comerciantes e sociedades comerciais

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Introdução Obrigação conjunta Cada devedor responde apenas pela sua parte da dívida. Os credores só podem exigir o pagamento da mesma aos que realmente a contraíram. Obrigação solidária Caso seja contraída uma dívida, qualquer um pode ser chamado a pagá-la, quando exigido pelo credor. É uma forma de se protegerem os interesses do credor, pois há mais probabilidades da dívida ser paga quando este assim o exige. É este tipo de obrigações que vigora na lei comercial. Classificação de atos de comércio Podem ser: - Objetivos, subjetivos ou ambos simultaneamente; - Unilaterais ou bilaterais; - Substancialmente ou formalmente comerciais. Objetivos – Todos aqueles que estiverem regulados no Código Comercial e outras leis, em razão dos interesses do comércio, independentemente de serem praticados por um comerciante ou não. Artigo 2º do Código Comercial, 1ª parte: “Serão considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste Código…”; Artigos regulados no Código Comercial: 101º, 230º, 231º, 344º, 362º, 366º, 394º, 397º, 403º, 463º, 477º, 480º, 481º e seguintes;

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direito comercial

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Page 1: Comerciantes e Sociedades Comerciais

IntroduçãoObrigação conjunta

Cada devedor responde apenas pela sua parte da dívida. Os credores só podem exigir o pagamento da mesma aos que realmente a contraíram.

Obrigação solidária

Caso seja contraída uma dívida, qualquer um pode ser chamado a pagá-la, quando exigido pelo credor. É uma forma de se protegerem os interesses do credor, pois há mais probabilidades da dívida ser paga quando este assim o exige. É este tipo de obrigações que vigora na lei comercial.

Classificação de atos de comércio

Podem ser:

- Objetivos, subjetivos ou ambos simultaneamente;

- Unilaterais ou bilaterais;

- Substancialmente ou formalmente comerciais.

Objetivos – Todos aqueles que estiverem regulados no Código Comercial e outras leis, em razão dos interesses do comércio, independentemente de serem praticados por um comerciante ou não.

Artigo 2º do Código Comercial, 1ª parte:“Serão considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste Código…”;

Artigos regulados no Código Comercial:101º, 230º, 231º, 344º, 362º, 366º, 394º, 397º, 403º, 463º, 477º, 480º, 481º e seguintes;

Nota: todos os atos que envolvam o Banco têm caráter objetivamente comercial.

Subjetivos – São atos que a lei atribui comercialmente pelo facto de serem praticados por comerciantes no exercício ou ligação com a sua atividade comercial. É a qualidade do sujeito que confere comerciabilidade ao ato.

Page 2: Comerciantes e Sociedades Comerciais

Artigo 2º do Código Comercial, 2ª parte:“…Todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio ato não resultar”;

Artigo 464º do Código Comercial, pontos 1º, 2º, 3º e 4º:Não são considerados comerciantes todas pessoas cuja atividade económica esteja referida neste artigo, nomeadamente agricultores e artesãos;

Exemplo:O António tem um restaurante, compra uma sanita e afirma que esta se destina ao uso no seu estabelecimento. Desta feita, este é considerado um ato comercial.Se do próprio ato não resulta a não ligação com o comércio, o ato é igualmente comercial. Voltando ao exemplo, se o António compra a sanita mas não refere a sua finalidade, este constitui, igualmente, um acto comercial, pois a sanita poderá estar destinada ao restaurante, mesmo que este facto não tenha sido referido.Se do próprio acto resulta a não conexão com o comércio, o acto não é comercial – a compra é civil. O António compra a sanita afirmando que se destina ao uso no seu domicílio privado.Concluindo, um acto de comércio subjetivo é aquele que não tem natureza exclusivamente civil e, simultaneamente, não existe forma de provar que não se encontra relacionado com a actividade comercial. Desta forma, é compreensível que apenas os comerciantes possam praticar actos de comércio subjectivos.

Objetivos e subjetivos – São atos simultaneamente objetivos e subjetivos.

Exemplo:“*”.

Unilaterais – Relativamente ao ato comercial, apenas uma das partes é comerciante.

Bilaterais – Relativamente ao ato comercial, ambas as partes são comerciantes.

Artigo 99º do Código Comercial:

“Embora o ato seja mercantil só com relação a uma das partes, será regulado pelas disposições da lei comercial quanto a todos os contratantes…”.

Quem é comerciante

Artigo 13º do Código Comercial:

“São comerciantes:

1º As pessoas que, tendo capacidade para praticar atos de comércio, fazem deste profissão;

Page 3: Comerciantes e Sociedades Comerciais

2º As sociedades comerciais”.

Requisitos:

Capacidade de exercício

Artigo 7º do Código Comercial:“Toda a pessoa, nacional ou estrangeira, que for civilmente capaz de se obrigar, poderá praticar atos de comercio, em qualquer parte destes reinos e seus domínios, nos termos e salvas as exceções do presente Código”;

Exerce profissionalmente o comércio

De forma regular, sistemática e autónoma; (A resposta pode ainda ser acompanhada do artigo do Código Comercial que refira a

atividade em questão. Por exemplo: se falamos em publicações de livros, podemos mencionar o artigo 230º, 5º do Código Comercial. Basicamente, qualquer artigo referido acima, no segundo ponto da parte dos atos comerciais objetivos).

Obrigações dos comerciantes

Artigo 18º do Código Comercial:“Os comerciantes são especialmente obrigados:1º A adotar uma firma;2º A ter escrituração mercantil;3º A fazer inscrever no registo comercial os atos a ele sujeitos;4º A dar balanço e a prestar contas”.

O artigo 29º do Código Comercial fala ainda da obrigatoriedade da escrituração mercantil:“Todo o comerciante é obrigado a ter escrituração mercantil efetuada de acordo com a lei”.

Page 4: Comerciantes e Sociedades Comerciais

Sociedades Comerciais Coletivas

Características comuns às seguintes sociedades coletivas:

- Sociedades por Quotas - Sociedades Anónimas

Forma

Artigo 7º, nº 1 do Código das Sociedade Comerciais:“O contrato de sociedade deve ser reduzido a escrito e as assinaturas dos seus subscritores devem ser reconhecidas presencialmente”.

Registo

Artigo 3º, nº 1, a) do Código do Registo Comercial:“1 - Estão sujeitos a registo os seguintes factos relativos às sociedades comerciais e sociedades civis sob forma comercial:a) A constituição;

…”.

Publicação

Artigo 70º, nº1, a) juntamente com o nº 2 do mesmo artigo do Código do Registo Comercial:“1 - É obrigatória a publicação dos seguintes atos de registo:a) Os previstos no artigo 3º, quando respeitem as sociedades por quotas,…;…2 – As publicações referidas no número anterior devem ser feitas em sítio na Internet de acesso público,…”.

Responsabilidade ilimitada, solidária e subsidiáriaTodos os sócios são solidários uns com os outros, pois partilham lucros e dívidas (Artigo 22º do Código das Sociedades Comerciais). Estão responsáveis, sem qualquer limite, por todas as dívidas contraídas pela sociedade, sendo-lhes exigido o respetivo pagamento. Quando o sócio A contrai uma dívida, o sócio B tem responsabilidade subsidiária, ou seja, funciona como uma "reserva” e terá de responder solidariamente pelo sócio A, liquidando a dívida que este contraiu, nem que tenha de recorrer ao seu património social.

Page 5: Comerciantes e Sociedades Comerciais

Requisitos da FirmaPrincípios a que deve obedecer:VerdadeArtigo 32º do Registo Nacional de Pessoas Coletivas.Novidade/ExclusividadeArtigo 33º nº 2 do Registo Nacional de Pessoas Coletivas.UnidadeArtigo 38º, nº 1 do Registo Nacional de Pessoas Coletivas.ObrigatoriedadeArtigo 18º, nº 1 do Código Comercial.

Elementos do Contrato de Sociedade Coletiva:

Pessoal

Artigo 7º do Código das Sociedades Comerciais, nº 2:“O número mínimo de partes de um contrato de sociedade é de dois, exceto quando a lei exija número superior ou permita que a sociedade seja constituída por uma só pessoa”.

Caso os sócios saiam da sociedade, restando apenas um, esse sócio tem um ano para arranjar outros sócios, de forma a evitar a dissolução da sociedade;

O sócio restante também pode converter a sociedade numa Sociedade Unipessoal por Quotas, sendo ele o único sócio. Para tal, tem de comprar as quotas dos restantes sócios, tornando-se dono de todas.

Teleológico

Consiste no lucro e ganho económico, que será transferido para o património dos sócios.

Finalístico

Este elemento refere qual a finalidade da sociedade, ou seja, a atividade económica que esta vai desenvolver.

Artigo 11º, nº 2 do Código das Sociedade Comerciais

“Como objeto da sociedade devem ser indicadas no contrato as atividades que os sócios propõem que a sociedade venha a exercer”.

O artigo 230º do Código Comercial delimita algumas das atividades.

Page 6: Comerciantes e Sociedades Comerciais

Patrimonial

Cada sócio tem de entrar para a sociedade com dinheiro ou um bem, que será avaliado

por um ROC/Conselho Fiscal. Este tem que referir os critérios em que se baseou para

avaliar o bem e qual o seu valor. Este documento é obrigatório e fica anexado ao

contrato de sociedade. Caso o bem seja imóvel, é necessária também a escritura

pública.

O tempo das entradas pode ser diferido (adiado).Artigo26º do Código das Sociedades Comerciais:“1 - As entradas dos sócios devem ser realizadas até ao momento da celebração do contrato, sem prejuízo do disposto nos números seguintes.2 – Sempre que a lei o permita, as entradas podem ser realizadas até ao termo do primeiro exercício económico, a contar da data do registo definitivo do contrato de sociedade.3 – Nos casos e nos termos em que a lei o permita, os sócios podem estipular contratualmente o diferimento das entradas em dinheiro”.

Page 7: Comerciantes e Sociedades Comerciais

Sociedades por Quotas

Artigo 197º, nº1 do Código das Sociedade Comerciais:

“Na sociedade por quotas, o capital está dividido em quotas e os sócios são solidariamente responsáveis por todas as entradas convencionadas no contrato social, conforme o disposto no artigo 207º”.

Número mínimo de sócios:Artigo 7º do Código das Sociedades Comerciais, nº 2:“O número mínimo de partes de um contrato de sociedade é de dois, exceto quando a lei exija número superior ou permita que a sociedade seja constituída por uma só pessoa”.

Caso os sócios saiam da sociedade, restando apenas um, esse sócio tem um ano para arranjar outros sócios, de forma a evitar a dissolução da sociedade;

O sócio restante também pode converter a sociedade numa Sociedade Unipessoal por Quotas, sendo ele o único sócio. Para tal, tem de comprar as quotas dos restantes sócios, tornando-se dono de todas.

Sócios podem responder perante os credores até determinado montante, de maneira solidária ou subsidiária. No entanto, têm direito de regresso, em relação à sociedade (ou seja, pode exigir o reembolso):Artigo 198º do Código das Sociedades Comerciais

Constituição de firma:

Artigo 200º, nº1 do Código das Sociedades Comerciais:“A firma destas sociedades deve ser formada, com ou sem sigla, pelo nome ou firma de todos, algum ou alguns dos sócios, ou por uma denominação particular, ou pela reunião de ambos esses elementos, mas em qualquer caso concluirá pela palavra «Limitada» ou pela abreviatura «Lda.»”.

Exemplo: Jorge Chapa e Manuel Parafuso querem constituir uma sociedade por quotas.

Firma nome: Jorge Chapa e Manuel Parafuso, Lda.Firma denominação: MobiMecanic, Lda.Firma mista: MobiMecanic – Jorge Chapa e Manuel Parafuso, Lda.

Page 8: Comerciantes e Sociedades Comerciais

Transmissão entre vivos e cessão de quotasArtigo 228º do Código das Sociedades Comerciais:“1 – A transmissão de quotas entre vivos deve ser reduzida a escrito.2 – A cessão de quotas não produz efeitos para com a sociedade enquanto não for consentida por esta, a não ser que se trate de cessão entre cônjuges, entre ascendentes e descendentes ou entre sócios.3 – A transmissão de quota entre vivos torna-se eficaz para com a sociedade logo que lhe for comunicada por escrito ou por ela reconhecida, expressa ou tacitamente”.

Unidade e montante da quotaArtigo 219º do Código das Sociedades Comerciais, nº 1 e 3:“1. Na constituição da sociedade, a cada sócio apenas fica a pertencer uma quota, que corresponde à sua entrada.…3 – Os valores nominais das quotas podem ser diversos, mas nenhum pode ser inferior a (euro) 1”.

Composição da GerênciaO gerente ou gerentes não têm, obrigatoriamente, de ser sócios. A qualidade de gerente também não é transmissível, mas sim deliberada em assembleia.Artigo 252º do Código das Sociedades Comerciais, nº 1, 2 e 4:“1. A sociedade é administrada e representada por um ou mais gerentes, que podem ser escolhidos entre estranhos à sociedade e devem ser pessoas singulares com capacidade jurídica plena.2. Os gerentes são designados no contrato de sociedade ou eleitos posteriormente por deliberação dos sócios, se não estiver prevista no contrato outra forma de designação.…4. A gerência não é transmissível por ato entre vivos ou por morte, nem isolada, nem juntamente com a quota.…”.

Duração da GerênciaArtigo 256º do Código das Sociedades Comerciais:“As funções dos gerentes subsistem enquanto não terminarem por destituição ou renúncia, sem prejuízo de o contrato de sociedade ou o ato de designação poder fixar a duração delas”.

Destituição dos gerentesArtigo 257º do Código das Sociedades Comerciais

Composição da GerênciaArtigo 258º do Código das Sociedades Comerciais

Page 9: Comerciantes e Sociedades Comerciais

Sociedades Unipessoais por Quotas

Constituição da SociedadeArtigo 270-A, nº 1 do Código das Sociedades Comerciais:“1. A sociedade unipessoal por quotas é constituída por um sócio único, pessoa singular ou coletiva, que é o titular da totalidade do capital social”.

Constituição de firma:

Artigo 270-B do Código das Sociedades Comerciais:

“A firma destas sociedades deve ser formada pela expressão «sociedade unipessoal» ou pela palavra «unipessoal» antes da palavra «Limitada» ou da abreviatura «Lda.»”

Exemplo: Jorge Chapa quer constituir uma sociedade unipessoal por quotas.

Firma nome: Jorge Chapa, Unipessoal Lda.Firma denominação: MobiMecanic, Unipessoal Lda.Firma mista: MobiMecanic – Jorge Chapa, Unipessoal Lda.

Conversão da sociedade:

Artigo 270-D do Código das Sociedades Comerciais

Page 10: Comerciantes e Sociedades Comerciais

Sociedades Anónimas

Artigo 271º do Código das Sociedade Comerciais:“Na sociedade anónima, o capital é dividido em ações e cada sócio limita a sua responsabilidade ao valor das ações que subscreveu”.

Número de sócios:5 sócios ou o Estado mais 2 sóciosArtigo 273º:“A sociedade não pode ser constituída por um número de sócios inferior a cinco, salvo quando a lei o dispense”.

Capital mínimo: 50 000€Artigo 276º, nº 5:“O montante mínimo do capital social é de 50 000 euros”.

Artigo 278º, nº 1:“1 – A administração e a fiscalização da sociedade podem ser estruturadas segundo uma de três modalidades:a) Conselho de administração e conselho fiscal;b) Conselho de administração, compreendendo uma comissão de auditoria e revisor

oficial de contas;c) Conselho de administração executivo, conselho geral e de supervisão e revisor

oficial de contas”.

Duração do Conselho de Administração / Conselho de Administração com Comissão de Auditoria e ROC / Conselho de Administração ExecutivoArtigo 425º do Código das Sociedades Comerciais:

“2 – A designação tem efeitos por um período fixado no contrato de sociedade, não excedente a quatro anos civis,…”.

Constituição de firma:

Artigo 275º, nº1 do Código das Sociedades Comerciais:“A firma destas sociedades deve ser formada, com ou sem sigla, pelo nome ou firma de todos, algum ou alguns dos sócios, ou por uma denominação particular, ou pela reunião de ambos esses elementos, mas em qualquer caso concluirá pela expressão «Sociedade Anónima» ou pela abreviatura «SA»”.

Exemplo: Jorge Chapa e Manuel Parafuso querem constituir uma sociedade anónima.

Firma nome: Jorge Chapa e Manuel Parafuso, SA.Firma denominação: MobiMecanic, SA.Firma mista: MobiMecanic – Jorge Chapa e Manuel Parafuso, SA.

Page 11: Comerciantes e Sociedades Comerciais