguintes fontes:

energia física (gases comprimidos, metais sob tensão, energia elétrica);

energia química (combustão de gases inflamáveis, reações químicas);

energia nuclear.

Definição de detonação e deflagração

As explosões são classificadas em dois tipos: deflagração ou detonação. A

deflagração é quando a velocidade de propagação é baixa (ex:1 m/s), enquanto a

detonação é quando a velocidade de propagação é alta (ex: 2.000 a 3.000 m/s)

A técnica de controle das explosões é realizada pelo controle da mistura

(qualquer componente) e pela exclusão da fonte de ignição. A redução dos efeitos

das explosões pode ser realizada por: a) contenção (resistência de materiais); b)

alivio de pressões (PSV e outros); c) supressão (agentes halogenados,

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bicarbonato de sódio); d) isolamento (fechamento de válvulas ou instalações;

e)combate ao sinistro (incêndio/explosão).

Gases inflamáveis - são aqueles que se inflamam dentro de uma faixa de

Inflamabilidade. Cada gás tem sua faixa de inflamabilidade específica.

Limite inferior de explosividade (LIE) - A mínima proporção de gás, vapor ou pó

no ar que torna a mistura explosiva.

Limite superior de explosividade (LSE) - a máxima proporção de gás, vapor ou

pó no ar que torna a mistura explosiva.

Gases inflamáveis - gases que inflamam com o ar a 20º C e a uma pressão

padrão de 101,3 kPa. (item 20.3.2 da NR 20 - Portaria SIT n.º 308, de

29/02/2012).

Líquidos combustíveis: líquidos com ponto de fulgor > 60º C e ≤ 93º C (NR 20)

Líquidos inflamáveis - Líquidos inflamáveis são líquidos que possuem ponto de

fulgor ≤ 60º C (item 20.3.1 da NR 20 - Portaria SIT n.º 308, de 29.02.2012).

Líquido inflamável - aquele que possui ponto de fulgor inferior a 37,8 ºC (NFPA)

Ponto de fulgor - Menor temperatura na qual um líquido libera quantidade de

vapores para formar mistura inflamável com o ar, sem dar sequência à combustão.

Ponto de combustão - Temperatura na qual a quantidade da mistura inflamável é

suficiente para iniciar e manter a combustão.

Tetraedro do fogo

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Comburente - possibilita vida às chamas e intensifica a combustão.

Acima de 21% - queima acentuada e rápida;

16 a 21% - queima constante e normal;

8 a 16 % - queima lenta – brasa;

Abaixo de 8% - sem queima.

Reação em cadeia - Estes radicais são os responsáveis pela transferência de

energia entre uma molécula "queimada" e uma molécula "não queimada"

Fumaça do incêndio - é a mistura de gases, vapores e partículas sólidas

finamente divididas. É o produto da combustão que mais afeta as pessoas por

ocasião do abandono da edificação.

Toxicidade da fumaça - A composição química da fumaça é altamente complexa

e variável, chegando a conter duas centenas de substâncias. A porcentagem

dessas substâncias varia com o estágio do incêndio. As substâncias tóxicas mais

comuns na fumaça são: a) monóxido de carbono e gás carbônico.

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2. O INCÊNDIO E SUAS CAUSAS

Os grandes incêndios têm suas características próprias, em função dos

cenários em que se desenvolveram. Dentre os elementos que os infuenciam estão

fatores arquitetônicos, como compartimentação horizontal e vertical, sistema

construtivo, afastamento de outras edificações, materiais combustíveis oriundos

de decoração, mobiliário e de acabamento; além de outros, como época do ano,

efeitos climáticos, presença de ventos e localização geográfica.

O incêndio no Edifício Andraus, ocorrido em 1972, mostrou que as chamas,

em vários momentos, estavam sendo projetadas do outro lado da Avenida São

João, pelos fortes ventos. Pela falta de saídas protegidas, inúmeras pessoas (350)

se dirigiram à cobertura do prédio e puderam ser resgatadas por helicópteros. Isso

ficou na memória das pessoas.

Dois anos mais tarde (1974), o Edifício Joelma também pegou fogo e muita

gente se lembrou do salvamento por helicópteros e se dirigiu ao telhado. Esse

prédio está localizado no Vale do Anhangabaú, portanto em uma região baixa e

cercada de prédios, com pouca ação de ventos. A fumaça e as chamas

ascenderam e dificultaram a permanência das pessoas na cobertura, bem como o

sobrevoo sobre o prédio. O resgate dos sobreviventes, pela cobertura, ocorreu

após a extinção do fogo. Dos 422 sobreviventes, 300 (trezentos) saíram por

elevadores e 81 por helicópteros, bem menos que os 350 resgatados do Edifício

Andraus.

No incêndio das torres gêmeas do World Trade Center – WTC, em 11 de

setembro de 2001, as escadas de emergência funcionaram perfeitamente para o

abandono dos prédios, nos andares abaixo dos impactos dos aviões. Na Torre

Norte, três das quatro escadas foram destruídas. Na Torre Sul, uma delas.

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Conforme relatos de pessoas envolvidas, dentro das torres, nos pavimentos

dos impactos das aeronaves e acima, a temperatura insuportável, a fumaça

densa, a pouca visibilidade e a dificuldade de respirar tornaram penosa a busca

pela única saída existente, na Torre Norte, do World Trade Center - WTC.

As condições críticas durante um incêndio em uma edificação ocorrem

quando a temperatura excede a 75ºC, e/ou o nível de oxigênio cai abaixo de 10%,

e/ou as concentrações de monóxido de carbono ultrapassam 5.000 ppm.

Tais situações adversas induzem a sentimentos de insegurança, que

podem vir a gerar o pânico e descontrole e levar pessoas a saltar pelas janelas.

Os meios de escape devem ser constituídos por rotas seguras que proporcionem

às pessoas escapar em caso de incêndio, de qualquer ponto da edificação a um

lugar seguro, fora da edificação, sem auxílio exterior.

As rotas de fuga projetadas impropriamente, falhas nos sistemas de

comunicação e alarme, propagação de fumaça nos ambientes, bem como a

movimentação de fumaça e gases quentes, penetração de fogo e fumaça têm

provocado perdas de vidas. Entre as soluções contra esses fatores estão o

sistema de iluminação de emergência eficiente e efetivo, sistemas de extinção e

de supressão do fogo, a limitação na distância de percurso, controle dos materiais

de acabamento, portas corta-fogo e resistentes à penetração de fumaça,

ventilação natural para auxiliar na extração de gases e rotas de fuga

desobstruídas, protegidas e bem sinalizadas, localização e capacidade adequadas

para promover pronta evacuação dos ambientes pelos ocupantes.

As edificações devem ser projetadas e construídas de modo a garantir a

proteção das vidas humanas contra os efeitos fatais oriundos do fogo. Entre esses

riscos encontramos as queimaduras (fatais ou não), asfixia, envenenamento,

contusões, irritações, cortes etc. Os efeitos secundários do fogo ocorrem por falta

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de oxigênio, fumaça, gases nocivos, agressivos ou tóxicos, pânico, colapsos

materiais ou estruturais etc..

No incêndio do Edifício Joelma, as pessoas na rua improvisaram faixas

procurando acalmar as pessoas dentro do prédio, informando que o fogo havia

acabado e que não saltassem, encontrando morte certa; mesmo assim, várias

pularam.

A maioria dos especialistas em segurança contra incêndios não recomenda

o resgate aéreo como rota viável em um edifício alto durante um incêndio. O uso

de helicópteros deve ocorrer em último caso, e sob condições muito específicas.

A cobertura dos prédios está sujeita a muitas variáveis em caso de

sinistros, como a existência ou não de local para pouso de helicópteros e

embarque de pessoas, pois muitos prédios antigos possuem telhados na

cobertura, refletores, antenas, painéis de propaganda, ocorrência de acessos

trancados para terraços, entre outros.

Há ainda os efeitos do incêndio, por meio de fumaça densa, calor excessivo

e ventos fortes. Os helicópteros necessitam de ventos ascendentes para se

manter em voos e o calor pode tornar o ar rarefeito, prejudicando a estabilidade

desses veículos.

Causas de Incêndio

As causas de incêndios podem ser: naturais, artificiais e secundárias

As causas Naturais originam-se de:

Natureza físico-química: vulcões, terremotos, raios, meteoros, etc.

Natureza biológica: decorrentes do aumento da temperatura devido à

fermentação e à ação degradativa das bactérias. Ex.: enfardamento da

forragem úmida.

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As causas de Incêndio Artificiais advêm de:

Origem física: atrito, choque, compressão, condução térmica, eletricidade.

Origem química: substâncias químicas que podem gerar calor quando se

combinam, ou em decomposição, produzindo aquecimento, inflamação ou

explosão.

As causas Secundárias originam-se do fogo considerado útil e que não

possui o controle do homem. Ex.: velas, lamparinas, computador ligado, árvore de

natal, ferro elétrico etc.

Conceito de princípio de incêndio

A evolução de um incêndio, na maioria das vezes, ocorre segundo a figura

abaixo, na qual se podem ver as várias fases de sua evolução.

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3. CLASSES DE INCÊNDIOS

Os incêndios são comumente classificados de acordo com o tipo do

material combustível. De acordo com esse critério, estabelecem-se quatro grupos,

A, B, C, D.

Incêndio Classe “A”

Incêndio envolvendo combustíveis sólidos comuns, como papel, madeira,

pano, borracha (Fig. abaixo). É caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam

como resíduos e por queimar em razão do seu volume, isto é, a queima se dá na

superfície e em profundidade.

Incêndio Classe “B”

Incêndios envolvendo líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis.

Caracterizam-se por não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta,

e não em profundidade. São combatidos com extintores de espuma, de anidrido

carbônico ou similares.

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Incêndio Classe “D”

Incêndio envolvendo metais combustíveis pirofóricos (magnésio, selênio,

antimônio, lítio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, zircônio).

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4. COMBATE A INCÊNDIOS

O combate a uma situação emergencial deve ser planejado com

antecedência para evitar decisões de última hora, lembrando que, em certos

casos, as vítimas de um incêndio não são as que se encontravam no local e sim

pessoas que chegam para tentar ajudar, sem preparo, entre os quais se incluem

os curiosos e desinformados.

A norma ABNT 14.276 define “combate a incêndio como um conjunto de

ações táticas, destinadas a extinguir ou isolar o incêndio com o uso de

equipamentos manuais ou automáticos”. Emergência é uma situação não prevista

que requer ação imediata, de forma ordenada e controlada.

A referida norma da ABNT não estabelece uma ordem prioritária para o

combate ao fogo. Porém, na prática, observa-se a seguinte ordem pelas pessoas

treinadas e aptas ao combate ao fogo:

a) Acionar o sistema de alarme e/ou solicitar a alguém que chame o Corpo de

Bombeiros.

b) Combater o fogo com extintores ou meios adequados, enquanto o socorro

não chega.

c) Percebendo dificuldade na sua extinção, sair do local, desligando máquinas

e equipamentos elétricos (quando a operação não envolver riscos

adicionais).

Normalmente, as empresas se reúnem em torno de um Plano de

Atendimento a Emergências (PAE) ou Plano de Auxilio Mútuo (PAM), para atender

a uma área de abrangência, com base em cenários identificados nos estudos de

riscos e estudos de vulnerabilidade desenvolvidos.

Os grupos de combate que compõem o PAE ou PAM realizam,

periodicamente, exercícios simulados de emergência, como exercício prático, para

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manter a brigada e os participantes em condições de enfrentar uma situação real

de emergência.

A brigada de incêndio é constituída por um grupo organizado de pessoas

treinadas e capacitadas para atuar na prevenção e no combate ao princípio de

incêndio, abandono de área e primeiros socorros, conforme definição da NBR

14.276:2006 que define o “plano de segurança contra incêndio”.

A brigada de incêndio, bem dimensionada e treinada, deve ser capaz de

executar perfeitamente o plano de abandono para o local, elaborado conforme

NBR 14.276, prestar o atendimento pré-hospitalar e, se possível, atacar o foco de

princípio de incêndio. A prioridade deve ser a preservação da vida, dos ocupantes

e também dos brigadistas.

A ABNT 12.276 define “brigada de incêndio como um grupo organizado de

pessoas, voluntárias ou não, treinadas e capacitadas para atuar na prevenção, no

abandono e no combate a um princípio de incêndio e a prestar os primeiros

socorros, dentro de uma área pré-estabelecida”.

A ABNT 12.276 sugere que a brigada de incêndio deva ser organizada

funcionalmente, da seguinte forma:

a) Brigadistas – membros da brigada.

b) Chefe da brigada – responsável por uma edificação com mais de um

pavimento/compartimento. É escolhido entre os brigadistas.

c) Líder – responsável pela coordenação e execução das ações de

emergência, em sua área de atuação (pavimento/compartimento). É

escolhido entre os brigadistas.

d) Coordenador geral – responsável geral por todas as edificações que

compõem uma planta. É escolhido entre os brigadistas.

A norma ABNT 14.276 classifica os bombeiros, nas seguintes categorias:

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- Bombeiro profissional civil – pessoa que presta serviços de atendimento de

emergência a uma empresa.

- Bombeiro público (miliar ou civil) – pessoa pertencente a uma corporação de

atendimento a emergências públicas.

- Bombeiro voluntário – pessoa pertencente a uma entidade não-governamental

que presta serviços de atendimento a emergências públicas.

5. EXTINTORES

5.1 – Generalidades

Chama-se agente extintor a substância que é utilizada para combater o fogo.

A capacidade extintora do extintor é um dado importante, pois é o que vai

determinar o poder de extinção e não deve ser confundido com unidade extintora.

Quanto ao transporte, os extintores podem ser: portáteis e não-portáteis e

esse último subdivide-se em sobrerroda e estacionário.

O extintor portátil com massa até 196 N (20 kgf) não precisa ser colocado

sobre rodas; acima desse valor necessita estar sobre rodas.

O extintor com massa próxima a 196 N (20 kgf) não atende à portabilidade

acima citada, principalmente quando colocado em ambiente cujas pessoas não

estão acostumadas a esforços físicos.

Os extintores portáteis fazem parte do sistema básico de segurança contra

incêndio em edificações e devem ter como características principais: portabilidade,

facilidade de uso, manejo e operação, e tem como objetivo o combate de princípio

de incêndio.

A manutenção desses equipamentos juntamente com o treinamento de

pessoas para seu uso é fundamental para seu objetivo.

A eficiência dos extintores é função de vários fatores descritos a seguir:

a) Agente extintor

Existem agentes adequados e com maior ou menor eficiência no combate a

determinado princípio de incêndio ou classe de fogo.

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b) Alcance

O alcance do jato do agente extintor é função da pressão interna e do

orifício de saída, que são características de cada extintor. A distância que o

agente extintor alcança é importante, pois permite ao operador controlar melhor a

distância de ataque ao princípio de incêndio, protegendo-se do nível da radiação

térmica e dos gases emitidos.

c) Duração de descarga ou tempo efetivo de descarga

A quantidade de agente extintor é limitada nos extintores e são encontrados

extintores com várias massas ou volumes para o mesmo tipo. A duração da

descarga ou tempo efetivo de descarga é função de quantidade de agente extintor

contido no extintor e vazão do agente extintor.

d) Forma de descarga

Têm-se duas formas principais: a) Jato concentrado; b) Jato em forma de

névoa/nuvem. Em ambos os casos sua aplicação dependerá do princípio de

incêndio.

e) Operacionalidade

O extintor deve ser de fácil manuseio e adequado ao tipo do material

combustível e energia desenvolvida pelo princípio de incêndio.

f) Instalação

A parte superior do extintor deve estar, no máximo, a 1,60 m do piso e a

sua parte inferior não deve estar a menos de 0,20 m do piso.

g) Facilidade de acionamento

Para os extintores do tipo pressurização direta, que são os mais comuns,

deve-se portá-lo pela alça, puxar a trava rompendo o lacre, apertando o gatilho e

segurando a mangueira firmemente. O jato deve ser dirigido à base do fogo para

pós e agentes líquidos.

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O sucesso no combate ao incêndio no seu estágio inicial depende da

seleção correta do tipo de extintor. A utilização de extintores impróprios poderá,

além de não conseguir extinguir o fogo, colocar em risco a vida de quem for utilizá-

los, o meio ambiente e o patrimônio.

Na maioria das vezes, o operador não tem o treinamento específico, é o

caso de grande parte dos funcionários de empresas e moradores e prestadores de

serviços de edifícios.

5.2 - Localização dos extintores

Inicialmente deve-se atender ao regulamento oficial da localidade e, na falta

deste, utilizar a NBR 12693 - Sistemas de proteção por extintores de incêndio da

ABNT.

A localização dos extintores é muito importante, pois irá permitir uma rápida

intervenção para cessar o processo da evolução do incêndio.

O local de instalação dos extintores deve seguir algumas recomendações,

tais como:

• Devem ser facilmente visíveis por meio de sinalização;

• Bem distribuídos para cobrir a área protegida;

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• De fácil acesso levando-se em conta a portabilidade;

• Sem obstáculos até o local de utilização;

• Próximo aos locais de entrada e saída;

• Não devem ficar atrás de portas de rotas de fuga;

• Devem ser protegidos contra impacto pela movimentação veículos ou cargas;

• Protegidos de intempéries e de ambientes agressivos com excesso de calor,

atmosferas corrosivas, maresias, vento e poluição.

• Protegidos contra vandalismo.

6.3 - Tipos de agentes Extintores

Os extintores podem ser:

• extintor de água;

• extintor de espuma mecânica;

• extintor de pó químico seco;

• extintor de gás carbônico.

Água

É o agente extintor mais abundante na natureza. Age principalmente por

resfriamento, devido à sua propriedade de absorver grande quantidade de calor.

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Atua também por abafamento (dependendo da forma como é aplicada,

neblina, jato contínuo etc.). A água é o agente extintor mais empregado, em

virtude do seu baixo custo e da facilidade de obtenção.

Espuma

Age por abafamento e resfriamento. A espuma mecânica é produzida pela

agitação física de uma mistura de água, ar e LGE (líquido gerador de espuma).

Pó Químico Seco

Os pós químicos secos são substâncias constituídas de bicarbonato de

sódio, bicarbonato de potássio ou cloreto de potássio, que, pulverizadas, formam

uma nuvem de pó sobre o fogo, extinguindo-o por quebra da reação em cadeia e

abafamento.

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Gás carbônico (CO2)

- mais pesado que o ar;

- sem cor;

- sem cheiro;

- não condutor de eletricidade (mas asfixiante);

- age principalmente por abafamento, tendo, secundariamente, ação de

resfriamento.

6.4 - Inspeção, manutenção e instalação de extintores

Para que o nível de segurança seja mantido, devem-se fazer inspeções e

manutenções periódicas.

Muitas empresas fazem manutenção de todos os extintores ao mesmo

tempo, o que leva a edificação a ficar desprotegida durante algum tempo. É

25

necessário ter um plano de manutenção de maneira a não deixar o edifício

desprotegido.

a) A inspeção deve ser periódica e programada de maneira a evitar

esquecimentos ou relaxamento na prevenção.

b) O tempo máximo entre inspeções depende das condições ambientais a

que o extintor está sujeito: maresia, altas temperaturas, poeira, gases corrosivos

etc.

c) O tempo máximo para inspeção é de doze meses. A frequência das

inspeções deve ser maior quando o extintor for submetido às condições negativas

acima citadas.

d) Quando o extintor estiver instalado em locais de grande circulação de

pessoas a frequência das inspeções deve ser maior, visto que fica sujeito ao

vandalismo.

e) Os extintores com carga de dióxido de carbono (CO2), ou aqueles de

outros tipos de agentes que possuam cilindros para o gás expelente com CO2,

deverão ser inspecionados a cada seis meses, bem como submetidos à

manutenção de primeiro nível.

6.5 - Recomendações importantes sobre manutenção de extintores

a) A manutenção dos extintores que possuírem o Manual Técnico de

Manutenção deve ser executada conforme o referido documento.

b) Os extintores que não possuírem o Manual Técnico de Manutenção

devem cumprir os requisitos normativos conforme das normas técnicas da ABNT,

NBR 12962 e NBR 13485, e da regulamentação técnica vigente do órgão

certificador.

Os extintores devem possuir um sistema de inspeção e manutenção. A

seguir, relacionamos alguns conceitos relacionados com o assunto.

Inspeção - Exame periódico, efetuado por pessoal habilitado, que se

realiza no extintor de incêndio, com a finalidade de verificar se ele permanece em

condições originais de operação.

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Manutenção - Serviço efetuado no extintor de incêndio, com a finalidade

de manter suas condições originais de operação, após sua utilização ou quando

requerido por uma inspeção.

Manutenção de Primeiro nível - Manutenção geralmente efetuada no ato

da inspeção por pessoal habilitado, que pode ser executada no local em que o

extintor está instalado, não havendo necessidade de removê-lo para oficina

especializada.

Manutenção de segundo nível - Manutenção que requer execução de

serviços com equipamento e local apropriados e por pessoal habilitado.

Manutenção de terceiro nível ou vistoria - Processo de revisão total do

extintor, incluindo a execução de ensaios hidrostáticos

Recarga - Reposição ou substituição da carga nominal de agente extintor

e/ou expelente.

Componentes originais - Aqueles que formam o extintor como

originalmente fabricado ou que são reconhecidos pelo fabricante do extintor.

Ensaio hidrostático – é aquele executado em alguns componentes do

extintor de incêndio sujeitos à pressão permanente ou momentânea; utiliza-se

normalmente a água como fluído, e tem como principal objetivo avaliar a

resistência do componente às pressões superiores à pressão normal de

carregamento ou de funcionamento do extintor, definidas em suas respectivas

normas de fabricação.

Os componentes ensaiados são: recipiente ou cilindro para o agente

extintor, cilindro para o gás expelente, válvula de descarga e mangueira de

descarga.

Pneumaticamente ensaiam-se os componentes: válvula de descarga,

indicador de pressão, válvula de alívio e regulador de pressão.

6.6 - As inspeções/manutenções podem ser:

Semanais: verificar acesso, visibilidade e sinalização.

27

Mensais: verificar obstrução de bico ou mangueira. Observar a pressão do

manômetro (se houver), o lacre e o pino de segurança;

Semestrais: verificar o peso do extintor de CO2 e do cilindro de gás comprimido

e dos extintores de pressão injetada. Se o peso estiver abaixo de 90% do

especificado, recarregar.

Anuais: verificar se não há dano físico no extintor, avaria no piso de segurança e

no lacre. Recarregar o extintor.

Quinquenais: fazer teste hidrostático (2,5 vezes a pressão de trabalho).

Este teste é precedido por uma minuciosa observação do aparelho, para verificar

a existência de danos físicos

A instalação dos extintores deve ser feita, segundo as orientações a seguir: • Os suportes de paredes ou coluna devem resistir a 3x a massa total do extintor.

• A posição da alça de manuseio não deve exceder 1,60 m do piso acabado

• A parte inferior deve guardar distância de, no mínimo 0,20 m do piso;

• Não devem ficar em contato direto com o piso.

• Visíveis, para que todos os usuários fiquem familiarizados com a sua

localização;

• Protegidos contra intempérie e danos e riscos em potencial;

• Desobstruído por pilhas de mercadorias, matérias-primas ou qualquer outro

material;

• Estejam junto ao acesso dos riscos.

• Sua remoção não seja dificultada por suporte, base e abrigo

• Não fiquem instalados em escadas.

7. LEGISLAÇÃO E NORMAS

Existem normas e legislação, nacionais e internacionais de proteção contra

incêndio e explosões, tais como:

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Legislação do Ministério do Trabalho e Emprego – NR`s e Portarias

NR 19 – Explosivos

NR 20 – Líquidos Inflamáveis

NR 23 – Proteção Contra Incêndios

Normas Internacionais da NFPA - National Fire Protection Association.

NFPA é uma organização internacional de desenvolvimento de normas

fundada em 1896 para proteger pessoas, bens e o meio ambiente contra os

efeitos danosos de incêndios.

NFPA 10 – Extintores de incêndio portáteis.

NFPA 11 – Padrão para sistemas de espuma de baixa expansão.

NFPA 12 – Padrão para sistemas de combate a incêndio, usando CO2.

NFPA 13 – Padrão para instalação de sistema de sprinklers.

NFPA 14 – Sistema de Hidrantes.

Nota: consultar www.nfpa.org/ sobre várias outras normas.

Normas ABNT

ABNT NBR 12.962 – Inspeção, manutenção e recarga em extintores de

incêndio.

ABNT NBR 13.485 – Manutenção de terceiro nível (vistoria) em extintores de

incêndio.

ABNT NBR 9.077 – Saídas de emergência em edifícios.

Nota: consultar site www.abnt.org.br/ sobre várias outras normas.

Normas INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

Portaria n.° 158 de 27 de junho de 2006.

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Portaria n.° 173 de 12 de julho de 2006.

Portaria nº 035 – de 18.02.1994 – Critérios para certificação de empresas de

extintores de incêndio.

Portaria nº 111, de 28.09.1999 – Certificação de extintores nacionais e

importados, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação (SBC).

Nota: consultar www.inmetro.gov.br/ sobre várias outras normas.

8. ÁREAS CLASSIFICADAS E MISTURAS EXPLOSIVAS

Áreas classificadas - área na qual a probabilidade da presença de uma

atmosfera explosiva é tal que exige precauções para a construção, instalação e

utilização de equipamentos elétricos.

Atmosfera Explosiva - mistura de substâncias inflamáveis com o ar na

forma de: gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual, após a ignição, a

combustão se propaga através da mistura.

Poeiras Explosivas - duas condições são necessárias para esta explosão:

a poeira deve ser fina o suficiente e

deve ter a mistura poeira/ar adequada.

Atmosfera de risco - Gás/Vapor ou névoa inflamável em concentrações

superiores a 10% do seu Limite Inferior de Explosividade (LIE).

A classificação das áreas será necessária quando existir a probabilidade de

que se formem misturas explosivas em um determinado local. Neste caso, deve

ser definida a classificação desse local, segundo critérios já estabelecidos em

normas, de acordo com o grau de probabilidade da presença de atmosfera

explosiva, como se segue:

• Áreas classificadas (gases e vapores)

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• Zona 0 - a mistura explosiva é encontrada permanentemente ou na maior

parte do tempo.

• Zona 1 - a mistura explosiva é provável durante a operação normal, mas

quando ocorrer, será por tempo limitado.

• Zona 2 - a mistura explosiva só é provável em caso de falhas do

equipamento ou do processo.

• Áreas classificadas (Poeiras)

• Zona 20 - área onde a presença de atmosfera explosiva é permanente, por

tempo prolongado ou frequente.

• Zona 21 - área onde a presença de atmosfera explosiva pode ocorrer

ocasionalmente

9. BIBLIOGRAFIA

SECCO, Orlando. Manual de Prevenção e Combate a Incêndio. São Paulo/Brasil.

ABPA – Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes, 1982.

CBMMG – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS. Legislação de

Segurança contra Incêndio e Pânico nas Edificações e Áreas de Risco do Estado

de Minas Gerais. MG/Brasil. 2006.

GOMES, ARY GONÇALVES. Sistemas de Prevenção contra Incêndios. Rio de

Janeiro: Editora Interciência, 1998.

OLIVEIRA, ALOÍZIO MONTEIRO. Curso Básico de Segurança em Eletricidade.

Belo Horizonte: Edição do Autor, 2007.

MORAES, GIOVANNI. Normas Regulamentadoras Comentadas. Rio de Janeiro:

Editora Gerenciamento Verde e Livraria Virtual, NR 23, 2001.