conceitos e prÁtica...

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1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO DISCIPLINA: M5 D3 ERGONOMIA GUIA DE ESTUDO DA AULA 63 CONCEITOS E PRÁTICA ERGONÔMICA PROFESSOR AUTOR: Engº Josevan Ursine Fudoli PROFESSOR TELEPRESENCIAL: Engº José Mauro Araújo Acosta COORDENADOR DE CONTEÚDO: Engº Josevan Ursine Fudoli DIRETORA PEDAGÓGICA: Profa. Maria Umbelina Caiafa Salgado 13 de novembro de 2012

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA

DE SEGURANÇA DO TRABALHO

DISCIPLINA: M5 D3 – ERGONOMIA

GUIA DE ESTUDO DA AULA 63

CONCEITOS E PRÁTICA ERGONÔMICA

PROFESSOR AUTOR: Engº Josevan Ursine Fudoli

PROFESSOR TELEPRESENCIAL: Engº José Mauro Araújo Acosta

COORDENADOR DE CONTEÚDO: Engº Josevan Ursine Fudoli

DIRETORA PEDAGÓGICA: Profa. Maria Umbelina Caiafa Salgado

13 de novembro de 2012

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA: ERGONOMIA

O desenvolvimento desta disciplina está organizado em quatro partes, nas

quais serão tratados os seguintes conteúdos:

Parte I: Introdução à Ergonomia: Introdução. Conceitos. Correntes de Ergonomia.

Análise Ergonômica e Intervenção Ergonômica. Aspectos biopsicossociais na saúde

ocupacional. Mecanismos de defesa que podem levar às somatizações. Ergonomia

nos equipamentos de proteção. Movimentação e transporte de ferramentas. Salas de

descompressão: um oásis no trabalho. Harmonia nas relações sociais. Motivação para

a luta pela prevenção. Referências bibliográficas.

Parte II: Estudos Ergonômicos: Histórico da Ergonomia. Definições de ergonomia. A

multidisciplinaridade da ergonomia. Norma Regulamentadora NR 17 de Ergonomia.

Diagnóstico ergonômico. Análise do Ambiente Físico. Agentes ambientais segundo a

NR 17. Agentes ambientais na avaliação ergonômica. Elaboração de questionário.

Referências bibliográficas.

Parte III: Conceitos e prática ergonômica. A questão ergonômica. Replanejando o

trabalho. Análise Ergonômica do Trabalho. Processos de organização do trabalho.

Divisões teóricas da ergonomia. Contribuições ergonômicas. Biomecânica

ocupacional. Ergonomia cognitiva e sua aplicação. Norma Regulamentadora 17 e seus

Anexos. Ergonomia e projeto (ergonomia de concepção). Referências bibliográficas.

Parte IV:

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O Calendário atualizado da Disciplina Ergonomia encontra-se no quadro a seguir.

2012

aulas

Guia de

Estudo Textos Complementares de Leitura Obrigatória

No

Lista

Exerc

ícios

30 out Parte I

Ergonomia: um estudo sobre sua influência na

produtividade. Acessar o site:

http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S1809-

22762009000400006&script=sci_arttext

61

06 nov Parte II

NR 17 – Ergonomia. Acessar o site:

http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf

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13 nov Parte III

Análise ergonômica de postos de trabalho de caixa de banco (BANRISUL)

http://www.ergonomianotrabalho.com.br/analise-ergonomica-caixa-de-banco.pdf

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20 out Parte IV 64

Objetivos da aprendizagem:

Conceituar a ergonomia cognitiva;

Conhecer a questão ergonômica;

Descrever a biomecânica ocupacional;

Conceituar as contribuições ergonômicas;

Descrever os processos de organização do trabalho.

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ÍNDICE

1. A QUESTÃO ERGONÔMICA ......................................................................... 05 2. REPLANEJANDO O TRABALHO .................................................................. 06

3. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO ................................................... 07

4. PROCESSOS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO..................................... 08

5. DIVISÕES TEÓRICAS DA ERGONOMIA ...................................................... 10 6. CONTRIBUIÇÕES ERGONÔMICAS .............................................................. 11 7- BIOMECÂMICA OCUPACIONAL.................................................................... 12

8. ERGONOMIA COGNITIVA E SUA APLICAÇÃO ........................................... 14

9. NORMA REGULAMENTADORA – NR 17 ERGONOMIA............................... 16

10. ERGONOMIA E PROJETO (ERGONOMIA DE CONCEPÇÃO) .................. 16

11. ERGONOMIA APLICADA ............................................................................ 18

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 20

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AULA 63 – CONCEITOS E PRÁTICA ERGONÔMICA 1. A QUESTÃO ERGONÔMICA

Um elevado número de enfermidades, doenças incapacitantes e acidentes do trabalho são decorrentes da falta de medidas ergonômicas adequadas ao ambiente de trabalho. A aplicação da ergonomia se expandiu abrangendo quase todos os tipos de atividades, incluindo a saúde, educação, transportes, lazer e até trabalhos domésticos, entre outros.

Em aulas passadas, foram apresentadas várias definições de ergonomia, entre

as quais reproduzimos: "Conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para

conceber as ferramentas, as máquinas e os dispositivos que podem ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência”(Alain Wisner)

A Ergonomia objetiva modificar o processo de trabalho para adequar a atividade

de trabalho às características, habilidades e limitações das pessoas com vistas ao seu desempenho eficiente, confortável e seguro (Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO).

Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao

entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. (IEA - Associação Internacional de Ergonomia).

Segundo Iida Itiro (2005), podemos resumir a ergonomia como sendo o “estudo

da adaptação do trabalho ao homem”, atribuindo-se ao trabalho uma acepção bastante ampla, abrangendo não apenas as máquinas e equipamentos, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e seu trabalho. Isso significa que a ergonomia parte do conhecimento do homem para realizar o projeto do trabalho, ajustando-o às suas capacidades e limitações, como mostra a fig. 1.

Fig 1 – A ergonomia e as situações de trabalho

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Os objetivos práticos da ergonomia são a segurança, satisfação e bem-estar dos trabalhadores, no seu relacionamento com os sistemas produtivos, sendo a eficiência um resultado consequente. Não se costuma colocar a eficiência como sendo um dos objetivos principais da ergonomia, porque poderia sugerir sacrifício e sofrimento dos trabalhadores para alcançá-la, podendo contrapor-se ao principal objetivo que é o bem-estar dos trabalhadores. 2. REPLANEJANDO O TRABALHO

Determinadas formas de organização do processo de trabalho têm sido identificadas como prejudiciais à saúde dos trabalhadores, exigindo a necessidade de se pensar em ações preventivas que levem os trabalhadores a preservarem sua saúde. Segundo Leny Sato (apud BORGES, 2001), existem basicamente duas concepções de como atuar preventivamente sobre esses problemas.

A primeira, para a qual a atividade preventiva deve fiscalizar a ação no

indivíduo, no sentido de habilitá-lo a melhor lidar com as limitações impostas pelas condições e pela organização do processo de trabalho; e a segunda, para a qual as ações devem ser dirigidas à avaliação e à mudança das condições e da organização do processo de trabalho, de modo a ampliar o espaço de autonomia a fim de que os trabalhadores possam regular as atividades no local de trabalho.

A Ergonomia estuda o trabalho humano e a visão mais conhecida do trabalho de chão de fábrica é quando se vê um grupo de trabalhadores em seus postos de trabalho, conforme mostramos na figura 2 abaixo.

Figura 2 – mostrando a visão geral do trabalho

Os objetivos do estudo ergonômico visam garantir que o local de trabalho esteja em harmonia com as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores. Esses objetivos são válidos em si mesmo, mas sua obtenção não é fácil de se atingir, por uma série de razões.

Uma delas se reflete no operador humano que é flexível e adaptável, com

aprendizado contínuo, mas as diferenças individuais podem ser muito grandes, entre as quais se incluem a constituição física e a força, as diferenças culturais, estilo e

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habilidades, entre tantas outras, requerendo um minucioso trabalho conforme mostra a fig. 3 a seguir:

Fig 3 – A busca da adaptação ergonômica

3 – ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

Segundo (SANTOS, 1997), a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) baseia-se em técnicas comparativas que permitem uma amostragem bastante aproximada da atividade do trabalho, não obstante as variabilidades intra e interindividuais. Uma amostragem completa nem sempre é possível, considerando-se que, às vezes, num determinado posto de trabalho, há um número reduzido de trabalhadores e um longo ciclo de atividades que podem dificultar a operacionalização. De qualquer maneira, deve-se, na medida do possível, comparar trabalhadores com diferenças significativas (qualificação, idade, sexo, antiguidade no posto etc.) e variar os momentos de observação (na jornada de trabalho, na semana, nas diversas estações do ano).

A Análise Ergonômica do Trabalho é uma metodologia para se conhecer uma

situação real ou aproximada do trabalho, visando diagnosticar melhor os riscos e propor medidas preventivas ou corretivas eficazes.

A Análise ergonômica do Trabalho se constitui de três fases:

a) A análise da demanda b) A análise da tarefa c) A análise da atividade

Após a Análise Ergonômica, é apresentado o Diagnóstico, as Recomendações Ergonômicas e o Memorial Descritivo.

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4 – PROCESSOS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

De acordo com Iida (2005), o Taylorismo é um termo que deriva de Frederick Winslow Taylor (1856-1915), um engenheiro americano que iniciou, no final século XX, um movimento de “administração científica” do trabalho e se notabilizou pela sua obra “Princípios de Administração Científica”, publicada originalmente em 1912. Taylor defendia que o trabalho deveria ser cientificamente observado de modo que, para cada tarefa, fosse estabelecido o método correto de executá-lo, com um tempo determinado, usando as ferramentas corretas. Os trabalhadores deveriam ser controlados, medindo-se a produtividade de cada um e pagando-se incentivos salariais àqueles mais produtivos.

As ideias de Taylor se difundiram rapidamente nos Estados Unidos, sendo

criados, em várias fábricas, departamentos de análise do trabalho para fazer cronometragem e desenvolver métodos racionais de trabalho, havendo forte resistência dos trabalhadores. Decorridos mais de um século das ideias do taylorismo, muita coisa se modificou e hoje os trabalhadores são mais instruídos, mais bem informados e mais organizados, e não aceitam tão passivamente as determinações emanadas exclusivamente das gerências.

Fig 4 - Taylor

Fordismo

O Fordismo foi um sistema de produção criado em 1914 pelo empresário norte-americano Henry Ford, para sua indústria de automóveis, projetando um sistema baseado numa linha de montagem, cuja principal característica era a fabricação em massa. O objetivo principal deste sistema era reduzir ao máximo os custos de produção e assim baratear o produto, podendo vender para o maior número possível de consumidores.

Desta forma, dentro desse sistema de produção, uma esteira rolante conduzia o produto, no caso da Ford, os automóveis, e cada funcionário executava uma pequena etapa. Logo, os funcionários não precisavam sair do seu local de trabalho, resultando numa maior velocidade de produção. Também não era necessária utilização de mão-de-obra muito capacitada, pois cada trabalhador executava apenas uma pequena tarefa dentro de sua etapa de produção.

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O fordismo foi o sistema de produção que mais se desenvolveu no século XX, sendo responsável pela produção em massa de mercadorias das mais diversas espécies.

Na década de 1980, o fordismo entrou em declínio com o surgimento de um novo sistema de produção mais eficiente. Enquanto para os empresários o fordismo foi muito positivo, para os trabalhadores ele gerou alguns problemas como, por exemplo, trabalho repetitivo e desgastante, além da falta de visão geral sobre todas as etapas de produção e baixa qualificação profissional. O sistema também se baseava no pagamento de baixos salários como forma de reduzir custos de produção.

O filme “Tempos Modernos”, produzido e estrelado por Charles Chaplin, aborda o fordismo e faz uma crítica ao sistema de produção em série, além de mostrar a combalida economia norte-americana após a crise econômica de 1929.

Fig 5 - Ford

Toyotismo

Toyotismo é um sistema de organização voltado para a produção de mercadorias, surgido no Japão, consistindo em um sistema enxuto de produção, aumento da produção, redução de custos e garantia de melhor qualidade e eficiência

no sistema produtivo. É um modelo de organização da produção capitalista japonesa.

Criado no Japão, após a Segunda Guerra Mundial, pelo engenheiro japonês Taiichi Ohno, o sistema foi aplicado na fábrica da Toyota (origem do nome do sistema). O Toyotismo espalhou-se a partir da década de 1960 por várias regiões do mundo e até hoje é aplicado em muitas empresas.

Principais características do Toyotismo:

- Mão de obra multifuncional e bem qualificada. Os trabalhadores são educados, treinados e qualificados para conhecer todos os processos de produção, podendo atuar em várias áreas do sistema produtivo da empresa.

- Sistema flexível de mecanização, voltado para a produção somente do necessário, evitando ao máximo o excedente. A produção deve ser ajustada à demanda do mercado.

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- Uso de controle visual em todas as etapas de produção como forma de acompanhar e controlar o processo produtivo.

- Implantação do sistema de qualidade total em todas as etapas de produção. Além da alta qualidade dos produtos, busca-se evitar ao máximo o desperdício de matérias-primas e tempo.

- Aplicação do sistema Just in Time, ou seja, produzir somente o necessário, no tempo necessário e na quantidade necessária.

- Uso de pesquisas de mercado para adaptar os produtos às exigências dos clientes.

- Aplicação do kanban, mecanização flexível, mão de obra multifuncional,

controle de qualidade total e personificação dos produtos.

5 – DIVISÕES TEÓRICAS DA ERGONOMIA

As atividades de trabalho se dividem em dimensões física, cognitiva e organizacional. A dimensão física indica a necessidade de mobilização do corpo biológico. A dimensão cognitiva está associada aos conhecimentos e raciocínios necessários para o desempenho do trabalho e a dimensão organizacional caracteriza o caráter social do trabalho, inserido na relação de interdependência com outras atividades.

A atividade do trabalho representa a intercessão dessas três dimensões,

conforme mostra a fig. 5 a seguir:

Fig 5 – Intercessão das atividades

Atividade

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6 – CONTRIBUIÇÕES ERGONÔMICAS

De acordo com Iida (2005), as contribuições ergonômicas são importantes para introduzir melhorias em situações de trabalho dentro das empresas e dependem da etapa em que se encontram os projetos.

A abrangência das contribuições ergonômicas classifica-se em dois tipos:

a) Análise de sistemas – que se preocupa com o funcionamento global de uma equipe de trabalho, usando uma ou mais máquinas, partindo-se de aspectos mais gerais, como a distribuição de tarefas entre o homem e a máquina, mecanização de tarefas e assim por diante. Ao considerar se uma tarefa deve ser atribuída ao homem ou à máquina, devem ser adotados critérios como custo, confiabilidade, segurança, entre outros.

b) Análise dos postos de trabalho – é o estudo de uma parte do sistema onde atua o trabalhador. A abordagem ergonômica ao nível de posto de trabalho se faz com a análise da tarefa, da postura e dos movimentos do trabalhador e das suas exigências físicas e psicológicas, considerando um posto de trabalho mais simples, onde o homem opera apenas uma máquina, ou seja, analisa as interações que ocorrem entre o homem, a máquina e o ambiente. Eles devem formar um sistema harmônico, chamado de sistema homem-máquina. Observe que essa abordagem é diferente daquela tradicionalmente adotada pelos projetistas que se preocupam com o projeto da máquina, para, posteriormente, fazer adaptações.

Segundo Iida (2005), a contribuição ergonômica, conforme a ocasião em que é

realizada, classifica-se em:

a) ergonomia de concepção; b) ergonomia de correção; c) ergonomia de conscientização.

Ergonomia de concepção – ocorre quando a contribuição ergonômica se faz

durante a fase inicial do projeto do produto, da máquina ou do ambiente. Esta é a melhor situação, pois as alternativas poderão ser amplamente examinadas, mas também se exige maior conhecimento e experiência, porque as decisões são tomadas em cima de situações hipotéticas.

Ergonomia de correção – a ergonomia de correção é aplicada em situações

reais, já existentes, para resolver problemas que se refletem na segurança, na fadiga excessiva, em doenças do trabalhador ou na quantidade ou qualidade da produção. Muitas vezes, a solução adotada é completamente satisfatória, pois exigiria custo muito elevado, por exemplo, na substituição de máquinas inadequadas. Em alguns casos, as melhorias, como mudanças de posturas, colocação de dispositivos de segurança e aumento da iluminação podem ser feitas com relativa facilidade, enquanto em outros casos, como a redução da carga mental ou de ruídos, tornar-se-iam difíceis.

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Ergonomia de conscientização – Muitas vezes, os problemas ergonômicos não são completamente solucionados, nem na fase de concepção e nem na fase de correção. Além do mais, novos problemas poderão surgir a qualquer tempo, devido ao desgaste natural das máquinas e equipamentos, além das modificações introduzidas pelos serviços de manutenção, alteração dos produtos e introdução de novos equipamentos. Pode-se dizer que o sistema e os postos de trabalho assemelham-se a organismos vivos em constante transformação e adaptação. Desta forma, é importante conscientizar-se o operador, por meio de cursos de treinamento e frequentes retreinamentos, ensinando-o a trabalhar de forma segura, reconhecendo os fatores de risco que podem surgir, a qualquer momento, no ambiente de trabalho. Nesse caso, ele deve saber exatamente qual a providência a ser tomada. Por exemplo: desligar a máquina e chamar a equipe de manutenção.

7 – BIOMECÂMICA OCUPACIONAL

A biomecânica ocupacional estuda as interações entre o trabalho e o homem sob o ponto de vista dos movimentos músculo-esqueletais envolvidos e as suas consequências. Analisa basicamente a questão das posturas corporais no trabalho e a sua aplicação de forças. Muitos produtos e postos de trabalho inadequados provocam tensões musculares, dores e fadiga que, às vezes, podem ser resolvidos com providências simples, como o aumento ou a redução da altura da mesa ou da cadeira. Em outros casos, a solução não é tão simples, por envolver conflito fundamental entre as necessidades humanas e aquelas do trabalho.

Desta forma, a Ergonomia física está preocupada com as características

humanas anatômicas, antropométricas, fisiológicas e biomecânicas e com sua relação com as atividades físicas, nas atividades que incluem posturas, manuseios de materiais, movimentos repetitivos, leiaute dos postos de trabalho, segurança e saúde.

Fig 6 – Ergonomia física

As medidas antropométricas tratam de medidas físicas do corpo humano. Aparentemente, medir as pessoas seria uma tarefa fácil, bastando para isso ter uma régua e trena. Entretanto, isso não é assim tão simples, quando se deseja obter medidas confiáveis de uma população que contém indivíduos dos mais variados tipos. Além disso, as condições em que essas medidas são realizadas (com roupa ou sem roupa, com ou sem calçados, ereto ou na postura relaxada) influem consideravelmente nos resultados.

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A figura 7 a seguir ilustra uma situação de trabalho que requer estudo ergonômico.

Fig 7 – Local de trabalho que requer estudo

Normalmente, postos de trabalho requerem adaptações, devido a projeto deficiente de máquinas, equipamentos e postos de trabalho, trabalhos estáticos que envolvem postura parada por longos períodos de tempo; trabalhos que exigem muita força; posturas com tronco inclinado e torcido, conforme mostra a figura 8 a seguir.

Fig 8 - Exemplos de trabalhos com postura inadequada.

Também os mobiliários necessitam ser estudados para adequação ergonômica como mostram as figuras a seguir.

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Fig 9 – Adaptação do mobiliário

É importante salientar que, sempre que possível, o mobiliário deve ser validado pelos futuros usuários.

8 – ERGONOMIA COGNITIVA E SUA APLICAÇÃO

A Ergonomia cognitiva está relacionada aos processos mentais (percepção, memória, raciocínio) e como a cognição afeta as interações entre os humanos e outros elementos do sistema. Tópicos pertinentes incluem carga de trabalho, tomada de decisão, interação homem-computador, confiabilidade e estresse.

Fig 10 - Ergonomia cognitiva

A ergonomia cognitiva aplica-se na realização de tarefas, envolvendo habilidades humanas, aplicação de normas e aplicação de conhecimentos, como mostra a Fig. 11.

Fig. 11 – Aplicação da ergonomia cognitiva

As tecnologias atuais ganharam riscos que afetam e são afetados pelas ações realizadas por pessoas em situações normais, de manutenção e de emergência.

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Fig 12 - Ergonomia e Confiabilidade

A ergonomia cognitiva também se aplica a ambientes complexos (fig. 13).

Fig 13 – Ergonomia aplicada a ambientes complexos

A ergonomia cognitiva aplicada a acidentes:

Fig 14 – Ergonomia cognitiva aplicada a acidentes

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9 - NORMA REGULAMENTADORA – NR 17 ERGONOMIA

A NR 17 dispõe sobre Ergonomia que estabelece parâmetros visando à adaptação das condições de trabalho, às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente, com foco basicamente em:

a) levantamento, transporte e descarga individual de materiais; b) Mobiliário dos postos de trabalho; c) Equipamentos dos postos de trabalho; d) Condições ambientais de trabalho; e) Organização do trabalho.

A fig 15 resume a NR 17.

Fig 15 – Foco da NR 17

A Portaria MTE/SIT 08, de 30/03/2007, instituiu o documento intitulado “Trabalho dos Operadores de Checkout” que ficou sendo considerado o Anexo I da NR 17.

A Portaria MTE/SIT 09, de 30/03/2007, instituiu o documento intitulado “Trabalho em Teleatendimento/Telemarketing” que ficou sendo considerado o Anexo II da NR 17.

10 – ERGONOMIA E PROJETO (ERGONOMIA DE CONCEPÇÃO)

A principal contribuição da ergonomia de concepção é a melhoria das condições de trabalho em função da antecipação de problemas, que dificilmente poderiam ser corrigidos uma vez que o projeto tenha sido realizado.

Atuando na fase de projeto, melhores condições de trabalho podem ser obtidas, evitando o surgimento de doenças profissionais e aumentando a eficiência do trabalho, a um custo (financeiro e humano) menor que o decorrente de intervenções corretivas.

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Os profissionais que trabalham em ergonomia de concepção podem participar das várias fases do desenvolvimento de uma obra ou produto, aplicando os conceitos de ergonomia no projeto conceitual, projeto básico, detalhamento e/ou em construção em montagem, como mostra a fig. 16 abaixo:

Fig 16 – Aplicação da Ergonomia de concepção

Durante a aplicação da ergonomia de concepção, faz-se necessário:

1. Identificar as contrantes (dificuldades encontradas) nas situações de trabalho dos operadores (análise da atividade);

2. Assegurar que os projetistas levem em consideração as contrantes identificadas nas AET;

3. Organizar e facilitar diálogos entre aqueles que projetam e aqueles que vão usar as instalações;

4. Acompanhar a implementação das recomendações e avaliar sua eficácia.

A participação dos empregados é importante, pois são eles que detêm as competências sobre seu trabalho, os constrangimentos aos quais estão submetidos e as estratégias adotadas para atingir os objetivos.

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Fig 17 – Participação dos empregados

11 – ERGONOMIA APLICADA

A ergonomia aplicada consiste em convencer a empresa sobre a importância da Ergonomia, na contratação de serviços especializados ou na formação de equipe técnica própria de ergonomia de estrutura de Comitê de Ergonomia, formado preferencialmente por representantes de diversos setores produtivos da empresa.

O diagrama abaixo mostra a estrutura da ergonomia na empresa:

A elaboração do Programa de Ergonomia envolve os seguintes tópicos:

• Definir os objetivos do Programa;

• Elaborar o Plano de Ações;

• Definir um cronograma de reuniões;

• Identificar e hierarquizar demandas ergonômicas;

• Prever recursos para implementar as recomendações;

• Definir indicadores de acompanhamento/ desempenho;

• Registrar as análises ergonômicas.

Os Comitês de Ergonomia devem possuir atribuições claramente definidas, tais como:

Aprovar cronograma de trabalhos;

Participar das reuniões mensais;

Participar das avaliações, quando solicitado;

Divulgar os trabalhos de ergonomia;

Ser o canal de comunicação entre empresa e empregados.

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Também as equipes técnicas (da empresa ou da empresa contratada) devem possuir atribuições específicas para sua equipe, tais como:

Realizar a avaliação ergonômica;

Informar resultados ao comitê;

Validar recomendações;

Acompanhar implementações;

Validar implementações;

Realizar treinamentos.

As boas práticas são aquelas não previstas em procedimentos, normas ou leis, mas que são importantes na gestão do negócio da ergonomia, entre as quais citamos:

1. Envolver a CIPA, convidando representante para as reuniões de Ergonomia;

2. Manter interface com outros programas, principalmente o PPRA e o PCMSO;

3. Divulgar as implementações ergonômicas para toda a empresa;

4. Realizar treinamentos para os empregados da empresa.

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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SANTOS, Neri & FIALHO, Francisco Antônio Pereira. Manual de Análise Ergonômica no Trabalho. Editora Gênesis – Brasil – PR – 1997.

DEJOURS, C. A loucura do trabalho. Tradução: A. I. Paraguai e L. Leal. São Paulo: Cortez- Oboré, 5ª ed., 1992.

GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia. Porto Alegre: Bookman, 1998.

LAVILLE, Antoine. Ergonomia. Tradução: Márcia Maria das Neves Teixeira. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1977.

VERDUSSEN, R. Ergonomia: a racionalização humanizada no trabalho. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.

WISNER, Alain. A Inteligência no Trabalho, Textos selecionados de ergonomia. São Paulo: Editora da UNESP, 1994.

BORGES, Luiz Henrique e outros. Organização do Trabalho e Saúde – Múltiplas Relações. Vitória (ES): Editora CCHH, 2001.

Abrahão, Júlia. Sznelwar, Laerte. Introdução à Ergonomia. São Paulo: Editora Edgard Blücher. 2009.

Falzon, Pierre. Ergonomia. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2007.

Iida, Itiro. Ergonomia Projeto e Produção. São Paulo: Editora Edgard Blücher. 2005