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COMBATE AO TRABALHO INFANTIL Trabalho realizado por: PEDRO DANIEL CLEMENTE SANTANA Nº de aluno: 2009129203

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COMBATE AO TRABALHO INFANTIL

Trabalho realizado por: PEDRO DANIEL CLEMENTE SANTANA

Nº de aluno: 2009129203

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação

Sociológica da Licenciatura em Sociologia sob orientação do Professor

Doutor Paulo Peixoto

Imagem de capa disponível em:

http://3.bp.blogspot.com/_jOSx2tnixxc/Sh754QYxSAI/AAAAAAAAHDA/F1E3LApvZFw/s

400/trabalhoinfantil.jpg

Logótipo FEUC (Faculdade de Economia Universidade de Coimbra) disponível em:

https://woc.uc.pt/feuc/

Pedro Santana, nº 2009129203

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

O trabalho infantil rouba às crianças a sua infância

e impede o seu desenvolvimento

http://www.unicef.pt/18/06_06_12_pr_trabalho_infantil.pdf

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

ÍNDICE

1. Introdução 1

2. Descrição Detalhada da Pesquisa 2

3. Estado das Artes 3

3.1. Conceito da criança e de menor 3

3.2.Direitos da criança/menor 3

3.3 Como definir o trabalho infantil 5

3.3.1 As causas do trabalho infantil 6

3.4. Tipos de trabalho dos menores 7

3.5. Trabalho infantil em Portugal 8

3.6. Plano para a Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil 10

4. Ficha de leitura 11

5. Avaliação de uma página da Internet 13

6. Conclusão 14

7. Referências Bibliográficas 15

ANEXO A:

Página da internet

ANEXO B:

Texto de suporte da ficha de leitura

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

1

1. INTRODUÇÃO

Dos temas que me foram propostos para o trabalho, o do combate ao trabalho

infantil foi o que achei mais interessante. Sendo este fenómeno global transnacional,

complexo e de difícil controlo. Cada vez mais é notória a capacidade de mobilização

que determinadas organizações especializadas nesta área possuem para combater

este flagelo. Contam com a ajuda de todos os que acreditam na causa e que

pretendem fazer algo pela mudança. Acreditar que é possível que as crianças tenham

uma educação e um ensino que lhes é devido por direito, não é uma missão

impossível.

No presente trabalho irei abordar desde a raiz, o que é ser criança e os direitos

que lhes são devidos, passando por uma abordagem ao que é o trabalho infantil e seus

derivados, concluindo com as políticas para a eliminação da exploração infantil. É meu

objectivo esclarecer esta temática focalizando os pontos que referi, tendo em conta o

que achei relevante dar a conhecer ao leitor para um melhor entendimento deste

flagelo.

O que poderá originar a exploração do trabalho infantil? De que forma é

possível combater este flagelo? Haverá políticas sustentáveis para esse mesmo

combate? De que forma as organizações especializadas na área actuam para que

mudanças sejam feitas? Terão as crianças direito a uma educação e a um ensino

gratuito? Serão os menores apoiados após a retirada dessa dura vida a que são

sujeitos?

Estas são questões que levanto, partindo do princípio que a informação

divulgada actualmente à população em geral é, de certo modo, escassa. Portanto, é

importante que o leitor reflicta sobre elas, compreendendo também se a informação

hoje em dia é, ou não, divulgada da melhor forma e se chega a todos.

Aconselho uma visita a este site para um melhor entendimento deste tema:

http://www.peti.gov.pt/default.asp. De simples acesso, chamativo e com informação

bastante pertinente. Na minha opinião, um bom ponto de partida para o

aprofundamento desta questão.

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

2

2. DESCRIÇÃO DETALHADA DA PESQUISA

Sendo o tema “combate ao trabalho infantil” aquele que desde logo me

suscitou curiosidade em obter mais conhecimentos, comecei por efectuar uma

pesquisa no motor de busca Google. Coloquei inicialmente o tema do trabalho na área

de pesquisa, obtendo 532.000 resultados. Pretendia desde logo obter os resultados

que mais estivessem de acordo com o tema escolhido. Encontrei alguns resultados que

me interessaram desde logo.

Nesta altura sentia a necessidade de encontrar um sítio na internet que

estivesse intimamente relacionado com o tema, que se dedicasse única e

exclusivamente ao mesmo. Partindo desse princípio, consegui reduzir bastante o ruído,

pois a informação era imensa. A informação disponibilizada nesse sítio era da maior

relevância para a realização do trabalho e nesse sentido decidi investigar

aprofundadamente toda a informação disponível, encontrando documentos, dados

estatísticos, trabalhos realizados pelo PETI, etc. Seguindo esse rumo, tendo como base

a pesquisa em cadeia, isto é, através da informação disponibilizada no sítio “mãe”

utilizado por mim, pesquisei novas organizações, novos assuntos, conseguindo assim

obter um maior leque de sítios disponíveis para a recolha de informação.

Sentindo a necessidade de procurar informação em livros, pelo seu carácter

científico que é possível encontrar em certas obras, recorri à biblioteca da faculdade

de economia pesquisando na B-ON “trabalho infantil”, mas a obtenção de resultados

foi de certo modo escassa. Insatisfeito com os fracos resultados, decidi recorrer à

biblioteca municipal de Coimbra, novamente pesquisando “trabalho infantil”. O

número de resultados foi satisfatório, conseguindo de entre as escolhas possíveis

requisitar aqueles que achei mais relevantes para a realização do trabalho.

Recolhi da minha biblioteca pessoal dois livros que, como todas as outras

fontes de informação, foram relevantes para um melhor entendimento deste tema.

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

3

3. ESTADO DAS ARTES

3.1. Conceito de criança e de menor

Criança é um ser humano que se começa a criar, em fase de desenvolvimento e

formação. Ao estar ainda no período de infância, a criança tem o direito a crescer, a

desenvolver as suas capacidades primárias, que posteriormente serão de extrema

importância para a assimilação de novos conhecimentos e saberes. É dever da

sociedade e do Estado fornecerem os meios e as condições favoráveis ao

desenvolvimento das relações interpessoais e proporcionar qualidade de vida. Estas

medidas são importantes na medida em que, conhecendo o “mundo de hoje”, as

adversidades são imensas e assim é necessário que haja um suporte sólido para que as

crianças assimilem bons princípios de como é viver em sociedade. De acordo com o

artigo 1º da Convenção sobre os Direito da Criança, “criança é todo o ser humano

menor de 18 anos, salvo se, nos termos da lei que lhe for aplicável, atingir a

maioridade mais cedo”. (Ministério do Trabalho Infantil e da Solidariedade, 1999: 20)

O artigo 122º do Código Civil converge com o que é dito no artigo 1º da Convenção

sobre os Direito da Criança, dizendo “é menor quem ainda não tiver ainda completado

dezoito anos de idade”. (Ministério do Trabalho Infantil e da Solidariedade, 1999: 20)

3.2. Direitos da criança/menor

Todas as crianças têm o direito ao ensino e à educação. Isto mesmo está

consagrado na lei e que por vezes é esquecido por quem a contraria. Como está

expresso no artigo 69º da Constituição da República Portuguesa (CRP), “É proibido, nos

termos da lei, o trabalho de menores em idade escolar”. (Ministério do Trabalho

Infantil e da Solidariedade, 1999: 22) No artigo 73º está explicito que “todos têm

direito à educação e à cultura” (Ministério do Trabalho Infantil e da Solidariedade,

1999: 22), por isto entende-se então que o estado pretende a igualdade de

oportunidades para todos, sejam eles pobres ou ricos; a formação é algo a que todos

têm direito de igual forma; Monteiro et al refere que com esta lei se pretende investir

no futuro, dando a possibilidade das crianças se poderem formar, adquirir

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

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conhecimentos, expandir os seus horizontes, desenvolverem a sua personalidade, em

suma, criar as bases para um bom e sustentado desenvolvimento. Sendo assim, o

Estado acaba por assumir uma parte essencial do progresso e da evolução da criança,

assumindo desde logo as custas do ensino, tal como está consagrado no artigo 74º da

CRP, “assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito”, “garantir a todos os

cidadãos, segundo as suas capacidades, o acesso aos graus mais elevados do ensino”,

“estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino”.

(Ministério do Trabalho Infantil e da Solidariedade, 1999: 22 e 23)

Até aos 15 anos de idade, os menores devem frequentar a escolaridade

obrigatória, mas até essa idade é expressamente proibido o trabalho de menores.

Aqueles que contem 16 anos e já tenham concluído a escolaridade obrigatória podem

prestar trabalhos leves; no caso de ainda não terem concluído a escolaridade

obrigatória, podem prestar esses mesmos trabalhos, desde que os mesmos não

prejudiquem a conclusão dessa escolaridade.

Segundo o artigo 24º do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos

(PIDCP), “todas as crianças, sem nenhuma discriminação de raça, cor, sexo, língua,

religião, origem nacional ou social, propriedade ou nascimentos, têm direito, da parte

da sua família, da sociedade e do Estado, às medidas de protecção que exija a sua

condição de menor” (Ministério do Trabalho Infantil e da Solidariedade, 1999: 26)

Estando em consonância com o que é consagrado no PIDCP, o Pacto Internacional

sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais (PIDESC) reconhece, no seu artigo

13º, “o direito de toda a pessoa à educação, que deve visar ao pleno desenvolvimento

da personalidade humana e do sentido da sua dignidade e reforçar o respeito pelos

direitos do homem e das liberdades fundamentais”. (Ministério do Trabalho Infantil e

da Solidariedade, 1999: 27) Também a Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC)

reconhece, no seu artigo 32º, “o direito da criança ser protegida contra a exploração

económica ou a sujeição a trabalhos perigosos ou capazes de comprometer a sua

educação, prejudicar a sua saúde ou o seu desenvolvimento físico, mental, espiritual,

moral ou social”. (Ministério do Trabalho Infantil e da Solidariedade, 1999: 29)

É então indubitável que a criança tem os seus direitos bem definidos. Isto

mesmo é demonstrado por pactos, convenções, leis, etc, que frisam bem o facto de a

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

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criança ter direito a crescer e a desenvolver-se sem que haja factores que a privem de

ter uma educação que desde logo é a vontade do Estado para que isso aconteça.

3.3. Como definir o trabalho infantil

Sarmento, Bandeira e Dores referem o trabalho infantil como estando

associado a práticas de exploração e violação dos direitos das crianças. O seu principal

objectivo é o aproveitamento das baixas remunerações ou até mesmo das não

remunerações das crianças, o que para os que cometem essa actividade ilícita vai ter

um valor económico enorme. Em certos países esta é uma actividade recorrente, onde

as crianças trabalham horas a fio e recebem uma quantia ínfima.

Fialho mostra que existe também o conceito de trabalho prejudicial, difícil de

definir pelo seu carácter ambíguo, isto é, a partir de que idade e de que intensidade é

considerado prejudicial? Torna-se então muito difícil definir o seu conceito. Dos

trabalhos prejudiciais à saúde e ao desenvolvimento pessoal, devem ser protegidas as

crianças e menores até aos 18 anos de idade.

Em oposição a estes trabalhos pode-se ainda encontrar a noção de trabalhos

leves. Este tipo de trabalho é admitido pela Convenção da Organização Internacional

do Trabalho (OIT). Não tendo nenhuma característica de trabalho prejudicial, o

trabalho leve deve ter uma baixa carga horária e pouco exigente em termos do

esforço, fadiga física e intelectual e de responsabilidade, como Fialho explicita.

A UNICEF, em THE STATE OF THE WORLD’S CHILDREN 2006, Excluded and

invisible, The United Nations Children’s Fund, refere que nem todas as actividades das

crianças são trabalho infantil. A língua inglesa distingue isso mesmo nas expressões

“child work” e “child labour”, podendo assim assegurar a sua diferença, sendo a última

que se identifica com o trabalho infantil. Há então que distinguir as situações das

crianças que trabalham como familiares não remunerados, nas empresas familiares e

explorações agrícolas, daqueles que são assalariados por conta de outrem; da tal carga

horária de trabalho e das características da tarefa exigida; do cumprimento da

escolaridade e do sucesso escolar. Todas as situações têm contornos distintos e é

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

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então preciso avaliar cada uma individualmente para um melhor entendimento da

mesma.

3.3.1. As causas do trabalho infantil

As causas do trabalho infantil podem derivar de diferentes factores, sendo a

pobreza a causa mais evidente. Em certas sociedades e grupos sociais mais pobres, o

trabalho infantil é necessário para complementar os ganhos da restante família, que

com poucos recursos e salários baixíssimos têm imensas dificuldades para sustentarem

os membros da sua família. O rendimento das crianças pode mesmo chegar a

contribuir entre 20% a 25% para o rendimento familiar. Este é um problema que afecta

as gerações futuras, na medida em que as crianças trabalhadoras, no futuro, serão

adultos com um fraco grau de ensino e trabalhadores mal qualificados, o que

consequentemente se irá traduzir em trabalhadores com baixos salários. Acaba por ser

uma situação que actua como um ciclo vicioso, de geração em geração, como é

referido por Fialho.

Também as razões socioculturais são tidas em conta como uma causa do

trabalho infantil. Havendo duas regiões economicamente equivalentes, pode mesmo

assim haver um diferente aproveitamento da mão-de-obra infantil. Isto mesmo

decorre dos diferentes padrões sociais e culturais, relatando Fialho sobre estas razões.

Fialho revela mais uma causa, e essa é a procura de trabalho infantil que

também leva ao crescimento e à existência do mesmo, ou seja, a prática de baixos

salários é extremamente atraente a quem procura esse tipo de actividade, porque a

sua competitividade pode assim aumentar drasticamente. Justificações para o

sucedido são praticamente sempre as mesmas, “as crianças são mais hábeis e

aprendem melhor certas tarefas que os adultos não treinados”. (Fialho, 2000: 42)

Aquelas crianças que por diversos factores não são apoiadas pelo Estado para

integrarem a escolaridade obrigatória ou que os pais não permitem que elas estudem,

torna-se um atractivo para os que cometem essa actividade ilícita.

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

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Fig. 1

“Menores com actividade económica na semana de referência (Outubro de 2001)”

(CNASTI, 2010) http://www.cnasti.pt/cnasti/?pg=trabalho_infantil

3.4. Tipos de trabalho dos menores

Como já anteriormente foi referenciado, são considerados três tipos de

trabalho: os jovens em actividade económica, o trabalho infantil e o trabalho

prejudicial.

Num estudo realizado em 2001, de acordo com a OIT/IPEC, em que dos

1.190.658 menores abrangidos, 48.914 estavam no conjunto daqueles que

desempenhavam uma actividade económica, 28.228 estavam numa situação de

trabalho infantil e 14.008 desempenhavam trabalhos prejudiciais, revela o SIETI.

Fig. 2

http://www.peti.gov.pt/upload_ftp//docs/sintese_tipificacao_sieti.pdf

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

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O SIETI declara que relativamente à escola, quase na totalidade os menores a

frequentam (98,6%), com uma taxa de 1,0% de abandono escolar. Quando a isso se

junta a actividade económica que o menor exerce, a taxa de abandono dispara,

atingindo o valor 10,8 pontos percentuais. No caso de os menores estarem numa

situação de trabalho infantil, esse valor sobe para 12,3%, enquanto aqueles que

exercem um trabalho prejudicial atingem um valor de 23,4% de abandono escolar.

Fig. 3

http://www.peti.gov.pt/upload_ftp//docs/sintese_tipificacao_sieti.pdf

3.5. Trabalho infantil em Portugal

Sarmento deu o seu parecer sobre este flagelo no nosso país, mostrou que cada

vez mais este fenómeno tem suscitado o interesse por parte de organizações

defensoras dos direitos das crianças. Têm ajudado a mudar políticas sociais que

garantam a igualdade para todos, como por exemplo o rendimento mínimo garantido,

a promoção da educação pré-escolar, a extensão das redes sociais locais, a aposta

numa escolarização para todos e para todas. O esforço por elas desempenhado tem

conseguido mobilizar a opinião pública para este fenómeno que afecta o mundo.

Organizações como a CNASTI e o PEETI têm sido fundamentais para que colaborações

entre entidades públicas e universidades sejam feitas. Mostram que realmente existe

exploração de crianças na sociedade portuguesa e pretendem também mostrar que

existem formas de as famílias contrariarem tempos difíceis e que a sobrevivência

através de outros meios é possível. Tudo se torna mais complicado quando os factores

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

9

estruturais da sociedade vão ao encontro do incentivo ao trabalho infantil, isto é, a

economia está cada vez mais direccionada para uma mais alta competitividade,

pagando salários mais baixos pela mão-de-obra de uma criança; Continuando, apesar

de todos os esforços feitos, a haver crianças ao qual os pais não as deixam aproveitar a

oportunidade que lhes é oferecida de poder ter uma educação como todas as outras

crianças e que esses mesmos pais incentivam ao trabalho e não à educação, o trabalho

infantil continua a ser uma luta difícil de travar, tanto pelo Estado como por

organizações focalizadas nessa área.

Para os próximos anos, estas organizações têm o objectivo de continuar a fazer

esforços por mudanças nesta área. Apesar dos esforços já efectuados, e sabendo que

este flagelo tem contornos gravíssimos, existem ainda milhares de crianças sujeitas a

este fenómeno.

“O trabalho infantil em Portugal continua a existir, mas já não afecta tanto a

escola” (Pimenta, 2009)

"Não podemos dizer que esse trabalho se extinguiu. Encontramos o trabalho

infantil no meio artístico e há também muitas crianças que trabalham na agricultura

familiar, mas não pondo em causa a escola. O esforço é maior, mas acho que a escola

não sofre com isso" (apud, Pimenta, 2009)

A CNASTI recebe, ainda que com pouca frequência, denúncias em que a

legislação não é respeitada, que desde logo as reporta ao Ministério do Trabalho.

Ana Maria Mesquita, presidente da CNASTI, diz que o controlo no mundo

artístico “não funciona tão bem como deveria”. Afirma que é necessária uma postura

atenta por parte dos pais para que haja um controlo regular nessas situações, para que

os filhos não sejam vítimas de qualquer abuso profissional. "Ninguém ama mais os

filhos do que os pais, mas às vezes estes não pensam em todas as dimensões deste

tipo de trabalho, entusiasmam-se com o aparecimento nas revistas e na televisão e é

preciso não esquecer a outra vertente, a das consequências que isso pode ter para as

crianças quando assim não for” (apud, Pimenta, 2009)

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

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3.6. Plano para a Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil

O PEETI é uma estrutura apoiada pelo Ministério do Trabalho e da

Solidariedade, visa contribuir para o combate à exploração do trabalho infantil. Os

seus principais objectivos são eliminar em Portugal formas de exploração do trabalho

infantil, prevenir o abandono escolar em fase de escolaridade obrigatória, inserir os

menores encontrados em situação ilegal em projectos credenciados de educação, criar

redes de organizações capazes de prestar apoio a vários níveis aos menores e criar

bolsas de formação para as crianças/adolescentes mais carenciados. É pretendido

também informar, formar, etc, toda a sociedade no sentido de dar a conhecer os

direitos da criança e todas as vantagens de poderem ter um ensino qualificado; Instruir

as crianças que o direito ao ensino e à educação é fundamental para a sua construção

individual, a todos os níveis, como refere Fialho.

É necessário que as fiscalizações a este tipo de trabalho sejam frequentes,

podendo haver assim um melhor conhecimento geral e uma mais rápida resolução

deste flagelo.

As Câmaras Municipais têm também um trabalho activo para poderem

contribuir para este combate, organizando todo o tipo de actividades que envolvam

menores susceptíveis de serem sujeitos a este fenómeno, dinamizando as férias

escolares, organizando eventos e todo o tipo de acções que permitam o envolvimento

das crianças.

É impreterível que haja acções de sensibilização, seminários, conferências e

todo este tipo de iniciativas para poder alertar a sociedade para este grave problema

que atinge o mundo.

Torna-se então necessário aumentar a capacidade e qualidade dos aparelhos

escolares, informar e sensibilizar o público e existir cooperação internacional.

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

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4. FICHA DE LEITURA

Título da publicação: Trabalho domiciliário infantil: um estudo de caso no Vale do Ave

Autor: SARMENTO, Manuel Jacinto Co-autores: BANDEIRA, Alexandra; DORES, Raquel Local onde se encontra: Biblioteca Municipal de Coimbra Cota: 0-3-30 Data da publicação: 2000 Edição: 1ª Local de edição: Lisboa Editora: Ministério do Trabalho e Solidariedade Título do capítulo: O trabalho domiciliário das crianças em três freguesias do

vale do ave – As crianças e a escola Número de páginas: 102 a 108 Palavras-chave: Rendimento escolar, trabalho, estudar Assunto: A relação entre o trabalho, o rendimento académico e as pretensões

académicas Data da leitura: Maio, 2010

Notas sobre os autores:

Manuel Jacinto Sarmento é professor no Instituto de Estudos da Criança, da

Universidade do Minho. Tem como principal tema de investigação o estudo

organizacional da escola primária. Nasceu em Braga, em 12 de Janeiro de 1955. É

doutorado em Educação da Criança, com a tese “Lógicas de Acção: Estudo

Organizacional da Escola Primária”, em 1997.

Alexandra Bandeira é educadora de infância e diplomada em Educação

Comunitária. Tem coordenado vários projectos de intervenção sócio-educativa com

crianças.

Raquel Dores é socióloga e tem trabalhado em instituições sociais de

intervenção nos mundos de infância.

Resumo:

Este capítulo aborda a relação existente entre o trabalho, o rendimento

académico e as pretensões académicas das crianças envolvidas neste estudo. Os

autores tentam perceber se o trabalho é uma razão para o insucesso escolar de alguns

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

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alunos e se as crianças conhecem os benefícios da educação e do ensino nas suas

vidas.

Estrutura:

O capítulo começa por introduzir a principal questão que se colocava com o

estudo que foi efectuado, de que forma o trabalho afectava o rendimento escolar das

crianças. Para um melhor entendimento disso mesmo, questionaram-se os alunos

sobre o aproveitamento escolar, neste caso o número de retenções. Nas três

freguesias sujeitas ao estudo, não se concluiu que houvesse uma situação de insucesso

escolar generalizado. No caso de alunos já com reprovações no seu percurso escolar, a

maioria tinha apenas uma; existia uma percentagem baixa de alunos com retenções

sucessivas.

Alguns alunos mostravam alguma desmotivação pela escola, o que era um

indicativo de que a realidade domiciliária era diferente da escolar (maioritariamente os

repetentes). Cerca de 99% das crianças afirmavam o seu gosto pela escola. A escola

tornava-se para estas crianças uma “fuga” ao trabalho que em casa os pais obrigavam.

78,4% das crianças preferiam a escola a qualquer trabalho remunerado, já 19,7%

afirmavam o contrário. Existem duas vertentes pelas quais se pode retirar uma

conclusão: os alunos que preferiam trabalhar (maioritariamente repetentes) usavam

desta forma o trabalho para compensar os maus resultados obtidos na escola; por

outro lado, existiam crianças que pelas carências económicas da família preferiam

trabalhar para poder ajudar os seus familiares.

Era notória a falta de conhecimento patente nas crianças relativamente às

projecções sobre o seu futuro escolar. Era perceptível que existia de facto um baixo

nível de conhecimento sobre a educação e sobre o ensino. Grande parte das crianças

tinha pais com um baixo nível de instrução, ao nível da escolaridade primária.

Em suma, é um facto que a escolaridade não entra nos planos destas crianças

para o seu futuro. Umas simplesmente por se conformarem com a vida dura que

levam, outros pela pouca informação que possuem sobre as ofertas de ensino. A

escolaridade dos pais acaba por ser um exemplo que as crianças seguem. Aqueles que

realmente pensam ir mais além nos estudos, apenas se ficam pela escolaridade

obrigatória. J.L., uma criança de 8 anos, afirma “Quero estudar até ao 9º ano porque

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

13

senão não arranjo emprego, nem posso tirar a carta.” (Sarmento, Bandeira e Dores,

2000: 108)

5. AVALIAÇÃO DE UMA PÁGINA DA INTERNET

A página na Web que seleccionei para avaliar foi

http://www.peti.gov.pt/default.asp, devido ao facto de ser um sítio com muita

informação relevante para a realização do trabalho. É versátil em termos de público-

alvo, sendo adequado para pessoas que não conheçam o tema que o sítio aborda,

como o é também para pessoas especializadas na área. Tem como principal língua o

Português, abrangendo também o Inglês e o Francês.

O autor do sítio é o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, sendo

portanto uma instituição. Existe a possibilidade de consultar os suportes em que foi

baseada a construção do sítio, tanto em termos jurídicos como institucionais. É uma

instituição pública, do Estado, sendo a credibilidade o seu ponto forte. Estão

disponibilizados os contactos da entidade gestora do sítio.

A informação existente está exposta de uma forma metódica, são facilmente

detectáveis todos os seus links com informação. A qualidade da informação disponível

permite adquirir conhecimentos relevantes sobre o tema. Não estando directamente

disponibilizada a última actualização do sítio, ao navegar é possível perceber que a sua

última actualização foi feita em 2010. As referências são devidamente citadas.

Penso que o desenvolvimento do sítio foi bem efectuado, possui um grafismo

atractivo, pecando um pouco na legibilidade do tamanho da letra. Em termos de

imagens penso que está razoavelmente bem fornecido, informando os visitantes de

festas, debates, etc. O formato de leitura é adequado para os objectivos pretendidos.

Escolhi este sítio por ter sido uma fonte de informação importantíssima para a

realização do trabalho. A informação nele disponibilizada cobre, na generalidade, todo

o tema. Considero então este sítio muito bom para a obtenção de informação.

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

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6. CONCLUSÃO

Finalizada a realização deste trabalho, posso então concluir a mais-valia que me

proporcionou em termos de conhecimentos. Foi um tema interessante de pesquisar,

trabalhar e relacionar conhecimentos com outras áreas. Daqui em diante sinto-me

preparado para poder elucidar quem queira saber um pouco mais sobre este tema,

para poder esclarecer dúvidas, para poder debater o assunto, para poder no futuro

aprofundar ainda mais os conhecimentos obtidos. De todo estava à espera de adquirir

o gosto pela pesquisa deste tema, é certo também que o conhecimento que possuía

era escasso, tendo assim a realização deste trabalho tido um grande contributo neste

interesse adquirido.

Como em todos os temas, existem ambiguidades quanto a certos conceitos.

Provavelmente esse terá sido o ponto, em termos de conteúdo, que mais dificuldades

senti. Existiam muitas fontes de informação, era portanto essencial escolher aquelas

que melhor se adequavam ao tema a tratar.

Todo o processo de desenvolvimento deste trabalho tornou-se positivo, pela

diversidade de informação que é possível encontrar usando diversos meios, como por

exemplo os livros, a internet, revistas, jornais, etc. Também o desenvolvimento da

estrutura é importante para uma melhor divisão dos conteúdos e para uma melhor

compreensão dos mesmos. É relevante que esta estruturação seja feita, pelo facto de

fornecer aos leitores uma grande variedade de informação detalhada sobre a área

científica, tornando assim a sua organização um ponto favorável.

Utilizando esta fase conclusiva, queria louvar a parceria levada a cabo pela

Unicef e pelo IKEA no combate ao trabalho infantil. Uniram esforços para travar este

flagelo, dando o exemplo ao mundo, às empresas, às instituições, organizações, etc,

dando a entender que é possível fazer algo para ajudar os milhões de crianças que, por

infelicidade, continuam a sofrer todos os dias.

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros:

Fialho, José António Sousa (2000), Trabalho Infantil em Portugal: Caracterização social

dos menores em idade escolar e suas famílias. Lisboa: Ministério do Trabalho e da

Solidariedade.

Monteiro, A. Reis; Leandro, Armando Gomes; Albuquerque, Catarina de; Rocha, Dulce;

Barreto, Ireneu Cabral; Benes, Roberto (2004), Direitos das Crianças. Coimbra: Coimbra

Editora.

Sarmento, Manuel Jacinto; Bandeira, Alexandra e Dores, Raquel (2000), Trabalho

domiciliário infantil: um estudo de caso no Vale do Ave. Lisboa: Ministério do Trabalho

e da Solidariedade.

Internet:

CNASTI – Confederação Nacional de Acção Sobre Trabalho Infantil (2010). Página

consultada em 30 de Maio de 2010, disponível em http://www.cnasti.pt/cnasti/

Ministério do Trabalho e da Solidariedade (1999), “Guia de Legislação e Recursos sobre

Trabalho Infantil”. Página consultada em 23 de Maio de 2010, disponível em

http://www.peti.gov.pt/docs/guia.pdf

PETI - Programa para Prevenção e Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil

(2010). Página consultada em 23 de Maio de 2010, disponível em

http://www.peti.gov.pt/default.asp

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

16

Sarmento, Manuel Jacinto (s.d.), “O Trabalho Infantil na Sociedade Portuguesa - 1998-

2003”. Página consultada em 23 de Maio de 2010, disponível em

http://www.peti.gov.pt/docs/trabalho_infantil_sociedade_portuguesa.pdf

SIETI - Sistemas de Informação Estatística sobre o Trabalho Infantil (s.d.), “Estatísticas

em Síntese: Tipificação das Situações do Trabalho dos Menores”. Página consultada

em 23 de Maio de 2010, disponível em

http://www.peti.gov.pt/upload_ftp//docs/sintese_tipificacao_sieti.pdf

THE STATE OF THE WORLD’S CHILDREN 2006, Excluded and invisible, The United

Nations Children’s Fund (UNICEF), 2005. Disponível em

http://www.unicef.org/sowc06/pdfs/sowc06_fullreport.pdf

Citação disponível em:

Unicef (2006), “Comunicado de Imprensa”. Página consultada em 21 de Março de

2010, disponível em http://www.unicef.pt/18/06_06_12_pr_trabalho_infantil.pdf

Artigo de Jornal online:

Pimenta, Paulo (2009), “Trabalho infantil tem novas formas em Portugal e "inspecção

não funciona"”. Público, 11 de Junho de 2009. Página consultada em 21 de Março de

2010, disponível em http://www.publico.pt/Sociedade/trabalho-infantil-tem-novas-

formas-em-portugal-e-inspeccao-nao-funciona_1386171

Áudio/Visual:

OIT – Organização Internacional do Trabalho (s.d.), “O Trabalho Infantil”. Página

consultada em 29 de Maio de 2010, disponível em

http://www.ilo.org/public/french/bureau/inf/wdacl/portuguese.htm

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

ANEXO A

http://www.peti.gov.pt/default.asp

FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

ANEXO B

Sarmento, Manuel Jacinto; Bandeira, Alexandra; Dores, Raquel (2000), “O

trabalho domiciliário das crianças em três freguesias do vale do ave – As

crianças e a escola”, in Manuel Jacinto Sarmento, Alexandra Bandeira e

Raquel Dores (orgs.), Trabalho domiciliário infantil: um estudo de caso no

Vale do Ave. Lisboa: Ministério do Trabalho e Solidariedade, 102 a 108.