colégio militar - escola de valores – uma lição para a vida
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COLÉGIO MILITAR
Escola de Valores – Uma Lição para a Vida
«Instruindo cidadãos nos valores, a educação
velará pelo desenvolvimento da integridade
moral, elucidará sobre os múltiplos caminhos
dinâmicos e interactivos que proporcionarão
insubstituíveis instrumentos de aprendizagem
que adularão a existência humana.
Educar pressupõe a descoberta do “eu” e
impõe a vinculação intersubjectiva com outras
consciências.
A Educação nobilita a própria vida.
Numa civilização profundamente prosaica, trepidante das mais
variadas técnicas, dotada de dimensões impiedosas de ciência
quantas vezes sem consciência, a escola assume cada vez mais a
função de principal agente socializador, visando atingir a
simbiose entre a identificação individual e a integração do indivíduo
no colectivo de que faz parte.
Em época de grande inquietude, educar é cada vez mais uma
tarefa intemporal e inacabada, mas indubitavelmente valiosa e
valorosa, propiciadora de um processo de consciencialização do ser
humano que desde o nascimento até à morte se arquitecta e ergue,
incorporando de forma sistemática a tarefa de construção da
personalidade.
Sobre a temática “Aprender para o século XXI” a UNESCO
considera a tarefa educativa um domínio privilegiado, impulsionadora
do desenvolvimento intelectual e moral, configurando-se profícuo o
sistema educacional edificado sobre quatro pilares fundamentais:
- Aprender a conhecer
- Aprender a fazer
- Aprender a ser
- Aprender a viver juntos
Destacando os planos
cognitivo e afectivo, esta organização internacional, num estudo que
denominou “Educação um Tesouro a Descobrir”, reconhece como
meta primordial do processo educativo a formação pessoal que visa a
autonomia moral e a responsabilidade social, competências
promotoras de saberes humanamente relevantes, que sem conotação
ideológica, permitirão gerar, multiplicar e fortalecer, laços firmes
entre os seres humanos que impulsionarão a solidariedade, a
partilha, a cooperação, a cidadania, a justiça, a coragem, a
liberdade, o respeito por si e pelo outro, a aceitação da diferença,
responsabilizando e consciencializando todos
os cidadãos para os direitos e deveres
fundamentais, augurando uma relação
sinergética entre a educação e a prática de
uma democracia participativa.
Sendo inquestionável que sob o epíteto “Educação” são acolhidas
formulações distintas, nós, Colégio Militar, afirmamos
peremptoriamente que educar significa deter a “chave dos
valores”.
São os valores que nortearão a construção da personalidade, que
aguçarão o desejo inato de aprender e aperfeiçoar, de servir e
partilhar.
A educação, como elemento integrador de disciplinas técnicas,
científicas e sociais, promove a curiosidade interdisciplinar e a
transversalidade de aprendizagens, auspiciando o “corpus” do
conhecimento, única fórmula que permite perpetuar e reforçar
evolutivamente a homogeneidade e identidade dos grupos e da
comunidade geral.
Observando o pensamento de Montaigne, “a criança não é um
recipiente que devemos encher, mas um fogo que
incessantemente é preciso atear”, perspectiva-se que a função
educativa deverá assumir não só a missão de equipar a criança e o
jovem com os saberes humanamente relevantes que permitam
garantir ao homem a existência digna de um ser livre e dinamizador
do progresso social de que ele próprio será o primeiro mentor, mas
também, e cada vez com maior acuidade, a função educativa tem de
assumir a tarefa de dotar o indivíduo de competências nas dimensões
sociais, humanas, estéticas, morais e cívicas, que mobilizadas com
equilíbrio e bom senso, garantirão a necessária determinação e
firmeza para, com sucesso, enfrentar as incessantes e complexas
“teias” que globalmente nos cercam.
Por isso, a luta por um homem melhor, passa pela luta por
uma educação melhor, mas um homem melhor, não é aquele a
quem foi certificada uma educação que realmente não possui, mas
aquele que foi positivamente alterado, tornado outro por intervenção
do processo educativo de que foi beneficiário.
Constituindo a arte de educar o filão que orienta na infância e na
juventude a aquisição de princípios e valores assertivos, moralmente
estimáveis que resistirão sempre às tempestades da vida, inferimos
que separar a tarefa de educar da tarefa de instruir, constitui missão
senão de realização impraticável, pelo menos de concretização
indesejável.
Muitos educadores imbuídos de uma lógica estritamente
utilitarista, centram a educação exclusivamente nos pilares “aprender
a conhecer” e “aprender a fazer”, fundam-se na necessidade de
cabalmente responder às exigências económicas, aliam-se ao
desenfreado movimento concorrencial, onde o tempo é disforme,
ritmado por uma sucessão de acontecimentos exteriores,
entrecortado de vazios, sociedade em que a pressão irresistível do
imediato não se compadece com a rememoração e reflexão sobre o
legado cultural, pleno de valores promotores do
desenvolvimento nas vertentes psicossociais, ético-morais e
vocacionais.
A instituição escolar tem de refutar a demarcação entre Instrução
e Educação, jamais podendo ignorar a dimensão primordial atribuída
à educação – transmissão de valores – a escola não pode e não deve
refugiar-se na neutralidade que circunstancialmente lhe advém da
assunção de organismo meramente reprodutor asséptico de saberes
técnico-científicos, explicitamente recusando abordar questões
relacionadas com os pilares defendidos pela UNESCO:
- Aprender a ser
- Aprender a viver juntos
Educar é dotar os seres humanos dos valores e aptidões
gerais e específicas que veiculam a integração adequada e
completa do ser humano.
Como poderá um jovem, apreciar artefactos, expressar
pensamentos e sentimentos, emitir juízos de valor, articular
diferentes padrões de conduta, discernir entre atitudes correctas ou
reprováveis, sem a interiorização de um quadro de valores sólidos
que constituirão a sua identidade e referência social?
No amplo quadro de motivações, impõe-se prendar o ser humano
não só com uma instrução especializada, mas paralelamente com
uma educação orientada para a formação da alma, no respeito
e no culto pelos mais nobres e sólidos valores morais e
patrióticos, quais os ideais insertos no CÓDIGO DE HONRA.
Educar nos valores e para os valores ilumina o ser, aponta com
precisão os obstáculos a remover, reforça a capacidade de lutar
contra a impulsividade do nervoso, a introversão do sentimental, a
fogosidade do colérico, o orgulho do apaixonado, a mobilidade do
sanguíneo, a preguiça do amorfo, a frieza do fleumático, a rotina do
apático.
Por mais de duzentos anos, o Colégio Militar, orgulha-se da
sua vocação, do privilégio de constituir uma luz no ensino,
enobrecendo de forma ímpar o compromisso de promover os
valores moralizadores, aceitando os seus educandos como
pessoas unas, autónomas, interventivas e dinâmicas que
permanentemente buscam a realização pessoal na descoberta
de todas as potencialidades do seu ser.
O Colégio Militar é um Estabelecimento Militar de Educação
destinado a ministrar aos seus alunos elevada formação intelectual e
física a par de uma sólida componente moral e formação do carácter.
O Colégio Militar enceta, cada
ano, cada dia e em todos os
momentos, a caminhada que
conduzirá ao desenvolvimento e
evolução do ser humano,
fomentando a descoberta e a
valorização de sentimentos autênticos, ampliados nas dimensões
física, intelectual, moral e espiritual, forma ímpar de despertar no ser
humano a capacidade e disponibilidade para quinhoar com os pares,
rumo à grandeza do seu próprio ser e à intercomunhão.
A educação, exaltada pelo nosso Colégio, não visa unicamente
formar crianças e jovens para a sociedade actual, mas em breves
instantes ultrapassada; ao invés, assume
entusiasticamente e sem constrangimentos,
a finalidade de formar homens criativos,
autónomos, participativos, livres, capazes de
viver e desenvolver sociedades futuras,
homens autónomos, capazes de adaptação a
múltiplas e diferenciadas situações, sem
nunca se renegarem a si próprios e aos
valores que os estruturam, homens que
ampliam os seus horizontes sem perecerem,
que se ocupam e preocupam mais com o
desamparo geral dos seres humanos que com a diversidade intrigante
das formas de o viver ou dos europeus coisificados que os
massacram.
Formando cidadãos conscientes do
significado da sua história e da sua pátria,
aptos a compreender, respeitar e valorizar as
Instituições políticas, militares e administrativas,
conhecedores das regras basilares de vivência
democrática, cidadãos actuantes que
fomentarão na comunidade o respeito pelos
valores patrióticos, cultivando o culto pelos
símbolos nacionais e reforçando o orgulho em
ser e afirmar-se ao mundo cidadão
português.
O estabelecimento de ensino Colégio Militar, institucionalmente
representa um sistema organizado de relações sociais, fiel a valores
que difunde e consolida em modelos de pensamento e formas de
actuação colectiva que transportam para o presente a herança de
modelos culturais que prosseguem uma actividade sistemática de
socialização, cujo expoente máximo se corporiza no Código de Honra
do Aluno do CM, e se eterniza pelo contributo multiforme dos seus
símbolos, que favorecendo a participação e identificação, agraciam a
unidade, a incessante comunicação.
A bandeira, o hino, as insígnias, a cor de pinhão, a barretina na
lapela, o silêncio dos claustros representam a Instituição, mas
sobretudo reforçam o sentido de pertença, evocam laços de união,
fortificam sentimentos e solidificam a solidariedade entre todos os
camaradas, permitindo que o universo ideal de valores apreendidos e
interiorizados durante a vivência no Colégio Militar sejam, hoje e
sempre, uma constante e viva realidade.
O Colégio Militar é
herdeiro de uma ilustre
tradição – educar nos
valores e para os valores –
legado que sabiamente
tem sabido renovar,
orgulhando-se da missão
de despoletar nos
“Meninos da Luz” a
formação do núcleo básico
do desenvolvimento cognitivo e do carácter, conduzindo cada
um dos educandos à excelência, à proficiência e ao sucesso
profissional.
A aprendizagem resultante da partilha do pecúlio de experiências
acumuladas por sucessivas gerações, da permuta com os camaradas
e com os educadores, possui uma indelével força persuasiva,
impregnando as vivências de cada um dos nossos alunos pela sua
vida fora, por isso, os nossos jovens transportam para o mundo
uma carga inesgotável de sabedoria e princípios moralmente
estimáveis que enlevarão e dignificarão o ser humano.
O processo educativo desenvolvido pelo Colégio Militar, nas
vertentes de Instrução e Educação, dirige-se à totalidade do ser,
assume-se como um projecto de dimensão cognitiva e emocional,
fortalecendo sentimentos, encorajando a audácia do pensamento e da
imaginação, proporcionando aos seus educandos, “homens de
amanhã”, uma visão do seu lugar no mundo.
O ensino no Colégio Militar, está adstrito a uma tradição
viva e calorosamente vivida, qual transfusão deliberada e
socialmente necessária à manutenção de uma memória
colectivamente elaborada e partilhada, pois o ensino e
aprendizagem transfiguram-se num deserto quando a água
viva não brota da paixão pela libertação do mistério que
dorme dentro de cada educando e, nesta aventura que
constitui o despertar da hibernação, todos somos educandos.
Educar no Colégio Militar, significa firmemente acreditar na
perfectibilidade humana, na capacidade inata de aprender e
apreender, fomentando a redescoberta das inesgotáveis
dimensões do ser humano, como dizia Píndaro, poeta grego,
“Educa-te e conseguirás ser o que realmente és”.
Este é o nosso compromisso, o nosso horizonte de
referência que pauta e abarca o trabalho de todos os agentes
envolvidos no nosso projecto educativo ímpar.
Mudam-se os tempos e descobrimos novas formas de viver uma
paixão antiga, actualizando um passado, que ao devolver as suas
memórias ao presente, nos orgulha e engrandece, animados pelo
espírito de servir, conscientes da extrema exigência das nossas
responsabilidades, pesquisando e aplicando formas eficientes de
desenvolver a nossa acção, antecipando e superando os desafios que
as auroras do futuro nos apontam, pois os “Meninos da Luz”, são a
nossa força, a nossa razão de ser, as suas diversas formas de
estar, as suas preocupações, as alegrias e os sonhos apontam
os caminhos que em todos os instantes procuramos acolitar e
que nos permitem conquistar desde sempre e para sempre a
liderança.
Uma liderança que é feita do esforço para criar sempre mais valor,
diversificando as nossas áreas de actuação, agenciando formas mais
eficientes de potenciar a acção de educadores, construindo cada
tarefa com o equilíbrio necessário a uma vivência harmoniosa,
infundindo sempre a confiança no vínculo humano.
Uma liderança que consolidamos no coração e no orgulho
dos nossos alunos perpetuada em gerações de ex-alunos e
que se transfere para todos os agentes educativos que
orgulhosamente servem a Instituição Militar de Ensino Colégio
Militar.
Buscamos a excelência em tudo o que fazemos, trabalhamos todos
os dias para exceder as expectativas, procuramos alçar em cada
actividade o equilíbrio necessário a uma vivência harmoniosa erguida
pelo espírito aberto que procuramos ter, alimentados por uma
passado que nos honra.
Nós, Colégio Militar, somos uma união de esforços.
Só unidos num mesmo ideal, cresceremos, viveremos com
liberdade, com ambição, reconheceremos, defenderemos e
promoveremos todos os momentos da nossa existência,
dentro e fora destes históricos muros a nobre missão que em
1803 o Marechal Teixeira Rebelo encetou ao fundar o Colégio
Militar, – “Uma Escola de Valores” que para todos nós
constitui hoje e sempre “Uma lição para a vida”.»
Prof. Dr.ª Olívia Paiva, Lição inaugural (Abertura Solene do Ano Lectivo 2003/2004)
CÓDIGO DE HONRA
1º- Amar e Honrar a Pátria;
2º- Dignificar a farda que enverga;
3º- Cultivar a disciplina;
4º- Dedicar à sua formação todo o seu esforço e inteligência;
5º- Ser verdadeiro e leal, assumindo sempre a responsabilidade dos seus actos;
6º- Praticar a camaradagem, sem denúncia nem cumplicidade;
7º- Ser modesto no êxito, digno na adversidade e confiante face às suas dificuldades;
8º- Ser generoso na prática do bem;
9º- Repudiar a violência, a delapidação e o despotismo;
10º- Ser sempre respeitador, afável e correcto.