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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO CULTURAL Prof. Marco Escobar 2011

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO CULTURAL

Prof. Marco Escobar

2011

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“De repente quero te ver/A saudade me pegou/Tanto tempo sem te ver/A tristeza já chegou/Pego um cavalete e uma tela/Tua imagem começo a pintar/O quadro é branco como a brisa/Como um sorriso de Mona Lisa/O mundo inteiro vai te ver/E eu sigo pintando/Hello, Hello Mona Lisa...”

Roupa Nova (Hello Mona Lisa)

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“Para saber muito bem uma língua, não basta uma vida.”

Prof. José Duarte Vanucchi

14/9/2000

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Regras de acentuação Não podemos falar delas antes de entender algumas coisas...

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Agora sim, regras de acentuação.

Proparoxítonas: todas são acentuadas

Paroxítonas terminadas em: r, n, l, x um, uns ps, ã i, u ditongo

Oxítonas terminadas em: a, e ,o em, ens ditongo aberto (éu, ói, éi)

Acento diferencial

Segunda vogal tônica do hiato (i, u)

Perceba que as regras também servem para não acentuar palavras. Cidade, por exemplo, não tem acento. Se

fosse uma proparoxítona, teria que ter porque a regra diz que todas são acentuadas. Se fosse uma oxítona,

teria que ter porque oxítonas terminadas em “e” precisam de acento. Logo, cidade só pode ser uma paroxítona.

Paroxítonas terminadas em “e” não precisam de acento.

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Construção Chico Buarque

Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última

E cada filho seu como se fosse o único

E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina

Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolo com tijolo num desenho mágico

Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado

Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

E flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acabou no chão feito um pacote flácido

Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último

Beijou sua mulher como se fosse a única

E cada filho seu como se fosse o pródigo

E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido

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Ergueu no patamar quatro paredes mágicas

Tijolo com tijolo num desenho lógico

Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe

Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo

Bebeu e soluçou como se fosse máquina

Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música

E flutuou no ar como se fosse sábado

E se acabou no chão feito um pacote tímido

Agonizou no meio do passeio náufrago

Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina

Beijou sua mulher como se fosse lógico

Ergueu no patamar quatro paredes flácidas

Sentou pra descansar como se fosse um pássaro

E flutuou no ar como se fosse um príncipe

E se acabou no chão feito um pacote bêbado

Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir

A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir

Por me deixar respirar, por me deixar existir,

Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir

Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir

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Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,

Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir

E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir

E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,

Deus lhe pague

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Processos de formação de palavras

Derivação

Prefixal

Sufixal Prefixal e sufixal

Parassintética

Regressiva Imprópria

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Composição

Por justaposição

Por aglutinação

Processos secundários

Hibridismo

Onomatopeia Arcaísmo Neologismo Gíria

Estrangeirismo

Sigla Abreviação Internetês

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“Português não é uma língua, é um código secreto.”

Fausto Silva

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Sob o Mesmo Céu Lenine

Composição: Lenine e Lula Queiroga

Parte 1 Sob o mesmo céu Cada cidade é uma aldeia Uma pessoa! Um sonho, uma nação Sob o mesmo céu Meu coração Não tem fronteiras Nem relógio, nem bandeira Só o ritmo De uma canção maior... A gente vem Do tambor do Índio A gente vem de Portugal Vem do batuque negro A gente vem Do interior e da capital A gente vem Do fundo da floresta Da selva urbana Dos arranha-céus A gente vem do pampa Vem do cerrado Vem da megalópole Vem do Pantanal A gente vem de trem Vem de galope De navio, de avião Motocicleta A gente vem a nado A gente vem do samba Do forró A gente veio do futuro Conhecer nosso passado... Brasil! Com quantos Brasis Se faz um Brasil? Com quantos Brasis Se faz um país? Chamado Brasil!

A gente vem Do rap, da favela A gente vem Do centro do subúrbio Da periferia, eh! A gente vem Da maré, das palafitas Vem dos Orixás da Bahia A gente traz um desejo De alegria e de paz E digo mais: A gente tem a honra De estar ao seu lado A gente veio do futuro Conhecer nosso passado... Brasil! Com quantos Brasis Se faz um Brasil? Com quantos Brasis Se faz um país? Chamado Brasil!...(2x) Repete parte 1

A gente veio do futuro Conhecer nosso passado! Brasil! Com quantos Brasis Se faz um Brasil? Com quantos Brasis Se faz um país? Chamado Brasil! A gente veio do futuro Conhecer nosso passado! Brasil! Com quantos Brasis Se faz um Brasil? Com quantos Brasis Se faz um país? Chamado Brasil!...(2x) A gente veio do futuro!

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Cantiga da Ribeirinha ou Cantiga de Guarvaia é o primeiro texto literário em língua galaico-

portuguesa de que se tem registro. A cantiga foi composta provavelmente em 1198, por Paio Soares de

Taveirós, e recebeu esse nome por ter sito dedicada à Dona Maria Pais Ribeiro, amante de Dom Sancho

I, apelidada de Ribeirinha. Segue o modelo das cantigas de amor do Trovadorismo galego-português

(possui o eu-lírico masculino), pois fala de um amor platônico por uma mulher nobre e inacessível.

Os versos

Cantiga da Ribeirinha No mundo non me sei parelha,

Mentre me for como me vai,

Cá já moiro por vós, e - ai!

Mia senhor branca e vermelha.

Queredes que vos retraia

Quando vos eu vi em saia!

Mau dia me levantei,

Que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, desd'aquel'di, ai!

Me foi a mi mui mal,

E vós, filha de don Paai

Moniz, e bem vos semelha

D'haver eu por vós guarvaia,

Pois eu, mia senhor, d'alfaia

Nunca de vós houve nem hei

Valia d'ua correa.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cantiga_da_Ribeirinha"

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TERRA, Ernani. Curso Prático de Gramática. São Paulo, Scipione, 1988.

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Quanto ao gênero, o substantivo pode ser:

Biforme:

Mesmo radical: cachorro/cachorra

Radicais diferentes: boi/vaca; bode/cabra; homem/mulher; frei/sóror

Uniforme:

Epiceno: cobra macho/cobra fêmea

Comum de dois gêneros: o dentista/a dentista; aquele trapezista/aquela trapezista;

artista famoso/artista famosa

Sobrecomum: criança, pessoa, testemunha

SEXA Luís Fernando Veríssimo

Comédias para se Ler na Escola - Pai... - Hummmmm? - Como é o feminino de sexo? - O quê? - O feminino de sexo. - Não tem. - Sexo não tem feminino? - Não. - Só tem sexo masculino? - É. Quer dizer, não. Existem dois sexos. Masculino e Feminino. - E como é o feminino de sexo? - Não tem feminino. Sexo é sempre masculino. - Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino. - O sexo pode ser masculino ou feminino. A palavra "SEXO" é masculina. O SEXO masculino, o SEXO feminino. - Não devia ser "A SEXA"? - Não. - Por que não? - Porque não! Desculpe. Porque não. "SEXO" é sempre masculino. - O sexo da mulher é masculino? - É. Não! O sexo da mulher é feminino. - E como é o feminino? - Sexo mesmo. Igual ao do homem. - O sexo da mulher é igual ao do homem? - É. Quer dizer... olha aqui. Tem o SEXO masculino e o SEXO feminino, certo? - Certo. - São duas coisas diferentes. - Então como é o feminino de sexo? - É igual ao masculino. - Mas não são diferentes? - Não. Ou, são! Mas a palavra é a mesma. Muda o sexo, mas não muda a palavra. - Mas então não muda o sexo. É sempre masculino. - A palavra é masculina. - Não. "A palavra" é feminino. Se fosse masculino seria "o pal..." - Chega! Vai brincar, vai. O garoto sai e a mãe entra. O pai comenta: -Temos que ficar de olho nesse guri... - Por quê? - Ele só pensa em gramática.

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Segunda feira Este novo ser de cabelo longo é um valente empecilho. Anda sempre à minha volta e segue-me para todo o lado. Não gosto disto: não estou habituado a ter companhia. Preferia que ficasse com os outros animais. (...) Está enevoado hoje, vento de Este; acho que nós ainda vamos ter chuva. [...] NÓS? Onde apanhei esta palavra? - o novo ser usa-a amiúde. Terça-Feira Estive a examinar a cascata. É o melhor do parque, penso. O novo ser chama-lhe "catarata de Niagara" - porquê?, não compreendo. Diz que parece a Catarata do Niagara. Isso não é razão. É um mero devaneio de imbecilidade. Não posso nunca dar nome a nada. O novo ser dá nome a tudo o que aparece antes de eu poder esboçar um protesto. E o pretexto é sempre o mesmo: parece ser aquilo. Por exemplo um dodo, diz que, logo que se avista um, percebe-se que "parece um dodo". Vai ter de passar a chamar-se assim, sem dúvida. Desgasta-me tentar discutir sobre isso e nem vale a pena, de qualquer maneira. Dodo! parece-se tanto com um dodo como eu! Quarta- feira Construí um abrigo contra a chuva para mim, mas não pude sequer gozá-lo em paz. O novo ser intrometeu-se. Quando tentei empurrá-lo para fora deitou água pelos buracos por onde vê e limpou-se com as costas da pata, e fez um barulho como o que fazem alguns dos outros animais quando estão aflitos. Eu preferia que não falasse. Está sempre a falar! Isto pode parecer um golpe baixo contra o pobre coitado, uma injúria; mas não é nada disso. Eu nunca ouvi a voz humana antes e qualquer som estranho e novo irrompendo aqui, na solene pacatez destas solidões de sonho, ofende os meus ouvidos e soa como uma nota artificial. E este novo som irrompe sempre tão perto de mim, vem sempre detrás do meu ombro, direito ao meu ouvido. primeiro de um lado, depois do outro... e eu estou habituado a sons que estão sempre mais ou menos distantes de mim.

Mark Twain, "Excertos dos diários de Adão e Eva"

http://dragoscopio.blogspot.com/2006/03/o-dirio-de-ado.html

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Artigo Artigos são palavras que precedem os substantivos para determiná-los ou indeterminá-los.

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras

pomar amor cantar.

Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

Carlos Drummond de Andrade De Alguma poesia (1930)

Os artigos definidos (o, a, os, as), de modo geral, indicam seres determinados, conhecidos da pessoa

que fala ou escreve.

Falei com o médico.

Já encontramos os livros perdidos.

Os artigos indefinidos (um, uma , uns, umas) indicam os seres de modo vago, impreciso.

Uma pessoa lhe telefonou.

Uns garotos faziam barulho na rua.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Artigo_(gram%C3%A1tica)

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Artigo

definido

masculino

singular

plural

feminino

singular

plural

indefinido

masculino

singular

plural

feminino

singular

plural

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ARTIGO UM e NUMERAL UM

Como distinguir:

UM e UMA só são numerais quando designamos a unidade. Exemplo:

Com uma só mão, Pedro levantou a saca de café.

Neste caso ele se opõe a dois, três, quatro, etc. As formas de plural uns, umas pertencem exclusivamente ao artigo indefinido.

Podemos, portanto dizer que em dada frase, sempre que pudermos passar para o plural as palavras um, uma e

exigir o emprego de uns ou umas, trata-se de artigo indefinido e não de numeral. E se o plural de um, uma for

dois, duas, ou melhor, se opõe a dois, três, quatro, é um numeral.

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Técnicas de Redação

Narração, Descrição e Dissertação

I- NARRAÇÃO Narrar é contar um fato, um episódio; todo discurso em que algo é

CONTADO possui os seguintes elementos, que fatalmente surgem conforme um

fato vai sendo narrado:

onde ?

| quando? --- FATO --- com quem?

|

como?

A representação acima quer dizer que, todas as vezes que uma história é contada (é NARRADA), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e

com quem ocorreu o episódio.

É por isso que numa narração predomina a AÇÃO: o texto narrativo é um

conjunto de ações; assim sendo, maioria dos VERBOS que compõem esse tipo de texto são os VERBOS DE AÇÃO. O conjunto de ações que compõem o texto

narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de texto, recebe o nome de

ENREDO.

As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas PERSONAGENS,

que são justamente as pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado ("com quem?" do quadro acima). As personagens são identificadas (=nomeadas)

no texto narrativo pelos SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS.

Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem querer) ele

acaba contando "onde" (=em que lugar) as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ação ou ações é chamado de

ESPAÇO, representado no texto pelos ADVÉRBIOS DE LUGAR.

Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer "quando"

ocorreram as ações da história. Esse elemento da narrativa é o TEMPO, representado no texto narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente

pelos ADVÉRBIOS DE TEMPO.

É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor

"como" o fato narrado aconteceu. A história contada, por isso, passa por uma INTRODUÇÃO (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo

DESENVOLVIMENTO do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o "miolo"

da narrativa, também chamada de trama) e termina com a CONCLUSÃO da

história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história é o NARRADOR, que

pode ser PESSOAL (narra em 1a pessoa : EU...) ou IMPESSOAL (narra em 3a. pessoa: ELE...).

Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por

advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as

personagens, que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada.

II - DESCRIÇÃO Descrever é CARACTERIZAR alguém, alguma coisa ou algum lugar através

de características que particularizem o caracterizado em relação aos outros seres

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da sua espécie. Descrever, portanto, é também particularizar um ser. É

"fotografar" com palavras.

No texto descritivo, por isso, os tipos de verbos mais adequados (mais comuns) são os VERBOS DE LIGAÇÃO (SER, ESTAR, PERMANECER, FICAR,

CONTINUAR, TER, PARECER, etc.), pois esses tipos de verbos ligam as

características - representadas linguisticamente pelos ADJETIVOS - aos seres

caracterizados - representados pelos SUBSTANTIVOS. Ex. O pássaro é azul . 1-Caractarizado: pássaro / 2-Caracterizador ou

característica: azul / O verbo que liga 1 com 2: é

Num texto descritivo podem ocorrer tanto caracterizações objetivas (físicas,

concretas), quanto subjetivas (aquelas que dependem do ponto de vista de quem descreve e que se referem às características não-físicas do caracterizado). Ex.:

Paulo está pálido (caracterização objetiva), mas lindo! (carcterização subjetiva).

III- DISSERTAÇÃO

Além da narração e da descrição há um terceiro tipo de redação ou de

discurso: a DISSERTAÇÃO.

Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito de um

determinado tema, expressando o ponto de vista de quem escreve em relação a esse tema. Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira convincente, ou seja, de

maneira que elas sejam compreendidas e aceitas pelo leitor ; e isso só acontece

quando tais opiniões estão bem fundamentadas, comprovadas, explicadas,

exemplificadas, em suma: bem ARGUMENTADAS (argumentar= convencer, influenciar, persuadir). A argumentação é o elemento mais importante de uma

dissertação.

Embora dissertar seja emitir opiniões, o ideal é que o seu autor coloque no

texto seus pontos de vista como se não fossem dele e sim, de outra pessoa ( de prestígio, famosa, especialista no assunto, alguém...), ou seja, de maneira

IMPESSOAL, OBJETIVA e sem prolixidade ("encher lingüiça"): que a dissertação

seja elaborada com VERBOS E PRONOMES EM TERCEIRA PESSOA. O texto

impessoal soa como verdade e, como já citado, fazer crer é um dos objetivos de

quem disserta. Na dissertação, as idéias devem ser colocadas de maneira CLARA E

COERENTE e organizadas de maneira LÓGICA:

a) o elo de ligação entre pontos de vista e argumento se faz de maneira coerente

e lógica através das CONJUNÇÕES (=conectivos) - coordenativas ou subordinativas, dependendo da idéia que se queira introduzir e defender; é por

isso que as conjunções são chamadas de MARCADORES ARGUMENTATIVOS.

b) todo texto dissertativo é composto por três partes coesas e coerentes:

INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO. A introdução é a parte em que se dá a apresentação do tema, através de um

CONCEITO ( e conceituar é GENERALIZAR, ou seja, é dizer o que um referente

tem em comum em relação aos outros seres da sua espécie) ou através de

QUESTIONAMENTO(s) que ele sugere, que deve ser seguido de um PONTO DE VISTA e de seu ARGUMENTO PRINCIPAL. Para que a introdução fique perfeita, é

interessante seguir esses passos:

1. Transforme o tema numa pergunta;

2. Responda a pergunta ( e obtém-se o PONTO DE VISTA);

3. Coloque o porquê da resposta ( e obtém-se o ARGUMENTO).

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O desenvolvimento contém as idéias que reforçam o argumento principal, ou

seja, os ARGUMENTOS AUXILIARES e os FATOS-EXEMPLOS ( verdadeiros,

reconhecidos publicamente). A conclusão é a parte final da redação dissertativa, onde o seu autor deve

"amarrar" resumidamente ( se possível, numa frase) todas as idéias do texto para

que o PONTO DE VISTA inicial se mostre irrefutável, ou seja, seja imposto e aceito

como verdadeiro. Antes de iniciar a dissertação, no entanto, é preciso que seu autor: 1.

Entenda bem o tema; 2. Reflita a respeito dele;3. Passe para o papel as idéias que

o tema lhe sugere; 4. Faça a organização textual ( o "esqueleto do texto"), pois a

quantidade de idéias sugeridas pelo tema é igual a quantidade de parágrafos que a dissertação terá no DESENVOLVIMENTO do texto.

http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1610892

(mais de 12 sites citam trechos deste texto ou a sua íntegra)

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Adjetivos Marina Cabral - Especialista em Língua Portuguesa e Literatura - Equipe Brasil Escola

Adjetivo é a palavra variável em gênero, número e grau que caracteriza o substantivo, indicando-lhe

qualidade, estado, modo de ser ou aspecto.

Ex.: neve branca; cidade moderna.

Classifica-se em:

- Simples: quando apresentam um único radical.

Ex.: comida saborosa.

- Composto: quando apresentam mais de um radical.

Ex.: programa sociocultural.

- Primitivo: quando não provém de outra palavra da língua portuguesa.

Ex.: inimigo leal.

- Derivados: quando provém de outra palavra da língua portuguesa.

Ex.: calça esverdeada.

Locuções Adjetivas

Locução adjetiva é a expressão formada de preposição + substantivo (ou advérbio), com valor de

adjetivo.

Noite de chuva (chuvosa)

Atitudes de anjo (angelical)

Pneu de trás (traseiro)

Menina do Brasil (brasileira)

Locuções adjetivas e adjetivos correspondentes:

Locução adjetiva Adjetivo correspondente

De abdômen abdominal

De abelha Apícola

De abutre vulturino

De alma Anímico

De aluno Discente

De anjo angelical

De asno Asinino

De boca Bucal, oral

De boi Bovino

De cabelo Capilar

De campo Rural

De cavalo Eqüino De chuva Pluvial

De cidade Urbano De estômago estomacal

De leão Leonino

De ovelha Ovino De paixão passional

De rim Renal

http://www.brasilescola.com/gramatica/adjetivo-locucoes-adjetivas.htm

Não seja deselegante tentando dar flagrante no meu coração. Você é absoluta e na minha conduta quem manda é a paixão.

Um homem comprometido com o amor não tem tempo nem pra vadiar. Pode ficar descansada que o anel do meu dedo ninguém vai tirar.

Pra que fazer alvoroço revistando o meu corpo só pra ver se tem marcas de amor no pescoço, escondido no bolso um bilhete de alguém.

Se toda vez que eu te vejo meu corpo se agita, logo dá sinal. Se toda vez que eu te beijo desperta o desejo animal.

Não faz assim, que o ciúme é traiçoeiro e faz o amor maneiro se acabar. Não faz assim que o teu chamego tem o cheiro eo tempero pro meu paladar.

É tão ruim ver o ciúme dormir no seu travesseiro pra te perturbar. Eu estou de corpo inteiro pra te amar.

Absoluta Netinho de Paula

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Grau do adjetivo

O adjetivo possui dois graus: comparativo e superlativo:

Grau comparativo: transmite a idéia de igualdade, superioridade ou inferioridade

de um ser em relação a outro.

Igualdade - tão+adjetivo+que (do que):

Ela é tão alegre quanto (ou como) ele.

Lídia é tão bonita quanto Raquel.

Superioridade – mais+adjetivo+quanto (como):

Ele é mais alegre que (ou do que) ela.

Lídia é mais bonita que Raquel.

Inferioridade – menos+adjetivo+que (do que):

Ele é menos alegre que (ou do que) ela.

Lídia é menos bonita que Raquel.

Grau superlativo: o grau superlativo pode ser:

Relativo – quando se faz sobressair, com vantagem desvantagem, a qualidade de um ser em relação a

outros (a um conjunto de seres). Pode ser de superioridade ou de inferioridade:

Mateus é o mais inteligente da turma. (superioridade)

Mateus é o menos inteligente da turma. (inferioridade)

Absoluto – quando a qualidade de um ser é intensificada sem a relação com outros seres. Pode ser

analítico ou sintético:

Analítico: quando o adjetivo é modificado pelo advérbio muito, extremamente, etc.

Paula é extremamente bela.

Sintético: quando se acrescenta o sufixo –íssimo, -imo ou -rimo ao radical do adjetivo:

Conversa agradabilíssima. http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/jaquelinesilva/gramatica004.asp

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Superlativos absolutos sintéticos eruditos

Eis os principais superlativos absolutos, quase todos exclusivos da língua culta:

1. Acre, acérrimo

2. Alto, supremo, sumo

3. Ágil, agílimo

4. Amargo, amaríssimo

5. Amável, amabilíssimo

6. Amigo, amicíssimo

7. Antigo, antiquíssimo

8. Áspero, aspérrimo

9. Atroz, atrocíssimo

10. Baixo, ínfimo

11. Benéfico, beneficentíssimo

12. Benévolo, benevolentíssimo

13. Bom, ótimo

14. Célebre, celebérrimo

15. Comum, comuníssimo

16. Cristão, cristianíssimo

17. Cruel, crudelíssimo

18. Difícil, dificílimo

19. Doce, dulcíssimo

20. Dócil, docílimo

21. Fácil, facílimo

22. Feliz, felicíssimo

23. Feroz, ferocíssimo

24. Fiel, fidelíssimo

25. Frágil, fragílimo

26. Frio, frigidíssimo

27. Geral, generalíssimo

28. Grácil, gracílimo

29. Grande, máximo

30. Humilde, humílimo

31. Incrível, incredibilíssimo

32. Inimigo, inimicíssimo

33. Íntegro, integérrimo

34. Livre, libérrimo

35. Magnífico, magnificentíssimo

36. Magro, macérrimo

37. Mau, péssimo

38. Mísero, misérrimo

39. Negro, nigérrimo

40. Notável, notabilíssimo

41. Nobre, nobilíssimo

42. Parco, parcíssimo

43. Pequeno, mínimo

44. Pessoal, personalíssimo

45. Pio, piíssimo

46. Pobre, paupérrimo

47. Pródigo, prodigalíssimo

48. Provável, probabilíssimo

49. Pudico, pudicíssimo

50. Respeitável, respeitabilíssimo

51. Sábio, sapientíssimo

52. Sagrado, sacratíssimo

53. Salubre, salubérrimo

54. São, sanérrimo

55. Simpático, simpaticíssimo

56. Simples, simplicíssimo

57. Soberbo, superbíssimo

58. Terrível, terribilíssimo

59. Veloz, velocíssimo

60. Voraz, voracíssimo

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. Cia Editora Nacional, 46

edição, 1 reimpressão, São Paulo, 2005. P. 170 e 171

29

30

TERRA, Ernani. Curso Prático de Gramática. São Paulo, Scipione, 1988.

31

Os pronomes Pronomes acompanham ou substituem um nome.

Quando acompanham, são chamados de __________________________.

Quando substituem são chamados de __________________________.

Pessoais retos

Pessoais oblíquos

Possessivos Átono (sem preposição)

Tônicos (com preposição)

Singular

1ª pessoa Eu Me Mim

Meu, minha, meus, minhas

2ª pessoa

Tu Te Ti Teu, tua, teus,

tuas

3ª pessoa Ele/ela Se, o, a, lhe Si, ele, ela

Seu, sua, seus, suas

Plural

1ª pessoa Nós Nos Nós

Nosso, nossa, nossos, nossas

2ª pessoa Vós Vos Vós

Vosso, vossa, vossos, vossas

3ª pessoa Eles/elas Se, os, as, lhes Si, eles, elas

Seu, sua, seus, suas

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Pronomes de tratamento

Pronome Usado para Vossa Alteza Príncipes, duques

Vossa Majestade Reis

Vossa Santidade Papas

Vossa Eminência Cardeais

Vossa Excelência Autoridades em geral

Pronomes demonstrativos São os que indicam a posição ou o lugar dos seres.

Variáveis Invariáveis Este, esta, estes, estas

Esse, essa, esses, essas

Aquele, aquela, aqueles, aquelas

Pronomes indefinidos

Referem-se à terceira pessoa e podem ser variáveis ou invariáveis.

variáveis Invariáveis Algum, alguns, alguma, algumas nenhum, nenhuns, nenhuma, nenhumas Todo, todos, toda, todas Outro, outra, outros, outras Muito, muitos, muita, muitas Pouco, poucos, pouca, poucas Certo, certos, certa, certas Tanto, tantos, tanta, tantas Quanto, quantos, quanta, quantas Qualquer, quaisquer

Alguém Ninguém Tudo Outrem Nada Cada algo

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Pronomes interrogativos Evidentemente, só são utilizados em__________________________.

Que, quem, qual, quanto, quantos, quanta, quantas

Pronomes relativos

Variáveis Invariáveis

Masculinos Femininos

O qual, os quais A qual, as quais Que

Cujo, cujos Cuja, cujas Quem

Quanto, quantos Quanta, quantas Onde

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O meu guri Chico Buarque

Quando, seu moço Nasceu meu rebento Não era o momento Dele rebentar

Já foi nascendo Com cara de fome E eu não tinha nem nome Prá lhe dar Como fui levando Não sei lhe explicar Fui assim levando Ele a me levar E na sua meninice Ele um dia me disse Que chegava lá Olha aí! Olha aí! Olha aí! Ai o meu guri, olha aí! Olha aí! É o meu guri e ele chega! Chega suado E veloz do batente

Traz sempre um presente Prá me encabular Tanta corrente de ouro Seu moço! Que haja pescoço Prá enfiar Me trouxe uma bolsa Já com tudo dentro Chave, caderneta Terço e patuá Um lenço e uma penca De documentos Prá finalmente Eu me identificar Olha aí! Olha aí! Ai o meu guri, olha aí!

Olha aí! É o meu guri e ele chega!

Chega no morro Com carregamento Pulseira, cimento

Relógio, pneu, gravador Rezo até ele chegar Cá no alto Essa onda de assaltos Tá um horror Eu consolo ele Ele me consola Boto ele no colo Prá ele me ninar De repente acordo Olho pro lado E o danado já foi trabalhar Olha aí! Olha aí! Ai o meu guri, olha aí! Olha aí! É o meu guri e ele chega! Chega estampado

Manchete, retrato Com venda nos olhos Legenda e as iniciais Eu não entendo essa gente Seu moço! Fazendo alvoroço demais O guri no mato Acho que tá rindo Acho que tá lindo De papo pro ar Desde o começo eu não disse Seu moço! Ele disse que chegava lá Olha aí! Olha aí! Olha aí! Ai o meu guri, olha aí Olha aí!

E o meu guri!...(3x)

http://letras.terra.com.br/chico-buarque/66513/

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“A esperança é um urubu pintado de verde.” Mário Quintana

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Verbo

Pode indicar:

Modos:

Tempos:

Formas nominais:

Pessoas:

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Vozes:

Conjugações:

Classificações:

Uso do particípio:

Regular + ter/haver

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Irregular + ser/estar

Formação do imperativo

Verbo:

Verbo:

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Pense, fale, compre, beba Leia, vote, não se esqueça Use, seja, ouça, diga Tenha, more, gaste e viva Pense, fale, compre, beba Leia, vote, não se esqueça Use, seja, ouça, diga... Admirável Chip Novo Pitty

Cala a boca e me beija Cala a boca e me beija Eu só quero pedir Faça o que você quiser Mas cala a boca e me beija

Cala a boca e me beija Carlos e Jader

Feche a porta da

direita com muito

cuidado que eu não

estou disposto a ficar

exposto ao sol, vá

perguntar ao seu

freguês do lado qual

foi o resultado do

fute..bol

Conversa de Botequim

Noel Rosa

Venha me beijar Meu doce vampiroooo

Ou ouuuuu Na luz do luar Ãh ahãããããh

Venha sugar o calor De dentro do meu

sangue...vermelhoooo! Doce Vampiro

Rita Lee

Deixa eu te amar Faz de conta que sou o primeiro Na beleza desse teu olhar Eu quero estar o tempo inteiro

Deixa eu te amar Agepê

Chega pra ca meu bem que

eu vou te ensinar a nova

dança do Estado do Pará,

é o calypso que chegou para

ficar. Nesse swing você

também vai entrar .

Mexa o pezinho e vá

soltando todo o corpo de

vez , depois me abraça com

carinho e a gente pode

fazer tudo outra vez

fique à vontade pra rodar e

pra girar no salão e essa

dança é pra mexer com vc e

com o seu coração.

Não para não vem cá me

dá a tua mão, quero que

sinta toda essa emoção

cavalo manco agora eu

vou te ensinar .

Isse e muito mais você só

vai encontrar no Pará

Dançando Calypso

Banda Calypso

Refrão: Libera geral, libera geral, libera geral (então

libera). Libera geral, libera geral, libera geral (então

libera) Libera a tua boca pra sorrir

O melhor remédio pro tédio é se divertir. Livre-se do

passado que viveu pra ficar também de bem com a vida

como eu (libera). Dane-se tudo que te sufocar

Tudo aquilo que te impede de poder voar

Refrão Libera sobre tudo o coração Não despreze nunca a força da intuição, libera o corpo

pra poder sentir os desejos, as vontades, o que pedir

(libera) Canta mais alto, mostra tua voz. O que importa o que os

outros vão pensar de nós Refrão

Libera Geral

Xuxa

Chora, me liga,

implora meu beijo de

novo.

Me pede socorro,

quem sabe eu vou te salvar.

Chora, me liga,

implora pelo meu

amor. Pede por favor.

Quem sabe um dia eu

volto a te procurar

Chora, me liga

João Bosco e Vinícius

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Sintaxe

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TEXTO Você sabe qual o conceito?

Alfredina Nery* Especial para a Página Pedagogia e Comunicação

Você provavelmente está acostumado a ver a palavra texto. Mas sabe qual o seu

conceito? Para entendê-lo, pense nas duas seguintes situações:

1 - Você foi visitar um amigo que está hospitalizado e, pelos corredores, você vê

placas com a palavra "Silêncio".

2 - Você está andando por uma rua, a pé, e vê um pedaço de papel, jogado no

chão, onde está escrito "Ouro".

Em qual das situações uma única palavra pode constituir um texto?

Na situação 1, a palavra "Silêncio" está dentro de um contexto significativo por meio do qual as pessoas interagem: você, como leitor das placas, e os

administradores do hospital, que têm a intenção de comunicar a necessidade de

haver silêncio naquele ambiente. Assim, a palavra "Silêncio" é um texto.

Na situação 2, a palavra "Ouro" não é um texto. É apenas um pedaço de papel encontrado na rua por alguém. A palavra "Ouro", na circunstância em que está,

quer dizer o quê? Não há como saber.

Mas e se a palavra "Ouro" estiver escrita em um cartaz pendurado nas costas de um daqueles homens que ficam nas esquinas do centro das cidades grandes que

anunciam a compra de ouro? Aí sim, nessa situação, a palavra "Ouro" constitui um

texto, porque se encontra num contexto significativo em que alguém quer dizer

algo para outra pessoa (no caso, vender/comprar ouro) e, então anuncia isso.

Texto é, então, uma sequência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um

todo que tem sentido para um determinado grupo de pessoas em uma

determinada situação.

O texto pode ter uma extensão variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto

maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto

significativo para existir.

Constituindo sentidos

Agora, leia o texto a seguir de modo a aprofundar ainda mais o conceito de

"texto".

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Circuito Fechado

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água,

espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água

fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta,

chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa,

cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta,

carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone,

agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja,

xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas,

vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete,

cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro,

giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos,

talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova

de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e

papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e

papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta.

Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras,

cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e

fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma,

água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

(Ricardo Ramos)

Você considera que em "Circuito fechado" há apenas uma série de palavras soltas? Ou se trata de um texto? Por quê?

Na verdade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente, sem

relação, numa primeira leitura, é possível dizer, depois de outra leitura mais

atenta, que há uma articulação entre elas.

Vamos pensar mais sobre isso... Em "Circuito fechado" há, quase que

exclusivamente, substantivos (nomes de entidades cognitivas e/ou culturais, como

"homem", "livro", "inteligência" ou palavras que designam ou nomeiam os seres e as coisas).

Verifique que pela escolha dos substantivos e pela sequência em que são usados,

o leitor pode ir descobrindo um significado implícito, um elemento que as une e relaciona, formando o texto.

Podemos dizer que este texto se refere a um dia na vida de um homem comum.

Quais palavras e que sequência nos indicam isso?

Note que no início do texto, há substantivos relacionados a hábitos rotineiros,

como levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar dentes, fazer barba (para os

homens), tomar banho, vestir-se e tomar café da manhã.

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“Chinelos, vaso, descarga. Pia. Sabonete. Água. Escova, creme dental, água,

espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete,

água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa,

abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de

fósforos.”

Já no final do texto, há o voltar para casa, comer, ler livro, ver televisão, fumar,

tirar a roupa, tomar banho/escovar dentes, colocar pijama e dormir.

“Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo,

revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos.

Xícaras, cigarro e fósforos. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama,

espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.”

Descobrimos que a personagem é um homem também pela escolha dos

substantivos. Parece que sua profissão pode estar relacionada à publicidade.

“Creme de barbear, pincel, espuma, gilete [...] cueca, camisa, abotoadura,

calça, meia, sapatos, gravata, paletó [...] Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro,

papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída [...] Papéis, telefone, relatórios, cartas,

notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes [...] Mesa, cavalete, cinzeiros,

cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta,

projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz,

papel.”

Também ficamos sabendo que na casa da personagem há quadros, pois o

narrador usa a palavra duas vezes: no momento do café e na volta para casa. No

escritório há "Relógio". Escolha intencional do autor, talvez para relacionar relógio

e trabalho, trabalho e rotina.

Depreendemos que o homem é um grande fumante, basicamente, pelo número de

vezes em que o narrador fala desse hábito, em vários momentos do dia da

personagem: 14 vezes. Além disso, é interessante notar como há sempre a referência à dupla "cigarro e fósforo".

A palavra que explicita o início da ação do homem, ou da atuação da personagem,

num dia de sua rotina é "chinelos", usada no início do texto para mostrar o momento do acordar/levantar e depois a hora de dormir.

Há também uma marcação de mudança de espaço, por meio dos termos "carro",

usado como que mostrando o horário de sair de manhã e a volta para casa, à noite. No meio do texto há também o uso de um "táxi", provavelmente uma saída

do trabalho: um almoço? Um jantar? Uma visita a um cliente?

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Enfim, "Circuito fechado" é uma crônica - um texto narrativo curto, cujo tema é o

cotidiano e que leva o leitor a refletir sobre a vida. Usando somente substantivos,

o autor produziu um texto que termina onde começou. Essa estrutura circular tem relação com o título ("Circuito fechado") e com os dias atuais? Sem dúvida

nenhuma, podemos compreender suas relações, não é mesmo? O cotidiano

repete-se, fecha-se em si mesmo a cada dia. Rotinas...

http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u10.jhtm Acesso em 16/7/2010

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Intertextualidade

A intertextualidade é uma forma de diálogo entre textos, que pode se dar de forma mais

implícita ou mais explícita e em diversos gêneros textuais. O intertexto serve para ilustrar a importância do conhecimento de mundo e como este

interfere no nível de compreensão do texto. Ao relacionar um texto com outro, o leitor entenderá que a intertextualidade é uma das estratégias utilizadas para a construção dos mesmos.

No caso específico do anúncio publicitário, por exemplo, o intertexto, quando usado, é uma forma diferente de persuasão, com o objetivo de levar o leitor a consumir um produto e também difundir a cultura. http://drikamil-adriana.blogspot.com/2009/03/o-que-e-intertextualidade_4117.html Intertextualidade Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Grosso modo, pode-se definir a intertextualidade como sendo um "diálogo" entre textos. Esse diálogo pressupõe um universo cultural muito amplo e complexo, pois implica a identificação e o reconhecimento de remissões a obras ou a trechos mais ou menos conhecidos. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções diferentes que dependem dos textos/contextos em que ela é inserida.

Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ligado ao "conhecimento do mundo", que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos.

O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. http://pt.wikipedia.org/wiki/Intertextualidade

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Soneto de Luís de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Monte Castelo Legião Urbana

Ainda que eu falasse A língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor, eu nada seria... É só o amor, é só o amor Que conhece o que é verdade O amor é bom, não quer o mal Não sente inveja Ou se envaidece... O amor é o fogo Que arde sem se ver É ferida que dói E não se sente É um contentamento Descontente É dor que desatina sem doer... Ainda que eu falasse A língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor, eu nada seria... É um não querer Mais que bem querer É solitário andar Por entre a gente

É um não contentar-se De contente É cuidar que se ganha Em se perder... É um estar-se preso Por vontade É servir a quem vence O vencedor É um ter com quem nos mata A lealdade Tão contrário a si É o mesmo amor... Estou acordado E todos dormem, todos dormem Todos dormem Agora vejo em parte Mas então veremos face a face É só o amor, é só o amor Que conhece o que é verdade... Ainda que eu falasse A língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor, eu nada seria...

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1 Coríntios 13, 1-13

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que retine.

2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

8 O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

9 Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

10 Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

12 Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

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Referências

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. Cia Editora Nacional, 46

edição, 1 reimpressão, São Paulo, 2005. P. 170 e 171

TERRA, Ernani. Curso Prático de Gramática. São Paulo, Scipione, 1988.

Revista Nova Escola – março/2010, p.20

http://dragoscopio.blogspot.com/2006/03/o-dirio-de-ado.html

http://drikamil-adriana.blogspot.com/2009/03/o-que-e-intertextualidade_4117.html

http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u10.jhtm Acesso em 16/7/2010

http://letras.terra.com.br/chico-buarque/66513/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Artigo_(gram%C3%A1tica) http://pt.wikipedia.org/wiki/Cantiga_da_Ribeirinha

http://pt.wikipedia.org/wiki/Intertextualidade http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1610892

(mais de 12 sites citam trechos deste texto ou a sua íntegra)

http://www.brasilescola.com/gramatica/adjetivo-locucoes-adjetivas.htm

http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/jaquelinesilva/gramatica004.asp