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JOANA GUSMÃO LEMOS Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação – UNESP, Marília Disciplina: Cultura Informacional e Saber Local: construindo competências para o desenvolvimento regional sustentável Profª Drª Lídia Cavalcante Comentários sobre o texto 1:

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Comentários sobre o texto: Desigualdade, Diferença e Reconhecimento Josefa Salete B. Cavalcanti, Silke Weber e Tom Dwyer

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Page 1: Comentários sobre o texto: Desigualdade, Diferença e Reconhecimento Josefa Salete B. Cavalcanti, Silke Weber e Tom Dwyer

JOANA GUSMÃO LEMOS

Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação – UNESP, Marília

Disciplina: Cultura Informacional e Saber Local: construindo competências para odesenvolvimento regional sustentável

Profª Drª Lídia Cavalcante

Comentários sobre o texto 1:

Desigualdade, Diferença e Reconhecimento

Josefa Salete B. Cavalcanti, Silke Weber e Tom Dwyer.

Page 2: Comentários sobre o texto: Desigualdade, Diferença e Reconhecimento Josefa Salete B. Cavalcanti, Silke Weber e Tom Dwyer

[...] Frequentemente, as preocupações planetárias, ou situadas no âmbito de uma sociedade nacional, prolongam-se ou alimentam-se de debates

localizados.

Acredito ser esta uma tendência natural do processo cognitivo humano. Vemos o mundo com os olhos de nossa cultura, sociedade e realidade – nosso contexto. O simples fato de pensarmos sobre algo já implica em conexões de pensamentos particulares de cada um, que envolvem todo um repertório sim de características pessoais, mas também de conhecimentos, relações e experiências de vida. Sendo assim, debater questões globais a partir de problemas localizados pode ser o caminho mais imediato e palpável, e nem por isso menos válido. Aliás, a meu ver, é essa a grande tendência do mundo interconectado pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação: as particularidades e minorias passam a ter voz e aparecer cada vez mais em um mundo onde as fronteiras espaço-temporais tornam-se progressivamente fluidas. As diferenças encontram-se possibilitando uma “interpenetração de culturas”.

A evolução das investigações sobre a questão das diferenças pode reforçar essa ideia: enquanto as perspectivas clássicas valorizam a integração das diferenças no sentido de não interferirem no espaço público, os estudos com pontos de vista mais recentes focam no reconhecimento das minorias específicas e sua inserção no viés público, considerando também as comunidades imaginárias, com escalas globais, criadas por esses grupos.

Em se tratando dessas novas comunidades, imaginárias ou não, construídas a partir do que o autor Michel Wierviorka chama de um “individualismo moderno”, é possível observar sua capacidade de ação coletiva alimentando, a partir das diferenças, identidades coletivas. Os espaços físico e social cada vez menos são delimitadores de identidades e, em um mundo desterritorializado do ponto de vista das possibilidades de comunicação, produção e troca da informação, as singularidades libertam-se gradativamente da obrigatoriedade da tradição. Os indivíduos têm a chance de escolher por conta própria, ainda que à distância ou virtualmente através do uso da internet, por exemplo, o grupo do qual fazem parte e cujos valores desejam partilhar. A subjetividade pessoal é então fator determinante nos fenômenos identitários contemporâneos.

Segundo o texto, a modernidade atual

[...] é a tensão entre dois registros, entre as exigências do indivíduo, da razão e do direito, e as dos grupos, das paixões, das convicções, das tradições. É assim que a concepção de Sujeito permite criar a ligação entre os dois fenômenos que são o individualismo e as identidades coletivas, só aparentemente opostos.

São sujeitos que se interconectam com e por meio de uma rede infindável de informações de múltiplas naturezas – e aqui quando aponto infindável, refiro-me ao fato de que essa rede do conhecimento está em constante mudança, movimenta-se e se transforma de acordo com as escolhas realizadas e os caminhos nela percorridos por cada indivíduo. É aberta e continuamente alimentada por informações geradas a partir das singularidades e subjetividades dos sujeitos que nela atuam, interagem e contribuem para a formação de um saber coletivo.

Obviamente que nesse processo também há o outro lado da moeda e nem sempre o indivíduo é capaz de superar obstáculos como racismo, exclusão social, dentre outros possíveis entraves dessa experiência. Nesse ponto eu vejo a importância da criação de mecanismos que garantam e promovam a utilização dos meios de comunicação digitais como ferramentas de inclusão e, portanto, de produção de identidades coletivas.