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A O Servi ç o Sua M a je s ta d e de Dickie Arbiter Porta-voz da Família Real Britânica Memórias, Segredos e Revelações O livro que chocou o Príncipe Carlos com factos inéditos sobre a Princesa Diana com Lynne Barrett-Lee Dickie Arbiter

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AO ServiçoSua

Majestadede

Dickie ArbiterPorta-voz da Família Real Britânica

Memórias, Segredos e Revelações

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jesta

de

O livro que chocou o Príncipe Carlos com factos inéditos sobre a Princesa Diana

Ao Serviço de Sua Majestade é o testemunho inédito e privilegiado de Dickie Arbiter, assessor de imprensa e porta-voz da Família Real durante 12 anos. Estas são as suas memórias sobre os casos mais mediáticos e controversos da monarquia britânica e os por-menores do dia a dia no Palácio de Buckingham.

A coroação de Isabel II • O casamento de Carlos e Diana • A educação dos herdeiros

As disputas entre os membros da família real O divórcio do futuro rei • A morte e o funeral de Diana

e muitos outros momentos reveladores.

Com factos inéditos sobre a Princesa Diana, de quem o autor era confidente, estas memórias oferecem-nos ainda uma visão pessoal dos relacionamentos e personalidades da Família Real, que o públi-co nunca teve a possibilidade de conhecer — até hoje.

«O relato sincero da vida com a realeza, narrado com a sagacidade e a perspicácia de um contador de histórias experiente.»

Daily Mail

«Mal sabia eu, quando nessa noite me dirigi ao palácio para falar com o príncipe e a sua jovem noiva, que não só assistiria a numerosas reuniões nessa mesma sala como, 16 anos depois do casamento, faria parte da equipa sentada em torno da mesma mesa, planeando o funeral de Diana, Princesa de Gales.

Nesse dia, porém, tudo era positivo e cheio de expetativas; foi uma reunião emblemática. Também foi fora do comum, pois o secretário de imprensa, Michael Shea, não dera quaisquer instruções quanto ao que podia ou não ser perguntado. Nada estaria fora dos limites. Devido ao comentário irrefletido do príncipe — «o que quer que apaixonado queira dizer», quando o casal fora entrevistado por ocasião do anúncio do noivado —, não podia deixar de me interrogar se surgiriam outros fragmentos intrigantes.

Na verdade, nada de revelador surgiu dessa reunião mas, diante de uma chávena de chá, era possível, pelo menos, avaliar os sentimentos da rapariga de 20 anos, atraente e ingénua, que seria alvo de uma atenção global sem precedentes. Foi também o primeiro vislumbre sobre o caráter da mulher a quem eu viria a chamar chefe. Diana disse-me que o dia do seu casamento seria uma experiência avassaladora, mas que estava ainda mais preocupada com o pai, o 8º Conde Spencer. Este sofrera, em 1978, uma hemorragia cerebral que o deixara bastante instável. Explicou que ele estava determinado a cumprir o seu dever e conduzir a filha mais nova pela nave da catedral de St. Paul — com uns ameaçadores sessenta e cinco metros.

Lembro-me de ter ficado comovido com a sua capacidade de preocupação e empatia. Colocar as necessidades dos outros à frente das pessoais era uma caraterística que não tardaria a ficar bem conhecida e que eu próprio testemunhei muitas vezes.»

Assessor de imprensa e porta-voz da Família Real Britânica, Dickie Arbiter teve, entre 1988 e 2000, um acesso ímpar ao Palácio de Buckingham, bem como a algumas das figuras mais notáveis do nosso tempo. Para além disso, a sua experiência de várias décadas na cobertura mediática de eventos relacionados com a realeza tornaram-no um dos especialistas mais reputados sobre a monarquia britânica da atualidade.

Presença regular nos canais televisivos do Reino Unido, Dickie Arbiter surge regularmente em todas as grandes redes noticiosas internacionais, sendo também o único comentador de assuntos monárquicos que testemunhou tanto a coroação da Rainha Isabel II como os seus Jubileus de Prata, Ouro e Diamante.

Além das suas funções como porta-voz real, foi também responsável pela gestão dos media em cerimónias oficiais, bem como em todos os grandes eventos de Estado no interior do Palácio de Buckingham e do Castelo de Windsor. A seu cargo estiveram também todos os meios operacionais relacionados com os funerais reais, em particular o da Princesa Diana de Gales.

www.vogais.pt

Veja o vídeo de apresentação deste livro.

História/Memórias

ISBN 978-989-668-301-6

9 789896 683016

Dickie Arbiter

Autora de oito romances, incluindo o elogiado Julia Gets a Life, colabora regularmente com outros autores na escrita e edição de títulos de não-ficção, tendo-se especializado em biogra-fias e memórias, como Giant George ou The Girl With no Name. Formadora de escrita criativa no Centre for Lifelong Learning da Universidade de Cardiff, escreve regularmente na imprensa do País de Gales.

Lynne Barrett-Lee

com Lynne Barrett-Lee

Dickie A

rbitercom Lynne Barrett-Lee

17.3mm

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Ao Se rv i ç o d e Su A MA j e S tA d e

Índice

Prólogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

capítulo 1 Rumo ao Britannia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . capítulo 2 De Microfone Desligado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . capítulo 3 Para Longe de Casa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . capítulo 4 Um Gostinho da Grande Maçã . . . . . . . . . . . . . . . . . .

capítulo 5 A Princesa Que Derruba Mitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . capítulo 6 Uma Visita à Cortina de Ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . capítulo 7 Notícias de Última Hora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . capítulo 8 O Aniversariante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . capítulo 9 A Educação dos Herdeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

capítulo 10 Uma Imagem Vale por Mil Palavras . . . . . . . . . . . . . . capítulo 11 O Início do Annus Horribilis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . capítulo 12 Problemas Conjugais — Annus Horribilis Parte Dois . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

capítulo 13 Recebendo Visitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

capítulo 14 Sorrindo para as Câmaras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

capítulo 15 A Morte de Uma Princesa: Diana — A Semana Mais Longa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

capítulo 16 O Maior Evento Mediático de Sempre . . . . . . . . . .

capítulo 17 O Regresso da Família Real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .capítulo 18 O Adeus à Princesa do Povo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

capítulo 19 Nada de Novo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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capítulo 20 Volta, Dickie – Precisamos de Ti! . . . . . . . . . . . . . . . .capítulo 21 Aposentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

epílogo Verão de 2014 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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PrólogoAgosto de 1997

Um carro aproximou-se quando eu subia a estrada privada que levava ao Palácio de Kensington.

A janela do condutor abriu-se enquanto o veículo abrandava, e percebi que era Diana. Ela sorriu e acenou, como sempre fazia, antes de prosseguir o seu caminho. Parecia feliz. Eu sabia que ela não tardaria a voltar para o sul de França. Estivera ali de férias com os filhos e agora, que estes estavam na Escócia com o resto da família real, planeava voltar, a convite do seu ami-go Dodi Fayed.

Diana e Dodi viviam então um romance de férias, um simples namorico, quando muito, mas agradava-me saber que ela não fi-caria sozinha durante o resto das férias escolares.

A memória daquele momento de boa vizinhança entre mim e a princesa cerca de duas semanas antes não me saía da cabeça en-quanto, paralisado, via em direto as imagens de um carro retorcido e esmagado nas profundezas de um túnel em Paris.

Os pormenores eram escassos mas, pelo menos, ela estava viva. Paul Burrell, o mordomo de Diana, não parava de correr até ao nosso apartamento, em soluços, desesperado por notícias atualizadas.

Eu entrara em contacto com o gabinete mas, de momento, eles não sabiam mais do que aquilo que se via na televisão.

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Virei-me, sobressaltado pelo toque do telefone. Já passava das três da manhã. Era Penny Russell-Smith, a assessora de imprensa do Palácio de Buckingham.

— Ela partiu… —, foi tudo o que disse.Tomei duche, vesti-me e fui para o gabinete.

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capítu lo 1

rumo Ao BritAnniASydney, Austrália, maio de 1988

-S e lhe propusessem ir para o gabinete de imprensa do Palácio e ficar responsável pelos Príncipes de Gales, es-taria interessado?

Era sexta-feira, 15 de abril — véspera da minha partida para a Austrália onde, ao serviço da IRN (Independent Radio News), faria a cobertura da presença da Rainha nas comemorações do bi-centenário do país —, quando Philip Mackie, um dos assessores de imprensa da Rainha, me fez o telefonema que mudaria radi-calmente a minha vida.

Talvez fosse pelo seu distintivo sotaque escocês, difícil de de-cifrar, mesmo em ocasiões mais calmas. Ou talvez eu estivesse a ouvir mal. Pedi-lhe que repetisse a pergunta e, para minha grande surpresa, ouvira bem à primeira.

Dizer que fiquei em choque é pouco, e demorei muito tempo a absorver a conversa. Mas, enquanto acabava de fazer as malas, co-mecei a sentir uma profunda expetativa. Mudar de campo, passar de caçador furtivo a guarda-florestal, parecia ser o próximo passo natural na minha carreira.

Estava quase com 48 anos e encontrava-me no mercado para uma mudança de planos. Trabalhava para a rádio de notícias LBC (London Broadcasting Company) que, tal como a IRN, estabele-cera a idade de reforma dos seus funcionários aos 60 anos. Com a

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data a avizinhar-se, começara a perguntar-me se devia fazer algo de diferente com os próximos doze anos da minha vida profissional. Devia continuar na LBC, fazendo mais do mesmo? Devia levar os meus talentos para outro sítio? Fazer um trabalho semelhante nou-tra emissora? Ou devia mudar completamente de direção? Não sa-bia. Tinha apenas a sensação de que devia estar a fazer alguma coisa.

Isto não quer dizer que não gostasse do meu emprego. Era um dos dois correspondentes da Corte acreditados no Palácio de Bucking-ham, sendo o outro Tom Corby, da Press Association. Como nem a BBC nem a ITN tinham pessoal nessas funções (a Sky News só começou a emitir em 1989), éramos os dois únicos correspondentes da Corte no Reino Unido. Isso concedia-me um extraordinário ní-vel de autonomia e privilégio, pois não havia qualquer critério fixo para o meu trabalho quotidiano que não fosse definido por mim. Se não estivesse no terreno, a fazer a cobertura de uma história da realeza, havia sempre uma visita diária ao gabinete de imprensa do Palácio de Buckingham para verificar o meu tabuleiro de anúncios oficiais, listas de investiduras e a Wednesday List, onde constavam todos os compromissos da família real, o que também me provi-denciava uma oportunidade de tagarelar com quaisquer assessores de imprensa que por acaso estivessem ali nesse dia.

Também viajava muito. Fazia parte das minhas funções cobrir diversos compromissos reais, embora nem sempre tanto quanto eu gostaria. O ano começara com outra viagem à Austrália, esta realizada pelo Príncipe e pela Princesa de Gales para celebrar o bicentenário do país. Tendo consciência da popularidade desse ato real duplo — especialmente num momento em que tanto se especulava sobre o estado do seu casamento — esforçara-me por persuadir a IRN a enviar-me com eles. Escudando-se em ques-tões de orçamento, a resposta fora um enfático não. O plano era, antes, recorrer à cobertura de várias agências noticiosas. Enquanto o casal real viajava e, tal como eu previra, as estações de televisão

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britânicas eram inundadas de notícias, a decisão da IRN provou-se totalmente errada. A obrigação da empresa relativamente às rá-dios a que providenciava serviços noticiosos era fazer exatamen-te aquilo em que falhara — fornecer a cobertura de uma notícia importante. Assim, quando avancei a ideia de acompanhar a via-gem da Rainha em abril e maio, recebi aprovação imediata. Estou certo de que a decisão teve muito a ver com o facto de, entre as duas viagens, a LBC/IRN ter sido adquirida… por um grupo de comunicação social australiano.

O tempo de voo do aeroporto de Heathrow, em Londres, para Perth, era de 18 horas. Apesar de normalmente aproveitar esse tempo para ler ou pôr o sono em dia, desta vez não consegui tran-quilidade suficiente para o fazer. Não acredito que tenha havido um único momento durante todo o voo em que eu não tivesse pensado na conversa da noite anterior. E, contudo, não podia fa-lar do assunto com ninguém. Tivera de jurar segredo, pelo que fiz a única coisa que podia fazer — empurrei a questão para o fundo do meu cérebro e concentrei-me no trabalho que tinha em mãos.

Hoje em dia, os serviços noticiosos ao longo de todo o dia são normais mas, nos anos 1980, ainda eram bastante invulgares. Po-rém, já nessa altura, a IRN era um serviço noticioso de 24 ho-ras, com um apetite voraz por material. O trabalho constituía um desafio tanto maior quanto, nessa época, ainda estavam longe os dias da Internet e encontrávamo-nos apenas no limiar da revolu-ção dos telemóveis.

Aterrámos em Perth no sábado, 16 de abril. Era a minha pri-meira viagem à Austrália e estava ansioso por cumprir o itinerá-rio. Perth era bonita, com praias douradas e um estilo de vida que me recordou os dias passados na antiga Rodésia, atual Zimbabwe,

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quando era jovem. Ou seja, era um pouco provinciano. Ainda ha-via leis que proibiam as bebidas alcoólicas ao domingo, a não ser que se estivesse hospedado num hotel.

Felizmente para nós, jornalistas, com três dias para passar no hotel antes da chegada do casal real, podíamos divertir-nos além de traba-lhar. As primeiras impressões são sempre importantes e as minhas foram, definitivamente, positivas. Achei os australianos amigáveis e muito hospitaleiros em relação a nós, «Poms»*. Também aproveitei a oportunidade para contactar alguns amigos da Rodésia, que tinham emigrado para esta cidade no princípio dos anos 1980.

Dez dias depois, a abordagem formal da oferta de emprego a que Philip Mackie aludira foi concretizada, durante uma receção oficial a bordo do Iate Real Britannia. O verão australiano estava a chegar ao fim, mas eu ainda sentia o calor. Envergava traje de gala da ca-beça aos pés, ataviado para a receção que Sua Majestade, a Rainha, e o duque de Edimburgo dariam essa noite para conviver com os ilustres de Sydney. Havia apenas uma regra não explícita a que toda a gente se conformava: nada do que fosse dito pelo casal real seria citado, repetido ou reportado.

Seria a minha primeira vez no iate, o que só por si já era uma honra, mas, enquanto me apressava para o minibus que me levaria do hotel até lá, preocupava-me muito mais a ideia de outra honra que poderia estar a surgir no meu caminho.

Quando o autocarro se aproximava do porto, avistei o iate amar-rado ao cais, a ponte do porto de Sydney formando um pano de fundo majestoso. Nenhuma fotografia poderá alguma vez fazer-

* Expressão muito usada pelos australianos quando se referem aos habitantes da Grã-Bretanha. [N. da E.]

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-lhe justiça. O iate era pequeno, mas nem por isso menos magní-fico. Estava iluminado e enfeitado com bandeiras, a bandeira do Lord High Admiral (a Rainha) no mastro frontal, o Estandarte Real no mastro principal e a bandeira da União na mezena. No Iate Real Britannia, não se vai a bordo, vai-se para bordo. Parece contraintuitivo, mas como eu percebera dois anos antes, ao fazer a cobertura da visita real à China, o Iate Real Britannia era uma das residências oficiais da Rainha, o que significava que era tra-tado como um palácio, e não como um barco. Era uma presença magnífica, impregnada de uma rica história pessoal.

A Rainha apreciava o tempo que passava no Britannia. Embora durante esta viagem a embarcação fosse usada para fins oficiais, a família passara, ao longo dos anos, incontáveis férias a bordo. O iate constituía um santuário, um lugar onde podiam passar tem-po de qualidade em convívio, sem o fardo de serem constantemente observados. No início de muitas férias de verão, os Windsor faziam cruzeiros pelas Ilhas Ocidentais da Escócia, atracando para fazerem piqueniques em praias remotas, livres dos olhares curiosos. Ainda crianças, em 1954, o Príncipe Carlos e a irmã, a Princesa Ana, via-jaram no Britannia na sua viagem inaugural para o Grande Porto de Malta, onde se encontraram com os pais depois da viagem de seis meses da Rainha e do Príncipe Filipe aos países da Commonweal-th. Mais tarde, em 1981, Carlos e a noiva passariam a lua de mel a bordo. Tratava-se, acima de tudo, de uma casa de família, e foi sem dúvida por isso que a Rainha foi vista a verter uma lágrima quando o barco foi retirado de serviço, em 1997. Com 44 anos de memórias felizes, era como perder um amigo de toda a vida.

O Britannia seria a residência real durante o resto da viagem, tendo navegado ao encontro da Rainha e do Duque de Edim-

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burgo aquando da sua chegada a Sydney. E agora eu era um dos afortunados membros da imprensa convidados para bordo. Belis-quei-me ao chegar ao cimo da prancha de embarque. Estava a en-trar num dos iates mais famosos do mundo, num dos portos mais icónicos do mundo, para discutir um posto de trabalho junto da família real britânica. Quem me dera que o meu pai estivesse al-gures, a assistir de lá de cima. Ele fugira de Berlim no início dos anos 1930, para escapar aos nazis antes do início da Segunda Guer-ra Mundial, e eu sempre sentira a sua presença e sabia que estaria imensamente orgulhoso.

Robin Janvrin, o assessor de imprensa, aproximou-se de mim com uma espécie de brilhozinho nos olhos. Eu gostava do Robin. Parecia muito mais jovem do que os seus 42 anos, tinha um sor-riso juvenil e um sentido de humor seco. Já estivera na Marinha Real e no Ministério dos Negócios Estrangeiros, o que lhe faci-litava uma integração perfeita no trabalho para a família real… pergaminhos que eu, certamente, não possuía.

Conduziu-me ao que eu saberia depois ser a cabine de imprensa, para nos reunirmos com o secretário privado, Sir William Hesel-tine. Já conhecia o Bill há vários anos, embora apenas conheces-se o Robin há 18 meses, desde que ele entrara para o gabinete de imprensa, no outono de 1987.

O Bill perguntou-me se estava interessado em assumir o car-go de Philip Mackie quando este se reformasse, e se tinha alguma pergunta. Eu não tinha.

— Sim, estou interessado.— Excelente —, respondeu ele. — Entre em contacto com

o Robin assim que voltar a Londres, que ele dar-lhe-á todas as instruções.

E foi só isso. Ao que parecia, o emprego era meu. Não discu-timos condições. De facto, não discutimos nada, mas isso não me preocupava minimamente. Uma oferta assim apenas surge uma

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vez na vida. Terem-ma feito, era uma validação do meu profissio-nalismo como jornalista. Escusado será dizer que o resto daquela receção é, para mim, uma memória nublada.

A viagem de três semanas abrangia uma grande extensão do país. Visitámos Perth, Geraldton e Kalgoorlie, na Austrália Ocidental, e Hobart e Launceston, na Tasmânia. Depois viajámos para Gee-long, em Vitória (onde o Príncipe Carlos frequentara a escola em 1965), antes de seguirmos para Longreach, em Queensland, lo-cal de nascimento da Qantas, a companhia aérea australiana, e do Flying Doctors, o serviço de ambulância aérea nacional. Enquanto ali estávamos, a Rainha inaugurou o Stockman’s Hall of Fame e o Outback Heritage Centre. Logo a seguir inaugurou em Brisbane a Expo ’88, antes de concluir em Sydney, Newcastle e Albury, na Nova Gales do Sul, e em Camberra, a capital do território austra-liano, onde inaugurou o novo edifício do Parlamento.

As viagens reais são organizadas até ao mais ínfimo pormenor. São os assessores de imprensa que organizam os hotéis, os trans-portes terrestres e os voos internos para os meios de comunicação social, ao mesmo tempo que se coordenam com o Departamento de Informação do governo federal. As viagens são máquinas bem oleadas, mas esta foi a primeira vez que prestei verdadeira atenção ao papel complexo que em breve herdaria.

Na viagem de regresso a Londres, pensei muito a sério na po-tencial tarefa que tinha à minha frente. Ter especial responsabi-lidade pelos Príncipes de Gales era uma perspetiva assustadora. Os rumores acerca do seu casamento ainda não tinham assumido

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grandes proporções, mas cada vez se falava e escrevia mais sobre o assunto. Se os meus instintos estavam certos, a história tendia a aumentar. Eu assumiria o cargo em tempos voláteis. A situação podia ir em dois sentidos — os problemas do casal podiam resol-ver-se, ou não.

Fosse como fosse, Carlos e Diana encontravam-se sob um in-tenso escrutínio da comunicação social e, enquanto assessor de imprensa do casal, eu precisava de estar alerta. Estaria preparado para me encontrar do outro lado da barricada, com um bando de esfomeados por notícias à minha porta? Poderia ser franco quando fosse necessário e colocar um travão quando fosse caso disso? Seria capaz de conduzir o caminho durante o que seria, sem dúvida, um período de relações públicas tempestuoso? Até então, eu assistira aos acontecimentos do lado de fora, por isso sabia o que esperar. Seria um desafio, mas eu sabia que podia enfrentá-lo. Durante a aterragem, sentia-me vibrar de entusiasmo, mas ainda não podia partilhar as novidades com ninguém, nem mesmo com a minha mulher e a minha filha.

Havia uma pessoa, contudo, a quem tinha de fazer a confidên-cia — o meu chefe, Bill Coppen-Gardner, diretor executivo da LBC. Precisava de lhe dizer que ia demitir-me, mas isso não me preocupava. Costumávamos desfrutar de algum tempo juntos so-cialmente, e eu sabia que o que quer que lhe confidenciasse per-maneceria em segredo.

Apesar do meu entusiasmo, contar ao Bill a minha decisão seria sempre um momento triste, que marcaria o final de uma era pessoal.

A LBC fora a primeira estação de rádio comercial a ir para o ar no Reino Unido, em outubro de 1973. Eu entrara em contacto com eles através do conhecido jornalista Ron Onions, que come-çara a sua carreira na BBC, antes de sair para dirigir a redação da nova estação de música Capital Radio. Ele informou-me de que a LBC estava muito empenhada em procurar locutores, pois lançara

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a cadeia apenas com jornalistas de imprensa. Embora fossem ex-celentes escritores, não eram assim tão bons a falar para um mi-crofone. Entrei para a estação em junho de 1974 e pouco tempo depois o Ron assumiu a direção. O Ron foi pioneiro num novo es-tilo de programação de rádio, e foi graças à sua visão e determina-ção que a LBC acumulou forças, até derrubar a BBC do seu lugar no topo. Além de guiar a minha carreira, o Ron tornou famosos nomes como os de Bob Holness e Douglas Cameron, lançando também as carreiras de Jon Snow e Peter Allen. Foi o Ron que primeiro me atribuiu os assuntos ligados à família real, e assegu-rou que eu fosse acreditado pelo Palácio como correspondente da IRN na corte. Lisonjeado por me ter sido atribuído um trabalho de repórter especializado, certo dia perguntei-lhe:

— Porquê eu?— Tu falas bem, com uma voz indiscutivelmente radiofónica.

Usas sempre fato, o que é muito adequado e, tanto quanto vejo, po-dia levar-te a qualquer sítio, incluindo o Palácio de Buckingham.

Tinham sido esses os critérios para o trabalho ser meu.Além da cobertura real, a LBC permitiu-me muitas experiências

novas. Em 1986 subi as escadas até ao cimo da estátua de Nelson, em Trafalgar Square, para entrevistar o homem responsável pela limpeza do grande almirante. A vista ininterrupta sobre Londres, de uma altura de cerca de cinquenta metros, é magnífica. Embora eu não sofra de vertigens, a minha coragem foi posta à prova no-vamente quando me pediram que fizesse rapel do teto do Centro de Exposições Earl’s Court durante o programa da manhã AM. Enquanto descia os 17 metros até à arena do Torneio Real, pro-movi a emissão ao vivo que conduziria nessa noite. Cobri o Der-by Day em Epsom, Royal Ascot, e todas as cerimónias da agenda real. Dizer que a LBC era um lugar de trabalho divertido é dizer muito pouco. Estive lá numa época especial, em que muitas carrei-ras duradouras foram lançadas. A estação estava constantemente

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na linha da frente no que dizia respeito a notícias de última hora. Vi-a crescer, segui as suas venturas e vi-a bater Today, o programa da BBC na Radio 4, obtendo o maior share da audiência londri-na. Mas, infelizmente, nos últimos anos também a vira diminuir a sua autoridade como estação noticiosa.

Em última análise, dizer-lhe adeus era o mais correto a fazer. Sempre fui o género de pessoa que procura desafios. Sabia que es-tava prestes a tomar o meu lugar num palco cheio de altos e baixos, mas quando, naquele dia 30 de junho de 1988, saí dos estúdios da LBC na Gough Square pela última vez, apenas olhei para trás por um brevíssimo instante. No dia seguinte atravessei o pátio frontal do Palácio de Buckingham com renovada vitalidade e encaminhei--me para a escadaria do Tesouro Privado.

E aí estava. O meu próximo trabalho.A minha próxima corrida na montanha russa… e que corrida

se revelaria ser!

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capítu lo 2

de microfone desligAdoLondres, julho de 1988

Senti-me muito confortável ao entrar no Palácio de Bucking-ham nessa primeira manhã. Era um sítio que frequentava regularmente já há alguns anos e ao qual tinha acesso prati-

camente livre. Conhecia bastante bem o caminho.Sim, eu continuava no mesmo sítio e ia trabalhar com as mesmas

pessoas — pessoas com quem já estabelecera um relacionamento —, mas agora num papel completamente diferente. Estava firme-mente instalado do lado de dentro, olhando para os meus antigos colegas lá fora e, mais importante ainda, fazia parte da equipa que geria a forma como a família real era apresentada.

Recebi as boas-vindas de todos os elementos do gabinete de imprensa e, às dez da manhã, o Robin Janvrin realizou a sua reu-nião matinal diária. A próxima visita de Estado do presidente da Turquia, Turgut Özal, a Londres, era o ponto principal da agen-da. Eu estava bastante familiarizado com as visitas de Estado, pois cobrira muitas. Porém, a partir daquele dia, estaria a trabalhar ao lado da equipa de planeamento.

Depois da reunião da manhã, fizeram-me uma visita guiada aos escritórios. Era uma forma de oficializar a minha chegada, enfati-zando que agora eu fazia parte da casa e já não era um caçador de notícias. A meio da manhã, Philip Mackie, o responsável a quem eu sucedia, levou-me a dar um passeio através do Green Park até

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ao Palácio de St. James para conhecer a equipa dos Príncipes de Gales. Um grande grupo de turistas rodeava o gradeamento do palácio, na esperança de avistarem um membro da família real. Ser o alvo do excitado escrutínio da multidão foi uma experiência nova, e uma revelação do que poderia ser a existência no aquário da celebridade global.

Nas semanas e meses que se seguiram, iria muitas vezes ao Pa-lácio de St. James. Em regra, três ou quatro vezes por dia. Se sur-gisse uma história relacionada com a casa real ou, o que era mais dramático, se estivesse prestes a surgir, era uma verdadeira corrida. Os caçadores de fotografias da Fleet Street desciam pelos portões e a minha função era controlá-los.

Para um repórter, há sempre muita corrida de um lado para o outro. É correr para cobrir uma história, correr para obter a próxi-ma história, e depois gerir as complexidades do sistema de trans-portes de Londres para voltar ao estúdio e editar a gravação. Fora sempre assim que eu me mantivera em forma, mas a vida mudara. Apesar das corridas ao Palácio de St. James, encontrava-me agora instalado no gabinete. Apesar de saber que trabalharia invariavel-mente dias muito longos, chegara o momento de estabelecer um novo regime de exercícios.

Nunca fui muito dado ao jogging, mas gostava de nadar e sabia que existia uma piscina no Palácio, mesmo atrás da Suíte Belga. Decidi que uma das primeiras coisas que faria era saber as condi-ções da sua utilização pelo pessoal. Fui ter com o chefe da Casa Real, o Contra-Almirante Sir Paul Greening. O Paul era uma pes-soa muito sociável, que fora oficial de carreira na Marinha Real e, antes de se juntar ao staff da Casa Real no Palácio de Buckingham, servira como comandante do Iate Real Britannia. Também fora

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o responsável pela organização da lua de mel dos Príncipes de Gales em 1981.

— Sim, de facto pode usar a piscina —, confirmou ele quando lhe perguntei. — Desde que não seja ao mesmo tempo que um membro da família real.

Referia-se sobretudo a Diana, uma nadadora ávida que chegava à piscina a maior parte dos dias às sete da manhã. A Princesa Margari-da gostava de dar o seu mergulho ao final da manhã, «e deve ser por isso que está um tanto sobreaquecida», acrescentou Paul secamente.

Também me disse que podia deixar ali a minha toalha e cal-ções de banho.

— Desde que não deixe tudo espalhado — acrescentou, com a sua atenção ao detalhe carateristicamente militar.

Então, estava servido. Eu sempre gostara de me levantar cedo. Vivendo em Windsor e trabalhando no centro de Londres, isso era quase uma necessidade, por causa do trânsito. Trataria de começar suficientemente cedo para nadar e sair da piscina antes de Diana chegar. Comecei com as minhas braçadas matinais na segunda--feira seguinte, e foi um ritual que prossegui durante três ou qua-tro anos, até ao momento em que o excesso de cloro — no qual a Princesa Margarida insistia — começou a afetar-me os olhos.

Antes disso, esta revelou-se a rotina perfeita. Em termos de regalias profissionais, era bastante agradável, mesmo com a água demasiado quente.

Também já conhecera os dois elementos reais a quem reportaria. Enquanto repórter, entrevistara o Príncipe de Gales relativamente a várias questões ambientais, e sempre o admirara. Encontrá-lo e à sua futura mulher em 1981, só dois dias antes do casamento, fora muito especial. Fui o comentador principal na cobertura da IRN ao casamento real, juntamente com Brian Hayes, e tive o privilé-gio de me concederem 40 minutos com o casal na Sala de Jantar Chinesa do Palácio de Buckingham.

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A Sala de Jantar Chinesa chama-se assim devido ao seu mo-biliário, que foi comprado pelo príncipe-regente, mais tarde Rei Jorge IV. Fora levada originalmente para o Pavilhão Brighton — a extravagância que o príncipe criara como refúgio real. A Rainha Vitória não dispunha de muito tempo para esse sítio e, durante o seu reinado, vendeu-o à Brighton Corporation e guardou a mobí-lia num armazém. Só no princípio do reinado de Jorge V esta foi usada para mobilar, no Palácio de Buckingham, a sala onde ainda hoje se encontra.

Mal sabia eu, quando nessa noite me dirigi ao palácio para fa-lar com o príncipe e a sua jovem noiva, que não só assistiria a nu-merosas reuniões nessa mesma sala como, dezasseis anos depois do casamento, faria parte da equipa sentada em torno da mesma mesa, planeando o funeral de Diana, Princesa de Gales.

Nesse dia, porém, tudo era positivo e cheio de expetativas; foi uma reunião emblemática. Também foi fora do comum, pois o se-cretário de imprensa, Michael Shea, não dera quaisquer instruções quanto ao que podia ou não ser perguntado. Nada estaria fora dos limites. Devido ao comentário irrefletido do Príncipe Carlos «o que quer que apaixonado queira dizer» quando o casal fora entre-vistado por ocasião do anúncio do noivado, não podia deixar de interrogar-me sobre se surgiriam outros fragmentos intrigantes.

Na verdade, nada de revelador surgiu dessa reunião mas, diante de uma chávena de chá, era possível, pelo menos, avaliar os senti-mentos da atraente e ingénua rapariga de 20 anos que seria o alvo de uma atenção global sem precedentes. Foi também o primeiro vislumbre sobre o caráter da mulher a quem eu viria a chamar chefe. Diana disse-me que o dia do seu casamento seria uma expe-riência avassaladora, mas que estava ainda mais preocupada com o pai, o 8.º Conde Spencer. Este sofrera, em 1978, uma hemorragia cerebral que o deixara bastante instável. Explicou que ele estava determinado a cumprir o seu dever de pai e conduzir a filha mais

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nova pela nave da Catedral de St. Paul — com uns ameaçadores sessenta e cinco metros.

Lembro-me de ter ficado comovido com a sua capacidade de preocupação e empatia. Colocar as necessidades dos outros à fren-te das pessoais era uma caraterística que não tardaria a ficar bem conhecida, e que eu próprio testemunhei muitas vezes.

Eu era locutor havia quinze anos quando Carlos e Diana se casaram, a 29 de julho de 1981, uma quarta-feira. Nos meses que antecederam o grande dia fui encarregado de organizar todos os pontos de reportagem ao longo do percurso do desfile, desde o Palácio de Buckingham até à Catedral de St. Paul — oito loca-lizações, no total. Eu decidira passar o dia na cabine de reporta-gem no Memorial da Rainha Vitória, no exterior do Palácio de Buckingham. Podia ter escolhido qualquer das oito localizações, mas queria estar mesmo no centro dos acontecimentos, testemu-nhando tanto o início como o final das celebrações daquele dia.

Comecei às cinco da manhã com um teste de som na cabine de reportagem, para verificar se estava tudo a postos. Às seis da ma-nhã estava no ar, descrevendo o cenário aos ouvintes sintonizados no programa da manhã, AM, e continuei a transmitir informação ao longo do dia. A nossa cobertura para a IRN era transmitida por todas as estações comerciais de rádio do Reino Unido — Inglater-ra, Irlanda, Escócia e País de Gales. Os eventos reais são organi-zados até ao último pormenor, o que nos permitia adaptar a nossa cobertura em conformidade. O dia fora totalmente dedicado à co-bertura de tudo o que estivesse relacionado com o casamento real.

A caravana de carruagens da Rainha saiu do palácio às 10h22. Composta por oito carruagens, transportaria todos os membros da família real, 21 pessoas no total, até à Catedral de St. Paul.

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A caravana do noivo — o Príncipe Carlos, acompanhado pelo irmão, André, que seria o seu padrinho — saiu às 10h30.

Um casamento é sempre uma ocasião feliz, mas este fora o casa-mento real mais ansiosamente esperado da história recente. Cerca de um milhão de espetadores ladeavam o percurso, para absorve-rem o sentido da ocasião, com toda a sua pompa e circunstância. A atmosfera alegre que atravessava Londres era impressionante. E não se limitava às massas envoltas na bandeira da União. A Rai-nha, muitas vezes considerada bastante severa, esteve radiante du-rante todos os procedimentos do dia. Desde que saiu do Palácio de Buckingham até às quatro da manhã, quando correu pelo pátio dianteiro para acenar a despedida a Carlos e Diana, que partiam para a lua de mel, a Rainha esteve no seu elemento.

Muito se tem escrito acerca da presença de Camilla Parker Bowles em St. Paul nesse dia. Simplesmente, não havia razão ne-nhuma para ela não estar lá, e todas as razões para estar. Não existia animosidade entre Diana e Camilla. Esta era uma amiga de longa data do Príncipe Carlos. O marido jogava regularmente polo com o príncipe e, no dia do casamento, o tenente-coronel Andrew Parker Bowles comandava a Escolta Soberana da Cavalaria da Casa Real, que conduzia a caravana de carruagens da Rainha.

Carlos e Diana amavam-se? Sim, amavam, e nesses primeiros tempos isso era visível. Testemunhei muitas ocasiões em que Carlos não conseguia tirar as mãos de cima dela. Descansava muitas vezes a mão no braço de Diana e, de vez em quando, durante o desem-penho dos seus compromissos, dava-lhe uma palmadinha no rabo. Sugerir que nunca estiveram apaixonados é pura conjetura.

Pensando nesse dia de julho, tudo parecia prometer um casa-mento longo e feliz para Carlos e Diana. A Rainha e o Duque de Edimburgo estavam casados havia quase trinta e quatro anos, e todos esperavam uma união igualmente harmoniosa para a gera-ção seguinte. Diana disse-me mais de uma vez que nunca quisera

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um divórcio. Afinal, ela própria fora uma filha do divórcio. Infe-lizmente, o casamento esteve, desde o primeiro dia, à mercê de uma comunicação social insaciável. Sem dúvida, isto contribuiu para uma tão pública degradação «ele disse/ela disse» que, infe-lizmente, os forçou, com um empurrãozinho da Rainha, a colocar um ponto final no casamento.

Suponho que a única coisa estranha acerca do meu primeiro dia como assessor de imprensa foi pegar no telefone do escritório para atender a minha primeira chamada. De repente, eu estava a responder a perguntas, em vez de as colocar. Foi uma sensação es-tranha mas, à medida que me fui adaptando ao meu novo papel, comecei a perceber que o trabalho seria perfeito para mim.

Depois das minhas braçadas na piscina, a primeira tarefa diária era rastrear histórias nos jornais diários. Não só histórias da família real, mas qualquer uma que incluísse uma menção à palavra «real». Assinalava as peças para se poder entregar uma sinopse à Rainha. Depois saía para reuniões de imprensa, reuniões do gabinete do Príncipe de Gales, e todas as tarefas relacionadas com a estratégia dos próximos compromissos reais. Sentia-me como peixe na água, mas continuei a considerar notável o facto de ter obtido o cargo. Afinal, a família real não empregava pessoas como eu. Não tinha quaisquer qualificações dignas de menção, nem educação univer-sitária. Não servira no exército britânico e não possuía qualquer experiência de governo. Para todos os fins, não passava de um ca-çador de notícias. Apenas sabia que percorrera um longo caminho desde onde começara.

Nasci no noroeste de Londres, em setembro de 1940, a pouco mais de cinco quilómetros do Palácio Real em que agora trabalhava. Era filho de judeus alemães. O meu pai, Hans, saíra de Berlim em

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1930 para fugir à perseguição nazi, e a minha mãe, Ruth, deixara Aachen em 1939 pelos mesmos motivos. A minha própria chegada ocorrera em circunstâncias nada auspiciosas. Graças à generosida-de de um primo da minha mãe, vim ao mundo numa clínica pri-vada em Finchley Road. Nasci em pleno bombardeamento aéreo, cortesia da Luftwaffe, embora imagine que isso era a última coisa que ocupava a cabeça da minha mãe. Duvido que existam muitas coisas tão absorventes que consigam distrair alguém do facto de poder desaparecer da existência a qualquer momento, mas suspei-to que as dores de parto sejam uma delas.

Passaria muito tempo, contudo, antes de eu ter qualquer espécie de diálogo significativo com a jovem que me deu à luz. Ela deixou o meu pai, abandonando-me também, tinha eu apenas quatro anos. Nunca soube a razão exata por que o fez. Pode ter tido algo a ver com o facto de ela ser uma jovem vibrante de 23 anos, que casara com um homem que, não só já ia nos 40, como ainda tinha sérios problemas de tuberculose e diabetes.

Doente como era, calculo que o facto de a minha mãe o ter dei-xado tenha sido devastador para o meu pai. Ela era a sua segunda mulher. Divorciara-se da primeira ainda em Berlim, e encontrar alguém tão jovem e cheio de vida como a minha mãe deve ter-lhe parecido uma segunda oportunidade milagrosa. Conheceram-se durante um jogo de cartas em casa do primo da minha mãe, Alphons, em Londres. Ela chegara à cidade com 17 anos e o pri-mo fornecia-lhe alimentação e alojamento, embora não de graça. Ele estava na área da edição e da alta-costura e era abastado, mas em troca de um teto sobre a cabeça a minha mãe limpava o seu apartamento e o showroom no West End.

Também o ajudava quando ele recebia visitas. Uma das preocu-pações sociais entre a comunidade judaica refugiada em Londres nessa altura era jogar às cartas — normalmente póquer. O meu pai era um jogador habitual à mesa do primo Alphons, e como

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a minha mãe servia comida e bebidas durante os jogos, o roman-ce não tardou a florescer. Seis meses depois de ela ter chegado a Inglaterra, casaram-se.

Embora o súbito desaparecimento da minha mãe devesse ter sido um grande golpe para o meu pai, para mim não foi tão trau-mático. Com os constantes ataques aéreos e bombardeamentos, as nossas vidas já eram pontuadas por episódios regulares de dra-ma violento, pelo que talvez a sua partida se tenha simplesmente integrado na angústia diária em que vivíamos. A única recorda-ção que tenho dela durante esses primeiros anos da minha vida nem sequer é muito agradável. Ela era muito rígida quanto às maneiras à mesa e, para garantir que as refeições decorriam com um certo decoro, obrigava-me a sentar à mesa enquanto segu-rava uma lista telefónica de Londres debaixo de cada braço, im-pedindo que comesse com os cotovelos espetados como as asas de uma galinha.

Terá pensado que eu me encontraria um dia a partilhar refei-ções com a aristocracia? Duvido. Eu só sabia que um volume da lista telefónica de Londres dos anos 1940 — e existiam quatro, cada uma com cerca de seis centímetros de espessura: A–D, E–K, L–R, S–Z — era uma coisa muito pesada para segurar nas axilas, fosse qual fosse a parte do alfabeto contida.

Infeliz como o meu pai sem dúvida era, a partida da minha mãe trouxe, contudo, um período de relativa calma. E, sem listas telefó-nicas à mesa, foi também um período de felicidade. O meu pai era um homem generoso e gentil, e eu adorava-o. Sentia-me bastante feliz por sermos só nós dois mas, infelizmente, seria sol de pouca dura. Se tivesse sido capaz, não duvido de que ele me teria criado sozinho, mas também tinha de trabalhar para nos sustentar. Então,

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enquanto trabalhava na fábrica de cintos da família, deixava-me ao «cuidado» de uma au pair alemã.

O meu novo castigo era bem mais torturante que um par de listas telefónicas. Chamava-se Eva e, olhando para trás, julgo que terá aprendido o seu ofício como guarda de um campo de con-centração. Nunca tive provas disso, mas parecia não haver outra explicação para os seus atos de crueldade aparentemente aleató-rios, mas regulares. Se a fizesse zangar-se, apertava-me a mão com tanta força que esta ficava roxa e, para maus comportamentos mais graves, o seu castigo de eleição era torcer-me o braço para um lado e para o outro. Se tivesse de me levantar durante a noite para ir à casa de banho, ela seguia-me, apagando todas as luzes assim que eu as acendia e fazendo ruídos fantasmagóricos aterrorizadores. Eva era malévola.

Ainda assim, esta foi uma época bastante harmoniosa, pois es-tava rodeado pela família do meu pai. Vivíamos todos no mesmo quarteirão em West Hampstead — Embassy House, que ainda permanece de pé. Nós vivíamos no número 44; o irmão do meu pai, Fritz, a mulher, que também se chamava Ruth, e o seu filho de 11 anos, Peter, viviam no 35. Finalmente, no número 2, vivia o outro irmão do meu pai, Eric, que era solteiro. A empregada do meu pai, a senhora Eldridge, vivia ao cimo da rua e era uma pre-sença amigável e muito maternal na minha vida.

Ao contrário do que era habitual nessa época, os Eldridge eram donos da sua casa, e Bill Eldridge, que era construtor, convertera a cave do carvão num confortável abrigo contra os ataques aéreos. Quando as sirenes disparavam, marchávamos todos para aquele interior semelhante a um útero onde, com os ataques a continua-rem invariavelmente durante toda a noite, eu me entregava a um profundo e pacífico sono.

Voltar a sair depois do perigo era revigorante, pois, com o bene-fício do otimismo infantil, eu recebia bem fosse qual fosse a visão

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que se me deparasse, sempre mais excitado que receoso… mesmo no dia em que regressei e encontrei a minha cama soterrada pelos destroços de uma parede do quarto que já não existia.

Foi um período de bonança que em breve seria interrompido. Eu sabia que o meu pai estava doente, que por vezes tinha de ir para o hospital, por isso quando ele desapareceu para um sanatório na Suíça, pouco depois de eu fazer seis anos, não pensei muito no caso. Nessas alturas eu costumava ficar com o tio Fritz e a tia Ruth e já me habituara a andar para cá e para lá. Mas na véspera de Ano Novo de 1946 parecia que não ia haver um «para cá». O meu tio deu-me a notícia de que o meu amado pai falecera.

Eu não tinha avós. Do lado do meu pai, lembro-me vagamente de, aos três ou quatro anos, ser conduzido a um quarto, para visitar um velhote estendido na cama, de olhos fechados e boca aberta. Até hoje, não faço ideia se estava vivo ou morto, mas mandaram--me beijá-lo antes de me retirarem do quarto. Nunca mais o vi.

Nunca ouvi qualquer menção à minha avó paterna. Não tinha mais sorte do lado da minha mãe. A sua mãe, Else,

deixara o pai quando ela tinha 13 anos. Else conhecera outro ho-mem que percebera os sinais de advertência na Alemanha nazi e arranjara vistos de saída para ambos. Sem hesitações, casaram e deixaram a Alemanha para iniciarem uma nova vida juntos na Argentina. A minha mãe nunca mais a viu. O pai da minha mãe, Josef, conseguiu vistos de saída para a minha mãe e para o irmão dela, Harry. Acompanhou-os até Londres, para verificar se esta-vam instalados em segurança, antes de voltar à Alemanha para cuidar do seu negócio. Para evitar a prisão, dormia em casa de vá-rios amigos que não eram judeus, até que foi traído, capturado e metido num comboio para um campo de concentração. Não che-gou lá. Sabendo demasiado bem o que lhe estava reservado, foi obrigado a fazer uma escolha inimaginável. Enquanto o comboio seguia a alta velocidade, suicidou-se, saltando da carruagem para

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os carris. Da família que a minha mãe outrora conhecera, só res-tava ela e o irmão.

Pouco recordo do dia ou da conversa que se seguiu à notícia de que o meu pai morrera, mas então decorriam outras discus-sões, sobretudo acerca do que a família ia fazer comigo. Com a minha mãe fora da minha vida, eu era tecnicamente um órfão e, apesar de ter dois tios, parecia que nenhum tinha condições para cuidar de mim. O tio Fritz estava bem, mas no seu apar-tamento mal havia espaço para albergar a sua pequena família, e o estado de saúde do tio Eric não era melhor do que fora o do meu pai, pois sofria do que hoje em dia chamamos de doença do neurónio motor. A natureza da sua doença significava que a sua saúde apenas podia deteriorar-se, e foi decidido que o me-lhor a fazer, e o mais depressa possível, era mandar-me para um colégio interno.

Fui enviado para um estabelecimento recentemente inaugurado, a Holme Grange Preparatory School, em Wokingham, pouco de-pois de saber que o meu pai não voltaria para casa. Estávamos no início de janeiro de 1947, um dos mais frios invernos registados. O tempo estava em sintonia com os meus sentimentos. Eu ainda nem tinha seis anos e meio e é difícil descrever a minha desolação. O meu tio Eric ficou incumbido de me levar à escola, e lembro--me de estar com ele na estação de Waterloo, cheio de vontade de abandonar o meu baú recém-adquirido e fugir. Porém, uma hora e meia mais tarde, o meu destino estava selado.

A escola era uma antiga casa senhorial convertida, que fazia parte da lista de edifícios de especial interesse histórico ou arqui-tetónico, um grande amontoado de tijolo vermelho construído em 1883 pelo arquiteto Norman Shaw. A porta era de madeira, enorme e imponente como eu nunca tinha visto nenhuma. Che-gámos da estação de táxi e fomos recebidos na escadaria pelo se-nhor Gordon-Walker.

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Depois de um cumprimento frio e superficial, fui simplesmen-te entregue a um aluno mais velho chamado Asher. O tio Eric foi dispensado com um adeus formal do meu novo diretor, e foi tudo. O dever estava cumprido. O meu acolhimento na escola termi-nou ao fim de dez minutos e eu soltei uma torrente de lágrimas.

Tudo era sombrio. A neve começara a cair pouco depois de eu chegar, mas não havia nenhum entusiasmo infantil no meu co-ração. Estava um frio cortante e não havia aquecimento — uma situação ainda pior devido à escassez de comida e combustível do pós-guerra. O diretor era um fanático do ar livre, por isso saíamos bastante. Os dormitórios gelados eram ainda mais frios devido à constante corrente de ar ártica, o que fazia os lençóis engomados entre os quais dormíamos parecerem blocos de gelo. Chorei baba e ranho na primeira noite e em muitas que se seguiram. Simples-mente, não conseguia parar, o que talvez fosse apropriado, pois não tardou a ser evidente que havia muitas razões para chorar nas semanas e meses que se seguiram.

Deverá alguém ser mandado para um colégio interno aos seis anos? Na minha opinião, não. Mas não foi só a minha idade que tornou a experiência tão horrível. Como muitas escolas do mes-mo género, o regime, que era provavelmente apresentado como de «desenvolvimento de caráter» nessa época, era de uma crueldade brutal. Tal como outros alunos novos, fui vítima de um bullying implacável, e uma das razões foi o facto de eu falar inglês com um forte sotaque alemão. Dados os recentes acontecimentos mundiais, isso fez de mim, inevitavelmente, um alvo. Além disso, também era muito franzino. Muitos dos rapazes mais novos e mais pe-quenos eram vítimas de bullying, como seria de esperar numa instituição dirigida por um diretor que bebia excessivamente e geria a escola recorrendo com toda a naturalidade ao castigo fí-sico. Aprendi rapidamente que não era preciso fazer nada de ter-rivelmente errado para sentir a pancada de uma vara. Na verdade,

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ele disse-me poucos dias depois da minha chegada lacrimosa que todos os pais e tutores dos rapazes lhe tinham dado autorização para usar a vara sempre que lhe apetecesse. Pensando nisso agora, duvido que fosse verdade, mas sem dúvida que lhe apetecia com muita frequência.

Eu ia suportando, mas havia uma centelha de esperança à medi-da que o meu sétimo aniversário se aproximava. Chegaram notícias que eu nunca esperara ouvir. Finalmente, voltaria a encontrar-me com a minha mãe.

AO ServiçoSua

Majestadede

Dickie ArbiterPorta-voz da Família Real Britânica

Memórias, Segredos e Revelações

Ao

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jesta

de

O livro que chocou o Príncipe Carlos com factos inéditos sobre a Princesa Diana

Ao Serviço de Sua Majestade é o testemunho inédito e privilegiado de Dickie Arbiter, assessor de imprensa e porta-voz da Família Real durante 12 anos. Estas são as suas memórias sobre os casos mais mediáticos e controversos da monarquia britânica e os por-menores do dia a dia no Palácio de Buckingham.

A coroação de Isabel II • O casamento de Carlos e Diana • A educação dos herdeiros

As disputas entre os membros da família real O divórcio do futuro rei • A morte e o funeral de Diana

e muitos outros momentos reveladores.

Com factos inéditos sobre a Princesa Diana, de quem o autor era confidente, estas memórias oferecem-nos ainda uma visão pessoal dos relacionamentos e personalidades da Família Real, que o públi-co nunca teve a possibilidade de conhecer — até hoje.

«O relato sincero da vida com a realeza, narrado com a sagacidade e a perspicácia de um contador de histórias experiente.»

Daily Mail

«Mal sabia eu, quando nessa noite me dirigi ao palácio para falar com o príncipe e a sua jovem noiva, que não só assistiria a numerosas reuniões nessa mesma sala como, 16 anos depois do casamento, faria parte da equipa sentada em torno da mesma mesa, planeando o funeral de Diana, Princesa de Gales.

Nesse dia, porém, tudo era positivo e cheio de expetativas; foi uma reunião emblemática. Também foi fora do comum, pois o secretário de imprensa, Michael Shea, não dera quaisquer instruções quanto ao que podia ou não ser perguntado. Nada estaria fora dos limites. Devido ao comentário irrefletido do príncipe — «o que quer que apaixonado queira dizer», quando o casal fora entrevistado por ocasião do anúncio do noivado —, não podia deixar de me interrogar se surgiriam outros fragmentos intrigantes.

Na verdade, nada de revelador surgiu dessa reunião mas, diante de uma chávena de chá, era possível, pelo menos, avaliar os sentimentos da rapariga de 20 anos, atraente e ingénua, que seria alvo de uma atenção global sem precedentes. Foi também o primeiro vislumbre sobre o caráter da mulher a quem eu viria a chamar chefe. Diana disse-me que o dia do seu casamento seria uma experiência avassaladora, mas que estava ainda mais preocupada com o pai, o 8º Conde Spencer. Este sofrera, em 1978, uma hemorragia cerebral que o deixara bastante instável. Explicou que ele estava determinado a cumprir o seu dever e conduzir a filha mais nova pela nave da catedral de St. Paul — com uns ameaçadores sessenta e cinco metros.

Lembro-me de ter ficado comovido com a sua capacidade de preocupação e empatia. Colocar as necessidades dos outros à frente das pessoais era uma caraterística que não tardaria a ficar bem conhecida e que eu próprio testemunhei muitas vezes.»

Assessor de imprensa e porta-voz da Família Real Britânica, Dickie Arbiter teve, entre 1988 e 2000, um acesso ímpar ao Palácio de Buckingham, bem como a algumas das figuras mais notáveis do nosso tempo. Para além disso, a sua experiência de várias décadas na cobertura mediática de eventos relacionados com a realeza tornaram-no um dos especialistas mais reputados sobre a monarquia britânica da atualidade.

Presença regular nos canais televisivos do Reino Unido, Dickie Arbiter surge regularmente em todas as grandes redes noticiosas internacionais, sendo também o único comentador de assuntos monárquicos que testemunhou tanto a coroação da Rainha Isabel II como os seus Jubileus de Prata, Ouro e Diamante.

Além das suas funções como porta-voz real, foi também responsável pela gestão dos media em cerimónias oficiais, bem como em todos os grandes eventos de Estado no interior do Palácio de Buckingham e do Castelo de Windsor. A seu cargo estiveram também todos os meios operacionais relacionados com os funerais reais, em particular o da Princesa Diana de Gales.

www.vogais.pt

Veja o vídeo de apresentação deste livro.

História/Memórias

ISBN 978-989-668-301-6

9 789896 683016

Dickie Arbiter

Autora de oito romances, incluindo o elogiado Julia Gets a Life, colabora regularmente com outros autores na escrita e edição de títulos de não-ficção, tendo-se especializado em biogra-fias e memórias, como Giant George ou The Girl With no Name. Formadora de escrita criativa no Centre for Lifelong Learning da Universidade de Cardiff, escreve regularmente na imprensa do País de Gales.

Lynne Barrett-Lee

com Lynne Barrett-Lee

Dickie A

rbitercom Lynne Barrett-Lee

17.3mm